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recentes; sobre uma folha branca, esquecida no volume, se liam uns versos

ingleses manuscritos, cujos carateres tão pouco se aparentavam com a escritura

um pouco fantástica do meu hóspede, que me custou bastante a conhecê-la.

Não sei se era teu seio ilha encantada...

Paraíso de canto,

De perfume, d’amor e formosura...

Se um templo à beira-mar... um templo santo.

De luz e aroma cheio...

Não sei... pois sabe alguém sua ventura?

Mas dormia embalada no teu seio

Minh‘ alma, sossegada.

II

Um suspiro... uma prece...

Leva-os o vento pela noite escura!

Sonho! um sonho que esquece!

Mas não se esquece o sonho da Ventura!

Que fantasma nos brada avante avante,

Esquecer! esquecer?

O coração não quer!

Não quer... não pode... luta vacilante!

Onde teve seu ninho e seu amor,

Aí há de ficar, sombrio, incerto...

Há de ficar, pairar no céu deserto,

Ave eterna de dor!


III

— Nunca mais! nunca mais!

Que diz a onda à praia? Há um destino

Triste partido, em seu gemer divino,

E um mistério infeliz naqueles ais!

— Nunca mais! nunca mais!

E o coração que diz às mortas flores

Do seu jardim d’amores?

Como a onda — jamais!

IV

Se eu pudesse sonhar? Ah! posso ainda

Sonhar... se for contigo!

Sempre! sempre a meu lado, imagem linda...

A noite é longa... vem falar comigo!

Estende os tem cabelos...

O céu da tua Itália, não, não brilha

Como brilham meus sonhos, vagos, belos,

Se me falas à noite em sonhos, filha!

Levaram-te! levou-te a onda dos mares!

A asa da águia! o vento!

Geme cativa — chora sem alento,

Pomba d’amor, saudosa dos teus lares!

Teu ninho agora, é triste, glacial...

Um leito conjugal!
Antes a terra escura, pobre escrava,

Aonde — sob a abóbada sombria —

Tua alma os voos livres entendia...

E o coração amava!

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