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ESCOLA SECUNDÁRIA DE MIRAFLORES

PORTUGUÊS
Teste de Leitura, Educação Literária e Gramática | 9.º ano
LEITURA
Lê o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

CARREIRA DA ÍNDIA – OS NAUFRÁGIOS

Perante tantos naufrágios e tantas mortes na carreira da Índia, apetece interrogarmo-nos


sobre se valeria a pena continuar a correr riscos tão grandes, e quais deveriam ser os ganhos que Portugal
obtinha nesse comércio, para compensar os armadores dos perigos inerentes à sua atividade e dos
prejuízos causados pelos naufrágios.
A resposta é-nos fornecida mais uma vez por Messer Lunardo de Ca’Masser. Do relatório
que envia à República Véneta extraímos a envergadura dos ganhos obtidos com as viagens efetuadas pelo
caminho das especiarias. Não obstante esta viagem ser muito perigosa e se sofrer grandemente da falta de
mantimentos, e outros sinistros, como se entende, e por muitos tenha sido referido (…), admitindo que se
perdesse metade de uma frota, não se evitaria por isso em prosseguir essa viagem, porque salvando-se a
menor parte de uma frota, se recupera o dano perdido, e se fica com grande ganho. (…). Perante a
perspetiva de lucros tão abundantes, nenhum perigo, nenhuma incerteza, nenhum sentido de prudência
podiam ser capazes de pôr um freio1 à avidez dos governantes e às ambições dos mercadores e dos
marinheiros. (…).
Será precisamente a cobiça e o consequente descuido das mais elementares regras da
marinharia2 a provocar os naufrágios. O ponto crítico da rota para a Índia era constituído pelo dobrar do
cabo da Boa Esperança, sobretudo durante a viagem de volta, ou seja, quando os navios, excessivamente
carregados para além de todos os limites de segurança, não estavam em condições de enfrentar as fúrias
do mar em tempestade. Foi, de facto, na costa do Natal, onde as embarcações eram repelidas pelos ventos
do cabo, que se verificou grande parte dos naufrágios de que nos chegou testemunho através dos relatos
contemporâneos.
Lanciani, Giulia, Sucessos e naufrágios das naus portuguesas, Lisboa, Caminho, 1997

Vocabulário
1 freio – travão
2 marinharia – arte de navegar

1. A autora apresenta no início do texto determinadas perguntas.

1.1 Explicita-as e justifica-as.

2. O embaixador de Veneza em Portugal dá uma resposta a essas perguntas. Indica-a, referindo


obrigatoriamente o argumento que ele apresenta nessa resposta.

3. Explica a relação entre a «avidez» e as «ambições» referidas no texto (linhas 13 e 14) e a ocorrência
frequente de naufrágios na região «do Natal», linha 20.

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