Ensaios e Propriedades de Materiais Elétricos de
Transformadores
Thaiana Catarina Melo de Oliveira
Discente de Engenharia Elétrica
IFPE
Garanhuns, Brasil
tcmo@discente.ifpe.edu.br
Resumo—O presente trabalho consiste em uma revisão
bibliográfica acerca de ensaios e propriedades de materiais
elétricos de transformadores para a disciplina de ‘Materiais
Elétricos’ do curso de Engenharia Elétrica. Foram abordados
alguns dos diferentes materiais que podem constituir os
componentes ativos de um transformador, assim como algumas
vantagens e desvantagens referentes a utilização dos mesmos na
composição e em quais aplicações são comumente utilizados.
Ademais, foram analisados alguns tipos de ensaios realizados
nos transformadores e explicitados os objetivos dos mesmos. No
geral, o objetivo de uma análise da literatura acerca deste tema
foi concluído com êxito.
Palavras-chave—transformadores, materiais elétricos
I. INTRODUÇÃO
Os transformadores, dispositivos capazes de transferir
potência através de bobinas acopladas indutivamente,
surgiram na metade do século XIX e desde então passam por
avanços tecnológicos até se tornarem o importante produto
que conhecemos hoje. Eles podem ser classificados de acordo
com vários parâmetros, tais como finalidade, número de fases
e material do núcleo. De acordo com a finalidade, os
transformadores podem ser de corrente, de potencial, de
distribuição, elevador de tensão ou abaixador de tensão, entre
outros. O princípio de funcionamento do transformador é o
eletromagnetismo, relacionado ao conceito de um campo
magnético induzido devido a corrente variável que percorre o
condutor do circuito primário.
A fim de fundamentar a elaboração deste trabalho, a
metodologia empregada foi a revisão bibliográfica, a qual foi
realizada utilizando artigos, websites, apostilas virtuais e
vídeos expositivos.
II. DESENVOLVIMENTO
A. Estrutura do transformador
Essencialmente, um transformador é constituído por dois
ou mais enrolamentos (bobinas) concatenados por um campo
magnético, através do núcleo [1]. Estes são os dois
componentes do transformador conhecidos como parte ativa,
que são ilustrados na Fig.1.
Fig. 1. Ilustração de um transformador. (MUNDODAELÉTRICA)
Os enrolamentos dos transformadores são formados por
vários fios condutores, que em geral são constituídos de cobre
XXX-X-XXXX-XXXX-X/XX/$XX.00 ©20XX IEEE
eletrolítico, enrolados em um carretel formando espiras
concêntricas.
Quanto ao núcleo, podem ser de ar ou ferromagnético. Os
transformadores de núcleo de ar apresentam a vantagem de
sofrerem menos perdas por histerese ou por correntes
parasitas, além de serem mais leves devido à ausência do
núcleo de ferro, em contrapartida, os transformadores com
núcleo ferromagnético apresentam um aumento de fluxo
devido ao abaixamento da relutância do meio a ser percorrido
pelo fluxo magnético. Os transformadores com núcleos de ar
geralmente são usados em transmissores de rádio e
dispositivos de alta frequência.
Para os núcleos ferromagnéticos, que possuem uma
elevada permeabilidade magnética, são utilizados materiais
distintos dependendo da aplicação do transformador, podendo
ser encontrados mais comumente núcleos com os seguintes
materiais: ferro-silício, ferrite ou ligas amorfas.
O núcleo de ferrite mais difundido é o de Manganês-Zinco
(Mn-Zn), sendo geralmente utilizado para transformadores
com aplicações em frequências acima de 1kHz por
apresentarem menores perdas em frequências elevadas.
Para aplicações em baixas frequências, em geral, são
utilizados núcleos de ferro-silício (FeSi) ou de ligas amorfas,
sendo a liga amorfa mais utilizada a Fe78 B13 Si9 . O ferro
possui as características magnéticas que auxiliam no
desempenho e o silício atua como um isolante do núcleo [2].
Os núcleos de ligas amorfas apresentam algumas vantagens se
comparadas aos núcleos de ferro-silício, manifestando perdas
menores e possuindo uma indução de saturação menor, porém
para manter o mesmo fluxo magnético é necessário que
ocupem uma área maior, elevando assim o peso, além de que
os núcleos de liga amorfa possuem preços relativamente
elevados. Em [3] foram realizados ensaios que comprovam a
melhor eficiência dos núcleos de ligas amorfas frente aos de
ferro-silício, apresentando redução nas perdas em vazio de
87,5% e reduzido a corrente de excitação de 2,5A para 0,12A.
Na Fig. 2 são apresentadas, em forma de gráficos, os
resultados de ensaios comparativos entre dezessete unidades
de transformadores com núcleo de ligas amorfa e dezessete
transformadores com núcleo de FeSi, de igual potência
nominal (5 kVA).
Fig. 2. Perdas no núcleo de transformadores com núcleo de liga amorfa e
de transformadores com núcleo de FeSi. (B. A. LUCIANO ET AL, 2010)
Conforme fica evidenciado no gráfico da Fig. 2, as perdas
no núcleo de liga amorfa se situam em torno de 8W, enquanto
as perdas no núcleo de FeSi se situam em torno de 48W [4].
Os núcleos de FeSi são geralmente constituídos por várias
chapas, onde as mais conhecidas são nos formatos EE, UI e
EI, conforme pode-se ver um exemplo na Fig. 3.
Fig. 3. Núcleos laminados dos transformadores. (INSTITUTO NCB)
B. Ensaios em transformadores
Os ensaios elétricos são testes que têm como principal
objetivo determinar o comportamento dos materiais elétricos,
garantindo assim que os equipamentos terão seu
funcionamento pleno e seguro. A fim de verificar se o
transformador apresenta um correto funcionamento são
realizados alguns ensaios, entre eles os ensaios em curto-
circuito e a vazio. Esses testes irão determinar os parâmetros
do transformador, como por exemplo, a resistência, a
impedância e a reatância equivalentes, entre outros, além de
uma série de características relacionadas ao funcionamento do
mesmo [5].
1) Ensaios em curto-circuito
Nesse ensaio, o enrolamento do transformador que
trabalha com tensão maior é utilizado como primário e o
enrolamento com menor tensão é consequentemente utilizado
como secundário. Isso ocorre porque utilizar alta tensão no
primário significa medições mais confiáveis, já que a corrente
nominal, que é a corrente ideal para um correto funcionamento
do transformador, é atingida ao se aplicar um pequeno valor
de tensão no primário [5].
Usando como exemplo um transformador trifásico, tem-se
que o enrolamento secundário do transformador e o center
tape são curtos-circuitados. Para as medições no enrolamento
primário são utilizados três amperímetros e dois wattímetros,
além de um varivolt para variar a tensão simultaneamente nas
três fases. A Fig. 4 mostra como são realizadas as conexões.
Fig. 4. Ligações típicas dos instrumentos para o ensaio em curto-circuito
em um transformador trifásico. (Google imagens)
O curto-circuito feito no enrolamento secundário de um
transformador simula o equipamento operando com carga
máxima. Esse ensaio é utilizado para determinar as perdas nas
bobinas de cobre, obtendo as resistências dos enrolamentos
(R eq ), as reatâncias de dispersão (𝑋eq ) e também a queda de
tensão no transformador.
2) Ensaios a vazio
O objetivo deste ensaio é a obtenção do módulo da
corrente de excitação, da relação de transformação do
transformador e das perdas no núcleo, através da medição da
resistência de perdas 𝑅C e da reatância de magnetização
𝑋𝑀 [6].
Para esse ensaio os terminais de um dos enrolamentos são
colocados em aberto, sendo este normalmente o que possui a
menor tensão, enquanto que é aplicada uma tensão nominal ao
lado de maior tensão. Um esquema do ensaio aplicado a um
transformador monofásico pode ser visto na Fig. 5, onde
percebe-se a utilização de um wattímetro, um voltímetro, um
amperímetro e uma fonte de tensão CA.
Fig. 5. Ligações típicas dos instrumentos para o ensaio a circuito aberto.
(VASCONCELOS. J. C., 2013)
III. CONCLUSÕES
Como componentes ativos de um transformador, tem-se as
bobinas (enrolamentos) e o núcleo, sendo este disponibilizado
no mercado composto por diferentes materiais. Embora sejam
predominantemente mais difundidos os núcleos
ferromagnéticos de FeSi, conclui-se que os núcleos de ligas
amorfas evidenciam uma eficiência mais benéfica.
Apresentando, contudo, alguns malefícios que acarretam em
uma maior utilização dos transformadores com núcleos de
ferro-silício.
Quanto aos ensaios em transformadores, foi possível
analisar a importância destes para um melhor funcionamento
do equipamento, além do conhecimento das perdas específicas
nas bobinas e no núcleo.
REFERÊNCIAS
[1] Unicamp. Transformadores. Apostila. Disponível em:
<encurtador.com.br/glW69>
[2] Petry. Materiais magnéticos usados em transformadores e indutores de
baixa e alta frequência. Disponível em: <encurtador.com.br/lqxzC>
[3] B. A. Luciano, et al. Transformadores monofásicos com núcleo de liga
amorfa em sistemas de distribuição de energia elétrica rurais. XIX
Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica, 2010.
[4] B. A. Luciano, W. B. de Castro. Transformadores de distribuição de
energia elétrica com núcleo de metal amorfo. REMAP, v.6.1, 2011.
[5] M. Barbosa, V. Said. Relatório ensaios em transformadores. Disponível
em: <encurtador.com.br/hrAM2>
[6] J. C. Vasconcellos. Análise das perdas no transformador monofásico
para diferentes condições de operação. 2013. Trabalho de Conclusão
de Curso (TCC) – UFRJ, Rio de Janeiro.
[7] Mundo da elétrica. Tipos de transformadores. Disponível em:
<https://www.mundodaeletrica.com.br/tipos-de-transformadores/>
[8] Instituto Newton C. Braga. Conheça os núcleos magnéticos. Disponível
em: <encurtador.com.br/fBLY2>
[9] J. D. Costa. Apontamentos de máquinas eléctrica. 2019. Disponível
em: <encurtador.com.br/fIV27>