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CONCURSO PÚBLICO PARA PROVIMENTO DE CARGOS DA POLÍCIA CIVIL


DO ESTADO DE MINAS GERAIS – DELEGADO DE POLÍCIA

01 - 02 - 03 - 04 - 05 - 06 - 07 - 08 - 09 - 10 -
11 - 12 - 13 - 14 - 15 - 16 - 17 - 18 - 19 - 20 -
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41 - 42 - 43 - 44 - 45 - 46 - 47 - 48 - 49 - 50 -
51 - 52 - 53 - 54 - 55 - 56 - 57 - 58 - 59 - 60 -
61 - 62 - 63 - 64 - 65 - 66 - 67 - 68 - 69 - 70 -

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INSTRUÇÕES GERAIS:

1. Este caderno de provas contém um total de 70 (setenta) questões objetivas, sendo 10 de Direito Administrativo, 10 de Direito Civil,
10 de Direito Constitucional, 10 de Direito Penal, 10 de Direito Processual Penal, 05 deDireitos Humanos, 10 de Medicina Legal
e 05 de Noções de Criminologia.Confira-o.
2. Antes do início das provas, marque no local apropriado de sua Folha de Respostas, o número correspondente ao seu TIPO de
gabarito, conformeapresentado na capa deste caderno.
3. As provas objetivas de múltipla escolha terão duração de, no mínimo, 2 (duas) horas e, no máximo, de 4 (quatro) horas e 30
(trinta) minutos, incluído o tempo destinado à transcrição de suas respostas na Folha de Respostas oficial.
4. Por motivo de segurança, os candidatos somente poderão ausentar-se dorecinto de realização das provas objetivas decorridas 2
(duas) horas do início de aplicação das mesmas.
5. Respondidas as questões, você deverá passar o gabarito para a sua Folhade Respostas, usando caneta esferográfica azul ou preta.
6. Em nenhuma hipótese haverá substituição da Folha de Respostas por errodo candidato.
7. Este caderno deverá ser devolvido ao fiscal, juntamente com a Folha de Respostas, devidamente preenchidos e assinados.
8. Você pode transcrever suas respostas na última folha deste caderno e a mesma poderá ser destacada.
9. O gabarito e as questões das Provas Objetivas estarão disponíveis nos endereços eletrônicos acadepol.policiacivil.mg.gov.br e
www.fumarc.com.br, bem como disponibilizados no Quadro de Avisos disposto nohall principal da sede da ACADEPOL, até 3
(três) dias úteis após a sua realização.
10. ATENÇÃO: Transcreva no espaço apropriado na sua Folha de Respostas, com sua caligrafia usual, a seguinte frase:

“Concurso Público da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais - Edital 01/21. Agora é a minha vez de ingressar no quadro de
servidores da Polícia Civil Mineira”.

A comissão organizadora da FUMARC Concursos lhe deseja uma boa prova.

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Direito Administrativo

01) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Levando-se em consideração os entendimentos do Superior Tribunal de Justiça a respeito da preterição de candidatos
em concursos públicos, assinale a alternativa CORRETA:
A) O acréscimo de candidatos aprovados, por força de decisão judicial, implica, em regra, no automático aumento
do número de vagas do concurso público inicialmente previsto no edital;
B) Durante a pandemia de Covid-19, a contratação temporária de enfermeiros configura preterição ilegal e
arbitrária caso haja lista de aprovados para concurso público em plena validade, gerando, dessa forma, direito a
provimento em cargo público por candidato aprovado em cadastro de reserva;
C) Se a nomeação para o cargo público decorreu de ordem judicial, o retardamento da nomeação não implica na
necessidade de pagamento de indenização ao servidor, pelo período em que deveria estar desempenhando suas
funções caso tivesse sido nomeado anteriormente;
D) Em havendo preterição arbitrária de candidato aprovado em concurso, o marco inicial do prazo prescricional é
a data de homologação do resultado final do concurso público.

COMENTÁRIOS: A) INCORRETA. No RMS 63.471, a Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça estabeleceu que o
acréscimo de candidatos aprovados por força de decisão judicial não implica o aumento do número de vagas previsto no
edital. Entendeu o Tribunal que eventual decisão judicial que tenha considerado aprovado determinado candidato não pode ser
interpretada como aumento do número de vagas a serem preenchidas no concurso, tendo em vista que esse número continuará sendo
aquele definido no edital do certame. "Não há, por isso, falar em preterição arbitrária por parte da administração pública, ao
considerar, no cômputo das nomeações, o número de vagas originariamente ofertado", concluiu a Corte da Cidadania.
B) INCORRETA. Durante a pandemia da Covid-19, ao analisar o RMS 65.757, a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça
concluiu que a contratação temporária de enfermeiros, em decorrência da crise sanitária, não configura preterição ilegal e
arbitrária nem gera direito a provimento em cargo público por candidato aprovado em cadastro de reserva. No Mandado de
Segurança, os candidatos alegavam que a contratação temporária realizada pelo município de Petrópolis (RJ), mediante processo
seletivo, demonstrava tanto a necessidade do serviço quanto a disponibilidade orçamentária e a existência de vagas em aberto.
Assim, para os impetrantes, a aprovação em concurso – ainda que para cadastro de reserva – deveria prevalecer sobre a simples
aprovação em processo seletivo. O relator do caso, ministro Mauro Campbell Marques, citou precedente do STJ (RMS 64.166) no
sentido de que a contratação temporária não significa, por si só, a preterição do aprovado em concurso. De acordo com o magistrado,
além de a contratação temporária ter previsão constitucional – o que aponta a regularidade intrínseca do procedimento –, a
ilegalidade nessa forma de admissão só ocorre quando não são observados os requisitos da legislação da respectiva unidade
federativa. Ainda segundo o ministro, o município agiu no contexto do combate à pandemia, buscando a contratação de profissionais
para o enfrentamento de situação temporária.
C) CORRETA, devendo ser a assertiva assinalada. No EREsp 1.117.974, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça fixou
que a nomeação por sentença não gera direito à indenização, ao analisar caso no qual a candidata deixou de ser nomeada para o
cargo de defensora pública na ordem de classificação porque a administração estadual do Rio Grande do Sul rejeitou a comprovação
do tempo de prática jurídica – decisão posteriormente invalidada pelo Judiciário. Como consequência, a candidata foi nomeada mais

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de um ano depois dos demais aprovados. Acompanhando-se a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, entendeu-se que não é
devida indenização pelo tempo em que se aguardou uma solução judicial definitiva sobre aprovação no concurso.
D) INCORRETA. No REsp 415.602, o Superior Tribunal de Justiça estabeleceu que, havendo preterição de candidato aprovado
em concurso, o marco inicial do prazo prescricional recai no dia em que foram nomeados outros servidores (e não na data
de homologação do resultado final do concurso público). Consignou-se o seguinte: "consoante a jurisprudência desta corte,
aplica-se o prazo prescricional de cinco anos do Decreto 20.910/1932, tendo por termo inicial o ato lesivo à posse do recorrente,
que, na espécie, consiste na remoção de servidor público do MPU para a vaga que o autor entende deveria ser a ele destinada".
GABARITO: C

02) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Levando-se em consideração a jurisprudência dos Tribunais Superiores a respeito das fundações públicas, assinale a
alternativa INCORRETA:
A) A fundação instituída pelo Estado pode estar sujeita ao regime público ou privado, a depender do estatuto da
fundação e das atividades por ela prestadas;
B) A fundação pública com personalidade jurídica de direito privado pode adotar o regime celetista para a
contratação de seus empregados;
C) As fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas processuais, pois tal isenção se
aplica apenas para as entidades com personalidade de direito público;
D) A estabilidade especial do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias se aplica para empregados
das fundações públicas de direito privado.

COMENTÁRIOS: A) CORRETA. Nesse sentido: a qualificação de uma fundação instituída pelo Estado como sujeita ao regime público ou
privado depende: i) do estatuto de sua criação ou autorização e ii) das atividades por ela prestadas. As atividades de conteúdo econômico e as
passíveis de delegação, quando definidas como objetos de dada fundação, ainda que essa seja instituída ou mantida pelo poder público, podem se
submeter ao regime jurídico de direito privado (STF. Plenário. RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019). Dessa forma,
tem-se que a fundação instituída pelo Estado realmente pode estar sujeita ao regime público ou privado, a depender do estatuto da fundação e das
atividades por ela prestadas.
B) CORRETA, tratando-se de entendimento pacífico no âmbito do Supremo Tribunal federal: “é constitucional a legislação estadual que determina
que o regime jurídico celetista incide sobre as relações de trabalho estabelecidas no âmbito de fundações públicas, com personalidade jurídica de
direito privado, destinadas à prestação de serviços de saúde (STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3/11/2020). Dessa
forma, não se impõe, necessariamente, o regime jurídico único ou estatutário no âmbito das fundações públicas de direito privado.
C) CORRETA. Nesse sentido: “as fundações públicas de direito privado não fazem jus à isenção das custas processuais. A isenção das custas
processuais somente se aplica para as entidades com personalidade de direito público. Dessa forma, para as Fundações Públicas receberem
tratamento semelhante ao conferido aos entes da Administração Direta é necessário que tenham natureza jurídica de direito público, que se adquire
no momento de sua criação, decorrente da própria lei (STJ. 4ª Turma. REsp 1.409.199-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/03/2020).
D) INCORRETA, devendo ser a assertiva assinalada. O art. 19, caput, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, estabelece que “os
servidores públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações

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públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma
regulada no art. 37, da Constituição, são considerados estáveis no serviço público”. Interpretando tal dispositivo, o Supremo Tribunal Federal
estabeleceu, em sede de repercussão geral, o seguinte: “a estabilidade especial do art. 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT) não se estende aos empregados das fundações públicas de direito privado, aplicando-se tão somente aos servidores das pessoas
jurídicas de direito público. O termo “fundações públicas”, utilizado pelo art. 19 do ADCT, deve ser compreendido como fundações
autárquicas, sujeitas ao regime jurídico de direito público (STF. Plenário. RE 716378/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 1º e 7/8/2019).
Lembre-se que as fundações podem assumir tanto natureza jurídica de direito público (fundações autárquicas ou autarquias fundacionais) quanto
de direito privado. Em que pese a especificidade de tal conteúdo, bem como a ausência de sua “pertinência temática” com as atividades
desempenhadas pelo Delegado de Polícia, trata-se de conhecimento recentemente na prova da Polícia Civil do Estado do Paraná, de 2021.
GABARITO: D

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03) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Nas definições de Maria Sylvia Zanella de Pietro, “pode-se definir o órgão público como uma unidade que congrega
atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram com o objetivo de expressar a vontade do Estado”. A
respeito deste tema, leia as assertivas a seguir e marque a opção incorreta.
A) Os órgãos públicos são unidades administrativas desprovidas de personalidade jurídica própria, de modo que,
em regra, não podem demandar e nem ser demandados em juízo. Desta forma, se a Câmara de Vereadores
provocar determinado dano a um particular, quem responderá será o Município.
B) Os órgãos autônomos são os originários da Constituição e representativos dos três poderes do Estado, sem
qualquer subordinação hierárquica ou funcional e sujeitos apenas aos controles constitucionais um sobre o outro.
C) Quanto à estrutura funcional os órgãos podem ser classificados em simples, os quais não sofrem
desconcentração administrativa, e compostos, os quais se desconcentram administrativamente.
D) Os órgãos superiores são órgãos de direção, controle e comando, mas sujeito à subordinação e ao controle de
uma chefia, não possuindo autonomia administrativa e nem financeira.

COMENTÁRIOS:
a) Correta:
Como os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica própria, eles, em regra, não podem demandar e nem podem ser demandados. Por
exemplo, se a Câmara de vereadores de determinado município provoca um dano a um particular, quem irá responder será o município, em razão
da teoria do órgão e do princípio da imputação volitiva, princípio este segundo o qual a vontade exteriorizada por um agente público que
ocupa um órgão será atribuída à pessoa jurídica que aquele órgão público integra. Desse modo, a responsabilização patrimonial é da pessoa
jurídica.
Como exceção, o STF possui uma jurisprudência que aceita que órgãos públicos independentes impetrem mandados de segurança para a
preservação de suas prerrogativas previstas constitucionalmente. O exemplo clássico de hipótese em que o órgão público independente pode
impetrar mandado de segurança é o exemplo do TCU (Tribunal de Contas da União) que pode impetrar MS contra ato emanado da presidência da
república, isso para que se preservem as suas prerrogativas estampadas no art. 71 da CF.
b) Incorreta:
A assertiva descreve os órgãos INDEPENDENTES, não os órgãos autônomos. De acordo com Maria Sylvia Zanella di Pietro:
“Independentes são os originários da Constituição e representativos dos três Poderes do Estado, sem qualquer subordinação hierárquica ou
funcional, e sujeitos apenas aos controles constitucionais de um sobre o outro; suas atribuições são exercidas por agentes políticos. Entram nessa
categoria as Casas Legislativas, a Chefia do Executivo e os Tribunais. Autônomos são os que se localizam na cúpula da Administração,
subordinados diretamente à chefia dos órgãos independentes; gozam de autonomia administrativa, financeira e técnica e participam das decisões
governamentais. Entram nessa categoria os Ministérios, as Secretarias de Estado e de Município, o Serviço Nacional de Informações e o Ministério
Público. ”
c) Correta:
Conforme Di Pietro:
Quanto à estrutura, os órgãos podem ser simples ou unitários (constituídos por um único centro de atribuições, sem subdivisões internas, como
ocorre com as seções integradas em órgãos maiores) e compostos (constituídos por vários outros órgãos, como acontece com os Ministérios, as
Secretarias de Estado, que compreendem vários outros, até chegar aos órgãos unitários, em que não existem mais divisões).
d) Correta:

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Conforme Di Pietro:
Superiores são órgãos de direção, controle e comando, mas sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia; não gozam de
autonomia administrativa nem financeira. Incluem-se nessa categoria órgãos com variadas denominações, como Departamentos, Coordenadorias,
Divisões, Gabinetes.
GABARITO: B

04) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Sobre os princípios que regem o direito administrativo, leia as assertivas a seguir e marque a opção incorreta:
A) O princípio da legalidade sofre releitura a partir da constitucionalização do direito, sendo melhor interpretado
como princípio da juridicidade, haja vista o dever de obediência por parte do agente público não somente à lei,
mas ao ordenamento jurídico como um todo.
B) A Constituição Federal garante o acesso à informação por meio do princípio da publicidade em sentido material
e formal.
C) O princípio da eficiência não é obra do poder constituinte originário. Ele foi introduzido via emenda em 1998,
com o escopo de atender às exigências da administração em um Estado gerencial.
D) O princípio da motivação é pressuposto para uma administração democrática e indispensável para o exercício
da ampla defesa.

COMENTÁRIOS:
a) Correta:
De acordo com a concepção clássica do princípio da legalidade, o Administrador público só pode atuar em conformidade com a lei. A autonomia
da vontade é delimitada pela lei e o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe, enquanto que o administrador só pode fazer aquilo que a lei
autoriza.
Contudo, desde o movimento do neoconstitucionalismo e da releitura de todos os ramos do direito a partir da Lei Maior, a doutrina entende ser
mais apropriado falar em princípio da juridicidade, em releitura ao princípio da legalidade, posto que a conduta do administrador deve se pautar
em todo o ordenamento, incluindo os princípios constitucionais explícitos e implícitos, e não somente na lei, especialmente na resolução de
questões que surgem de uma ausência de lei para o caso concreto
b) Incorreta:
A Constituição Federal garante o acesso à informação por meio do princípio da publicidade em sentido formal (por exemplo, publicidade de seus
atos em diário oficial para que tenham validade) e não em sentido material ou real.
Em sentido formal, a publicidade se refere ao dever da Administração Pública de publicar os seus atos para que estes tenham validade e a eficácia.
Esse é o sentido adotado na CF/88. No entanto, diversos doutrinadores defendem que uma efetiva publicidade precisa ser mais ampla. Por isso,
defendem que a publicidade cumpra um papel não apenas de publicização do ato, mas uma divulgação clara e detalhada. Este seria o sentido
material do princípio da publicidade: o acesso ao conteúdo desses atos de forma detalhada, permitindo uma maior controle e participação popular
em sua implementação.
c) Correta:

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O princípio da eficiência, acrescentado à CF por meio de Emenda, implementou o modelo de administração gerencial voltada para um controle de
resultados na atuação estatal. De acordo com esse princípio, o Administrador deve atuar com eficiência e aproveitar, ao máximo, os recursos
disponíveis. Deve agir de modo rápido, preciso e com o menor gasto possível.
A doutrina indica que o aumento da utilização e da referência ao princípio da eficiência gerou um aumento do controle dos atos administrativos.
Por exemplo, quando o Tribunal de Contas da União invoca o princípio da eficiência para invalidar uma decisão da administração que, tempos
atrás, seria calcada no mérito administrativo tido por intangível
Existem ainda posições na doutrina que ventilam a tese de que o controle baseado na eficiência não é um controle de mérito, porque se o ato estatal
é ineficiente, ele está além do entrincheiramento do administrador para decidir sobre conveniência e oportunidade (espaço da discrição). Ato
ineficiente seria um ato inválido.
d) Correta:
Conforme leciona Di Pietro:
“O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. Ele está consagrado
pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço para as velhas doutrinas que discutiam se a sua obrigatoriedade alcançava só os atos
vinculados ou só os atos discricionários, ou se estava presente em ambas as categorias. A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato,
porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos administrativos.”
A motivação é pressuposto para uma administração democrática e indispensável ao exercício da ampla defesa. Além disso, cabe relembrar que a
teoria dos motivos determinantes vincula o administrador, isto é, a validade daquele ato está condicionada a existência das razões de fato e de
direito apresentadas.
GABARITO: B

05) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


A respeito dos atos administrativos, leia as assertivas a seguir e marque a opção correta.
A) O efeito prodrômico do ato administrativo se refere à um efeito impróprio do ato, quando este atinge e gera
consequências para uma relação jurídica estranha àquela tratada no ato.
B) Cassação é uma modalidade de extinção dos atos administrativos quando uma norma superveniente o invalida.
C) Ato administrativo imperfeito é aquele que concluiu seu ciclo de formação com vício em um dos elementos
constitutivos.
D) O veto do Presidente da República, à projeto de lei, não é exemplo de ato administrativo.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta:
Os atos administrativos possuem efeitos próprios e impróprios:
Próprios: efeitos típicos dos atos, configurando o objeto ou o conteúdo da conduta estatal.
Impróprios: decorrem de forma indireta da prática do ato. Não são estipulados em sua redação inicial. Que se subdivide em:
Efeito reflexo: atinge e gera consequências para uma relação jurídica estranha àquela tratada no ato administrativo
EX: reintegração de servidor público. Se o servidor público A for reintegrado em seu cargo em virtude da anulação da demissão, o servidor que
estava ocupando o cargo que ele voltará a ocupar será reconduzido. Desapropriação e contrato de aluguel: efeito direto a desapropriação e o indireto
a extinção do contrato de aluguel
Efeito prodrômico: impõe uma nova atuação administrativa diante do início do ato praticado.
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EX: atos complexos


b) Incorreta:
Cassação é uma punição ao beneficiário do ato, pelo fato dele ter descumprido alguma obrigação imposta para a sua manutenção. A irregularidade
é na execução do ato administrativo. Produz efeitos ex nunc e deve ser precedida do contraditório e ampla defesa.
A extinção do ato em razão da invalidação por uma norma superveniente é deniminada caducidade.
c) Incorreta:
Ato administrativo imperfeito é aquele que ainda se encontra em formação.
Fases de constituição do ato administrativo:
• Perfeição: existência – ato cumpriu os trâmites previstos em lei para sua constituição.
• Validade: ato foi criado de acordo com as regras previamente estabelecidas.
• Eficácia: aptidão para produzir efeitos.
d) Correta:
O veto do Presidente da República à projeto de lei não é exemplo de ato administrativo, é exemplo de ato político, uma vez que o fundamento
imediato é a Constituição.
Ato administrativo é:
• Manifestação unilateral do Estado ou de quem lhe faça as vezes
• Que visa a dar concretude à vontade do legislador infraconstitucional
• Praticado sobre a égide do direito público
• Passível de exame de legalidade pelo poder judiciário
• Que visa a modificar, adquirir, resguardar, transferir ou extinguir direitos ou obrigações do Estado ou de particulares atingidos pela
prática do ato
GABARITO: D

06) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Acerca da Lei 9784/99, que rege o processo administrativo em âmbito federal, leia as assertivas a seguir e marque a
opção correta:
A) Os atos do processo administrativo dependem de forma determinada previamente estabelecida em lei, salvo
quando a lei expressamente a dispensar.
B) Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados.
C) O desatendimento das intimações implica em revelia e importa o reconhecimento da verdade dos fatos.
D) Salvo dispensa estabelecida em lei, o reconhecimento de firma é sempre exigido para a juntada de documentos
no processo.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta:
Art. 22: Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
b) Correta:
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Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou
titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica,
social, econômica, jurídica ou territorial.
c) Incorreta:
Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo administrado.
d) Incorreta:
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade
responsável.
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade.
GABARITO: B

07) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Acerca da responsabilidade civil do Estado, leia as assertivas a seguir e assinale a opção incorreta:
A) Não é possível que condutas lícitas do Estado gerem responsabilidade civil, uma vez que o fundamento da
indenização devida é a ilicitude do comportamento de um agente público que ocasionou dano a um particular.
B) É possível que o mesmo ato gere o dever de indenizar algumas pessoas, mas não enseje a reparação de danos
em relação a outras pessoas, configurando o que a doutrina denomina de duplo efeito dos atos administrativos.
C) Na teoria do risco criado ou suscitado, o Estado responde objetivamente ainda que não seja demonstrada uma
conduta direta de um agente público ocasionando o dano.
D) O dano resultante da simples existência de uma obra pública deverá ser indenizado pelo Estado e não pela
concessionária.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta:
É possível que condutas lícitas do Estado gerem responsabilidade civil. Entretanto, a razão ensejadora da responsabilidade do Estado em casos de
condutas lícitas será diferenciada, sendo necessário que a conduta cause um dano anormal e específico. Isso porque não se pode admitir que o ônus
da atuação do Estado em benefício da coletividade recaia sobre uma pessoa. A responsabilidade civil do Estado nos casos de danos decorrentes de
atos lícitos ocorrerá quando expressamente prevista em lei ou a conduta estatal cause sacrifício desproporcional ao particular. Ressalte-se que,
nesta última hipótese, a responsabilização estatal dependerá da comprovação de que os danos são anormais e específicos.
b) Correta:
A teoria do duplo efeito dos atos administrativos se aplica nas situações em que o mesmo ato gera o dever de indenizar determinadas pessoas, mas
não enseja a reparação de danos em relação a outras pessoas, isto porque o mesmo ato administrativo pode causar um dano específico e anormal
para determinadas pessoas, enquanto para outras não gerar dano passível de indenização.
c) Correta:
Na execução de determinadas atividades, sobretudo na guarda de pessoas ou coisas, o Estado, por meio de um comportamento positivo, assume
grande risco de gerar danos a particulares, e nestes casos deverá ser responsabilizado objetivamente ainda que não seja demonstrada uma conduta
direta de um agente público ocasionando o dano. A doutrina moderna entende que todas as vezes em que o Estado detém alguém sob custódia,

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está-se diante de uma situação de risco diferenciado, incluindo detentos que fogem e causam danos logo após a fuga, em razão de haver uma
extensão da custódia. A responsabilização dependerá, nestes casos, da comprovação de que a custódia é uma condição sem a qual o dano não teria
ocorrido, mesmo que situações supervenientes tivessem contribuído.
d) Correta:
Sobre a responsabilização do Estado decorrente de obra pública:
Dano resulta da própria obra: Estado deve responder sozinho e de forma objetiva
Dano resulta de um comportamento doloso ou culposo de um funcionário do particular contratado pela Administração para executar a obra
(funcionário da empreiteira): a pessoa jurídica contratada para realizar a execução da obra, a empreiteira, deverá ser responsabilizada por este
evento.
GABARITO: A

08) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Quanto ao seu objeto, o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – pode ser classificado como:
A) autarquias assistenciais;
B) autarquias culturais;
C) autarquias profissionais;
D) autarquias administrativas;

COMENTÁRIOS: Atenção futuros deltas, a FUMARC sempre exige o conhecimento da organização da Administração Pública. Fique de
olho!
Ensina José dos Santos Carvalho Filho:
“Dentro das atividades típicas do Estado, a que estão preordenadas, as autarquias podem ter diferentes objetivos, classificando-se em:
a) autarquias assistenciais: aquelas que visam a dispensar auxílio a regiões menos desenvolvidas ou a categorias sociais específicas, para o fim
de minorar as desigualdades regionais e sociais, preceito, aliás, inscrito no art. 3 o , III, da CF. Exemplo: INCRA – Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária;
b) autarquias previdenciárias: voltadas para a atividade de previdência social oficial. Exemplo: o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social);
c) autarquias culturais: dirigidas à educação e ao ensino. Exemplo: a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro);
d) autarquias profissionais (ou corporativas): incumbidas da inscrição de certos profissionais e de fiscalizar sua atividade. Exemplo: OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil); CRM (Conselho Regional de Medicina); CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), e outras do gênero.
e) autarquias administrativas: que formam a categoria residual, ou seja, daquelas entidades que se destinam às várias atividades administrativas,
inclusive de fiscalização, quando essa atribuição for da pessoa federativa a que estejam vinculadas. É o caso do INMETRO (Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial); BACEN (Banco Central do Brasil); IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis);
f) autarquias de controle: enquadram-se nesta categoria as recém-criadas agências reguladoras, inseridas no conceito genérico de agências
autárquicas, cuja função primordial consiste em exercer controle sobre as entidades que prestam serviços públicos ou atuam na área econômica
por força de concessões e permissões de serviços públicos (descentralização por delegação negocial), como é o caso da ANEEL (Agência Nacional
de Energia Elétrica), da ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) e da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Sobre tais entidades,
remetemos aos comentários feitos adiante, no n o 15 deste tópico;

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g) autarquias associativas: são as denominadas “associações públicas”, ou seja, aquelas que resultam da associação com fins de mútua
cooperação entre entidades públicas, formalizada pela instituição de consórcios públicos, sendo estes regulados, como já vimosanteriormente no
capítulo relativo aos contratos administrativos, pela Lei n o 11.107/2005.”
GABARITO: A
Fonte: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 34a ed. rev. Atual. ampl. São Paulo: Atlas, 2020.

09) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


A natureza jurídica das agências reguladoras é de:
A) autarquia especial, dotada de personalidade jurídica de direito privado, integrante da administração pública
direta;
B) empresa pública especial, dotada de personalidade jurídica de direito privado, integrante da administração
pública indireta;
C) autarquia especial, dotada de personalidade jurídica de direito público, integrantes da administração pública
direta;
D) autarquia especial, dotada de personalidade jurídica de direito público, integrantes da administração pública
indireta.

COMENTÁRIOS: Ensina José dos Santos Carvalho Filho:


“Já antecipamos que a natureza jurídica das agências reguladoras é a de autarquias, sendo, portanto, dotadas de personalidade jurídica de
direito público. Trata-se de entes públicos da administração indireta do Estado, com a função específica de controle de atividades econômicas e
da prestação de serviços públicos.
Dentro do gênero autarquias, as agências reguladoras situam-se na categoria das autarquias especiais, ou, se assim se preferir, autarquias de
regime especial, pela circunstância, já anotada, de que seu regime jurídico se apresenta com certas peculiaridades específicas, não incidentes
sobre as autarquias comuns, ou de regime comum.
Corroborando essa natureza jurídica, o art. 2o, parágrafo único, da Lei no 13.848/2019 faz expressa referência ao fato, caracterizando as agências
reguladoras como “autarquias especiais”. Pelo fato de integrarem essa categoria peculiar, sujeitam-se ao microssistema normativo contemplado
no referido diploma legal.”
GABARITO: D
Fonte: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 34 a ed. rev. Atual. ampl. São Paulo: Atlas, 2020.

10) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Acerca dos órgãos públicos, assinale a alternativa incorreta:
A) Tanto a criação, extinção, estruturação e atribuições dos órgãos da administração pública dependem de lei;
B) compete ao Presidente da República (e, por simetria, aos demais Chefes de Executivo) a iniciativa privativa
para deflagrar o processo legislativo sobre a criação dos órgãos da administração pública;

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C) no Poder Legislativo, a criação e a extinção de órgãos se situam dentro do poder que têm suas Casas de dispor
sobre sua organização e funcionamento. Por via de consequência, não dependem de lei, mas sim de atos
administrativos praticados pelas respectivas Casas;
D) o órgão não pode, como regra geral, ter capacidade processual, ou seja, idoneidade para figurar em qualquer
dos polos de uma relação processual. Faltaria a presença do pressuposto processual atinente à capacidade de
estar em juízo.

COMENTÁRIOS: A) ERRADA. “Representando compartimentos internos da pessoa pública, os órgãos públicos não são livremente
criados e extintos pela só vontade da Administração. Tanto a criação como a extinção de órgãos dependem de lei,e nesse sentido dispõe a vigente
Constituição quando inclui a exigência na relação das denominadas “reservas legais”, matérias cuja disciplina é reservada à lei (art. 48, XI).
Anteriormente era exigida lei para a criação, estruturação e atribuições dos órgãos, mas com a nova redação dada ao dispositivo pela EC no 32,
de 11.9.2001, a exigência passou a alcançar apenas a criação e a extinção de órgãos. Em consequência, a estruturação e as atribuições podem
ser processadas por decreto do Chefe do Executivo, como consta, aliás, no art. 84, VI, “a”, da CF, também alterado pela referida Emenda.”
B) CORRETA. A Carta reserva ao Presidente da República (e, por simetria, aos demais Chefes de Executivo) iniciativa privativa para deflagrar o
processo legislativo sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública (art. 61, § 1o, II, “e”, CF).
C) CORRETA. “No Poder Legislativo, a criação e a extinção de órgãos se situam dentro do poder que têm suas Casas de dispor sobre sua
organização e funcionamento, conforme previsto nos arts. 51, IV (Câmara dos Deputados), e 52, XIII (Senado Federal). Por via de consequência,
não dependem de lei, mas sim de atos administrativos praticados pelas respectivas Casas. Como retratam princípios extensíveis atinentes à
organização funcional, tais mandamentos aplicam-se também ao Legislativo de Estados, Distrito Federal e Municípios.”
D) CORRETA. “Como círculo interno de poder, o órgão em si é despersonalizado; apenas integra a pessoa jurídica. A capacidade processual é
atribuída à pessoa física ou jurídica, como averba o art. 70 do CPC: “Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade
de estar em juízo”. Sendo assim, o órgão não pode, como regra geral, ter capacidade processual, ou seja, idoneidade para figurar em qualquer
dos polos de uma relação processual. Faltaria a presença do pressuposto processual atinente à capacidade de estar em juízo. Nesse sentido já
decidiu o STF 37 e têm decidido os demais Tribunais.
De algum tempo para cá, todavia, tem evoluído a ideia de conferir capacidade a órgãos públicos para certos tipos de litígio. Um desses casos é
o da impetração de mandado de segurança por órgãos públicos de natureza constitucional, quando se trata da defesa de sua competência, violada
por ato de outro órgão. Em consequência, para exemplificar, “a Assembleia Legislativa Estadual, a par de ser órgão com autonomia financeira
expressa no orçamento do Estado, goza, legalmente, de independência organizacional. É titular de direitos subjetivos, o que lhe confere a chamada
‘personalidade judiciária’, que a autoriza a defender os seus interesses em juízo. Tem, pois, capacidade processual.” 39 Em outra hipótese, já se
admitiu mandado de segurança impetrado por Câmara Municipal contra o Prefeito para o fim de obrigá-lo à devida prestação de contas ao
Legislativo, tendo sido concedida a segurança.”
GABARITO: A
Fonte: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 34 a ed. rev. Atual. ampl. São Paulo: Atlas, 2020.

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Direito Civil

11) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Considerando as Causas que Interrompem a Prescrição, assinale a alternativa correta:
A) Interrompe a prescrição, o despacho do juiz, salvo se incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a
promover no prazo e na forma da lei processual.
B) A interrupção da prescrição por um credor aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra
o co-devedor, ou seu herdeiro, prejudica aos demais coobrigados.
C) A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou
devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
D) A interrupção produzida contra o principal devedor não prejudica o fiador.

COMENTÁRIOS: LETRA A (INCORRETA): na verdade, interrompe a prescrição, o despacho do juiz, MESMO


INCOMPETENTE, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual, nos termos do art.
202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
processual.
LETRA B (INCORRETA): na verdade, A interrupção da prescrição por um credor NÃO aproveita aos outros; semelhantemente,
a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, NÃO prejudica aos demais coobrigados nos termos do art. 204. A
interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou
seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
LETRA C (CORRETA): nos termos do art. 204, § 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não
prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
LETRA D (INCORRETA): na verdade, a interrupção produzida contra o principal devedor PREJUDICA o fiador, nos termos do
art. 204, § 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
Para facilitar o estudo do aluno, segue Seção III, do Capítulo I da Prescrição, do Título IV do Código Civil. Em análise das provas
anterior, verificou a cobrança predominante da “lei seca” nesta disciplina, razão pela qual recomenda-se a leitura atenta dos
dispositivos legais.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei
processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para
a interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.
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Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-
devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário
envolve os demais e seus herdeiros.
§ 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão
quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§ 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
GABARITO: C

12) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Considerando as disposições normativas acerca da assunção de dívida, assinale a alternativa incorreta:
A) É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando
exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o
seu silêncio como aceite.
B) Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as
garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
C) Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as
garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
D) O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.

COMENTÁRIOS: LETRA A (INCORRETA): na verdade, o silêncio do credor será interpretado como RECUSA, nos termos
do Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o
devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu
silêncio como recusa.
LETRA B (CORRETA): Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção
da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
LETRA C (CORRETA): Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias,
salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
LETRA D (CORRETA): Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor
primitivo.
GABARITO: A

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13) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Considerando as disposições normativas da Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa
correta:
A) Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país sessenta dias depois de oficialmente publicada.
B) Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia dois meses depois de
oficialmente publicada.
C) Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste
artigo e dos parágrafos anteriores correm da primeira publicação.
D) As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

COMENTÁRIOS: LETRA A (INCORRETA): na verdade, a lei começa a vigorar QUARENTA E CINCO DIAS após de
publicada, nos termos do art. 1º, caput. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.
LETRA B (INCORRETA): na verdade, nos estados estrangeiros, a vigência se inicia TRÊS MESES depois de oficialmente
publicada, nos termos do art. 1º, § 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada.
LETRA C (INCORRETA): na verdade, começará a correr da NOVA publicação, nos termos do art. 1º, § 3º Se, antes de entrar a
lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará
a correr da nova publicação.
LETRA D (CORRETA): Art. 1º, § 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
GABARITO: D

14) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Serão registrados em registro público, exceto:
A) Os nascimentos, casamentos e óbitos.
B) A interdição por incapacidade absoluta ou relativa.
C) Os atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação.
D) A sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

COMENTÁRIOS: LETRA C (GABARITO, responde as demais): na verdade, os atos judiciais ou extrajudiciais que
declararem ou reconhecerem a filiação serão AVERBADOS em registro público.
ATENÇÃO: trata-se de questão corriqueira em provas de concurso, onde os examinadores tentam confundir o candidato com os
atos jurídicos que são registrados e averbados, constantes nos arts. 9º e 10 do Código Civil, razão pela qual recomenda-se a leitura
atenta dos dispositivos legais a seguir:
Art. 9º Serão registrados em registro público:
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I - os nascimentos, casamentos e óbitos;


II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da
sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação.
GABARITO: C

15) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Considerando os danos materiais e morais na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa
incorreta:
A) São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
B) É ilícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
C) A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa.
D) O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular, possuindo os herdeiros da
vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.

COMENTÁRIOS: LETRA A (CORRETA): Súmula 37-STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral
oriundos do mesmo fato.
LETRA B (INCORRETA): na verdade, é LÍCITA a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral, nos termos da
Súmula 387-STJ: É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
LETRA C (CORRETA): Súmula 281-STJ: A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa.
LETRA D (CORRETA): Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória.
GABARITO: B

16) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


São pessoas jurídicas de direito público interno, exceto:
A) As autarquias, inclusive as associações públicas.
B) Os Municípios.
C) Os Estados estrangeiros.
D) A União.
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COMENTÁRIOS: LETRA C (GABARITO, responde as demais): na verdade, os Estados estrangeiros são pessoas jurídicas
de direito público EXTERNO, nos termos do art. 42 do Código Civil.
ATENÇÃO: trata-se de questão corriqueira em provas de concurso, onde os examinadores tentam confundir o candidato com as
pessoas jurídicas de direito público interno, externo, bem como com as pessoas jurídicas de direito privados, previstos nos arts.41,
42 e 44 do Código Civil, razão pela qual recomenda-se a leitura atenta dos dispositivos legais a seguir:
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito
privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito
internacional público.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
GABARITO: C

17) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Considerando a jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores acerca da responsabilidade civil, analise as
assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas:
I. São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de danos decorrentes de publicação pela imprensa, tanto o
autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
II. A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos danos por este
causados a terceiro, no uso do carro locado.
III. A ausência de registro da transferência implica a responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante
de acidente que envolva o veículo alienado.

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A) Apenas I e III.
B) Apenas I e II.
C) Apenas II e III.
D) Apenas III.

COMENTÁRIOS: ITEM I (CORRETO): Súmula 221-STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano,
decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
ITEM II (CORRETO): Súmula 492-STF: A empresa locadora de veículos responde, civil e solidariamente com o locatário, pelos
danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.
ITEM III (INCORRETO): na verdade, a ausência de registro da transferência NÃO implica a responsabilidade do antigo
proprietário, nos termos da Súmula 132-STJ: A ausência de registro da transferência não implica a responsabilidade do antigo
proprietário por dano resultante de acidente que envolva o veículo alienado.
GABARITO: B

18) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Sobre a propriedade, é incorreto dizer que:
A) A propriedade do solo abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica
e os monumentos arqueológicos.
B) A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao
seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura
ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
C) O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil,
desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
D) Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito
jurídico especial, couberem a outrem.

COMENTÁRIOS: LETRA A (INCORRETA): na verdade, a propriedade do solo NÃO abrange as jazidas, minas e etc., nos
termos do art. 1.230, caput. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia
hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
LETRA B (CORRETA): Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma
altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
LETRA C (CORRETA): Art. 1.230, Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de
emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.

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LETRA D (CORRETA): Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário,
salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.
GABARITO: A

19) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Com base nos aspectos do Direito de Família referentes ao Casamento e à União estável, assinale a opção INCORRETA:
A) A existência de casamento válido não obsta o reconhecimento da união estável, desde que haja separação de
fato ou judicial entre os casados.
B) Por constituir mera sociedade de fato, a vara cível é a competente para apreciar e julgar pedido de
reconhecimento e dissolução de união estável homoafetiva.
C) O convivente em união estável terá os mesmos direitos à herança que decorrem do casamento.
D) O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este,
desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.

COMENTÁRIOS: a) CORRETA. Ao analisarmos os impedimentos matrimoniais do Art. 1521 do CC (quem também se aplicam à União
estável), é importante fazer uma ressalva ao inciso VI, pois a jurisprudência é pacificada no sentido de que pessoas casadas, desde que separadas
de fato, podem constituir União estável:
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte
OBS: As causas SUSPENSIVAS do casamento não se comunicam à União estável.
b) INCORRETA. A união estável possui natureza FAMILIAR e suas ações, por conseguinte, serão julgadas na vara de família. Nesse sentido:
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
ATENÇÃO: o concubinato IMPURO é considerado mera sociedade de fato.
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar-se, constituem concubinato
c) CORRETA. Trata-se de posição pacífica nos Tribunais Superiores:
Considerando a ordem de vocação engendrada para o casamento, verifica-se que tanto a sucessão de cônjuges como a sucessão de companheiros
devem seguir, a partir da decisão do STF, o regime atualmente traçado no art. 1.829 do CC/2002 (RE 878.694/MG, Rel. Min. Luis Roberto
Barroso).
d) CORRETA. Assertiva nos exatos termos do Art. 1.515 do CC:
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no
registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.

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Cabe mencionar que o Brasil, tratando-se de um país laico, reconhece o casamento de qualquer religião.
GABARITO: B

20) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Com base na Teoria Geral dos Contratos, assinale a opção CORRETA:
A) Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, exceto se a aquisição se tenha realizado em HASTA
PÚBLICA.
B) As partes não podem, por cláusula expressa excluir a responsabilidade pela evicção.
C) Em relação aos vícios redibitórios, se o alienante não conhecia o vício ou defeito da coisa, tão somente restituirá
o valor recebido, mais as despesas do contrato.
D) Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do
momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, de ofício, de modo que assegure, quanto possível, o valor
real da prestação.

COMENTÁRIOS: a) INCORRETA. Trata-se de questão exaustivamente cobrada em provas. Nesse sentido:


Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia AINDA QUE A AQUISIÇÃO SE TENHA
REALIZADO EM HASTA PÚBLICA.
b) INCORRETA. O Código Civil confere autonomia privada às partes para que, por cláusula expressa, possam reforçar, diminuir ou excluir a
responsabilidade pela evicção. Nesse termos:
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
c) CORRETA. Importante regra em relação aos vícios redibitórios:
Alienante conhecia o vício ou defeito da coisa: PERDAS E DANOS + RESTITUIÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS.
Alienante NÃO conhecia o vício ou defeito da coisa: RESTITUIÇÃO DO VALOR RECEBIDO E DESPESAS DO CONTRATO. Vejamos:
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão somente restituirá
o valor recebido, mais as despesas do contrato.
d) INCORRETA. Importante artigo que trata da teoria da Imprevisão (muito importante para a sua prova!). A correção, nesses casos, dar-se-á a
pedido das partes:
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução,
poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Também importante conhecer:
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema
vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos
da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
GABARITO: C

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Direito Constitucional

21) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


A respeito dos direitos e deveres individuais e coletivos, e levando-se em consideração as disposições do art. 5º da
Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa INCORRETA:
A) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, pela maioria absoluta dos respectivos membros, serão equivalentes às
emendas constitucionais;
B) O habeas-data é remédio constitucional cabível para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo;
C) São assegurados a todos o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade
ou abuso de poder, sendo que o pagamento de taxas é dispensável, ainda que não se trate de indivíduo
reconhecidamente pobre;
D) São gratuitos, para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a certidão de
óbito.

COMENTÁRIOS: A) INCORRETA, devendo ser a assertiva assinalada, pois o art. 5º, § 3º, da Constituição Federal, estabelece que “os
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”. Lembre-se que “maioria absoluta” significa 50%
mais um dos membros da respectiva casa, enquanto três quintos corresponderão a 60% de tais membros, tratando-se, portanto, de um quórum
superior.

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B) CORRETA. O art. 5º, inc. VLII, da Constituição Federal, estabelece que “conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o
conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial
ou administrativo”. Trata-se de um dos chamados remédios constitucionais, que podem ser definidos como instrumentos à
disposição dos cidadãos para provocar a intervenção de autoridades a fim de impedir ilegalidades ou abuso de poder que prejudiquem
direitos e interesses individuais. Outros exemplos de remédios constitucionais são o habeas corpus e o mandado de segurança.
C) CORRETA, pois o art. 5º, inc. XXXIV, alínea a, da Constituição Federal, dispõe que “são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder”. Dessa forma, a dispensa do pagamento de taxas, nesses casos, realmente se aplica a todos, e não
apenas aos reconhecidamente pobres.
D) CORRETA, pois o art. 5º, inc. LXXVI, da Constituição Federal, estabelece que “são gratuitos para os reconhecidamente
pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito”. Lembre-se que não se trata de gratuidade a ser
indiscriminadamente concedida para todos os brasileiros ou estrangeiros residentes no Brasil, mas apenas para os reconhecidamente
pobres.
GABARITO: A

22) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


Levando-se em consideração as disposições da Constituição Federal de 1988 e o entendimento jurisprudencial a respeito
da proteção ao meio ambiente, assinale a alternativa INCORRETA:
A) As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei complementar federal,
sem o que não poderão ser instaladas;
B) A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem
a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais;
C) As medidas provisórias não podem veicular norma que altere e/ou suprima espaços territoriais especialmente
protegidos;
D) O estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual que torne menos eficiente a proteção
do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de mineração afronta as disposições constitucionais
protetivas do meio ambiente.

COMENTÁRIOS: A) INCORRETA, devendo ser a assertiva assinalada, pois o art. 225, § 6º, da Constituição Federal, estabelece
que “as usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser
instaladas”. Não há exigência, portanto, de lei complementar pelo texto constitucional, bastando lei ordinária federal para
regulamentação da matéria.

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B) CORRETA, pois traz a expressa redação do art. 225, § 4º, da Constituição Federal: “a Floresta Amazônica brasileira, a Mata
Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na
forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.
C) CORRETA, pois o Supremo Tribunal Federal realmente entende o seguinte: “as medidas provisórias não podem veicular norma
que altere espaços territoriais especialmente protegidos, sob pena de ofensa ao art. 225, inc. III, da Constituição da República. As
alterações promovidas pela Lei 12.678/2012 importaram diminuição da proteção dos ecossistemas abrangidos pelas unidades de
conservação por ela atingidas, acarretando ofensa ao princípio da proibição de retrocesso socioambiental, pois atingiram o núcleo
essencial do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto no art. 225 da Constituição da República.
[ADI 4.717, rel. min. Cármen Lúcia, j. 5-4-2018, P, DJE de 15-2-2019]”. Vale ressaltar que o art. 225, inc. III, da Constituição
Federal, estabelece que compete ao Poder Público “definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção”.
D) CORRETA, pois o Supremo Tribunal Federal entende justamente que “o estabelecimento de procedimento de licenciamento
ambiental estadual que torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de mineração afronta
o caput do art. 225 da Constituição da República por inobservar o princípio da prevenção. [ADI 6.650, rel. min. Cármen
Lúcia, j. 27-4-2021, P, DJE de 5-5-2021]”.
GABARITO: A

23) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


Assinale a alternativa que não indica um dos objetivos da seguridade social:
A) equidade na forma de participação no custeio;
B) seletividade da cobertura e do atendimento;
C) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
D) irredutibilidade do valor dos benefícios;

COMENTÁRIOS: ATENÇÃO futuros deltas, a FUMARC gosta da letra da lei, especialmente em Direito Constitucional!!
De olho no texto legal:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;

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VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as
despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social;
GABARITO: B

24) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


Acerca da segurança pública, nos exatos termos do Art. 144, da Constituição Federal, assinale a alternativa correta:
A) A segurança pública, de responsabilidade exclusiva do Estado, é exercida para a preservação da ordem pública,
paz social, o patrimônio e a vida das pessoas;
B) A segurança pública, dever e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio público;
C) A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio;
D) A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública, paz social, aplicação da lei penal e da incolumidade das pessoas.

COMENTÁRIOS:
ATENÇÃO futuros deltas, vocês precisam DECORAR o Art. 144 da CF:
“ A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.”
GABARITO: C

25) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


São bens da União, exceto:
A) os sítios arqueológicos;
B) as praias marítimas;
C) os potenciais de energia hidráulica;
D) as terras devolutas;

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COMENTÁRIOS: Pode parecer chato copiarmos o texto legal. Contudo, observamos que a FUMARC possui esse perfil.
Dica EMDELTA: antes de iniciar seu estudo, separe ao menos 30 min para ler a lei. Faça um cronograma de leitura até o dia da prova. E não
despreze a leitura dos cometários, mesmo que seja repetitivo. Sempre vai cair uma questão letra de lei que você acha que sabe, mas na hora não
lembra exatamente da literalidade. Por isso, a leitura após uma questão é fundamental.
De olho no texto legal:
“Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à
preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros
países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas,
as áreas referidas no art. 26, II;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas,
as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art.
26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005)
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
De olho na jurisprudência
As terras devolutas pertencem, em regra, aos Estados-membros, com exceção daquelas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e
construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, que são de propriedade da União (art. 20, II, da CF/88).
As terras devolutas pertencem aos Estados-membros desde a Constituição de 1891, que delas excetuava apenas a porção do território indispensável
para a defesa das fronteiras, fortificações, construções militares e estradas de ferro federais. Esse mesmo tratamento jurídico foi mantido, com
pequenas variações, nas Constituições de 1934, 1937, 1946, 1967, EC 1 de 1969 e, finalmente, na Constituição Federal de 1988.
Caso concreto: no Estado de São Paulo havia uma grande área que era considerada como terra devoluta. Diante disso, em 1939, o Estado ajuizou
ação discriminatória para regularizar essa área, tendo o pedido sido julgado procedente, com a expedição de títulos de domínio das terras em favor
do autor.
A União, posteriormente, propôs ação anulatória alegando que as referidas terras seriam de sua propriedade desde 1872, por anexação. O Estado
de São Paulo, por sua vez, alegou que eram terras devolutas, e, por isso, passíveis de alienação a particulares.
Apesar de inexistente, à época, qualquer registro imobiliário no sentido de se cuidar de terras devolutas, não se exigiria prova nesse sentido, pois
a regra então vigente era no sentido da presunção da natureza devoluta dessas terras.
Assim, havia presunção de que eram terras devolutas e cabia à União o ônus de provar que adquiriu as terras por meio de compra ou anexação;
que as terras lhe eram úteis; e a exata individuação para fins de saber se elas coincidem com as áreas em relação às quais o estado de São Paulo
expediu os títulos que se pretende anular.
É possível concluir que a União adquiriu terras na região, mediante compra ou anexação. Entretanto, não há provas de que essas terras tenham
sido efetivamente úteis para o suposto fim original a que se prestariam. Além disso, não há qualquer precisão na individuação dessas terras à época
da aquisição. A União não se desincumbiu de seu ônus probatório.

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STF. Plenário. ACO 158/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/3/2020 (Info 969).
GABARITO: D

26) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


Acerca do tema “sentidos da Constituição”, pode-se destacar a concepção segundo a qual a Constituição é uma norma
positiva suprema, que fundamenta e dá validade a todo o ordenamento jurídico. Este conceito refere-se:
A) Sentido sociológico
B) Sentido lógico-jurídico
C) Sentido político
D) Sentido jurídico-positivo

COMENTÁRIOS:
a) Errado. O sentido sociológico, sustentado por Ferdinand Lassale, tem a Constituição como o produto da soma dos fatores
reais de poder que regem a sociedade.
b) Errado. O sentido lógico-jurídico é um desdobramento da concepção em sentido jurídico, de Hans Kelsen, o qual sustentava
a Constituição como norma suprema. Desse modo, quando se trata de sentido lógico jurídico este trata a Constituição
como normal fundamental hipotética.
c) Errado. O sentido político, elaborado por Carl Schmitt, a Constituição é uma decisão política fundamental que o Poder
Constituinte reconhece e pronuncia ao impor uma nova existência política.
d) Correto. O sentido jurídico-positivo é o segundo desdobramento da concepção de sentido jurídico, elaborada por Kelsen.
Assim, no sentido jurídico-positivo a Constituição é uma norma positiva suprema, que fundamenta e dá validade a todo
o ordenamento jurídico, somente podendo ser alterada se obedecidos os ritos específicos.
GABARITO: D

27) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


Conforme o entendimento recente dos tribunais superiores a respeito das competências dos entes da federação, assinale
a alternativa correta:
A) Lei distrital pode conferir porte de arma e determinar o exercício de atividades de segurança pública a agentes
e inspetores de trânsito.
B) Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição estadual que proíbe a caça em seu
respectivo território.
C) É constitucional lei estadual que estabeleça prazo máximo para que os planos de saúde autorizem solicitações
de exames e procedimentos cirúrgicos.
D) É inconstitucional lei estadual que proibiu o corte de energia elétrica durante a pandemia da Covid-19.
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COMENTÁRIOS:
a) Errado. A Constituição Federal, nos incisos do art. 144, estabelece quais são os órgãos de segurança pública. Esse rol é taxativo e de
observância obrigatória pelo legislador infraconstitucional. Como consequência, os Estados-membros não podem atribuir o exercício de
atividades de segurança pública a órgãos diversos daqueles previstos na Constituição Federal. Nesse sentido, a segurança viária (exercida
por agentes de trânsito) não faz parte da segurança pública, visto que não consta no rol do art. 144 da CF. Outrossim, compete à União,
nos termos do art. 21, VI; e 22, I, da Constituição, a definição dos requisitos para a concessão do porte de arma de fogo e dos possíveis
titulares de tal direito, inclusive no que se refere a servidores públicos estaduais ou municipais, em prol da uniformidade da regulamentação
do tema no país, questão afeta a políticas de segurança pública de âmbito nacional. Desse modo, é inconstitucional a lei distrital que
disponha sobre porte de arma de fogo, criando hipóteses não previstas na legislação federal de regência, notadamente a Lei federal nº
10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento).
Vide STF. Plenário. ADI 3996, Rel. Luiz Fux, julgado em 15/04/2020 (Info 987 – clipping).
b) Correto. Preliminarmente, O estado-membro possui competência para tratar sobre proteção ao meio ambiente, nos termos do art. 23, VI e
VII, e art. 24, VI, da Constituição Federal. Desse modo, considerando as regras de repartição de competência previstas constitucionalmente,
o constituinte estadual apenas reforçou a proibição de caça trazida pelo art. 1º da Lei nº 5.197/67 (Lei de Proteção à Fauna), norma geral
editada pela União. Nesse sentido, trata-se de norma geral que propicia a edição de normas suplementares pelos estados destinadas a
pormenorizar o conteúdo da norma federal e a adequar seus termos às particularidades regionais.
Vide STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).
c) Errado. É inconstitucional lei estadual que estabeleça prazo máximo de 24 horas para as empresas de plano de saúde regionais autorizarem
ou não solicitações de exames e procedimentos cirúrgicos em seus usuários que tenham mais de 60 anos. Essa lei é inconstitucional por
usurpar competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil e política de seguros (art. 22, I e VII, da CF/88).
Vide STF. Plenário. ADI 6452/ES, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/6/2021 (Info 1021).
d) Errado. Referida lei é constitucional. Preliminarmente, não há se falar em invasão da competência legislativa privativa da União para
legislar sobre energia elétrica, porque a lei estadual impugnada não atinge de forma direta a relação contratual estabelecida entre a
concessionária e o Poder Público concedente, titular do serviço. Ademais, a lei também não fere o núcleo de atuação das empresas voltadas
à prestação de serviços de fornecimento de energia elétrica, uma vez que não se constata que possa gerar desequilíbrio contratual ou afetar
políticas tarifárias, especialmente porque as medidas impostas são excepcionais e transitórias, limitadas ao tempo da vigência do plano
de contingência adotado pela Secretaria estadual de saúde em decorrência da pandemia de Covid-19. Por fim, tal lei está baseada na
dignidade da pessoa humana e outros direitos fundamentais.
Vide STF. Plenário. ADI 6588/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 28/5/2021 (Info 1019)
GABARITO: B

28) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


Essa Constituição possui todas as possíveis ocorrências constitucionais da vida fática previamente respondidas em seu
texto constitucional, bastando aplicar a norma jurídica cabível na hipótese para solucionar a controvérsia. Trata-se de
uma Constituição:
A) Dirigente
B) Semântica
C) Nominalista
D) Concisa
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COMENTÁRIOS:
a) Errada. A Constituição dirigente traz em seu bojo programas e projetos voltados à concretização de certos ideais políticos. Nesse sentido, é
uma classificação quanto à finalidade da Constituição.
b) Errada. Quanto à interpretação da Constituição, esta pode ser semântica quando o seu texto exige a aplicação de uma diversidade de métodos
interpretativos para ser realmente entendido.
c) Correto. Na Constituição nominalista, também classificada dessa forma quanto à interpretação, o texto é compreendido de modo literal, posto
todas as situações constitucionais possíveis já estão previstas em seu texto e com as respectivas respostas.
d) Errada. A Constituição concisa é elaborada de forma breve e traz em seu bojo apenas princípios básicos para a estrutura-estatal, é uma
classificação quanto à extensão da Constituição.
GABARITO: C

29) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais é
de competência:
A) União.
B) União, Estados e Distrito Federal.
C) União, Estados, Distrito Federal e territórios.
D) União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

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COMENTÁRIOS: LETRA D. Vide art. 23, CF - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: XI -
registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios. Vale
ressaltar ainda que, os territórios não são entes federativos sendo considerados autarquias federais que integram diretamente à União.
GABARITO: D

30) (Questão autoral – Projeto em Delta – 2021)


Acera dos princípios que orientam a interpretação constitucional, assinale a alternativa incorreta:
A) O Princípio da Concordância Prática exige que os bens jurídicos constitucionalmente protegidos possam
coexistir de maneira harmoniosa, sem predomínio de uns sobre os outros.
B) No Princípio da Justeza os aplicadores do direito são orientados para que interpretem as normas constitucionais
de maneira a que elas tenham a mais ampla efetividade social, sem alterar o conteúdo.
C) O Princípio do Efeito Integrador significa que, para resolver os problemas jurídico-constitucionais, deve o
intérprete dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço
da unidade política.
D) Segundo o Princípio da Unidade da Constituição as normas constitucionais devem ser vistas não de maneira
isolada, mas como preceitos integrados num sistema unitário de regras e princípios.

COMENTÁRIOS:
a) Correto. Também pode ser chamado de princípio da Harmonização, sendo que este princípio visa solucionar eventuais conflitos entre as
normas constitucionais. Nesse sentido, ele seria uma recomendação para que o aplicador das normas constitucionais, ao se deparar com
situações de concorrência entre bens constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, sem que isso
acarrete a negação de nenhum.
b) Errado. Devendo ser marcada. O princípio já justeza ou da conformidade funcional objetiva impedir que os órgãos encarregados de realizar
a interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional estabelecido pela
Constituição. O conceito exposto na alternativa trata do princípio da máxima efetividade.
c) Correto. Esse princípio também é chamado de eficácia integradora. De acordo com esse princípio, na leitura da Constituição deve se priorizar
a interpretação que reforce o ideal de que a Constituição é um argumento normativo único, de modo a reafirmar a integração política e social
engendrada pela Constituição.
d) Correto. Esse princípio visa conferir um caráter ordenado e sistematizado para as disposições constitucionais, permitindo que o texto
constitucional seja compreendido como um todo unitário e harmônico, desprovido de antinomias reais.
GABARITO: B

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Direito Penal

31) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


O art. 31 do Código Penal Brasileiro estabelece que “o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”. Na análise da aplicação do
referido dispositivo, mostra-se imprescindível a compreensão acerca da diferenciação entre os atos preparatórios e os
atos executórios. Uma das teorias que buscam explicar tal diferenciação é a teoria objetivo-material, que assevera
basicamente o seguinte:
A) É impossível definir o limite entre ato preparatório e ato de execução, devendo isso ficar a cargo do juiz, sendo
que os adeptos de tal teoria não reconhecem relevância, em abstrato, na distinção entre as fases que compõem
o iter criminis;
B) São atos executórios aqueles que representam o início da realização dos elementos do tipo, por meio da
presença concreta de algum ato que consista na realização do verbo do tipo penal;
C) Não basta a realização de algum dos elementos do tipo para que se considere iniciada a execução, sendo
necessária a presença de efetivo perigo para o bem jurídico protegido pelo tipo;
D) Somente se pode falar em início da execução diante da presença de elementos indicadores de que o autor iniciou
a realização do seu plano subjetivo.

COMENTÁRIOS: A) INCORRETA, pois a teoria que defende que é impossível a definição do limite entre ato preparatório e ato de
execução, devendo isso ficar a cargo do juiz, não reconhecendo, ainda, relevância em abstrato na distinção entre as fases que compõem o iter
criminis, é a chamada teoria negativa, e não a teoria objetivo-material.
B) INCORRETA, pois a teoria que defende que são atos de execução aqueles que representam o início da realização dos elementos do tipo, por
meio da presença concreta de algum ato que consista na realização do verbo do tipo penal, é a teoria objetivo-formal.
C) CORRETA, devendo ser a assertiva assinalada. A teoria que defende que não basta a realização de algum dos elementos do tipo para que se
considere iniciada a execução, sendo necessária a presença de efetivo perigo para o bem jurídico protegido pelo tipo, é justamente a teoria objetivo-
material acerca da diferenciação entre atos preparatórios e executórios.
D) INCORRETA, pois a teoria que defende que somente se pode falar em início da execução diante da presença de elementos indicadores de que
o autor iniciou a realização do seu plano subjetivo é a teoria objetivo-individual ou teoria objetivo-subjetiva (tratam-se de expressões
sinônimas).
GABARITO: C

32) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


O art. X da Lei nº Y/2021, tipo penal incriminador, não detém conteúdo completo, exigindo complemento por outra
norma jurídica para a exata compreensão de seu alcance. Referido complemento é trazido pela Lei nº Z/2021. Ambas
as leis foram regularmente editadas pelo Congresso Nacional, com regular tramitação e posterior sanção pelo Presidente
da República. Levando-se em consideração a situação hipotética trazida, pode-se afirmar que a norma contida no art. X
da Lei nº Y/2021 pode ser classificada como uma:

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A) Norma penal em branco homogênea homovitelina;


B) Norma penal em branco homogênea heterovitelina;
C) Norma penal em branco em sentido estrito;
D) Norma penal em branco ao quadrado;

COMENTÁRIOS: Ao trazer uma situação na qual o conteúdo da lei não é completo, exigindo-se sua integração com um dispositivo
complementar para a compreensão de seu alcance, está a se tratar de uma normal penal em branco.
Quanto às classificações de norma penal em branco, tem-se, sucintamente, o seguinte:
• Lei penal em branco em sentido lato ou homogênea: o complemento possui a mesma natureza jurídica e provém do mesmo órgão que
elaborou a lei penal incriminadora. Pode ser homovitelina, quando a lei incriminadora e seu complemento (outra lei) encontram-se no
mesmo diploma legislativo, ou heterovitelina se estiverem alocadas em diplomas diversos.
• Lei penal em branco em sentido estrito ou heterogêneo: o complemento possui natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto
daquele que elaborou a lei penal incriminadora. Um exemplo seria a Portaria da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que
traz as substâncias consideradas como drogas.
• Lei penal em branco inversa ou ao avesso: o preceito primário é completo, mas o secundário reclama complementação.
• Lei penal em branco de fundo constitucional: o complemento do preceito primário constitui-se em norma constitucional.
• Lei penal em branco ao quadrado: é aquela cujo complemento também depende de complementação. Grosso modo, o tipo penal é
duplamente complementado.
Dessa forma, a Lei nº Y/2021, especificamente quanto à norma do art. X, ao ser complementada pela Lei nº Z/2021, ambas emanadas do Congresso
Nacional, se trata de uma norma penal em branco homogênea (emanam do mesmo órgão) heterovitelina (diplomas normativos diversos), devendo,
portanto, ser assinalada a assertiva B.
GABARITO: B

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33) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


Mariana Pereira, gerente de uma agência do Banco Bradesco, detinha incondicionada confiança de Jorge Cardoso, idoso
que há mais de 40 (quarenta) anos é cliente de tal agência bancária. Em data imprecisa, mas certo que no mês de agosto
de 2021, Mariana Pereira falsificou a assinatura de Jorge em um cheque de titularidade deste último, o que possibilitou
a subtração, sem obstáculo, de valores que se encontravam depositados na conta corrente do cliente. No caso posto, é
correto afirmar que, em tese:
A) Mariana Pereira praticou o crime de estelionato, na modalidade de fraude no pagamento por meio de cheque;
B) Mariana Pereira praticou o crime de estelionato, com incidência de causa de aumento de pena em razão da
vítima ser idosa;
C) Mariana Pereira praticou o crime de furto, em sua modalidade simples.
D) Mariana Pereira praticou o crime de furto qualificado.

COMENTÁRIOS: No caso posto, tem-se que Mariana Pereira, abusando de sua relação de confiança com o cliente da agência
bancária, subtraiu valores da conta corrente desse último, o que o fez através de falsificação de assinatura em cheque de titularidade
da vítima.
Tem-se, então, a prática, em tese, do crime de furto qualificado pelo abuso de confiança ou, ainda, pelo emprego de fraude, nos
termos do art. 155, § 4º, inc. II, do Código Penal: “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a
quatro anos, e multa. Furto qualificado. (...) § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: (...) II -
com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza”.
O Superior Tribunal de Justiça, inclusive, já enfrentou situação análoga (Informativo de Jurisprudência nº 453), tendo decidido nos
seguintes termos:
PENAL. RECURSO ESPECIAL. TIPICIDADE. FRAUDE EMPREGADA POR BANCÁRIO PARA MANIPULAR
VALORES ENTREGUES A ELE POR CLIENTES PARA DEPÓSITO EM CONTA DE TITULARIDADE
DESTES. FURTO QUALIFICADO PELA FRAUDE (E NÃO ESTELIONATO). ARDIL EMPREGADO PARA
DIMINUIR VIGÍLIA SOBRE PATRIMÔNIO QUE SE VISAVA A SUBTRAIR. PARECER MINISTERIAL PELO
PROVIMENTO DO RECURSO. RECURSO PROVIDO. 1. Embora identificadas pela marca comum da fraude, o
estelionato e o furto qualificado mediante fraude diferem um do outro porque neste o engodo visa a diminuir a
vigilância que a vítima exerce sobre seu patrimônio, que não acredita perdê-lo, ainda que o entregue ao agente;
naquele, a vítima, ludibriada, desfaz-se do bem. 2. Na hipótese, o ardil utilizado (falsificação de assinaturas nos
cheques de titularidade alheia) viabilizou a subtração dos valores sem que fosse oferecido qualquer obstáculo, porque
o recorrido, na condição de gerente do posto de atendimento da Cooperativa e da relação de confiança que mantinha
com os correntistas, subtraiu para si o dinheiro que estava depositado no nome deles. Essa conduta subsume-se ao
crime de furto qualificado por fraude. 3. Parecer ministerial pelo provimento do recurso. 4. Recurso Especial
provido para restabelecer, no ponto, a sentença do Juízo de primeiro grau. (REsp 1173194/SC, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 26/10/2010, DJe 08/11/2010)
Vale destacar que o termo “subtração”, trazido pelo enunciado da questão, é indicativo da configuração do crime de furto, já que o
crime de estelionato não prevê tal verbo enquanto núcleo do tipo, consoante art. 171, caput, do Código Penal: “obter, para si ou
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para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento”.
Nesse sentido: “no furto, a conduta incriminada é a subtração, sendo ínsito no núcleo do tipo o dissenso do dono ou possuidor
legítimo. Se o agente emprega simulação, dissimulação, ardil, artifício ou embuste, para criar oportunidade e praticar a subtração,
o furto qualifica-se pela fraude. Se o agente emprega simulação, dissimulação, ardil, artifício ou embuste e consegue a entrega da
coisa, o crime é de estelionato. No estelionato não há subtração, mas tradição voluntária da coisa, por força da fraude
(Mirabete, Júlio Fabbrini, Código Penal interpretado, 2. ed., São Paulo, Atlas, 2001, p. 1.284).
Dessa forma, está CORRETA a assertiva D, que deve ser assinalada.
GABARITO: D

34) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


O crime de falsidade ideológica (art. 299) pode ser classificado como:
I. Formal;
II. Material;
III. Instantâneo;
IV. Comissivo e omissivo;
Estão corretos:
A) apenas os itens I, III e IV;
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B) apenas os itens II, III e IV;


C) apenas os itens II e IV;
D) apenas os itens I e IV.

COMENTÁRIOS: Classificação doutrinária do crime de falsidade ideológica:


Comum; formal; de forma livre; comissivo (nas formas “inserir” ou “fazer inserir”) e omissivo (na modalidade “omitir”); doloso; instantâneo;
unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente, conforme o caso.
De olho na jurisprudência:
A falsidade ideológica é crime formal e instantâneo, cujos efeitos podem se protrair no tempo. A despeito dos efeitos que possam, ou não, gerar,
a falsidade ideológica se consuma no momento em que é praticada a conduta.
Diante desse contexto, o termo inicial da contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva é o momento da consumação do delito (e não o
da eventual reiteração de seus efeitos).
Caso concreto: em 2010, foi incluído um sócio “laranja” no contrato social da empresa. Ele não iria ser sócio realmente, sendo isso uma falsidade
ideológica. Logo, considera-se que aí foi praticado o crime. Não se pode afirmar que esse crime (essa conduta) teria sido reiterado quando, por
ocasião da alteração contratual ocorrida em 2019, deixou-se de regularizar o nome do sócio verdadeiramente titular da empresa, mantendo-se o
nome do “laranja”. Isso porque não há como se entender que constitui novo crime a omissão em corrigir informação falsa por ele inserida em
documento público, quando teve oportunidade para tanto. Logo, o termo inicial da contagem da prescrição foi 2010.
STJ. 3ª Seção. RvCr 5233-DF, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 13/05/2020 (Info 672)
GABARITO: A

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35) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


Ensina Cezar Roberto Bitencourt que: “somente se justifica a intervenção estatal em termos de repressão penal se
houver efetivo e concreto ataque a um interesse socialmente relevante, que represente, no mínimo, perigo concreto ao
bem jurídico tutelado. Por essa razão, são inconstitucionais todos os chamados crimes de perigo abstrato, pois, no
âmbito do Direito Penal de um Estado Democrático de Direito, somente se admite a existência de infração penal quando
há efetivo, real e concreto perigo de lesão a um bem jurídico determinado.”
O referido autor fundamenta-se no princípio da:
A) intervenção mínima;
B) culpabilidade;
C) insignificância;
D) ofensividade;

COMENTÁRIOS: PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE


“Para que se tipifique algum crime, em sentido material, é indispensável que haja, pelo menos, um perigo concreto, real e efetivo
de dano a um bem jurídico penalmente protegido. Somente se justifica a intervenção estatal em termos de repressão penal se houver
efetivo e concreto ataque a um interesse socialmente relevante, que represente, no mínimo, perigo concreto ao bem jurídico
tutelado. Por essa razão, são inconstitucionais todos os chamados crimes de perigo abstrato, pois, no âmbito do Direito Penal de
um Estado Democrático de Direito, somente se admite a existência de infração penal quando há efetivo, real e concreto perigo de
lesão a um bem jurídico determinado.
Em outros termos, o legislador deve abster-se de tipificar como crime ações incapazes de lesar ou, no mínimo, colocar em perigo
concreto o bemjurídico protegido pela norma penal. Sem afetar o bem jurídico, no mínimo colocando-o em risco efetivo, não há
infração penal.
O princípio da ofensividade no Direito Penal tem a pretensão de que seus efeitos tenham reflexos em dois planos: no primeiro,
servir de orientação à atividade legiferante, fornecendo substratos político-jurídicos para que o legislador adote, na elaboração
do tipo penal, a exigência indeclinável de que a conduta proibida represente ou contenha verdadeiro conteúdo ofensivo a bens
jurídicos socialmente relevantes; no segundo plano, servir de critério interpretativo, constrangendo o intérprete legal a encontrar
em cada caso concreto indispensável lesividade ao bem jurídico protegido.”
GABARITO: D
Fonte: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte geral. Vol. 1. 26. ed., São Paulo: Saraiva, 2020.

36) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


A doutrina andou insistentemente em busca de regras gerais que distinguissem atos preparatórios e executórios com
alguma precisão. Vários foram os critérios propostos para a diferenciação. Entretanto, para parte da doutrina, o Código
Penal adotou a teoria:
A) objetivo-material;
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B) objetivo-formal;
C) subjetiva;
D) da hostilidade ao bem jurídico.

COMENTÁRIOS: Ensina Cezar Roberto Bitencourt: “(..) Nesses termos, o critério também deve ser objetivo-formal, que foi adotado pelo
Código Penal brasileiro, de acordo com a redação do art. 14, II.
Assim, a tentativa caracteriza-se como o ‘início da realização do tipo’, isto é, com o início da execução da conduta descrita nos tipos da Parte
Especial.”
CUIDADO: não é unanimidade na doutrina a adoção do critério ou teoria objetivo-formal pelo código penal. Contudo, trata-se de posição do autor
indicado pela banca e muito utilizada pela jurisprudência dos tribunais superiores.
De acordo com a 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, apesar da divergência doutrinária intensa, deve ser aplicado o raciocínio por meio do
qual se deduz a adoção da teoria objetivo-formal para a separação entre atos preparatórios e atos de execução, exigindo-se para a configuração da
tentativa que haja início da prática do núcleo do tipo penal.
Analisando o caso concreto, o rompimento de cadeado e a destruição de fechadura de portas da casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de
arma de fogo, efetuar subtração patrimonial da residência, configuram meros atos preparatórios impuníveis, por não iniciar o núcleo do verbo
subtrair, o que impedem a condenação por tentativa de roubo circunstanciado.
AREsp 974.254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 21/09/2021, DJe 27/09/2021.
GABARITO: B
Fonte: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Parte geral. Vol. 1. 26. ed., São Paulo: Saraiva, 2020.

37) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


Acerca da classificação doutrinária dos crimes, marque a alternativa correta:
A) O crime ultracomplexo ocorre quando um crime complexo é acrescido de outro, este servindo como
qualificadora ou majorante daquele.
B) O crime de resultado cortado se verifica quando se tem um resultado dispensável, sendo que este resultado
depende de novo comportamento do agente, estando em sua esfera de decisão.
C) O crime mutilado de dois atos ocorre quando o resultado do delito não depende do agente, não se encontra em
sua esfera de decisão.
D) O crime falho é sinônimo de crime impossível, nessas situações não se pune a tentativa posto os meios serem
inidôneos para consumar-se o crime.

COMENTÁRIOS: a) Correto. Haverá crime ultracomplexo quando ao crime complexo for somado outro crime complexo. Exemplo:
Quando ao crime de roubo (crime complexo) se acrescenta o porte ilegal de arma de fogo (também crime complexo), esta conduta servirá como
causa de aumento de pena do crime patrimonial e nesse caso temos um crime ultracomplexo.
b) e c) Erradas. O crime de resultado cortado ocorre quando o resultado do delito não depende do agente, não se encontra em sua esfera de decisão.
Já o crime mutilado de dois atos se verifica quando se tem um resultado dispensável, sendo que este resultado depende de novo comportamento
do agente, estando em sua esfera de decisão.

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d) Errado. Crime falho é sinônimo de tentativa perfeita ou acabada, aquela que ocorre quando o agente utiliza de todos os meios disponíveis, mas
não consegue consumar o crime por circunstâncias alheias a sua vontade.
GABARITO: A

38) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


Considerando as teorias acerca da conduta, assinale a alternativa correta:
A) Pelo funcionalismo moderado de Günther Jakobs, a conduta aparece como um comportamento voluntário,
causador de um resultado evitável, violador do sistema, que coloca em risco bens jurídicos tutelados pela normal
penal.
B) Pela teoria neokantista, conduta é um comportamento voluntário, seja ele uma ação ou omissão, causador de
modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos.
C) Pela teoria finalista, conduta é um movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo
exterior perceptível pelos sentidos.
D) Pela teoria da ação social, conduta é um comportamento voluntário causador de um resultado evitável, violador
do sistema, frustrando as expectativas normativas.

COMENTÁRIOS:
a) Errado. A questão mistura os conceitos de funcionalismo radical de Günther Jakobs e funcionalismo moderado de Claus Roxin. No
funcionalismo moderado de Roxin, conduta é comportamento voluntário que causa lesão ou perigo de lesão a bens jurídicos tutelados pela
normal penal. No funcionalismo radical de Jakobs, conduta é comportamento humano voluntário causador de um resultado que viola o
sistema, frustrando as expectativas normativas.
b) Correto. A teoria neokantista, também denominada de teoria causal-valorativa, trata a conduta de forma mais abrangente (englobando a ação
e a omissão) como um comportamento voluntário causador de modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos.
c) Errado, a conduta como uma ação que produz modificação no mundo exterior trata-se da ideia central da teoria causalista. Para o finalismo,
a conduta é um comportamento humano voluntário que está psiquicamente dirigida a um fim.
d) Errado. Essa é a ideia central do funcionalismo radical de Jakobs. Para teoria social da ação, conduta é um comportamento humano voluntário
que está psiquicamente dirigida a um fim social.
GABARITO: B – Para a teoria causalista conduta é movimento corporal voluntário que produz uma modificação no mundo
exterior perceptível pelos sentidos. Para a teoria neokantista a conduta é um comportamento voluntário (que pode ser uma
ação ou omissão) que produz uma modificação no mundo exterior perceptível pelos sentidos.
Esquematizando: para os causalistas = conduta é movimento (ação)
Para os neokantistas = conduta é comportamento (ação ou omissão)
Na teoria neokantista, a vinculação entre conduta e resultado é a mesma da teoria causalista, no entanto, os neokantistas
introduzem critérios valorativos, abandonando aquele aspecto de cunho puramente naturalista do causalismo. Essa teoria
insere elementos normativos.
Dito isto, por entender que a letra B estaria incompleta, A QUESTÃO DEVE SER ANULADA.

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39) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


Com relação aos crimes contra a pessoa, consoante o entendimento jurisprudencial e doutrinário sobre o tema, marque
a alternativa correta:
A) A perda de dois dentes configura lesão corporal de natureza gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP).
B) A ameaça (art. 147 do CP) é crime material que se consuma quando o agente faz promessa de mal grave e
injusto em face da vítima e esta ao menos toma conhecimento, não sendo necessário que sinta temor.
C) Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo do crime de constrangimento ilegal (art. 146 do CP)
D) O crime de stalking ou perseguição (art. 147-A do CP) demanda que a perseguição realizada pelo o agente seja
reiterada, classificando-se como crime habitual.

COMENTÁRIOS:
a) ERRADO. A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129, § 1º, III, do CP), e não gravíssima
(art. 129, § 2º, IV, do CP). Com efeito, deformidade, no sentido médico-legal, ensina doutrina, "é o prejuízo estético adquirido, visível,
indelével, oriundo da deformação de uma parte do corpo". Assim, a perda de dois dentes, muito embora possa reduzir a capacidade funcional
da mastigação, não enseja a deformidade permanente prevista no art. 129, § 2º, IV, do CP e, sim, debilidade permanente (configuradora de
lesão corporal grave). De fato, a perda da dentição pode implicar redução da capacidade mastigatória e até, eventualmente, dano estético, o
qual, apesar de manter o seu caráter definitivo - se não reparado em procedimento interventivo -, não pode ser, na hipótese, de tal monta a
qualificar a vítima como uma pessoa deformada. Dessa forma, entende-se que o resultado provocado pela lesão causada à vítima (perda de
dois dentes) subsume-se à lesão corporal grave, e não à gravíssima. Precedente citado: REsp 1.220.094-MG, Quinta Turma, DJe
9/3/2011. REsp 1.620.158-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2016, DJe 20/9/2016.
b) ERRADO. A ameaça é crime formal que se consuma na ocasião em que a vítima toma conhecimento do teor da ameaça, sendo necessária
apenas sua capacidade de entendimento do mal injusto prometido. Vale lembrar que o crime material necessita da produção do resultado
naturalístico previsto no tipo penal para se consumar, por outro lado, o crime formal, ainda que preveja resultado naturalístico, torna
dispensável a sua configuração para que o crime se consume.
c) ERRADO. Quanto ao sujeito passivo do crime de constrangimento ilegal (art. 146 do CP) é indispensável que possua capacidade de
autodeterminação, para que possa ser constrangido a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda.
d) CORRETO. O crime de perseguição (art. 147-A do CP) é crime habitual, posto que para se configurar deve existir a reiteração dos atos, ou
seja, o agente deve perseguir alguém reiteradamente, por qualquer meio, ameaçando-lhe sua integridade física ou psicológica, restringindo-
lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade. Decorre das próprias
características desse crime a perseguição obstinada e incansável, capaz de desestabilizar a rotina da vítima. Fonte: Manual de Direito Penal,
Rogério Sanches.
GABARITO: D

40) (Questão autoral Projeto em Delta - 2021)


Acerca da lei penal no tempo, marque a alternativa incorreta:
A) A ultra-atividade é a possibilidade de aplicação da lei penal mesmo após a sua revogação.

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B) A novatio legis incriminadora é a lei que passa a incriminar uma conduta que até então não possuía previsão
como crime.
C) Ainda que a lei mais benéfica esteja durante o seu período de vacatio legis, é possível a sua aplicação.
D) A extra-atividade é a possibilidade conferida à lei de movimentar-se no tempo, podendo em determinadas
situações ser prejudicial ao réu.

COMENTÁRIOS:
a) Correto. A ultra-atividade permite a aplicação da lei penal após a sua revogação ou cessação de efeitos. É o que ocorre, por exemplo, com a
lei que beneficia o réu, essa lei possui ultra-atividade, pois continuará a ser aplicada após sua revogação já que o ordenamento constitucional
proíbe que a lei retroaja para prejudicar o réu.
b) Correto. A novatio legis incriminadora vai introduzir uma nova figura delitiva ao ordenamento jurídico e consoante o art. 1º do CP essa lei é
irretroativa.
c) Errado. Não é possível a aplicação da lei benéfica durante seu período de vacatio legis considerando que nessa fase a norma não passa de
mera expectativa de lei. Outrossim, segundo Guilherme de Souza Nucci, não se pode conceber que a norma seja aplicada apenas a uma parte
da população (a quem ela beneficiaria), ferindo o preceito constitucional de que todos são iguais perante a lei.
d) Correto. A extra-atividade confere à lei o poder de se movimentar no tempo. Extra-atividade é gênero que comporta duas espécies:
*Ultratividade: aplicação da norma penal benéfica a fato criminoso acontecido depois do período da sua vigência.
* Retroatividade: aplicação da norma penal benéfica a fato criminoso acontecido antes do período da sua vigência.
Importante lembrar que no caso das leis temporárias e nas leis excepcionais é admitido a ultratividade maléfica, ou seja, possibilidade que essas
leis continuem sendo aplicadas ainda que prejudiquem o réu.
GABARITO: C

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Direito Processual Penal

41) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Acerca do entendimento dos Tribunais Superiores sobre o ato de recebimento da denúncia no processo penal, assinale
a alternativa INCORRETA:
A) A emendatio libelli é admitida no ato de recebimento da denúncia, quando a qualificação jurídica do crime
imputado repercutir na definição da competência para processo e julgamento do feito;
B) Não se admite o chamado recebimento tácito ou implícito da denúncia, ainda que o juiz determine a realização
de atos processuais subsequentes próprios do ato jurisdicional do recebimento;
C) As palavras do colaborador, no âmbito da delação premiada, não se constituem como motivo idôneo autônomo
para fundamentar o recebimento da peça acusatória;
D) Ao juiz é lícito reconsiderar o recebimento da denúncia, após a apresentação de resposta à acusação.

COMENTÁRIOS: A) CORRETA, visto que realmente se admite a emendatio libelli, já no ato de recebimento da denúncia,
quando a qualificação jurídica do crime imputado repercutir na definição da competência para processo e julgamento do feito. Nesse
sentido: STF, HC 115.831. Lembre-se que o instituto da emendatio libelli está disciplinado pelo art. 383, caput, do Código de
Processo Penal, nos seguintes termos: “o juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-
lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave”. Assim, ainda que o réu se defenda
dos fatos e não da capitulação jurídica, é possível, excepcionalmente, a emendatio libelli já no ato jurisdicional que aprecia o
recebimento da denúncia. Imagine-se uma situação na qual o Ministério Público impute ao acusado, pelo rito comum ordinário, o
crime de furto qualificado pelo emprego de chave falsa (pena de 2 a 8 anos e multa). O juiz, contudo, a partir da análise dos fatos
descritos na denúncia, entende pela tipificação do crime de furto de coisa comum (pena de 6 meses a 2 anos, ou multa), de
competência do juizado especial criminal. Nesse caso, se admitiria a emendatio libelli já no ato de recebimento da denúncia, já que
o novo enquadramento jurídico repercutiria na competência para análise do caso.

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B) INCORRETA, devendo ser a assertiva assinalada. O Supremo Tribunal Federal entende que se admite sim o chamado
recebimento tácito ou recebimento implícito da denúncia. Nesse sentido: “o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público
submete-se, após a sua formalização, a estrito controle jurisdicional. Essa atividade processual do Poder Judiciário, exercida
liminarmente no âmbito do processo penal condenatório, objetiva, em essência, a própria tutela da intangibilidade do status libertatis
do imputado. O Código de Processo Penal não reclama explicitude ao ato de recebimento judicial da peça acusatória. O
ordenamento processual penal brasileiro não repele, em consequência, a formulação, pela autoridade judiciária, de um juízo
implícito de admissibilidade da denúncia. O mero ato processual do Juiz - que designa, desde logo, data para o interrogatório do
denunciado e ordena-lhe a citação - supõe o recebimento tácito da denúncia” (HC n. 68.926/MG, Primeira Turma, Relator o
Ministro Celso de Mello, DJe 28.8.1992). Da mesma forma: RE n. 1.141.046/SC, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe.
5.11.2018; HC n. 150.068 MC/RS, Redator para o acórdão o Ministro Alexandre de Moraes, DJe. 15.5.2019, HC n. 142.404, Relator
o Ministro Luiz Fux, DJe. 10.4.2017.
C) CORRETA. Nesse sentido: “as palavras do colaborador, embora sejam suficientes para o início da investigação preliminar, não
constituem motivo idôneo autônomo para fundamentar o recebimento da peça acusatória. Ademais, os documentos
produzidos unilateralmente pelo colaborador não têm o valor probatório de elementos de corroboração externos, visto que a
colaboração premiada é apenas meio de obtenção de prova” (STJ; AgRg no RHC 124.867/PR, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2020, DJe 04/09/2020).
D) CORRETA. Nesse sentido: "ao Juiz é lícito reconsiderar o recebimento da denúncia, quer por permissão legal, quer por uma
questão de coerência com os anseios do legislador, impulsionadores da reforma do Código Adjetivo Penal, tendentes a um processo
célere e fecundo. Inteligência do art. 396-A do Código de Processo Penal" (AgRg no AREsp 82.199/AL, Rel. Ministra LAURITA
VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/12/2013, DJe 3/2/2014). Lembre-se que, pela sistemática processual atual do rito comum
ordinário, primeiro o juiz recebe a denúncia, e apenas posteriormente é que se dá a citação do acusado e resposta à acusação.
Conforme destacado, é possível que, após a resposta do acusado, o juiz “reaprecie” o recebimento da denúncia.
GABARITO: B

42) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Em um determinado processo criminal, João e Maria foram acusados de cometerem a mesma infração, qual seja, um
crime de furto. No caso posto, tem-se, em tese, a:
A) Conexão intersubjetiva por concurso;
B) Conexão intersubjetiva por simultaneidade;
C) Conexão intersubjetiva por reciprocidade;
D) Continência por cumulação subjetiva.

COMENTÁRIOS: A conexão e a continência são trazidas pelos arts. 76 e 77 do Código de Processo Penal nos seguintes termos:
Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por
várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
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II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou
vantagem em relação a qualquer delas;
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
A fim de facilitar a nomenclatura de cada uma das situações, tem-se o seguinte quadro:

Por simultaneidade/ ocasional Quando duas ou mais infrações são praticadas


ao mesmo tempo por várias pessoas sem
vínculo
Quando duas ou mais infrações são praticadas
Por concurso por várias pessoas acordadas previamente,
Intersubjetiva não importando o tempo e o lugar
Quando duas ou mais infrações são praticadas
Por reciprocidade ao mesmo tempo e lugar por várias pessoas
umas contra as outras
CONEXÃO Teleológica Para facilitar a prática de outro crime
Consequencial Para ocultar, conseguir impunidade ou
vantagem de outro crime
Instrumental/probatória Quando a prova de uma infração é necessária
Objetiva e interferir na prova de outro crime.
Quando duas ou mais pessoas forem acusadas
Concursal / por cumulação subjetiva de cometerem a mesma infração
CONTINÊNCIA Concurso formal
Por cumulação objetiva Aberratio Ictus
Aberratio Delicti

Dessa forma, levando-se em consideração que João e Maria (duas pessoas) foram acusados de cometerem a mesma infração (um
crime de furto), tem-se um caso de continência por cumulação subjetiva, valendo lembrar que, em todas as hipóteses de conexão,
é obrigatória a existência de, no mínimo, duas infrações penais.
GABARITO: D

43) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


A respeito das medidas cautelares, de acordo com as disposições do Código de Processo Penal, assinale a alternativa
INCORRETA:
A) Para a decretação das medidas cautelares, a regra é que o juiz, ao receber o pedido, determinará a intimação da
parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias;
B) As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes no curso da instrução criminal ou,
quando no curso da ação penal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério
Público;
C) O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem;

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D) Nas situações em que houver o descumprimento de medida cautelar diversa da prisão, o juiz poderá, em último
caso, decretar a prisão preventiva, desde que observados os requisitos legais, entre os quais se inclui a existência
de requerimento prévio.

COMENTÁRIOS: A) CORRETA. O art. 282, § 3º, do Código de Processo Penal, estabelece o seguinte: “ressalvados os casos
de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte
contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias,
permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que
contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida excepcional”. Dessa forma, o chamado contraditório prévio é
efetivamente a regra para a decretação das medidas cautelares, havendo exceções nos casos de urgência ou perito de ineficácia caso
tal contraditório prévio seja realizado.
B) INCORRETA, devendo ser a assertiva assinalada. O art. 282, § 2º, do Código de Processo Penal, estabelece o seguinte: “as
medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação criminal, por
representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público”. A assertiva se torna incorreta ao sugerir a
atuação da autoridade policial durante a ação penal, quando, em verdade, o Delegado de Polícia representará pela decretação de
medidas cautelares durante a investigação criminal, sua fase própria de atuação.
C) CORRETA, tratando-se da literalidade do art. 282, § 5º, do Código de Processo Penal: “o juiz poderá, de ofício ou a pedido das
partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la,
se sobrevierem razões que a justifiquem”.
D) CORRETA. O art. 282, § 4º, do Código de Processo Penal, estabelece que “no caso de descumprimento de qualquer das
obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a
medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312
deste Código”. Dessa forma, observa-se que a atuação de ofício do juiz em tal “conversão” não é admitida, sendo a existência de
prévio requerimento uma das condições para decretação da prisão preventiva, que, lembre-se, possui natureza excepcional.
GABARITO: B

44) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


João, Delegado de Polícia lotado em Belo Horizonte, recebeu denúncia anônima noticiando que Maria está sofrendo
violência psicologia por seu ex-marido. Cabe destacar que a informação continha o endereço de Maria, em Belo
Horizonte.
Acerca dos fatos, assinale a alternativa correta:
A) João poderá instaurar imediatamente o inquérito, de ofício, pois trata-se de crime de ação penal pública
incondicionada;
B) João não poderá instaurar o inquérito de ofício, pois trata-se de crime de ação penal pública condicionada à
representação;

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C) João, após a verificação da procedência das informações, poderá instaurar o inquérito, pois trata-se de crime de
ação penal pública incondicionada;
D) verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em
situação de violência doméstica e familiar, João poderá determinar o afastamento do lar do autor do crime;

COMENTÁRIOS: Inicialmente, é importante lembrar que o crime de violência psicológica é de ação penal pública
incondicionada.
Pergunta-se: É possível instaurar investigação criminal (inquérito policial, investigação pelo MP etc.) com base em “denúncia
anônima”?
SIM, mas a jurisprudência afirma que, antes, a autoridade deverá realizar uma investigação prévia para confirmar se a "denúncia
anônima" possui um mínimo de plausibilidade. Veja o que diz Renato Brasileiro:
"Diante de uma denúncia anônima, deve a autoridade policial, antes de instaurar o inquérito policial, verificar a procedência e
veracidade das informações por ela veiculadas. Recomenda-se, pois, que a autoridade policial, antes de proceder à instauração
formal do inquérito policial, realize uma investigação preliminar a fim de constatar a plausibilidade da denúncia anônima. Afigura-
se impossível a instauração de procedimento criminal baseado única e exclusivamente em denúncia anônima, haja vista a vedação
constitucional do anonimato e a necessidade de haver parâmetros próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal." (LIMA,
Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 129).
Segundo o STF, não é possível desprezar a utilidade da "denúncia anônima". Isso porque em um mundo no qual o crime torna-se
cada vez mais complexo e organizado, é natural que a pessoa comum tenha receio de se expor ao comunicar a ocorrência de delito.
Daí a admissibilidade de notícias crimes anônimas.
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”:
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”;
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui credibilidade (aparência mínima de procedência), instaura-se inquérito
policial;
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a interceptação telefônica (como visto,
esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar
o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado.
Por fim, destaca-se que a determinação de afastamento do lar apenas pode ocorrer nos exatos termos da lei 11.340/06:
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher em situação
de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
I - pela autoridade judicial;
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas
e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público
concomitantemente.

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§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida
liberdade provisória ao preso.
Portanto, como Maria morava em BH (sede de comarca), não era possível que a autoridade policial determinasse o afastamento do
lar do autor.
GABARITO: C

45) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Acerca do inquérito policial, assinale a alternativa correta:
A) A autoridade policial e o Ministério Público poderão requisitar, independente de autorização judicial, às
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os
meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos de delito de tráfico de pessoas;
B) Durante a colaboração premiada realizada no curso do inquérito, em razão do sigilo do inquérito e a natureza
do acordo, não é possível que o delatado tenha acesso às declarações prestadas pelos colaboradores que o
incriminem;
C) O delegado de polícia não pode determinar, de ofício, a realização de incidente de insanidade mental do
investigado no curso do inquérito policial;
D) O Ministério Público não pode requisitar a instauração de inquérito policial;

COMENTÁRIOS: A) ERRADA. De olho no texto legal:


“Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério
Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço de
telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais, informações e
outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso.”
B) ERRADA. De olho na jurisprudência:
O delatado possui o direito de ter acesso às declarações prestadas pelos colaboradores que o incriminem, desde que já documentadas
e que não se refiram à diligência em andamento que possa ser prejudicada. STF. 2ª Turma. Rcl 30742 AgR/SP, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 4/2/2020 (Info 965).
De fato, a colaboração premiada tem natureza jurídica de “meio de obtenção de prova”.
Vale ressaltar, no entanto, que, embora seja meio de obtenção de prova, a colaboração premiada é fenômeno complexo que envolve
diversos atos com naturezas jurídicas distintas. Em conjunto com o acordo, há elementos de prova relevantes ao exercício do direito
de defesa e do contraditório.
Em razão disso, o terceiro delatado por corréu, em termo de colaboração premiada, tem direito de ter acesso aos trechos nos quais
citado, com fundamento na Súmula Vinculante 14.
Segundo essa SV, o acesso deve ser franqueado caso estejam presentes dois requisitos:

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• Um, positivo: o ato de colaboração deve apontar a responsabilidade criminal do requerente;


• Outro, negativo: o ato de colaboração não deve referir-se à diligência em andamento.
C) CORRETA. O delegado precisa representar ao juiz competente. De olho no texto legal:
“Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério
Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-
legal.
§ 1o O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da autoridade policial ao juiz competente.”
Para espancar qualquer dúvida, cabe destacar o dispositivo que ainda está suspenso:
“Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos
individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente:
(…)
XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental;”
D) ERRADA.
“Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver
qualidade para representá-lo.”
Obs: há forte posição doutrinaria apontando a não recepção do inciso II, quanto ao poder de requisição de instauração de inquérito
pelo poder judiciário em razão da adoção do sistema acusatório.
GABARITO: C

46) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


José praticou dois furtos em Uberlândia, um latrocínio (roubo qualificado pela morte) em Confins e, por fim, um crime
de extorsão em Belo Horizonte. Todos foram praticados em conexão probatória. Com base no caso narrado, assinale a
alternativa que indica o local competente para julgamento:
A) Uberlândia;
B) Confins;
C) Belo Horizonte;
D) O local firmar-se-á pela prevenção;

COMENTÁRIOS: De olho no texto legal:


Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras:
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri;
II - no concurso de jurisdições da mesma categoria:
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade;
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c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;


Dessa forma, como o crime de latrocínio (roubo qualificado pela morte) é o mais grave, os crimes devem ser julgados em Confins.
GABARITO: B

47) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Em matéria de provas no processo penal, é CORRETO afirmar:
A) O encontro fortuito de provas ocorre quando a prova de uma determinada infração penal é obtida a partir de
diligências regularmente autorizadas para a investigação de outro crime.
B) Na cadeia de custódia, regulada pelo art. 158-B do CPP, a fase do acondicionamento corresponde ao
procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material a ser processado, guardado para
realização de contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente.
C) Prova não repetível é aquela que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do
tempo, em relação às quais o contraditório será diferido.
D) O silêncio não importará em confissão, mas poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.

COMENTÁRIOS:
a) Correta. Segundo Eugênio Pacelli, fala-se em encontro fortuito ou causal de provas quando a prova de determinada infração penal é obtida a
partir da busca regularmente autorizada para a investigação de outro crime. Exemplo: é autorizada judicialmente a interceptação telefônica
para investigar um crime de tráfico de drogas e acaba-se descobrindo um crime de homicídio.
b) Errado. O acondicionamento refere-se ao procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de forma individualizada, de
acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a
coleta e o acondicionamento, nos termos do inciso V, art. 158-B, do CPP.
c) Errado. Esse é o conceito de provas cautelares. A prova não repetível é aquela que uma vez produzida, não tem como ser novamente coletada
ou produzida, em virtude do desaparecimento, destruição ou perecimento da fonte probatória.
d) Errado. Art. 186, parágrafo único, CPP: O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
GABARITO: A

48) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Sobre a interceptação telefônica prevista na lei nº 9296/96, assinale a alternativa incorreta:
A) Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes
os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a
termo.
B) É ilegal a quebra do sigilo telefônico mediante a habilitação de chip da autoridade policial em substituição ao
do investigado titular da linha.
C) A interceptação telefônica é gerida por uma cláusula rebus sic stantibus.
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D) Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da
autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos.

COMENTÁRIOS:
a) Correta. Vide art. 4º,§1º, Lei 9296/96
b) Correta. A Lei nº 9.296/96 não autoriza a suspensão do serviço telefônico ou do fluxo da comunicação telemática mantida pelo usuário,
tampouco a substituição do investigado e titular da linha por agente indicado pela autoridade policial. Outrossim, na troca do chip habilitado,
o agente investigador atua como efetivo participante das conversas, já que é possível a interação direta com os interlocutores, bem como o
envio de mensagens a qualquer contato do interceptado. Assim, considerando que a interceptação telefônica e telemática deve se dar nos
estritos limites da lei, por se tratar de providência que excepciona a garantia constitucional à inviolabilidade das comunicações (art. 5º, XII,
da CF/88), não é possível interpretação extensiva com a finalidade de alargar as hipóteses nela previstas ou de criar procedimento diverso dos
por ela autorizados. Vide STJ. 6ª Turma. REsp 1.806.792-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 11/05/2021 (Info 696).
c) Correto. Cláusula Rebus Sic Stantibus: é aquela cláusula que muda conforme a situação, pode se alterar conforme o que está acontecendo. A
interceptação telefônica é gerida por uma cláusula REBUS SIC STANTIBUS porque a depender da situação o juiz pode reavaliar a situação
de deferimento ou não interceptação.
d) Errado. O juiz não pode determinar de ofício a captação ambiental, nestes termos, o art. 8-A, da Lei nº 9296/96: Para investigação ou instrução
criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos.
GABARITO: D

49) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Acerca do tema ação penal, marque a alternativa correta:
A) Condição de prosseguibilidade é aquela condição que deve estar presente para que a ação penal tenha início.
B) Oferecida a representação pelo ofendido nos crimes de ação penal pública condicionada, o Ministério Público
restará vinculado a oferecer a denúncia.
C) A representação do ofendido, nos crimes de ação penal pública condicionada, é uma condição específica da
ação penal.
D) A representação será irretratável, depois de recebida a denúncia.

COMENTÁRIOS:
a) Errado. A condição de prosseguibilidade é uma condição necessária para o prosseguimento do processo, ou seja, nesse caso a ação penal já
está em andamento, mas necessita que seja implementada uma certa condição para que possa seguir seu curso normal.
b) Errado. Segundo Eugênio Pacelli, embora condicionada, a ação permanece pública, isto é, não só a legitimação ativa é reservada ao Ministério
Público, mas, também, o juízo de propositura da ação penal. Assim, se o órgão do parquet, diversamente do entendimento da vítima, entende
que o fato é atípico ou que não há provas suficientes para a acusação em juízo, se deferido o seu requerimento de arquivamento do inquérito
ou das peças de informação, não poderá a vítima opor quaisquer obstáculos a tal decisão.

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c) Correta. Existem casos em que a lei irá condicionar o exercício do direito de ação ao preenchimento de certas condições específicas, a
representação do ofendido é uma condição específica nos crimes de ação penal pública condicionada, sendo que a ausência dessa leva à
rejeição da peça acusatória pelo magistrado.
d) Errado. Segundo dicção do artigo 25 do CPP, a representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia. Outrossim, vale lembrar que
em se tratando de Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) a retratação pode ocorrer até o recebimento da denúncia, art. 16.
GABARITO: C

50) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Em matéria de competência, consoante o entendimento dos tribunais superiores, é CORRETO afirmar que:
A) Compete a Justiça Federal julgar habeas corpus preventivo destinado a permitir o cultivo e o porte de maconha
para fins medicinais.
B) O fato de o delito ser praticado pela internet atrai a competência da Justiça Federal.
C) Mesmo que o crime cometido por desembargador não tenha relação com o exercício de suas funções, ele será
julgado pelo STJ se a remessa dos autos a primeira instância significa que o réu será julgado por um juiz de
primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que o Desembargador.
D) O STF detém competência exclusiva para apreciação de pedido de busca e apreensão a ser cumprida no
Congresso Nacional.

COMENTÁRIOS:
a) ERRADO. Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins medicinais, o cultivo, uso, porte e
produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte em outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade
da conduta. Segundo o STJ, somente a demonstração de internacionalidade da conduta agente leva ao reconhecimento da competência da
Justiça Federal.
Vide STJ. 3ª Seção. CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
b) Errado. Segundo entendimento pacífico da jurisprudência, o fato de o delito ter sido cometido pela rede mundial de computadores não atrai,
por si só, a competência da Justiça Federal. Para que o delito cometido por meio da internet seja julgado pela Justiça Federal, é necessário
que ele preencha os requisitos: a) que o fato seja previsto como crime em tratado ou convenção; b) que o Brasil tenha assinado
tratado/convenção internacional se comprometendo a combater essa espécie de delito; c) que exista uma relação de internacionalidade entre
a conduta criminosa praticada e o resultado produzido que foi produzido ou que deveria ter sido produzido.
Vide Jurisprudências em teses do STJ- edição n. 72.
c) Correta. Vide STJ. Corte Especial. QO na APn 878-DF Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/11/2018.
d) Errado. A determinação de busca e apreensão nas dependências da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal pode ser decretada por juízo
de 1ª instância se o investigado não for congressista. Vide STF. Plenário. Rcl 25537/DF e AC 4297/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgados
em 26.06.2019 (Info 945).
GABARITO: C

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Direitos Humanos

51) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Com base na estrutura normativa do sistema global e interamericano de proteção dos Direitos Humanos, assinale a opção
CORRETA:
A) O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos teve por finalidade tornar juridicamente vinculantes aos
Estados vários direitos já contidos na DUDH de 1948.
B) Com base no Pacto de San José da Costa Rica, não se admite a aplicação de penas de morte nos Estados-membro
da Convenção.
C) O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos previu originariamente sistema de controle por meio de
relatórios, comunicações interestatais e petições individuais.
D) A Convenção Americana de Direitos Humanso proíbe veementemente a imposição de penas de trabalhos
forçados ou obrigatórios, ainda que por juiz ou tribunal competente.

COMENTÁRIOS: a) CORRETA. A doutrina menciona que a criação do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos teve
por objetivo tornar vinculantes os efeitos da DUDH, que foi estabelecida inicialmente como Resolução. Nesses termos, André
Carvalho Ramos: “O Pacto teve por finalidade tornar juridicamente vinculantes aos Estados vários direitos já contidos na DUDH
de 1948, detalhando-os e criando mecanismos de monitoramento internacional de sua implementação pelos Estados Partes.”
b) INCORRETA. Trata-se de pegadinha muito comum em provas. É possível que Estado membro aplique penas de morte, nos
termos do Art. 4, II:
“2. Nos países que NÃO HOUVEREM ABOLIDO a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em
cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de
haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.”
3. NÃO SE PODE restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido.
4. EM NENHUM CASO pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos, nem por delitos comuns conexos com delitos
políticos”.
Ou seja, há limites para a imposição da pena de morte, e a mesma não pode ser reestabelecida em um Estado membro que já havia
a abolido, mas ainda assim é possível que Estado-membro continue a aplicando.
c) INCORRETA. O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos previu originariamente sistema de controle por meio de
relatórios, comunicações interestatais, e somente a posteriori previu a possibilidade de petições individuais, por meio de um
Protocolo Facultativo.
d) INCORRETA. Segue lógica parecida relacionada à pena de morte. Vejamos:
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos,
pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição NÃO PODE SER INTERPRETADA no sentido
de que proíbe o cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a
dignidade nem a capacidade física e intelectual do recluso.
GABARITO: A

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52) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Com base nas disposições normativas afeitas à Declaração Universal de Direitos Humanos, assinale a opção CORRETA:
A) A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos, e deve exprimir-se através de eleições
honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e obrigatório a todos os cidadãos, com voto secreto
ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
B) A Declaração Universal prevê expressamente o princípio da presunção de inocência e do nemo tenetur se
detegere.
C) Toda a pessoa tem o direito de abandonar e regressar ao país em que se encontra, incluindo o seu.
D) A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental, o ensino elementar
é obrigatório, e o ensino técnico e profissional dever ser generalizado.

COMENTÁRIOS: a) INCORRETA. A Declaração Universal não menciona a obrigatoriedade do voto:


Artigo 21°
1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio
de representantes livremente escolhidos.
2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
3. A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a
realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde
a liberdade de voto.
b) INCORRETA. O princípio do nemo tenetur se detegere tem previsão expressa na Convenção Americana de Direitos Humanos.
A DUDH, por sua vez, prevê apenas a presunção de inocência:
Artigo 11°
1. Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso
de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
Vejamos como a CADH aborda o princípio do nemo tenetur se detegere:
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa.
Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes GARANTIAS MÍNIMAS:
g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e (PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE
DETEGERE)
h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. (PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO).
c) INCORRETA. Toda pessoa tem o direito de abandonar o país que se encontra, mas o direito de regressar é relacionado a apenas
o SEU país.
Artigo 13°
1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.
d) CORRETA. Assertiva nos exatos termos do Art. 26, I, muito cobrado em provas quando cobrada a literalidade da DUDH. Esteja
atento:
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Artigo 26°
1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser GRATUITA, pelo menos a correspondente ao ensino elementar
fundamental. O ensino elementar é OBRIGATÓRIO. O ensino técnico e profissional dever ser GENERALIZADO; o acesso aos
estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, EM FUNÇÃO DO SEU MÉRITO.
A principal estratégia do examinador, sobre o artigo, é dizer que os estudos superiores devem ser obrigatórios/acessíveis a todos
igualitariamente, etc.
GABARITO: D

53) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Considerando os itens abaixo, assinale a alternativa que corresponde aos conceitos apresentados, respectivamente:
I. Trata-se de expressão de cunho jusnaturalista que conota a série de direitos naturais (ou seja, ainda não
positivados) aptos à proteção global do homem e válidos em todos os tempos.
II. São os direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de tratados multilaterais,
globais ou regionais) contra violações e arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à
sua jurisdição.
III. Trata-se de expressão afeta à proteção interna dos direitos dos cidadãos, ligada aos aspectos ou matizes
constitucionais de proteção, no sentido de já se encontrarem positivados nas Cartas Constitucionais
contemporâneas.
A) I – Direitos do homem, II - Direitos fundamentais e III - Direitos humanos.
B) I – Direitos humanos, II – Direitos do homem; e III – Direitos fundamentais.
C) I – Direitos do homem; II – Direitos humanos; e III – Direitos fundamentais.
D) I – Direitos fundamentais; II – Direitos do homem; e III – Direitos humanos.

COMENTÁRIOS: LETRA C (CORRETA, responde as demais):


ITEM I: Diretos do homem: trata-se de expressão de cunho jusnaturalista que conota a série de direitos naturais (ou seja, ainda
não positivados) aptos à proteção global do homem e válidos em todos os tempos. São direitos que, em tese, ainda não se encontram
nos textos constitucionais ou nos tratados internacionais de proteção. Contudo, nos dias atuais, salvo raros exemplos, é muito difícil
existir uma gama significativa de direitos conhecíveis que ainda não constem de algum documento escrito, quer de índole interna
ou intelectual. Seja como for, a expressão direitos do homem é ainda reservada àqueles direitos que se sabe ter, mas não por que
se tem, cuja existência se justifica apenas no plano jusnaturalista. Uma crítica à expressão liga-se à determinação de gênero que faz
relativamente ao “homem” (sexo masculino), sugerindo eventual discriminação aos direitos da “mulher”, o que reforça o seu desuso
em muitos países (e legislações) nos dias atuais.
ITEM II: Direitos humanos: são os direitos protegidos pela ordem internacional (especialmente por meio de tratados multilaterais,
globais ou regionais) contra violações e arbitrariedades que um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua jurisdição. São
direitos indispensáveis a uma vida digna e que, por isso, estabelecem um nível protetivo (standard) mínimo que todos os Estados

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devem respeitar, sob pena de responsabilidade internacional. Assim, os direitos humanos são direitos que garantem às pessoas
sujeitas à jurisdição de um dado Estado meios de vindicação de seus direitos, para além do plano interno, nas instâncias
internacionais de proteção (v. g., em nosso entorno geográfico, perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que poderá
submeter a questão à Corte Interamericana de Direitos Humanos).
ITEM III: Direitos fundamentais: trata-se de expressão afeta à proteção interna dos direitos dos cidadãos, ligada aos aspectos ou
matizes constitucionais de proteção, no sentido de já se encontrarem positivados nas Cartas Constitucionais contemporâneas. São
direitos garantidos e limitados no tempo e no espaço, objetivamente vigentes numa ordem jurídica concreta. Tais direitos devem
constar de todos os textos constitucionais, sob pena de o instrumento chamado Constituição perder totalmente o sentido de sua
existência, tal como já asseverava o conhecido art. 16 da Declaração (francesa) dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789: “A
sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição”.
Fonte: MAZZOULI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Humanos. 5ª Edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2018.
GABARITO: C

54) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Considerando as gerações de direitos humanos, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas:
I. A proposta de triangulação dos direitos humanos em “gerações” é atribuída a Karel Vasak, que apresentou
em conferência ministrada no Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo) em 1979, inspirado
no lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Assim, os direitos de liberdade seriam
os da primeira geração; os da igualdade, os de segunda geração; e os da fraternidade, os de terceira geração.
II. Os direitos de primeira geração têm por titular o indivíduo, sendo, portanto, oponíveis ao Estado (são
direitos de resistência ou de oposição perante o Estado). Como exemplos, podem ser citados os direitos à
vida, à liberdade (de locomoção, reunião, associação, de consciência, crença etc.), à igualdade, à
propriedade, ao nome, à nacionalidade, dentre tantos outros.
III. Os direitos de segunda geração são os que se assentam no princípio da igualdade, deles fazendo parte, entre
outros, o direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da
humanidade.
A) Apenas I e III.
B) Apenas I e II.
C) Apenas II e III.
D) Apenas I.

COMENTÁRIOS: ITEM I (CORRETO): A proposta de triangulação dos direitos humanos em “gerações” é atribuída a Karel
Vasak, que apresentou em conferência ministrada no Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo) em 1979, inspirado

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no lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Assim, os direitos de liberdade seriam os da primeira
geração; os da igualdade, os de segunda geração; e os da fraternidade, os de terceira geração.
Destaque-se que Vasak não chegou a se referir às demais gerações de direitos humanos hoje conhecidas. Tal se deveu especialmente
pelo fato de que questões atinentes, v. g., ao acesso à informação e ao pluralismo não apareciam, até aquele momento histórico, no
centro dos grandes debates doutrinários, muito menos jurisprudenciais, o que só começou a ocorrer no final dos anos 1990.
ITEM II (CORRETO): Primeira geração (liberdade): Segundo Bonavides, os direitos da primeira geração são os direitos de
liberdade lato sensu, sendo os primeiros a constarem dos textos normativos constitucionais, a saber, os direitos civis e políticos, que
em grande parte correspondem, sob o ponto de vista histórico, àquela fase inaugural do constitucionalismo ocidental. Trata-se dos
direitos que têm por titular o indivíduo, sendo, portanto, oponíveis ao Estado (são direitos de resistência ou de oposição perante o
Estado). Como exemplos, podem ser citados os direitos à vida, à liberdade (de locomoção, reunião, associação, de consciência,
crença etc.), à igualdade, à propriedade, ao nome, à nacionalidade, dentre tantos outros.
ITEM III (INCORRETO): na verdade, o direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum
da humanidade estão ligados a TERCEIRA GERAÇÃO, conforme melhor explicado a seguir:
Segunda Geração (igualdade): os direitos da segunda geração, por sua vez, ainda segundo Bonavides nasceram a partir do início
do século XX e compõem-se dos direitos da igualdade lato sensu, a saber, os direitos econômicos, sociais e culturais, bem como os
direitos coletivos ou de coletividades, introduzidos no constitucionalismo do Estado social, depois que germinaram por obra da
ideologia e da reflexão antiliberal do século XX. Tais direitos foram remetidos à esfera dos chamados direitos programáticos, em
virtude de não conterem para a sua concretização aquelas garantias habitualmente ministradas pelos instrumentos processuais de
proteção aos direitos da liberdade. Várias Constituições, inclusive a do Brasil, formularam o preceito de aplicabilidade imediata dos
direitos fundamentais (art. 5º, §1º). Com efeito, até então, em quase todos os sistemas jurídicos, prevalecia a noção de que apenas
os direitos da liberdade eram de aplicabilidade imediata, ao passo que os direitos sociais tinham aplicabilidade mediata, por via do
legislador.
Terceira geração (fraternidade): os direitos de terceira geração, conforme o mesmo autor, são os que se assentam no princípio da
fraternidade, deles fazendo parte, entre outros, o direito ao desenvolvimento, ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio
comum da humanidade. Segundo pensamos, tais direitos foram fortemente influenciados pela temática ambiental, nascida no mundo
a partir da década de 1960, estendendo-se, depois, para outras áreas (como, v. g., a do direito à comunicação). De fato, se no plano
do direito constitucional tais direitos já se estabeleceram, no que tange à orbita internacional, apenas recentemente os documentos
internacionais começaram a prever alguns desses direitos (não todos). Dentre eles, destaque-se novamente o direito ao meio
ambiente sadio e ecologicamente equilibrado, hoje consagrado tanto nos documentos internos (Constituições) como nos de índole
internacional (tratados de direitos humanos).
Fonte: MAZZOULI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Humanos. 5ª Edição. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO,
2018.
GABARITO: B

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55) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


A Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem a função principal de promover a observância e a defesa dos
direitos humanos e, no exercício do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições, exceto:
A) A pedido de um Estado-Membro da Organização, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre
qualquer de suas leis internas e a Convenção Americana de Direitos Humanos.
B) Estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América.
C) Solicitar aos governos dos Estados-Membros que lhe proporcionem informações sobre as medidas que
adotarem em matéria de direitos humanos.
D) Formular recomendações aos governos dos Estados-Membros, quando o considerar conveniente, no sentido de
que adotem medidas progressivas em prol dos direitos humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos
constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover o devido respeito a esses direitos.

COMENTÁRIOS: LETRA A (CORRETA, responde as demais): dentre as alternativas, a única que NÃO é função e/ou atribuição da
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, considerando que trata-se de função da CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS
HUMANOS, nos termos do art. 64 da Convenção Americana de Direitos Humanos. As funções e atribuições da Comissão estão elencados no art.
41 da mesma Convenção, ambos foram colacionados abaixo para facilitar o estudo do aluno.
ARTIGO 41
A Comissão tem a função principal de promover a observância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício do seu mandato, tem as seguintes
funções e atribuições:
a) estimular a consciência dos direitos humanos nos povos da América;
b) formular recomendações aos governos dos Estados-Membros, quando o considerar conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas
em prol dos direitos humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem como disposições apropriadas para promover
o devido respeito a esses direitos;
c) preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes o desempenho de suas funções;
d) solicitar aos governos dos Estados-Membros que lhe proporcionem informações sobre as medidas que adotarem em matéria de direitos
humanos;
e) atender às consultas que, por meio da Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos, lhe formularem os Estados-Membros sobre
questões relacionadas com os direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-lhes o assessoramento que eles lhe solicitarem;
f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício de sua autoridade, de conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51 desta
Convenção; e
g) apresentar um relatório anual a Assembléia-Geral da Organização dos Estados Americanos.
ARTIGO 64:
1. Os Estados-Partes da Organização poderão consultar a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção
dos direitos humanos nos Estados americanos. Também poderão consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumerados no capítulo X da Carta
da Organização dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo da Buenos Aires.
2. A Corte, a pedido de um Estado-Membro da Organização, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade entre qualquer de suas leis internas
e os mencionados instrumentos internacionais.
GABARITO: A

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Medicina Legal

56) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Acerca das lesões e mortes causadas por projéteis de arma de fogo, leia as assertivas a seguir e marque a opção incorreta:
A) A trajetória descreve o percurso que o projétil percorre entre o cano da arma e o alvo, enquanto que trajeto se
refere ao percurso que o projétil percorre dentro do corpo da vítima.
B) A presença de orla de enxugo garante que a lesão é de saída, todavia, sua ausência não garante que a lesão é de
entrada.
C) A orla de enxugo é formada pelos elementos secundários do tiro e estará presente nos tiros à curta distância.
D) A presença de orla de escoriação na lesão de saída ocorre quando há um anteparo dificultando a saída do projétil

COMENTÁRIOS:
a) Correta:
A trajetória descreve o percurso que o projétil percorre entre o cano da arma e o alvo, por isso, é analisada pelo perito criminal.
O trajeto descreve o percurso que o projétil percorre dentro do corpo da vítima e é estudado pelo perito legista.
b) Correta:
A presença da orla de enxugo garante que a lesão é de entrada, mas sua ausência não significa que a lesão é de saída, por duas razões:
Esse tiro pode ter sido efetuado com anteparo posicionado entre o cano da arma e o corpo da vítima. (por exemplo quando o criminoso posiciona
um travesseiro entre a cabeça da vítima e o cano da arma a fim de diminuir o ruído – o projetil se “limpará” no travesseiro e a lesão do corpo da
vítima não terá orla de enxugo)
O tiro pode possuir dupla entrada (de modo que se “limpou” na primeira entrada)
c) Incorreta:
A orla de enxugo é formada pelos elementos PRIMÁRIOS do tiro, ou seja, é formada pelo próprio projetil, que ao sair do cano da arma leva
consigo as sujidades e fuligem que estavam aderidas na parede do cano.
Por ser formada pelos elementos primários do tiro, será encontrada nos tiros à longa distância ou à curta distância.
Elementos secundários do tiro são aqueles que estarão presentes apenas nos disparos à curta distância e que são formados pelo cone de dispersão,
composto por pólvora combusta, pólvora incombusta, micropartículas de metal do cano da arma, vapores superaquecidos e língua de fogo.
d) Correta:
A orla de escoriação é normalmente visualizada nas lesões de entrada, uma vez que, com a passagem do projetil, esse irá ocasionar o arrancamento
traumático da epiderme, com a exposição da derme, sem contudo ultrapassá-la.
Todavia, é possível visualizar a presença de orla de escoriação em lesões de saída quando houver um anteparo dificultando a saída do projetil (por
exemplo uma parede, o chão, uma moeda, etc). A doutrina atribui o nome de Sinal de Romanesse à presença de orla de escoriação nas lesões de
saída de projetil de arma de fogo quando há anteparo.
GABARITO: C – O recurso merece ser parcialmente provido.
Estão INCORRETAS as assertivas B e C.
A orla de enxugo é marca característica da lesão de entrada, todavia, quando observada sua ausencia, nao é correto constatar que se trata
de lesão de saída, pois o projetil pode ter dupla entrada ou entao o tiro pode ter sido efetuado com anteparo. A alternativa B também está
incorreta. A presença da orla de enxugo garante que a lesão é de entrada, embora sua ausência não garanta que trata se de lesão de saida.
Em segundo lugar, a orla de enxugo não é caracteristica marcante de tiro a curta distância, é característica de lesão de ENTRADA, uma
vez que quem a provoca é o próprio projetil, que se limpa na pele da vítima ao adentrar o organismo. O erro dessa assertiva reside na
afirmação “a orla de enxugo é formada por elementoa secundários do tiro”

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Por fim, orla de escoriação é de fato característica de lesões se entrada de projetil de arma de fogo, contudo, poderá estar presente caso
haja um anteparo dificultando a saída do projetil, como por exemplo o chão, uma pedra, etc. Nesse caso, receberá o nome de sinal de
romanesi – QUESTÃO ANULADA POR DUPLICIDADE DE GABARITOS!!

57) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


A respeito das lesões e mortes ocasionadas por energias não mecânicas, leia as assertivas a seguir e assinale a opção
incorreta:
A) As queimaduras não se confundem com as termonoses, uma vez que nestas, a fonte de calor não enconsta o
corpo da vítima, haverá uma ação difusa do calor e a ocorrência de um quadro sistêmico.
B) A reação de chambert é uma técnica pericial empregada a fim de diferenciar as bolhas ocasionadas por
queimaduras de segundo grau e as bolhas da putrefação. Caso o perito encontre considerável quantia de
proteínas no interior das bolhas, concluirá que estas são decorrentes do início da putrefação.
C) O sinal de Montalti represenra o depósito de fuligem na traquéia e vias aéreas da vítima, indicando que esta
estava viva no momento do incêndio.
D) Os sólidos incandescentes queimam em todos os graus e nas lesões geralmente ficará decalcado a imagem do
agente vulnerante, configurando a denominada lesão patognomônica.

COMENTÁRIOS:
a) Correta:
TERMONOSE QUEIMADURA
Fonte de calor não encosta o corpo da vítima Fonte de calor encosta no corpo da vítima
Ação difusa Ação local
Irradiação do calor Condução do calor
Quadro sistêmico Quadro local

Além disso, importante relembrar que termonose é gênero do qual decorrem a intermação e a insolação. Para a maioria da doutrina, a diferença
entre essas duas espécies reside na fonte de calor. Quando a fonte de calor for o sol, estaremos diante de insolação, enquanto que, quando a fonte
de calor for qualquer outra que não o sol, estaremos diante de intermação.
Contudo, Higyno Carvalho Hércules leciona que a diferença entre intermação e insolação não reside na fonte de calor. De acordo com o
doutrinador, a insolação representaria um mau funcionamento do hipotálamo, enquanto que a intermação representaria um problema no sistema
cardiocirculatório.
b) Incorreta:
A reação de Chambert é uma técnica pericial empregada a fim de diferenciar as bolhas ocasionadas por queimaduras de segundo grau e as bolhas
do início da putrefação. O perito legista fara uma pulsão do líquido presente na bolha e irá analisar no microscópio, procurando pela presença de
proteínas.
Caso haja quantia considerável de proteínas, cuida-se de bolha decorrente de queimadura de 2º grau – denominada flictena.
Caso não haja proteínas ou então a quantidade seja muito baixa, cuida-se de bolha decorrente da putrefação.

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c) Correta:
O sinal de Montalti representa o depósito de fuligem ao longo das vias respiratórias. O valor médico legal é atestar que a vítima estava viva quando
o incêndio se iniciou, em razão da respiração da fumaça que resultou no acúmulo de fuligem na traqueia e vias respiratórias.
d) Correta:
As lesões causadas por sólidos incandescentes normalmente possuem origem criminosa, e o instrumento vulnerante queima em todos os graus e
cresta pelos. Além disso, normalmente será possível identificar o agente causador da lesão a partir da imagem deixada no corpo da vítima,
recebendo o nome de lesão patognomônica ou lesão com assinatura.
GABARITO: B

58) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Acerca da asfixiologia forense, leia as assertivas a seguir e marque a opção correta:
A) A morte por crucificação se dá em razão da asfixia na modalidade sufocação direta.
B) A tríade asfíxica, composta pela congestão poelivisceral, petéquias disseminadas e sangue fluído e escuro, é um
sinal patognomônico de asfixia.
C) Via de regra, a esganadura não deixará lesões externas, sendo imperiosa a análise dos sinais internos do cadáver.
D) Nas asfixias por monóxido de carbono o cadáver apresentará rigidez precoce, tonalidade rósea da face, livores
carminados e putrefação tardia.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta:
Nas mortes por crucificação, a causa da morte é asfixia na modalidade sufocação INDIRETA, uma vez que a musculatura extenuada faz com que
os movimentos respiratórios não ocorram, impedindo a entrada de ar nos pulmões.
b) Incorreta:
De fato, a tríade asfíxica é composta por congestão polivisceral, petéquias disseminadas e sangue fluído e escuro, todavia, não é correto afirmar
que trata-se de sinal patognomônico de asfixia, pois podem aparecer em outros tipos de morte, inclusive morte por causa natural.
c) Incorreta:
A esganadura, modalidade de asfixia por constrição cervical provocada pelas mãos do agressor, apresentará lesões externas e internas:
Externas: estigmas digitais e ungueais; escoriações semilunares (marcas deixadas pelas unhas do agressor)
Interna: fratura do osso hióide, cartilagem laringe, equimose retrofaringiana de Brouardel.
d) Correta:
De acordo com a literatura médico-legal, a necropsia do cadáver que morreu asfixiado por monóxido de carbono mostra os seguintes elementos:
rigidez precoce, tonalidade rósea da face, livores carminados e putrefação tardia.
O recurso merece ser provido.
No que tange às asfixias por monóxido de carbono e o processo de rigidez cadavérica, a literatura médico legal não é unânime quanto a temática.
Contudo, a banca de Minas Gerais indica a bibliografia de Genival Veloso de França, o qual se posiciona no sentido de que a rigidez
cadavérica nas asfixias por monóxido de carbono é “mais tardia, pouco intensa e de menor duração” p. 368 da décima primeira edição do
atlas de medicina legal do autor.
GABARITO: D – QUESTÃO ANULADA POR FALTA DE GABARITO!!

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59) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


No que tange aos estudos da tanatologia forense, leia as assertivas a seguir e assinale a opção incorreta:
A) De acordo com a Lei de Nysten, a rigidez cadavérica se inicia no sentido crânio podálico, partindo das menores
massas musculares para as maiores massas musculares, e desaparece em sentido contrário ao aparecimento.
B) Os livores representam o sangue que se deposita no fundo dos vasos sanguíneos em razão da ação da gravidade
e permitem precisar a posição do corpo.
C) A perda da mobilidade, a ausência de resposta a estímulos e o relaxamento dos esfíncteres são sinais imediatos
de morte.
D) Mortes violentas precedidas de intensa luta corporal podem acelerar o curso da rigidez cadavérica.

COMENTÁRIOS:
a) Incorreta:
De acordo a Lei de Nysten, a rigidez cadavérica se inicia no sentido crânio podálico, partindo das menores massas musculares para
as maiores massas musculares, e desaparece em no MESMO sentido de seu aparecimento.
Revisando:
• A rigidez se inicia a partir do masseter (musculo que abre e fecha a boca) a partir das 2 horas após o óbito.
• Entre 2 a 6 horas após o óbito, os membros superiores e o tronco estarão rígidos.
• Entre 6 e 8 horas os membros superiores enrijecem.
• Entre 8 a 12 horas após o óbito o cadáver estará completamente enrijecido
• A rigidez começa a desaparecer após 24h, com o início da putrefação. A rigidez aparece E desaparece no mesmo sentido:
céfalo caudal, das menores massas musculares para as maiores massas musculares.
b) Correta:
Os livores de hipóstase são causados pela ação da gravidade, que faz com que o sangue se deposite no fundo dos vasos sanguíneos,
nas regiões de maior declive do cadáver, permitindo conhecer sua posição.
Sobre o aparecimento dos livores: eles surgem 30 mins após o óbito, em forma de pequenos pontilhados; após 2h são mais visíveis
e se generalizam após 6h, sendo que, até esse momento, não são fixos e clareiam com a pressão digital. Entre 8 a 12h após a morte,
os livores se ficam e não se deslocam mais, ainda que alterem a posição do cadáver.
c) Correta:
Os sinais imediatos de morte são aqueles que surgem instantes após o óbito, mas que não permitem, ainda, a confirmação da morte.
São eles: perda da mobilidade, ausência de resposta a estímulo, flacidez muscular generalizada, cessação irreversível da respiração
e batimentos cardíacos, face hipocrática e relaxamento dos esfíncteres,
Entre os sinais imediatos de morte (indicam a probabilidade do óbito) e os sinais tardios (indicam certeza que o óbito ocorreu), há
um hiato temporal denominado “período de incerteza de Tourdes”. Na dúvida, deve se prestar socorro.
Importante revisar este ponto da matéria em cotejo com o art. 162 do CPP, o qual estabelece que a autópsia será feita pelo menos
seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo,
o que declararão no auto.
d) Correta:
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As mortes violentas precedidas de intensa luta corporal podem acelerar o curso da rigidez cadavérica, pois houve grande gasto de
energia, de modo que faltará energia ao organismo para manter os músculos flácidos.
GABARITO: A

60) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


João, preso em flagrante, afirma ser “de menor”, mas não informa a sua idade nem apresenta qualquer documento de
identificação. O perito verificou que João possui 16 dentes na parte inferior e 16 dentes na parte superior. Com base na
doutrina médico-legal, pode-se afirmar que João possui idade:
A) superior a 21 anos;
B) inferior a 18 anos;
C) inferior a 16 anos;
D) superior a 18 anos;

COMENTÁRIOS: Ensina Genival Veloso de França que:


“Como os dentes têm uma época própria para o surgimento, exercem eles grande influência sobre a classificação da idade.
Dessa forma, levando-se em conta a primeira e a segunda dentições há, embora de maneira não tão rigorosa, condições de se ter
uma aproximação da idade de um indivíduo, a partir de 5 meses de nascido, tomando por base a cronologia da erupção dentária.
Na prática, a fórmula dentária de 16/16 presume a idade superior a 18 anos; 14/14, idade maior de 14 e menor de 18 anos; e de
12/12, menor de 14 anos, provocando assim lato interesse no que diz respeito ao aferimento da idade nos crimes de sedução e
estupro.”
GABARITO: D
Fonte: França, Genival Veloso de Medicina legal / Genival Veloso de França. - 10. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.

61) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


A maceração é um processo especial de transformação que sofre o cadáver do feto no útero materno, do sexto ao nono
mês de gravidez. Esse fenômeno pode ser séptico, de acordo com as condições do meio onde o corpo permanece.
Radiologicamente, apresenta alguns sinais muito interessantes. O cavalgamento dos ossos da abóbada craniana é
denominado:
A) sinal de spalding;
B) sinal de Chavigny;
C) sinal de Montalti;
D) sinal de Mankof;

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COMENTÁRIOS: A) CORRETA. “(…) Radiologicamente, apresenta alguns sinais muito interessantes: sinal de Spalding
(cavalgamento dos ossos da abóbada craniana), sinal de Hartley (perda da configuração da coluna vertebral), sinal de Damel
(halo pericraniano translúcido), sinal de Spangler (achatamento da abóbada craniana),sinal de Horner (assimetria craniana),
sinal de Tager (curvatura acentuada da coluna vertebral), sinal de Robert (presença de gases nos grandes vasos e vísceras), sinal
de Brakeman (queda do maxilar inferior – sinal da boca aberta).”
B) ERRADA. Esse sinal indica, além de outros, a ordem das lesões que se cruzam:
“Uma questão de suma importância é a ordem das lesões que se cruzam. Como a segunda lesão foi produzida sobre a primeira, de
bordas já afastadas, coaptando-se às margens de uma das feridas, sendo ela a primeira a ser produzida, a outra não segue um
trajeto em linha reta (sinal de Chavigny). Esse fato não interessa apenas ao legista, mas também ao cirurgião, no sentido de suturar
as feridas pela ordem de agressão.”
C) ERRADA. Trata-se de sinal que indica se um indivíduo respirou antes de morrer queimado:
“Primeiramente, devem-se procurar, no corpo, outras lesões distintas das queimaduras; em seguida, ter-se a certeza de que o
indivíduo respirou na duração do incêndio, pela pesquisa do óxido de carbono no sangue e pela presença de fuligem ao longo das
vias respiratórias conhecido como sinal de Montalti”
D) ERRADA. Trata-se de sinal de identificação da dor:
“Ainda hoje, usam-se os chamados sinais da dor: sinal de Mankof: contagem prévia do pulso radial, compressão do ponto doloso
e nova contagem do pulso.”
GABARITO: A
Fonte: França, Genival Veloso de Medicina legal / Genival Veloso de França. - 10. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.

62) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Em tese, o frotteurismo pode ser considerado crime de:
A) importunação sexual;
B) estupro;
C) violação sexual mediante fraude;
D) assédio sexual.

COMENTÁRIOS: Candidato, o que se entende por frotteurismo?


“Esta modalidade de desvio da sexualidade, não muito rara, caracteriza-se pela forma como certos indivíduos aproveitam-se das
aglomerações em transportes públicos ou em outros locais de ajuntamento humano, com o objetivo de “esfregar ou encostar seus
órgãos genitais, principalmente em mulheres, ou tocar seus seios e genitais, sem que a outra pessoa perceba ou identifique suas
intenções”.
Percebe-se, portanto, que a pessoa não emprega violência, fraude ou se vale da condição de superior hierárquico.
Assim, em tese, o crime é o de importunação sexual.
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de
terceiro:
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Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
GABARITO: A

63) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Assinale a alternativa que indica um dos sinais mais importantes encontrado nas sufocações indiretas:
A) máscara equimótica de morestin;
B) marcas ungueais;
C) oclusão das vias respiratórias;
D) sinal de Étienne Martin;

COMENTÁRIOS: Sufocação indireta: “A compressão, em grau suficiente, do tórax e abdome impede os movimentos
respiratórios, levando, em consequência, à asfixia. É sempre acidental ou criminosa. Conhecida também como “congestão
compressiva de Perthes”.
Um dos sinais mais importantes é a máscara equimótica da face, também conhecida como congestão cefalocervical ou máscara
equimótica de Morestin, produzida pelo refluxo sanguíneo da veia cava superior em face da compressão torácica.”
GABARITO: A
Fonte: França, Genival Veloso de Medicina legal / Genival Veloso de França. - 10. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.

64) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


De forma típica, é sempre executado com o auxílio de um laço, que pode ser mole (lenço, gravata), semiduro (cinto,
corda) ou duro (arame, fio elétrico):
A) esgorjamento;
B) esganadura;
C) enforcamento;
D) estrangulamento;

COMENTÁRIOS: “No estrangulamento, a morte se dá principalmente pela constrição do pescoço por um laço acionado por
uma força estranha, obstruindo a passagem de ar aos pulmões, interrompendo a circulação do sangue ao encéfalo e comprimindo
os nervos do pescoço. Nesse tipo de morte, ao contrário do enforcamento, o corpo da vítima atua passivamente e a força constrictiva
do laço age de forma ativa.
O estrangulamento é sempre executado com o auxílio de um laço, que pode ser mole (lenço, gravata), semiduro (cinto, corda) ou
duro (arame, fio elétrico). Ele é acionado em redor do pescoço, em forma de alça, e movido pela força muscular do autor, cuja
constrição é em sentido transversal e alcança toda a circunferência do pescoço.

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Todavia, há formas atípicas de estrangulamento, como no chamado “golpe do pai Francisco”, em que o laço passa pela parte
anterior do pescoço da vítima, sendo ela puxada às costas do agressor. Ou, ainda, em situações em que o laço também passa pela
parte anterior do pescoço e a vítima é atraída à força contra grades ou é arrastada, por exemplo. Nestes casos o sulco é oblíquo,
descontinuo e supra-hióideo. Este é o chamado estrangulamento atípico por alça de “laço aberto”.
Fonte: França, Genival Veloso de Medicina legal / Genival Veloso de França. - 10. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
GABARITO: D – Conforme apontado no gabarito da questão, trata-se de afirmação extraída da doutrina indicada pela
banca examinadora. Nesse ponto, entende Genival Veloso de França que “o estrangulamento é sempre executado com o
auxílio de um laço, que pode ser mole ( lenço, gravata) semiduros (cinto, corda) ou duro (arame, fio elétrico)…”
Contudo, analisando o tema, notamos que o autor ao tratar de enforcamento aponta que sua execução também será por um
laço fixo, que pode ser de várias naturezas: cordas, cintos, fios de arame, lençóis etc.
Dessa forma, as alternativas “c” e “d” podem ser consideradas corretas.
Portanto, a questão ESTÁ ANULADA POR DUPLICIDADE DE GABARITOS!!

65) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


João, após sofrer uma lesão, perdeu uma de suas mãos. João sofreu:
A) lesão leve;
B) lesão grave pela debilidade permanente da função;
C) lesão gravíssima pela perda de membro;
D) lesão gravíssima pela inutilização da função;

COMENTÁRIOS: “Quem perde uma mão ou um olho, ficou debilitado nas funções de apreensão e da visão. A perda de um dos
órgãos duplos constitui uma debilidade. A perda de um pulmão ou de um rim incide na debilidade da função respiratória e da
função renal, respectivamente. ‘Desclassifica-se o crime de lesão corporal gravíssima para grave quando ocorrer ablação ou
inutilização de apenas um dos elementos componentes de determinada função ou sentido, como acontece em relação àqueles que
se apoiam em órgãos duplos, acarretando tão só a diminuição funcional do organismo e não a sua perda’ (TAMG–AC–RT 611/407).
‘A perda de um olho, de um ouvido, de um rim, quando mantido o outro, íntegro, não configura a lesão gravíssima, mas apenas a
grave, pois a função ficou debilitada e não abolida’ (TJSP, RT 504/382).”
GABARITO: B
Fonte: França, Genival Veloso de Medicina legal / Genival Veloso de França. - 10. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
Atenção futuros deltas !! recebemos alguns recursos quanto ao gabarito da questão 65 (medicina legal) do primeiro simulado da
turma Delta MG. A questão aponta como lesão grave a perda de uma das mãos.
Inicialmente, destacamos que a questão foi elaborada tendo por base o Livro do Professor Genival Veloso de França. Observe:
“Debilidade permanente de função.
O conceito de membro, órgão e sentido deve ter um significado funcional, e não anatômico. Portanto, membro e sentido, sob a
feição jurídica desta ocorrência, não devem ter significado anatômico, mas um critério funcional. Não estaria em cogitação o
conjunto de órgãos e tecidos, e sim uma determinada função.
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Com esse raciocínio, a amputação de um braço não leva à perda da função, no sentido de uma lesão gravíssima, mas a uma
debilidade de função, assim como a enucleação de um olho não quer dizer que o indivíduo deva ser avaliado pela perda de um
órgão, mas pela debilidade de uma função.
Mesmo sendo o olho anatomicamente um órgão, ele é parte de uma função e por ela se valoriza e se quantifica. O caráter
estético não está aí arguido.
Quem perde uma mão ou um olho, ficou debilitado nas funções de apreensão e da visão. A perda de um dos órgãos duplos
constitui uma debilidade. A perda de um pulmão ou de um rim incide na debilidade da função respiratória e da função renal,
respectivamente. “Desclassifica-se o crime de lesão corporal gravíssima para grave quando ocorrer ablação ou inutilização
de apenas um dos elementos componentes de determinada função ou sentido, como acontece em relação àqueles que se apoiam
em órgãos duplos, acarretando tão só a diminuição funcional do organismo e não a sua perda” (TAMG–AC–RT 611/407). “A
perda de um olho, de um ouvido, de um rim, quando mantido o outro, íntegro, não configura a lesão gravíssima, mas apenas a
grave, pois a função ficou debilitada e não abolida” (TJSP, RT 504/382).”
Conforme se observa, o referido autor parece indicar que a perda de uma das mãos deve ser considerada apenas como uma debilidade
pois se trata de um órgão duplo e, portanto, uma lesão grave.
Contudo, ao analisarmos toda doutrina penalista e a posição do Hygino de Carvalho Hercules (autor também indicado pela
banca de medicina legal), observamos que prevalece o entendimento em sentido diverso. Ensina Hygino de Carvalho
Hercules que
“ (…) amputação ao nível do braço ou coxa é perda de membro; a cegueira total é perda do sentido da visão; o arrancamento
de numerosos dentes é perda da função mastigatória; secção completa da inervação de uma mão com abolição sensitivo-motora
é inutilização de membro. A amputação, para constituir perda deve eliminar a parte essencial do membro, ou seja, mão ou pé.”
Ou seja, afirma Hygino que a amputação da mão deve ser considerada como perda ou inutilização do membro e, portanto,
lesão gravíssima.
Obs: há, inclusive, um precedente antigo indicando que a perda de uma mão configura lesão gravíssima.
POR TUDO QUE FOI EXPOSTO, APÓS ANÁLISE DA DOUTRINA INDICADA, ENTENDEMOS QUE A QUESTÃO

DEVE SER ANULADA.

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Noções de Criminologia

66) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


“[...] O status social de delinquente pressupõe, necessariamente, o efeito das atividades das instâncias oficiais de controle
social da delinquência, enquanto não adquire esse status aquele que, apesar de ter realizado o mesmo comportamento
punível, não é alcançado, todavia, pela ação daquelas instâncias.”
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à sociologia do Direito Penal. 3.
ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia. p. 86.
Com base no excerto acima, referente ao paradigma do labelling approach, assinale as características dessa teoria:
A) Teoria do consenso, criminoso é um ser doente, interacionismo simbólico.
B) Teoria do conflito, criminoso recebe o rótulo, teoria da reação social.
C) Teoria do consenso, criminoso recebe o rótulo, teoria interacionista.
D) Teoria do conflito, criminoso é um ser doente, teoria do etiquetamento.

COMENTÁRIOS: O labelling approach, surge na década de 60, nos EUA, sendo uma teoria do conflito. Vale lembrar que as
teorias do conflito se baseiam na ideia de que toda sociedade é baseada na força e coerção, existindo a imposição de alguns membros
sobre outros. Nesse sentido, para o labelling approach a criminalidade é incentivada pelo próprio controle social, uma vez
considerado criminoso, o indivíduo recebe do estado e da sociedade um rotulo uma Etiqueta e para sempre será considerado
infrator.
Essa teoria também pode ser chamada de teoria da rotulação, teoria do etiquetamento, teoria do etiquetamento social, teoria da
reação social, teoria interacionista e interacionismo simbólico.
GABARITO: B

67) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


Segundo a teoria das subculturas criminais, a criminalidade decorre:
A) Do progresso que leva a criminalidade aos grandes centros urbanos, sendo que o fato de alguém estar localizado
em uma determinada área da cidade, é um vetor criminógeno, podendo contribuir para a prática de um delito.
B) Do descompasso entre objetivos e meios e quando os indivíduos não aceitam empregar os meios permitidos
para alcançar as metas que tanto almejam, nascem alguns tipos de delinquência.
C) De um meio para lidar com problemas de desajuste, fornecendo outros critérios de status, possíveis de serem
alcançados por indivíduos que não conseguem preencher os critérios exigidos pela sociedade.
D) Do fato de que as definições favoráveis à violação da norma superam as definições desfavoráveis, tudo em um
processo de imitação.

COMENTÁRIOS:
a) Errado. Essa é a ideia central da Escola de Chicago.

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b) Errado. Trata-se da teoria da Anomia, de Robert Merton.


c) Correto. A subcultura delinquente é uma teoria do consenso, pautada na ideia de que jovens que não se encaixam nos critérios
sociais desejáveis irão se unir em grupos, nos quais compartilham entre si valores semelhantes, formando uma subcultura,
valorizando o não-utilitarismo da ação, a malícia da conduta e o negativismo da ação.
d) Errado. Teoria da Associação Diferencial.
GABARITO: C

68) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


A autorrecriminação da vítima diante de um crime cometido, por meio da busca pelas razões que a tornaram, de modo
provável, responsável pela prática delitiva, corresponde à concepção de:
A) Heterovitimização.
B) Sobrevitimização.
C) Revitimização.
D) Vitimização primária.

COMENTÁRIOS: a) Correto. A Heterovitimização corresponde à “autorrecriminação da vítima” diante de um crime cometido,


por meio da busca pelas razões que a tornaram, de modo provável, responsável pela prática delitiva. EX: ter deixado a porta de um
automóvel sem a trava.
b) e c) Erradas. Sobrevitimização, Revitimização ou ainda vitimização secundária trata-se daquela em que a vítima primária do
crime é objeto da insensibilidade e do desinteresse dos operadores do sistema criminal estatal.
d) Errado. A vitimização primária é aquela que o sujeito é atingido pela prática do crime, é a causada pelo criminoso.
GABARITO: A

69) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


É correto afirmar que são características da Criminologia:
A) Empírica, indutiva, interdisciplinar, dogmática, ciência do ser.
B) Empírica, valorativa, multidisciplinar, normativa, ciência do dever ser.
C) Empírica, valorativa, abstrata, ciência do dever ser.
D) Empírica, indutiva, interdisciplinar, analítica, ciência do ser.

COMENTÁRIOS: CRIMINOLOGIA: (nomenclatura utilizada pela 1ª vez por TOPINARD e desenvolvida por Raffaele
Garofalo) possui como características:
• método empírico: baseia-se em técnicas de observação da realidade
•interdisciplinar: a criminologia se realiza com a cooperação de várias disciplinas (sociologia, psicologia, medicina ...)
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•indutivo: o raciocínio parte de dados particulares para se chegar a uma conclusão geral.
•analítica: a criminologia realiza análises, emprega um método analítico para compreender a natureza do crime, do criminoso, das
relações entre vítima e delinquente e dos mecanismos de controle social.
•ciência do "ser": a Criminologia cuida do “ser” encara o fenômeno de forma objetiva, sem conotação valorativa.
GABARITO: D

70) (Questão autoral Projeto em Delta – 2021)


A respeito das escolas criminológicas, é correto afirmar:
A) A Escola Clássica, fortemente influenciada pelo Iluminismo (movimento filosófico), foi desenvolvida no
século XVIII contrapondo-se ao regime absolutista que vigorava à época. Centralizou os estudos sobre o crime,
por meio do método empírico-indutivo, possuindo como maior expoente Beccaria.
B) A Escola Moderna Alemã trata o direito como uma ciência normativa e o crime como um fenômeno jurídico.
Possui como maior expoente Rocco.
C) A Escola Técnico Jurídica emprega a ideia de sistema duplo binário (pena / medida de segurança), com função
finalística da pena (prevenção geral / prevenção especial) e eliminação ou substituição das penas de curta
duração. Seu principal expoente é Liszt.
D) A Escola correcionalista trata a pena como a pena como cura do delinquente, sendo o juiz uma espécie de
médico social. Possuindo como principal expoente Karl Roeder.

COMENTÁRIOS: A) Errado. A escola clássica é dedutiva e abstrata, os clássicos eram sobretudo penalistas, o método empírico-
indutivo surge na escola positivista com os estudos de Lombroso.
B) e C) Erradas. Houve troca de conceituação. Em verdade, a Escola Moderna Alemã possuía uma dogmática penal, adotando o
sistema duplo binário (pena / medida de segurança), a função finalística da pena (prevenção geral / prevenção especial) e a
eliminação ou substituição das penas de curta duração. O grande nome dessa escola é Franz Von Liszt.
Já a Escola Técnico Jurídica emprega o direito como uma ciência normativa e o crime como um fenômeno jurídico. O grande nome
dessa corrente é Arturo Rocco.
D) Correta. Nessa escola tem-se a concepção de que o criminoso é incapaz de dirigir por si mesmo sua vida, sendo que cabe ao
Estado tutelá-lo, para que sua vontade seja direcionada. O Correcionalismo nasce na Alemanha, no sec. XIX, com as ideias de Karl
Roeder.
GABARITO: D

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