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Introdução:
«…Nos nossos dias tem coisas estranhas que estão acontecer aqui no Bango
ya Coma. (…)»
«…Eh. Onde é que já se viu, enh, desde Setembro, enh, que não tem chuva?
Os animais estão a morrer ngó, as lavras estão a secar ngó, a fome está a entrar
ainda nas nossas barrigas? Já viram isso?! (…)Nos nossos dias tem coisas
estranhas que estão acontecer aqui no Bango ya Coma. Temos que descobrir quem
fez isto!.»
Desenvolvimento:
«...Ngana Kapiapia, na boca dele tem sempre palavra, se levanta ngó assim
e fica claro para todos que ele, palavroso, vai palavrar. Eh! (…)Eu tive um sonho,
Man Bernardo, e no sonho sonhei uma pacaça estava a correr assim ngó à toa nas
matas e montanhas e onde a pacaça estava a passar estava a incendiar...(…) a
pacaça estava então a arder e a correr assim.Onde a pacaça estava a passar tudo
estava então a arder. Eh! E depois já tudo tinha fogo, muito fogo (…) Eu estive assim
a pensar, a pensar assim no meu pensamento a razão deste sonho. Eh. Pensei, pensei,
pensei ngó e vi a casa do Velho Kipacaça. Eh. Faz hoje seis meses que o Velho
Kipacaça foi e não veio…»
Neste caso, a comunidade já tinha uma ideia do que viria a ser a causa da
ausencia das chuvas na região, mas como último recurso, decidiram ir ter com o
Velho Kufula, que era o Kimbandeiro ou Adivinho da região, para dar o veredito
final, relativamente sobre o desaparecimento do Velho Kipacaça e se o seu
desaparecimento tinha ligação com a ausência da chuva. Sendo assim, o Velho
Bernardo, elegeu alguns anciãos para irem até a Lamanda, onde se encontrava
localizado o Velho Kufuca e as pessoas que o velho escolheu são: Kiuala, Kaxikela
e o Velho Kapiapia.
«…– Sim senhor. Eh. O Velho Kufuca é a única pessoa que pode nos
adivinhar onde é que está o velho Kipaca e também se é por causa do Velho Kipaca
não voltar que a chuva não tem mais chuva… (…) Vamos indicar quem vai ir lá no
velho Kufuca… (…) - Eh. Kiuala…-Eh. Kaxiquela…Ngana Kapiapia…»
Na segunda parte da trama, vimos percebe-se claramente que ordenaram alguns homens
para fazer uma busca nas matas, para encontrar o velho Kipacaça. E, na acomunidade,
que sofria no silêncio era a Mana Teresa, esposa do Velho Kipacaça que não conseguia
dormir faz sete noites aguardando os homens que fora a procura do velho Kipacaça, na
esperança de que o trariam de volta com vida. Porém, os homens não obtiveram sucesso
e quando regressaram, Mana Teresa pós-se a chorar e lembrou da última vez que viu o
seu marido, quando este foi a caça, lembrou também do sonho que teve.
«…Tinha sete noites que Mana Teresa não estava a dormir. (…) Mana
Teresa, eh, apesar da distãncia, tinha enxergado: os homens! Vinham em fila,
extenuados, tenuamente andando, passo lento, assim em silêncio. (...) Mana Teresa
despregou ngó passo e zás correu assm na direção dos homens.(…) Mais tarde:
contaram. Eh, Andaram todos caminhos, andarilharam sete partidas, montanharam
subidas e descidas, se banharam fugas desordenadas, se perderam sete vezes e sete
vezes se deram reencontro. Kipacaça, nada! Não lhe deram com ele. E as lágrimas
vieram então a desatar o nó: o choro.(…)Eh! Mana Teresa, toda lagrimosa, lembrou
ainda naquele dia quando Kipacaça foi na caça. (…) – Kipacaça! Sonhei um sonho!
»
«- Quem que matou o Velho Kipacaça foi você! – Kufuca martela palavras
em tom furioso. Kipiapia não estava a levantar a cabeça. Eh! Eh! Eh! (…) – Eu juro
mesmo na minha palavra d´honra eu estou inocente. Eu não matei ninguém. Eu, eu
não fui eu que matei o velho Kipacaça. Eu não matei ninguém nunca. Para a gente
saber quem que matou o Velho Kipacaça é melhor mesmo a gente beber bulungo.
(…) - Vamos ngó beber bulungo! – Kufuca toma voz. (…) Todos beberam. Todos
começam ngó a espirrar assim: atchim! atchim! atchim! Até Kapiapia também assim
fez atchim! Desconfiado, Kufuca se aproxima dele e Kapiapia, com toda força, assim
fez atchim. (…) – Bom, todos fizeram atchim. Agora vamos descobrir nas galinhas:
(…) Kufuca dá bulungo na galinha da Velha Kaxikela e dá ngó na galinha de
Kapiapia. Tem poucos minutos passados e galinha da Velha Kaxikela está a vivere
quem está a morrer é a galinha de Kapiapia. (…) – Quem que matou Velho Kipacaça
foi você mesmo Kipiapia! – vitorioso, Kufuca puxa anzol e vem o peixe. (…) – Noite
esá vir calma. Kapiapia, corpo dele ao relento. Os corvos levam para lá das
montanhas o sopro: soprante.»
Portanto, na quarta parte, vimos que estava a se realizar o óbito do velho
Kipacaça, onde tinha bebida, músicas, as pessoas vinham de outras aldeias pra poder
contemplar o óbido do malogrado caçador que era famoso por seu ofício. Alguns
amigos recordavam dos momentos que tiveram com o mesmo e entoavam canções
que traziam a memória as memórias do grande caçador que foi o Velho Kipacaça.
Então, o Velho Bernardo, fez um ritual, pedindo para que Pupangombe (a deusa da
caça), descesse no meio da roda de dança e para que trazesse os espíritos
propiciadores de força que acompanhavam o velho Kipacaça para entrar no filho
dele. Em pouco tempo, o ritu aconteceu conforme o esperado e o filho do Velho
Kipacaça se tornou no novo Kipacaça da aldeia. E, os habitantes de outras regiões
continuavam a aparecer no óbito, dançavam e cantavam.
Conclusão:
c) Quanto à organização
«Pombuiji caudaloso, riachando: tem riacho ngó.» ( 1° parágrafo) a sua sequência nos
parágrafos seguintes : «Respeitosamente. Na chegada dele todos se levantam, velho
Bernardo Nikila mira autoritário assistência e começa então:»
O final de cada parte do conto é o ponto de partida da outra, ou seja , A primeira parte,
apresenta a situação inicial onde o povo decide invertigar sobre o desaparecimento do
velho kipacaça, e termina onde o povo decide ir até ao soba para descubrir e
eventualmente velho Kapiapia é suspeito de matar o velho e vimos um pouco daquilo que
é o seu caracter. Na segunda parte, dá sequência mostrando o estado emocional da mulher
do velho Kipacaça com o seu desaparecimento relembrando do sonho que teve e alguns
momento antes dele partir. Na terceira parte, o povo vai até ao soba e lá descobre-se que
o velho kipacaça foi morto por velho Kapiapia e algumas atitudes são tomadas. A quarta
parte dá sequência ou seja, é o momento do funeral do velho Kipacaça
Quanto à delimitação
A acção é fechada porque ela foi totalmente solucionada. Visto que, segundo
a tradição, a escassez de chuva foi um fenómeno que ocorreu porque o corpo do
renomado caçador Kipacaça que estava morto, não tinha sido entregue à
Pupangombe (deusa da caça), e que por sinal isso se tornou uma maldição para aquela
toda região. Porém, a trama foi solucionada porque se descobriu que o velho
Kipacaça estava morto, fizeram o ritual à Pupangombe, descobriram o assassino, e
no final ainda vimos o velho a se manifestar e a encerrar a trama.