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A medicina social, a partir do exposto por Foucault (2002), enfatiza a revolução na

forma de conceituação e práticas da medicina. Similarmente se faz possível a articulação

teórica entre a medicina social e o retratado no filme Patch Adams, que, além de retratar a

busca pela prática horizontal de poder na medicina, onde o paciente é levado em

consideração durante o tratamento por seu bem-estar, o sistema médico também é criticado,

levantando pontos importantes a respeito do alcance da medicina.

Nos anos imediatamente anteriores e durante a Revolução Francesa, segundo

Foucault, os homens passaram a atribuir à medicina um papel central na reconstituição da

sociedade. A medicina social possui três subdivisões, se tratando estas de três etapas para seu

estabelecimento, na visão de Foucault (2002). Em referência a estas, a primeira, medicina do

estado, que se desenvolveu na Alemanha, focada na melhoria da saúde da população, já

naquela época, com a criação de políticas médicas de estado que visavam a potencialização

da saúde dos cidadãos. A medicina urbana, então desenvolvida na França sem suporte do

estado, se fundamenta na criação de novas políticas públicas de modo a evitar doenças,

promovendo a medicalização das cidades, como chamado pelo autor, de condições de vida e

existência. A partir da terceira modalidade de construção da medicina social, a medicina dos

pobres, começa a se desenvolver a Inglaterra. A medicina dos pobres se institui sob pretexto

bilateral: enquanto que esta atenda as necessidades de saúde dos pobres, por meio disso

oferece a proteção das classes mais afortunadas (por meio da manutenção da mão-de-obra e

da contenção do contágio e proliferação de doenças). Ainda que surgisse com o propósito

maior de favorecimento às classes afortunadas, a medicina dos pobres apresentou um novo

olhar para a prática da medicina, algo amplamente discutido até em tempos atuais, sobre as

possibilidades de inserção dentro da medicina, descartando olhares de exclusão, de seleção

entre pessoas doentes ou sem fundos financeiros, mas de inclusão social.


Tal preocupação com este sentido prático da medicina, já presente no início da

medicina moderna, como visto desde a estruturação da medicina de estado, na Alemanha, é

também retratado no filme Patch Adams, onde o personagem principal identifica falhas no

sistema e baseia a sua vida na busca pela "humanização" dos cuidados médicos e

acessibilidade de tratamentos.

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