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Português - 8º ano

Avaliação formativa
Elvira Zanatti 2019/2020

LEITURA

Lê o texto. Se necessário, consulta as notas de vocabulário.

Vida de marinheiro – Aspetos do dia a dia


O navio é, por muito tempo, a casa do marinheiro, o seu abrigo e o meio através do qual
ele chega aos lugares mais distantes. Mas é má casa, pior albergaria 1 e péssimo viajante para
quem a ele não está acostumado. Quem nele tem necessidade de viajar, seja para fazer
comércio, para ir à guerra ou para emigrar, sofre desconfortos e provações a que nem sempre
5 resiste.
A já de si dura vida a bordo complicava-se nas viagens oceânicas, vulgares a partir do
século XVI, onde se passavam largas jornadas no mar sem sequer vislumbrar 2 terra. A
alimentação era má e insuficente, as roupas estavam permanentemente húmidas, as doenças
e as maleitas3 eram vulgares e perigosas. A relativa fragilidade das embarcações tornava-as
10 extremamente vulneráveis perante a fúria dos elementos. Era vital o bom funcionamento dos
mecanismos de solidariedade profissional4. Todos tinham tarefas bem definidas a cumprir.
Mestres, pilotos marinheiros “bordaleses” (os que servem nos bordos) e marinheiros da
“avantagem” (os que servem à proa) deveriam funcionar em bloco para “levar a nau a bom
porto”. Bombear a água infiltrada, fazer a limpeza da nave, cuidar de cordas e velas e
15 manobrar o navio contavam-se entre as suas obrigações.
Já se disse que a comida era má. Equipagem 5 e passageiros, estes à sua custa,
alimentavam-
-se sobretudo de biscoitos, carne e peixe salgados, vinho e água. Algumas conservas,
marmelada e compotas melhoravam significativamente a dieta, mas eram muito raras. O
20 calor, a humidade, o imperfeito acondicionamento e a demora da jornada provocavam a
deterioração dos géneros tantas vezes devorados e contaminados pelos ratos e bicharada. As
condições de higiene eram precárias; as roupas, de fraca qualidade, húmidas e quase nunca
despidas, proporcionavam o campo ideal para o desenvolvimento de parasitas, de infeções e
de doenças tantas vezes fatais. O estado sanitário dos tripulantes podia agravar-se com as
25 escalas em zonas tropicais, com a ingestão de águas estagnadas e a picada de inúmeros
insetos.
O alojamento era deficiente. E não era só o desconforto que preocupava; muitas vezes
esse espaço era partilhado com gente de quem se podia desconfiar, gente a contas com a lei,
a caminho do degredo. Apenas o mestre ou o capitão e alguns passageiros especiais possuíam
30 cabines individuais, as câmaras, à popa6.
Nestes termos, era difícil manter o moral e a disciplina. O descontentamento e a
desobediência agravavam-se principlamente nas alturas em que os elementos 7 ameaçavam o
navio. Eram momentos de grande incerteza e ocasiões para pôr à prova o ânimo dos
embarcados. Nessas alturas, mais do que nunca, o mareante recorria à fé e à oração.
Amândio Jorge Morais Barros, “Vida de marinheiro. Aspetos do quotidiano das gentes do mar nos séculos XV e XVI”
in Estudos em Homenagem a Luís António Oliveira Ramos. FLUP, 2004, pp. 249-263 (com supressões).
VOCABULÁRIO:
1
hospedaria: casa onde alguém se hospeda.
2
vislumbrar: ver de forma imperfeita.
3
maleita: mal-estar ou doença sem gravidade.
4
solidariedade profissional: refere-se às obrigações e deveres que os marinheiros deveriam cumprir de forma
solidária e equilibrada.
5
equipagem: tripulação do navio.
6
popa: parte traseira de um navio.
7
elementos: neste contexto refere-se a todas as forças da natureza que podiam ameaçar a embarcação: ventos,
tempestades, ondas…
1. Para cada item, escolhe a opção que completa corretamente as afirmações que se seguem,
de acordo com o texto.

1.1. No primeiro parágrafo, afirma-se que as dificuldades associadas a uma viagem


marítima passam

(A) pela ameaça das situações aflitivas ao conforto da tripulação.


(B) pela ausência de comodidades e pelas situações difíceis vividas.
(C) pelas situações causadoras de sofrimento e pelos perigos de guerra.
(D) pela inexistência de locais de comércio e pela falta de conforto.

1.2. A alimentação dos marinheiros e passageiros era composta sobretudo por

(A) peixe que era pescado, carnes salgadas, água e vinho.


(B) vinho e água, biscoitos, carne e peixe salgados.
(C) marmelada, vinho e água, carne e peixe salgados.
(D) peixe, compotas, carne, vinho e água.

1.3. A partir da descrição feita, podemos afirmar que, em geral, as condições de higiene
dos navios eram

(A) insatisfatórias e perigosas.


(B) reduzidas e desmedidas.
(C) diversificadas mas fatais.
(D) insuficientes mas inofensivas.

2. Expressão Escrita: sublinha no texto um pequeno excerto( +- 5 linhas) que descreva uma
situação semelhante ao contexto da atualidade mundial. Justifica a tua opção, estabelecendo
a relação entre , pelo menos, três aspetos semelhantes.
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