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OBRAS
LITERÁRIAS UFPR
2022/2023
+200 EXERCÍCIOS
ANÁLISE DAS OBRAS
PRINCIPAIS ASPECTOS
VÍDEOS SELECIONADOS
@MEDISINAPSE
03 ÍNDICE
05 VÍDEOS RECOMENDADOS
43 EXERCÍCIOS
QUARTO DE DESPEJO
https://www.youtube.com/watch?v=3OR87DYtD0o
https://www.youtube.com/watch?v=Cv-7AH2wTQQ
https://www.youtube.com/watch?v=3QxtDZuctrE
https://www.youtube.com/watch?v=jYjJ9DkZ5BA
https://www.youtube.com/watch?v=eWPRxkqprnI
https://www.youtube.com/watch?v=Ujevk8L8vDw
https://www.youtube.com/watch?v=7cio5JJSDeg
CASA DE PENSÃO
https://www.youtube.com/watch?v=usvCGzYetoI
https://www.youtube.com/watch?v=ZLZAPs3L9tU
https://www.youtube.com/watch?v=gnzJJWu15OI
https://www.youtube.com/watch?v=9NI7Q9F1NUw
NOVE NOITES
https://www.youtube.com/watch?v=ttlGErknlXk
https://www.youtube.com/watch?v=kjALHH7kD80
https://www.youtube.com/watch?v=3l75NlPBXtQ
https://www.youtube.com/watch?v=fiazaWVFxcU
https://www.youtube.com/watch?v=2tQRfHHMb2s
VÍDEOS RECOMENDADOS
https://www.youtube.com/watch?v=Ro7rlcaPevU
https://www.youtube.com/watch?v=1OtqzpO6_UA
https://www.youtube.com/watch?v=hPjxBFghwWE
O URAGUAI
https://www.youtube.com/watch?v=LmVUfZByE1g
https://www.youtube.com/watch?v=KjbhcwRPtl0
https://www.youtube.com/watch?v=6Z475vzq3AQ
SAGARANA
https://www.youtube.com/watch?v=nlJ0nVeVYlM
https://www.youtube.com/watch?v=TL87baclrH4
https://www.youtube.com/watch?v=HxRbaUNZz8g
https://www.youtube.com/watch?v=Jfxx0UbCQk8
ÚLTIMOS CANTOS
https://www.youtube.com/watch?v=M3xhx1EaAlw
https://www.youtube.com/watch?v=Mg39kQGGGFU
https://www.youtube.com/watch?v=KjSXmlU8Uo4
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ANÁLISE - OBRAS
LITERÁRIAS UFPR
LIVRO DAS SEMELHANÇAS O novo livro é dividido em várias seções, cujos títulos são
(ANA MARTINS MARQUES) "Livro", "Cartografias", "Visitas ao lugar-comum" e "O livro
das semelhanças". Formam um conjunto interessante de
poemas que dão conta daquilo que está proposto nas
seções. Não sabemos se os títulos vieram antes dos
poemas, ou se a existência dos poemas criou a
necessidade de tais denominações.
PARTE I – LIVRO
“Ainda é tarde
para saber
Ainda há facas
Ainda há música
Escuta:
é música ainda
Ainda há cinzas
por dizer”
No Brasil, esse ano marca o fim do Estado Novo de Getúlio ESTILO LITERÁRIO DA ÉPOCA
Vargas e o início de certa experiência democrática que
A terceira fase do Modernismo, também chamada de
terminará bruscamente em 1º de abril de 1964. Nesse
Neomodernismo, preocupa-se, na prosa, com a invenção
meio tempo, entre 1945 e 1964, o Brasil terá a
linguística, enquanto na poesia há clara rejeição à geração
Constituição de 1946, o retorno de Getúlio Vargas entre
de 22. Pertencem a esse período Guimarães Rosa, Clarice
1950 e 1954, as eleições de 1955, a presidência de
Lispector e João Cabral de Melo Neto (poesia).
Juscelino Kubitschek entre 1956 a 1960, a criação de
Brasília e a sua inauguração como capital do Brasil em 21 Dentro dessa nova concepção, Clarice Lispector busca uma
de abril de 1960, e a renúncia de Jânio Quadros em agosto literatura intimista, de sondagem introspectiva e, por isso,
de 1961, que acabou por levar à presidência João Goulart, voltada para a análise do interior das personagens. Ao
deposto pelo golpe militar de 1964. mesmo tempo, com Guimarães Rosa, os temas
regionalistas, analisados mais profundamente, adquirem
De 1945 a 1964, o tema do desenvolvimento e
uma nova dimensão que busca o universalismo nas
subdesenvolvimento do país ocupa boa parte do trabalho
questões que envolvem os sertanejos do Brasil central.
dos intelectuais brasileiros. O Primeiro Congresso
Também destaca-se, nesse momento, a preocupação com
Brasileiro de Escritores, ocorrido em São Paulo no ano de
o uso da linguagem – traço comum Guimarães Rosa e
1945, avaliou os aspectos positivos e negativos do
Clarice Lispector.
movimento modernista. O próprio Mário de Andrade, uma
semana antes de morrer, classificou o movimento como Ambos, por esse motivo, são chamados de
“verdadeira legitimação da dignidade pela inteligência instrumentalistas. Na poesia, os poetas de 45 têm sua
brasileira”, lamentando, entretanto, que a poesia tivesse estreia marcada pela publicação da Revista Orfeu (1947),
sido acolhida pelo grande público como algo embaraçoso no Rio de Janeiro. A poesia dessa fase defende um estilo
e pedante. A partir daí, deixou de existir a divisão mais rigoroso e equilibrado que rejeita as revoluções
ideológica entre o artista popular e o hermético (aquele artísticas dos modernistas da geração de 22, ou seja, a
que faz um trabalho de difícil compreensão), porque liberdade formal, as ironias, as sátiras, o poema-piada etc.
entende- se agora Segue um modelo mais formal e uma linguagem mais
precisa e exata. Os modelos voltam a ser os parnasianos e
que todos fazem uma crítica sobre o material que
simbolistas. Dentre os grandes nomes que representam
examinam, desmitificando tal material. Assim, tanto
essa geração (Ledo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos,
fazem um trabalho crítico os poetas concretistas, (Augusto
Geir de Campos e Darcy Damasceno), destaca-se, no fim
e Haroldo de Campos), como Guimarães Rosa, Clarice
dos anos 40, João Cabral de Melo Neto, considerado um
Lispector e os compositores de canções populares.
dos grandes nomes da literatura no Brasil.
Pode-se dizer que, entre 1945 e 1964, o Brasil começa a
CRONOLOGIA DAS OBRAS:
ser percebido como componente de uma realidade global,
não obstante seus problemas internos, como
1942 – Pedra do sono
analfabetismo em massa e injustiças sociais. Procura-se 1943 – os três mal-amados
pensar o país não como uma nação isolada, mas como 1945 – o engenheiro
parte de um processo geral, analisando-se as relações 1947 – Psicologia da composição
entre o local e o global, entre o atraso e o progresso, no 1950 – o cão sem plumas
intuito de se chegar a uma interpretação capaz de 1956 – duas águas (contendo os livros anteriores e
proporcionar solução realista para os nossos problemas. morte e vida severina; Paisagens com figuras e Uma faca
só lâmina)
“Morte e Vida Severina” é um poema regionalista que 1960 – Quaderna
narra a trajetória e o sofrimento de Severino, um retirante 1961 – dois parlamentos
em busca de melhores condições de vida. Publicado em 1961 – terceira feira
1955, pelo escritor João Cabral de Melo Neto, a obra faz 1962 – serial
parte da terceira fase do Modernismo. 1966 – a educação pela pedra
1976 – museu de tudo
1981 – a escola das facas
Como Severino não é rezador (sabia apenas acompanhar Como sabemos, toda esperança de Severino é efêmera,
algumas cantigas) nem coveiro, tampouco enfermeiro e surgindo logo uma cruel realidade para dissipá-la. As
médico (profissionais que lidam diretamente com a morte pessoas não estão na labuta diária porque prestam uma
e, como bem disse a mulher: retirantes às avessas, que última homenagem a um trabalhador de eito que está
sobem do mar para cá), não há trabalho algum para ele sendo enterrado. Nesta 8ª cena (quarto diálogo) temos
naquele lugar. Desta 6ª cena (terceiro diálogo), retiramos uma triste e dura constatação: a terra tanto sonhada pelo
o seguinte trecho: lavrador em vida finalmente é conquistada por ele, na
hora da sua morte: a cova é a terra que foi dividida,
e se pela última vez cabendo a ele o seu quinhão. Este trecho foi,
me permite perguntar: magnificamente, musicado por Chico Buarque em Funeral
não existe outro trabalho do lavrador.
para mim neste lugar?
Como aqui a morte é tanta, – essa cova em que estás,
só é possível trabalhar com palmos medida,
nessas profissões que fazem é a conta menor
Parece ser esse o pior momento de Severino: numa terra Nesta obra, com a chegada de uma mulher, anunciando o
onde tudo é verde e os rios correm com sua água vitalícia, nascimento do filho de seu José, mestre carpina, temos o
a morte se apresenta tão viva quanto na caatinga. Resolve, início da montagem de um presépio. Com exceção da 13ª
então, apressar a sua viagem e chegar o mais rapidamente cena, as demais são diálogos baseados em uma obra
a seu destino, a cidade do Recife. Finalmente Severino folclórica de Pereira da Costa, Folclore pernambucano
chega ao Recife. Para descansar, encosta-se no muro de subsídios para a história da poesia popular em
um cemitério e escuta o que falam dois coveiros. Após Pernambuco. É importante relacionar a pergunta de
comentarem a própria profissão, os coveiros passam a Severino (se a melhor saída não seria pular, numa noite,
falar dos retirantes que chegam em grande quantidade, fora da ponte e da vida) com a fala da mulher, ao dizer que
sonhando encontrar trabalho e só encontram miséria e o filho de seu José havia pulado para dentro da vida. Aí
está a antítese nascer/morrer.
cemitérios esperando por eles (consequentemente
aumentando, e muito, o trabalho de coveiros dos
– Compadre José, compadre
cemitérios pobres, enquanto os coveiros dos cemitérios que na relva estais deitado:
ricos pouco trabalham e muitas são as gorjetas). conversais e não sabeis
No final, a conclusão melancólica de um dos coveiros: os que vosso filho é chegado?
estais aí conversando
retirantes vinham seguindo o próprio enterro. Severino,
em vossa prosa entretida:
desolado, chega a um dos cais do Recife. Novamente
não sabeis que vosso filho
justifica aos leitores, a sua retirada. A dura conclusão do saltou para dentro da vida?
coveiro faz com que pense em se matar, deixando-se saltou para dentro da vida
afogar nas águas do Capibaribe. ao dar seu primeiro grito;
e estais aí conversando;
(...) e chegando, aprendo que,
pois sabei que ele é nascido
nessa viagem que eu fazia,
sem saber desde o sertão,
Na 14ª cena (sétimo diálogo), temos, na voz dos
meu próprio enterro eu seguia.
moradores dos mocambos, a transformação mágica do
só que devo ter chegado
cenário com o nascimento da criança: tudo o que enfeia
adiantado de uns dias;
ou lembra a pobreza do mangue dá lugar a um ambiente
o enterro espera na porta:
digno de se viver.
Entretanto, não há nenhuma diferença entre viver num Adaptada para os quadrinhos pelo cartunista Miguel
mocambo nos mangues do Capibaribe, como frisa a Falcão, a produção em preto e branco preserva o texto
primeira cigana, e viver num mocambo nos mangues do original ao narra a dura caminhada de Severino.
Beberibe. Após a leitura das ciganas, vizinhos, amigos e
parentes celebram o recém-nascido. Mesmo sendo uma
criança enclenque (frágil) e setemesinha (nascida de sete
meses), é bela porque simboliza a renovação da vida. Na
17ª cena (décimo diálogo), João Cabral de Melo Neto
constrói, na última estrofe, um inusitado jogo de palavras,
dando valores positivos a termos negativos (corromper,
infeccionar, contagiar).
– severino retirante,
deixe agora que lhe diga:
eu não sei bem a resposta
da pergunta que fazia,
se não vale mais saltar
fora da ponte e da vida;
nem conheço essa resposta,
se quer mesmo que lhe diga;
é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é,
esta que vê, severina;
mas se responder não pude
à pergunta que fazia,
ela, a vida, a respondeu
Caitutu (guerreiro indígena; irmão de Lindóia) Nota-se também, ao citar a natureza, que o autor a
descreve com um paisagismo romântico, tornando íntima
Lindóia (esposa de Cacambo) a relação dos sentidos com o mundo.
Tanajura (indígena feiticeira) Mas ainda se percebe, na obra, o lirismo expressado
através de raiva, dor, piedade, horror, etc., vividas pelos
Apreciação crítica:
O poema é escrito em decassílabos brancos, sem divisão
em estrofes, mas é possível perceber a sua divisão em
partes: proposição, invocação, dedicatória, narrativa e
epílogo. Abandona a linguagem mitológica, mas ainda
adota o maravilhoso, apoiado no fetichismo indígena.
Foge, assim, ao esquema tradicional, sugerido pelo
modelo imposto em língua portuguesa, Os Lusíadas. Por
todo o poema, perpassa o propósito de crítica aos jesuítas,
que domina a elaboração do poema.
Apesar de trabalhar um tema pouco propício e insuficiente
para a produção de um poema épico (a luta armada para
expulsar Jesuítas e indígenas de suas terras é vista mais
como um ato de covardia e injustiça do que como uma
ação heroica), Basílio da Gama consegue criar uma obra de
fôlego e elegância poética, de grande apelo visual nas suas
cenas descritivas, numa colorida paisagem
cinematográfica.
O Uraguai é considerado o melhor poema narrativo do
período neoclássico brasileiro, abrigando alguns traços
que antecipam o Romantismo. O equilíbrio entre a história
e a ficção, a linguagem solta, próxima do coloquial, mas
cheia de lirismo em muitas passagens inesquecíveis e o
ritmo suave distinguem O Uraguai, entre tantos clássicos
de leitura penosa, pelo prazer que ainda pode
proporcionar ao leitor contemporâneo.
PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Influência externa: Questão Capistrano, crime ocorrido Amélia ou Amelita - (Júlia Pereira) a moça seduzida, pivô
em 1876/1877 da tragédia.
Lúcia e Pereira – Lúcia era uma senhora interesseira que A mãe fica chorosa pela partida do filho, mas o pai é
tentou seduzir Amâncio, e chegou até a delatar o plano indiferente, acredita que isso lhe será necessário para
dos donos da casa de pensão, mas João Coqueiro e Mme. amadurecer o caráter e se tornar homem de verdade.
Brizard mandaram-na embora. Pereira é um lento que só
Desenvolvimento
dorme, parece o Mr. Bean. Como se conheceram? Foi
assim, essa história se encontra no capítulo X, desde os 10 Já no Rio de Janeiro, Amâncio ficou hospedado na casa do
anos Lúcia vivia a andar nos bailes, aos 15 já pensava na Sr. Campos e sua esposa, amigos de seu pai. Estes eram
morte, aos 20 caiu na lábia de um primo que a engravidou senhores de aparência respeitosa e tradicional, com
e foi embora. regras muito bem definidas na sua casa, incluindo horários
de chegada e saída.
Depois disso sua missão fora encontrar alguém que a
assumisse, encontrou o Pereira, cujo tio diziam que tinha Vale ressaltar neste resumo de Case de Pensão, que, a
uma herança e seria o tal Pereira a herdá-la, a moça princípio, a casa de Campos parecia uma boa alternativa
começou a dar indiretas e mais flertadas, e nada do rapaz para Amâncio. Porém, quando ele encontrou Paiva Rocha,
perceber, como sempre, fora um lento, até que um dia ela um amigo do Maranhão, engajou na vida boêmia: só vivia
chegou para ele obrigando-o a casar, o rapaz nada fez, só em festas, orgias e bebedeiras.
depois descobriu ela que ele já era casado com uma velha
desde os dezoito anos no papel, mesmo assim Lúcia ficou As notas de Amâncio foram caindo, chegava tarde na casa
amancebada com ele. de Campos – o que causava desconforto nos moradores –
e começou a querer se envolver com Hortênsia, a mulher
Pouco tempo depois a tio morrera após ver Lúcia de Campos.
transando com um estudante, e no testamento, só dividas,
com isso Lúcia passou a ser o homem da relação, e viviam Com a situação cada vez pior, Paiva apresentou o amigo
de calote nas casas de pensão da cidade carioca. João Coqueiro, que por sua vez, ofertou a Amâncio um
quarto na sua pensão.
Chegara a um tempo a engravidar, acredite, do Pereira,
Lúcia tentou abortar, mas não conseguiu, nascera dentro A pensão era um verdadeiro antro de promiscuidade,
de um fábrica. 30 dias depois, felizmente, como diria o todos viviam na mesma rotina de farras
narrador, a criança morrera, como o pai, abriu o olho uma intermináveis. Pelo ambiente, podia-se deduzir o tipo de
só vez, na hora de expirar.
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caráter que as pessoas de lá possuíam: interesseiros, O determinismo, em que as personagens são modificadas
corruptos, baderneiros e boêmios. pelo ambiente em que vivem e pela herança genética
(infância de Amâncio)
Mas Amâncio estava deslumbrado demais para notar
que todos ali só queriam extorquir seu dinheiro. A crítica aos comportamentos e padrões tradicionais, que
Assim, João Coqueiro armou de casar Amâncio com sua são mostrados como hipocrisia nas personagens
irmã, Amélia, para ter parte no dinheiro. (comportamento de Dona Hortência)
Caminhando para o final, vemos neste resumo de Casa de A inclinação ao pensamento socialista em detrimento do
Pensão, que em certo momento a mãe de Amâncio avisa- pensamento burguês (as intenções burguesas de
lhe que seu pai havia falecido e pede que ele vá ao Amâncio)
Maranhão para visitá-la e cuidar dela. Contudo, Amélia diz
Outro fator presente em Casa de Pensão, é a riqueza de
que só permitiria após se casarem, pois queria garantir
detalhes minuciosos para descrever cenas, pessoas e
que seu plano fosse concluído.
lugares; visando garantir veracidade à narrativa. Assim, faz
Assim, Amâncio armou de viajar escondido para ver logo o leitor criar um paralelo reflexivo sobre o que lê na obra
sua mãe, pois não tinha muita pressa em se casar. e o que vê no seu cotidiano
IMPORTANTE SABER:
TÍTULO DA OBRA
ESTRUTURA DE SAGARANA
Década de 50 no mundo
Carolina Maria de Jesus: protagonista e narradora da 19 de maio. (...) Deitei o João e a Vera e fui procurar o José
própria história. Mãe solteira por opção, favelada e Carlos. Telefonei para a Central. Nem sempre o telefone
trabalha como catadora de lixo e metal. Gosta de ler e resolve as coisas. Tomei o bonde e fui. Eu não sentia frio.
escrever e acredita que sua escrita seria a chave para sair Parece que o meu sangue estava a 40 graus. Fui falar com
do lugar onde vive. Aliás, esse parece ser o que dá sentido a Polícia Feminina que me deu a notícia do João Carlos que
ao texto: a sobrevivência diária e a tentativa de estava lá na rua Asdrúbal Nascimento. Que alívio! Só quem
transcender aquele lugar; é mãe é que pode avaliar. (pp. 32-33)
Vera Eunice: filha de Carolina e parece ser também a No trecho em questão, percebe-se a subjetividade, visto
preferida da mãe. Chama a atenção das pessoas que a que a autora fala de seus sentimentos a partir da
veem como uma menina encantadora. Quando sai a possibilidade de ter perdido um dos filhos. Note que há
reportagem sobre a favelada que é escritora, o pai aparece juízo de valor ao fechar o trecho, demonstrando que as
para se certificar que a catadora de papel não vai revelar mães têm outras relações que não são facilmente
seu nome; reconhecidas por todas as pessoas. Percebe-se, ainda,
uma preferência pelo uso da primeira pessoa, bem como
José Carlos e João José: os outros dois filhos da pelos verbos marcados no pretérito, principalmente o
protagonista. Ela fala da sexualização precoce dos filhos e imperfeito.
dos problemas que ela teve com o João. Ela foi intimada a
responder pelo garoto e ele só tinha nove anos. Teria Assim, o diário apresenta, como características:
tentado violentar uma menina de dois anos. Ela começa a
vigiá-lo. Marcação temporal do dia em que ocorreu o fato;
Diálogo entre o escritor e o diário; mesmo quando não
Sr. Manoel: homem que se interessa por Carolina. Quer há essa marca, o texto deixa entrever um pseudo
casar com a protagonista. Ela o considera um homem diálogo com um interlocutor não identificado (não
bonito e educado. Deita-se com ele, às vezes; obrigatório);
Uso do vocativo (não obrigatório);
Raimundo, um cigano: aparece na favela e é visto como Uso da primeira pessoa;
um malandro sedutor. Vive com uma menina que diz que Linguagem informal;
é sua irmã. Promete que se Carolina o aceitar, ele a tirará Escrita confessional;
Podemos afirmar ainda mais facilmente que o livro é Uma das discussões levantadas na época do lançamento
realmente a descrição diária da vida de uma favelada, do livro, na década de 60, foi a literalidade da obra de
como o nome propõe. É uma obra social, que traz a Carolina Maria de Jesus. Para muitos críticos, a obra
realidade a todos que a querem ou não querem enxergá- produzida pela autora não deveria ser entendida como
la. Nossa sociedade, que tantas vezes se faz de cega para literatura, porque apresentava uma série de incorreções
poder analisar a condição do mais pobre, recebe como contra a norma culta.
“um soco no estômago” aquilo que Carolina Maria quer
dizer sobre sua vida, sua sobrevivência. É o mesmo olhar Tal discussão fala muito sobre como se constrói a cultura
que Vidas Secas, de Graciliano Ramos, apresenta sobre o em nosso País. De forma geral, há uma valorização da
cultura oficializada e legitimada pelos mais ricos, que se
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sentem inegavelmente ameaçados quando uma pessoa
excluída desse círculo tão importante ousa fazer arte e,
mais que isso, arte de grande peso, como a feita nessa
obra.
“O Gigante de Pedra”,
“Leito de Folhas Verdes”,
“I-Juca Pirama”,
“Marabá”,
“Canção do Tamoio”, “A Mangueira”,
“A Mãe-D’Água”;
O GIGANTE DE PEDRA
A sonoridade do poema pode ser altamente regular, muito As primeiras criaturas a serem apresentadas são os índios
perceptível, determinando uma melodia própria na timbiras, conhecidos como guerreiros valentes. Anos atrás
ordenação de sons, ou pode ser de tal forma discreta que os índios timbiras capturaram um prisioneiro de guerra
praticamente não se distingue da prosa. tupi, o projeto dos timbiras era matá-lo. Ao final do
terceiro canto, um dos índios timbiras pediu que o
O poeta pode obter o efeito desejado através da prisioneiro se apresentasse e contasse um pouco da sua
sonoridade das palavras ou fonemas; da prática da história de vida. O guerreiro respondeu assim:
metrificação ou da sinestesia, que é a expressividade dos
sons, da correspondência entre som e um sentido Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi:
necessário a esse som o qual causa certa sensação.
Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros,
O poema “Leito de folhas verdes” é estruturado em nove descendo Da tribo Tupi.
estrofes com quatro versos em cada estrofe (quarteto)
Ao longo do quarto canto ficamos conhecendo a história
resultando em um total de trinta e seis versos. É uma
do índio tupi: as guerras que assistiu, os lugares por onde
composição em decassílabos, cujo ritmo mantém bastante
passou, a família que o rodeava. O pai, um velho cego e
regularidade. O verso com cesura na sexta, na segunda e
cansado, o acompanhava para todo lado. O filho era uma
ou terceira sílaba caracteriza o verso heróico e, de modo
espécie de guia, que o conduzia sempre. Apesar de ter um
geral, marca o tempo através da tonicidade.
pai inteiramente dependente, para provar a sua honra, o
Métrica índio tupi capturado se coloca à disposição da tribo timbira
para servir como escravo.
Para que os versos se enquadrem em um número
desejado de sílabas, normalmente o autor usa de alguns O chefe da tribo timbira, ao ouvir o relato do prisioneiro,
procedimentos funcionais, os quais têm por objetivo manda soltá-lo imediatamente afirmando que ele é um
ampliar ou reduzir a sílaba métrica. grande guerreiro. O tupi diz que parte, mas que, quando o
pai estiver morto, irá regressar para servir. O guerreiro
A descrição teórica dos elementos estruturais da finalmente encontra o pai moribundo e conta o que se
sonoridade, acima exposta, mostra que o poema em passou. O velho decide regressar com o filho para a tribo
análise mantém uma estrutura decassílaba e, para tanto, timbira e agradece o chefe pela generosidade de o ter
o procedimento funcional selecionado em grande libertado, embora peça que o ritual seja cumprido e o filho
quantidade foi o da sinaléfa, na qual ocorre a junção de seja castigado. O chefe da tribo se recusa a seguir em
uma vogal de início ou final de um vocábulo com um frente e justifica que o cativo é um covarde, pois chorou
artigo, ou entre dois vocábulos. diante dos inimigos e da morte. Como o plano era comer
Rima a carne do prisioneiro, o chefe temia que os seus índios se
tornassem covardes assim como o tupi capturado. O pai
Observa-se que a sonoridade desse poema se estrutura fica surpreso com a revelação feita pelo cacique porque os
com rimas por assonância (repetição de vogais) e rima por tupis não choram, menos ainda a frente dos outros, e
aliteração (repetição de consoantes), bem como a amaldiçoa o filho:
presença de recorrências por repetições de palavras, por
repetições de sintagmas e repetições de versos. Não encontres amor nas mulheres, Teus amigos, se
amigos tiveres, Tenham alma inconstante e falaz! Não
encontres doçura no dia,
Nos seus alegres verdores O poema pode ser lido como manifestação de uma
Se embalança o passarinho; ideologia romântica, da natureza concebida como
Todo é graça, todo amores, extensão do eu. Não negamos tal observação. Mas
Decantando seus ardores observado seja que, inserida dentro do universo particular
À beira do casto ninho: da poesia americana, essa relação ganha particularidade,
Nos seus alegres verdores servindo ao homem americano também como
Se embalança o passarinho!
caracterizador, na medida em que o distingue do europeu.
Essa relação íntima com o mundo natural, de fato pode ser
O cansado viandante
A sombra dela acha abrigo; lida como negação romântica aos avançados estágios da
Traz-lhe a aragem sussurrante, civilização. Consideração bastante pertinente quando se
Que lhe passa no semblante, usa como argumento os versos de Caxias, em que
Talvez o adeus d′um amigo; Gonçalves Dias se põe a cantar a vila onde nasceu.
E o cansado viandante
À sombra dela acha abrigo -
MARABÁ
A sombra que ela derrama
Todas as dores acalma; Eu vivo sozinha, ninguém me procura!
Seja dor que o peito inflama, Acaso feitura
Ou voraz, nociva chama Não sou de Tupá!
Que nos mora dentro d′alma, Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
A sombra que ela derrama
Todas as dores acalma. — "Tu és", me responde,
"Tu és Marabá!"
O mancebo namorado — Meus olhos são garços, são cor das safiras,
Para ela se encaminha;
— Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
Bate-lhe o peito açodado
— Imitam as nuvens de um céu anilado,
Quando chega o prazo dado,
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— As cores imitam das vagas do mar!
MÃE-D’ÁGUA
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
https://www.guiaestudo.com.br/morte-e-vida-severina
https://livrozilla.com/doc/824442/morte-e-vida-severina
https://livrozilla.com/doc/824442/morte-e-vida-severina
https://www.portugues.com.br/literatura/sagarana.html
http://sejaetico.com.br
https://www.digestivocultural.com
http://culturaliterariacolonial.blogspot.com
http://franciscalucilene.blogspot.com
https://www.passeiweb.com/casa_de_pensao
https://mafua.ufsc.br/2007/leito-de-folhas-verdes-
analise-dos-elementos-estruturais-do-poema/
EXERCÍCIOS
OBRAS LITERÁRIAS
UFPR 2022/2023
QUARTO DE DESPEJO – CAROLINA MARIA DE JESUS – EXERCÍCIOS UFPR 2022/2023
01. Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, tem como elementos recorrentes, exceto
02.(FAMECA)
” Preparei a refeição matinal. Cada filho prefere uma coisa. A Vera, mingau de farinha de trigo torrada. O João José, café
puro. O José Carlos, leite branco. E eu, mingau de aveia. Já que não posso dar aos meus filhos uma casa decente para
residir, procuro lhe dar uma refeição condigna.Terminaram a refeição. Lavei os utensilios. Depois fui lavar roupas. Eu não
tenho homem em casa. É só eu e meus filhos. Mas eu não pretendo relaxar. O meu sonho era andar bem limpinha, usar
roupas de alto preço, residir numa casa confortavel, mas não é possível. Eu não estou descontente com a profissão que
exerço. Já habituei-me andar suja. Já faz oito anos que cato papel. O desgosto que tenho é residir em favela. Fui no rio
lavar as roupas e encontrei D. Mariana. Uma mulher agradavel e decente. Tem 9 filhos e um lar modelo.Ela e o esposo
tratam-se com iducação. Visam apenas viverem paz. E criar filhos. Ela tambem ia lavar roupas. Ela disse--me que o Binidito
da D. Geralda todos os dias ia preso. Que a Radio Patrulha cançou de vir buscá-lo. Arranjou serviço para ele na cadeia.
Achei graça. Dei risada!... Estendi as roupas rapidamente e fui catar papel. Que suplicio catar papel atualmente! Tenho
que levar a minha filha Vera Eunice. Ela está com dois anos, e não gosta de ficar em casa. Eu ponho o saco na cabeça e
levo-a nos braços. Suporto o peso do saco na cabeça e suporto o peso da Vera Eunice nos braços. Tem hora que revolto-
me. Depois domino-me. Ela não tem culpa de estar no mundo.
Refleti: preciso ser tolerante com os meus filhos. Eles não tem ninguem no mundo a não ser eu. Como é pungente a
condição de mulher sozinha sem um homem no lar.”
(Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo: diário de uma favelada, 1993. Adaptado.)
a) Uma análise, na qual o narrador questiona a sua condição de vida, mostrando que, apesar de sonhar com privilégios,
prefere viver de forma simples.
b) Um comparativo, no qual o narrador reconhece que vive bem, ressaltando as vantagens de vestir-se com roupas caras e
de morar em uma casa confortável.
c) Uma narrativa poética, na qual o narrador expõe seu sofrimento, deixando claro que ele decorre do fato de ter vários
filhos para cuidar.
d) Um relato, no qual o narrador apresenta situações do seu cotidiano, evidenciando as dificuldades que enfrenta para
sobreviver como catadora de papel.
e) Um resumo, no qual o narrador desmerece sua família e sua comunidade, as quais lhe representam empecilhos para uma
vida melhor e com mais conforto.
03. (UFRGS) Instrução: A questão refere-se à obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Um tema em Quarto de
despejo é encontrado também no poema “O bicho”, de Manuel Bandeira, transcrito a seguir.
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Assinale a alternativa que identifica esse tema recorrente nas duas obras.
04. (UFRGS) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as
seguintes afirmações.
( ) A história, estruturada em forma de diário, abarca cinco anos da vida de Carolina, que, segundo a narradora, suporta sua
rotina de fome e violência através da escrita.
( ) A autora produz uma narrativa de grande potência, apesar dos desvios gramaticais presentes no texto.
( ) A narradora reflete sobre desigualdade social e racismo. A força do texto está no depoimento de quem sente essas mazelas
no corpo e ainda assim se apresenta como voz vigorosa e propositiva.
( ) O livro, relato atípico na tradição literária brasileira, nunca obteve sucesso editorial, permanecendo esquecido até os dias
de hoje.
a) F – V – F – F.
b) V – F – V – V.
c) V – F – F – V.
d) V – V – V – F.
e) F – V – V – V.
Quarto de despejo
Do diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus surgiu este autêntico exemplo de literatura-verdade, que relata o
cotidiano triste e cruel da vida na favela. Com uma linguagem simples, mas contundente e original, a autora comove o
leitor pelo realismo e pela sensibilidade na maneira de contar o que viu, viveu e sentiu durante os anos em que morou na
comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos Ao ler este relato — verdadeiro best-seller no Brasil e no
exterior — você vai acompanhar o duro dia a dia de quem não tem amanhã. E vai perceber com tristeza que, mesmo tendo
sido escrito na década de 1950, este livro jamais perdeu a sua atualidade.
JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2007.
Identifica-se como objetivo do fragmento extraído da quarta capa do livro Quarto de despejo
06. (ACAFE) Sobre a obra Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, todas as alternativas estão corretas, EXCETO a:
07. (UEL) Leia o trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, e responda a questão:
15 de maio
Tem noite que eles improvisam uma batucada e não deixa ninguém dormir. Os visinhos de alvenaria já tentaram com
abaixo assinado retirar os favelados. Mas não conseguiram. Os visinhos das casas de tijolos diz:
– Os políticos protegem os favelados.
Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os políticos só aparecem aqui nas epocas eleitoraes. O senhor Cantidio
Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão agradavel. Tomava nosso café,
bebia nas nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões
por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um projeto para beneficiar
o favelado. Não nos visitou mais.
... Eu classifico São Paulo assim: o Palacio, é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela
é o quintal onde jogam os lixos.
(JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2014. p.32.)
Assinale a alternativa que estabelece a exata correlação entre Quarto de despejo e os romances Casa de pensão, de Aluísio
Azevedo, e Clara dos Anjos, de Lima Barreto
a) A miséria dos favelados de Quarto de despejo é experimentada também pelos moradores da pensão e pelos parentes do
protagonista no romance Casa de pensão.
b) As dificuldades enfrentadas pelas personagens de Quarto de despejo numa cidade grande como São Paulo têm pontos
de contato com o individualismo que cerca as personagens de Casa de pensão.
c) A distância do acesso ao poder representada em Quarto de despejo é equivalente ao caráter desprotegido que atinge o
protagonista de Casa de pensão e as personagens que com ele convivem.
d) A associação da favela ao lixo em Quarto de despejo é uma retomada das condições de moradia de personagens como
Clara dos Anjos e Cassi Jones na narrativa de Lima Barreto.
e) O descaso dos políticos focalizado em Quarto de despejo é o comportamento que conduz a protagonista Clara ao
desespero quando ela se vê abandonada por Cassi Jones e pelas autoridades.
08. (IFSulDeMinas) Considerando os livros “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, e “O Cortiço” de Aluísio de
Azevedo, é correto afirmar que:
a) O segundo apresenta perspectiva naturalista e determinista para seus personagens enquanto que o primeiro apresenta
aposta na mudança de realidade por meio da escrita em um diário.
b) Bertoleza, personagem de “O Cortiço”, assemelha-se à Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo, pois ambas
são dependentes e falta-lhes proatividade.
c) Os dois livros em questão reforçam a imagem de sexo frágil para a mulher.
d) A metáfora do quarto de despejo não estabelece qualquer relação com o contexto do cortiço descrito no romance de
Aluísio de Azevedo.
09. (Unimontes) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas abaixo estão corretas,
EXCETO:
10. (Unimontes)
1 DE JULHO... Eu percebo que se este Diário for publicado vai maguar muita gente. Tem pessoa que quando me ver passar
saem da janela ou fecham as portas. Estes gestos não me ofendem. Eu até gosto porque não preciso parar para conversar.
(...) Quando passei perto da fabrica vi varios tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta
que pega. Quando carregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a
humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar. (JESUS, 1997, p. 69.)
Sobre o excerto acima e sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, a única afirmativa INCORRETA é:
a) Para a autora, os papéis colhidos nas ruas são sua fonte de sobrevivência e, mais tarde, a matéria-prima para a escrita
dos seus diários.
b) Os diários, além de uma forma de extravasamento da raiva e de fazer-se conhecer, eram, para a autora, um registro da
memória.
c) A dimensão social e humanística do romance é perceptível por meio da confissão diarística da narradora.
d) A linguagem de norma culta e singular da escritora do povo legitima o lugar social de sua autora.
11. (Unimontes) A narrativa "Quarto de despejo (24 de dezembro de 1958)", da escritora Carolina Maria de Jesus, texto
que integra a coletânea Nós e os outros, de Marisa Lajolo, apresenta todas as características abaixo, EXCETO:
12. UFRGS 2019 - Leia este trecho de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
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13. UFT/COPESE 2020/1 - Leia o fragmento para responder a QUESTÃO.
3 DE MAIO... Fui na feira da Rua Carlos de Campos, catar qualquer coisa. Ganhei bastante verdura. Mas ficou sem efeito,
porque eu não tenho gordura. Os meninos estão nervosos por não ter o que comer.
6 DE MAIO [...] ...O que eu aviso aos pretendentes a politica, é que o povo não tolera a fome. É preciso conhecer a fome
para saber descrevê-la.
9 DE MAIO... Eu cato papel, mas não gosto. Então eu penso: Faz de conta que eu estou sonhando.
10 DE MAIO... [...] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso,
que as pessoas tem mais possibilidades de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: Se ele sabe disto,
porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O senhor Janio Quadros, o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros?
Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades. ... O Brasil precisa ser
dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no
proximo, e nas crianças.
16 DE MAIO Eu amanheci nervosa. Porque eu queria ficar em casa, mas eu não tinha nada para comer.
... Eu não ia comer porque o pão era pouco. Será que é só eu que levo esta vida? O que posso esperar do futuro? Um leito
em Campos do Jordão. Eu quando estou com fome quero matar o Janio, quero enforcar o Adhemar e queimar o Juscelino.
As dificuldades corta o afeto do povo pelos politicos.
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1983, p. 25-29.
(fragmento).
Assinale a alternativa CORRETA. No fragmento de Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus apresenta um olhar:
a) submisso ao discurso dos homens da lei sobre a propensão para o crime, das pessoas da favela.
b) crítico com relação à problemática da fome e à falta de atenção dos políticos para com a população pobre.
c) otimista quanto à possibilidade de mudança de sua vida e de sua família.
d) culpado por não conseguir comida suficiente para si e seus filhos.
14.(UNICAMP 2019) ...Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros deputados. Alguns
nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas
eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.” (Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo.
São Paulo: Ática, 2014, p. 43.)
O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina
Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição
da autora sobre a lógica política das eleições.
a) Por meio das eleições, políticos de determinados partidos acabam se perpetuando no exercício do poder.
b) Os políticos se aproximam do povo e, depois das eleições, se esquecem dos compromissos assumidos.
c) Os políticos preteridos são aqueles que acabam vencendo as eleições, por força de sua persistência.
d) Graças ao desinteresse do povo, os políticos se apropriam do Estado, contrariando a própria democracia.
15. (UNICENTRO 2019) Sobre a obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, é INCORRETO afirmar que:
a) a obra é constituída por relatos de vida, análises de contexto, predominantemente como denúncia social e, também, por
passagens líricas.
b) a linguagem é concisa e direta, em sintonia com a rudeza da vida da própria escritora, que manifesta consciência do
processo de escrita.
c) a autora reivindica uma vida melhor para si e para a comunidade onde vive, por meio de um discurso de resistência, em
face do sistema que oprime os habitantes da periferia.
d) não obstante o reconhecimento atual do seu valor, mais pelo conteúdo do que pela forma, a obra não integrou o cânone
literário quando de sua publicação.
16. UNDEP (2019) Ao discutir um texto literário em sala de aula, o(a) professor(a) tem elementos para “refletir e discutir
sobre questões sociais e culturais brasileiras e sobre a forma como as histórias foram construídas e contadas”, como
sugerem Machado e Corrêa (2010, p. 121), ao falarem do ensino de literatura no Ensino Fundamental. Nas alternativas a
seguir, estão colocados trechos do diário Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), uma das primeiras
escritoras negras reconhecidas do Brasil, moradora da favela do Canindé (SP).
Assinale a alternativa em que a crítica social apresentada no trecho está corretamente indicada entre parênteses.
a) “Quem nos protege é o povo e os Vicentinos. Os politicos só aparecem aqui nas epocas eleitoraes. O senhor Cantidio
Sampaio quando era vereador em 1953 passava os domingos aqui na favela. Ele era tão agradavel. Tomava nosso café,
bebia nas nossas xícaras. Ele nos dirigia as suas frases de viludo. Brincava com nossas crianças. Deixou boas impressões
por aqui e quando candidatou-se a deputado venceu. Mas na Camara dos Deputados não criou um projeto para beneficiar
os favelados. Não nos visitou mais.” (JESUS, 2014, p.32) (A falta de organização na política brasileira.)
b) “Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de
viludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenho a impressão que sou objeto fora de uso, digno de estar num
quarto de despejo.” (JESUS, 2014, p.37) (O planejamento urbano deficiente da cidade.)
c) “Quando passei perto da fábrica vi varios tomates. Ia pegar quando vi o gerente. Não aproximei porque ele não gosta que
pega. Quando descarregam os caminhões os tomates caem no solo e quando os caminhões saem esmaga-os. Mas a
humanidade é assim. Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar.” (JESUS, 2014, p.78) (A falta de
empatia entre pessoas de diferentes classes sociais.)
d) “Quando vou na cidade tenho a impressão que estou no paraizo. Acho sublime ver aquelas mulheres e crianças tão bem
vestidas. Tão diferentes da favela. As casas com seus vasos de flores e cores variadas. Aquelas paisagens há de encantar
os olhos dos visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais afamada da América do Sul está enferma. Com as
suas úlceras. As favelas.” (JESUS, 2014, p.90) (A violência nos grandes centros urbanos.)
17. UNICERP 2020 - No trecho “Eu durmi. E tive um sonho maravilhoso. Sonhei que era um anjo. Meu vistido era amplo.
Mangas longas cor de rosa”, do livro Quarto de Despejo, da autora Carolina Maria de Jesus (1960), observa-se que existe:
18. (UNICERP 2020) No fragmento do livro de Carolina Maria de Jesus (1960), Quarto de Despejo, “As vezes mudam
algumas famílias para a favela, com crianças. No início são educadas, amáveis. Dias depois usam o calão são soezes e
repugnantes. São diamantes que transformam em chumbo. Transformam-se em objetos que estavam na sala de visitas e
foram para o quarto de despejo. (JESUS, p. 39), percebe-se a presença:
a) da escrita que evidencia a rotina dos moradores marginalizados que sofriam com a miséria urbana
b) da alusão metafórica que a autora utiliza para conquistar espaço na sociedade
c) da manifestação de euforia em relação às mudanças na esfera política e da prosperidade social
d) de situações que permeiam o poder público para que alcancem as conquistas sociais e públicas
19. (UENP 2019) A obra Quarto de Despejo de Carolina Maria de Jesus é escrita na forma de diário, que se inicia em 15 de
julho de 1955 e termina em 1º de janeiro de 1960. Sobre essa forma, assinale a alternativa correta.
I. Nesta descrição de São Paulo, é perceptível a visão crítica da narradora a respeito dos políticos e da desigualdade social.
II. A aproximação entre a favela e o quintal caracteriza o modo como a narradora se vê na sociedade.
III. Nota-se, neste fragmento, o desejo da narradora em se tornar escritora.
IV. Percebe-se a preocupação da narradora em apresentar uma descrição objetiva das mudanças pelas quais passou o espaço
urbano.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas
21. (UEMA 2015) Na obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, Carolina Maria de Jesus retrata, em uma
RETOMlógica e literária, suas impressões sobre o cotidiano dos moradores de uma favela. Para responder à questão, leia
a seguir dois excertos, transcritos integralmente, da referida obra.
Texto I
20 DE MAIO
(...)
Quando cheguei do palacio que é a cidade os meus filhos vieram dizer-me que havia encontrado macarrão no lixo. E a
comida era pouca, eu fiz um pouco do macarrão com feijão. E o meu filho João José disse-me:
– Pois é. A senhora disse-me que não ia mais comer as coisas do lixo.
Foi a primeira vez que vi a minha palavra falhar.
(...)
Texto II
30 DE MAIO
(...)
Chegaram novas pessoas para a favela. Estão esfarrapadas, andar curvado e os olhos fitos no solo como se pensasse na
sua desdita por residir num lugar sem atração. Um lugar que não se pode plantar uma flor para aspirar o seu perfume,
para ouvir o zumbido das abelhas ou o colibri acariciando-a com seu frágil biquinho. O unico perfume que exala na favela
é a lama podre, os excrementos e a pinga.
(…)
Fonte: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: Diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática, 2007.
TEXTO
16 DE JULHO Levantei. Obedecia a Vera Eunice. Fui buscar agua. Fiz café. Avisei as crianças que não tinha pão. Que tomassem
café simples e comesse carne com farinha. Eu estava indisposta, resolvi benzer-me. Abria a boca duas vezes, certifiquei-me
que estava com mau olhado. A indisposição desapareceu sai e fui ao seu Manoel levar umas latas para vender. Tudo quanto
eu encontro no lixo eu cato para vender. Deu 13 cruzeiros. Fiquei pensando que precisava comprar pão, sabão e leite para a
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Vera Eunice. E os 13 cruzeiros não dava! Cheguei em casa, aliás no meu barracão, nervosa e exausta. Pensei na vida atribulada
que eu levo. Cato papel, lavo roupa para dois jovens, permaneço na rua o dia todo. E estou sempre em falta. A Vera não tem
sapatos. E ela não gosta de andar descalça. Faz uns dois anos, que eu pretendo comprar uma maquina de moer carne. E uma
maquina de costura.
Cheguei em casa, fiz o almoço para os dois meninos. Arroz, feijão e carne. E vou sair para catar papel. Deixei as crianças.
Recomendei-lhes para brincar no quintal e não sair na rua, porque os pessimos vizinhos que eu tenho não dão socego aos
meus filhos. Saí indisposta, com vontade de deitar. Mas, o pobre não repousa. Não tem o privilegio de gosar descanço. Eu
estava nervosa interiormente, ia maldizendo a sorte (...) Catei dois sacos de papel. Depois retornei, catei uns ferros, uma
latas, e lenha. Vinha pensando. Quando eu chegar na favela vou encontrar novidades. Talvez a D. Rosa ou a indolente Maria
dos Anjos brigaram com meus filhos. Encontrei a Vera Eunice dormindo e os meninos brincando na rua. Pensei: são duas
horas. Creio que vou passar o dia sem novidade! O João José veio avisar-me que a perua que dava dinheiro estava chamando
para dar mantimentos. Peguei a sacola e fui. Era o dono do Centro Espirita da rua Vargueiro 103. Ganhei dois quilos de arroz,
idem de feijão e dois quilos de macarrão. Fiquei contente. A perua foi-se embora. O nervoso interior que eu sentia ausentou-
se. Aproveitei a minha calma interior para eu ler. Peguei uma revista e sentei no capim, recebendo os raios solar para
aquecer-me. Li um conto. Quando iniciei outro surgiu os filhos pedindo pão. Escrevi um bilhete e dei ao meu filho João José
para ir ao Arnaldo comprar sabão, dois melhoraes e o resto pão. Puis agua no fogão para fazer café. O João retornou-se.
Disse que havia perdido os melhoraes. Voltei com ele para procurar. Não encontramos.
Quando eu vinha chegando no portão encontrei uma multidão. Crianças e mulheres, que vinha reclamar que o José Carlos
havia apedrejado suas casas. Para eu repreendê-lo.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.9 ed. 6 imp. São Paulo: Ática, 2007.
Em se tratando do gênero textual do trecho retirado da obra Quarto de despejo: diário de uma favela, aponte a afirmativa
correta:
a) A linguagem textual é elaborada a partir de elementos comuns à poética, tendo em vista a sensibilidade com que o
cotidiano é exposto.
b) Os versos acentuam a pobreza comum à realidade humana em uma linguagem de exposição impessoal.
c) A estruturação linguística do texto deixa evidente o caráter pessoal da descrição da vivência do cotidiano.
d) Não é comum observar, na Literatura Brasileira, a escrita de textos utilizando o gênero diário.
e) Por conta da captação da realidade na presente escrita de Carolina Maria de Jesus, podemos classificar o texto como
crônica de comentário.
23. Com base na leitura de Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, é INCORRETO afirmar que a obra
24. (AFA-SP–2016) O título do livro Quarto de Despejo pode sugerir algumas inferências. Assinale aquela que não pode ser
comprovada pelo relato.
25. (AFA-SP–2016) Diário é um gênero textual no qual são registrados acontecimentos cotidianos com base em uma
perspectiva pessoal. A partir dessa definição, é correto afirmar que, no texto,
26. (Unimontes-MG–2014) Sobre o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, todas as afirmativas a seguir estão
corretas, exceto
a) A autora – mulher, negra, mãe solteira – assinala a sua escrita com a consciência do que é estar no “quarto de despejo”
da grande cidade de São Paulo.
b) O ato cotidiano de recolher resi ́duos da sociedade paulistana é uma evasão de uma mulher que se sente marginalizada.
c) O diário Quarto de despejo é constitui ́do de fragmentos de vida reunidos em cadernos encontrados nas ruas.
d) Os relatos diários são marcados por um olhar de denúncias e pela descrição da rotina marginal de sua autora.
a) Descreve a chegada de novos moradores na favela do Canindé e a situaçao ̃ de precariedade social que os aguardava
naquela vida, já conhecida pela escritora.
b) As metáforas referem-se aos desempregados que vão morar longe da cidade.
c) A estética “marginal” criada pela escritora confere à pobreza um tom lírico e alienado.
d) O lugar descrito pela autora, ou seja, o “quarto de despejo”, abriga os elementos indesejáveis que não se quer visi ́veis na
cidade.
Ao fazer uma reflexão sobre o momento presente, a autora volta-se para o passado histórico, marcado pela escravidão e,
́
de uma forma critica, confere à abolição uma nova roupagem: os negros que antes se encontravam presos à s amarras do
sistema escravocrata, hoje se encontram presos aos grilhõ es da miséria e do descaso social.
a) “(...) eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rustico. Eu até acho o cabelo de negro mais iducado do que o cabelo
de branco”.
b) “Nunca vi uma preta gostar tanto de livro como você”.
c) “E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!”
d) “O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professor.
1. C
2. D
3. B
4. D
5. E
6. A
7. B
8. A
9. B
10. D
11. A
12. E
13. B
14. B
15. E
16. C
17. C
18. A
19. A
20. A
21. B
22. A
23. D
24. D
25. C
26. B
27. A
28. C
a) O nascimento de uma criança, no final do poema, relativiza a ideia de que, no Nordeste, a morte sempre se sobrepõe
à vida.
b) Escrito na década de 50, o poema tem sido adaptado frequentemente para o teatro e a televisão, o que contribuiu
grandemente para sua popularização.
c) Trata-se de um poema dramático que tem como subtítulo “Auto de Natal pernambucano”.
d) O contraste entre vida e morte ganha contornos paradoxais quando, chegando ao Recife, Severino, em vez de se
encantar com o rio que “não seca, vai toda vida”, pensa em suicidar-se em suas águas.
e) No poema, o único espaço social em que ricos e pobres se igualam é o cemitério.
a) A alternância das falas de ricos e de pobres, em contraste, imprime à dinâmica geral do poema o ritmo da luta de
classes.
b) A visão do mar aberto, quando Severino finalmente chega ao Recife, representa para o retirante a primeira afirmação
da vida contra a morte.
c) O caráter de afirmação da vida, apesar de toda a miséria, comprova-se pela ausência da ideia de suicídio.
d) As falas finais do retirante, após o nascimento de seu filho, configuram o “momento afirmativo”, por excelência, do
poema.
e) A viagem do retirante, que atravessa ambientes menos e mais hostis, mostra-lhe que a miséria é a mesma, apesar
dessas variações do meio físico.
3. (FUVEST) Em MORTE E VIDA SEVERINA, no diálogo entre o retirante e a mulher na janela (a “rezadora titular”),
indicam-se vários motivos pelos quais Severino não encontrará emprego no local a que chegara. Um desses motivos, de
fato presente na obra citada, encontra-se em:
a) Ao homem rústico falta competência para enfrentar o meio agreste e desenvolver técnicas necessárias para fazê-lo.
b) Os interesses da modernização financeira e industrial tornam ainda mais difícil para o homem rústico a obtenção de
emprego.
c) Por ser desprovido de cultura religiosa e de vínculos com o Catolicismo, o sertanejo marginaliza-se ao chegar à Zona
da Mata.
d) A grande fragilidade física a que chegou o retirante torna-o inapto para o trabalho pesado exigido na região.
e) Tendo experiência apenas na criação de gado, o sertanejo encontra-se deslocado em meio à cultura da cana-de-
açúcar.
a) O auto utiliza-se de uma linguagem grandiosa, de tom eufórico, para exaltar a capacidade de resistência do
nordestino que a todas as privações resiste sem sucumbir. O nordestino é visto aqui sobretudo como um forte e é justamente
esta sua qualidade que o texto de João Cabral celebra.
b) Severino retirante, em sua viagem, encontra sempre à morte, até que, já em Recife, chega-lhe a notícia do nascimento
de um menino, signo de que ainda resiste à constante negação da existência “severina”.
c) Os versos breves e concisos de Morte e vida Severina acentuam o que tematicamente o poema enfoca: o
sufocamento das “vidas severinas”, confinadas no horizonte estreito da vivência nordestina.
d) O auto realiza uma personalização dramática de um sujeito coletivo: os “severinos” que a seca escorraça do sertão e
que o latifúndio escorraça da terra.
e) Pela fala final do mestre carpina, Seu José, o auto parece sugerir que a “severinidade” não é condição, mas estado,
não é permanente nem intrínseca ao sujeito e, portanto, pode ser transformada.
— Essa cova em que estás, com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida.
— É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio.
— Não é cova grande, é cova medida, é a terra que querias ver dividida.
— É uma cova grande para teu pouco defunto, mas estarás mais ancho que estavas no mundo.
— É uma cova grande para teu defunto parco, porém mais que no mundo te sentirás largo.
— É uma cova grande para tua carne pouca, mas a terra dada não se abre a boca.
MELO NETO, João Cabral de. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p.159-160.
A partir do trecho acima, de Morte e vida Severina, e de seu conhecimento sobre a obra, assinale a alternativa correta.
a) Como grande parte dos poetas do Modernismo, João Cabral de Melo Neto abdica totalmente da rima em seu texto.
b) Conhecido como o “poeta-engenheiro”, João Cabral de Melo Neto arquiteta todo o seu poema em redondilhas
maiores, ou seja, com sete sílabas poéticas.
c) O trecho aborda, a partir dos comentários dos amigos do trabalhador morto, temas sociais amplos, como a
desigualdade na distribuição de terras e a fome.
d) No trecho, ambientado no enterro do personagem-narrador Severino, questiona-se a falência da reforma agrária no
nordeste, na época marcada pela presença dos latifúndios.
6. (UEL) Em Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, a palavra “severino(a)” apresenta-se como
substantivo próprio, substantivo comum e adjetivo. Tal fato ocorre porque, nessa obra, a palavra “severino(a)”:
a) Designa aquele que fala, além de outras personagens que, em virtude das dificuldades impostas pela vida,
caracterizam-se por assumir a disciplina como norma de conduta. O termo qualifica a existência como permanente cuidado
de não se expor a repreensões e censuras.
b) Designa a individualidade austera do protagonista e a individualidade flexível de outros homens e mulheres
escorraçados do sertão pela seca. O termo qualifica a existência como busca constante de superação das dificuldades.
c) Designa o protagonista como ser inflexível, bem como outros retirantes que também se caracterizam pela rigidez
diante da vida. O termo qualifica a existência como possibilidade de impor condições com rigor.
d) Designa aquele que fala, além de outros homens e mulheres que se caracterizam pelo rigor consigo mesmos e com
os outros. O termo qualifica a existência humana como marcada pela austeridade nas opiniões.
e) Designa aquele que fala, o protagonista do auto, bem como os retirantes que, como ele, foram escorraçados do
sertão pela seca e da terra pelo latifúndio. O termo qualifica a existência como realidade dura, áspera.
7. (UFPR)
Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à cidade do
Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele: – Nunca esperei muita coisa, digo
a Vossas Senhorias. O que me fez retirar não foi a grande cobiça; o que apenas busquei foi defender minha vida da tal
velhice que chega antes de se inteirar trinta; se na serra vivi vinte, se alcancei lá tal medida, o que pensei, retirando, foi
estendê-la um pouco ainda. Mas não senti diferença entre o Agreste e a Caatinga, e entre a Caatinga e aqui a Mata a
diferença é a mais mínima. Está apenas em que a terra é por aqui mais macia; está apenas no pavio, ou melhor, na
lamparina: pois é igual o querosene que em toda parte ilumina, e quer nesta terra gorda quer na serra, de caliça, a vida
arde sempre com a mesma chama mortiça. […]
Sim, o melhor é apressar o fim dessa ladainha, fim do rosário de nomes que a linha do rio enfia; é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria do rosário, derradeira invocação da ladainha, Recife, onde o rio some e esta minha viagem se finda.
(MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 186-
187.)
Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa correta.
8. (UEL-PR) Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, identifica-se como:
a) uma obra que, refletindo inovações e experimentações linguísticas do autor, torna tênues as barreiras entre a prosa
e poesia.
b) um auto que explora a temática do nascimento como signo do ressurgir da esperança.
c) um auto de Natal que rememora a visita dos reis Magos e pastores ao Deus Menino.
d) um poema que encerra uma síntese das propostas vanguardistas contidas na obra geral do autor.
e) um conto cujo interesse se centraliza na preocupação do autor como problema da seca no Nordeste.
9. Sobre MORTE E VIDA SEVERINA, de João Cabral de Melo Neto, é correto afirmar que:
a) narra as agruras por que passa uma família nordestina composta por um vaqueiro despossuído, sua mulher e dois
meninos, acompanhados por uma cadela.
b) expõe as dificuldades por que passa o nordestino despossuído que migra do árido sertão, passa pelo agreste e chega
aos alagados de Recife.
c) expõe a miséria e a insalubridade da vida nos morros de Salvador ao narrar a experiência de um sertanejo que se
adapta com dificuldades ao hostil ambiente urbano.
d) narra a experiência de um nordestino que, para sobreviver no sertão dominado pelo coronelismo e pela
arbitrariedade, se converte em romeiro e pregador da palavra divina.
e) expõe os dilemas do nordestino pobre que, oprimido pelo chefe político do povoado, oscila entre tornar-se
cangaceiro ou migrar para a cidade grande.
I. O nascimento do filho do compadre José é antagônico em relação aos outros fatos apresentados na obra, já que esses
são marcados pela morte.
II. Podemos dizer que o conteúdo é completamente pessimista, considerando-se que a jornada é marcada pela tragédia
da seca, o que leva Severino à tentativa de suicídio.
III. Mais do que a seca, as desigualdades sociais do Nordeste são o tema da obra. Assinale a alternativa correta sobre as
afirmações:
NETO. João Cabral de Melo. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
Nesse primeiro quadro de Morte e vida severina, depreende-se, por meio de seu contexto, que
a) ‘na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra’ apresentam-se aspectos físicos e psicológicos.
b) ‘um coronel que se chamou Zacarias’ faz alusão aos defensores de uma igualdade social.
c) ‘o sangue que usamos tem pouca tinta’ indica uma estrutura corporal sem contaminações.
d) ‘O meu nome é Severino, não tenho outro de pia’ é verso que faz referência ao universo religioso.
12. (UFOP) A partir da leitura de Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, é correto afirmar que:
a) trata-se de um texto exclusivamente narrativo, uma vez que traz o relato dos episódios de uma viagem da
personagem Severino do sertão até o mar.
b) trata-se de um texto exclusivamente dramático, uma vez que é composto de falas das personagens, além de
comportar rubricas com marcações cênicas bastante nítidas.
c) trata-se de um texto exclusivamente lírico, uma vez que apresenta o discurso individual de Severino, que fala de si
todo o tempo.
d) trata-se de um texto cuja classificação é de tragédia pura e simples.
e) trata-se de um texto cujo gênero é múltiplo, por não se prender exclusivamente a nenhum.
13. (UFPR) Tanto “MORTE E VIDA SEVERINA,” de João Cabral de Melo Neto, como “A MORATÓRIA”, de Jorge Andrade,
são textos teatrais.
Sobre eles, é correto afirmar:
(01) MORTE E VIDA SEVERINA pertence a um tipo tradicional e popular de teatro, o auto, enquanto A MORATÓRIA não se
filia a formas teatrais tradicionais.
(02) O fato de A MORATÓRIA ter sido escrita em versos torna esta obra formalmente próxima a MORTE E VIDA SEVERINA,
embora Jorge Andrade utilize versos longos, ao invés das redondilhas utilizadas por João Cabral.
(04) Ambos os textos fazem referências a fenômenos sociais do Brasil moderno: a migração de massas empobrecidas para os
grandes centros, no texto de João Cabral, e a decadência da elite rural, no de Jorge Andrade.
(08) O protagonista de A MORATÓRIA, embora paulista, assemelha-se a um coronel nordestino, o que o aproxima do
protagonista de MORTE E VIDA SEVERINA.
(16) Os valores familiares são destacados nos dois textos, já que em A MORATÓRIA é a união da família que permite a Joaquim
superar a perda da fazenda, enquanto em MORTE E VIDA SEVERINA é o nascimento de um novo filho que faz renascer as
esperanças de Severino.
14. (UEMS) Em Morte e Vida Severina, a obra mais popular da produção de João Cabral de Melo Neto, o autor compõe
um Auto de Natal Pernambucano. Considerando a leitura dessa obra, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
(01) Em Morte e Vida Severina, enfatizam-se a decadência histórica dos engenhos, substituídos pelas usinas, e a consequente
expulsão dos trabalhadores da zona rural para a cidade.
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(02) O adjetivo “severina”, que acompanha o itinerário de vida e morte do sertanejo, é resultado da coisificação do nome
próprio Severino, passando a representar todos os retirantes que morrem “de velhice antes dos trinta, / de emboscada antes
dos vinte, / de fome um pouco por dia.”
(04) O clímax do drama de Severino é atingido quando o personagem, já sem esperanças, decide suicidar-se no rio Capibaribe.
Há um aprofundamento desse clímax quando Severino dialoga com seu José, morador de um dos mocambos entre o cais e a
água do rio, e o diálogo é interrompido por uma mulher que anuncia: “Compadre José, compadre, / que na relva estais
deitado: / conversais e não sabeis / que vosso filho é chegado?”.
(08) A criança que nasce no mangue não é uma criança qualquer, ela levará uma existência diferente daquela vivida por seu
pai, sem sofrimento, e que ultrapassará sua origem “severina”. Isto é o que afirma uma das ciganas: “trago papel de jornal /
para lhe servir de cobertor; / cobrindo-se assim de letras / vai um dia ser doutor.”.
15. Com relação à obra Morte e vida severina, assinale a alternativa INCORRETA:
a) Quanto ao número de sílabas poéticas, o poeta deu preferência aos versos redondilhos maiores.
b) Quanto à estrutura, a obra é formada por monólogos e diálogos, à maneira dos romanceiros medievais.
c) João Cabral optou por uma linguagem coloquial, já que os personagens são gente humilde e sem escolaridade.
d) João Cabral sofreu influência dos autos pastoris de Juan Del Encina, teatrólogo espanhol que sucedeu Gil Vicente.
e) O personagem Severino, ao se despersonalizar, passa a representar o coletivo, isto é, os sertanejos desvalidos.
— O meu nome é Severino não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de
me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado
Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco: há muito na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino da Maria do Zacarias, lá da Serra da Costela, limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco: se ao menos mais cinco havia com nome de Severino filhos de tantas Marias mulheres de outros
tantos, já finados, Zacarias, vivendo na mesma serra magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre
crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se
morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é
que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida).
(João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina)
17. (UFPE)
“— Severino retirante, deixe agora que lhe diga:
Eu não sei bem a resposta Da pergunta que fazia
Se não vale mais saltar Fora da ponte e da vida:
Nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga;
Ainda mais quando ela é esta que vê, severina;
Mas se responder não pude à pergunta que fazia,
Ela, a vida, a respondeu com sua presença viva.”
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina.
a) Escrito em versos, é um auto de Natal nordestino e tem como personagem principal, Severino, um favelado recifense,
que quer saltar “fora da ponte e da vida”.
b) Os versos transcritos representam a voz de outro personagem (seu José, o mestre Carpina), que dá a Severino alguma
esperança.
c) “A vida a respondeu com sua presença viva” é alusão ao filho recém-nascido de seu José.
d) A expressão severina (formada por derivação imprópria) significa aqui, anônimo, igual aos demais, e realça a
linguagem despojada do texto.
e) A poesia de Cabral é engajada com o seu meio, embora contida, chegando a demonstrar desprezo pela confissão
sentimental.
18. (FUVEST) É correto afirmar que no poema dramático Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto:
a) A sucessão de frustrações vividas por Severino faz dele um exemplo típico de herói moderno, cuja tragicidade se
expressa na rejeição à cultura a que pertence.
b) A cena inicial e a final dialogam de modo a indicar que, no retorno à terra de origem, o retirante estará munido das
convicções religiosas que adquiriu com o mestre carpina.
c) O destino que as ciganas preveem para o recém-nascido é o mesmo que Severino já cumprira ao longo de sua vida,
marcada pela seca, pela falta de trabalho e pela retirada.
d) O poeta buscou exprimir um aspecto da vida nordestina no estilo dos autos medievais, valendo-se da retórica e da
moralidade religiosa que os caracterizam.
e) O “auto de natal” acaba por definir-se não exatamente num sentido religioso, mas enquanto reconhecimento da
força afirmativa e renovadora que está na própria natureza.
19. (UNIOESTE) Em relação à peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, todas as afirmativas abaixo
são válidas, EXCETO:
a) O fato em Morte e Vida Severina que comprova o subtítulo “auto de Natal” do poema-peça é o nascimento de um
menino.
b) Em Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto apresenta uma atitude de resignação e conformismo ante as
desgraças e desesperos dos muitos Severinos.
c) O êxodo do sertão em busca do litoral não é uma solução para o retirante, pois na cidade grande encontra sempre a
mesma morte severina, como revelam os dois coveiros.
d) Na cidade grande, quando não encontra uma morte severina, tem que levar uma vida severina, vivendo no meio da
lama, comendo os siris que apanha em mocambos infectos.
E) A problemática apresentada em Morte e Vida Severina é basicamente de caráter social e envolve a caótica e degradante
situação do homem nordestino, vitimado pelas secas, pela fome e pela miséria.
20. (PUC-SP)
Antes de sair de casa aprendi a ladainha
das vilas que vou passar na minha longa descida.
Sei que há muitas vilas grandes, cidades que elas são ditas;
sei que há simples arruados, sei que há vilas pequeninas,
todas formando um rosário cujas contas fossem vilas,
todas formando um rosário de que a estrada fosse a linha.
Devo rezar tal rosário até o mar onde termina,
saltando de conta em conta, passando de vila em vila.
Vejo agora: não é fácil seguir essa ladainha;
entre uma conta e outra conta, entre uma e outra ave-maria,
há certas paragens brancas, de planta e bicho vazias,
vazias até de donos, e onde o pé se descaminha.
Não desejo emaranhar o fio de minha linha
nem que se enrede no pelo hirsuto desta caatinga.
Do trecho em questão, que integra o poema MORTE E VIDA SEVERINA, de João Cabral de Melo Neto, pode-se afirmar que:
a) revela convicção religiosa, justificada pela presença das palavras ladainha, rosário, ave-maria.
b) utiliza a palavra rosário como metáfora para representar a sequência de lugares por onde o retirante deve passar em
sua caminhada.
c) expressa-se em linguagem figurada, o que dificulta ao leitor o entendimento do texto.
d) indica que o retirante se perdeu no emaranhado dos caminhos porque abandonou deliberadamente o curso do rio,
seu guia natural.
e) apresenta linguagem simples dominada pela objetividade da informação e desprovida de características poéticas.
21. (FUVEST) Em Vidas secas e em Morte e vida severina, os retirantes Fabiano e Severino:
a) são quase desprovidos de expressão verbal, o que lhes dificulta a comunicação até mesmo com os mais próximos.
b) encontram na relação carinhosa com os filhos sua única fonte permanente de ternura em um meio hostil.
c) surgem como flagelados, que fogem das regiões secas, mas se decepcionam quando chegam ao Recife.
d) são homens rústicos e incultos, que não possuem habilidades técnicas ou ofícios que lhes permitam trabalhar.
e) aparecem como oprimidos tanto pelo meio agreste quanto pelas estruturas sociais.
22. (POLI) O trecho abaixo é um fragmento de Morte e vida severina, poema escrito por João Cabral de Melo Neto. O
poema conta a história de Severino, um retirante que foge da seca, saindo dos confins da Paraíba para chegar ao litoral de
Pernambuco (Recife). Lá, o retirante acredita que irá encontrar melhores condições de vida. Este excerto (trecho) conta o
momento em que, no final de sua caminhada, Severino chega ao litoral. Mas, mesmo ali, encontra apenas sinais de morte,
como quando estava no sertão. Completamente desacreditado, sugere a um morador da região que pretende o suicídio.
Então, inicia com ele uma discussão. Acompanhe:
23. (FUVEST)
Finado Severino,
quando passares em Jordão
e os demônios te atacarem
perguntando o que é que levas…
– Dize que levas somente coisas de não:
fome, sede, privação.
24. (IBMEC) Utilize o texto abaixo, fragmento de Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, para responder
o teste.
Assinale a alternativa INCORRETA com relação ao texto de João Cabral de Melo Neto:
a) A expressão “pia” (segundo verso) refere-se à pia batismal e traz o sentido de que o personagem não tem outro nome
de batismo.
b) A filiação paterna, a partir do nome Zacarias, não constitui ponto de referência para o personagem.
c) O personagem não foi batizado por ser santo de romaria e ter a paternidade desconhecida.
d) A expressão “senhor desta sesmaria” refere-se a posse de terras.
e) Fazendo uso do pronome de tratamento “Vossas Senhorias”, o personagem coloca o interlocutor numa posição
hierarquicamente superior.
25. (UEPG) “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto, é um auto de Natal pernambucano. Acerca dessa
obra, assinale o que for correto.
01) Ela conta a história de Severino, homem do agreste que, em busca do litoral, defronta-se a cada parada com a morte.
02) Nela, João Cabral de Melo Neto pratica um lirismo confessional por intermédio de uma linguagem grandiloquente,
característica bastante comum de sua poética.
04) O título aponta para os movimentos que sustentam sua linha narrativa: morte e vida.
08) Severino, personagem-protagonista, representa o retirante nordestino.
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16) O autor procura mostrar como, apesar da suspeita de adultério, o amor consegue superar tudo.
26. (PUCCAMP) A leitura integral de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, permite a correta
compreensão do título desse “auto de natal pernambucano”:
a) Tal como nos Evangelhos, o nascimento do filho de Seu José anuncia um novo tempo, no qual a experiência do
sacrifício representa a graça da vida eterna para tantos “severinos”.
b) Invertendo a ordem dos dois fatos capitais da vida humana, mostra-nos o poeta que, na condição “severina”, a morte
é a única e verdadeira libertação.
c) O poeta dramatiza a trajetória de Severino, usando o seu nome como adjetivo para qualificar a sublimação religiosa
que consola os migrantes nordestinos.
d) Severino, em sua migração, penitencia-se de suas faltas, e encontra o sentido da vida na confissão final que faz a Seu
José, mestre capina.
e) O poema narra as muitas experiências da morte, testemunhadas pelo migrantes, mas culmina com a cena de um
nascimento, signo resistente da vida nas mais ingratas condições.
27. (UFMG) Sobre o adjetivo severina, da expressão Morte e vida Severina que intitula a peça de João Cabral de Melo
Neto, todas as alternativas estão certas, exceto:
a) Refere-se aos migrantes nordestinos que, revoltados, lutam contra o sistema latifundiário que oprime o camponês.
b) Pode ser sinônimo de vida árida, estéril, carente de bens materiais e de afetividade.
c) Designa a vida e a morte dos retirantes que a seca escorraça do sertão e o latifúndio escorraça da terra.
d) Qualifica a existência negada, a vida daqueles seres marginalizados determinada pela morte.
e) Dá nome à vida de homens anônimos, que se repetem física e espiritualmente, sem condições concretas de mudança.
28. (FUVEST)
“Decerto a gente daqui jamais envelhece aos trinta nem sabe da morte em vida, vida em morte, severina”
NETO, João Cabral de Melo. Morte e vida severina.
Neste excerto, a personagem do “retirante” exprime uma concepção da “morte e vida severina”, ideia central da obra,
que aparece em seu próprio título. Tal como foi expressa no excerto, essa concepção só não encontra correspondência
em:
a) “morre gente que nem vivia”.
b) “meu próprio enterro eu seguia”.
c) “o enterro espera na porta: o morto ainda está com vida”.
d) “vêm é seguindo seu próprio enterro”.
e) “essa foi morte morrida ou foi matada?”.
29. (UFBA)
(01) As falas dos coveiros são marcadas por um tom crítico, bem como por um realismo impiedoso, mas involuntário.
(02) O diálogo entre os dois personagens individualiza-os, distanciando-os do caráter simbólico de outros personagens da
obra.
(04) O cemitério é o lugar em que o protagonista toma conhecimento da existência da morte hierarquizada.
(08) O encontro de Severino com a morte, tema recorrente em todo o poema, ilustra bem o descompasso entre o esperado
e o acontecido.
(16) O personagem-símbolo — Severino — é mostrado, no desenrolar de toda a ação, sempre na condição de observador
distanciado, ouvindo diálogos e solilóquios de outros personagens, exceto na fala inicial, quando ele se apresenta.
(32) Severino, ao chegar ao cemitério, descobre o verdadeiro sentido da morte, e sua vida toma um novo rumo: o retorno ao
ponto de origem.
(64) O poema trabalha no sentido de valorizar positivamente a morte como o fim desejável para uma vida de desafios
insuperados.
(___)
30. (UEL) A recorrência temática verificada nos textos e nas imagens destaca mazelas presentes no cenário social brasileiro.
Sobre o tema, considere as afirmativas a seguir.
I. No poema Morte e Vida Severina, a descrição do biótipo próprio aos “Severinos” remete para uma outra forma de
morte: a negação da existência pela privação das condições materiais, a morte Severina.
II. Na pintura “Os Retirantes”, Portinari aborda a miséria a partir de um foco diferenciado, que situa os indivíduos
como sujeitos ativos de suas histórias.
III. Em Graciliano Ramos, o abraço dos esfarrapados revela a inquietação dos que ousam superar o pavor e temem
retornar ao estado de prostração anterior.
IV. A fotografia de Sebastião Salgado contextualiza as mudanças observadas na paisagem nordestina, decisivas para
conter o fluxo migratório.
31. (UFPR) Assinale as alternativas corretas a respeito de “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto.
(01) Ao contrário de Jesus Cristo que, ao nascer, recebeu incenso, ouro e mirra, presentes valiosos, o filho de Severino recebe
presentes insignificantes, destituídos de valor simbólico no contexto do poema.
(02) A conversa entre Severino e seu José, o mestre carpina, revela o otimismo ingênuo do segundo, pois ele tenta convencer
o retirante de que a felicidade é um bem natural, independentemente das dificuldades, bastando estar vivo para ser feliz.
(04) “É tão belo como um sim/ numa sala negativa” são versos que, somados à cena final, permitem compreender o poema
como uma afirmação da vida possível em meio a uma atmosfera desesperançada, preenchida por “coisas de não”.
(08) Duas ciganas visitam o recém-nascido e, embora uma delas preveja para a criança uma vida igual à que seus pais tiveram,
e a outra enxergue uma mudança de destino, ambas anunciam um futuro cheio de dificuldades para o menino.
(16) No início do texto, Severino fracassa ao tentar individualizar-se em relação a outros Severinos; dessa maneira,
estabelece-se o sentido da palavra “severina”, adjetivo criado a partir do nome próprio que designa a dificuldade da vida no
Nordeste, partilhada por todos os pobres.
(32) Os momentos de alegria do retirante estão relacionados a sua esperança de que existam lugares onde a luta pela
sobrevivência seja menos árdua do que no lugar de onde ele emigrou.
32. (UFRN) Os versos seguintes pertencem ao poema Morte e Vida Severina (1954), de João Cabral de Melo Neto.
MELO NETO, J.C. de. Morte e vida severina e outros poemas para vozes.
4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. p. 73-74.
a) A esperança que surge com o nascimento do filho do mestre carpina, após a trajetória frustrante do retirante em
direção ao Recife.
b) A esperança que surge com o nascimento do filho de Severino, após a perda dos seus parentes no caminho do sertão
para o litoral.
c) O louvor da natureza em homenagem à chegada do retirante à cidade grande, com previsão de um futuro promissor.
d) O louvor da natureza em homenagem à chegada do retirante, apesar da certeza de que a morte o espera no Recife.
a) O caráter de afirmação da vida, apesar de toda a miséria, comprova-se pela ausência da ideia de suicídio.
b) A viagem do retirante, que atravessa ambientes menos e mais hostis, mostra-lhe que a miséria é a mesma, apesar
dessas variações do meio físico.
c) As falas finais do retirante, após o nascimento de seu filho, configuram o “momento afirmativo”, por excelência, do
poema.
d) A visão do mar aberto, quando Severino finalmente chega ao Recife, representa para o retirante a primeira
afirmação da vida contra a morte.
e) A alternância das falas de ricos e de pobres, em contraste, imprime à dinâmica geral do poema o ritmo da luta de
classes.
35. (UFU) Em entrevista aos “Cadernos de Literatura Brasileira”, João Cabral de Melo Neto afirmou:
“Eu acho que a queda do comunismo deixou feridas na alma de alguns indivíduos (…) Quando o Muro de Berlim caiu, meu
mundo ideológico veio abaixo.” Sobre “Morte e vida Severina”, marque a afirmativa que NÃO expressa, de modo estrito,
as crenças ideológicas do autor.
a) A linguagem poética de “Morte e vida Severina” se enriquece na medida em que valoriza a oralidade; vários
elementos cruzam-se no texto: elementos das literaturas ibéricas, do folclore pernambucano, da tradição judaico-cristã.
b) Cabral toma a poesia como instrumento de conhecimento da realidade brasileira. Em “Morte e vida severina”, o
autor não só dá voz ao oprimido, mas faz dele o principal elemento do texto.
c) Na segunda cena do auto, surgem os irmãos das almas que carregam um defunto também chamado Severino, o que
aponta para o destino dos muitos severinos da realidade miserável nordestina.
d) Na quarta cena, os versos “Dize que levas somente/ coisas de não:/ fome, sede, privação” encerram profundas
implicações humanas e políticas, pois trata-se daquilo que poderia ser garantido com ações capazes de diminuir a privação
das populações rurais.
36. (UFRN) Mesmo sob perspectivas diversas, muitas produções literárias brasileiras dialogam com a tradição que
particulariza os valores de culturas originadas fora dos grandes centros urbanos. Encontram-se registros dessa tradição
nas seguintes obras:
a) “Várias Histórias” (Machado de Assis), “Auto da Compadecida” (Ariano Suassuna) e “Iracema” (José de Alencar).
b) “Auto da Compadecida” (Ariano Suassuna), “Morte e Vida Severina” (João Cabral de Melo Neto) e “Lendas Brasileiras”
(Câmara Cascudo).
c) “Morte e Vida Severina” (João Cabral de Melo Neto), “Iracema” (José de Alencar) e “Memórias de um Sargento de
Milícias” (Manuel Antônio de Almeida).
d) “Memórias de um Sargento de Milícias” (Manuel Antônio de Almeida), “Lendas Brasileiras” (Câmara Cascudo) e
“Várias Histórias” (Machado de Assis).
37. (F. PEQUENO PRÍNCIPE) Leia com atenção o seguinte trecho de Morte e vida Severina, de João Cabral de Melo
Neto. […] desde já posso ver na vida desse menino acabado de nascer: aprenderá a engatinhar por aí, com aratus,
aprenderá a caminhar na lama, com goiamuns, e a correr o ensinarão os anfíbios caranguejos, pelo que será anfíbio como
a gente daqui mesmo.
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas para vozes. 4.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000,
p. 76.
A partir desse excerto, e com base na totalidade de obra, assinale a alternativa CORRETA.
a) Depois de chegar ao Recife, Severino consulta uma mãe de santo sobre o futuro de seu filho: aqui está a resposta
dela.
b) Essa passagem é a profecia que um beato faz ao retirante no seu caminho rumo ao Recife; depois se descobrirá que
se trata de uma falsa profecia, pois Severino trabalhará como operário numa fábrica.
c) Aqui se trata da predição da primeira cigana, após o nascimento do filho de Seu José, mestre carpina.
d) Depois de batizado o pequeno Severino, seus pais ouvem esse augúrio da parte de uma das rezadeiras que se
aproximara debaixo de um véu negro.
e) Essas são palavras da segunda cigana, prevendo para a criança recém-nascida uma vida de agruras numa vila operária.
Aponte a alternativa que contém os versos que expressam a síntese da ideia principal do poema “Morte e vida severina”:
39. (UFU) A respeito da questão do gênero em “Morte e vida severina”, podemos afirmar que:
a) apresenta o típico drama pastoril, com sentido religioso e sobrenatural de uma mensagem natalina, escrito em
redondilhas e oitavas.
b) é um auto com influências de Gil Vicente, pois apresenta justaposição de cenas, temática social, personagens
alegóricos e uso de redondilhas.
c) apresenta-se como um auto por incorporar elementos biográficos do autor e por desenvolver-se em uma única cena.
d) sendo um texto escrito exclusivamente para a apresentação teatral, não permite trechos narrativos ou líricos.
a) Apesar das dificuldades que se anunciam para o filho do Seu José, a perspectiva do final do poema é positiva em
relação à vida.
b) Existe no poema um grande contraste causado pelo nascimento do filho do Seu José em relação à figura da morte,
presente em toda a obra.
c) O adjetivo Severina, do título, tanto se refere ao nome do personagem central como às condições severas em que
ele, como tantos outros, vive.
d) A indicação auto de natal não se refere somente ao sentido de religiosidade, mas também à aceitação do poder de
renovação que existe na própria natureza.
e) Como em muitas outras obras de tendência regionalista, o tema central do poema é a seca nordestina e a miséria
por ela criada.
41. (UFOP) A respeito de Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, é incorreto dizer que:
42. (FUVEST)
Só os roçados da morte compensam aqui cultivar, e cultivá-los é fácil:
simples questão de plantar; não se precisa de limpa,
de adubar nem de regar; as estiagens e as pragas fazem-nos mais prosperar; e dão lucro imediato;
nem é preciso esperar pela colheita: recebe-se
na hora mesma de semear. (João Cabral de Melo Neto, Morte e vida severina)
Nos versos acima, a personagem da “rezadora” fala das vantagens de sua profissão e de outras semelhantes. A sequência
de imagens neles presente tem como pressuposto imediato a ideia de:
43. (UEL-PR) No poema Morte e vida severina, podem-se reconhecer as seguintes características da poesia de João
Cabral de Melo Neto:
44. (UEL)
“Os rios que correm aqui têm a água vitalícia.
Cacimbas por todo lado;
Cavando o chão, água mina.
Vejo agora que é verdade
O que pensei ser mentira
Quem sabe se nesta terra
Não plantarei minha sina?
Não tenho medo de terra (cavei pedra toda a vida),
e para quem buscou a braço
contra a piçarra da Caatinga
será fácil amansar
esta aqui, tão feminina”
(MELO NETO, João Cabral de. “Morte e vida Severina e outros poemas para vozes”. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
p. 41.)
45. (ENEM)
Morte e vida Severina
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual, mesma morte Severina:
que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia.
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (fragmento).
Nesse fragmento, parte de um auto de Natal, o poeta retrata uma situação marcada pela:
1. E
2. E
3. B
4. A
5. C
6. E
7. C
8. B
9. B
10. B
11. D
12. E
13. SOMA 05
14. SOMA 06
15. D
16. A
17. A
18. E
19. B
20. B
21. E
22. D
23. D
24. C
25. SOMA 13
26. E
27. A
28. E
29. SOMA 13
30. A
31. SOMA 60
32. A
33. B
34. C
35. A
36. B
37. C
38. E
39. B
40. E
41. B
42. A
43. D
44. E
45. C
a) “Conversa de Bois”, que relata a viagem de uma comitiva em que os bois falam entre si, tramam o destino dos
humanos, e e acompanhada por uma irara, curiosa dos acontecimentos da jornada.
b) “O Burrinho Pedrez” que conta um episodio de catástrofes em que, em sua maioria, boiada e vaqueiros se afogam
nas aguas tempestuosas de um rio, ao tentarem fazer a sua travessia.
c) “A Hora e a vez de Augusto Matraga”, que narra as vicissitudes de um fazendeiro valentão, vitima de um atentado
que, apos, marcado com ferro em brasa, e lançado num despenhadeiro.
d) “Duelo”, cuja narrativa revela a perseguição mutua de dois homens com intenção assassina para a vingança de um
crime passional.
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as
folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a
mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete
à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!… É o mato, todo
enfeitado, tremendo também com a sezão. (GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar,
1994. p. 295.)
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente
em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada.
a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta
de Deus.
b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza.
c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para
fortalecer a feição pitoresca da região.
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível
quanto a condição humana.
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da
valentia.
3. (PUC-PR) Na visão de mundo de Guimarães Rosa, o bem e o mal aparecem relativizados, e o maniqueísmo não
prevalece na constituição de suas personagens. Identifique, nos exemplos fornecidos, aquele que é FALSO em relação à
constituição das personagens de “Sagarana”:
a) Em “Duelo”, o enfoque dos encontros e desencontros entre Cassiano Gomes e Turíbio Todo faz questionar a
possibilidade de identificar vítimas ou culpados, heróis ou vilões.
b) Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, as transformações sucessivas do protagonista, de facínora a devoto, resultam
no equilíbrio final, revelado plenamente na hora de sua morte.
c) Em “São Marcos”, a cegueira do narrador pode ser interpretada como reação do feiticeiro Mangolô a suas
provocações atrevidas e preconceituosas.
d) Em “Conversa de bois”, há consenso entre os bois, que consideram os seres humanos como seres superiores a eles,
por reunirem em suas personalidades características contraditórias.
e) Em “Sarapalha”, a desavença final entre os primos Argemiro e Ribeiro resulta de um desejo reprimido por um deles
durante muitos anos; Primo Argemiro acreditava merecer o perdão, mas Primo Ribeiro não o perdoou.
a) Tiãozinho, o guia mirim dos animais, é o único que compreende a conversa entre os bois.
b) Não há poesia, a linguagem narrativa é objetiva e direta e o trabalho de construção das personagens é feito dentro
da concepção do Realismo.
c) Os bois fazem justiça, puxando um carro numa viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e
termina com três defuntos.
d) Ao longo da viagem, nada de interessante acontece que mude a trajetória da narrativa.
e) O defunto é tio da mãe de Tiãozinho e não seu pai como se acreditava.
5. (PUC-SP) Do conto “A Volta do Marido Pródigo”, que integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, não é
correto afirmar que:
a) há, no protagonista, uma espécie de heroísmo gaiato, correlacionado às espertezas das histórias de sapos utilizadas
na narrativa.
b) a personagem principal é Lalino Salãtiel, mulatinho descarado, malandro, enganador, mas simpático. Sabe como
poucos contar uma boa história e age na vida como se estivesse em contínua representação.
c) traz no nome uma alusão bíblica que se concretiza nas ações de abandonar a família, gastar o pouco que tem com
bandalheiras, retornar para casa fragilizado e ser de novo aceito.
d) mostra total alheamento quanto a situações políticas e de disputas de poder, uma vez que os personagens, que
atuam na história, são gente do povo e operários da construção de estradas.
“Tapera do Arraial. Ali, na beira do rio Pará, deixaram largado um povoado inteiro: casas, sobradinho, capela; três vendinhas,
o chalé e o cemitério; e a rua, sozinha e comprida, que agora não é mais uma estrada, de tanto que o mato entupiu. Ao redor,
bons pastos, boa gente, terra boa para o arroz.
E o lugar já esteve nos mapas, muito antes da malária chegar. Ela veio de longe, do São Francisco. Um dia, tomou caminho,
entrou pela boca aberta do Pará, e pegou a subir. Cada ano avançava um punhado de léguas, mais perto, pertinho, fazendo
medo no povo, porque era sezão [febre] da brava da “tremedeira que não desamontava” – matando muita gente.
– Talvez que até aqui ela não chegue… Deus há-de… Mas chegou; nem dilatou para vir. E foi um ano de tristezas.
I – O título foi escolhido para definir o caráter épico de algumas histórias (O BURRINHO PEDRÊS, A VOLTA DO MARIDO
PRÓDIGO, DUELO E A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA), bem como o caráter de narrativas que descrevem aventuras
interiores (SÃO MARCOS E SARAPALHA).
II – O principal obstáculo e, ao mesmo tempo, a maior riqueza dessa obra é a linguagem, porque adota a oralidade do
sertanejo e a literariedade do Romance de 30, regionalizando o vocabulário.
III – As descrições são numerosas nos contos de SAGARANA e demonstram o conhecimento e a segurança do escritor
ao falar da região sertaneja de Minas Gerais.
IV – Quanto ao tempo das narrativas, há dois grupos predominantes no livro: as histórias que transcorrem no espaço
máximo de um dia ( BURRINHO PEDRÊS, SARAPALHA, CONVERSA DE BOIS) e as que apresentam um tempo distendido (A
HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA, A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO, MINHA GENTE E DUELO).
8. (UFPR) “E não é sem assim que as palavras têm canto e plumagem. E que o capiauzinho analfabeto Matutino
Solferino Roberto da Silva existe, e, quando chega na bitácula, impõe: – ‘Me dá dez ‘tões de biscoito de talxóts!’ – porque
deseja mercadoria fina e pensa que ‘caixote’ pelo jeitão plebeu deve ser termo deturpado. E que a gíria pede sempre
roupa nova e escova. E que o meu parceiro Josué Cornetas conseguiu ampliar um tanto os limites mentais de um sujeito
só bi- dimensional, por meio de ensinar-lhe estes nomes: intimismo, paralaxe, palimpsesto, sinclinal, palingenesia,
prosopopese, amnemosínia, subliminal…” (João Guimarães Rosa, fragmento do conto “São Marcos”, de SAGARANA.)
Considerando a visão de mundo e a linguagem de autores representativos da ficção brasileira do século XX, escolha as
alternativas corretas:
(01) A obra de Guimarães Rosa enfatiza a separação entre a cultura popular, que tende a conservar a língua, e a cultura
erudita, entendida como principal fonte da renovação constante do vocabulário.
(02) Os enredos secundários e a citação de versos populares, que aparecem com frequência nos contos de SAGARANA, têm
função ilustrativa, criando apenas uma espécie de pano de fundo para a estória narrada, e poderiam ser suprimidos sem
qualquer prejuízo para a compreensão.
(04) A ênfase na experimentação linguística e na metalinguagem leva Guimarães Rosa a dispensar pouca atenção ao enredo,
especialmente nos contos de SAGARANA, que praticamente não narram história alguma.
(08) A obra de Guimarães Rosa realiza em grande medida algumas reivindicações de autores significativos do Movimento
Modernista, que propuseram o direito permanente à pesquisa estética e a estabilização de uma consciência criadora
nacional.
(16) Como acontece em SAGARANA, outras obras da primeira metade do século realizaram a aproximação entre linguagem
oral e linguagem escrita. São exemplos SÃO BERNARDO, ANGÚSTIA e VIDAS SECAS, de Graciliano Ramos.
9. (UNEMAT) Nos nove contos que compõem o livro Sagarana, Guimarães Rosa realiza um inventário linguístico do
sertão e da língua portuguesa, recriando a linguagem, modificando e inventando palavras. Os elementos da natureza e o
tratamento da linguagem são recursos estéticos importantes por contribuírem para a formulação das personagens, de
modo a adequá-las aos ambientes onde vivem. Considerando o conto “Sarapalha”, assinale a alternativa CORRETA a
respeito da coincidência entre a descrição da natureza e a crise de febre de Primo Argemiro.
a) “… A primeira vez que Argemiro dos Anjos viu Luisinha, foi numa manhã de dia-defesta-de-santo, quando o arraial
se adornava com arcos de bambú e bandeirolas …”(p.137).
b) “Primo Argemiro olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o voo de uma garça,
em direção à mata. Também, Primo Argemiro não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que
doem e choram, por si sós, longo tempo “(p.120).
c) “Primo Argemiro reúne suas forças. E anda. Transpõe o curral, por entre os pés de milho. Os passopretos, ao verem
um espantalho caminhando, debandam, bulhentos” (p.135).
d) “Olha, Primo, se a gente um dia puder sarar, eu ainda hei de plantar uma roça, no lançante que trepa para o espigão”
(p.122).
e) “As palmas do coqueiro estão agora paradas de todo. As galinhas foram pastar as folhas baixas do melão- de-são-
caetano. Nem resto de brumas na baixada. O sol caminhou muito” (p.130).
10. (PUC-SP) O sol cresce, amadurece. Mas eles estão esperando é a febre, mais o tremor. Primo Ribeiro parece um
defunto – sarro de amarelo na cara chupada, olhos sujos, desbrilhados, e as mãos pendulando, compondo o equilíbrio,
sempre a escorar dos lados a bambeza do corpo. Mãos moles, sem firmeza, que deixam cair tudo quanto ele queira pegar.
Baba, baba, cospe, cospe, vai fincando o queixo no peito; e trouxe cá para fora a caixinha de remédio, a cornicha de pó e
mais o cobertor.
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O trecho acima integra o conto Sarapalha e faz parte da obra Sagarana de João Guimarães Rosa.
a) apresenta duas narrativas, uma em tempo presente e outra, em tempo passado, a qual assume dimensão mítica na
cabeça delirante de Primo Ribeiro.
b) usa predominantemente discurso indireto livre, que faz aflorar o pensamento íntimo da personagem e despreza o
diálogo objetivo e direto por sua incapacidade de interlocução.
c) enfoca a solidão, o abandono e a decadência de duas personagens acometidas de maleita e que passam os dias em
diálogo sobre suas condições físicas e sentimentais.
d) gera um conflito entre dois primos, quando um deles revela ter gostado muito de Luísa, mulher do outro, que o
abandonara por um boiadeiro.
O trecho acima faz parte do conto “Duelo”, uma das narrativas de Sagarana, de João Guimarães Rosa. Essa narrativa, como
um todo, apresenta:
a) duas histórias de vingança que se entrelaçam, ou seja, um marido buscando o amante da esposa e um homem
buscando o assassino do irmão.
b) uma trama protagonizada por uma mulher de olhos bonitos, sempre grandes, de cabra tonta, que se envolve com
um pistoleiro que acaba sendo morto por ela.
c) as peripécias vividas por um capiau que se torna o agente de um crime contra seu compadre e amigo, Cassiano
Gomes, por desavenças de traição amorosa.
d) cenas de adultério praticadas por dona Silivânia, no mais doce, dado e descuidoso dos idílios fraudulentos, com o
amante Turíbio Todo, o que provoca tragédia entre seus pretendentes.
I. Tal como ocorre nos demais contos de SAGARANA, João Guimarães Rosa centraliza neste a prática popular da fé
cristã, encarnada aqui num Augusto Matraga renascido, que viverá o resto de sua vida no trabalho humilde e penitente, para
além do heroísmo e da violência.
II. Neste conto, como em todos de SAGARANA, a linguagem do autor promove uma autêntica fusão entre o que é
abstrato e o que é concreto, tal como aqui ocorre na fala do padre, em que os valores religiosos se enraízam no cotidiano
sertanejo.
III. A “hora e vez” de que fala o padre vai-se concretizar, neste conto, num ato de fé e de bravura do protagonista contra
um inimigo poderoso, o que lembra o clímax de dois outros contos do livro: “São Marcos” e “Corpo fechado”.
a) apenas II é verdadeira.
b) apenas III é verdadeira.
c) apenas I e III são verdadeiras.
d) apenas II e III são verdadeiras.
e) I, II e III são verdadeiras.
13. (FUVEST) João Guimarães Rosa, em Sagarana, permite ao leitor observar que:
14. (PUC) Além do coloquialismo, comum ao diálogo, a linguagem de Quim e de Nhô Augusto caracteriza também os
habitantes da região onde transcorre a história, conferindo-lhe veracidade. Suponha que a situação do Recadeiro seja
outra: ele vive na cidade e é um homem letrado. Aponte a alternativa caracterizadora da modalidade de língua que seria
utilizada pela personagem nas condições acima propostas:
a) Levanta e veste a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho um novidade meia ruim, para lhe contar.
b) Levante e veste a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
c) Levante e vista a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
d) Levante e vista a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe contar.
e) Levanta e veste a roupa, meu patrão Senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe contar.
15. (FAAP) A autora do texto nasceu na Ucrânia. Vem para o Brasil no mesmo ano de nascimento, fixando residência
no Rio de Janeiro. Escreveu todos os romances das alternativas a seguir, exceto:
16. (PUC-SP) A obra Sagarana, de João Guimarães Rosa, foi publicada em 1946. Dela é correto afirmar que:
a) se intitula Sagarana porque reúne novelas que se desenvolvem à maneira de gestas guerreiras e lendas e apresentam
um tema comum que abarca a vida simples dos sertanejos da região baiana do São Francisco.
b) compõe-se de nove novelas, entre as quais se sobressai “Corpo Fechado”, história de valentões e espertos, de
violência e de mágica, protagonizada por Manuel Fulô.
c) estrutura-se em doze narrativas, de sentido moral e embasadas na tradição mineira, entre as quais se destacam
“Questões de família”, história meio autobiográfica, e “Uma história de amor”, expressivo drama passional.
d) apresenta narrativas apenas de teor místico religioso como a que se engendra em “A hora e a vez de Augusto
Matraga”, cujo estilo destoa do conjunto das outras que compõem o livro.
a) A volta do marido pródigo demonstra, no comportamento do protagonista, o poder criador da palavra, dimensão da
linguagem tão apreciada por Guimarães Rosa.
b) Tanto em Corpo fechado quanto em Minha gente o espaço é variado, deslocando-se a ação de um lugar para outro.
c) Em Duelo e Sarapalha figuram personagens femininas cujos traços não aparecem nas mulheres de outros contos.
d) O burrinho pedrês, Conversa de bois e São Marcos trabalham com a mudança de narradores.
e) A hora e a vez de Augusto Matraga, não apresenta a inserção de casos ou narrativas secundárias.
18. (PUC-SP) O conto “São Marcos”, que integra a obra “Sagarana”, de João Guimarães Rosa, apresenta linguagem
marcadamente sinestésica, isto é, que ativa os órgãos sensoriais como meios de conhecimento da realidade, em suas
diferentes situações narrativas. No ponto culminante da narrativa, o narrador é afetado em sua capacidade sensorial,
particularmente ligada:
a) ao olfato, que lhe permite perceber o “cheiro de musgo. Cheiro de húmus. Cheiro de água podre”, bem como o “odor
maciço, doce ardido, do pau d’alho”.
b) à visão, que lhe permite contemplar as plantas, as aves, os insetos, as cores e os brilhos da natureza, como em
“debaixo do angelim verde, de vagens verdes, um boi branco, de cauda branca”.
c) ao tato, que se ativa “com o vento soprando do sudoeste, mas que mudará daqui a um nadinha, sem explicar a
razão”, além de lhe permitir sentir o “horror estranho que riçava-me a pele e os pelos”.
d) ao paladar, ativado na mastigação “de uma folha cheirã da erva-cidreira, que sobe em tufos na beira da estrada”, e
usada segundo a personagem, para “desinfetar”.
e) à audição, que lhe faculta “distinguir o guincho do paturi do coincho do ariri, e até dissociar as corridas das preás dos
pulos das cotias, todas brincando nas folhas secas”.
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19. (FUVEST) Sarapalha
– Ô calorão, Primo!… E que dor de cabeça excomungada!
– É um instantinho e passa… É só ter paciência….
– É… passa… passa… passa… Passam umas mulheres vestidas de cor de água, sem olhos na cara, para não terem de
olhar a gente… Só ela é que não passa, Primo Argemiro!… E eu já estou cansado de procurar, no meio das outras… Não
vem!… Foi, rio abaixo, com o outro… Foram p’r’os infernos!…
– Não foi, Primo Ribeiro. Não foram pelo rio… Foi trem-de-ferro que levou…
– Não foi no rio, eu sei… 1No rio ninguém não anda… 2Só a maleita é quem sobe e desce, olhando seus mosquitinhos
e pondo neles a benção… Mas, na estória… Como é mesmo a estória, Primo? Como é?…
– O senhor bem que sabe, Primo… Tem paciência, que não é bom variar…
– Mas, a estória, Primo!… Como é?… Conta outra vez…
– 3O senhor já sabe as palavras todas de cabeça… “Foi o moço-bonito que apareceu, vestido com roupa de dia-de-
domingo 4e com a viola enfeitada de fitas… E chamou a moça p’ra ir se fugir com ele”…
– Espera, Primo, elas estão passando… Vão umas atrás das outras… Cada qual mais bonita… Mas eu não quero,
nenhuma!… Quero só ela… Luísa…
– Prima Luísa…
– Espera um pouco, deixa ver se eu vejo… Me ajuda, Primo! Me ajuda a ver…
– Não é nada, Primo Ribeiro… Deixa disso!
– Não é mesmo não…
– Pois então?!
– Conta o resto da estória!…
– …“Então, a moça, que não sabia que o moço-bonito era o capeta, 5ajuntou suas roupinhas melhores numa trouxa,
e foi com ele na canoa, descendo o rio…” Guimarães Rosa, Sarapalha.
20. (FUVEST) “Sim, que, à parte o sentido prisco, valia o ileso gume do vocábulo pouco visto e menos ainda ouvido,
raramente usado, melhor fora se jamais usado. Porque, diante de um gravatá, selva moldada em jarro jônico, dizer-se
apenas drimirim ou amormeuzinho é justo; e, ao descobrir, no meio da mata, um angelim que atira para cima cinqüenta
metros de tronco e fronde, quem não terá ímpeto de criar um vocativo absurdo e bradá-lo — Ó colossalidade! — na direção
da altura?” João Guimarães Rosa, “São Marcos”, in Sagarana.
Neste excerto, o narrador do conto “São Marcos” expõe alguns traços de estilo que correspondem a características mais
gerais dos textos do próprio autor, Guimarães Rosa. Entre tais características só NÃO se encontra
21. (PUC-SP) Assinale, nas alternativas a seguir, todas extraídas do conto “Sagarana”, o trecho que indica a presença
de uma gradação.
a) “E as flores rubras, vermelhíssimas, ofuscantes, queimando os olhos, escaldantes de vermelhas, cor de guelras de
traíra, de sangue de ave, de boca e bâton.”
b) “E, nas ilhas, penínsulas, istmos e cabos, multicrescem taboqueiras, tabuas, taquaris, taquaras, taquariúbas,
taquaratingas e taquarassus.”
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c) “E, pois, foi aí que a coisa se deu, e foi de repente, […] um ponto, um grão, um besouro, um anu, um urubu, um golpe
de noite… E escureceu tudo.”
d) “Vou. Pé por pé, pé por si… Peporpé, peporsi… Pepp or pepp, epp or see … Pêpe orpepe, heppe Orcy…”
e) “Debaixo do angelim verde, de vagens verdes, um boi branco, de cauda branca. E, ao longe, nas prateleiras dos
morros cavalgavam-se três qualidades de azul.”
22. (UEL/PR) O trabalho com a linguagem por meio da recriação de palavras e a descrição minuciosa da natureza, em
especial da fauna e da flora, são uma constante na obra de João Guimarães Rosa. Esses elementos são recursos estéticos
importantes que contribuem para integrar as personagens aos ambientes onde vivem, estabelecendo relações entre
natureza e cultura. Em Sarapalha, conto inserido no livro Sagarana, de 1946, referências do mundo natural são usadas
para representar o estado febril de Primo Argemiro.
Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da natureza mostra o efeito da maleita sobre a
personagem Argemiro.
a) “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de pedra seca, do tempo
de escravos; um rego murcho, um moinho parado; um cedro alto, na frente da casa; e, lá dentro uma negra, já velha, que
capina e cozinha o feijão.”
b) “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o voo de uma garça, em direção à
mata. Também, não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que doem e choram, por si sós,
longo tempo.”
c) “É de-tardinha, quando as mutucas convidam as muriçocas de volta para casa, e quando o carapana mais o
mossorongo cinzento se recolhem, que ele aparece, o pernilongo pampa, de pés de prata e asas de xadrez.”
d) “Estava olhando assim esquecido, para os olhos… olhos grandes escuros e meio de-quina, como os de uma
suaçuapara… para a boquinha vermelha, como flor de suinã….”
e) “O cachorro está desatinado. Para. Vai, volta, olha, desolha… Não entende. Mas sabe que está acontecendo alguma
coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando.”
I. Assim como Jacinto, de “A cidade e as serras”, passa por uma verdadeira “ressurreição” ao mergulhar na vida rural,
também Augusto Matraga, de “Sagarana”, experimenta um “ressurgimento” associado a uma renovação da natureza.
II. Também Fabiano, de “Vidas secas”, em geral pouco falante, experimenta uma transformação ligada à natureza: a
chegada das chuvas e a possibilidade de renovação da vida tornam-no loquaz e desejoso de expressar-se.
III. Já Iracema, quando debilitada pelo afastamento de Martim, não encontra na natureza forças capazes de salvar-
lhe a vida.
a) I, somente.
b) II, somente.
c) I e III, somente.
d) II e III, somente.
e) I, II e III.
24. (UFMS) Sagarana, de João Guimarães Rosa, é uma coletânea composta por nove narrativas. Dentre as
considerações abaixo a propósito dessa obra, assinale a(s) correta(s).
(01) É um livro com um sopro de renovação, que reinventa a linguagem usada na região da caatinga mineira por vaqueiros
e sertanejos.
(02) Lalino Salãthiel, do conto “O burrinho pedrês”, é um personagem ladino, conhecido por ser mulherengo.
(04) O conto “Duelo” transpõe para o interior de Minas os confrontos entre pistoleiros que caracterizam os filmes de
faroeste da indústria cultural hollywoodiana.
(08) A expressão “ileso gume das palavras”, do conto “São Marcos”, indica que o narrador defende uma literatura que
procure a força expressiva original da linguagem.
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(16) Riobaldo e Diadorim, personagens de um dos contos mais conhecidos do livro, mantêm um romance em meio a
conflitos de jagunços com as forças policiais.
a) antecipa o destino funesto do ex‐militar Cassiano Gomes e do marido traído Turíbio Todo, em “Duelo”, ao qual serve
como epígrafe.
b) assemelha‐se ao caráter existencial da disputa entre Brilhante, Dansador e Rodapião na novela “Conversa de Bois”.
c) reúne as três figurações do protagonista da novela “A hora e vez de Augusto Matraga”, assim denominados: Augusto
Estêves, Nhô Augusto e Augusto Matraga.
d) representa o misticismo e a atmosfera de feitiçaria que envolve o preto velho João Mangalô e sua desavença com o
narrador‐personagem José, em “São Marcos”.
e) constitui uma das cantigas de “O burrinho Pedrês”, em que a sagacidade da boiada se sobressai à ignorância do
burrinho.
26. (UEL) Em 1937, João Guimarães Rosa participou de concurso de contos promovido pela Editora José Olympio. A
obra entregue intitulava-se “Contos”. Coube-lhe o segundo lugar. Em dezembro do mesmo ano, o autor cuidou de
encaderná-la, intitulando-a “Sezão”, conforme originais presentes no Arquivo Guimarães Rosa, do Instituto de Estudos
Brasileiros. Em 1945, reviu-a e atribuiu-lhe o nome definitivo: “Sagarana”. Sabendo-se que “sezão” significa “febre
intermitente ou cíclica”, conclui-se que, em 1937, o nome da obra esteve diretamente vinculado ao seguinte conto:
a) “A hora e a vez de Augusto Matraga”, pois o protagonista, depois da surra que leva dos empregados do Major
Consilva, é acometido pela malária.
b) “O burrinho pedrês”, posto que Sete-de-Ouros, depois da travessia do Córrego da Fome, foi acometido pela malária.
c) “Sarapalha”, visto que aí se depara o leitor com dois primos acometidos pela malária a ajustarem velhas contas.
d) “O burrinho pedrês”, porque Sete-de-Ouros vive numa fazenda na qual a malária acometeu os moradores.
e) “Sarapalha”, uma vez que aí se estabelece o diálogo de dois primos a rememorarem Luísa, morta em decorrência da
malária.
27. (FUVEST) Ao dizer: “(…) promessa é questão de grande dívida de honra”, Olímpico junta, em uma só afirmação, a
obrigação religiosa e o dever de honra. A personagem de “Sagarana” que, em suas ações finais, opera uma junção
semelhante é:
28. (FUVEST) Dentre os contos de “Sagarana” existe um em que o narrador sustenta um duelo literário com outro
poeta, chamado Quem Será, e no qual se fazem várias considerações sobre a natureza da poesia. Numa metáfora do
condicionamento do homem, resistente à aceitação do novo e diferente, o autor leva a personagem a passar por um
período de cegueira. A partir daí a personagem descobre a mutilação dos sentidos, que agora se abrem a outras vertentes
da realidade. Em qual dos contos a seguir se discute essa questão?
(01) Nos contos “Conversa de Bois” e “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”, a violência eclode como elemento que põe fim
às situações de tensão narradas.
(02) A obra de Guimarães Rosa partilha com o regionalismo romântico do século XIX a intenção programática de construir
uma identidade nacional a partir da literatura.
(04) Em vários dos contos de “Sagarana”, o autor denuncia a ignorância e a superstição do povo, males a que ele atribui a
culpa pelo atraso em que vive o sertanejo no interior do país.
(08) A fala dos personagens é escrita num registro linguístico que se mantém nos limites da norma culta, o que aproxima
“Sagarana” a “Contos Novos”, de Mário de Andrade.
(16) Neste livro de estreia de Guimarães Rosa, a viagem deixa de ser apenas um acontecimento a mais do enredo para
representar um rito de iniciação, um estágio vital cumprido, simbologia também presente em obras posteriores do autor.
30. (PUC-PR) Considere a maneira como alguns autores brasileiros abordam em suas obras assuntos relacionados à
religiosidade, à fé e às crenças populares e assinale a alternativa verdadeira:
a) Machado de Assis, em “Dom Casmurro”, relata a súbita mudança de opinião religiosa da mãe de Bentinho, que a fez
abrir mão da promessa de encaminhar o menino à vida religiosa.
b) Em “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto, as personagens que se apresentam como ciganas do Egito
preveem um futuro tranquilo para o recém-nascido.
c) Em “Sagarana”, de Guimarães Rosa, várias personagens acreditam na força de entidades mágicas; são exemplos as
experiências dos protagonistas de “São Marcos” e de “Corpo fechado”.
d) A maneira distante com que Adélia Prado observa a tradição católica resulta em uma visão impessoal em relação aos
personagens e assuntos religiosos.
e) Em “Quase memória”, de Carlos Heitor Cony, o narrador guarda somente más lembranças dos padres com quem
conviveu quando estudava no Seminário.
31. (UFOP) Sobre a A hora e a vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa incorreta:
a) Em A hora e a vez de Augusto Matraga, a natureza funciona como simples cenário onde se desenrolam as ações ou
como instrumento da celebração ufanista das grandezas do Brasil.
b) O conto narra a trajetória de um homem que trilha o penoso caminho da santidade, só atingida, de forma
surpreendente, na hora de sua morte.
c) Os sofrimentos por que passa Nhô Augusto após a surra dos capangas do Major Consilva, são considerados pelo
protagonista uma amostra do inferno e uma oportunidade dada por Deus para que ele se dedique à salvação de sua alma.
d) A alegria do protagonista no duelo final com Seu Joãozinho Bem-Bem resulta da realização do “martírio segundo sua
índole”, ou seja, do auto sacrifício na forma de luta armada.
e) Nenhuma das alternativas.
32. (PUC-SP) A respeito do conto “Sagarana” de João Guimarães Rosa, é INCORRETO afirmar que
a) é um conto de linguagem marcadamente sinestésica, isto é, que ativa os órgãos sensoriais como meios de
conhecimento da realidade, em suas diferentes situações narrativas.
b) refere as ações domingueiras do personagem narrador Izé, que se embrenha no mato, carregando uma espingarda
a tiracolo com o firme propósito de caçar irerês, narcejas, jaburus e frangos-d’água.
c) desenvolve um tenebroso caso de ação sobrenatural, por obra de um feiticeiro, que produz cegueira temporária no
protagonista e da qual ele se safa por meio de uma reza brava, sesga, milagrosa e proibida.
d) vem introduzido por uma epígrafe, extraída da cultura popular, das cantigas do sertão e que condensa e dá,
sugestivamente, o tom da narrativa.
e) caracteriza o espaço dos bambus, lugar onde se encontram gravados os nomes dos reis leoninos e onde se trava
floral desafio entre o narrador e quem será.
33. (UEPG) “A hora e vez de Augusto Matraga” é o texto que encerra “Sagarana” de Guimarães Rosa. Em sua estrutura
narrativa destaca-se a insistência com que aparece o número três – símbolo que remete à plenitude, à mediação e à
evolução. Fazem parte das várias situações que configuram a presença deste elemento:
34. (PUC-SP) Segundo Antonio Candido, referindo-se à obra de Guimarães Rosa, ser jagunço, torna- se, além de uma
condição normal no mundo-sertão, uma opção de comportamento, definindo um certo modo de ser naquele espaço. Daí
a violência produzir resultados diferentes dos que esperamos na dimensão documentária e sociológica, — tornando-se,
por exemplo, instrumento de redenção. — Assim sendo, o ato de violência que em A hora e vez de Augusto Matraga
justifica tal afirmação é:
a) seguir a personagem uma trajetória de vida desregrada, junto às mulheres, ao jogo de truque e às caçadas.
b) ser ferido e marcado a ferro, após ter sido abandonado pela mulher e por seus capangas.
c) cumprir penitência através da reza, do trabalho e do auxílio aos outros para redenção de seus pecados.
d) integrar o bando de Joãozinho-Bem-Bem e vingar-se dos inimigos, principalmente do Major Consilva.
e) reencontrar-se, em suas andanças, com Joãozinho-Bem-Bem, matá-lo e ser morto por ele.
35. (PUC-SP) O conto “Conversa de bois” integra a obra SAGARANA, de João Guimarães Rosa. De seu enredo como um
todo, pode afirmar-se que:
a) os animais justiceiros, puxando um carro, fazem uma viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura
e um defunto e termina com dois.
b) a viagem é tranquila e nenhum incidente ocorre ao longo da jornada, nem com os bois nem com os carreiros.
c) os bois conversam entre si e são compreendidos apenas por Tiãozinho, guia mirim dos animais e que se torna
cúmplice do episódio final da narrativa.
d) a presença do mítico-lendário se dá na figura da irara, “tão séria e moça e graciosa, que se fosse mulher só se
chamaria Risoleta” e que acompanha a viagem, escondida, até à cidade.
e) a linguagem narrativa é objetiva e direta e, no limite, desprovida de poesia e de sensações sonoras e coloridas.
36. Leia os excertos do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, da obra Sagarana, de Guimarães Rosa.
I. “E também no setor sul estalara, pouco antes, um mal entendido, de um sujeito com a correia desafivelada –
lept!… lept!… -, com um outro pedindo espaço, para poder fazer sarilho com o pau.” (p.321)
II. “– Eu vou p’ra o céu, e vou mesmo, por bem ou por mal!… – E a minha vez há de chegar… P’ra o céu eu vou, nem
que seja a porrete!…” (p.337)
III. “Um vento frio, no fim do calor do dia… Na orilha do atoleiro, a saracura fêmea gritou, pedindo três potes, três
potes, três potes para apanhar água” (p.343)
IV. “Todos tinham muita pressa: os únicos que interromperam, por momentos, a viagem, foram os alegres tuins, os
minúsculos tuins de cabeçinhas amarelas, que não levam nada a sério, e que choveram nos pés de mamão e fizeram
recreio, aos pares, sem sustar o alarido – rrrl-rrril! Rrrl-rrril!…” (p.352-3)
V. “Uma tarde cruzou, em pleno chapadão, com um bode amarelo e preto, preso por uma corda e puxando, na ponta
da corda, um cego, esguio e meio maluco.” (p.356)
Assinale a alternativa correta que contempla os fragmentos em que o autor faz uso da figura de linguagem denominada
onomatopeia.
Galhudos, gaiolos, estrelos, espácios, combucos, cubetos, lobunos, lompardos, caldeiros, cambraias, chamurros,
churriados, corombos, cornetos, bocalvos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros, silveiros… E os tocos da testa do
mocho macheado, e as armas antigas do boi cornalão…
Deste trecho é correto afirmar que é marcadamente ritmado e sonoro. Esses efeitos se alcançam por causa:
a) de uma possível métrica presente no trecho, caracterizada como redondilha menor, e da presença de aliterações.
b) da diversidade de tipos de bois e do jogo contrastivo de termos que designam essa diversidade.
c) das medidas dos diferentes segmentos frásicos e pela dominante presença da redondilha maior.
d) da enumeração caótica estabelecida no jogo adjetivo dos termos e pela rima interna na constituição dos pares
vocabulares.
e) do jogo sonoro provocado pela dominância de vogais fechadas e pela presença de cadência de sons apenas longos e
átonos.
38. (UFU) Sobre o conto “Duelo”, de Guimarães Rosa, é correto afirmar que:
a) O autor mescla em sua narrativa a narração de 3ª pessoa, o discurso direto e o indireto. No discurso direto, o autor
emprega a linguagem da gente sertaneja, como nesse exemplo: “Não é à toa, porém, que um cavalheiro, excluído das armas
por causa de más válvulas e maus orifícios cardíacos, se extenua em ‘raids’ tão penosos, na trilha da guerra sem perdão”.
b) o autor é portador de um grande poder de fabulação, um contador de casos que prende a atenção do leitor,
sobretudo pelo recurso da oralidade de que lança mão em suas narrativas. Em “Duelo”, paralelamente à estória narrada, ele
insere o caso do homem que fez pacto com o diabo para vencer o inimigo.
c) o autor, ao nomear lugares e personagens, vale-se de apelidos, corruptelas, distorções, cuja intenção é a de
acompanhar a linguagem regionalista e/ou de alargar a caracterização dessas referências no imaginário do leitor, como se
pode verificar nos nomes “Mosquito”, “Timpim”, “Turíbio Todo”, “Silivana”.
d) o autor conserva em seu estilo boas doses de ironia, conduzindo a narrativa para desfechos inesperados, como é o
caso de Dona Silivana que, apesar de ter “grandes olhos bonitos, de cabra tonta”, arrependida da traição, salva o marido
Turíbio Todo da tocaia de Cassiano Gomes.
39. (UFES – ES) “Alguém que ainda pelejava, já na penúltima ânsia e farto de beber água sem copo, pôde alcançar um
objeto encordoado que se movia. E aquele um aconteceu ser Francolim Ferreira, e a coisa movente era o rabo do burrinho
pedrês. E Sete-de-Ouros, sem susto a mais, sem hora marcada, soube que ali era o ponto de se entregar, confiado, ao
querer da correnteza. Pouco fazia que esta o levasse de viagem, muito para baixo do lugar da travessia. Deixou-se,
tomando tragos de ar. Não resistia.” Guimarães Rosa – O burrinho pedrês
40. (UPF) Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata, principalmente, o imaginário e a cultura:
a) da elite nacional
b) dos proletários urbanos
c) dos povos indígenas
d) dos malandros de subúrbio
e) da gente rústica do interior
Coluna I
1. José Boi caiu de um barranco de vinte metros; ficou com a cabeleira enterrada no chão e quebrou o pescoço. Mas,
meio minuto antes, estava completamente bêbado e também no apogeu da carreira: era o ‘espanta-praças’, porque tinha
escaramuçado, uma vez, um cabo e dois soldados, que não puderam reagir, por serem apenas três. (p. 253)
2. Que já houve um tempo em que eles conversavam, entre si e com os homens, é certo e indiscutível, pois que bem
comprovado nos livros das fadas carochas. (p. 283)
3. Naquele tempo, eu morava no Calango- Frito e não acreditava em feiticeiros. (p.221)
4. Turíbio Todo, nascido à beira do Borrachudo, era seleiro de profissão, tinha pelos compridos nas narinas, e chorava
sem fazer caretas; palavra por palavra: papudo, vagabundo, vingativo e mau. Mas no começo dessa história ele estava
com arazão. (p. 139)
5. Tapera de arraial. Ali, na beira do rio Pará, deixaram largado um povoado inteiro: casas, sobradinho, capela; três
vendinhas, o chalé e o cemitério; e a rua, sozinha e comprida, que agora nem mais é uma estrada, de tanto que o mato a
entupiu. (p.117)
Coluna II
( ) São Marcos
( ) Duelo
( ) Conversa de bois
( ) Sarapalha
( ) Corpo fechado
a)1, 3, 4, 5, 2.
b) 3, 4, 2, 5, 1.
c) 4, 5, 1, 3, 2.
d) 3, 5, 4, 2, 1.
e) 1, 2, 3, 4, 5.
42. (PUC-SP) Em carta escrita a João Condé, revelando os segredos de “Sagarana”, João Guimarães Rosa elenca as doze
histórias que comporiam a obra. De uma delas afirma: “Peça não-profana, mas sugerida por um acontecimento real,
passado em minha terra, há muitos anos: o afogamento de um grupo de vaqueiros, num córrego cheio”. Tal afirmação
refere-se ao conto
a) “O burrinho pedrês”, cujo personagem Francolim desempenha um papel relativamente importante na história.
b) “Conversa de bois”, cujo enredo envolve, também, a morte de um carreiro, provocada pelos bois e pelo menino-
guia.
c) “A hora e vez de Augusto Matraga”, cujo personagem principal é marcado a ferro com um triângulo inscrito numa
circunferência, como se fosse gado do Major.
c) “Sarapalha”, que também narra a partida da esposa de Ribeiro que o abandonou por um vaqueiro ou foi raptada pelo
diabo.
e) “Minha gente”, cuja ação e trama ocorrem no local chamado Todo-Fim-É-Bom.
43. (FUVEST)
“Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai…
Não cantes fora de hora, ai, ai, ai…
A barra do dia aí vem, ai, ai, ai…
Coitado de quem namora!…”
Esta quadrinha é a epígrafe do conto Sarapalha. Ela aponta para o clímax da estória que se dá por ocasião:
44. (MACK) Sobre o personagem principal de “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) No decorrer da narrativa, aparece como Nhô Augusto, Augusto Estêves e Augusto Matraga.
b) No início, surge como um fazendeiro pacato, averso a brigas e totalmente dedicado à família.
c) Por ordem de seu maior inimigo, é surrado, marcado a ferro e deixado praticamente morto.
d) Convidado por Joãozinho Bem-Bom a integrar seu grupo de jagunços, recusa tal oferta …
e) No duelo final, morre em consequência dos ferimentos recebidos, assim como seu opositor.
Era um burrinho________________, miúdo e resignado, vindo de Passa-Tempo, Conceição do Serro, ou não sei onde no
sertão. (p. 3)
É aqui, perto do vau da________________: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de pedra- seca, do
tempo de escravos. (p. 118)
Cassiano escolhera mal o lugar onde se derrear: no ______________era tudo gente miúda, amarelenta ou amaleitada,
esmolambada, escabreada, que não conhecia o trem-de-ferro, mui pacata e sem ação. (p. 158)
Uma barbaridade! Até os meninos faziam feitiço, no __________________. O mestre dava muito coque, e batia de régua,
também. (p. 225)
E começou o caso, na encruzilhada da _________________ , logo após a cava do Mata-quatro, onde com a palhada do milho
e o algodoal de pompons frouxos, se truncam as derradeiras roças da Fazenda dos Caetanos e o mato de terra ruim começa
dos dois lados. (p. 283)
46 .A respeito da temática da violência nos contos de Sagarana, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa correta.
a) Em “Minha gente”, o narrador vai visitar o tio numa região rural e acaba testemunhando um assassinato a foice que tem
motivação política, ligado ao envolvimento da família com a disputa eleitoral que está em curso na região.
b) Em “Duelo”, a violência é um círculo vicioso, já que a mulher de Turíbio comete adultério com Cassiano, o que leva o
marido a matar por engano o irmão do amante; a partir daí, Turíbio e Cassiano passam a se perseguir longamente e os dois
acabam morrendo.
c) Em “O burrinho pedrês”, um dos vaqueiros que saem de manhã para conduzir a boiada do fazendeiro Major Saulo até a
cidade para embarcar no trem de carga planeja a morte de um companheiro por ciúme de uma moça, mas só executa o
crime à noite, na volta para a fazenda.
d) Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, o protagonista é um homem violento que acaba ele próprio sendo vítima de uma
tentativa de homicídio à qual sobrevive; esse acontecimento o leva a uma mudança radical e ele abre mão definitivamente
de seu comportamento violento.
e) Em “Corpo fechado”, citam-se casos de vários valentões de uma pequena cidade, mas o tom é de humor e a violência não
é diretamente encenada, já que o personagem principal é um rapaz que não tem medo dos valentões, porque desde pequeno
tem o corpo fechado por um feiticeiro.
(ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d., pp. 277-278.)
Com base na obra e no excerto apresentado, é correto afirmar que a personagem Manuel Fulô é caracterizada como Um:
a) filho bastardo de um grande fazendeiro, do ramo pobre dos Veigas, cujas principais ocupações são contar mentiras e
intimidar a população por ser o valentão da cidade.
b) rapaz, caboclo e desocupado, cuja principal característica é fingir braveza para os que estão a sua volta de modo a mostrar
uma suposta valentia.
c) homem, administrador do único hotel de Laginha, cuja principal marca é a braveza – braveza esta que, aliás, é o estopim
do conflito do enredo: o duelo com Targino.
d) membro da família Veiga, reconhecida por sua tropa de animais de montaria, cuja principal ocupação é vender bananas e
namorar as moças da cidade.
e) moço cafuzo, filho bastardo da família Veiga, cujas principais características são um temperamento pacato e a afeição ao
trabalho sistemático.
Excerto 1
Aí a beldroega, em carreirinha indiscreta – ora-pro-nobis! ora-pro-nobis! – apontou caules ruivos no baixo das cercas das
hortas, e, talo a talo, avançou. Mas o cabeça-de-boi e o capim-mulambo, já donos da rua, tangeram-na de volta; e nem
pôde
recuar, a coitadinha rasteira, porque no quintal os joás estavam brigando com o espinho-agulha e com o gervão em flor.
E, atrás da maria-preta e da vassourinha, vinham urgente, do campo – ôi-ái! – o amor-de-negro, com os tridentes das
folhas, e fileiras completas, colunas espertas, do rijo assa-peixe. Os passarinhos espalhavam sementes novas. A gameleira,
fazedora
de ruínas, brotou com o raizame nas paredes desbarrancadas. Morcegos das lapas se domesticaram na noite sem fim dos
quartos, como artistas de trapézio, pendentes dos caibros. E aí, então, taperização consumada, quando o fedegoso em
touças
e a bucha em latadas puderam retomar seu velhíssimo colóquio, o povoado fechou-se em seus restos, que nem o coscorão
cinzento de uma tribo de marimbondos estéreis.
Excerto 2
Ir para onde?... Não importa, para a frente é que a gente vai!... Mas, depois. Agora é sentar nas folhas secas e aguentar.
O começo do acesso é bom, é gostoso: é a única coisa boa que a vida ainda tem. Pára, para tremer. E para pensar. Também
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as
folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as suas estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha.
Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um cassununga, brilhando em verde-azul. A pitangueira se abala,
do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
Com base nessa obra e nos excertos, é correto afirmar que a natureza, em “Sarapalha”, representa:
a) um espaço de acolhimento, pois é o último refúgio dos primos Argemiro e Ribeiro para tratar, com eficácia, da sezão, que
surge e se desenvolve nos povoados e vilas do interior.
b) um obstáculo para o progresso material, pois, além do amor, as belezas naturais funcionam como elementos de distração
para os primos durante os seus afazeres na fazenda.
c) um lugar a ser preservado e celebrado, pois é de onde se podem extrair os recursos necessários para a cura dos males que
assolam as populações mais pobres do interior.
d) uma ameaça aos homens, pois, além das forças naturais avançarem sobre as conquistas materiais, é nesse espaço que se
podem contrair doenças sem auxílio médico adequado.
e) um modo de ver e sentir o Brasil, pois as belezas naturais, preservadas pelos primos Argemiro e Ribeiro, são símbolos da
força e das possibilidades de progresso da agricultura nacional.
[...]
Rezei, de verdade, para que pudesse esquecer-me, por completo, de que algum dia já tivessem existido septos, limitações,
tabiques, preconceitos, a respeito de normas, modas, tendências, escolas literárias, doutrinas, conceitos, atualidades e
tradições – no tempo e no espaço. Isso, porque: na panela do pobre, tudo é tempêro. E, conforme aquêle sábio salmão
grego de André Maurois: um rio sem margens é o ideal do peixe.
Aí, experimentei o meu estilo, como é que estaria. Me agradou. De certo que eu amava a língua. Apenas, não a amo como
a mãe severa, mas como a bela amante e companheira. O que eu gostaria de poder fazer (não o que fiz, João Condé!) seria
aplicar, no caso, a minha interpretação de uns versos de Paul Eluard: ... “o peixe avança nágua, como um dedo numa luva”
... Um ideal: precisão, micromilimétrica.
E riqueza, oh! riqueza... Pelo menos, impiedoso, horror ao lugar-comum; que as chapas são pedaços de carne corrompida,
são pecados contra o Espírito Santo, são taperas no território do idioma. Mas, ainda haveria mais, se possível (sonhar é
fácil, João Condé, realizar é que são elas...): além dos estados líquidos e sólidos, porque não tentar trabalhar a língua
também em estado gasoso?! Àquela altura, porém, eu tinha de escolher o terreno onde localizar as minhas histórias. Podia
ser Barbacena, Belo Horizonte, o Rio, a China, o arquipélago de Neo-Baratária, o espaço astral, ou, mesmo, o pedaço de
Minas Gerais que era mais meu. E foi o que preferi. Porque tinha muitas saudades de lá. Porque conhecia um pouco melhor
a terra, a gente, bichos, árvores. Porque o povo do interior – sem convenções, “pôses” – dá melhores personagens [...].
Com base no excerto e na leitura integral de Sagarana, é correto afirmar que a linguagem empregada por Guimarães Rosa
obedece primordialmente a:
a) um propósito documental de registrar, por meio da literatura, a linguagem mineira da primeira metade do século XX.
b) um esforço de opor a linguagem culta às variantes linguísticas como forma de valorização da cultura letrada como padrão
literário.
c) um projeto estético de criação de uma linguagem literária que se pauta por um experimentalismo linguístico sofisticado.
d) uma lógica de registro etnográfico de uma linguagem regional que estaria em vias de desaparecimento nos anos de 1940.
e) uma recuperação fidedigna de uma norma culta arcaica que ainda sobrevive em sua pureza nas regiões mais isoladas do
país.
1. O narrador assume, como pressuposto da narrativa, a veracidade da história, contada por Manuel Timborna, vaqueiro
humilde, sobre a capacidade dos bois de conversarem entre si.
2. O enredo se organiza em dois grandes planos que se misturam: o sofrimento e a revolta de Tiãozinho durante o transporte
do corpo de seu pai recém-falecido e a conversa que os bois desenvolvem entre si ao longo da viagem rumo ao cemitério.
3. O tema principal da conversa entre os bois é a situação humilhante em que vivia o pai de Tiãozinho: paralítico, ele precisou
suportar, como o filho, a relação adúltera de sua esposa com Agenor Soronho, o dono do carro de bois.
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4. Uma das estratégias do narrador onisciente é adotar, por exemplo, a perspectiva dos bois ou de Tiãozinho para contar a
história, fazendo com que os pensamentos e os sentimentos dessas personagens ganhem expressão no plano da narração.
51. Leia o seguinte trecho, retirado da narrativa “Minha gente”, de Guimarães Rosa.
Quando vim, nessa viagem, ficar uns tempos na fazenda do meu tio Emílio, não era a primeira vez. Já sabia que das
moitas de beira de estrada trafegam para a roupa da gente umas bolas de centenas de carrapatinhos, de dispersão rápida,
picadas milmalditas e difícil catação; que a fruta mal madura da cagaiteira, comida com sol quente, tonteia como cachaça;
que não valia a pena pedir e nem querer tomar beijos às primas; que uma cilha bem apertada poupa o dissabor na caminhada;
que parar à sombra da aroeirinha é ficar com o corpo empipocado de coceira vermelha; que, quando um cavalo começa a
parecer comprido, é que o arreio está saindo para trás, com o respectivo cavaleiro; e, assim, longe outras coisas. Mas muito
mais outras eu ainda tinha que aprender.
Por aí, logo ao descer do trem, no arraial, vi que me esquecera de prever e incluir o encontro com Santana. E tinha a
obrigação de haver previsto, já que Santana – que era também inspetor escolar, itinerante, com uma lista de dez ou doze
municípios a percorrer – era o meu sempre-encontrável, o meu “até-as-pedras-encontram” – espécie esta de pessoa que
todos em sua vida têm
(ROSA, Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, s.d., p. 191.)
Com base na leitura do excerto, e levando em conta a narrativa completa, é correto afirmar que a feição social do narrador
corresponde à de um:
a) vaqueiro que, empregando uma linguagem próxima da cultura interiorana, está familiarizado com aspectos do mundo
rural
(“a fruta mal madura da cagaiteira, comida com sol quente, tonteia como cachaça”) e possui conhecimentos profundos sobre
montaria (“quando um cavalo começa a parecer comprido, é que o arreio está saindo para trás, com o respectivo cavaleiro”).
b) rapaz instruído que, empregando uma linguagem com marcas de oralidade, está ligado a uma família de grandes
proprietários de terras (“vim, nessa viagem, ficar uns tempos na fazenda do meu tio Emílio”) e não revela muito
conhecimento sobre o mundo rural (“Mas muito mais outras eu ainda tinha que aprender”).
c) trabalhador rural que, empregando uma linguagem regionalista, revela muito conhecimento sobre a natureza (“parar à
sombra da aroeirinha é ficar com o corpo empipocado de coceira vermelha”) e domina os códigos sociais do mundo rural
(“não valia a pena pedir e nem querer tomar beijos às primas”).
d) jagunço que, empregando uma linguagem tipicamente do sertão, está ligado a um fazendeiro (“vim, nessa viagem, ficar
uns tempos na fazenda do meu tio Emílio”) e revela um conhecimento profundo sobre o mundo rural (“das moitas de beira
de estrada trafegam para a roupa da gente umas bolas de centenas de carrapatinhos”).
e) fazendeiro que, empregando uma linguagem interiorana de alguém com pouco estudo, presa pelo conforto (“uma cilha
bem apertada poupa o dissabor na caminhada”) e tem uma visão ampla e profunda do que ele sabe e não sabe sobre seus
domínios (“Mas muito mais outras eu ainda tinha que aprender”).
1. A
2. D
3. D
4. A
5. D
6. E
7. B
8. SOMA 24
9. B
10. B
11. A
12. D
13. B
14. D
15. E
16. B
17. C
18. B
19. A
20. E
21. A
22. B
23. E
24. SOMA 09
25. A
26. C
27. E
28. D
29. SOMA 17
30. C
31. A
32. B
33. SOMA 31
34. E
35. A
36. C
37. A
38. C
39. D
40. E
41. B
42. A
43. D
44. B
45. E
46. B
47. B
48. D
49. C
50. C
51. B
Assinale a alternativa em que se observa tal atitude intrusa e opinativa do narrador no romance de Aluísio Azevedo.
a) “Por outro lado, as mulatas folgavam em tê-lo perto de si, achavam-no vivo e atilado, provocavam-lhe ditos de graça,
mexiam com ele, faziam-lhe perguntas maliciosas, só para ‘ver o que o demônio do menino respondia’. E logo que Amâncio
dava a réplica, piscando os olhos e mostrando a ponta da língua, caíam todas num ataque de riso, a olharem umas para as
outras com intenção”.
b) “Muita vez chorou de ternura, mas sempre às escondidas; muita vez sentiu o coração saltar para o filho, mas sempre
se conteve, receoso de cair no ridículo./ E não se lembrava, o imprudente, de que o amor de pai é bem ao contrário do amor
de filho; não se lembrava de que aquele nasce e subsiste por si e que este precisa ser criado; que aquele é um princípio e
que este é uma consequência; que um vem de dentro para fora e que o outro vem de fora para dentro”.
c) “O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do futuro marido.
Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. Não imaginava as catástrofes imprevistas da
vida, que nos empurram, às vezes, para onde nunca sonhamos ter de parar. Não via que, adquirida uma pequena profissão
honesta e digna do seu sexo, auxiliaria seus pais e seu marido, quando casada fosse”.
d) “A casa da família do famoso violeiro não ficava nas ruas fronteiras à gare da Central; mas, numa transversal, cuidada,
limpa e calçada a paralelepípedos. Nos subúrbios, há disso: ao lado de uma rua, quase oculta em seu cerrado matagal, topa-
se uma catita, de ar urbano inteiramente. Indaga-se por que tal via pública mereceu tantos cuidados da edilidade, e os
historiógrafos locais explicam: é porque nela, há anos, morou o deputado tal ou o ministro sicrano ou o intendente fulano”.
e) “O provinciano, muito desvigorizado com a moléstia, sentia perfeitamente que os lúbricos impulsos, que dantes lhe
inspirava a graciosa rapariga, iam-se agora destecendo e dissipando à luz de um novo sentimento de gratidão e respeito. A
primitiva Amélia desaparecia aos poucos, para dar lugar àquela extremosa criança, àquela irmãzinha venerável, que lhe
enchia o quarto com o frescor balsâmico de sua virgindade e rociava-lhe o coração com a trêfega mimalhice de sua ternura”.
2. (UEG 2003) O romance Casa de pensão, de Aluísio Azevedo, é tradicionalmente considerado como pertencente à estética
naturalista. A esse respeito, é correto afirmar:
a) As personagens são sempre remanescentes do meio rural e encontram-se desajustadas pelos vícios herdados da vida
no campo.
b) A heroína do romance é concebida como um ser angelical e ao mesmo tempo demoníaco, resgatando, no final do
século XIX, as convenções do amor cortês.
c) O narrador apresenta-se claramente na primeira pessoa do singular, justificando, assim, o privilégio que o
Naturalismo atribui ao individualismo.
d) O meio social é preponderante, visto que sua influência é decisiva na conduta e na formação do caráter das
personagens, haja vista a lascívia que domina o protagonista da obra.
e) A família é apresentada como uma entidade sagrada, protegida dos riscos iminentes que determinados
comportamentos desviantes podem provocar.
a) É obra que se caracteriza por um conformismo, arte que nega as ideias liberais.
b) É obra que se caracteriza por um fatalismo, arte existencialmente positivista.
c) É obra que se caracteriza por um absenteísmo, arte que nega as ideias liberais.
d) É obra que se caracteriza por um conformismo, arte que apregoa valores conservadores.
e) É obra que se caracteriza por um fatalismo, arte existencialmente negativa.
Leia o seguinte fragmento da obra Casa de Pensão para responder as questões 04 a 10:
(...)
a) no respeito
b) no medo
c) no diálogo
d) no exemplo
05. Em alguns momentos, o narrador expressa juízos de valor em relação aos personagens e fatos. Podemos observar isso
em
06. Na frase “não passasse a mão pela cabeça dos rapazes”, o uso das aspas, no texto, indica:
08. Os pais, que colocavam os filhos na mesma escola que Amâncio estudava, tinham a opinião de que Antônio Pires:
10. O narrador menciona os sentimentos semelhantes que Amâncio nutria pelo pai e pelo mestre. Os sentimentos
expressos no trecho que se referem apenas ao mestre são:
11. Sobre o romance Casa de Pensão, de Aluísio de Azevedo, não se pode dizer:
12. A guerra franco-prussiana de 1870 inspirou romances diferentes categorias. A obra, porém, de maior fôlego sobre
o tema foi sem dúvida o romance La Débâcle, de Émile Zola. Este autor documentou-se antes de escrever sobre a derrota
do exército frânces. O iniciador da literatura naturalista consultou diversas testemunhas do conflito. No século XIX, a
história não representava mais simplesmente um pano de fundo para os romances, mas se tornava protagonista.
(www.linhaseveredas.blogspot.com. Ana Luiza Bedê, 01/07/2010)
No caso dos romances como O cortiço e Casa de pensão, de Aluísio de Azevedo, a influência de um Zola naturalista revelou-
se sobretudo no fato de o narrador:
a) Subordinar a conduta das personagens à ação determinante do meio pelo qual são moldadas.
b) Desenvolver teses socialistas, abrindo novas perspectivas para a ascensão das camadas populares.
c) Criar personagens que, a despeito das condições precárias de vida, tornam-se líderes revolucionários.
d) Explorar a profunda e terna poesia que se oculta sob a aparente crueza da vida miserável.
e) Mostrar que as características individuais dos trabalhadores sobrepõem-se às injunções do meio social.
13. (UFG) No livro "Casa de Pensão", de Aluísio Azevedo, o eixo principal da intriga é a relação Amâncio-Amélia que:
(__) revela a mulher, ainda em conformidade com os princípios românticos, idealizando o sentimento de amor,
contrariando, assim, os interesses daqueles que a rodeiam.
(__) permite a análise de uma coletividade que se coloca em torno de interesses exclusivamente materiais.
(__) desencadeia o destino trágico da personagem-protagonista, determinando o seu processo de degradação iminente.
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(__) possibilita a descrição de suas personalidades, revelando suas fraquezas, taras e patologias, como é próprio da
tendência naturalista.
a) V, V, V, F
b) F, F, F, V
c) F, V, V, V
d) V, F, V, F
e) F, F, V, V
a) os eventos se sucedem de modo linear, começando com a narrativa da infância do protagonista no Maranhão e
culminando com sua vida boêmia na capital.
b) a descrição minuciosa da construção e do apogeu da casa de Madame Brizard contrasta com a narração de episódios do
cotidiano agitado dos hóspedes.
c) o motivo que leva Amâncio ao Rio de Janeiro ocupa papel secundário na trama, na qual têm destaque seus envolvimentos
afetivos e sua situação financeira.
d) a passagem do tempo no romance é documentada pela trajetória das mucamas da fazenda e dos escravos Sabino e Cora,
desde a compra até a alforria deles.
e) as histórias contadas pelos hóspedes são independentes umas das outras, o que torna o livro uma sucessão de contos
unidos por uma mesma ambientação.
Os excertos a seguir, retirados de Casa de pensão (1884), são referência para as questões 15 e 16.
Excerto 1
Na Academia de Medicina e na Escola Politécnica levantavam-se partidos. João Coqueiro bem poucos colegas tinha de seu
lado; nem só porque lhe cabia na questão o papel, sempre mais antipático, de agressor, como em virtude de seu gênio
insociável e seco. Antigos ressentimentos que pareciam esquecidos, ressurgiam agora, aproveitando a ocasião para tirar
vinganças daí – opiniões mal intencionadas; comentários atrevidos sobre a conduta de Amélia, sobre o caráter mercantil de
Mme. Brizard, sobre as velhas brejeirices da Rua do Resende. (...) Toda essa má vontade contra o João Coqueiro redundava
em benefício de Amâncio, por quem alguns estudantes pareciam
sentir verdadeiro entusiasmo. Na Faculdade de Medicina não se encontrava um só rapaz a favor daquele; ao passo que este
tinha por si quase toda a Politécnica.
(AZEVEDO, Aluísio. Casa de pensão. São Paulo: Editora Martins, 1968, pp. 271-272.)
Excerto 2
E, o que é mais raro, o fato não caiu logo no esquecimento, porque aí estava o novo processo do assassino para lhe entreter
o calor, afeição de um banho-maria. Continuavam, pois, as notícias jurídicas; Coqueiro popularizava-se, ia conquistando
opiniões e simpatias; ia aos poucos se instalando no lugar vago pelo desaparecimento do outro. Muitos colegas se voltavam
já a favor dele; até o Simões – até o Paiva! O Paiva, sim! que agora, completamente restaurado com as roupas herdadas de
Amâncio, deixava-se ver amiúde nos pontos mais concorridos da cidade e, entre as palestras dos amigos, mostrava-se todo
propenso a justificar o ato do irmão de Amélia. – Não! dizia ele, quando lhe tocavam nesse ponto – não! O Coqueiro andou
bem!... Eu, se tivesse uma irmã, fosse ela quem fosse, faria o mesmo naturalmente!...
(AZEVEDO, Aluísio. Casa de pensão. São Paulo: Editora Martins, 1968, p. 293.)
a) com onisciência neutra, cuja posição de narração, em primeira pessoa, não lhe permite entrar na mente das personagens,
em busca de uma narração impessoal e objetiva dos fatos.
b) de onisciência seletiva, cuja posição de narração se constrói a partir do colamento na perspectiva restrita de Amâncio ao
longo da narrativa.
c) com onisciência, cuja posição de narração permite que ele tenha um vasto conhecimento sobre os acontecimentos e os
sentimentos das personagens.
d) de onisciência múltipla, cuja posição de narração oscila, alternadamente ao longo da narrativa, entre duas perspectivas: a
de Amâncio e a de Coqueiro.
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e) cuja onisciência se constrói com base nas técnicas do modo dramático: ele deixa as personagens agirem e falarem para a
história ser contada objetivamente ao leitor.
16. O desfecho do livro – a vitória judicial de Amâncio e o assassinato cometido por Coqueiro – revela que a opinião
daqueles que acompanhavam o caso:
a) está parcialmente dividida: Amâncio de Vasconcelos é apoiado pela Faculdade de Medicina e João Coqueiro pela Escola
Politécnica.
b) busca, com base nas informações jornalísticas, descobrir, por senso de justiça, quem tem razão no conflito entre Amâncio
e Coqueiro.
c) muda de ideia, pois, com o assassinato, ficou claro que a vitória de Amâncio foi uma injustiça, pois João Coqueiro era a
parte ofendida do conflito.
d) está contra Coqueiro do início ao fim, pois ele é responsável por tentar mercadejar com a irmã e por ter assassinado um
rapaz inocente.
e) oscila entre Amâncio e Coquei
1. B
2. D
3. E
4. B
5. A
6. A
7. C
8. D
9. D
10. C
11. B
12. A
13. C
14. C
15. C
16. E
1. A partir da leitura da obra Nove noites, de Bernardo Carvalho, é INCORRETO afirmar que:
a) O suicídio de Buell Quain trata-se do ponto de partida dessa narrativa: um caso trágico, perdido nos anos e na
memória.
b) O autor insere fotos e personagens da década de 30 na história, como pessoas reais e de um fato real e registrado.
c) Buell Quain é personagem do mundo real, etnólogo reconhecido que deixou estudos antropológicos e documentação
importante sobre a língua Krahô, falada por indígenas brasileiros.
d) Buell Quain conviveu com os mais ilustres antropólogos que lhe foram contemporâneos, como o Professor Castro
Faria e Lévi-Strauss.
2. O romance Nove Noites (2002), de Bernardo Carvalho, apresenta um narrador em primeira pessoa que é uma espécie
de investigador – o seu objetivo inicial é o de desvendar o mistério em torno da morte do antropólogo Buell Quain. Em
determinado momento, em relação à leitura, o narrador revela: “Cada um lê os poemas como pode e neles entende o que
quer, aplica o sentido dos versos a sua própria experiência acumulada até o momento em que os lê”. A visão do narrador-
personagem relativa ao ato de ler assemelha-se à própria investigação por ele empreendida. No romance, essa busca:
a) O relato do narrador-jornalista desdobra-se em três tempos diferentes articulados pelo enigma da morte de Buell
Quain.
b) O narrador-epistolar apresenta uma escrita fi- dedigna com relação aos depoimentos do antropólogo americano.
c) O engenheiro sertanejo escreve em meados dos anos 40, quando pressente a iminência da própria morte e relembra
as “nove noites” em que estivera com o etnólogo.
d) O jornalista que escreve em 2002 não é o único a ocupar a posição de narrador.
4. Sobre a obra literária Nove noites, de Bernardo Carvalho, assinale a afirmativa correta.
a) A obra narra uma falsa investigação sobre um crime fictício ocorrido em uma aldeia indígena localizada no interior
do Brasil.
b) A obra narra uma investigação real sobre a morte fictícia de um antropólogo norte-americano que trabalhava no
Brasil.
c) A obra narra uma investigação sobre a morte trágica e misteriosa de um antropólogo norte-americano ocorrida no
interior do Brasil.
d) A obra narra, em um relato jornalístico e ficcional, uma investigação sobre o assassinato de um antropólogo norte-
americano.
a) Virtualmente, o “você” a quem a carta se dirige inclui não apenas o esperado amante de Quain, como também
qualquer um que esteja em posição de lê-la.
b) Nessa narrativa tudo é ou se torna suspeito; todas as personagens aparentam saber mais do que dizem e toda a
investigação parece estar fadada a não descobrir e sim e encobrir.
a) Os três tempos do relato do narrador-jornalista não absorvem aspectos que marcam a vida do antropólogo
americano.
b) Em seu primeiro parágrafo uma advertência ao leitor ou ao pesquisador que decidiu investigar as razões do suicídio
do antropólogo: trata-se de um território do indiferenciado, em que falso e verdadeiro combinam.
c) O narrador-repórter, em busca de respostas sobre a morte de Quain, entrevistou parentes e antropólogo, pesquisou
documentos e concluiu que imigrar do jornalismo para a ficção era uma saída honrosa.
d) Ao procurar traços da identidade de Quain, o narrador-jornalista expõe a própria intimidade e os mecanismos da
criação literária.
7. O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense Ruth
Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A tentativa de representar
aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira presente, ao menos, desde a poesia de
Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele. Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de
um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em 1934:
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com uma volta
romântica ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples. Existem muitos modos
pelos quais a cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões heterogêneos e de tumulto mecânico
confuso. Mas não é por meio de um regresso aos ideais preservados para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade
poderá curar-se de suas moléstias. O utopismo romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que
seja, às vezes tanto pode ser no estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de sociologia e
antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)
Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale a alternativa
em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de “utopismo romântico”,
ou, segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.
a) “Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma burrice incrível, se
não um masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”.
b) “São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um mundo que eles
tentam entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi o meu caso. Não sou antropólogo e não
tenho uma boa alma. Fiquei cheio”.
c) “Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que começaram a cair doentes,
um depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o tempo descobriram a causa do envenenamento do rio
Vermelho. Um hospital, construído rio acima, [...] estava despejando o lixo hospitalar naquelas águas”.
d) “Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não obtêm o que desejam
e nunca mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O clima é anárquico e nada agradável”.
e) “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do tempo que passou
entre esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um decide o que quer ser, pode escolher sua irmã,
seu primo, sua família, e também sua casta, seu lugar em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino
antropólogo”.
8. Todas as alternativas retratam questões abordadas pela obra Nove noites, de Bernardo Carvalho, EXCETO:
a) Choque cultural.
b) Memorialismo.
c) Nacionalismo xenófobo.
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d) Verdade e mentira.
a) Embora esse romance seja construído, em grande parte, com base em fontes factuais, a alternância entre os dois
grandes planos narrativos – a longa carta de Manoel Perna e a pesquisa do narrador-investigador – não permite que se
chegue às verdadeiras razões que levaram Buell Quain ao suicídio, mas sim a conjecturas possíveis, pois os elementos
“memória” e “ficção” são partes constitutivas do processo de construção da narrativa.
b) Retomando certa corrente da tradição literária brasileira, o romance-reportagem, tradição esta que remete à década
de 1970, esse romance apresenta o que se pode denominar como uma versão realista sobre o suicídio de Buell Quain, pois
a narrativa se constrói com base em uma série de fontes factuais (depoimentos, fotos, cartas, reportagens etc.) que, ao final
do livro, acabam por borrar as fronteiras entre romance e jornalismo.
c) Construído a partir da alternância entre dois grandes planos narrativos – a longa carta de Manoel Perna e a pesquisa
do narrador- investigador –, os reais motivos que levaram Buell Quain ao suicídio são revelados ao final do romance, graças
à carta deixada por Manoel Perna, testemunha ocular, que informa o narrador-investigador sobre a doença degenerativa
que o antropólogo havia contraído ao chegar no Brasil.
d) Embora construído a partir da alternância entre dois grandes planos narrativos – a longa carta de Manoel Perna e a
pesquisa do narrador-investigador –, o mistério sobre a morte do antropólogo é solucionado a partir do encontro ao acaso
do narrador com um velho senhor americano, em 2001, que, em seu leito de morte no hospital, ouvia as histórias lidas por
um jovem rapaz; rapaz este que revela a identidade do doente: Buell Quain.
e) Retomando certa corrente da tradição literária brasileira, o romance-reportagem, que se inicia na década de 1970,
esse romance apresenta o que se pode denominar como uma versão realista-naturalista sobre o suicídio de Buell Quain, pois
recorre a um expediente típico dos discursos que buscam a verdade dos fatos: a carta de uma testemunha ocular, Manoel
Perna, que narra detalhadamente os acontecimentos que envolveram Buell Quain nos seus últimos dias de vida.
10. Com base na leitura de Nove noites, de Bernardo Carvalho, é INCORRETO afirmar que, nessa obra, a linguagem:
11. Todas as alternativas apresentam uma relação corretamente estabelecida entre as personagens de Nove noites e
suas características principais, EXCETO:
a) Buell Quain – achava que estava sendo perseguido ou vigiado onde quer que estivesse e era marcado por uma
inquietação existencial.
b) Manoel Perna – o silêncio do sertanejo era a prova de sua amizade que ia conquistando Quain.
c) Ruth Landes – jovem geógrafa que estava no Brasil com o objetivo de estudar os rios e florestas da região norte.
d) Professor Pessoa – traduziu uma das cartas, em inglês, deixada por Buel e acalmou os índios, garantindo que eles
não tinham nenhuma responsabilidade na tragédia.
12. Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre a história de Buell Quain, EXCETO:
13. Todas as passagens, do romance Nove noites, evidenciam uma combinação entre memória e imaginação, EXCETO:
14. Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em 1952) e Bernardo Carvalho (nascido em 1960) já
garantiram seu lugar no panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea. Relato de um certo oriente,
publicado em 1989, marcou a estreia de Milton Hatoum na literatura. Nove noites, publicado em 2002, é o sétimo livro
lançado por Bernardo Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o livro de contos Aberração.
A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove noites, considere as seguintes afirmativas:
1) Milton Hatoum consegue trazer para a sua ficção o espaço amazonense sem cair no exagero do exotismo; Bernardo
Carvalho, por sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na ficção, de fatos e personagens históricos, autobiografia e
experiências pessoais.
2) Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam compreender o passado, conscientes da obrigação
histórica de recuperá-lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória trágica de uma família que viveu
em Manaus; Nove noites investiga a morte de um antropólogo no sul do Maranhão, para entregar ao leitor a solução de um
mistério até então não resolvido.
3) A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os passos/O rosto e o ponto do encontro” (em tradução
de Sandra Stroparo e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton Hatoum. O título do romance de
Bernardo Carvalho se refere às nove noites que o antropólogo Buell Quain passou na companhia de Manoel Perna, durante
a sua estada entre os índios Krahô.
4) O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode ser verificado na humilhação e nos abusos
sofridos pelas caboclas e índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos dois “inomináveis”. Em
Nove noites, a narração do jornalista volta a momentos centrais da história do Brasil no século XX – Estado Novo, Ditadura
Militar e Período Democrático –, marcando a situação de vulnerabilidade permanente dos índios num mundo de brancos.
5) Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e seus filhos, com a curiosidade natural do
imigrante, atravessam constantemente o rio que separa a cidade da floresta. Da mesma forma, o narrador jornalista de Nove
noites visita inúmeras vezes os índios Krahô, em busca de informações sobre o suicídio de Buell Quain.
15. Sobre o enredo de Nove noites, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
a) O antropólogo se cortou e se enforcou, sem explicações aparentes. Diante do horror e do sangue, os dois índios que
o acompanhavam na sua última jornada de volta da aldeia para Carolina fugiram apavorados.
b) Na bagagem pessoal de Quain, o narrador encontrou roupas, sapatos, livros de música e uma Bíblia. Havia, também,
um envelope com fotografias, com retratos dos negros do Pacífico Sul e dos Trumais do alto Xingu.
c) Quain, antes do suicídio, alegou ter recebido más notícias de casa e comunicou aos índios a sua decisão de não mais
ficar na aldeia.
d) Quain, em momentos de maior distração e melancolia, falava muito sobre a sua mulher e seus filhos.
17. As personagens, na maioria das vezes, aparentam saber mais do que dizem; toda a investigação parece estar fadada
a não descobrir, mas determinada a deliberadamente encobrir. Há momentos, em Nove noites, em que o narrador (Autor)
tece comentários sobre o tipo ou o gênero de sua própria narrativa, como exemplificam todas as passagens abaixo,
EXCETO:
a) “Tentei lhe explicar que pretendia escrever um livro e mais uma vez o que era um romance, o que era um livro de
ficção (e mostrava o que tinha nas mãos), que seria tudo historinha, sem nenhuma consequência na realidade.”
b) “As minhas explicações sobre o romance eram inúteis. Eu tentava dizer que, para os brancos que não acreditavam
em deuses, a ficção servia de mitologia, era o equivalente aos mitos dos índios, e antes mesmo de terminar a frase, já não
sabia se o idiota era ele ou eu.”
c) “Duas vezes entrevistei Lévi-Strauss em Paris, muito antes de me passar pela cabeça que um dia viria a me interessar
pela vida e pela morte de um antropólogo americano que ele conhecera em sua breve passagem por Cuiabá, em 1938.”
d) “Tomei o avião para Nova York com pelo me- nos uma certeza: a de que, não encontrando mais nada, poderia por
fim começar a escrever o romance. No estado de curiosidade mórbida em que eu tinha me enfiado, acreditava que a figura
do filho do fotógrafo podia por fim me desencantar.”
18. Em todas as alternativas, o medo e o clima de terror referidos ajuntam-se a uma mesma época histórica, EXCETO:
a) “Numa carta de março de 1939 a Ruth Benedict, Landes diz que vive num estado de absoluta soli- dão emocional de
duas semanas de horror. Menciona uma carta anterior em que teria relatado à orientadora a história de espionagem na
Bahia. Se você não as recebeu, ela deve ter se extraviado, mais ou menos deliberadamente.”
b) “E por uma infeliz coincidência, toda essa cor- respondência chegou aos destinatários justamente no momento em
que os Estados Unidos entraram em pânico por causa das remessas de antraz em cartas anônimas enviadas pelo correio a
personalidades da mídia e da política americana até mesmo a pacatos cidadãos.
c) “A vésperas da guerra, havia também um forte sentimento antiamericanista no ar, e os jovens antropólogos de
Columbia, já muito mais acuados, desamparados e solitários”.
d) “A situação dos estrangeiros no Brasil do Estado Novo era delicada. A impressão era que estavam vigilância
permanente.”
19. Em todas as passagens, extraídas de Nove noites, os termos em destaque são de procedência indígena, EXCETO em:
a) “Seu rosto lembrava o dos índios sul-amercianos mal-encarados das aventuras do Timtim”.
b) “...não me lembrei de ligar o gravador quando o velho Diniz respondeu: Cãmtwyon”
c) “Me chamavam de branco: Cupen, cupen”.
d) “...apareceu com uma bola besuntada de uru- cum nas mãos...”
20. A leitura de Nove noites, só NÃO permite depreender que Buell Quain era um sujeito:
a) Arredio.
b) Desprendido.
c) Introspectivo.
d) Ganancioso.
22. Assinale a alternativa que apresenta um comentário INCORRETO sobre a narrativa de Bernardo Carvalho:
a) Em Nove noites, as ameaças de uma guerra prestes a acontecer, o arbítrio do governo de Vargas e, finalmente, a
intranquilidade dos tempos em que a narrativa é construída dão um tom de medo e opressão a circular o relato.
b) Na construção desse relato ficcional de histórias reais, aparece toda uma série de reflexões sobre temores e culpas,
sobre os mistérios da vida e da morte, sobre as razões que tornam o viver muito perigoso.
c) No decorrer da narrativa, feita a partir de dois pontos de vista, os fragmentos de um e de outro relato vão se
configurando e se ajustando até que, ao final, uma espécie de quebra-cabeça é completado pelo leitor.
d) A narrativa, sinuosa e repleta de ambiguidades, propõe múltiplos graus de compreensão, oferecendo ao leitor várias
camadas de leitura, convidando-o a completar o texto com o seu próprio repertório.
23. Em todas as alternativas, há elementos relevantes na narrativa de Nove noites, EXCETO em:
a) Conflitos conjugais.
b) Repressão política.
c) Questionamento existencial.
d) Diversidades culturais.
24. No decorrer da narrativa de Nove noites, são aventadas várias hipóteses sobre a(s) causa(s) do suicídio de Buell
Quain, EXCETO:
25. Assinale a alternativa que apresenta um comentário inadequado sobre Nove noites:
a) A narrativa apresenta-se como um misto de romance-reportagem e de romance policial, selada pela obsessão
investigativa e pelo suspense do andamento das descobertas, que é, em parte, sus- tentado pelo minucioso balizamento das
datas e das circunstâncias da investigação.
b) O romance é muitas vezes marcado pela ótica introspectiva: o narrador revela o protagonista em meio às suas
fragilidades, aos seus dramas interiores, vivenciando situações limite, de abandono, de profunda angústia e depressão, com
intensa carga sentimentalista.
c) O relato do jornalista, embora caracterizado pela circunspecção, apresenta momentos marcados pelo humor e pela
ironia, particularmente nos episódios em que rememora a sua infância com o pai aventureiro e naqueles passados junto ao
Krahô.
d) A narrativa estrutura-se, basicamente, em torno de frases simples e objetivas, sem artificialismos: à linguagem é
dado um tratamento informal, ausente, portanto, de experimentações e preciosismos.
Antes de sair da aldeia, diante da minha recusa em ser batizado, Gersila se aproximou de mim, entre ofendida e irônica, e
me jogou na cara que eu era como todos os brancos, que os abandonaria, nunca mais voltaria à aldeia, nunca mais pensaria
neles. Jurei que não. Estava apavorado com o que pudessem fazer comigo (nada além de me cobrir de penas e me dar um
nome e uma família da qual nunca mais poderia me desvencilhar). O meu medo era visível. Fiz um papel pífio. E eles riram
da minha covardia. Jurei que não me esqueceria deles. E os abandonei, como todos os brancos.
(CARVALHO, Bernardo. Nove noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 98.)
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Com base no fragmento acima transcrito e na leitura integral de Nove noites, assinale a alternativa correta.
a) O fragmento transcrito é parte da narração do antropólogo Buell Quain, cujo suicídio, ocorrido em 1939, é o fato que
motiva a investigação do narrador principal e que conduz toda a narrativa.
b) O fragmento destoa da visão positiva sobre os resultados dos encontros entre diferentes culturas que predomina em Nove
noites, pois traz o depoimento de alguém para quem o convívio entre índios e brancos tende sempre à desarmonia.
c) O fragmento é parte de uma das cartas do engenheiro Manoel Perna e reforça suas advertências para que o narrador
principal tome muito cuidado ao buscar a verdade sobre a morte de Buell Quain.
d) O fragmento exemplifica a obsessão do narrador por buscar a verdade sobre a morte de Buell Quain, característica que
desloca Nove noites, que se parece com obras ficcionais, para os campos da reportagem e da não ficção.
e) O fragmento é parte da narração do jornalista e narrador principal que, adulto, volta a passar por si
27. Assinale a alternativa correta sobre o romance Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho.
a) O percurso de pesquisa do narrador-investigador sobre as razões que levaram Buell Quain ao suicídio acabam revelando
questões subjetivas do próprio narrador, mostrando que, no romance, a busca pelo outro é também uma busca de si.
b) Ao estruturar o romance em dois planos narrativos, a carta-testamento de Manuel Perna e a pesquisa do
narradorinvestigador, a narrativa apresenta uma solução documental para entender o suicídio de Buell Quain: ele se matou
por um amor proibido.
c) O narrador-investigador empreende uma longa pesquisa sobre a figura de Buell Quain para compreender os fundamentos
dos estudos sobre os índios que o antropólogo desenvolveu; e acaba descobrindo que esses fundamentos são ficcionais.
d) A explicação ficcional, que o narrador-investigador encontra para solucionar o suicídio do antropólogo Buell Quain em um
dos planos narrativos, é problematizada pelo segundo plano: a carta de Manuel Perna, um documento encontrado durante
a pesquisa, oferece outras razões.
e) Os índios krahô ocupam um lugar central para a pesquisa do narrador-investigador: eles são os responsáveis por guardar
a carta-testestamento de Manuel Perna e manter, na tradição oral da tribo, a memória de Buell Quain e as razões de seu
suicídio.
1. B
2. E
3. B
4. C
5. C
6. A
7. E
8. C
9. A
10. B
11. C
12. C
13. D
14. C
15. D
16. B
17. C
18. B
19. A
20. D
21. A
22. C
23. A
24. D
25. B
26. E
27. A
28. E
a) O herói do poema é Diogo Álvares, responsável pela primeira ação colonizadora na Bahia.
b) O índio Cacambo, ao saber da morte de sua amada, Lindoia, suicida-se.
c) Escrito em plena vigência do Barroco, filiou-se à corrente cultista.
d) Os jesuítas aparecem como vilões enganadores dos índios.
e) Segue a estrutura épica camoniana, com versos decassílabos e estrofes em oitava rima
2. O Uraguai foi publicado pela primeira vez antes da independência do Brasil, em 1769, e narra as disputas entre
espanhóis e portugueses pelos territórios do sul do continente, envolvendo os índios e os jesuítas. No fragmento abaixo,
podemos conferir um trecho da fala do comandante português:
“O nosso último rei e o rei de Espanha Determinaram por cortar de um golpe, Como sabeis, neste ângulo da terra, As
desordens de povos confinantes, Que mais certos sinais nos dividissem.”
(GAMA, Basílio da. “Canto Primeiro”. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 47.)
O talento de Basílio da Gama, que transforma o árido assunto em matéria literária, recebe, cem anos depois, o elogio de
Machado de Assis. Ao compará-lo com seu contemporâneo, Tomás Antônio Gonzaga, o escritor afirma:
“Não lhe falta, também a ele, nem sensibilidade, nem estilo, que em alto grau possui; a imaginação é grandemente
superior à de Gonzaga, e quanto à versificação nenhum outro, em nossa língua, a possui mais harmoniosa e pura”
(MACHADO DE ASSIS. A nova geração. In. Obras completas. Rio de Janeiro: José Aguilar Editora, 1973. p.815).
I- O contexto histórico trabalhado no poema de Basílio da Gama é fundamental para o seu entendimento: a
descentralização do poder colonial, protagonizada pelo Marquês de Pombal, e a disputa de territórios coloniais entre
Espanha e Portugal, mediada e pacificada pelos jesuítas, na segunda metade do século XVIII.
II- Ao longo dos cinco cantos de O Uraguai, compostos em decassílabos sem rima, podemos perceber a marca da
epopeia, na narração da guerra e dos feitos dos heroicos portugueses, e a presença da sátira, na caricatura dos jesuítas,
particularmente na figura do Padre Balda.
III - O grande destaque dado aos índios e à defesa da sua terra, a exaltação lírica da natureza e a centralidade do par
amor/morte, presente na relação de Lindoia e Cacambo, deram ao poema de Basílio da Gama o lugar de inaugurador do
romantismo em todos os manuais de história da literatura brasileira.
IV - Para narrar acontecimentos reais da ação de portugueses e espanhóis na disputa dos territórios delimitados pelo rio
Uruguai, que hoje correspondem ao noroeste do Rio Grande do Sul e ao norte da Argentina, Basílio da Gama toma o
cuidado de inserir apenas personagens ficcionais no seu poema, para não se comprometer.
Assinale a alternativa correta.
a) Composição que narra as lutas dos índios de Sete Povos das Missões, no Uruguai, contra o exército espanhol, sediado
lá para pôr em prática o Tratado de Madri;
4. Em seu poema épico, tenta conciliar a louvação do Marquês de Pombal e o heroísmo do índio. Afasta-se do modelo
de Os Lusíadas e emprega como maravilhoso o fetichismo indígena. São heróis desse poema:
5. (VUNESP)
Nestes versos de Silva Alvarenga, poeta árcade e ilustrado, faz-se alusão ao episódio de uma obra em que a heroína morre.
Assinale a alternativa correta em que se mencionam o nome da heroína (1), o título da obra (2) e o nome do autor (3):
6. (UFAM 2009) Assinale a alternativa correta a respeito do poema épico O Uraguai, de Basílio da Gama:
a) O herói do poema, Diogo Álvares, é visto como um herói cultural, em virtude de ter ensinado aos índios tupinambás
as virtudes e as leis da civilização.
b) A estrutura do livro é camoniana, no sentido de que as estrofes se apresentam com oito versos decassílabos, no
seguinte esquema de rimas: abababcc.
c) De acordo com o estilo arcádico, período em que o poema foi escrito, a natureza é artificial e genérica, sendo colhida
através de imagens bucólicas e sensoriais.
d) A motivação para a escrita desse poema veio do desejo do autor de agradar o Marquês de Pombal, louvando, em
conseqüência, a sua política em favor dos jesuítas.
e) Um episódio do poema mostra como a feiticeira Tanajura, para tirar de Lindóia o desejo de morrer, lhe proporciona
a visão do terremoto de Lisboa e a posterior reconstrução da cidade.
a) O poema narra a expedição de Gomes Freire de Andrada, Governador do Rio de Janeiro, às missões jesuíticas
espanholas da banda oriental do rio Uruguai.
8. Referindo-se ao poema O Uraguai, de Basílio da Gama, o crítico Antonio Candido tece o seguinte comentário:
“(...) o poema é um romance de aventuras exóticas, só que narrado em verso, numa linguagem tornada inteiramente inatual
pela pátina do tempo, o que lhe dá o mesmo encanto dos velhos móveis e objetos. Romance de aventuras no qual os índios
empenachados de azul e ouro, de vermelho e preto, lutam contra tropas coloniais fardadas de branco e vermelho, de amarelo
e azul, num balanceio que fascina os olhos da imaginação e sugere ao espírito o balanceio de culturas e gêneros de vida.”
a) Reconhece em Basílio da Gama um autor capaz de dar expressão aos valores mais autênticos dos índios do sul do
Brasil.
b) Considera O Uraguai um poema prosaico pelo fato de tratar tanto os índios como as tropas coloniais a partir de suas
características exteriores.
c) Sugere que Basílio da Gama, influenciado pelo indianismo romântico, retratou os índios guerreiros como se fossem
genuínos cavaleiros medievais.
d) Releva no poema de Basílio da Gama a capacidade que tem este de narrar com plasticidade e de estimular a fantasia
do leitor.
e) Vê em O Uraguai uma expressão fidedigna de uma importante passagem da história brasileira, marcada pela violência
do colonizador sobre o colonizado.
I. Nas cenas iniciais de guerra descritas pelo poeta Basílio da Gama, os indígenas aparecem como heróis
gloriosos,lembrando os protagonistas de guerras de épicos antigos. Cacambo, por exemplo, ao incendiar o acampamento
do inimigo europeu, lembra Ulisses, que incendiou Troia. Entretanto, no decorrer do texto esse mesmo indígena é
ridicularizado, passando a ser apresentado como um derrotado ou covarde.
II. Nos versos "Tem por despojos cabeludas peles/ De ensanguentados e famintos lobos/ e fingidas raposas.", o
poeta, fazendo referência ao que cabe aos heróis depois da luta, deixa clara a sua condenação à ação dos jesuítas nas
Missões. Assim, afirma a ideia de que a guerra guaranítica prestou-se à libertação dos índios do poder dos jesuítas.
III. A heroína indígena Lindoia, diante da dor pelo amor que se tornou impossível, procura a morte na floresta. Na
cena em que se deixa picar por uma serpente, realizando, assim, o desejo de morrer, observa-se uma relação harmônica
entre a natureza e a personagem, visto que aquela age sobre esta com suas plantas e seus animais.
a) I, II e III
b) I e II
c) II e III
d) I e III
e) II
I - Sepé, de modo desafiador, Cacambo, mais diplomático, encontram-se, antes da batalha, com o general Andrade
que os aconselha a respeitar a autoridade da Coroa.
II - Eufórico, o general Andrade, líder das tropas luso-espanholas, extravasa sua emoção celebrando, depois da batalha,
a morte de Sepé.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
a) Lindoia espera por Cacambo, mas é assediada pelo perverso padre Balda, que procura seduzi-la com presentes e
carícias insinuantes.
b) Cacambo, ao retornar ao aldeamento, é interceptado por emissários dos jesuítas que o desviam do caminho e tratam
de envenená- lo.
c) Lindoia, tomada de dor pela morte de seu amado, retira-se para uma choça longe da aldeia, onde tem visões que
prenunciam a guerra na Europa.
d) Lindoia, um pouco antes da morte de Cacambo, morre atingida por uma flecha, e seu corpo é carregado por Caitutu.
e) Cacambo, depois de atear fogo ao acampamento inimigo, retorna para sua terra, onde espera encontrar Lindoia e
dar notícia do seu feito.
12. Embora O Uraguai seja considerado a melhor realização épica do Arcadismo brasileiro, nota-se, na obra, uma
quebra do modelo da epopeia clássica. Em termos de conteúdo, tanto no trecho quanto na pintura apresentados, essa
quebra se evidencia
13. (USC) Por sua temática, O Uraguai, de Basílio da Gama, pode ser considerado um poema:
a) Lírico;
b) Satírico;
c) De escárnio;
d) Épico;
e) De profecia
14. O fragmento abaixo é parte do segundo canto de “O Uraguai”, poema épico de Basílio da Gama publicado em 1769.
1. Atendendo as regras de composição da epopeia clássica, Basílio da Gama inspirou-se num fato histórico acontecido séculos
antes da escrita e narrou-o em versos metrificados e rimados.
2. Em vez de dar voz a um pastor, como é frequente na poesia do Arcadismo, o poeta deu voz a líderes militares portugueses
e aos indígenas que habitavam a região dos Sete Povos das Missões.
3. Como elementos de nativismo, aparecem as personagens Cacambo, guerreiro capaz de argumentar sobre o direito dos
povos indígenas à terra, e a feiticeira Tanajura, que representa o aspecto mítico da cultura desses povos.
4. Abalada pela morte de Cacambo e auxiliada por Tanajura, Lindoia tem um sonho no qual vê com detalhes a destruição dos
Sete Povos das Missões, em consequência da expulsão dos jesuítas do Brasil.
1. D
2. B
3. A
4. D
5. C
6. E
7. C
8. D
9. C
10. A
11. E
12. A
13. D
14. C
1. (UFRGS) Assinale a alternativa que contém características encontradas na poesia de Gonçalves Dias.
2. (UEL) Assinale a alternativa cujos termos preenchem corretamente as lacunas do texto inicial.
Foi característica das preocupações ____________do poeta __________ tomar como protagonista de seus poemas a figura
do ____________, afirmando em seu caráter heroico, em sua bravura, em sua honra – qualidades que a rigor o identificavam
com o mais digno dos cavaleiros medievais.
Vocabulário:
Tapuia – identificação dada a tribos inimigas.
Condor – ave semelhante a águia.
Tapir – anta.
Considere as seguintes afirmações sobre os versos anteriores, do poeta romântico Gonçalves Dias:
I. Na lírica amorosa romântica, as forças do amor e os elementos da natureza são comparáveis entre si porque sugerem a
idéia de uma composição harmoniosa e equilibrada.
II. Os olhos serenos da amada representam para o poeta o repouso de seus próprios olhos, que neles se consolam da agitação
da vida.
III. A paixão romântica é com frequência expressa como perturbação dos sentidos e perda da própria identidade de quem
ama.
5. O texto abaixo reproduz alguns trechos do poema “Leito de folhas verdes”, do escritor romântico Gonçalves Dias,
que consta do livro Últimos cantos (1851). Nesse longo poema, o poeta dá voz a uma índia que dirige um apelo emocionado
e sensual ao seu amado, o índio Jatir, e que permanece na expectativa da chegada do homem amado para um encontro
sexual. Ao final, o encontro erótico-amoroso acaba não se concretizando, pois Jatir não chega ao local em ue a índia o
aguarda.
a) Há no poema a presença explícita da natureza como cenário perfeito para a realização do ato amoroso, o que
costuma ser uma marca da poesia romântica.
b) A emoção do sujeito lírico feminino é notória pelo tom com que a índia apela ao amado para que ele venha ao seu
encontro; daí a presença dos pontos de exclamação no poema.
c) A emoção do sujeito lírico feminino deriva do amor da índia por Jatir, amor que é sentimental e erótico (amor da
alma e amor do corpo).
d) O texto é uma versão romântica das cantigas de amigo medievais, nas quais o trovador reproduzia a fala feminina
que manifestava o desejo de encontro com o seu “amigo” (amado).
e) Não se trata de um poema romântico típico, pois o amor romântico é sempre pautado pelo sentimento platônico e
pelo ideal do amor irrealizável no plano corpóreo.
6. Sobre o livro de poesia Últimos Cantos, de Gonçalves Dias, considere as seguintes afirmativas:
1. A métrica em “I-Juca-Pirama” é variável e tem conexão com a progressão dos fatos narrados, o que permite dizer
que o ritmo se ajusta às reviravoltas da narrativa.
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2. “Leito de folhas verdes” e “Marabá” tematizam a miscigenação brasileira ao apresentarem dois casais inter-raciais.
3. A “Canção do Tamoyo” apresenta o relato de feitos heroicos específicos desse povo para exaltar a coragem humana.
4. O poema “Hagaar no deserto” recria um episódio bíblico e apresenta uma escrava escolhida por Deus para ser mãe
de Ismael, o patriarca do povo árabe.
Gonçalves Dias é um grande poeta, em parte por encontrar na poesia o veículo natural para a sensação de
deslumbramento ante o Novo Mundo [...]. O seu verso, incorporando o detalhe pitoresco da vida americana ao ângulo
romântico e europeu de visão, criou (verdadeiramente criou) uma convenção poética nova. Esse cocktail de medievismo,
idealismo e etnografia fantasiada nos aparece como construção lírica e heroica, de que resulta uma composição nova para
sentirmos os velhos temas da poesia ocidental.
(Formação da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Itatiaia (8. ed.) vol. 2, 1975, p. 73.)
Considerando o trecho citado e a leitura integral do livro Últimos Cantos, de Gonçalves Dias, assinale a alternativa correta.
a) A representação dos povos indígenas descreve as tradições coletivas dessas comunidades, mas pode, por vezes,
apresentar os sentimentos individuais e particulares de alguns de seus membros.
b) Gonçalves Dias demonstra em sua poesia americana o interesse de se distanciar da tradição indianista, apresentando
temas universais, nos quais o gosto pelo exótico e pela tematização do nacional não deveria predominar.
c) A tematização da miscigenação entre índios e brancos é considerada prejudicial, uma vez que apagaria os traços
próprios da cultura indígena que deveriam ser preservados.
d) O emprego exclusivo de poemas narrativos longos demonstra que o livro pretende ser uma epopeia que cultua os
valores heroicos e descarta a expressão lírica amorosa.
e) A diversidade de temas e de modelos formais se contrapõe ao emprego da mesma medida métrica em todos os
poemas.
a) Trata-se de uma obra póstuma em que o autor antecipa as tendências da segunda geração romântica, denominada
de Ultrarromantismo, como atestam os poemas “Sobre o túmulo de um menino” e “O que mais dói na vida”.
b) O eu-lírico do poema “Leito de folhas verdes”, uma índia, canta as suas núpcias com Jatir, guerreiro timbira,
simbolizando a origem do povo brasileiro.
c) O poema “Canção de Bug-Jargal” pode ser considerado um modelo da poesia indianista, pois o autor, como era uso
na época, aproveitou-se muito de termos e expressões das línguas indígenas.
d) A musicalidade do poema “I-Juca-Pirama” está fortemente relacionada à construção dos eventos narrados pelo eu-
lírico, que, na última parte, afirma ter tido conhecimento da história por meio de um velho índio.
e) O poeta romântico rompe com a tradição clássica para fundar uma nova linguagem poética a partir da língua tupi.
9. (ITA-SP) O texto reproduz alguns trechos do poema Leito de folhas verdes, do escritor romântico Gonçalves Dias,
que consta do livro Últimos cantos (1851). Nesse longo poema, o poeta dá voz a uma índia que dirige um apelo emocionado
e sensual ao seu amado, o índio Jatir, e que permanece na expectativa da chegada do homem amado para um encontro
sexual. Ao final, o encontro erótico-amoroso acaba não se concretizando, pois Jatir não chega ao local em que a índia o
aguarda.
10. (UP) Leia o poema “Leito de folhas verdes”, retirado do livro Últimos Cantos (1851), de Gonçalves Dias.
a) Nesse poema, o eu-lírico, uma índia, expõe, ao romper do dia, sua apreensão em relação à demora de seu amado,
Jatir, a quem deseja se unir (“Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas / A arazóia na cinta me apertaram”). Porém, diante da
ausência prolongada, compreendida como abandono (“À voz do meu amor, que em vão te chama!”), faz com que o eu-lírico
destrua o leito preparado muito antes do romper do dia (“Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil/ A brisa da manhã sacuda as
folhas!”).
b) Nesse poema, o eu-lírico, uma índia, expõe, ao romper do dia, sua apreensão em relação à demora de seu amado
em se unir a ela no leito de folhas verdes sob o copado de uma mangueira (“Por que tardas, Jatir, que tanto a custo / À voz
do meu amor moves teus passos?”), demora esta que a contraria e a desilude a ponto de ela mesma desfazer, com certo
desdém, o leito de folhas carinhosamente organizado, antes do romper do outro dia.
c) Nesse poema, o eu-lírico, uma índia, expõe, ao final do dia, sua apreensão em relação à demora de seu amado em
se unir a ela no leito de folhas verdes sob o copado de uma mangueira (“Por que tardas, Jatir, que tanto a custo/ À voz do
meu amor moves teus passos?”), demora esta que faz com que o eu-lírico, ao longo de sua vigília, culpe-se por trazer marcas
da civilização indígena (“Eu sou aquela flor que espero ainda / Doce raio do sol que me dê vida”), o que, segundo o eu-lírico,
foi a razão do abandono (“A brisa da manhã sacuda as folhas!”).
d) Nesse poema, o eu-lírico, uma índia, expõe, durante sua vigília, certa apreensão em relação à demora de seu amado,
Jatir, em se unir a ela no leito de folhas verdes, carinhosamente organizado sob o copado de uma mangueira (“À voz do meu
amor, que em vão te chama!”), demora esta que faz com que o eu-lírico, tomado de um vago sentimento amoroso (“Vai
seguindo após ti meu pensamento; Outro amor nunca tive”), decepcione-se e reconheça, com violência, a inutilidade de seu
gesto (“Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil / A brisa da manhã sacuda as folhas!”
e) Nesse poema, o eu-lírico, uma índia, expõe, durante sua vigília, certa apreensão em relação à demora de seu amado
em se unir a ela no leito de folhas verdes sob o copado de uma mangueira (“Por que tardas, Jatir, que tanto a custo / À voz
do meu amor moves teus passos?”), demora esta que, intensificada por seu forte sentimento amoroso (“és meu, sou tua!”),
se transforma em ausência completa ao amanhecer (“Tupã! lá rompe o sol! do leito inútil / A brisa da manhã sacuda as
folhas!”).
11. A respeito dos poemas que compõem o livro Últimos Cantos (1851), do maranhense Gonçalves Dias, assinale a
alternativa correta:
a) O nacionalismo romântico se expressa no antológico poema “Canção do exílio”, que abre o livro com um tom
laudatório: “Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, / Nossos bosques têm mais vida, / Nossa vida
mais amores”.
b) O embate entre tribos indígenas, com a consequente prisão de um guerreiro, é narrado em “I-Juca-Pirama”, poema
marcado por variedade métrica: “O prisioneiro, cuja morte anseiam, / Sentado está, / O prisioneiro, que outro sol no ocaso
/ Jamais verá!”.
c) A pureza racial dos indígenas brasileiros é exaltada no poema “Marabá” por meio da descrição da personagem-título:
“— Meus olhos são garços, são cor das safiras, / — Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar; / — Imitam as nuvens de um céu
anilado, / — As cores imitam das vagas do mar!”.
d) O aspecto fúnebre das lendas românticas é representado no poema “O gigante de pedra”, em que se destaca a
monstruosidade do personagem: “Gigante orgulhoso, de fero semblante, / Num leito de pedra lá jaz a dormir! / Em duro
granito repousa o gigante,/ Que os raios somente puderam fundir”.
e) O lirismo romântico prefere temas delicados, como as brincadeiras inocentes da criança em “Mãe-d’água”: “Minha
mãe, olha aqui dentro, / Olha a bela criatura, / Que dentro d’água se vê! / São d’ouro os longos cabelos, / Gentil a doce figura,
/ Airosa leve a estatura; / Olha, vê no fundo d’água / Que bela moça não é!”.
12. (UFF-RJ) As estrofes abaixo, partes do poema Canção do Tamoio, representam um momento da literatura brasileira
em que se buscou, através do sentimento nativista, inspiração em elementos nacionais, especialmente nos índios e em
sua civilização.
CANÇÃO DO TAMOIO
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I
Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
O homem que é forte
Não teme da morte;
Só teme fugir;
No arco que entesa
Tem certa uma presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,
Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
V
E pois que és meu filho,
Meus brios reveste;
Tamoio nasceste,
Valente serás.
Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz.
VI
Teu grito de guerra
Retumbe aos ouvidos
D'imigos transidos
Por vil comoção;
E tremam d'ouvi-lo
Pior que o sibilo
Das setas ligeiras,
Pior que o trovão.
VII
E a mão nessas tabas,
Querendo calados
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Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!
VIII
Porém se a fortuna,
Traindo teus passos,
Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
Na última hora
Teus feitos memora,
Tranqüilo nos gestos,
Impávido, audaz.
IX
E cai como o tronco
Do raio tocado,
Partido, rojado
Por larga extensão;
Assim morre o forte!
No passo da morte
Triunfa, conquista
Mais alto brasão.
X
As armas ensaia,
Penetra na vida:
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos,
Só pode exaltar.
a) Barroco.
b) Naturalismo.
c) Realismo.
d) Romantismo.
e) Modernismo.
a) Gonçalves Dias em sua poesia busca a perfeição formal e o absoluto rigor da métrica, de acordo com o que preconiza a
estética romântica.
b) Gonçalves Dias, quase unanimemente considerado pela crítica o nosso primeiro grande poeta romântico, explorou o tema
indianista como afirmação da nossa nacionalidade, segundo a crença romântica, e foi mais além ao mostrar-se talentoso na
exaltação da natureza e profundamente lírico em poemas como, por exemplo: Ainda uma vez — Adeus!, Como! És tu?, dentre
outros.
c) Para Gonçalves Dias a poesia não narra, não descreve e não é didática. A poesia deve apenas sugerir, pois faz uso da
linguagem poética em oposição à linguagem utilitária da prosa, da filosofia e da ciência que faz uso dos signos ordinários do
cotidiano.
d) Talvez tenha sido Gonçalves Dias o único grande poeta brasileiro a alcançar almejado ideal da “impassibilidade”,
possibilitando, com isso, uma poesia reveladora da realidade exterior, formando, com Castro Alves, a verdadeira poesia
empenhada de nossa literatura.
e) Nenhuma das alternativas está correta
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14. (Mackenzie-SP)
(Gonçalves Dias)
a) Todos os versos em redondilha menor recriam, por meio do ritmo, o canto de guerra.
b) Ao interlocutor é dado um tratamento respeitoso, não só pelo vocativo guerreiros, mas também por vós, sujeito
implícito na forma verbal ouvi.
c) O primeiro verso, constituindo o objeto direto de ouvi, tem a sua definição detalhada nos versos 3, 4, 5 e 6.
d) Trata-se de um grito heroico do eu, sem relação com o outro, o que está expresso nos verbos, todos em primeira
pessoa do singular.
e) A reiteração das rimas em i, mais a repetição da figura das selvas ajudam a criar, nesse contexto, o efeito de uma fala
marcada pelo ritmo solene.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
a) Principalmente pela manifestação de elementos simbólicos, tais como “luar”, “vales”, “bosque” e “perfumes”, pode-
se dizer que o poema muito se aproxima da estética simbolista.
b) O poema romântico indianista recupera as antigas cantigas de amigo medievais, para expressar o amor por meio da
espera.
c) O poema de Gonçalves Dias demonstra profunda influência renascentista, recebida principalmente de Camões.
d) Apesar da intensa presença da natureza, o poema em questão já se aproxima do parnasianismo, pela presença dos
elementos mitológicos.
e) Mesmo sendo romântico, notam-se ainda no poema, os aspectos marcantes do Arcadismo, principalmente no que
diz respeito ao bucolismo.
a) Tristeza e compreensão.
b) Amargura e comedimento.
c) Decepção e aceitação.
d) Aflição e frustração.
e) Indignação e passividade.
18. (UNIRIO) Após leitura, análise e interpretação do poema Marabá, algumas afirmações como as seguintes podem
ser feitas, com exceção de uma. Indique-a:
a) O poema se inicia com uma pergunta de ordem religiosa e termina com uma consideração de aspecto sensual.
b) O poema é um profundo lamento construído com base na estrutura dialética, apresentando-se argumentação e
contra argumentação.
c) Ocorre interlocução registrada em discurso direto, estrutura que enfatiza assim o desprezo preconceituoso dado à
Marabá.
d) A ocorrência de figuras de linguagem e o emprego da primeira pessoa marcam, respectivamente, as funções da
linguagem poética e emotiva.
e) Marabá é poema representante da primeira fase que cultua o aspecto físico da mulher.
19. Com base no poema “Marabá”, retirado do livro Últimos Cantos (1851), considere as seguintes alternativas:
1. O eu lírico feminino se descreve ao revelar o drama que vive em meio ao povo indígena: é uma jovem de cor branca
(“Da cor das areias batidas do mar”), de olhos verdes (“Meus olhos são garços, são cor das safiras”) e de cabelos claros (“O
oiro mais puro não tem seu fulgor”), o que indica que esse eu-lírico feminino não pertence à taba, pois se trata, e a descrição
comprova, de uma jovem possivelmente degredada da Europa (“Eu vivo sozinha, chorando mesquinha, / que sou Marabá!”).
2. O eu-lírico feminino, uma índia mestiça, possivelmente resultado do cruzamento com o francês ou holandês, é
discriminada (“mas és Marabá”) pelos homens indígenas, que se recusam a se relacionar com o eu-lírico, que carrega em
suas feições marcas de sua mestiçagem (cor dos olhos, da pele e do cabelo).
3. O drama vivido pelo eu-lírico, uma jovem que vive entre os índios, é de ser rejeitada por todos os homens que vivem
em sua comunidade adotiva, que preferem as mulheres de cabelos negros (“Quero antes cabelos, bem lisos, corridos,
/Cabelos compridos,
/Não cor d’oiro fino, nem cor d’anajá”), de olhos escuros (“Bem pretos, retintos, não cor d’anajá”) e de pele morena (“Quero
antes um rosto de jambo corado”).
I - Juca Pirama
Os excertos dos poemas anteriormente indicados, dos Últimos Cantos, exemplificam esta afirmação sobre a poesia de
Gonçalves Dias:
a) A contemplação da natureza leva à expressão de convicções religiosas, assim como os valores cristãos sobrepõem-
se sutilmente à rudeza da vida selvagem.
b) Não se distingue a donzela branca da amante indígena, tanto quanto não se opõe a bravura do índio à bravura de
um cavaleiro medieval.
c) O amor da índia espelha a força da própria natureza, mas código de conduta dos guerreiros indígenas reflete os
valores dos fidalgos medievais.
d) A sublimação do amor implica a idealização da morte, assim como o código de conduta dos guerreiros indígenas
idealiza os valores dos fidalgos medievais.
e) O amor da índia espelha a força da própria Natureza, tanto quanto se apresentam com naturais e próprios os valores
de conduta do guerreiro indígena.
(DIAS, Gonçalves. Poesia e prosa completas: volume único. Org.: Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1998. p. 491-2.)
O auto de Natal pernambucano Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, apresenta algumas semelhanças
temáticas com a estrofe acima transcrita, parte integrante do livro Últimos Cantos. Assinale a alternativa em que estão
corretas as aproximações entre as duas obras.
a) A esperança e as dores da existência, mencionadas nos versos 2 e 7 (acima), estão presentes na obra de João Cabral no
nascimento de uma criança: “E não há melhor resposta / que o espetáculo da vida: / vê-la desfiar seu fio, / que também se
chama vida, / ver a fábrica que ela mesma, / teimosamente, se fabrica, / vê-la brotar como há pouco / em nova vida
explodida”.
b) O ato do eu-lírico de se despedir das ilusões e das dores da vida, nos versos 5 a 8 (acima), também é encenado pelo
retirante Severino, quando ele comunica a decisão de se suicidar: “– Seu José, mestre carpina, / que diferença faria / se em
vez de continuar / tomasse a melhor saída: / a de saltar, numa noite, / fora da ponte e da vida?”.
c) A natureza benfazeja, mencionada nos versos 10 a 13 (acima), foi representada por João Cabral nesta imagem de satisfação
das necessidades humanas: “Cedo aprenderá a caçar: / primeiro, com as galinhas, / que é catando pelo chão / tudo o que
cheira a comida; / depois aprenderá com / outras espécies de bichos: / com os porcos nos monturos, / com os cachorros no
lixo”.
d) O eu-lírico opina, nos versos 17 a 21 (acima), que ricos e pobres se tornam iguais quando morrem; a mesma ideia foi
apresentada nos seguintes versos de João Cabral: “– Não é cova grande, / é cova medida, / é a terra que querias / ver dividida.
[...] É uma cova grande / para tua carne pouca, / mas a terra dada / não se abre a boca”.
e) A morte é representada como descanso merecido, nos versos 22 a 25 (acima), como também nesta fala de um coveiro,
em Morte e Vida Severina: “– E esse povo lá de riba / de Pernambuco, da Paraíba, / que vem buscar no Recife / poder morrer
de velhice, / encontra só, aqui chegando / cemitérios esperando. / [...] aí está o seu erro: / vêm é seguindo seu próprio
enterro”.
1. A
2. A
3. C
4. C
5. E
6. C
7. A
8. D
9. E
10. E
11. B
12. D
13. B
14. D
15. E
16. D
17. D
18. C
19. E
20. D
21. C
22. A
Último poema
Agora deixa o livro volta os olhos para a janela a cidade a rua o chão o corpo mais próximo tuas próprias mãos: aí também
se lê.
(MARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 29)
Em O livro das semelhanças (2015), a poeta Ana Martins Marques aproxima-se de uma espécie de estética do cotidiano, em
poemas nos quais a sensibilidade pode ser objeto da poesia a partir de relações estabelecidas com sensações ou objetos do
senso comum. Em “Último poema”, o eu lírico:
a) volta-se para a materialidade das coisas de modo a separar, em universos descontínuos, o literário e a vida.
b) convoca o leitor a enxergar a poesia além do livro, contida no mundo e no próprio corpo e que carece do olhar para ser
percebida.
c) decreta o fim da poesia de modo panfletário o que, metonimicamente, relaciona-se com o fim do livro na era digital.
d) explicita que está nas mãos do leitor a responsabilidade sobre a interpretação, prescindindo da leitura.
e) manifesta-se centrado em sua subjetividade a partir de uma oposição maniqueísta entre o exterior e o interior, sendo
este hierarquicamente superior àquele.
2. Leia o poema Ideias para um livro da obra O Livro das Semelhanças de Ana Martins Marques:
I
Uma antologia de poemas escritospor personagens de romance
II
Uma antologia de poemas-
-epitáfios
III
Uma antologia de poemas que citem
o nome dos poetas que os escreveram
IV
Uma antologia de poemas
que atendam às condições II e III
V
Um livro de poemas
que sejam ideias para livros de poemas
VI
Este livro de poemas
a) O poema faz parte da primeira seção do livro em que os títulos dos poemas correspondem à estrutura de um livro: Capa,
Título, Dedicatória, entre outros.
b) O poema faz parte da seção Livro e representa a ideia para produção da seção.
c) O poema não pertence a nenhuma seção do livro, mas é o primeiro poema da Obra O Livro das Semelhanças.
d) O poema faz parte da seção Livro das Semelhanças em que os poemas são centrados em seres mitológicos, a exemplo
dos poemas Centauro e Ícaro.
A realidade e a imagem
(Manuel Bandeira)
O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva
E desce refletido na poça de lama do pátio.
Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as separa,
Quatro pombas passeiam.
Refletido de um poema de
Manuel Bandeira
Refletido na poça
do pátio
o arranha-céu cresce
para baixo
as pombas — quatro —
voam no céu seco
até que uma delas pousa
na poça
desfazendo a imagem
dos seus tantos andares
o arranha-céu
agora tem metade
a) O eu lírico do poema A imagem e a realidade de Ana Martins Marques é pessimista diante da realidade observada, é
possível atribuir isso a sua melancolia sobre a imagem desfeita e a imagem do arranha-céu pela metade.
b) Diferentemente do eu lírico de A imagem e a realidadede Ana Martins Marques, o eu lírico de A realidade e a imagem
de Manuel Bandeira tem uma posição neutra e analítica, buscando fazer apenas uma descrição da realidade observada.
c) As pombas retratadas em ambos poemas ocupam uma posição primária de relevância por serem responsáveis pela
ação em que se decorre a reflexão.
d) O poema A imagem e a realidade de Ana Martins Marques trabalha, de modo distinto, com a mesma noção de espaço
e imagem presente em A realidade e imagem de Manuel Bandeira.
e) A temática central de ambos os poemas é a chuva por ser a responsável por constituir o elemento que gera a reflexão,
portanto, a poça.
4. Assinale a alternativa correspondente à obra O Livro das semelhanças de Ana Martins Marques:
a) É um livro de poesias pertencente à literaturacontemporânea brasileira.
b) É um romance jornalístico pertencente à literaturacontemporânea brasileira.
c) É um poema pertencente à literatura regionalistabrasileira.
d) É um clássico brasileiro símbolo do Naturalismo.
e) É uma obra de contos integrada ao Modernismobrasileiro.
5. Leia e analise os poemas Capa e Contracapa da obra O livro das semelhanças da autora Ana Martins Marques.
Capa
Um biombo entre o mundoe o livro
Primeiro poema
a) I, II e III.
b) I e II.
c) I, II e IV.
d) I e III.
e) I, II, III, IV.
7. O Livro das Semelhanças é divido em quatro seções. Dessa forma, indique a alternativa que NÃO corresponde às partes
da obra O Livro das semelhanças de Ana Martins Marques.
a) Cartografias.
b) Livro.
c) Visitas ao lugar-comum.
d) Paisagens com figuras.
e) O livro das semelhanças.
Primeiro poema
O primeiro verso é o mais difícil
o leitor está à porta
não sabe ainda se entra ou só espia
se se lança ao livro
ou finalmente encara
o dia
o dia: contas a pagar
correspondência atrasada
congestionamentos
xícaras sujas
aqui ao menos não encontrarás,
leitor,
xícaras sujas
Com base nas características do poema, em qual seção do livro encontra-se este poema?
a) Cartografias.
b) Visitas ao lugar-comum.
c) O livro das semelhanças
d) Livro.
e) Nenhuma das alternativas.
10. Leia o poema Esconderijo da obra O livro dassemelhanças de Ana Martins Marques:
a) I e II.
b) I, III e IV.
c) I, II e III.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
11. Leia o poema Boa ideia para um poema da obra O Livro das Semelhanças de Ana Martins Marques.
a) O poema mostra que a memória é a principal aliada para evitar o plágio, é por esse motivo que o eu lírico retorna às suas
lembranças, um exemplo disso é o verso “pensei me lembrar que a copiara de um poema”.
c) O verso em que o eu lírico declara “palavras trocam de pele, tanto roubei por amor” pode ser associado ao repertório literário
que inspirou o eu lírico a realizar suas criações poéticas e, por isso, tornaram-se obras parecidas.
d) O eu lírico objetiva mostrar que as criações poéticas precisam ser autorais e originais, caso contrário, não serão uma boa
criação, isso fica claro no último verso “pensei: nem era um poema tão bom assim”.
E) O eu lírico aponta que mesmo existindo possibilidades de alterar a frase, ela continua não sendo autoral, por isso, configura-
se plágio utilizá-la, mesmo que não seja possível notar que foi plagiada, isso fica claro no verso “pensei: é um plágio se ninguém
nota?”
12. Leia o poema a seguir, de Ana Martins Marques (Livro das Semelhanças, 2015):
Último poema
Agora deixa o livro volta os olhos para a janela
a cidade
a rua
o chão
o corpo mais próximo tuas próprias mãos: aí também se lê
a) É um desincentivo à leitura, pois sugere que há coisas melhores a se fazer na vida do que ler.
b) Só pode ser destinado para crianças, pois tem um vocabulário bastante simples e corriqueiro.
c) É um convite ao leitor para observar suas mãos e, quem sabe, experimentar uma leitura esotérica.
d) Peca ao desconsiderar que a leitura do livro pode ser feita em um ambiente aberto, sem janelas
e) É um convite ao leitor para que, ao terminar o livro, passe a olhar ao seu redor com mais atenção.
13. UERJ:
O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. (ANA MARTINS MARQUES)
No poema, há marcas de linguagem que remetem tanto à poeta quanto a seus leitores. Uma dessas marcas, referindo-se
unicamente ao leitor, está presente no seguinte verso:
1. B
2. C
3. D
4. A
5. B
6. D
7. D
8. B
9. B
10. D
11. C
12. E
13. C
REVISÃO DE
VÉSPERA
REVISÃO – O LIVRO DAS SEMELHANÇAS – ANA MARTINS MARQUES
AUTORA: ANA MARTINS MARQUES
ANO DE PUBLICAÇÃO: 17 de agosto de 2015
GÊNERO: POESIA
PÁGINAS: 112
CARACTERÍSTICAS DA OBRA:
ESTRUTURA DA OBRA:
LIVROS: 20 poemas que fazem referência as partes estruturais de um livro, fica mais evidente com a capa e contracapa
(BIOMBO: PODE REPRESENTAR A AUTORA)
CARTOGRAFIAS: Encontros de um relacionamento metaforizado em viagem (possuem estrutura narrativa e imagem
recorrente do "mapa") sujeito lírico presente no texto.
VISITAS AO LUGAR COMUM: 14 poemas curtos, enumerados e iniciados por verbo no infinitivo com uma ação comum (cortar
relações, quebrar promessas), um olhar poético sob as ações banais do cotidiano.
O LIVRO DAS SEMELHANÇAS: 01 poema longo, sem título e mais 24 poemas com temas variados. São 16 páginas onde o eu
lirico parece dialogar alternadamente com a própria consciência e com um interlocutor externo, refletindo sobre temas
diversos.
REVISÃO - MORTE E VIDA SEVERINA – JOÃO CABRAL DE MELO NETO
NOTA: O poema Morte e Vida Severina choca pelo realismo que é demonstrado na universalidade da condição miserável do retirante.
Severino é uma metáfora para nordestino, onde muitas vezes sai do sertão acreditando que em outras cidades nas quais a seca é
mais branda, a vida pode ser melhor, mas em todo percurso ele vai percebendo que a “vida Severina”, independe do lugar. O poema
é composto de monólogos e diálogos com outros personagens.
ESCRITA: os versos não têm rimas, mas foram produzidos com métrica curta e rigorosa: são todos redondilha maior (7 sílabas).
ESPAÇO: Há um movimento de deslocamento: o retirante faz a travessia da Caatinga, passando pelo Agreste, para a Zona da Mata,
até chegar ao Recife.
PERSONAGENS:
Severino: retirante nordestino que vai em sentido ao litoral para encontrar melhores condições de vida. É o narrador e personagem
principal.
Seu José, mestre carpina, é o personagem que salva a vida de Severino.
SOBRE A OBRA:
Morte e Vida Severina apresenta a trajetória de Severino. Um retirante que deixa o sertão nordestino em direção ao litoral
em busca de melhores condições de vida. Na passagem inicial, ele se apresenta ao leitor e diz a que vai, encontrando dois homens
(irmãos das almas) que carregam um defunto numa rede. Um dos destaques na obra são as injustiças contra o povo diante da
precariedade de onde vivem. Severino presencia mortes, miséria e fome quando está vagando pelos caminhos do sertão e
compreende estar enganado com o sonho da viagem. Durante uma passagem, Severino dirige-se a uma mulher na janela e se oferece,
diz o que sabe fazer para trabalhar. A mulher, no entanto, é uma rezadeira. Percebe-se então, que a morte é tratada como algo vulgar,
e as profissões que lidavam com a morte como um negócio lucrativo. Ao passar pela Zona da Mata, frisa que a persistência da vida é
a única a maneira de vencer a morte.
Por fim, diante de tantas dificuldades, Severino revela a intenção de suicidar-se jogando-se do Rio Capibaribe, pois
já não vê diferença entre a morte e a vida.Entretanto, é contido por por Seu José (mestre carpina), onde aborda o personagem falando
do nascimento do filho, fato responsável pelo renascer da esperança de Severino. A renovação da vida é uma indicação clara ao
nascimento de Jesus, também filho de um carpinteiro e alvo das expectativas para remissão dos pecados.
O poema Morte e Vida Severina choca pelo realismo, sendo considerado uma reconstrução dos autos medievais,
porém retratando a realidade atual das populações nordestinas.
O RETIRANTE TEM MEDO DE SE EXTRAVIAR POR SEU GUIA, O RIO CAPIBARIBE, CORTOU COM O VERÃO
— Antes de sair de casa aprendi a ladainha das vilas que vou passar na minha longa descida. Sei que há muitas vilas grandes, cidades
que elas são ditas sei que há simples arruados, sei que há vilas pequeninas, todas formando um rosário cujas contas fossem vilas, de
que a estrada fosse a linha. Devo rezar tal rosário até o mar onde termina, saltando de conta em conta, passando de vila em vila.
CANSADO DA VIAGEM O RETIRANTE PENSA INTERROMPÊ-LA POR UNS INSTANTES E PROCURAR TRABALHO ALI ONDE SE
ENCONTRA
— Desde que estou retirando só a morte vejo ativa, só a morte deparei e às vezes até festiva só a morte tem encontrado quem pensava
encontrar vida, e o pouco que não foi morte foi de vida severina (aquela vida que é menos vivida que defendida, e é ainda mais severina
para o homem que retira).
O CARPINA FALA COM O RETIRANTE QUE ESTEVE DE FORA, SEM TOMAR PARTE DE NADA
— Severino, retirante, deixe agora que lhe diga: eu não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar fora da ponte
e da vida nem conheço essa resposta, se quer mesmo que lhe diga é difícil defender, só com palavras, a vida, ainda mais quando ela é
esta que vê, severina mas se responder não pude à pergunta que fazia, ela, a vida, a respondeu com sua presença viva.
REVISÃO - O URAGUAI – BASÍLIO DA GAMA
ESTRUTURA
5 CANTOS
NÃO SEGUE MODELO CAMONIANO
VERSOS ESCRITOS EM DECASSÍLABOS BRANCOS
TEMA CENTRAL: Pelo Tratado de Madri, celebrado entre os reis de Portugal e de Espanha, as terras ocupadas pelos jesuítas, no
Uruguai, deveriam passar da Espanha a Portugal. O poema narra a luta pela posse da terra, ressaltando os feitos do General Gomes
Freire de Andrade.
EPÍGRAFE
‘’At specus, et Caci detecta apparuit ingens Regia, et umbrosae penitus patuere cavernae.” VIRG. A Eneid. Lib. VIII.
“Mas a caverna, e o imenso reino de Caco apareceu descoberto, e o sombrio inferno se abriu por completo’’
PERSONAGENS:
GENERAL GOMES FREIRE DE ANDRADA: chefe das tropas portuguesas
CATÂNEO: chefe das tropas espanholas
BALDA: vilão (jesuíta administrador de Sete Povos das Missões)
CACAMBO: chefe guarani
LINDOIA: esposa de Cacambo
SEPÉ: guerreiro
CAITUTU: indígena, irmão de Lindóia
TANAJURA: indígena (feiticeira)
CANTOS:
Canto I: apresenta o desfile de tropas. O poeta narra o campo de batalha coberto de destroços e de cadáveres na sua maior parte
indígenas.
Canto II: ocorre a tentativa de negociação entre o exército e os chefes indígenas Sepé e Cacambo. Batalha e morte de Sepé.
Canto III: ocorre a aparição de Sepé a Cacambo. Além disso, o vilão Padre Balda mata Cacambo.
Canto IV: são narrados os preparativos do casamento de Lindoia e Baldeta, Lindoia foge, deixa-se picar por uma cobra e morre. A
morte de Lindoia é apresentada de forma fantasiosa e bucólica, características típicas do Arcadismo. Fuga dos jesuítas.
Canto V: Prisão dos jesuítas, libertação dos guaranis.
REVISÃO - CASA DE PENSÃO – ALUÍSIO AZEVEDO
AMÂNCIO DA SILVA – Protagonista, jovem do interior rico e disperso. Encanta-se com os luxos da capital e se muda para a cidade
do Rio de Janeiro com o intuito de estudar Medicina, entretanto, só quer saber de uma vida boêmia.
AMÉLIA – Jovem, irmã de João Coqueiro, está disposta a seduzir Amâncio.
LUÍS CAMPOS – Comerciante e amigo dos pais de Amâncio. É casado com Hortênsia. Luís Campos oferece sua casa para hospedar
o jovem Amâncio no Rio de Janeiro.
HORTÊNSIA: – É a mulher de Luís Campos. No decorrer da história, acaba se interessando por Amâncio.
JOÃO COQUEIRO – Ambicioso, torna-se amigo de faculdade de Amâncio. João Coqueiro teve uma infância marcada pelo pai, onde
ele o obrigava a beber e fumar. Quando o pai falece, a mãe abre uma Casa de Pensão para sustentar a família. Posteriormente, a
mãe de João Coqueiro acaba morrendo de pneumonia, fechando assim as portas da Casa de Pensão. Coqueiro acaba conhecendo
Madame Brizard e reabrem a pensão.
PAIVA ROCHA – Apresenta ao personagem Amâncio a vida boêmia e a companhia de João Coqueiro.
SOBRE A OBRA
A obra inicia mostrando o contexto do protagonista, Amâncio, que cresceu e viveu em uma família rica que morava no interior do
Maranhão. Desde sua mais tenra idade, sempre teve um pai severo e frio. Mais tarde, decide cursar Medicina na capital, o Rio de
Janeiro. Chegando a capital, ficou hospedado na casa do Sr.Campos e sua esposa, amigos de seu pai. Estes eram senhores de aparência
respeitosa e tradicional, com regras muito bem definidas na sua casa, incluindo horários de chegada/saída. Amâncio, por sua vez,
tentou se envolver com Hortênsia (mulher de Campos). Com a situação cada vez pior, Paiva apresentou o amigo João Coqueiro, que
por sua vez, ofertou a Amâncio um quarto na sua pensão. Depois de várias passagens, a mãe de Amâncio avisa-lhe que seu pai havia
falecido e pede que ele vá ao Maranhão para visitá-la e cuidar dela. Contudo, Amélia diz que só permitiria após se casarem, pois queria
garantir que seu plano fosse concluído. Assim, Amâncio armou de viajar escondido para ver sua mãe, pois não tinha muita pressa em
se casar. João descobriu o que Amâncio faria e, para alcançar o fim, todos os meios lhe pareciam lícitos. Arrumou duas falsas
testemunhas, um advogado e denunciou Amâncio como um sedutor barato que causaria dano à reputação de sua irmã. No dia do
embarque de Amâncio, um oficial acompanhado de policiais o prendeu. Campos até tinha a intenção de ajudá-lo, mas recebeu de
João uma carta embaraçosa que Amâncio havia escrito para sua esposa, Dona Hortênsia. Três meses depois, Amâncio é absolvido e
todos os colegas universitários baderneiros levam-no para um almoço festivo, no Hotel Paris. Ouviam-se gritos de comemoração ao
estudante e à liberdade, os músicos da rua tocavam a Marselhesa e tudo parecia um carnaval carioca. Em meio a festa na cidade, João
se sente tomado pelo ódio, pela inveja e por ter ficado como o vilão da história. Pega uma arma para se matar, mas num lapso de
memória, aguarda o fim da festa para encontrar Amâncio só e vulnerável. No fim, entra no quarto do hotel em que Amâncio dormia
e atira-lhe no peito, que só teve tempo de abrir os olhos e dizer: ‘‘mamãe”… A mãe de Amâncio não aguentava esperar e não tinha
notícias do filho, tratou de ir ao Rio de Janeiro. Quando lá chegou, se deparou com a notícia do falecimento do seu filho.
SAGARANA – JOÃO GUIMARÃES ROSA
CONTOS
TERCEIRA PESSOA
A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO
TERCEIRA PESSOA
SARAPALHA
TERCEIRA PESSOA
DUELO
PRIMEIRA PESSOA
MINHA GENTE
PRIMEIRA PESSOA
SÃO MARCOS
PRIMEIRA PESSOA
CORPO FECHADO
TERCEIRA PESSOA
CONVERSA DE BOIS
TERCEIRA PESSOA
A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA
O BURRINHO PEDRÊS
Lalino Salãthiel é um mulato esperto que nunca chega na hora para o trabalho árduo na mineração da terra, sempre inventa
histórias para não trabalhar muito.
Generoso acredita que o personagem Ramiro está cercando a esposa de Lalino.
O protagonista (Lalino) decide ir para a capital. Ele chega ao trabalho, pede as contas e ao voltar para casa vê o homem
(Ramiro) que tenta conquistar sua esposa, Maria Rita.
Maria Rita vive com Ramiro. Após meses vivendo na capital, o protagonista está prestes a ficar sem nada, decidindo retornar
para casa.
Ao retornar, decide ver Rita. Porém, desiste de falar com a ex-esposa e leva apenas o violão. Na oportunidade, verificou que
Ramiro cuidava bem da mulher.
Depois de algumas passagens, o personagem Major intervém para reconciliar Lalino e a mulher dele.
SARAPALHA
Um surto de malária levou a população a partir em um vilarejo quase deserto, às margens do Rio Pará,. Restaram apenas três
habitantes: Primo Ribeiro, Primo Argemiro e uma mulher que todos os dias prepara a refeição.
O fantasma da morte assombra os primos, não há condições de sobrevivência. Certo dia, Primo Ribeiro, achando que vai
morrer, conta ao Primo Argemiro que a esposa partiu com um boiadeiro, deixando-o sozinho.
Na oportunidade, Argemiro confessa que era apaixonado por Luísa, a esposa do Primo Ribeiro.
Ribeiro não aceita a declaração de Argemiro e o expulsa.
Argemiro parte praticamente se arrastando e ainda, no caminho, é confundido pelos pássaros com um espantalho.
Lamenta nunca ter se declarado para Luísa
DUELO
Turíbio Todo foi a uma pescaria e disse à esposa que retornaria apenas no dia seguinte. Ocorreu um imprevisto e volta antes
para casa.
Flagrou a esposa com Cassiano Gomes, ex-policial e perito em armas.
Turíbio fingiu não ter presenciado nada e armou um plano.
Foi até à residência do rival e atirou na nuca dele,mas por engano matou o irmão dele, Levindo Gomes.
Cassiano se fecha no interior de casa e prepara a vingança.
O protagonista passa a noite com sua mulher, Dona Silvana. Ele decidiu contar para a esposa sua estratégia. Mas a companheira
entregou seus planos para Cassiano.
Morte de Turíbio
MINHA GENTE
O narrador vai de visita à propriedade rural de seu tio, no momento preocupado em ganhar as eleições do lugarejo. Ele cai de
amores por Maria Irma, sua prima. Mas esta paixão não é correspondida. Um belo dia a jovem é visitada por Ramiro, e o
protagonista fica enciumado.
A moça conta que ele é noivo de outra mulher. O garoto teceu um plano; ele iria simular um relacionamento com uma jovem da
propriedade vizinha. Mas a estratégia de fazer ciúmes à prima é frustrada. O único benefício de seus planos foi, sem querer,
colaborar para a vitória de seu tio nas eleições.
O narrador parte. Na segunda vez em que ele vai à fazenda, a prima lhe apresenta a mulher da sua vida, Armanda. Logo depois
a moça se torna sua esposa, enquanto Maria Irma contrai matrimônio com Ramiro Gouveia.
SÃO MARCOS
CORPO FECHADO
Apresenta o personagem de Manuel Fulô, homem que não gosta muito de trabalhar e sim de contar histórias.
O homem propõe ao narrador, médico em Lajinha, que seja seu padrinho de casamento. Conta para ele que tem uma mula
(Beija-Fulô)
Surgimento do personagem Targino, um arruaceiro da região. Sai espalhando para todos que vai dormir com a noiva de Manuel
Fulô antes da cerimônia do casamento.
Acordo entre Antonico (feiticeiro) e Manuel. O feiticeiro vai “fechar o corpo” de Manuel, mas em troca precisará lhe dar a mula
Beija-Fulô.
Manuel desafia Targino e acaba com a vida dele com uma singela faca que mais parecia um canivete.
Manuel torna-se o novo valentão das redondezas e casa-se com a amada. Além disso, ainda pode pegar emprestado algumas
vezes sua mula de estimação.
CONVERSA DE BOIS
Destaque para 4 fatores indispensáveis do sertão mineiro. Um deles é o carro de bois que atravessa a região transportando
rapadura e um corpo. Os animais são o segundo elemento; os outros são o condutor do carro e o guia, o menino Tiãozinho.
Oito bois movem o carro, Buscapé e Namorado, Capitão e Brabagato, Dançador e Brilhante, Realejo e Canindé. Na parte superior
vai o carreiro, Agenor Soronho.
O garoto tem que enfrentar a forma cruel de como Agenor o trata, incitando os bois sem piedade. Agenor adormece e o
personagem mergulha numa espécie de transe, os bois conversam entre si. Os animais eram solidários ao menino e, a um
comando dele, eles saltam adiante e provocam a queda de Agenor.
Desfecho: ocorre a morte do carreiro. Depois dessa passagem, a viagem segue mais tranquila.
Augusto Estêves é o valentão do vilarejo onde mora. Após falecimento do pai, Augusto conhece a miséria.
Recado de Quim Recadeiro; acabara de ficar sem seus capangas, recrutados por seu maior rival, o Major Consilva, e sua esposa
e a filha tinham partido na companhia de Ovídio Moura.
Inconformado, ele vai à fazenda do Major para enfrentar os antigos homens de confiança. Na ocasião, o protagonista fica à beira
da morte, sendo socorrido por um casal de negros. Depois da cura, o protagonista decide mudar de vida. Se refugia no Tombador.
Chegada de jagunçoes comandado por Joãozinho Bem-Bem. Com a passagem do tempo, se depara com o jagunço, o qual está
prestes a eliminar uma família por revanche. Por fim, o protagonista pede para que o jagunço não cometa essa atrocidade.
Desfecho: ambos duelam entre si e acabam perdendo a vida.
REVISÃO: QUARTO DE DESPEJO – CAROLINA MARIA DE JESUS
O TÍTULO
Pensar o título Quarto de despejo é relacioná-lo às críticas da autora em relação às mazelas existentes no Brasil, sobretudo em São
Paulo, que estava em pleno desenvolvimento industrial. A autora menciona que as regiões principais de São Paulo eram uma espécie
de sala de luxo, onde circulavam sobretudo a burguesia paulistana. As pessoas pobres não circulavam nesses espaços, a menos que
fossem como empregadas. Para elas, sobravam os quartos de despejo, ou seja, as favelas, distantes de qualquer luxo e muito próximos
da miséria e da violência. Além disso, o governo e as grandes empresas, visando o progresso e o lucro, tomavam conta até das terras
onde havia as favelas, o que gerava ainda mais e mais despejos, portanto, mais exclusão social. Para onde iriam aqueles que não estão
nas salas luxuosas? Por sua vez, o subtítulo Diário de uma favelada aponta para os registros feitos por Carolina diariamente em seus
velhos cadernos – denúncias da realidade social e política da favela em que se encontrava, mas que representa tantas outras
comunidades até hoje.
PERSONAGENS:
Carolina Maria de Jesus: protagonista e narradora da própria história. Mãe solteira por opção, favelada e trabalha como catadora de
lixo e metal. Gosta de ler e escrever e acredita que sua escrita seria a chave para sair do lugar onde vive. Aliás, esse parece ser o que
dá sentido ao texto: a sobrevivência diária e a tentativa de transcender aquele lugar;
Vera Eunice: filha de Carolina e parece ser também a preferida da mãe. Chama a atenção das pessoas que a veem como uma menina
encantadora. Quando sai a reportagem sobre a favelada que é escritora, o pai aparece para se certificar que a catadora de papel não
vai revelar seu nome;
José Carlos e João José: os outros dois filhos da protagonista. Ela fala da sexualização precoce dos filhos e dos problemas que ela teve
com o João. Ela foi intimada a responder pelo garoto e ele só tinha nove anos. Teria tentado violentar uma menina de dois anos. Ela
começa a vigiá-lo.
Sr. Manoel: homem que se interessa por Carolina e quer casar com a protagonista, ela o considera um homem bonito e educado.
Deita-se com ele, às vezes;
Raimundo, um cigano: aparece na favela e é visto como um malandro sedutor. Vive com uma menina que diz que é sua irmã. Promete
que se Carolina o aceitar, ele a tirará da favela. Ela realmente fica interessada nele, mas desconfia de suas mentiras e some do mesmo
jeito que apareceu;
Tibúrcio: vendedor de barracões, explorador da gente que vive na favela;
Orlando: explorador da torneira de onde os moradores da favela pegam água.
ENREDO:
O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem a este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela.
Possui uma linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu,
viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.
REVISÃO - NOVE NOITES – BERNARDO DE CARVALHO
SOBRE A OBRA
O autor Bernardo de Carvalho mistura ficção com aspectos reais. Além disso, registra histórias documentadas parcialmente. Em
“Agradecimentos”, final de Nove Noites, o autor aponta o caráter fictício de sua narrativa.
A narração é feita a partir de dois narradores com diferentes pontos de vista. O primeiro é Manoel Perna, um engenheiro local. E o
segundo é um jornalista que investiga extra-oficialmente o caso, no intuito de escrever um livro. A identidade não é revelada.
Há transitoriedade dos personagens, entre solo americano (Nova Iorque, de onde Quain veio), entre solo brasileiro (Rio de Janeiro,
São Paulo, a fronteira do estado do Maranhão com o Tocantins), e ainda no interior da aldeia Krahô.
PERSONAGENS:
Buell Quain (protagonista), o antropólogo suicida, Manoel Perna, o engenheiro locaL, e o jornalista, que não tem a identidade
revelada. Além dos personagens citados, há uma personagem não fictícia que faz referência à mentora da Antropologia no Brasil:
Heloisa Alberto Torres (1895-1977)
“Se faço as contas, vejo que foram apenas nove noites. Mas foram como a vida toda. A primeira, na véspera de sua partida para a
aldeia. Depois, mais sete durante a sua passagem por Carolina em maio e junho, quando vinha à minha casa em busca de abrigo, e a
última quando o acompanhei pelo primeiro trecho de sua volta à aldeia, quando pernoitamos no mato, debaixo do céu de estrelas. A
última noite foi por minha conta. Ele não havia requisitado a minha companhia, mas senti que devia acompanhá-lo a cavalo, nem que
fosse apenas no primeiro trecho do percurso, como se de alguma 28 maneira soubesse o que àquela altura não podia saber, que nunca
mais o veria.”(CARVALHO, 2006, p. 41).
REVISÃO - ÚLTIMOS CANTOS – GONÇALVES DIAS
POESIAS AMERICANAS:
GIGANTE DE PEDRA: paisagem da Baía de Guanabara
LEITO DE FOLHAS VERDES: natureza expressiva, indianismo
I - JUCA PIRAMA: poema épico dramático indianista. 10 CANTOS. Ocorre a variação de estrofes e métricas de acordo com a
cena. É descrito a cena do Jovem Tupi pedindo para ser poupado do sacrifício, o qual é repreendido até mesmo pelo pai.
MARABÁ: a índia Marabá possui traços europeus (cabelos louros e pele branca), não sendo aceita pelos homens da tribo,
tendo em vista que os homens tem como idealização a beleza indígena.
CANÇÃO DO TAMAOIO: ocorre um paradoxo. A canção pela vida prepara a criança para a morte.
A MANGUEIRA: exaltação de um elemento da paisagem brasileira. Presença de paralelismos, ou seja, repetição de versos
inteiros como um refrão.
A MÃE D’ÁGUA: presença de Polifonia. Alternância das falas do menino, da mãe e da Mãe D’Água.
POESIAS DIVERSAS:
NÊNIA: dedicado ao Imperador Pedro II. Motivo: morte prematura do seu filho.
OLHOS VERDES: sobre amor não correspondido
A PASTORA: tema medieval
O ASSASSINO: atormentado pela culpa
A QUEDA DE SATANÁS: descreve a cena bíblica da queda de Lúcifer.
AGAR NO DESERTO: recriação de um episódio bíblico, apresentando uma escrava escolhida por Deus para ser mãe do
patriarca do povo árabe.
CANÇÃO DE BUG-JARGAL: adaptação de uma obra de Victor Hugo.