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Universidade Federal de Uberlândia

Instituto de Geografia / Curso de Saúde Coletiva


Disciplina: Territorialização e Regionalização da Saúde

Aluno (a): Thalita Pessoa Campos


Matrícula: 12211SCO004
Data: 04/11/2022

RESUMO EXPANDIDO
Referência: Lima, Samuel do Carmo. Território e Promoção da Saúde: Perspectivas para a
Atenção Primária à Saúde. Jundiaí: Paco Editorial, 2016, p. 47-93

No texto “Território e Promoção da Saúde: Perspectivas Para a Atenção Primária à Saúde”,


Lima discorre sobre a evolução da saúde de forma histórica, suas influências e seus principais
pontos. A ciência moderna com sua influência newtoniana-cartesiana sobre a saúde traz
consigo uma visão reducionista e mecanicista, onde há uma forte especialização dos médicos
em pequenas áreas do corpo e uma visão de máquina como o corpo, defeito como a doença e
o médico como o mecânico.
Também pode se analisar uma visão euclidiana do corpo biológico em relação à doença, ou
seja, ela é analisada e tratada somente no corpo do indivíduo, sem nenhum olhar para área
psicossocial do indivíduo e como tais áreas podem influenciar a saúde da população. A
medicina moderna passa a ter um olhar mais individualista e hospitalocêntrico.
Na idade média o olhar na relação das doenças com o corpo era diferente, pois era um olhar
hipocrático que levava em conta a influência do ambiente e os miasmas sobre a saúde. Levando
em conta o contexto de epidemias da época, o ambiente e a insalubridade eram julgados como
as causas da transmissão de doenças, o que pode ser conectado também com o higienismo.
O higienismo além de considerar o meio ambiente, a insalubridade das cidades e os miasmas,
ao mesmo tempo também considerava as condições sociais da população, colocando as classes
baixas como transmissores das doenças. A corrente higienista obteve grande influência no
período de revolução industrial na europa e também no desenvolvimento do Brasil. Na reforma
do Rio de janeiro por exemplo onde se afastou a população pobre para a periferia e inclusive
destruindo cortiços e a vacinação sem levar informações para a população o que gerou a
Revolta da Vacina, mas também na França onde além disso, havia o controle da água
consumida, descarte de lixo e esgoto além de grandes vias de circulação para o ar e água.
Nos séculos XVIII e XIX havia um grande enfoque ecológico nas teorias higienistas, com
normas de comportamento e organização das cidades no contexto de epidemias. As doenças
eram localizadas no espaço e levantamentos eram realizados para entender características
sociais, físicas, econômicas e culturais dos locais que poderiam estar relacionadas a elas. De
acordo com Wirchow a concepção social da saúde no século XVIII pode ser resumida em a
medicina social sendo a saúde pública e a medicina individual como a privada.
Foucault indaga que a medicina medieval era voltada para um âmbito individual e que na
verdade a medicina moderna possui um caráter social, tendo em vista o surgimento do sistema
capitalista. Usado como exemplo pelo sociólogo a medicina de estado e a polícia médica na
Alemanha, evidencia que a medicina moderna tem um caráter social mas traz em seu interesse
controlar a população, principalmente classes desfavorecidas e manter saudável o corpo do
trabalhador, para assim produzir mais e até mesmo ter um custo menor para o governo.
Com a industrialização, a saúde também usava como fator de análise os espaços geográficos,
principalmente em países como a Inglaterra, onde as fábricas eram insalubres e a expansão
acelerada das cidades geravam um ambiente com pouca higiene. A preocupação com a saúde
do trabalhador pensando em sua produtividade e lucro levaram o higienismo para o chão de
fábrica e as cidades, novamente afastando para as periferias as indústrias e a classe
trabalhadora.
Com o capitalismo a medicina se tornou social de acordo com Foucault, porém a medicina
individual se tornou mais individualista do que antes. Anteriormente ao século XVIII, o
hospital era visto como um lugar para tratar da alma antes da morte, sendo controlado por
instituições religiosas, porém depois, já é visto como um local de terapia médica, com interesse
inicial nos cofres públicos. Além de hospitais também serem considerados um local de
transmissão de miasmas, sendo também afastados para regiões periféricas. O hospital passou a
ser controlado por médicos e também um local onde se ensinava a medicina e formava novos
médicos. No século XIX com a microbiologia esta tendência ficou ainda mais forte, reforçando
o padrão médico-doença e o modelo hospitalocêntrico.
O reducionismo da medicina moderna com um modelo toyotista de especialização segmentou
o corpo em partes, fazendo com que profissionais tivessem extrema especialização em partes
do corpo e ter pouco conhecimento sobre o todo. Há uma forte especialização e avanços na
medicina moderna, porém não se encon muitos avanços na prevenção de doenças e promoção
da saúde, pois o espaço geográfico, ambiente social e o psicológico são grandes determinantes
da saúde.
Segundo Hipócrates, para o médico exercer sua profissão é importante conhecer o contexto
ambiental, socioeconômico e cultural do ambiente em que o paciente está inserido, para
garantir a cura, prevenção de doenças e promoção de sua saúde.
O autor analisa que há duas medicinas, uma do corpo e outra do território, cada uma
respectivamente mais individualista e outra coletiva, onde em cada contexto histórico cada uma
tem seu momento de hegemonia. Porém é importante destacar que ambas são importantes e
para garantir um estado de saúde da população as duas andam lado a lado, uma prevenindo
doenças e ajudando na promoção de saúde da população e a outra voltada para cura e
tratamento. Concluindo que para a população as duas são necessárias e precisam estar em
posição de destaque para garantir o atendimento da população e atenção básica á saúde.

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