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Participantes
Participaram deste estudo 376 crianças, com idades entre seis e 10 anos (M = 7,80; DP =
1,39), sendo 191 (50,0%) meninas e 185 (49,2%) meninos. Todas matriculadas do primeiro ao
quinto ano do Ensino Fundamental I de uma escola pública do interior de Minas Gerais. Na
Tabela 1 serão apresentas as distribuições dos alunos considerando a idade e o ano escolar que
estava matriculado.
Tabela 1.
Distribuição dos participantes por idade e ano escolar.
Idad 5º
1º Ano 2º Ano 3º Ano 4º Ano Total
e Ano
6 81 10 - - - 91
7 - 76 4 - - 80
8 - 1 59 12 - 72
9 - - 2 66 10 78
10 - - - 2 53 55
Total 81 87 65 80 63 376
Instrumentos
de idade. O instrumento é composto por três figuras (3, 4 e 7a e 7b) formadas por linhas
contínuas ou pontos, curvas sinuosas ou ângulos. Para a execução do teste pede-se que a criança
reproduza as figuras em uma folha em branco, utilizando apenas lápis. A atribuição de pontos é
realizada de forma gradual, podendo variar de 0 a 2, com uma pontuação máxima de oito,
dependendo da qualidade do desenho. A correção é realizada considerando os erros de distorção
das formas, sendo que quanto maior for à pontuação obtida, menor será o desempenho do
testando. O instrumento pode ser aplicado de forma individual ou coletiva e não possui tempo
limite. No que se referem as suas propriedades psicométricas, Rueda et al. (2016), por meio de
análise fatorial verificaram que as três figuras da versão de rastreio, explicam 80% da variância
do escore total do B-SPG. Além disso, o coeficiente alfa calculado indicou uma confiabilidade
intelectual de crianças com idades de seis a 10 anos. Na instrução de aplicação pede-se que a
criança faça o desenho de uma figura humana com o maior número de detalhes possíveis. Só
estão sujeitos à correção os desenhos que apresentarem a cabeça, os braços e as penas. A partir
um ponto para a presença de cada um desses itens e zero para a ausência. O escore geral é obtido
por meio da soma de todos os itens, sendo que quanto mais próximo de 30 (pontuação máxima)
for à pontuação, melhor será desempenho do testando. Na aplicação admite-se tanto a forma
coletiva, quanto a individual e não possui um tempo limite. As estimativas de precisão para esse
instrumento, realizadas por meio do modelo Rasch, forneceram um alfa de 0,87 para a escala
masculina e de 0,82 para a escala feminina, indicando uma precisão satisfatória da escala.
raciocínio geral de crianças com idades entre três e nove anos. O instrumento é composto por 92
itens de classificação pictóricos e figurativos, organizados em uma série de oito níveis
aproximada. Cada criança realiza um segmento do teste correspondente ao nível mais adequado
para a sua idade cronológica. Cada item consiste de uma série de três a cinco desenhos
a criança que olhe para todas as figuras do Livro de Estímulos, selecione aquela que é diferente
ou que não se relaciona com as demais e indique a sua escolha, apontando-a. A aplicação é
encontrados foram significativamente elevados, apresentando valores entre 0,80 e 0,90 para cada
Procedimentos
Após a autorização da escola para a coleta dos dados e a aprovação do Comitê de Ética
os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos alunos para que os pais
assinassem. Após a devolução dos termos as crianças foram informadas sobre o objetivo da
pesquisa, assim como a não obrigatoriedade de suas participações. A coleta dos dados foi
versão de rastreio do B-SPG e do DFH, respectivamente, nas próprias salas de aula dos alunos,
em horários previamente cedidos pelas professoras. As salas de aula contavam com uma média
de 20 crianças e a aplicação foi acompanhada pela professora e mais uma psicóloga. Inicialmente
executar os testes da melhor forma possível. Em seguida, todos receberam um lápis de escrever
preto e duas folhas sulfite (uma para a reprodução das figuras do Bender e a outra para o desenho
da figura humana), na qual se pedia que elas escrevessem o nome, a idade e o ano escolar.
As instruções para a execução das tarefas foi realizada pela pesquisadora. As figuras do
Bender foram projetadas por meio de um data show de acordo com as orientações previstas no
manual do instrumento. Os testes foram administrados em uma única sessão, com duração
aula cedido pelas professoras. Participaram desta etapa apenas 149 crianças do total da amostra,
no qual a seleção foi feita por sorteio, de modo que todas as idades e series estivessem
correção dos protocolos dos três instrumentos utilizados foi realizada conforme instruem as
Análise de dados
Por meio do programa Package for the Social Sciences 21 (SPSS) realizou-se a precisão
entre avaliadores pela correlação de Pearson, tanto para a versão de rastreio do B-SPG quanto
para o DFH. Para o CMMS3, a análise de juízes não se fez necessário, já que as respostas
corretas dos itens são definidas pelo próprio instrumento. Também foram realizadas as análises
descritivas a fim de obter uma melhor caracterização da amostra e para observar a média de
desempenho dos participantes em cada um dos instrumentos. Por meio da correlação de Pearson
buscou-se verificar a relação entre a versão de rastreio do B-SPG com o DFH e o CMMS. Em
seguida, realizou-se uma análise de regressão para verificar o quanto a versão de rastreio do B-
rastreio do B-SPG realizou-se a análise de variância (ANOVA) e a prova post hoc por método de
Tukey para verificar as diferenças entre as idades e a escolaridade e o agrupamento dessas
variáveis. Finalmente, utilizou-se o teste t de Student para observar se haveria diferenças nas
Resultados
Com o objetivo de assegurar maior confiabilidade dos resultados obtidos neste estudo,
20% (n = 75) dos protocolos foram submetidos a uma avaliação às cegas por duas psicólogas
com expertise nos critérios de avaliação dos instrumentos. Embora tenham sido selecionados
entre juízes indicou uma correlação estatisticamente significativa (p < 0,000) e de magnitude
forte para a versão de rastreio do B-SPG (r = 0,93) e para o DFH (r = 0,93). Tais resultados
indicaram precisão entre as avaliadoras sugerindo que essa pesquisa não apresenta vieses na
Na sequência, as estatísticas inferenciais indicaram que a média geral dos escores das
crianças na versão de rastreio do B-SPG foi de 5,09 (DP = 1,89). Apenas uma criança não
cometeu erros de distorção ao reproduzir as figuras do Bender e que 10,9% (n = 41) não
conseguiram reproduzir adequadamente nenhuma das figuras. Além disso, observou-se que a
19,4% (n = 73) das crianças obtiveram seis pontos, a Figura 3 apresentou a maior frequência de
erros, sendo que somente 1,6% dos sujeitos (n = 6) conseguiram reproduzi-la corretamente. A
Figura 4, por sua vez, 13,8% (n = 52) das crianças não cometeram nenhum erro de distorção da
forma, ao passo que 28,2% (n = 106) obtiveram a pontuação máxima, apresentando pior
desempenho. Já a Figura 7b contou com um total de 27,9% (n = 105) de acertos, seguida pela
por quatro crianças, enquanto a pontuação máxima foi de 26 pontos, atingida por apenas uma
delas. A média de elementos adicionados na reprodução do desenho de uma pessoa humana foi
de 12,70 (DP = 4,88). Finalmente, as pontuações das crianças no CMMS3 variaram de 21 (0,3%)
a 55 pontos (0,3%), com uma média de 38,20 (DP = 7,25). Em relação à nota de maior
frequência, foram obtidas duas modas para esta distribuição, sendo 33 e 46 pontos, ambas
obtidas por 2,7% da amostra. Após as estatísticas descritivas buscou-se verificar a relação entre o
desempenho na versão de rastreio do B-SPG com o DFH e o CMMS3. Para tal análise,
considerou-se a idade das crianças, esses resultados podem ser observados na Tabela 2.
Tabela 2.
Correlação entre os instrumentos considerando a faixa etária
Instrumentos Idade N B-SPG rastreio
DFH 6 82 r -0,29**
Columbia 37 r -0,28
DFH 7 76 r -0,50**
Columbia 26 r -0,24
DFH 8 71 r -0,30*
Columbia 23 r -0,55**
DFH 9 77 r -0,40**
Columbia 33 r -0,21
DFH 10 53 r -0,42**
Columbia 30 r -0,36*
DFH 6-10 359 r -0,53**
Columbia 6-10 149 r -0,34**
* p < 0,005; ** p < 0,001
Os resultados indicaram correlações estatisticamente significativas, negativas e de
magnitude que variou de fraca (r = -0,29) a moderada (r = -0,55). Primeiramente, ressalta que na
correção das figuras do Bender são pontuados apenas os erros, assim quanto maior a pontuação
pontua-se os acertos, sendo que quanto maior o escore final melhor é o desempenho nessas
tarefas. Essas considerações justificam as correlações terem indicado valor negativo, sugerindo
que menores erros de distorção na reprodução das figuras do B-SPG maior a tendência de as
em todas as idades apenas para o B-SPG e o DFH, pois a correlação entre a versão de rastreio do
Bender e o Columbia foi significativa apenas para a pontuação total no teste e para as crianças
instrumentos. Os resultados foram significativos (p < 0,001) indicando que as três figuras do
Bender são capazes de predizer 28% (R² ajustado = 0,284) do desempenho no DFH e 11% (R²
intelectual.
razão da idade na pontuação total da versão de rastreio do B-SPG. O resultado indicou diferenças
estatisticamente significativas entre e dentre os grupos [F (363, 978) = 34,46, p < 0,000]. A fim
de identificar quais faixas etárias se diferenciavam entre si, os dados foram submetidos à prova
post hoc por método de Tukey. Os grupos que se diferenciaram são apresentados na Tabela 3.
Tabela 3.
Prova de Tukey para a versão de rastreio do B-SPG em função da idade
Idade N Subgrupo para alfa =0,005
1 2 3
6 91 6,51
7 80 5,62
8 72 4,56
9 78 4,15
10 55 3,98
Sig. 0,186 1,000 1,000
De acordo com a Tabela 3, as idades formaram três subgrupos, sendo um grupo para a
idade de seis anos, outro para sete, e um para oito, nove e 10 anos. Embora as idades de oito,
nove e 10 anos não tenham se diferenciado, enfatiza-se que a média de pontuação na versão de
rastreio do B-SPG diminuiu gradualmente conforme o aumentou das idades, indicando uma
grupos, realizou-se novamente a mesma análise, cujo resultado também indicou diferenças
estatisticamente significativas entre e dentre os grupos [F (399, 941) = 39,38, p < 0,000]. Os
quinto anos se mantiveram agrupados. Assim como nos resultados obtidos em relação à idade,
ressalta-se que houve um decréscimo das médias na pontuação total da versão de rastreio do B-
SPG ao passo em que havia o progresso dos anos escolares. Por fim, buscou-se verificar se havia
idade. Para tal análise, recorreu-se ao teste t de Student e ao d de Cohen. Os resultados podem
Tabela 5.
Comparações das diferenças em razão do sexo no B-SPG
Idade Sexo N M DP T p d
6 meninas 41 6,66 1,43 1,14 0,256 0,24
meninos 40 6,32 1,38
7 meninas 36 5,63 1,58 0,07 0,943 0,12
meninos 44 5,61 1,55
8 meninas 42 4,45 1,82 -0,64 0,523 -0,15
meninos 30 4,73 1,83
9 meninas 34 3,64 1,68 -2,32 0,023 -0,53
meninos 44 4,54 1,70
10 meninas 28 3,89 1,57 -0,42 0,675 -0,11
meninos 27 4,07 1,61
6-10 meninas 19 5,04 1,99 -0,53 0,594 -0,05
meninos 1 5,14 1,78
18
5
desempenho entre os grupos de meninas e meninos. Os resultados indicaram que apenas para as
crianças de nove anos tanto do ponto de vista estatístico quanto do ponto de vista pratico os
grupos se diferem, sendo que os meninos tendem a cometer mais erros de distorção. Do ponto
de vista pratico o d de Cohen indicou que o grupo de crianças de seis anos apresentam diferenças
de magnitude fraca, no qual as meninas apresentam pouca diferença na reprodução das figuras
em relação aos meninos. Ainda foi possível observar que as meninas de oito e nove anos
apresentaram uma média menor de erros, enquanto que aos seis e sete anos foram os meninos