Você está na página 1de 49

Ecologia de

 
ecossistemas:   aula  
de  revisão
Profa.  Mariana  Bender
Departamento de  Ecologia e  Evolução
Laboratório de  Macroecologia e  Conservação Marinha
O  QUE  SÃO  
ECOSSISTEMAS?
energia

matéria
O  QUE  SÃO  
ECOSSISTEMAS?

“uma comunidade biológica de   organismos


que interagem e  seu ambiente físico”
Lindeman,  1942.  Ecology.
Lindeman,  1942.  Ecology.
Produtividade
• Energia radiante à Fotossíntese à
Herbívoros à Carnívoros à Decompositores
• Ecossistemas terrestres:  biomassa de  plantas
• Ecossistemas aquáticos:  [  ]  de  O2 e  CO2
Produtividade  primária
• Biomassa/  unidade de  área:
• J/m2/dia
• Kg/ha/ano
• Produtividade primária bruta (PPB)  =  total  produzido
pela fotossíntese
• PPB  – Respiração autotrófica =  PPL  (produtividade
primária líquida)
Produtividade  primária
Radiação solar  +  água +  nutrientes
Produtividade  primária
Radiação solar  +  água +  nutrientes
Produtividade  primária

E  NOS  OCEANOS?
Produtividade  primária
• Ressurgência de  nutrientes,  águas frias
Fatores  limitantes  da  produtividade
• Disponibiliade de  água
• Nutrientes
• Qualidade e  quantidade de  luz
Pirâmides ecológicas
Níveis e  grupos tróficos
Transferência
de  energia
entre  níveis
tróficos 10%
Interações entre  grupos tróficos
Redes  de  interação
• Redes ecológicas
• Uma  tentativa de   resumir a  infinidade de  interações
potenciais entre  espécies de  uma comunidade,  
representando as  espécies como nós da   rede e  
utilizando ligações (links)  entre  estes nós para
denotar a  interação entre  estas espécies.
Tipos  de  interação
• Interações agonísticas:  benefício para uma das  espécies
interatoras
• Predação
• Teias alimentares
• Hospedeiro-­‐‑parasita
• Interações mutualistas:  benéfica para ambas as  espécies
• Polinização
• Dispersão de  sementes
• Limpeza (marinho)
• Herbivoria
• Resulta no  consumo parcial mas  não à morte de  indivíduos,  
necessariamente
Redes mutualistas

• Estudo mais recente deste tipo de  rede


• Mais comuns e  importantes redes de  interação
mutualistas:
• Polinização
• Dispersão de  sementes
• Estima-­‐‑se  que 90%  das  angiospermas tropicais
dependam de  animais para polinização e  para a  
dispersão de  suas sementes (Bawa 1990,  Jordano
2000)
Redes mutualistas
Redes mutualistas:  topologias
Redes mutualistas:  redes de  limpeza
Teias/  redes alimentares (food  webs)

• Introduzidas na ciência ecológica por Elton,  em 1927


• Diagramas que representam a  relação de  consumidores
com  seus recursos,  ou presas;
• Rede estrutural,  ou de  conectância (Paine  1980):  links
tróficos entre  recursos e  consumidores são
representados por setas
Teias/  redes alimentares (food  webs)

• Redes de  conectância:  presença/  ausência (0/1)


• Redes muito comuns – fácil coleta
• Redes baseadas em indivíduos ou espécies
• Propriedade estruturais:   TOPOLOGIA

O  que ainda podemos


representar numa rede
de  interação?
Redes estruturais

• Rede de  interação,  per  se


• Identifica a  força da   interação entre  espécies numa
comunidade
• Reconhece,  de  maneira implícita,  que nemPOUCOS   LINKS  FORTES  
todas as  
E  MUITOS   LINKS  
espécies tem  a  mesma importância (medir a  força e  
FRACOS
frequência de   interações)

FEW  STRONG,  MANY  


WEAK  LINKS
Redes estruturais:  estabilidade
Redes estruturais:  estabilidade
Diagrama mostrando que a  presença
de  interações fracas  em teias
alimentares simplificadas pode
tornar as  comunidades mais estáveis.
Top:  Força das  interações entre  
predadores,  herbívoros e  plantas
antes  (acima)  e  depois (abaixo)  de  um  
distúrbio.  Uma  rede é dominada por
poucas interações fortes  e  outra por
muitas interações mais fracas.  
Exemplo de  “prey  release”  à
esquerda,  e  uma grande mudança na
estrutura da  comunidade (efeitos em
cascata).
Redes estruturais e  espécies-­‐‑chave

• Redes que apontam a  força de  interação à


permitem identificar espécies-­‐‑chave
• Algumas espécies tem  papel extraordinário nas
comunidades em ques estão inseridas

Espécies cujo efeito na comunidade é


desproporcionalmente maior em
relação à sua abundância
Controle top-­‐‑down
• Robert  Paine  (1966)  American  Naturalist
• Experimentos com  estrelas-­‐‑do-­‐‑mar  Pisaster e Heliaster em
costões rochosos
Controle top-­‐‑down
• Robert  Paine  (1966)  American  Naturalist
• Experimentos com  estrelas-­‐‑do-­‐‑mar  Pisaster e Heliaster em
costões rochosos
Controle Top-­‐‑down
• CASCATA  TRÓFICA
• Efeito indireto
• Predador reduz a  abundância de  sua presa,  o  que
tem  efeito em cascata no  nível trófico abaixo,  de  
modo que os recursos da  presa aumentam em
abundância
Espécies-­‐‑chave e  REDUNDÂNCIA
COMO  ESTES  DOIS  CONCEITOS  ESTÃO  RELACIONADOS?
Grupos   funcionais  fundamentais   para   o  funcionamento   do  
ecossistema  – qual   o  grau   de  redundância   dentro  destas  
funções?
Biodiversidade =  espécies
Componentes da  diversidade
Componentes da  diversidade

ATRIBUTOS
Dieta?
Tamanho?
Área  de   ocupação?
Especificidade  de   hábitat?
Componentes da  diversidade

Aplicação  da  diversidade  funcional  atualmente:


Respostas  de  espécies  às  mudanças   e    
Perdas  funcionais
Estruturação  de   comunidades
Novas  métricas  de  diversidade  funcional
Redundância funcional
Riqueza  de  espécies  dentro  dos  grupos   funcionais.

A  redundância  funcional  é  baseada  na   observação  de  que  


algumas  espécies  tem  papéis  semelhantes  em  
comunidades   e  ecossistemas,  e  podem   ser  substituídas  
sem  que  os  processos  ecossistêmicos  sejam  afetados  
(Lawton  and  Brown  1993)

Estrutura  funcional
Grau  de  redundância

Modified from Bellwood et  al.,  2 004.


degradado
Diversidade e  estabilidade
Diversidade promove a  estabilidade

1950’s  MacArthur  (1955)  Elton  (1958)  e  Odum (1959):


Comunidades contendo mais espécies seriam protegidas

Invasões
Extinções de  espécies
Distúrbios ambientais
Componentes da  estabilidade
Estabilidade

Resiliência vs.   Resistência

Global  vs.  local


Comunidade dinamicamente frágil
vs.  robusta
Componentes da  estabilidade
Relação entre  diversidade
funcional (redundância)  e  
estabilidade do  
ecossistema recifal

ABORDAGEM DA ESTABILIDADE
TEMPORAL: ESTRUTURA DA
COMUNIDADE
Diversidade e  funcionamento de  
ecossistemas

Cedar  Creek Biodiversity Experiment,  Minessota


Diversidade e  estabilidade

Estabilidade temporal  da  


dinâmica da   biomassa de  
espécies aumentou com  a  
riqueza de  espécies
(Tilman et  al  2006)

Plots  com  maior


diversidade à 70%   mais
estáveis na sua produção
de  biomassa
Diversidade e  estabilidade

Estabilidade de   espécies de  
plantas (b)  declinou
significativamente com  o  
aumento do  número de  
espécies na comunidade.

Efeito negativo na
estabilidade temporal  de  
abundância de   espécies.
Diversidade e  invasibilidade

Fargione &  Tilman (2005)

Cedar  Creek  Plots

Biomassa (acima)  e  número


de  plantas invasoras (abaixo)  
diminuem com  o  aumento da  
riqueza em comunidades
locais (plots  com  2-­‐‑16  
espécies).
Diversidade e  funcionamento de  
ecossistemas
Tilman &  Downing  1994

Riqueza de  espécies de  
plantas tem  um   efeito
positivo no  funcionamento
do  ecossistema.  

Resistência à seca é
positivamente relacionada
à riqueza de  espécies.
Diversidade e  funcionamento de  
ecossistemas
Diversidade e  funcionamento de  
ecossistemas

Biomassa sobre o  solo  (Aboveground)  (a,c)  e  sob  o  solo  (b,d)  


no  ano de  2006,  13  ano do  experimento de  Cedar  Creek,  em
função do  número de  plantas e  da  composição funcional.
Mueller   et  al.  2013
Take-­‐‑home  messages 1
• Ecossistemas são definidos como conjuntos de  organismos em
seu ambiente físico,  reunindo componentes bióticos e  abióticos;
• Água,   nutrientes e  radiação solar  são fatores limitantes da  
produtividade de  ecossistemas,  inclusive,  definindo biomas
mundiais;
• Lindemann (1942),  ao estudar o  funcionamento de  um  lago,  
introduziu o  conceito de  produtividade e  fluxo de  energia para  o  
entendimento de  ecossistemas;
• A   produtividade corresponde à eficiência dos  organismos em
converter  energia em biomassa,  dentro de  um  nível trófico (e.g.  
produtores primários e  ganho de  biomassa);
• Água,   nutrientes e  radiação solar  são fatores limitantes da  
produtividade,  definindo biomas mundiais;
• Nos  oceanos,  os nutrientes são determinantes da  produtividade
de  ecossistemas (desertos marinhos);
Take-­‐‑home  messages 2
• As   pirâmides ecológicas são representações da  estrutura trófica
de  um  ecossistema;
• As   redes ecológicas buscam reproduzir as  interações entre  
espécies numa comunidade (nós e  links),  como redes mutualistas,  
teias alimentares e  demais redes agonísticas;
• As   teias alimentares representam as  interações entre  espécies
numa comunidade,  e  as  vias de  fluxo de  matéria e  energia num
ecossistema;
• Através do  estudo da  topologia de  redes é possível identificar
padrões na estrutura de  interações,  como espécies generalistas e  
especialistas;
• Entre  as  topologias de  rede temos redes aninhadas,  modulares,  
aleatórias e  ono-­‐‑to-­‐‑one;
• Cascata trófica é um  tipo de  controle top-­‐‑down em ecossistemas,  
tendo no  experimento de  Pisaster um  exemplo clássico;
Take-­‐‑home  messages 3
• A   estrutura das  interações (força das  interações e  conectância)  
dentro de  uma rede influencia a  estabilidade desta rede à perda
de  espécies,  levando à alteração de  processos locais (e.g.  prey  
release e  herbivoria);
• Através da  força das  interações e  número de  links  é possível
identificar espécies-­‐‑chave nos ecossistemas;
• A   redundância dentre de  funções como de  espécies-­‐‑chave pode
’proteger’  os ecossistemas contra  a  perda da  biodiversidade;
• A   biodiversidade está ligada ao funcionamento e  estabilidade de  
ecossistemas através das  funções de  espécies;
• Resistência e  resiliência são componentes da  estabilidade,  as  
quais podem variar ’localmente’  e  ’globalmente’;
• Experimentos com  comunidades vegetais tem  revelado a  
importância da  diversidade funcional para  o  funcionamento de  
ecossistemas (produtividade,  estabilidade e  resistência).

Você também pode gostar