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A ELEIÇÃO E A CAMPANHA DE JANIO

QUADROS

Jânio da Silva, atuou como advogado na cidade de São Paulo antes de


ingressar na esfera pública. Ele ascendeu ao cargo de vereador em 1947, e
posteriormente tornou-se deputado estadual em 1950. Sua carreira política
ganhou mais proeminência quando ele foi eleito prefeito de São Paulo em 1953,
e logo depois, em 1954, foi eleito governador do estado. Com uma oratória
cativante e carisma evidente, conquistou os eleitores com sua ênfase na
moralidade administrativa.

Classificado por estudiosos como um político populista, Jânio Quadros


conseguiu uma vitória eleitoral impressionante, obtendo 48% dos votos, uma
conquista que superou os recordes da época no contexto brasileiro. Em janeiro
de 1961, ele assumiu a presidência do Brasil.

O professor Marcos Napolitano, pertencente ao Departamento de História da


Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de
São Paulo (USP), explana que a trajetória meteórica de Jânio foi um produto da
democracia eleitoral que emergiu no Brasil após o período do Estado Novo.

"Apesar das limitações no sufrágio universal, a base eleitoral popular se


expandiu significativamente, abrindo espaço para candidatos dotados de
eloquência e carisma pessoal."

No cenário político, Jânio Quadros adotava um tom dramático e teatral em


seus discursos, frequentemente centrados na moralidade pública e na defesa
dos menos favorecidos contra os mais abastados. A eleição de 1960
testemunhou além do seu discurso anticorrupção, o apoio da União
Democrática Nacional (UDN), um partido de tendência conservadora
historicamente contraposto ao legado do ex-presidente Getúlio Vargas.
Santinho de Jânio Quadros Eleições de 1960.(TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL.,2018)

A icônica campanha de Jânio Quadros nas eleições de 1960 também contou


com a memorável imagem da "vassourinha", um símbolo que representava sua
promessa de "varrer" a corrupção do governo. Também contou com seu hino :
"Varre, varre, vassourinha..." foi o jingle da campanha "varre, varre vassourinha,
varre a corrupção", mote usado por Jânio Quadros, candidato do PTN apoiado
pela conservadora UDN nas eleições para a presidência do Brasil em 1960.
Composta por Maugeri Neto e Fernando Azevedo de Almeida, a música possuía
apenas uma estrofe, que repetida duas vezes, continha os seguintes versos:

Varre, varre, varre vassourinha!


Varre, varre a bandalheira!
Que o povo já 'tá cansado
De sofrer dessa maneira
Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!
Jânio Quadros é a certeza de um Brasil, moralizado!
Alerta, meu irmão!
Vassoura, conterrâneo!
Vamos vencer com Jânio!
Para reforçar a ideia de combate à corrupção na política,ambas as versões do
jingle empregam o som de uma vassoura várias vezes.

A vassoura ainda foi citada em mais um jingle de Jânio, esse na campanha


vitoriosa para a Prefeitura de São Paulo, em 1985, composto pelo músico
Ovelha. Sem o mesmo ritmo do jingle de 1960, a letra dizia: "Chegou a hora da
honestidade, do trabalho, da saúde, da educação, o Jânio vai voltar com a
vassoura, para acabar com a corrupção."Essa foi a única alusão à vassoura
naquela campanha.

No cenário político do Brasil em 1960, a eleição presidencial se destacou como


um momento crucial, marcado pela figura carismática de Jânio Quadros e por
uma série de elementos que influenciaram os resultados e as dinâmicas desse
pleito. A análise detalhada dos resultados das eleições presidenciais desse ano,
a partir da perspectiva municipal, oferece uma compreensão mais profunda
sobre os padrões de votação, os fatores que influenciaram as escolhas dos
eleitores e as estratégias adotadas pelos principais candidatos.

Jânio Quadros, com seu estilo excêntrico e populista, conseguiu mobilizar


consideravelmente o eleitorado em todo o país. Sua estratégia de campanha,
que incluiu uma extensa série de comícios e a criação do Movimento Jânio
Quadros Presidente, desafiou as convenções políticas da época e atraiu amplo
apoio popular. A combinação do carisma de Quadros com o apoio da União
Democrática Nacional (UDN), um dos principais partidos da época, contribuiu
significativamente para seu sucesso em várias unidades da Federação.

Página 1 - Edição de 03 de Outubro de 1960 do jornal ‘’O Globo’’


Por outro lado, o marechal Henrique Lott representou uma candidatura sólida
e bem-organizada, com apoio do Partido Social Democrático (PSD), que havia
tido um histórico de vitórias eleitorais anteriores. Além disso, o respaldo do
presidente Juscelino Kubitscheck, membro do mesmo partido, conferiu
credibilidade à sua candidatura. A votação expressiva de Lott em diversos
estados é um reflexo da estrutura partidária e da popularidade que o PSD
desfrutava, bem como da confiança depositada em sua candidatura.

A análise dos resultados por unidade da Federação revela padrões


interessantes de votação. A notável semelhança nos percentuais de voto de
Jânio Quadros e Henrique Lott em dez unidades da Federação sugere a
existência de fatores regionais ou temáticas específicas que podem ter
influenciado a decisão dos eleitores. A importância da geografia política, bem
como das dinâmicas locais e regionais, se torna evidente ao observar essas
tendências.

Foi eleito presidente em 3 de outubro de 1960, pela coligação PTN-PDC-UDN-


PR-PL, para o mandato de 1961 a 1965, com 5,6 milhões de votos — a maior
votação até então obtida no Brasil — vencendo o marechal Henrique Lott de
forma arrasadora, por mais de dois milhões de votos. Porém não conseguiu
eleger o candidato a vice-presidente de sua chapa, Milton Campos (naquela
época votava-se separadamente para presidente e vice). Quem se elegeu para
vice-presidente foi João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro. Os eleitos
formaram a chapa conhecida como chapa Jan-Jan.

Jânio Quadros, em 1961

Qual a razão do sucesso de Jânio Quadros? Castilho Cabral, presidente do


antigo Movimento Popular Jânio Quadros, sempre se perguntava como que
esse moço desajeitado conseguiu realizar, em menos de quinze anos, uma
carreira política inteira que não tem paralelo na história do Brasil. Jânio não
alcançou o poder na crista de uma revolução armada, como Getúlio Vargas. Não
era rico, não fazia parte de algum clã, não tinha padrinhos, não era dono de
jornal, não tinha dinheiro, não era ligado a grupo econômico, não servia aos
Estados Unidos nem à Rússia, não era bonito, nem simpático. O que era, então,
Jânio Quadros?
Hélio Silva, em seu livro A Renúncia, tenta explicar:

‘’Jânio trazia em si e em sua mensagem, algo que tinha que se realizar. E que
excedia, até mesmo excedeu, sua capacidade de realização … Todo um conjunto
de valores e uma conjugação de interesses somavam-se em suas iniciativas e
aliavam-se, nas resistências que encontrou’’.

Referências

CABRAL, Jairo l. As eleiçoes presidenciasis de 1960: uma análise a partir dos dados municipais
(1954-1963)

BENEVIDES, Maria Victoria de Mesquita. O Governo Jânio Quadros. São Paulo: Brasiliense, 2ª
edição, 1999.

Queler, J. J. (2011). A roupa nova do presidente: a politização da imagem pública de Jânio


Quadros (1947-1961) . Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 19(2),

SILVA, H. A renuncia (1961) A RENÚNCIA DE JÂNIO 1961 N.17 HISTÓRIA DA REPÚBLICA


BRASILEIRA

Batistella, Alessandro (2018). A participação e a influência de Jânio Quadros na política


paranaense (1958-1961)». Antíteses (22): 2021

Total do Estado de São Paulo - Governador - 1982». Fundação SEADE. 2015

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