Você está na página 1de 2

aceite como verdadeiro.

Apesar desta opinião, não estava ainda convencido. Propôs-me a seguir,

vendo que não conseguia demover-me dos meus propósitos, que o autorizasse a

escrever à sua maneira um relato da primeira parte das minhas aventuras,

baseando-se nos factos que eu lhe tinha relatado, e a publicá-lo sob o manto de

ficção no Mensageiro do Sul. Não tendo qualquer objeção a fazer consenti,

estipulando apenas que o meu verdadeiro nome fosse conservado. Dois excertos

da pretensa ficção apareceram no Mensageiro (números de janeiro e fevereiro

de 1837) e, com o objetivo de deixar bem claro que se tratava de pura ficção, o

nome do senhor Poe figurava no índice da revista, como autor dos artigos.

A maneira como a « habilidade» foi acolhida levou-me, por fim, a

empreender a compilação regular e a publicar as referidas aventuras, pois

verifiquei que, apesar do ar de fábula com que engenhosamente tinha sido

revestida a parte do meu relato publicada no Mensageiro (onde, aliás, nem

sequer um único facto tinha sido alterado ou falseado), o público não estava

disposto a aceitá-lo como pura fantasia, tendo sido dirigidas várias cartas ao

senhor Poe, que provam o contrário. Concluí que a minha narrativa era de

natureza tal que continha em si própria a prova suficiente da sua autenticidade e

que, portanto, nada tinha a recear de uma possível incredulidade do público.

Depois desta explicação, verão aquilo que eu próprio escrevi e

compreenderão também que nenhum facto foi falseado nas poucas páginas

escritas pelo senhor Poe. Mesmo para os leitores que não viram os números do

Mensageiro, é desnecessário indicar onde acaba o seu texto e começa o meu; a

diferença de estilo é bem patente.

A. G. Pym
Nova Iorque, julho de 1838.

Você também pode gostar