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ALEXEI DAVYDOV
1. Introdução
Essencialmente trataremos de Teoria de Singularidades real, con-
siderando objectos reais. Vamos relembrar algumas noções básicas.
1.1. Variedades e aplicações.
Definição 1. Variedade é um objecto que é construido localmente,
como o espaço aritmético Rn (a dimensão n deste espaço também se
designa por dimensão).
Exemplos.
A recta real é uma variedade de dimensão 1 (Fig. 1a).
A esfera unitária x2 + y 2 + z 2 = 1 em R3 é uma variedade de
dimensão 2 e a bola aberta limitada por esta esfera é uma variedade
de dimensão 3 (Fig. 1b).
O nosso tempo-espaço (provavelmente) é uma variedade de dimensão
4.
A posição do corpo rı́gido em R3 é descrita por um ponto de uma
variedade 6-dimensional (Fig. 1c). A união dos eixos coordenados no
plano com a topologia induzida não é uma variedade (Fig. 1d).
x P y
S2
M
O centro de massa O x
al
re
ha
lin
S 2 - posição possível
de um aixo M P
S 1 - rotação em torno do eixo M P
(a) (b) (c) (d)
M N
U f f (x)
carta (U, φ) x V carta (V, ψ)
−1
ψ◦f ◦φ
φ ψ
f :M →N define f∗ : T M → T N
TEORIA DAS SINGULARIDADES 3
z
√
(x, y, z) −→ z = 1 − x2 − y 2
carta (U, φ) φ
y (x, y)
O
y
x
x2 + y 2 + z 2 = 1 x
v(x(t))
plano
tangente x(t)) f
M N
Tx M
plano
f (x(t)) tangente
Tf (x) N
x
x
f◦ f∗ (v(x(t)))
E - energia total
m m
E = U (x)
O x
estados estáveis do sistema
x2 x2
x2 x1 x1 x1
O O O
y1 = x1 , y2 = x2 y1 = x1 , y2 = x22 y1 = x1 , y2 = x32 + x2 x1
y2 y1 y2 y1 y2 y1
O O
(a) (b)
ra T
eratu
temp
altura H
O H
imagem de (H, T )
superficie montanhosa
Assim, o ponto P deverá ser ponto crı́tico da aplicação (f, g), o que
implica que existe λ0 , λ que verificam as condições do corolário.
1.3. Relações de equivalência. Relação de equivalência é uma rela-
ção binária “∼” entre dois objectos (habitualmente esses objectos são
da mesma natureza) que satisfaz as seguintes três condições:
1. para qualquer objecto X verifica-se que X ∼ X (reflexividade);
2. se X ∼ Y então Y ∼ X (simetria);
3. se X ∼ Y e Y ∼ Z então X ∼ Z (transitividade).
Dois objectos dizem-se equivalentes, com respeito a uma relação de
equivalência, se esses objectos satisfazem essa relação de equivalência.
O conjunto de todos os objectos equivalentes constitui uma classe que
se designa por classe de equivalência. Qualquer objecto de uma classe
de equivalência é seu representante.
Exemplo 2. As seguintes relações binárias são relações de equivalência
como facilmente se verifica.
• Relação de equivalência qualitativa: dois objectos são equivalentes
se eles possuem a mesma caracterı́stica qualitativa A. Por exem-
plo, dois corpos são equivalentes se a parte inteira dos seus pesos
(em kg) é a mesma.
• Duas variedades diferenciáveis são equivalentes se elas forem difeo-
morficas (diferenciáveis).
• Duas aplicações f e g entre duas variedades diferenciáveis M e N
são equivalentes se existe difeomorfismos h : M → M e k : N → N
tais que g = k ◦ f ◦ h−1 , ou em outras palavras o diagrama
f
M −→ N
(2) h↓ ↓k
g
M −→ N
é comutativo. Esta equivalência é chamada equivalência esquerda-
direita ou LR-equivalência devido ao facto de k actuar à esquerda
de f na formula k ◦ f ◦ h−1 e h actuar à direita (mudança de
coordenadas à esquerda (no espaço das imagens) e à direita (no
espaço das imagens recı́procas), respectivamente).
Definição de Germe
Dois objectos (curvas, conjuntos, aplicações, etc.) definidos na vizi-
nhança de um ponto P da variedade diferenciável M são equivalentes
nesse ponto se coincidirem em alguma vizinhança desse ponto. Para
este tipo de equivalência a classe de equivalência a que o objecto per-
tence é designada por um germe do objecto no ponto P . A cada objecto
desta classe dá-se o nome de representante do germe.
Por exemplo, as funções x e |x| na recta real têm o mesmo germe se
for considerada a parte positiva do eixo. Mas em qualquer outro ponto
fora dessa parte, aquelas funções têm germes diferentes.
8 ALEXEI DAVYDOV
Nota 4. Agora já é possı́vel explicar o que significa afirmar que uma
variedade é localmente construı́da como um espaço aritmético de di-
mensão n. Para definir variedade considera-se um espaço topológico de
Hausdorff, X, possuindo uma base topológica numerável. A colecção
de homeomorfismos definidos entre subconjuntos abertos deste espaço
e subconjuntos abertos de Rn para algum n, define um C k -atlas no
espaço X se:
• o domı́nio destes homeomorfismos cobre todo o espaço X;
• quaisquer que sejam os homeomorfismos h1 e h2 pertencentes a
esta colecção, a composição h2 ◦ h−1 k
1 é ou de classe C ou não está
definida.
Dois C k -atlas são compatı́veis se a sua união é ainda um C k -atlas.
Uma variedade é um espaço X, definido como anteriormente, conjun-
tamente com a classe de equivalência formada por atlas compatı́veis.
Note-se que num espaço X podem ser introduzidas várias classes de
equivalência de atlas compatı́veis.
Nota 5. Um subconjunto de uma variedade diferenciável é designado
por C k subvariedade se o germe deste subconjunto em qualquer ponto
deste subconjunto coincide com o germe na origem de um plano r-
dimensional em C k -coordenadas locais apropriadas com a origem nesse
ponto; r é a dimensão da variedade. A diferença n − r, onde n é a
dimensão da variedade ambiente, é a codimensão dessa subvariedade.
Considere-se qualquer grupo de transformações actuando no espaço
de germes dos objectos que estamos a considerar.
Definição 4. Singularidade local de um objecto num ponto é a órbita
do germe deste objecto nesse ponto sob a acção deste grupo. A forma
normal desta singularidade é qualquer ponto dessa órbita, preferencial-
mente um dos mais simples representantes dessa órbita.
Note que a singularidade é unicamente definida, mas a sua forma
normal pode ter diferentes expressões.
Por exemplo, o grupo de LR-equivalência age no espaço de germes
das aplicações. A forma normal de um germe de uma aplicação de
caracterı́stica máxima é uma imersão ou uma submersão, com formas
normais (1).
O primeiro objectivo do curso é aprender a encontrar formas normais
para singularidades de funções diferenciáveis nos seus pontos crı́ticos.
No caso de funções de uma variável (para potenciais na recta) isso pode
ser feito directamente com base no lema de Hadamard:
Lema de Hadamard. Se uma função f de classe C k , k ≥ 1, em Rn
tem o valor zero num determinado ponto então, numa vizinhança desse
ponto, essa função pode ser escrita na forma
f (x) = x1 f1 (x) + x2 f2 (x) + · · · + xn fn (x)
TEORIA DAS SINGULARIDADES 9
n
n 1
d ∂f ∂f
f (x) = f (tx)dt = (tx)xi dt = xi (tx)dt
dt i=1
∂xi i=1
∂xi
0 0 0
1 ∂f
Todas as funções fi , fi (x) = ∂xi
(tx)dt, estão bem definidas na bola
0
k−1
considerada e são de classe C .
Corolário 1.2. Se uma função f da classe C k , k ≥ 1, em Rn está
definida na vizinhança de um ponto P ∈ Rn e, nesse ponto, todas as
suas derivadas até à ordem r, r < k, são nulas, então, na vizinhança
desse ponto, a função pode ser escrita na forma:
f (x) = xα fα (x)
|α|=r+1
crı́tico com valor crı́tico zero toma uma das seguintes três formas nor-
mais:
ou x2s+1 quando r = 2s, ou ± x2s quando r = 2s − 1.
depois de uma adequada mudança de variável.
Agora é fácil verificar que o ponto crı́tico que se considera não fornece
nenhum extremo local da função no 1o sub caso, mas no 2o caso já se
verifica a existência de um extremo local (Fig. 9)
y y y
x 2s
x 2s+1
y=
x
=
y=
y
O x O x O x
−x 2s
y=
U
x2
x
U=
Ũ
Ũ
O x
2x
y=
O x
O x
Ũ
Ũ
Ũ
O x O x Ũ = 2
O x
A noção de contacto é uma noção local e, por isso, pode ser definida
para aplicações entre variedades diferenciáveis.
f (x) = xα fα (x)
|α|=l
onde todas as fα são funções contı́nuas, e pelo menos uma delas não
se anula na origem, uma vez que os componentes escolhidos têm pelo
menos uma derivada de ordem l diferente, no ponto considerado.
Restingindo a função f a uma linha x = tv (para qualquer vector v
e t suficientemente pequeno) temos:
f (tv) = tl v α fα (tv).
|α|=l
y = e−1/x
2
y=0
O x
M ←− J 0 (M, N ) = M × N → N.
J r (M, N ) j r fi1 (M )
a1
j r f (M )
al+1 al j r fil (M )
j r fil+1 (M )
xl+1 x1 xl
M
Ks1 Ks l
Ksl +1 Ksl+1
j k+s f j s (j k f )
x j k f (x)
M jkf
J k (M, N )
J k (L, M ) J k (L, N )
Φ −1 (U ) Φ
U
ϕ∗
B(Φ−1 (U )) = ϕ −1
∗ (B(U ))
B(U )
C ∞ (L, N )
∞
C (L, M )
Mas o último conjunto coincide com (φ∗ )−1 (B(U )) como facilmente
se vê. Assim, a aplicação φ∗ é contı́nua em qualquer C k -topologia fina,
e por isso também o é na topologia diferenciável fina.
22 ALEXEI DAVYDOV
definida pela função (x) = e−x tem que ser aberta. Mas qualquer
2
função pertencente a esta pré-imagem tem que ter valor nulo no ponto
x = ±1. Logo não é possivel formar conjuntos abertos. Então a
aplicação φ∗ não é contı́nua nas topologias fortes.
Mas é contı́nua se assumirmos, adicionalmente, que a aplicação φ é
própria, em particular, se esta aplicação é um difeomorfismo. Então a
R-equivalência também é contı́nua nas topologias finas.
y y y y
)
g (IR
)
g (IR )
g(IR)
g (IR
O L O L O L O L
x x x x
g∗ (0)T0 IR = TO Ox
g∗ (±)T±√ IR
(a) < 0 (b) = 0 (c) > 0 (d)
z1 , z2 , . . . , zk
g(M )
zk+1 , zk+2 , . . . , zn
L projecção φ(g(Q))
g(Q) = O
φ : z −→ (z1 , z2 , . . . , zk )
(φ◦g)∗ (Q)TQ M
M
Q
)T
(∗ Q
g
U λ
O
λ x
O
x
λ = −3x2
U = x3 + xλ
J 1 (L, N ) σ2 j 1 f2
j 1 f2 (L) σ j 1f L P2
j 1 f1 (L) σi 1 P
j fi
σ1 j 1 f (L)
j 1 fi (L) j 1 f1 Pi
P1
fi f f2
f1
Q1 Q2 Q
g H2
K Qi H1 Hi
H
M
g(M )
N
1
y
1 O g(IR)
Nota 15. Diz-se que um objecto genérico (=tı́pico) tem alguma pro-
priedade se esta propriedade ocorre para qualquer objecto de um sub-
conjunto denso e aberto no espaço dos objectos na topologia apro-
priada. No nosso caso usaremos normalmente topologias finas diferen-
ciáveis (ou suficientemente diferenciáveis). Por exemplo, pelo Corolário
3.6 uma função diferenciável genérica tem apenas pontos crı́ticos não
degenerados.
f −1 (Ū ) Ū
f (K)
f
K K
V
f (W̄ )
W f (W̄ )
W
ou
TA S
S
E
Ker
A
J r (L, N )
j r f1 (L)
W1
W2
j r f2 (L)
j r fi (L)
Wi
f1 f2 fi f
B(W̄1 ) ⊃ B(W̄2 ) ⊃ ... ⊃ B(W̄i ) ⊃ ...
∩ ∩ ∩
U1 ∩ V U2 ∩ B(W1 ) ... Ui ∩ B(Wi−1 ) ...
C ∞ (L, N )
vizinhança Wi+1 da imagem j r fi+1 (L) tal que o conjunto B(W̄i+1 ) per-
tence a esta intersecção.
Então, indutivamente, obtivemos as sequências de conjuntos e as
sequências de aplicações que satisfazem a desigualdade (7). Esta de-
sigualdade implica a convergência uniforme em L da sequência das
extensões dos l-jactos das nossas aplicações e portanto a existência de
uma aplicação limite f . Esta aplicação limite é de classe C ∞ pois
nas coordenadas locais a convergência das extensões l-jacto é a con-
vergência uniforme de aplicações com todas as derivadas até à ordem
l.
O conjunto B(W̄i ) contém todas as aplicações da nossa sequência
com o maior ı́ndice, e portanto acontece o mesmo à aplicação limite.
Mas este conjunto pertence ao conjunto Ui e ao conjunto V pela con-
strução. Então a aplicação limite pertence à intersecção de todos os Ui
e V.
Isto conclui a prova do Teorema 3.9.
x1 x1 x1
3 • 3 • 3 •
grau x1 grau x1 grau x1
(a) (b) (c)
(0, 0), (0, 1) e (0, 2) são os únicos fora do ideal (Fig. 23c), e dão-nos o
sistema gerador {1, x2 , x22 } da respectiva álgebra quociente da última
singularidade.
Então podemos ver que as álgebras locais das três singularidades
tı́picas de aplicações entre variedades de duas dimensões não são iso-
morfas (por exemplo, devido à diferença de dimensões entre elas), e
portanto distinguem estas singularidades. Isso mostra que a álgebra
local de uma singularidade é a sua caracterı́stica mais importante.
Exemplo 15. Consideremos o germe na origem da aplicação f entre
planos reais:
y1 = x 1 x 2
y2 = x21 ± x22
Todas as funções da forma x1 x2 g(x1 , x2 ) pertencem ao ideal If porque
o monómio x1 x2 também pertence. Multiplicando a soma x21 ± x22 por
x1 (por x2 ) temos que o monómio x31 (x32 , respectivamente) pertence ao
nosso ideal. Portanto fora do ideal só há monómios 1, x1 , x2 , x21 e x22 mas
os últimos dois na soma x21 ±x22 pertencem ao ideal. Logo a álgebra quo-
ciente desta aplicação na origem forma um espaço linear 4-dimensional,
e o seu sistema gerador pode ser tomado na forma {1, x1 , x2 , x21 } para
ambos os sinais. Mas estas duas álgebras (para sinais “+” e “-”) não
são isomorfas.
Na verdade, qualquer isomorfismo φ da primeira na segunda tem de
levar o elemento zero em zero e os elementos não nulos em elementos
não nulos. Denotemos por 1, y1 , y2 , y12 o respectivo sistema gerador da
nossa álgebra para o sinal “-” e assumamos que existe um isomorfismo
φ para a álgebra quociente para o sinal “+” na álgebra quociente para
o sinal “-”. Então as imagens dos elementos x1 e x2 são combinações
lineares
φ(x1 ) = a0 + a1 y1 + a2 y2 + a3 y12 e φ(x2 ) = b0 + b1 y1 + b2 y2 + b3 y12
onde todos os coeficientes são números reais. A igualdade φ(0) = 0
dá-nos as igualdades φ(x31 ) = 0 e φ(x32 ) = 0, e as últimas implicam,
imediatamente, a0 = b0 = 0. Portanto
φ(x21 ) = φ(x1 )2 = (a1 y1 + a2 y2 + a3 y12 ) = a21 y12 + a22 y22
porque y1 y2 e y13 pertencem ao nosso ideal If . Analogamente, temos
que
φ(x22 ) = φ(x2 )2 = (b1 y1 + b2 y2 + b3 y12 )2 = b21 y12 + b22 y22 .
Isso implica que
0 = φ(x21 + x22 ) =φ(x1 )2 + φ(x2 )2 =
=(a21 + b21 )y12 + (a22 + b22 )y22 = (a21 + b21 + a22 + b22 )y12
onde a última igualdade escrita é devida a y12 − y22 = 0 na nossa álgebra
quociente para “-”. Mas o lado direito da útima expressão pode ser
42 ALEXEI DAVYDOV
n
α(x) = c1 e1 (x) + c2 e2 (x) + · · · + cµ eµ (x) + αr (x)fr (x),
r=1
n
αr (x) = c1,r e1 (x) + c2,r e2 (x) + · · · + cµ,r eµ (x) + αr,j (x)fr (x).
j=1
44 ALEXEI DAVYDOV
n
α(x) = [ck + ck,r fr (x)]e1 (x) + αr,j (x)fr (x)fj (x)
k=1 r=1 r,j=1
xα hα (x)
α,|α|=µ+2
ou
m
∂f
m
m
∂f
vt,i + t hj,i vt,j = hi ,
i=1
∂x i j=1 i=1
∂x i
5y 4 •
4y 3• y3 • • 3 3
3xy2
3 3 3 • 3 3
x
3 3 3 3 3 3 3
3 3 • 3 3 •
3 • 3 3 •
3x2 grau x 3x2 grau x 3x2 grau x
E6 : x3 ± y 4 E7 : x3 + xy 3 E8 : x3 + y 5
l3 grauy
l2 y5
•
l1
y4 •
xy 3
•
x3
•
grau x
E6 , E8 , E7
(F̃ (x, θ), (0, 0)) = (F (g(x, λ(θ)), λ(θ)), (0, 0)).
Exemplo 19. Pelo lema de Morse com parâmetro qualquer pequena
deformação do potencial f (x) = x2 toma a forma φ(λ)+x2 para alguma
função diferenciável φ depois de uma escolha apropriada da coordenada
x dependendo diferenciavelmente de λ. Consequentemente o nosso po-
tencial tem a deformação versal F (x, λ) = x2 + λ com um parâmetro
λ ∈ R.
Definimos a velocidade tangente v de uma aplicação f sob a acção de
uma deformação um-paramétrica g t da identidade (e.c. g t (x)|t=0 ≡ x)
t
como df (gdt(x)) |t=0 . Em coordenadas temos
n
∂f (g t (x)) dg t (x)
n
∂f (x)
v(x) = i
|t=0 = hi (x),
i=1
∂xi dt i=1
∂xi
TEORIA DAS SINGULARIDADES 59
n
∂f (x)
k
∂F
V (x) = hi (x) + cj (x, 0)
i=1
∂xi j=1
∂λj
para algumas funções diferenciáveis hi e constantes cj .
Teorema 4.19. Qualquer deformação versal infinitesimal é versal.
Corolário 4.20. Uma deformação versal do germe de uma função no
seu ponto crı́tico de multiplicidade finita µ pode ser tomado na forma
µ
F (x, λ) = f (x) + λi ej (x)
j=1
F (x, λ) = T (x, P ) + λα (x − P )α
α, |α|≤µ−1
λ1 λ2
λ1
O λ2
O Σ
O λ1
λ3
A1 A2 A3
de cauda de andorinha.
λ1 λ2
duas raizes reais
sem λ1
raizes uma
reais raiz quatro raizes O
real reais
λ2
uma três
raiz O raizes
real reais O λ1 uma raiz
uma raiz real múltipla
real múltipla duas raizes
duas duas raizes reais ,
raizes duas raizes reais
, , reais múltiplas uma múltipla
reais uma múltipla λ3
sem raizes reais
A1 A2 A3
U U U U
O x O x O x O x
λ2
U U
O x O λ1 O x
U U U U
O O O O
x x x x
5. Estabilidade de aplicações
Aqui é investigada a estabilidade de aplicações.
5.1. Definição e exemplos. Consideremos uma aplicação f ∈ C ∞ (M, N ).
Recordemos que os difeomorfismos das variedades pré-imagem e ima-
gem actuam nesta aplicação do seguinte modo:
f
M −→ N
(18) ↓h ↓k
kf h−1
M −→ N
Então sob esta acção de grupos de difeomorfismos de dimensão in-
finita obtemos a órbita da nossa aplicação { kf h−1 | h ∈ Diff M, k ∈
Diff N }. A aplicação f diz-se RL-estável se esta órbita contém uma
vizinhança desta aplicação (na topologia por nós considerada).
Exemplo 22. Uma aplicação linear f : x → y = ax + b, a, b ∈ R,
entre linhas reais não é estável em qualquer topologia C k se a = 0, e
para a = 0 ela é estável na topologia C k para qualquer k ≥ 1.
Na verdade, para a = 0 a nossa aplicação é constante, e a sua imagem
é um ponto. É óbvio que a LR-equivalência preserva isso. É também
óbvio que qualquer vizinhança de uma aplicação constante contém uma
aplicação com pelo menos dois pontos na imagem. Consequentemente,
a aplicação constante não é RL-estável.
Para a = 0 a aplicação f é um difeomorfismo. O conjunto de difeo-
morfismos é aberto na topologia C k para qualquer k ≥ 1 (e é exac-
tamente uma órbita sob LR-equivalência). Donde, esta aplicação é
LR-estável.
Nas notações do diagrama (18) para qualquer aplicação g suficien-
temente próxima de f é suficiente tomarmos h é identidade e k : y →
g( y−b
a
) de modo a obtermos g(x) ≡ (k ◦ f ◦ h−1 )(x). Note-se que k é
um difeomorfismo porque a derivada da aplicação g estando suficiente-
mente próxima de f na topologia C 1 está próxima do valor a, e portanto
mesmo a derivada de k está próxima de a/a = 1. Mas uma aplicação
de uma linha em si mesma com derivada próxima de 1 é sempre um
difeomorfismo.
Exemplo 23. Uma aplicação x → y = ax2 + bx + c, onde a, b, c são
números reais, entre linhas reais é estável na topologia C k , k ≥ 1, se
a = 0 e b = 0 como foi visto acima.
Para a = 0 esta aplicação não é um difeomorfismo mas é estável
na topologia C k para qualquer k ≥ 2. De facto, qualquer aplicação f
suficientemente próxima de tal aplicação nesta topologia tem segunda
derivada próxima da constante 2a e limitada longe de zero. Portanto a
primeira derivada tem um único zero não degenerado, e a função tem,
ela mesma, um único ponto crı́tico x0 que é não degenerado e nos dá um
extremo global. O respectivo valor extremo y0 está localizado próximo
TEORIA DAS SINGULARIDADES 63
y = x2 .
Então todas as aplicações suficientemente próximas da aplicação qua-
drática inicial na topologia C k com k ≥ 2 pertencem à mesma órbita.
Donde, a nossa aplicação quadrática é LR-estável.
Exemplo 24. A aplicação dobra de Whitney
y1 = x 1
y2 = x22
entre planos reais é LR-estável na topologia C k para k ≥ 2. De facto,
para qualquer aplicação f = (f1 , f2 ), suficientemente próxima da apli-
cação dada, a sua primeira linha da matriz de Jacobi está próxima
da linha (1 0), e portanto a derivada f1,x1 é limitada longe de zero.
considerando as novas coordenadas x̃1 = f1 (x) reduzimos a primeira
componente da nossa aplicação à forma y1 = x̃1 .
A segunda derivada em ordem a x2 da segunda componente é iden-
ticamente igual a 2 para a nossa aplicação inicial, e portanto para um
aplicação f suficientemente próxima de tal derivada é positiva e limi-
tada longe de zero. Então, pelo teorema da função implı́cita a equação
f2,x2 = 0 tem uma solução única
x2 = h(x̃1 )
onde h é uma função diferenciável. Pelo corolário do lema de Hadamard
a segunda componente pode ser apresentada na forma
f2 (x̃1 , x2 ) = (x2 − h(x̃1 ))2 A(x̃1 , x2 ) + f2 (x̃1 , h(x̃1 ))
para alguma função diferenciável A sempre positiva (porque a segunda
derivada em ordem a x2 é positiva e longe de zero).
Agora em coordenadas
ỹ2 = y2 − f2 (y1 , h(y1 )), x̃2 = (x2 − h(x1 )) A(x1 , x2 )
a nossa aplicação toma a forma da inicial (só precisamos de omitir
o “til” nas notações). Portanto todas as aplicações suficientemente
próximas da aplicação inicial na topologia C k , k ≥ 2, pertencem à
64 ALEXEI DAVYDOV
Ny y = f (x) + v(x)
y = f (x)
Mx
6. Exercı́cios
1. Na recta real na topologia local, introduza dois atlas C ∞ que não
sejam C 1 -compatı́veis.
Há atlas que não são C 0 -compatı́veis? Justifique a resposta.
2
2. No plano real Rx,y com a topologia habitual consideremos a união
de duas rectas reais não paralelas. Prove que esta união não é
uma variedade na topologia induzida.
2
3. No plano real Rx,y considere o conjunto x5 +y 5 = 1 com a topologia
induzida. Introduza qualquer atlas diferenciável neste conjunto.
Pode este atlas ser formado apenas por uma carta?
4. Dois corpos rı́gidos estão unidos por uma ligação esférica. Quan-
tas coordenadas são necessárias de modo a definir unicamente a
sua posição no espaço (aritmético) 3-dimensional.
10. Mostre que a imagem de uma imersão não pode ser uma variedade
na topologia induzida.
70 ALEXEI DAVYDOV
16. Mostre que as projecções naturais entre espaços jacto são sub-
mersões.
17. Duas funções analı́ticas num ponto têm contacto de ordem in-
finita. Definem elas o mesmo germe neste ponto?
18. Pode o conjunto de valores crı́ticos de uma função real ser denso
em algum segmento?
TEORIA DAS SINGULARIDADES 71
Justifique a resposta.
própria.
Isto contradiz o teorema da transversalidade de Bahtin-Lin?
31. Mostre que duas funções diferenciais não têm pontos crı́ticos co-
muns se este par de funções é genérico.
50. Os nı́veis zero de duas funções no plano real são não crı́ticos,
contêm a origem e têm tangência cúbica na origem. São, os 3-
jactos (4-jactos; 7-jactos) destas funções na origem suficientes para
a singularidade na origem da união dos seus nı́veis zero?
51. A origem não é um ponto crı́tico para cada uma de três funções
dadas tendo, neste ponto, valor zero e o mesmo 1-jacto mas 2-
jactos diferentes, aos pares. Podem os 3-jactos destas funções na
origem ser suficientes para a singularidade na origem da união dos
seus nı́veis zero?
TEORIA DAS SINGULARIDADES 75
52. A origem não é um ponto crı́tico de cada uma de três funções dadas
de duas variáveis com valor zero e o mesmo 1-jacto mas diferentes
2-jactos, aos pares, na origem. Podem os 13-jactos destas funções
na origem ser não suficientes para a singularidade na origem da
união dos seus nı́veis zero?
Referências
[1] V.I. Arnol’d, A. Varchenko, S. Goussein-Zade - Singularités des Applications
Différentiables.
Éditions MIR, 1986.
[2] V.I. Arnol’d - Catastrophe theory.
Springer-Verlag, 1992.
[3] M.Golubitsky and V.Guillemin, - Stable Mappings and Their Singularities.
Springer, 1973.
[4] V.Guillemin and A.Pollack, - Differential topology.
Prentice-Hall, 1974.
[5] Morris W.Hirsh - Differential topology.
Springer, 1976.