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AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO
Considerando o disposto na Resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP) nº 09/2018,
referente ao vencimento dos estudos normativos dos testes psicológicos com parecer favorável,
serão apresentados os novos estudos normativos para o Teste Não Verbal de Inteligência (TNVRI)
(Pasquali, 2005). Desse modo, as novas tabelas normativas constantes deste material devem ser
utilizadas como parâmetros de avaliação e interpretação dos resultados do teste nas avaliações
psicológicas para os mais diversos fins em que ele for utilizado. É importante ressaltar, ainda, que
as tabelas da edição anterior, aprovadas pelo CFP, não poderão mais ser utilizadas nas avaliações.
Com relação à atualização das tabelas normativas do TNVRI, os dados foram coletados no
ano de 2022, nas regiões Centro-oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul do Brasil. Tanto os respon-
sáveis quanto as crianças e adolescentes foram informados que a participação era voluntária
e haveria o resguardo do Termo de Consentimento apresentado antes de iniciar a pesquisa.
ORIENTAÇÕES GERAIS
O Teste Não Verbal de Inteligência (TNVRI) tem como objetivo avaliar o potencial intelectual
de crianças e adolescentes, com base no fator g. O teste é composto de 58 figuras de objetos
concretos e abstratos, distribuídos em dois fatores: Fator 1 (Raciocínio Analógico Abstrato),
constituído por 44 itens, e Fator 2 (Raciocínio Analógico Concreto), constituído por 13 itens.
A criança escolhe a opção correta, que então é registrada na folha apropriada. A correção
é realizada pelo total de acertos, pela avaliação quantitativa e qualitativa, considerando os
diferentes tipos de raciocínio exigidos para responder a cada item do teste. A atualização dos
estudos normativos foi realizada com participantes de diferentes regiões geopolíticas do Brasil.
Inicialmente, a amostra é detalhada, com a distribuição da frequência dos participantes
em relação ao sexo, escolaridade e faixa etária. Conforme se verá adiante, a decisão sobre
como agrupar as idades em faixas etárias foi tomada após diferentes análises de variância
que foram conduzidas para identificar quais grupos apresentavam maior diferenciação con-
siderando os resultados no teste. Em seguida, são apresentados os resultados das análises
estatísticas para verificar a existência de diferenças entre as médias para o Fator 1, o Fator 2
e para o Fator Geral do TNVRI em relação às faixas etárias dos participantes. Para tal, foram
calculadas as Análises de Variância (ANOVA) e os respectivos testes post hoc de Tukey, para
verificar entre quais grupos ocorreram as diferenças. Para todas as análises estatísticas foi
adotado o nível de significância de 0,05.
A precisão ou fidedignidade foi obtida por consistência interna por meio do cálculo dos
coeficientes alfa de Cronbach e lambda de Guttman por faixa etária e para a amostra total,
considerando o Fator 1, o Fator 2 e o Fator Geral do teste. Foi utilizado também o método
teste e reteste, que oferece “uma estimativa de confiabilidade obtida pela correlação de
pares de escores da mesma pessoa em duas administrações diferentes do mesmo teste”
(Cohen et al., 2014, p. 150). Após os resultados estatísticos, serão apresentadas as tabelas
de normas em percentil para a amostra total considerando a faixa etária dos participantes.
Para a escolha da tabela de normatização que será utilizada em suas avaliações, conforme
mencionado no Guia Prático de Submissão de Testes Psicológicos ao Satepsi (CFP, 2019), o
psicólogo deverá considerar cada caso específico de acordo com o “contexto da demanda e
as especificidades do examinando” (p. 17), devendo também estar atento às orientações da
Resolução CFP nº 09/2018 referentes à Justiça e Proteção dos Direitos Humanos na Avaliação
Psicológica (CFP, 2018). Especificamente em relação aos estudos normativos aqui apresenta-
dos, soma-se a estas orientações gerais a necessidade de se avaliar em cada caso específico a
descrição das amostras dos grupos apresentados para a adequada escolha entre as tabelas.
É importante lembrar que a escolha deve tomar por base o grupo normativo que mais se
aproxima das características da pessoa que está passando pelo processo de avaliação, que,
no caso, refere-se à faixa etária. Dessa forma, o psicólogo deve escolher a tabela normativa
que utilizará em sua avaliação de maneira criteriosa.
PARTICIPANTES
Participaram da pesquisa 819 crianças e adolescentes com idades entre 5 e 13 anos
(M = 9,11; DP = 1,95), sendo 47,6% do sexo masculino e 52,4% do sexo feminino. Em re-
lação ao tipo de escola, 270 (33%) estavam matriculados em escola privada, 516 (63%)
em escola pública e 33 (4,0%) não informaram.
A Tabela 1 apresenta a distribuição das frequências em relação aos anos de escolarida-
de e ao sexo dos participantes, enquanto a Figura 1 apresenta a distribuição por idade. As
aplicações ocorreram em estados das regiões Norte (6,7%), Nordeste (4,3%), Centro-Oeste
(17%), Sudeste (42,7%) e Sul (29,3%).
Tabela 1. Distribuição das frequências em relação ao sexo e à escolaridade para a amostra
total do TNVRI
Feminino Masculino Total
Escolaridade
N % N % N %
Pré-escola 15 3,5 13 3,3 28 3,4
1º ano 37 8,6 29 7,4 66 8,1
2º ano 41 9,6 53 13,6 94 11,5
3º ano 79 18,4 63 16,2 142 17,3
4º ano 76 17,7 68 17,4 144 17,6
5º ano 81 18,9 51 13,1 132 16,1
6º ano 61 14,2 67 17,2 128 15,6
7º ano 13 3,0 16 4,1 29 3,5
8º ano 13 3,0 10 2,6 23 2,8
Não informado 13 3,0 20 5,1 33 4,0
Total 429 100,0 390 100,0 819 100,0
Tabela 2. Distribuição das frequências em relação ao sexo e à faixa etária para a amostra
total do TNVRI
Feminino Masculino Total
Faixa etária
N % N % N %
1 5 anos e 0 meses a 7 anos e 0 meses 57 13,3 50 12,8 107 13,1
2 7 anos e 1 mês a 8 anos e 3 meses 54 12,6 55 14,1 109 13,3
3 8 anos e 4 meses a 9 anos e 4 meses 85 19,8 78 20 163 19,9
4 9 anos e 5 meses a 10 anos e 5 meses 88 20,5 69 17,7 157 19,2
5 10 anos e 6 meses a 11 anos e 6 meses 85 19,8 77 19,7 162 19,8
6 11 anos e 7 meses a 13 anos e 11 meses 60 14 61 15,6 121 14,8
PROCEDIMENTO
Os testes foram aplicados individual e coletivamente em diferentes regiões do país,
seguindo criteriosamente as orientações do manual aprovado pelo CFP (Pasquali, 2005). As
aplicações ocorreram em projetos sociais, clínicas e escolas. Para todas elas, foram apresen-
tados os termos de consentimento livre esclarecido assinados pelos responsáveis.
Após as aplicações, os testes foram corrigidos e os resultados tabulados para a reali-
zação dos tratamentos estatísticos, por meio do software SPSS V 22.0.
RESULTADOS
Em relação às diferenças de grupo, observa-se que o grupo etário 1 possui média esta-
tisticamente inferior a todos os grupos, exceto ao grupo 2, uma vez que, ainda que o valor
seja menor, a diferença não foi significativa. O grupo 2 tem média estatisticamente diferente
e menor do que os grupos 4, 5 e 6, sendo igual ao grupo 3. Já o grupo 3 é estatisticamente
diferente dos grupos 1, 4, 5 e 6. O grupo 4 tem média diferente de todos os grupos estudados.
Por fim, os grupos 5 e 6 diferenciaram-se de todos os outros grupos, mas não entre si. Pelos
resultados, percebe-se que a pontuação na escala geral possui adequada capacidade de
diferenciação dos grupos etários. Os resultados demonstraram que a média da pontuação
é menor nas crianças mais novas do que nas crianças mais velhas, como esperado. A maior
média está na faixa 6 (11 anos e 7 meses a 13 anos e 11 meses).
Pode-se verificar, pela Tabela 8, que os coeficientes para os grupos etários variaram entre
0,787 e 0,916 para o alfa Cronbach e entre 0,807 e 0,920 para o Guttman. Dessa forma, to-
dos os coeficientes foram adequados tanto para a amostra total quanto para os grupos em
relação à faixa-etária para o Fator 1, o Fator 2 e o Fator Geral do TNVRI, e estão dentro dos
limites aceitos pela Resolução nº 09/2018 do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2018), o
que representa uma evidência de fidedignidade para o teste.
Para o estudo do teste e reteste, a amostra foi formada por 137 crianças com idades entre 5
e 13 anos (M = 9,05; DP = 1,97), sendo que 75 (54,7%) eram meninas e 62 (45,3%), meninos. Em
relação ao tipo de escola, 34,3% pertenciam à rede particular e 65,7%, à rede pública. Quanto
ao ano escolar, este variou entre a pré-escola e o 8º ano. O teste foi aplicado duas vezes em
cada criança, com um intervalo que variou entre 7 e 30 dias entre as aplicações. Foram obtidos
os totais de pontos das aplicações e os resultados foram submetidos à correlação de Pearson.
A correlação entre as duas aplicações foi estatisticamente significativa (r = 0,758; p < 0,001) e
de grande magnitude (Cohen, 1988). Isso indica que as pontuações do fator são relativamente
estáveis no tempo, o que representa mais uma evidência de precisão do TNVRI.
NORMAS
As análises realizadas indicaram a necessidade de serem elaboradas tabelas de percentis,
separadas pelas faixas etárias dos participantes. As tabelas foram construídas considerando
a pontuação do Fator 1, Fator 2 e Fator Geral do TNVRI, e serão exibidas a seguir.
Tabela 10. Normas em percentis para o Fator 2 do TNVRI por faixa etária
Faixas etárias
Classificação Percentil
1 2 3 4 5 6
5 5 3 3 7 7 8
Muito inferior
10 7 5 5 10 11 -
15 8 8 10 - - 10
Inferior 20 - 9 - - 12 -
25 9 10 11 - - -
30 10 - - 12 - -
Médio inferior 35 - 11 - - - 12
40 11 - - - - -
45 - - 12 - - -
50 - - - - - -
Normal ou médio
55 12 12 - - - -
60 - - - - - -
65 - - - - - -
Médio superior 70 - - - - - -
75 - - - - - -
80 - - - - - -
Superior 85 - - - - - -
90 - - - - - -
95 - - - - - -
Muito superior
99 13 13 13 13 13 13
N 107 109 163 157 162 121
Média 11,01 10,83 11,22 12,14 12,33 12,07
DP 2,51 3,05 3,12 1,99 1,94 1,76
Nota: Faixa 1: 5 anos e 0 meses a 7 anos e 0 meses; Faixa 2: 7 anos e 1 mês a 8 anos e 3 meses; Faixa 3: 8 anos e 4 meses a 9 anos
e 4 meses; Faixa 4: 9 anos e 5 meses a 10 anos e 5 meses; Faixa 5: 10 anos e 6 meses a 11 anos e 6 meses; e Faixa 6: 11 anos e 7
meses a 13 anos e 11 meses.
Tabela 11. Normas em percentis para o Fator Geral do TNVRI por faixa etária
Faixas etárias
Classificação Percentil
1 2 3 4 5 6
5 16 13 13 18 24 27
Muito inferior
10 19 17 19 26 29 31
15 22 19 22 30 33 34
Inferior 20 24 21 25 31 34 36
25 25 23 26 32 36 37
30 26 26 28 33 37 38
Médio inferior 35 27 29 29 34 - 39
40 28 30 31 35 38 -
45 29 31 32 36 40 40
50 - 32 - 37 42 41
Normal ou médio
55 30 - 34 38 - 43
60 31 33 35 40 43 -
65 32 34 36 41 44 44
Médio superior 70 33 36 38 42 - 45
75 - 38 40 44 46 47
80 34 39 42 45 47 48
Superior 85 35 40 43 46 - 49
90 38 42 44 47 49 50
95 40 44 46 49 52 51
Muito superior
99 46 49 52 52 53 54
N 107 109 163 157 162 121
Média 29,06 30,39 32,26 36,89 40,14 41,06
DP 6,99 9,30 10,10 8,74 8,34 6,93
Nota: Faixa 1: 5 anos e 0 meses a 7 anos e 0 meses; Faixa 2: 7 anos e 1 mês a 8 anos e 3 meses; Faixa 3: 8 anos e 4 meses a 9 anos
e 4 meses; Faixa 4: 9 anos e 5 meses a 10 anos e 5 meses; Faixa 5: 10 anos e 6 meses a 11 anos e 6 meses; e Faixa 6: 11 anos e 7
meses a 13 anos e 11 meses.
REFERÊNCIAS
Cohen, J. (1988). Statistical power analysis for the behavioral sciences (2ª ed.): Lawrence Erlbaum Associates.
Cohen, R. J., Swerdlik, M. E., & Sturman, E. D. (2014). Testagem e avaliação psicológica: introdução a testes e
medidas (8ª ed.). AMGH Editora.
Conselho Federal de Psicologia. (2018). Resolução CFP nº 09/2018. Estabelece as diretrizes para a realização
de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema
de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI e revoga as Resoluções nº 002/2003, nº 006/2004 e nº
005/2012 e Notas Técnicas nº 01/2017 e 02/2017. https://satepsi.cfp.org.br/docs/ResolucaoCFP009-18.
pdf
Conselho Federal de Psicologia. (2019). Guia Prático de Submissão de Testes Psicológicos ao Satepsi. https://
satepsi.cfp.org.br/docs/1560883410_GuiaSatepsi.pdf
Pasquali, L. (2005). TNVRI: manual técnico e de aplicação. Vetor Editora.