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Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Análise Matemática 2

Rui Gonçalves1 Luís Vieira 1

1 Departamento de Engenharia Civil


Universidade do Porto

Rui Gonçalves Análise Matemática 2


Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Outline

1 Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Rui Gonçalves Análise Matemática 2


Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Resumo

a) Superfície parametrizável regular S = r (D).


b) Exemplos de parametrizações regulares(Superfície
parabólica, superfície cílindrica,gráfico de uma função).
c) Vetor tangente a uma superfície parametrizável regular no
ponto P da superfície.
d) Curvas coordenadas de uma superfície parametrizável
regular que passam num ponto P.
e) Plano tangente a uma superfície parametrizável regular
num ponto P = r (u0 , v0 ) de S. Equação vetorial:
∂r ∂r
(x, y, z) = r (u0 , v0 ) + λ ∂u (u0 , v0 ) + β ∂v (u0 , v0 ), λ, β ∈
R.Equação cartesiana:
∂r ∂r
((x, y, z) − r (u0 , v0 )) | ∂u (u0 , v0 ) × ∂v (u0 , v0 ) = 0.

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Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Continuação
Continuando o resumo, vem
f) Reta normal a uma superfície parametrizável regular num
ponto P = r (u0 , v0 ). Equação vetorial
∂r ∂r
(x, y, z) = r (u0 , v0 ) + λ (u0 , v0 ) × (u0 , v0 ), λ ∈ R.
∂u ∂v

g) Área de uma superfície parametrizável.


∂r ∂r
ZZ ZZ
área(S) = 1dS = || (u, v) × (u, v)||dudv.
S D ∂u ∂v

h) Integral de uma função escalar ao longo de uma superfície


parametrizável regular
∂r ∂r
ZZ ZZ
fdS = f (r (u, v))|| (u, v) × (u, v)||dudv
S D ∂u ∂v
.
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Continuação

l) Superfície orientável. S = {(x, y, z) ∈ R3 : f (x, y, z) = 0} é


orientável, quando f é de classe C 1 e
∇f (x, y, z) 6= (0, 0, 0), ∀(x, y, z) ∈ S, porque
∇f (x,y ,z)
N : (x, y, z) → ||∇f (x,y ,z)|| é uma aplicação contínua .
m) Toda a superficie parametrizável regular é orientável
S = Im(r ) Porque a aplicação que a P = r (u, v) associa
∂r ∂r
(u,v )× ∂v (u,v )
N(P) = ∂u
∂r ∂r
|| ∂u (u,v )× ∂v (u,v )||
é uma aplicação contínua de S
em R3 .
∂r ∂r
Nota: Muitas vezes escreve-se Tu = ∂u e Tv = ∂v .

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Continuação

n) Integral de um campo ao longo de uma superfície


parametrizável regular orientável S = Im(r ).
 
∂r ∂r
ZZ ZZ
F · dS = F · ± (u, v) × (u, v) dudv
S D ∂u ∂v

O sinal ± é escolhido conforme a orientação da superfície


S.
o) Superficie parametrizável regular (orientável)por bocados
S = ∪ni=1 Si , área(Si ∩ Sj ) = 0 e cada Si é uma superfície
parametrizável regular orientada , Si = r (Ui ), Ui é aberto
conexo com interior diferente do vazio.
p) Lembrem-se do cubo.

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Continuação

q) Área e integral de função escalar e de um campo ao longo


de uma superfície parametrizável regular orientável por
bocados. S = ∪ni=1 Si tal que a área(Si ∩ Sj ) = 0 então:
Pn
i) área(S) =P i=1RRarea(Si )
RR n
ii) S fdS = i=1 Si fdS
RR Pn RR
iii) S F · dS = i=1 Si F · dS.
r) Divergência de um campo vetorial. Define-se divergência
~ =
~ ·F
de um campo F = (F1 , F2 , F3 ) , divergência(F ) = ∇
∂F1 ∂F2 ∂F3
∂x (x, y, z) + ∂y (x, y, z) + ∂z (x, y, z).

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Teorema de Gauss

então,
Teorema de Gauss
Seja S uma superfície fechada simétrica parametrizável regular
orientável segundo a normal exterior (... por bocados), que é
fronteira de uma região W orientada com a normal exterior.
Seja F : R3 → R3 um campo de classe C 1 em R3 .

ZZ ZZZ
F · dS = divFdzdydx
S W
fechada

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Exemplo

Example
Considere o campo F (x, y, z) = (x, y, xy) onde S é o tetraedo
com os lados x = 0, z = 0, y + z = 1RRe x = y orientado
segundo a normal exterior. Calcule S F · dS .
Logo
RR pelo teorema
RRR de Gauss, tem-se
S F · dS = W div(F )dzdydx. Logo
div(x, y, xy) = 1 + 1 + 0 = 2. Assim,
R 1 R 1 R 1−y −x
2dzdydx = 13 .
RR
S F · dS = 0 x 0

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Teorema de Stokes
Teorema de Stokes
Seja F : R3 → R3 um campo de classe C 1 em R3 e seja C o
bordo de uma superfície parametrizável regular orientável S,
orientado com a orientação induzida pela orientação da
Superfície S. ZZ Z
rotF · dS = F · ds
S C

Rotacional de um campo
Define-se o rotacional de um campo F como sendo

~i ~j ~k
−−→ ~ ~ = ∂ ∂ ∂
rotF = ∇ × F ∂x ∂y ∂z
F1 F2 F3

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Exemplo do Teorema Stokes:

Example
~ · ds
R
Considere o campo F (x, y, z) = (x, y, z). Calcule C F
onde C é a curva de interseção da superfície esférica
x 2 + y 2 + z 2 = 1 e x + z = 1, onde C é percorrida, de tal modo
que a sua projeção no plano Oxy é percorrida no sentido
direto. Considere a superfície S tal que
S = {(x, y, z) ∈ R3 : x 2 + y 2 + z 2 = 1 ∧ x + z ≥ 1}. A
orientação estabelecida em S é de tal modo que induz a
orientação
R deRR C. Tem-se, como RR rot(F ) = (0, 0, 0) então
C F · dS = S rot(F ) · dS = S (0, 0, 0) · dS = 0

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FIM DO RESUMO

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Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Definição de superficie parametrizável

Definição
Diz-se que um conjunto S de R3 é uma superfície
parametrizável se e só se
i) existir um conjunto U ⊂ R2 conexo com interior diferente
do vazio.
ii) existir uma aplicação r de U em R3 tal que
a) S = r (U)
b) r é injectiva em U;
c) r é contínua em U;
d) r −1 é uma aplicação contínua em S.
.
A aplicação r diz-se uma parametrização de S.

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Mas...

Mas
Mas quando dizemos seja S uma superfície parametrizável
parametrizada por r pressupomos que r tem as propriedades
enunciadas no acetato anterior.

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Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Definição de superfície parametrizável regular

Definição
Seja S uma superfície parametrizável. S é uma superfície
parametrizável regular se e só se existir uma aplicação r
definida num conjunto conexo U com interior diferente do vazio
tal que S = r (U) e tal que
i) A aplicação r é injectiva e de classe C 1 em U
ii) A aplicação r −1 é contínua em S;
∂r ∂r
iii) ∂u (u0 , v0 ) × ∂v (u0 , v0 ) 6= (0, 0, 0), ∀(u0 , v0 ) ∈ U.

Uma parametrização de uma superfície parametrizável regular


S que verifica as propriedades i) − iii) diz-se uma
parametrização regular de S.

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O gráfico de uma função f é uma superfície


parametrizável regular se ..

Teorema
Seja f uma função escalar de classe C 1 de Df ⊂ R3 em R tal
que Df é um conexo com interior diferente do vazio. Então
Graf(f ) é uma superfície parametrizável regular e
r (x, y) = (x, y, f (x, y)), (x, y) ∈ Df é uma parametrização
regular de Graf(f ). Notem que
∂r ∂r ∂f ∂f
∂x (x, y) × ∂y (x, y) = (− ∂x (x, y), − ∂y (x, y), 1) 6= (0, 0, 0).

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Parametrizar é

Parametrizar uma superfície S é descrever a superfície à


custa só de dois parâmetros.
Exemplo: Parametrizar o gráfico de uma função de D ⊂ R2
em R é exprimir o vector posição r à custa só de dois
parâmetros. Assim uma parametrização é:
r (x, y) = (x, y, f (x, y)), (x, y) ∈ D (x e y chamamos
parâmetros de r ).
Uma superfície S parametrizável e regular não tem
arestas ou bicos pelo que está sempre definido o plano
tangente em qualquer ponto de S.

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Exemplos de parametrizações

i) Parametrização da esfera de raio R.


r (θ, φ) = (R sin(φ) cos(θ), R sin(φ) sin(θ).R cos(φ)), D =
{(θ, φ) ∈ R2 : 0 ≤ θ < 2π ∧ 0 ≤ φ ≤ π}.
ii) Parametrização de uma superfície cilíndrica dada pela
equação x 2 + y 2 = R 2 tal que 0 ≤ z ≤ 1.
r (θ, z) = (R cos(θ), R sin(θ), z), D = {(θ, z) ∈ R2 : 0 ≤ θ <
2π ∧ 0 ≤ z ≤ 1}
iii) Parametrização
p de uma superfície cónica
2 2
z = x + y ∧ 1 ≤ z ≤ 2.
p(θ, r ) = (r cos(θ), r sin(θ), r ), D = {(θ, r ) ∈ R2 : θ ∈
[0, 2π[∧1 ≤ r ≤ 2}.

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i) Parametrização de outras superfícies que são gráficos de


funções z = f (x, y), (x, y) ∈ D. Método:

i) Considere-se a parametrização
s(x , y ) = (x , y , f (x , y )), (x , y ) ∈ D

ii) Descreve-se D em coordenadas polares. Obtemos assim


D1 e a parametrização, ss(θ, r ) = s(r cos(θ), r sin(θ)) =
(r cos(θ), r sin(θ), f (r cos(θ), r sin(θ)). (θ, r ) ∈ D1 .

Exemplo
Parametrize a superficie z = x 2 + y 2 tal que x 2 + y 2 ≤ 1.

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Outros exemplos

Exemplo
Parametrize a superfície y = x 2 + z 2 tal que x 2 + z 2 ≤ 4.

Exemplo
p
Parametrize a superfície x = y 2 + z 2 tal que y 2 + z 2 ≤ 1.

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Superfície parametrizável regular por bocados

Definição
Dizemos que S é uma superfície parametrizável regular por
bocados se S = ∪ni=1 Si em que cada Si , i = 1, ..., n é uma
superfície parametrizável regular e além disso a área de Si ∩ Sj
é nula para i 6= j.

Daqui em diante para efeitos de integração vamos


considerar apenas superfícies que são reuniões de
superfícies regulares, ou seja, parametrizáveis regulares
por bocados.

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Vetor tangente a uma superfície num ponto

Definição
Diz-se que um vetor v é tangente a uma superfície S num
ponto P ∈ S se existir um a > 0 e uma curva C ⊂ S
parametrizada r :] − a, a[→ C tal que r (0) = P e r ′ (0) = v.

Como construir um plano tangente a uma superfície num


ponto? Precisamos de dois vetores tangentes a S em P que
sejam linearmente independentes.

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Definição de curvas coordenadas de uma superfície


parametrizável regular

Sejam S uma superfície parametrizável regular ,


r : U =]a, b[×]c, d [→ S uma parametrização regular de S, e
(u0 , v0 ) ∈ U.
Definição
Chama-se curva coordenada u de S no ponto r (u0 , v0 ) à
curva descrita na superfície S pelo vetor posição r (u, v0 )
quando u varia de a para b. Chama-se curva coordenada v
de S no ponto r (u0 , v0 ) à curva descrita pelo vetor posição
r (u0 , v) quando o v varia de c a d .

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Motivação

v P0 = (u0 , v0 )

v0

O u0 u

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Plano tangente
z

Cv : (x, y, z) = r (u0 , v), v ∈ [c, d ]


∂r
O Tv = ∂v (u0 , v0 )
N(u0 , v0 ) =
∂r ∂r
∂u (u0 , v0 ) × ∂v (u0 , v0 )
∂r
∂u (u0 , v0 ) r (P0 )
x
Cu : (x, y, z)
= r (u, v0 ),
∂r u ∈ [a, b]
∂v (u0 , v0 )
Tuy = ∂u
∂r
(u0 , v0 )

Figure: Vectores directores do plano tangente em r (P0 ) a S

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Curvas coordenadas num cilindro

2 t

1
x
2
−2
2
y −2

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Plano tangente a uma superfície S num ponto r (u0 , v0)

Definição
As equações paramétricas do plano tangente à superfície S
no ponto r (u0 , v0 ) são,

∂r ∂r
(x, y, z) = r (u0 , v0 ) + λ (u0 , v0 ) + β (u0 , v0 ), λ, β ∈ R
∂u ∂v

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Equação do plano tangente a uma superfície


parametrizável regular S num ponto r (u0 , v0)
Equação vetorial do plano tangente
Considere-se
∂r ∂r
Tu (u0 , v0 ) = (u0 , v0 ), Tv (u0 , v0 ) = (u0 , v0 ).
∂u ∂v
A equação vetorial do plano tangente à superfície
parametrizável regular S no ponto r (u0 , v0 ) é
(x, y, z) = r (u0 , v0 ) + λTu (u0 , v0 ) + βTv (u0 , v0 ), λ, β ∈ R

Equação cartesiana do plano tangente


~n = ∂r ∂r
∂u (u0 , v0 ) × ∂u (u0 , v0 ) escrevemos,

((x, y, z) − r (u0 , v0 )) |~n = ~0

. Rui Gonçalves Análise Matemática 2


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Recta normal à superfície S no ponto r (u0 , v0 )

Definição
A equação vetorial da reta normal à superfície S no ponto
r (u0 , v0 ) é

∂r ∂r
(x, y, z) = r (u0 , v0 ) + λ (u0 , v0 ) × (u0 , v0 )
∂u ∂v
,λ∈R

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Exemplo
Considere a superfície S definida pela parametrização
r (x, y) = (x, y, x 2 + y 2 ), D = {(x, y) ∈ R2 : x 2 + y 2 ≤ 1}.
Determine a recta normal a S no ponto r (1, 1) = (1, 1, 2) de S.

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Motivação

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Curvas na superfície

x
y

Figure: Partição na superfície.

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Elemento area

r (u, v)
Tu △u
Tv △v
r (u + △u, v)
O

r (u, v + △v)
r (u + △u, v + △v)

Figure: u ← ui e v ← vj

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Note-se que

r (u+△u,v )−r (u,v )


r (u + △u, v) − r (u, v) = △u △u
∂r
≈ ∂u (u, v)△u
r (u,v +△v )−r (u,v )
r (u, v + △v) − r (u, v) = △v △v
∂r
≈ ∂v (u, v)△v

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Motivação
v

(u + △u, v) (u, v)

(u + △u, v + △v)
(u, v + △v)

O u

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Assim
b−a d−c
Tem-se ui = a + n i e vj = c + n j
n
X
area(S) = lim area(Sij )
n→+∞
i,j=1

n
X
= lim area(r (Sij′ ))
n→+∞
i,j=1
n
X
= lim ||ru (ui , vj )△u × rv (ui , vj )△v||
n→+∞
i,j=1
n
X
= lim ||ru (ui , vj ) × rv (ui , vj )||△u△v
n→+∞
i,j=1
ZZ
= ||ru × rv ||dvdu
D

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Definição de área de uma superfície parametrizável


regular

área de uma superfície parametrizável regular


Sejam S uma superfície parametrizável por r : D → R3 e r uma
parametrização regular de S tal que
r (u, v) = (x(u, v), y(u, v), z(u, v)). Definimos a área de S,
como sendo o número real A(S) definido por ,

∂r ∂r
ZZ
A(S) = × dudv.
D ∂u ∂v

Se S for uma união de n superfícies tais que a interseção de


superfícies Si com Sj para i 6= j é uma superfície com área
nula, então a área de S é a soma das áreas Si , i = 1, ·, n.

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Problema

Considere a superfície
S = {(x, y, z) ∈ R3 : x 2 + y 2 = 1 ∧ 0 ≤ z ≤ 1}. Mostre que a
área de S é 2π utilizando integrais de superfície .

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Definição de integral de uma função escalar ao longo


de uma superfície

Definição
Sejam S uma superfície parametrizável regular, r uma
parametrização regular de S tal que S = r (D) e f uma função
de R3 em R tal que f é contínua num aberto
RR contendo S. Então
define-se o integral de f ao longo de S, S fdS através da
igualdade: ZZ
fdS
S

∂r ∂r
ZZ
= f (r (u, v)) (u, v) × (u, v) dudv.
D ∂u ∂v

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Definição de integral de uma função escalar ao longo


de uma superfície

Mas se
S = ∪ni=1 Si tal que àrea de Si ∩ Sj é zero para i 6= j então
ZZ n ZZ
X
fdS = fdS
S i=1 Si

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Problema

Considere a superfície S tal que


S = {(x, y, z) ∈ R3 : z = x ∧ 0 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ 1}. E
considere a função escalar f tal que f (x, y, z) = x. Mostre que
ZZ √
2
fdS =
S 2

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Problema
Considere a superfície p
S = {(x, y, z) ∈ R3 : z = x 2 + y 2 ∧ x 2 + y 2 ≤ 1}. Mostre que
ZZ
xdS = 0.
S

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Notem que uma parametrização de S é


q
r (x, y) = (x, y, x 2 + y 2 ), (x, y) ∈ D

onde
D = {(x, y) ∈ R2 : x 2 + y 2 ≤ 1}.
Então podemos considerar como boa parametrização para
S, r1 (θ, r ) = (r cos(θ), r sin(θ), r ), onde
D1 = {(r , θ) ∈ R2 : 0 ≤ θ ≤ 2π ∧ 0 ≤ r ≤ 1}

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Assim

∂r1
(θ, r ) = (−r sin(θ), r cos(θ), 0)
∂θ
∂r1
(θ, r ) = (cos(θ), sin(θ), 1)
∂r
Donde
∂r1 ∂r
(θ, r ) × 1 (θ, r ) = (r cos(θ), r sin(θ), −r )
∂θ ∂r

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Logo

∂r1 ∂r
ZZ ZZ
xdS = r cos(θ)|| (r , θ) × 1 (r , θ)||drd θ
S D1 ∂θ ∂r
ZZ Z 2π Z 1
xdS = r cos(θ)||(r cos(θ), r sin(θ), −r )||drd θ
S 0 0
ZZ Z 2π Z 1 q
xdS = r cos(θ) r 2 cos2 (θ) + r 2 sin2 (θ) + r 2 drd θ =
S 0 0
Z 2π Z 1√ Z 1 Z 2π √
= 2r 2 cos(θ)drd θ = 2r 2 cos(θ)d θdr
0 0 0 0
Z 1√ Z 1√
= 2r 2 [sin(θ)]2π
0 dr = 20dr = 0
0 0

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Orientação de uma superfície parametrizável regular

Definição:
Seja S uma superfície parametrizável regular. S diz-se
orientável se existir uma aplicação contínua que associa a
cada ponto P de S um vetor normal unitário n(P).

Definição
Uma superfície orientável é uma superfície com dois lados
sendo um o exterior ou positivo e o outro interior ou negativo.
Em cada ponto (x, y, z) ∈ S existem dois vetores normais n1 e
n2 onde n1 = −n2 . Cada um deles está associado a um lado
da superfície. Assim, para especificar um lado de S em cada
ponto escolhemos o vetor normal n que aponta para o lado
positivo.

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Seja Φ : D → R3 uma parametrização de uma superfície


orientável S e suponha que S é regular em Φ(u0 , v0 ), isto é,
está definido um vetor normal (Tu0 × Tv0 )/kTu0 × Tv0 k. Se
n(Φ(u0 , v0 )) é um vetor normal unitário então
(Tu0 × Tv0 )/kTu0 × Tv0 k = ±n(Φ(u0 , v0 )). A definição de
superfície orientável assume que a nossa superfície tem 2
lados. Mas há superfícies com um lado apenas. Como por
exemplo a faixa de Möbius.

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Toda a superfície parametrizável regular é orientável

Teorema
Toda a superfície parametrizável regular é orientável.

Pois
Sejam S uma superfície parametrizável regular parametrizada
por r : D → S que a cada (u, v) associa r (u, v). A aplicação n
que a cada ponto P = r (u, v) de S associa o vetor normal
∂r ∂r
× ∂v
n(P) = ∂u
∂r é uma aplicação contínua em S. E portanto a
∂r
k ∂uk× ∂v
superfície S é orientável. A aplicação n estabelece uma
orientação em S e −n estabelece uma nova orientação em S.

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Convenções

Numa superfície orientável existem sempre 2 orientações,


em geral, vamos chamar uma positiva e uma negativa.
Nas superfícies fechadas vamos considerar a orientação
em que o vetor normal aponta para o exterior como sendo
a orientação positiva.
Nos outros casos de superfícies orientáveis
estabelecemos o sentido positivo dizendo explicitamente
qual é.
Por exemplo, a orientação positiva de um plano é aquela
em que o vetor normal apresenta sempre a terceira
componente positiva.

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Superfície de Mobius

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Regra de cálculo do integral de um campo ao longo


de uma superfície parametrizável regular

Sejam S uma superfície parametrizável regular parametrizada


por r : D → R3 tal que r (u, v) = (x(u, v), y(u, v), z(u, v )),
orientada de tal modo que em P = r (u, v) a normal a S é
∂r ∂r
N(u, v) = ∂u (u, v) × ∂v (u, v) e F um campo vetorial de R3 em
3 1
RR contínuo num aberto contendo S. Então define-se
R
S F · dS através da igualdade,
 
∂r ∂r
ZZ ZZ
F · dS = F (r (u, v)) · × dudv.
S D ∂u ∂v

1 ∂r ∂r ∂r ∂r
n(r (u, v )) = ∂u
(u, v ) × ∂v
(u, v )/ ∂u
(u, v ) × ∂v (u, v ) .
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Problema
Considere a superfície
S = {(x, y, z)) ∈ R3 : z = x 2 + y 2 ∧ x 2 + y 2 ≤ 1}. Considere o
campo F (x, y, z) = (x, y, 0). Considere que a superfície S está
orientada de modo que a normal a um ponto da superfície tem
a componente em z posítiva.
Mostre que ZZ
F · dS = −π.
S

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Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Resolução:

A função,

ϕ(x, y) = (x, y, x 2 +y 2 ), ∀(x, y) ∈ D = {(x, y) ∈ R2 : x 2 +y 2 ≤ 1}

é uma parametrização da superfície. Agora, note-se que como


a projeção da superfície no plano é um círculo de raio 1. É boa
ideia escrever o vetor posição r1 da superfície à custa das
coordenadas (θ, r ) polares. Assim

r1 (θ, r ) = (r cos(θ), r sin(θ), r 2 ), ∀(θ, r ) ∈ D

onde
D = {(θ, r ) ∈ R2 : 0 ≤ r ≤ 1 ∧ 0 ≤ θ ≤ 2π}.

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Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Continuando
∂r1 ∂r1
Calculemos agora os vetores ∂θ (θ, r ) e ∂r (θ, r ). Assim

∂r1
(θ, r ) = (−r sin(θ), r cos(θ), 0).
∂θ
∂r1
(θ, r ) = (cos(θ), sin(θ), 2r ).
∂r
Logo
~1
∂r ~
∂r
(θ, r ) × 1 (θ, r ) =
∂θ ∂r
~i ~j ~k
= −r sin(θ) r cos(θ) 0
cos(θ) sin(θ) 2r

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Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Donde...

∂r1 ∂r1
N1 (θ, r ) = − (θ, r ) × (θ, r ) = (−2r 2 cos(θ), −2r 2 sin(θ), r )
∂θ ∂r
Como F (x, y, z) = (x, y, 0) então
ZZ ZZ
(x, y, 0).dS = F (r1 (θ, r )|N1 (θ, r )drd θ.
S D1
ZZ
= (r cos(θ), r sin(θ), 0)|(−2r 2 cos(θ), −2r 2 sin(θ), r )drd θ.
D1
Z 2π Z 1
=− 2r 3 drd θ.
0 0
 2π
1
= −2 θ = −π.
4 0

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Problema

Mostre que ZZ
F · dS = 0
S

onde S = {(x, y, z) ∈ R3 : x 2 + y 2 + z 2 = 1} está orientada


segundo a normal exterior e F (x, y, z) = (x, z, −z).

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Mas se S = ∪ni=1 Si

Suponhamos que S é uma união de superfícies


parametrizáveis Si de i = 1, · · · , n tais que a área(Si ∪ S2 ) é
nula e que em cada superfície Si está estabelecida orientação
em cada uma delas e que a orientação na superfície S é a
induzida por essas orientações de modo que o vector normal
fique sempre do mesmo lado da superfície S, exceto
possivelmente nas linhas de interseção de Si com Sj . Então
define-se ZZ X n ZZ
F · dS = F · dS
S i=1 Si

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Continua

A superfície S pode ser uma superfície que é regular por


bocados.

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Divergência de um campo

Definição
Seja F : R3 → R3 de classe C 1 tal que
F (x, y, z) = (F1 (x, y, z), F2 (x, y, z), F3 (x, y, z)). Então
define-se divergência de F como sendo o número real
divF (x, y, z) tal que

∂F1 ∂F2 ∂F3


div(F)(x, y, z) = + + .
∂x ∂y ∂z

Um campo F tal que a divergência de F é a função nula diz-se


um incompressível.

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Exemplo

A divergência do campo F : R3 → R3 onde


F (x, y, z) = (x 2 , z, xyz) é o campo escalar
∂ ∂ ∂
div(F ) = ∂x (x 2 ) + ∂y (z) + ∂z (xyz) = 2x + xy.

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Teorema de Gauss

Teorema
Sejam T um sólido do espaço limitado por uma superfície S
fechada simétrica, orientada segundo a normal exterior a S e
F : R3 → R3 um campo de classe C 1 num aberto w que
contém T . Então tem-se
ZZ ZZZ
F · dS = (divF )dzdydx
S T
.

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Exemplo 1

RR
Calcule S (x, −y, 0) · dS onde S é a superfície esférica de raio
1.

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Exemplo 1

Pelo
RR teorema de Gauss RRR como div(x, −y, 0) = 1 − 1 = 0 então
S (x, −y, 0).dS = W 0dzdydx = 0 onde
W = {(x, y, z) ∈ R3 : x 2 + y 2 + z 2 ≤ 1}.

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Exemplo 2

Calcule o integral de superfície do campo


3 3 3
F (x, y, z) = ( x3 + y, y3 , z3 ) na superfície S fronteira do sólido
W definido por,
n
W = (x, y, z) ∈ R3 : x 2 + y 2 + z 2 ≥ 1∧
q 
2 2 2 2 2
x + y + (z − 2) ≤ 4 ∧ z ≥ x + y

a orientação positiva de S é a dada pela normal exterior. Use o


teorema de Gauss.

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Continuação

As condições do Teorema de Gauss estão verificadas e assim,


ZZ ZZZ
F · dS = div(F )dzdydx
ZSZ Z w

= (x 2 + y 2 + z 2 )dzdydx =
W
π
Z 2π Z
4
Z 4 cos(φ)
ρ4 sin(φ)d ρd φd θ
0 0 1
π
Z 2π Z 4
Z 4 cos(φ)
= ρ4 sin(φ)d ρd φd θ
0 0 1
√ !
178 2
= ... = + π
3 5

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Verifique Teorema de Gauss

Verifique o Teorema de Gauss no integral de superfície do


campo F (x, y, z) = (2x, 2y, z 2 ) e S é a superfície, orientada
com a normal exterior, que é a fronteira da região
W = {(x, y, z) ∈ R3 : x 2 + y 2 ≤ 1, 0 ≤ z ≤ 1}.

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Teorema de Stokes

Teorema
Sejam S uma superfície parametrizável regular orientável cujo
bordo é uma curva fechada simples regular (por bocados), C,
com a orientação induzida pela orientação de S e F um campo
de R3 → R3 tal que F é campo de classe C 1 na região do
espaço S ∪ C. Então temos que
ZZ Z
rotF · dS = F · ds
S C

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Superfícies-Superfícies parametrizáveis em Rn

Verifique Teorema de Stokes

Considere o campo F (x, y, z) = (−y, x, z) e


S = {(x, y, z) ∈ R3 : (z = 1 − x 2 − y 2 ) ∧ (z ≥ 0)} orientada pela
normal exterior. Verifique o Teorema de Stokes. (solução: 2π).

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Problema1

Considere F (x, y, z) = (x, y, z),


W = {(x, y, z) ∈ R3 : (x 2 + y 2 ≤ z ≤ 4)} e SW a superfície que
é a fronteira de W orientada com a normal exterior. Mostre que
ZZ
F · dS = 24π.
S

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Problema 2

Considere o campo
F (x, y, z) = (xy 2 + ey , yz 2 + sin2 (x), 5 + zx 2 ) ep
a região
3 2 2
W = {(x, y, z) ∈ R : (x + y ≤ 4) ∧ (0 ≤ z ≤ 4 − x 2 − y 2 )}
e SW a fronteira da região W orientada RR pela normal exterior.
Usando o teorema de Gauss calcule SW F · dS . (Solução:
64π
5 ).

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Problema 3

Considere o campo F (x, y, z) = (y, xz, z 2 ) e considere a curva


que une os pontos A = (1, 0, 0), B = R(0, 1, 0) e C = (0, 0, 1)
orientada do modo [ABCA]. Calcule C F · ds(Solução: − 12 ).
Use o teorema de Stokes.

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Problema 4

Recorrendo ao teorema de Stokes, calcule


3 3 3
− x3 − y3 − z3
R
C (e − yz, e + xz + 2x, e + 5) · ds onde C é a
circunferência tal que
(x(t), y(t), z(t)) = (cos(t), sin(t), 2), t ∈ [0, 2π]. (Solução: 6π.)

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