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Curso Redacao Pratico Completo - Alexei Goncalves de Oliveira
Curso Redacao Pratico Completo - Alexei Goncalves de Oliveira
Curso Online de
Redação
Sumário
PREFÁCIO – Pondo ordem na casa............................................................................................. 14
Introdução ..................................................................................................................................... 16
Redação não é Gramática ............................................................................................................................. 16
“Bons demais” para serem práticos ............................................................................................................... 17
O método........................................................................................................................................................ 18
Como usar este livro ...................................................................................................................................... 18
Estudando com um professor ........................................................................................................................ 19
Organização do livro ...................................................................................................................................... 19
Parte 1 - Vocabulário ............................................................................................................................. 21
Lição 1 − Escreva para um leitor ................................................................................................. 22
Exercício......................................................................................................................................................... 22
Dica ................................................................................................................................................................ 22
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 22
Lição 2 − Ampliando seu vocabulário com sinônimos............................................................... 23
Exercício......................................................................................................................................................... 23
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 25
Lição 3 – Antônimos: a diferença entre negação e oposição .................................................... 26
Negações sem o “não”................................................................................................................................... 26
Exercício......................................................................................................................................................... 27
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 27
Lição 4 – Mudando o sentido com sinônimos e antônimos ....................................................... 28
Exercício......................................................................................................................................................... 28
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 29
Lição 5 – Faça você mesmo ......................................................................................................... 30
Observações sobre o exercício ..................................................................................................................... 30
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 30
Lição 6 – As palavras e sua sonoridade: eventos cacofônicos ................................................. 31
Exercício......................................................................................................................................................... 31
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 32
Lição 7 – Problemas de sonoridade: encontros vocálicos ........................................................ 33
Exercício......................................................................................................................................................... 33
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 33
Lição 8 – Problemas de sonoridade: repetição de consoantes ................................................. 34
Exercício......................................................................................................................................................... 34
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 34
Lição 9 – Problemas de sonoridade: rimas involuntárias .......................................................... 35
Exercício......................................................................................................................................................... 35
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 35
Lição 10 – Escolhendo as palavras pela sonoridade ................................................................. 36
Exercício......................................................................................................................................................... 36
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 37
Lição 11 – Significado e sentido das palavras na frase ............................................................. 38
Um exemplo prático: a diferença entre “sentido” e “significado” ................................................................... 38
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Redação
Um exemplo verde ........................................................................................................................................ 40
Exercício ........................................................................................................................................................ 40
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 40
Lição 12 – Identificando o sentido das palavras .........................................................................41
Exercício ........................................................................................................................................................ 41
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 41
Lição 13 – Criando sentido com palavras ....................................................................................42
Exercício ........................................................................................................................................................ 42
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 43
Lição 14 – Criando o sentido da frase..........................................................................................44
Exercício ........................................................................................................................................................ 44
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 45
Lição 15 – Quando o dicionário não basta ..................................................................................46
Um bom escritor tem vocabulário amplo e profundo .................................................................................... 46
A regra de ouro do vocabulário ..................................................................................................................... 46
Aumentando a profundidade do seu vocabulário ......................................................................................... 46
Exercício ........................................................................................................................................................ 47
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 47
Lição 16 – Criando significados com a técnica da definição ......................................................48
O desafio de redigir definições ...................................................................................................................... 48
Definindo o que é uma definição ................................................................................................................... 48
Um modelo para definição de objetos........................................................................................................... 48
Observação final............................................................................................................................................ 49
Exercício ........................................................................................................................................................ 49
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 50
Lição 17 – Definindo ações, atividades e profissões ..................................................................51
Como definir o que alguém faz? ................................................................................................................... 51
Requisitos das definições de ações, atividades e profissões....................................................................... 51
Modelo ........................................................................................................................................................... 51
Exercício ........................................................................................................................................................ 52
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 53
Lição 18 – Qualidades: definições científicas e não-científicas .................................................54
Definições científicas incluem variáveis ........................................................................................................ 54
Definições não-científicas enfatizam aspectos ............................................................................................. 54
Modelo para definir qualidades ..................................................................................................................... 54
Exercício ........................................................................................................................................................ 55
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 55
Lição 19 – Definindo ideias, pensamentos e sentimentos ..........................................................56
Como definir ideias e sentimentos ................................................................................................................ 56
Menos é mais ................................................................................................................................................ 56
Elementos comuns às definições de ideias .................................................................................................. 56
Exercício ........................................................................................................................................................ 57
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 57
Lição 20 – Definições objetivas e subjetivas ...............................................................................58
Exercício ........................................................................................................................................................ 58
Advertência importante.................................................................................................................................. 58
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 58
Lição 21 – Resumo da parte 1 – Vocabulário .................................................................................... 59
Parte 2 – Frase .............................................................................................................................. 61
Lição 22 – Frases na ordem direta e inversões........................................................................... 62
Observações sobre as regras do destaque ................................................................................................... 63
Exercício......................................................................................................................................................... 63
Resumo da lição............................................................................................................................................. 64
Lição 23 – Inversões e a sonoridade da frase ............................................................................. 65
Exercício......................................................................................................................................................... 65
Resumo da lição............................................................................................................................................. 65
Lição 24 – Usando inversões para melhorar a sonoridade ........................................................ 66
Exercício......................................................................................................................................................... 66
Resumo da lição............................................................................................................................................. 67
Lição 25 – Inversões: use-as com inteligência ........................................................................... 68
Exercício de “desinversão” sobre o Hino Nacional Brasileiro........................................................................ 68
Encontrando equilíbrio sem moderação ........................................................................................................ 68
Exercício......................................................................................................................................................... 69
Resumo da lição............................................................................................................................................. 69
Lição 26 – Princípios de Sensatez – Parte 1 − Dos fatos e das afirmações que fazemos sobre
eles ................................................................................................................................................ 70
Exercício......................................................................................................................................................... 72
Resumo da lição............................................................................................................................................. 73
Lição 27 – Condições de inteligibilidade da frase: unicidade de sentido .................................. 74
Exercício......................................................................................................................................................... 74
Resumo da lição............................................................................................................................................. 75
Lição 28 – Critérios de inteligibilidade: coerência ...................................................................... 76
Exercícios ....................................................................................................................................................... 76
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 77
Lição 29 – Critérios de inteligibilidade: conformidade ............................................................... 78
Os riscos de um texto “politicamente incorreto” ............................................................................................ 78
A autoimagem do leitor .................................................................................................................................. 78
“Tão engraçado como uma dor de dentes” ................................................................................................... 78
Afinal, como se orientar em meio a essa confusão toda? ............................................................................. 78
Exercício......................................................................................................................................................... 79
Resumo da lição............................................................................................................................................. 79
Lição 30 – Condições de inteligibilidade: Plausibilidade ........................................................... 80
Exercício......................................................................................................................................................... 81
Resumo da lição............................................................................................................................................. 82
Lição 31 – Critérios de Inteligibilidade: Correção estrutural ...................................................... 83
Dois métodos para resolver problemas de estrutura..................................................................................... 83
Qual o tamanho ideal da frase? ..................................................................................................................... 83
Exercícios ....................................................................................................................................................... 84
Resumo da lição............................................................................................................................................. 85
Lição 32 – Princípios de Sensatez − Parte 2 − Gênero e Espécie .............................................. 86
Exercícios ....................................................................................................................................................... 87
Curso Online de
Redação
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 88
Lição 33 – Coordenação e Subordinação ....................................................................................89
Exercício ........................................................................................................................................................ 90
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 91
Lição 34 – Mais maneiras de coordenar ideias ............................................................................92
Aditivas: um simples acréscimo de informação ............................................................................................ 92
Adversativas: o outro lado da questão .......................................................................................................... 92
Alternativas: opções à vontade ..................................................................................................................... 93
Conclusivas: a consequência inevitável do seu brilhante raciocínio ............................................................ 93
Explicativas: não deixe o leitor em dúvida .................................................................................................... 93
Observações finais ........................................................................................................................................ 94
Exercícios ...................................................................................................................................................... 94
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 94
Lição 35 – Algumas maneiras de subordinar ideias a outras (parte 1) ......................................95
Conjunções Subordinativas........................................................................................................................... 95
Exercício ........................................................................................................................................................ 97
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 97
Lição 36 – Algumas maneiras de subordinar ideias a outras (parte 2) ......................................98
Exercícios ...................................................................................................................................................... 98
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 99
Lição 37 – Sintaxe a serviço da intenção de dizer.....................................................................100
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 101
Lição 38 – Princípios de Sensatez − Parte 3 − Causa e efeito ..................................................102
Exercícios .................................................................................................................................................... 104
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 105
Lição 39 – Pontuação: uso da vírgula ........................................................................................106
Vírgula ( , ) ................................................................................................................................................... 106
Exemplos de usos obrigatórios da vírgula .................................................................................................. 106
Exercício ...................................................................................................................................................... 108
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 109
Lição 40 – Pontuação: outros sinais ..........................................................................................110
Ponto e vírgula [ ; ] ...................................................................................................................................... 110
Dois-pontos [ : ]............................................................................................................................................ 110
Ponto Final [ . ], Ponto de Interrogação [ ? ], Ponto de Exclamação [ ! ].................................................... 111
Reticências [ ... ] .......................................................................................................................................... 111
Parênteses [ ( ) ] .......................................................................................................................................... 112
Pontuação nas frases entre parênteses ................................................................................................ 113
Travessão [ – ] ............................................................................................................................................. 113
Aspas ( “ ” ) .................................................................................................................................................. 113
Exercício ...................................................................................................................................................... 113
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 115
Lição 41 – Resumo da parte 2 – Frase .......................................................................................116
Parte 3 – Parágrafo ......................................................................................................................118
Lição 42 – Introdução à redação de parágrafos ........................................................................119
Exercício ...................................................................................................................................................... 120
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 120
Alexei Gonçalves de
Oliveira 43 – Destaque
Lição de ideias no parágrafo ............................................................................. 121
Exercício....................................................................................................................................................... 121
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 122
Lição 44 − Princípios de Sensatez − Parte 4 − Generalizar é possível! ................................... 123
Exercício....................................................................................................................................................... 124
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 125
Lição 45 – Parágrafos longos, parágrafos curtos..................................................................... 126
Ponderações sobre o tamanho ideal do parágrafo ..................................................................................... 126
Exercícios ..................................................................................................................................................... 127
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 127
Lição 46 − O parágrafo de abertura (1) − Conceitos básicos ................................................... 128
Exercício....................................................................................................................................................... 129
Resumo da Lição ......................................................................................................................................... 129
Lição 47 − O parágrafo de abertura (2) − A “pirâmide invertida” ou “Técnica do funil” ......... 130
Exercício....................................................................................................................................................... 131
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 131
Lição 48 − O parágrafo de abertura (3) − A frase inicial ........................................................... 132
Exercício....................................................................................................................................................... 134
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 134
Outro dia, um grupo de pessoas entre as quais me encontrava ouvia a leitura de certo texto que fora
sugerido para um manifesto. O autor pedia aprovação e todos os que ali estavam, em tese, deveriam assinar. Já
na primeira frase se estabeleceram discordâncias. As afirmações pareciam desconjuntadas. Era controverso
saber a quem ou a quê se referiam os pronomes. Embora o vocabulário estivesse bem escolhido e o sentido do
texto estivesse claro, orações subordinadas e apostos explicativos se entrelaçavam e embaralhavam. Vírgulas
procuravam em vão seu paradeiro.
Como resolver a encrenca? E mais: por que era tão difícil dar um jeito naquelas poucas linhas? Nesse
momento, intervim perguntando ao grupo onde estava o sujeito da frase. A quem se referia o verbo tal? Com o
mandado de busca em mãos, saíram todos atrás do tipo para o devido arresto. E não foi muito difícil encontrá-
lo, escondido entre as macegas, longe dali, na terceira linha da frase. Resumindo: mediante condução
coercitiva o sujeito foi levado para o começo do texto, desde onde começou a pôr ordem na casa.
Enquanto assistia à cena e dela participava lembrei-me do professor Alexei Gonçalves de Oliveira e do
inesperado convite para que produzisse o prefácio deste seu “Curso de Redação”. Por que eu? Após as
bondosas palavras com que me distinguiu, ele me remeteu à página ... deste livro, na qual utiliza como
exemplo frase extraída de um texto que escrevi há alguns anos. É uma boa frase e revela mais dele por
escolhê-la do que de mim por havê-la escrito. Digo isso porque me lembro do trabalho que me deu a escolha
do vocabulário, a construção da sequência de ideias, a obtenção da cadência certa, o trabalho de ouvi-lo na voz
de minha mulher (que lê para mim, em voz alta, absolutamente tudo que escrevo). O Português, aliás, é um
idioma para ler e ouvir. Jamais publico algo apenas visto. O imprimatur é dado pelo ouvido.
Estou dizendo isto porque o “Curso de Redação” é um achado no garimpo das obras preciosas a quem
quer atribuir correção e qualidade ao que escreve. E creiam: é algo que vale mais do que dinheiro; é prazeroso,
ainda que dê trabalho, que tome tempo e que tempo seja dinheiro. Mesmo se sabendo – como se sabe e como o
professor Alexei ensina – que todo texto é feito para um leitor, a consciência de que se está alcançando o
domínio da linguagem, insinua no redator uma espécie de poder sobre si mesmo. “Eu posso pensar sobre isso e
posso escrever sobre isso porque estou conquistando o domínio da técnica”. Cabe aqui o gerúndio porque não
se completa jamais essa posse. O idioma não tem dono, mas quem o maltrata se dá mal. Ah! A boa técnica,
junto com a leitura de bons autores, introduz à arte.
Ante este livro, todos nos tornamos estudantes, aprendizes da feitiçaria da boa escrita. Se, com suas
lições, abrirmos a cortina da fantasia, podemos nos imaginar circunvagando entre prateleiras e gavetas com
120 pequenas poções mágicas que vão produzindo efeitos inesperados. Descobriremos que as palavras
refletem fragmentos da realidade social. Há vocábulos pobres e vocábulos ricos, bonitos e feios, elegantes e
grosseiros. E o mesmo acontece com as frases, com os textos e com os livros. Depois, destampando os
conteúdos dos frascos, vamos descobrir formas de dar graça a uma palavra pobre, elegância a uma palavra feia
e outras mágicas semelhantes.
Minha formação profissional (isso deve estar dito por aí em algum lugar) se deu em Arquitetura e
Urbanismo. Alguém poderá indagar sobre o que a arquitetura tem a ver com redação e – no meu caso – com a
crônica política com presunções literárias. A resposta é: muito. Na obra, a arquitetura é (para nos valermos da
expressão do professor Alexei) a “síntese sintática” dos elementos construtivos, daqueles vidrinhos rotulados a
que ele se refere ao introduzir suas ideias sobre a sintaxe.
Nesta pequena capsula em que trabalho, quase tudo está ao alcance do braço. Logo acima da tela do
computador, existem dois conjuntos de pequenas prateleiras onde tenho alguns livros de uso permanente. Estão
na linha dos tais medicamentos de uso continuado que compõem a feira mensal dos idosos na farmácia do
bairro. Ali, pouco acima da linha dos olhos, há um exemplar da Bíblia, dois dicionários analógicos, um
Aurélio, um dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos e outro de Verbos e Regimes.
Agora, entre minhas preciosidades, abrirei vaga para as 120 lições do professor Alexei, cuja
Introdução
É desnecessário alongarmo-nos demais sobre a imensa dificuldade que os brasileiros enfrentam quando o
assunto é “Redação”. São fonte frequente de anedotas as “pérolas” engastadas por estudantes nas provas de
vestibulares e de outros concursos. Também são frequentes as críticas aos textos dos jornais, revistas, sítios de
internet e, até mesmo, de obras literárias recentes. De um modo geral, todos estamos conscientes de que,
apesar dos muitos anos gastos nos bancos de escolas, sejam públicas ou particulares, pouco importando o
preço que se tenha pago, a maioria dos brasileiros começa a “suar frio” quando se exige a expressão escrita de
seus pensamentos.
O problema está aí, diante de todos. A questão é decidir o que faremos a respeito.
Empurrar a culpa para os estudantes, atribuindo-lhes toda a responsabilidade por não terem aprendido a redigir
é, a meu ver, uma grande injustiça. Afinal, muita gente não aprende simplesmente porque não encontra alguém
que se disponha a ensinar. Por outro lado, culpar os professores também é injusto. A maioria dos professores de
Redação que conheci ao longo de minha vida estava sinceramente preocupada em melhorar a expressão escrita
de seus alunos e, em alguns casos extremos, desesperavam-se por não conseguir ajudar os que se encontravam
em pior situação.
Decididamente, este não é um problema que se possa resolver identificando culpados. O que precisamos fazer
é isolar os componentes essenciais do problema “ensino versus aprendizado de Redação em Língua
Portuguesa” e desenvolver táticas para lidar com eles. Ao desenvolver este curso, minha intenção foi
exatamente criar táticas para solucionar os problemas de Redação com que mais frequentemente me deparei ao
longo dos últimos 30 anos. Para entender como você desenvolverá suas habilidades de Redação usando o
método deste livro, é importante conhecer os problemas que deram origem a esta obra.
Mas a Análise Sintática não nos diz nada sobre como escrever o que desejamos – uma atividade que podemos,
muito justamente, chamar de “Síntese Sintática”. O que um escritor faz, em seu processo de criação de textos,
é escolher os “vidrinhos certos” na prateleira da estante de elementos sintáticos e misturar seu conteúdo de
forma conveniente para escrever frases adequadas, perfeitas, sonoras, eloquentes, convincentes, nota dez!
A Análise Sintática é atividade posterior à criação de boas frases. Como tal, ela não ensinará você a criar
boas frases, bons parágrafos, “boas redações”. Ensinar um estudante a escrever é, em grande parte ensinar-lhe
critérios e métodos para uma ótima Síntese Sintática. Por exemplo, se você quer sugerir ao leitor a ideia X,
você fará melhor usando orações coordenadas; por outro lado, caso a intenção seja Y, será mais conveniente
usar orações subordinadas.
Ou seja, para o escritor, não importa qual é a classificação, mas a aplicação!
Ao longo dos anos seguintes, minhas investigações sobre diversos outros aspectos do ato de escrever
revelaram que esse princípio – “para o escritor, não importa qual é a classificação, mas a aplicação!” – é
extensivo a todos eles. Por exemplo, para o escritor, importa menos conhecer o significado de mil palavras do
que um punhado de critérios para escolher as palavras certas para as frases que deseja escrever. O escritor está
ocupado em criar e, portanto, precisa dispor de critérios e técnicas práticas que o ajudem a desincumbir-se
com sucesso dessa tarefa.
O método
O método que apresentamos nesta obra se assenta sobre três pilares:
(1) O leitor. Enquanto boa parte dos professores e estudantes de Redação estão preocupadíssimos com a
apresentação e o desenvolvimento do “tema” da Redação, os escritores constatam na prática que todo texto é
dirigido a um leitor. Por exemplo:
Um texto repleto de termos técnicos parecerá “chato” para um leigo ou um estudante “calouro”, mas
interessantíssimo para um professor, um profissional ou um especialista. Inversamente, um texto
didático em linguagem simples que entusiasmará um iniciante poderá entediar brutalmente um
especialista.
Um texto excessivamente formal que será adequado se dirigido a uma autoridade poderá desagradar
ou entristecer um amigo, enquanto um texto repleto de intimidade que agradaria a um amigo pode
enfurecer uma pessoa em posição de autoridade.
Um texto redigido para um professor avaliador jamais será idêntico a um que seja destinado à leitura
por alunos iniciantes – e vice-versa.
Assim, em vez da preocupação com “o tema”, ao longo de toda esta obra incitaremos o estudante a ocupar-se
do leitor – isto é, a lembrar-se da pessoa para quem deseja escrever um texto e a julgar a qualidade das
palavras, frases e parágrafos de seu texto em função de quem o lerá.
(2) A intenção de dizer. Todo texto nasce da intenção de dizer alguma coisa a alguém (o leitor!). O grande
desafio enfrentado pelo escritor é o de escolher palavras e articulá-las em frases e parágrafos que digam
exatamente o que ele deseja, sem deixar margem para que o leitor pense que ele quis dizer outra coisa!
Redigir bem, ao contrário do que sugerem certos livros de “interpretação de textos”, não é compor uma
charada, um enigma, um quebra-cabeças, para que o leitor adivinhe o que o escritor “realmente quis dizer”
enquanto dizia outra coisa totalmente diferente!
Escrever bem é escrever de forma clara e inequívoca, sem ambiguidades, sem criação artificial de dificuldades
de compreensão ou de “interpretação” movidas pelo desejo de impressionar o leitor “escrevendo bonito”.
Ao estudar este livro, você receberá toda a orientação para aplicar os conceitos aprendidos à sua intenção de
dizer, para que você seja capaz de escrever exatamente o que pensa, sem deixar margem para que o leitor não
entenda direito o que você quis dizer.
(3) Autoaperfeiçoamento e autocorreção. O objetivo mais elevado desta obra é conduzir o estudante até um
estágio de desenvolvimento da escrita em que se torne independente da avaliação de revisores e instrutores. A
intenção é que você seja capaz de corrigir e aperfeiçoar os textos que você mesmo escreve simplesmente
aplicando os conceitos aprendidos em cada lição.
Faça a experiência: redija um texto completo antes de começar o curso. Em seguida, após completar uma nova
lição, aplique os conceitos estudados sem apagar o texto original. Você verá com seus próprios olhos a
transformação para melhor na sua técnica de escrita.
Mas é necessário admitir que muitas pessoas necessitam dessa interação com o professor para melhor absorver
conceitos e entender sua aplicação prática. Para esses casos, disponibilizamos no endereço de internet
https://aulasderedacaoonline.com.br/ nosso curso online de Redação, onde você poderá obter correções
personalizadas de seus exercícios, avaliações críticas de seus textos e sugestões sobre como melhorá-los.
Organização do livro
Este livro foi organizado em seis partes temáticas, com aproximadamente 20 lições cada uma, que abrangem as
principais técnicas e dificuldades que observei nas redações dos estudantes brasileiros ao longo dos últimos 30
anos.
Na parte 1, abordamos a dificuldade fundamental do estudante brasileiro com o vocabulário. A verdade é que,
no dia a dia, as pessoas no Brasil vêm usando um número cada vez mais reduzido de palavras para dizer o que
pensam. O resultado é uma profusão de mal-entendidos, em que as pessoas dizem uma coisa e os seus ouvintes
ou leitores entendem outra completamente diferente.
Mais: é visível como muitas pessoas usam as palavras de modo simplesmente imitativo, isto é, escolhem as
palavras que “todo mundo está usando” sem ter a mínima ideia do que elas significam, sendo incapazes de
explicar ou definir por conta própria as palavras que elas mesmas escolhem dizer.
Nesta parte do curso, você enfrentará e vencerá essa dificuldade, habituando-se a usar diferentes tipos de
dicionários para (1) saber o que as palavras realmente querem dizer, (2) escolher a palavra certa para expressar
o que você quer dizer e (3) explicar por conta própria o que significam cada uma das palavras que você escolhe
dizer! O objetivo é transformar a seleção de palavras num ato consciente, em que você sabe justificar por que
escolheu escrever uma palavra em seu texto em vez de outra qualquer!
Curso Online de
Redação
Na parte 2, o foco se desloca para a formulação de frases. Como você já saberá escolher as palavras certas
para expressar suas ideias, seu desafio agora será uni-las em uma estrutura sintática que expresse exatamente
sua intenção de dizer. Você aprenderá a usar criativamente a sintaxe, aplicando sempre a técnica certa para
cada caso.
A parte 3 é dedicada ao estudo dos parágrafos. Uma vez que você saiba redigir boas frases, sonoras e
comunicativas, seu desafio é entender como reuni-las em blocos de texto que cumpram a função de dizer ao
leitor o que você tem em mente. Você aprenderá e exercitará diversas técnicas para redigir parágrafos de
introdução, de desenvolvimento e de conclusão, garantindo que você seja capaz de escrever um texto
dinâmico, criativo e original a cada nova redação que fizer.
Na parte 4, você aprenderá a “montar” todas as “peças” que dominou nas partes 1 a 3 – vocabulário, frase,
parágrafo – em um texto dissertativo-argumentativo simples mas completo, interessante e de leitura agradável.
Você aprenderá a escolher um tema, a fazer a pesquisa básica, a selecionar informações e, finalmente, a redigir
o texto desejado seguindo um elevado padrão de qualidade.
Na parte 5, você será apresentado aos desafios da opinião. Aprenderá como e quando opinar, quando usar o
humor, como usar figuras de estilo e desenvolver um tema de forma opinativa num texto mais longo, saboroso
e divertido, com qualidade suficiente para publicação em uma revista especializada.
A parte 6 é dedicada aos estudantes que se veem diante da necessidade de redigir um texto mais longo, com
diversas páginas, capítulos e subcapítulos, com ênfase no aspecto explicativo. Você aprenderá a estruturar um
trabalho de maior fôlego e a planejar as diferentes seções. Esta parte também contém dicas valiosas sobre o
uso de recursos multimídia, como apresentações, vídeos, áudio, fotos, infográficos e muito mais.
Após estudar todas as lições das seis partes do curso, o ato de escrever não será mais segredo para você. As
técnicas que você aprenderá nas 120 lições deste curso proverão todo o conhecimento prático necessário para
resolver todas as necessidades mais básicas de redação na vida cotidiana, além da base indispensável para alçar
voos mais altos em outros tipos de texto mais especializado, como o texto literário, publicitário, persuasivo e
outros.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Parte 1 - Vocabulário
Curso Online de
Redação
A ideia, à primeira vista, pode parecer estranha, mas o juiz da qualidade de um texto é sempre o leitor, jamais o
escritor. Um texto considerado ótimo por todos os critérios pode se tornar péssimo se for lido pela pessoa
errada. Quer um exemplo? Ora, os melhores exemplos serão criados por você mesmo, no exercício simples e
rápido desta lição!
Exercício
Escreva uma mensagem de quatro a cinco linhas (no máximo) para o cartão de aniversário de:
a) Uma pessoa que você conhece muito bem, está junto de você todos os dias e sabe todas as suas qualidades e
defeitos. Pode ser seu melhor amigo ou amiga, mãe ou pai, esposa ou marido, namorado ou namorada. O
importante é que a relação de vocês seja de intimidade pessoal total.
b) Uma pessoa que você conhece bem, mas com quem não compartilha todos os detalhes de sua vida
particular. Pode ser um colega de trabalho ou de escola, um vizinho ou um membro de um clube ou igreja que
você frequente. O importante é que a relação de vocês seja de intimidade pessoal limitada.
c) Uma pessoa com quem você mantém uma relação puramente profissional, sem maior proximidade pessoal.
Por exemplo, um professor de sua escola, o seu chefe na empresa ou um colega de empresa que trabalhe em
outro setor. O importante é que a relação de vocês seja de intimidade profissional.
d) Uma pessoa com quem você nunca se relacionou fora de ocasiões profissionais ou formais. Por exemplo, a
diretora de sua escola, o presidente da empresa em que você trabalha, o síndico do edifício em que você mora,
o diretor do clube que você frequenta. O importante é que sua relação com essa pessoa seja totalmente
formal.
e) Depois que você completar os exercícios acima, imagine o que aconteceria caso você enviasse por acidente
os cartões de aniversário acima para as pessoas erradas!
Dica
Não se espante com a aparente simplicidade desta lição: ela é, sem dúvida, a mais importante de todo este
curso. Faça os exercícios acima com a máxima seriedade!
Resumo da Lição
Toda vez que você escrever um texto, pense primeiro no leitor.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Uma das principais causas de problemas no texto é, sem dúvida alguma, a má escolha de palavras. Enquanto a
palavra certa diz exatamente o que você quer dizer ao seu leitor, a palavra errada gera ambiguidade,
confusão, mal-entendidos… A má escolha de palavras pode até provocar brigas e ressentimentos que perduram
por longos anos!
Por outro lado, um texto redigido com as palavras certas seduz e envolve o leitor, fazendo-o sentir prazer em
ler o seu texto da primeira à última linha.
Por isso, a primeira providência que você deve tomar para aprender a escrever bem é ampliar o seu
vocabulário. Quanto maior for o número de palavras que você conhece, maior será a sua capacidade de
escolher sempre a palavra certa para dizer tudo o que deseja!
Nesta lição, você exercitará a substituição de palavras por sinônimos. Observe como você pode dizer a mesma
coisa de muitas maneiras diferentes apenas mudando uma palavra!
Para que você obtenha o máximo aproveitamento desta lição, tenha em mente este importantíssimo conceito: a
“palavra certa” é, sempre, a palavra de sentido mais específico!
Em termos práticos: quando você estiver em dúvida entre uma palavra que pode assumir dez sentidos
diferentes conforme o contexto, e outra que tem apenas duas ou três possibilidades, sempre escolha a segunda!
Chamo a essas palavras genéricas, com muitos significados diferentes, de “palavras-balaios”, porque, da
mesma forma que num grande balaio, dentro delas cabe praticamente qualquer coisa! Idealmente, você deveria
eliminar por completo as “palavras-balaios” de seu texto. Caso não seja possível, reduza seu número ao
mínimo indispensável.
Um exemplo típico de “palavra balaio” é o verbo “pôr”, que pode assumir, conforme o contexto, uma imensa
quantidade de sentidos diferentes. Alguns exemplos poderiam incluir os verbos “posicionar” (ajustar a
posição), “encaixar” (ajustar num encaixe), “pousar” (deitar suavemente sobre uma superfície), entre outros.
Assim, antes de escrever o verbo “pôr”, pesquise se não existe uma palavra sinônima que mais se aproxime
daquilo que você realmente quer dizer.
Lembre-se: A melhor palavra é sempre a que expressa apenas o sentido pretendido por você!
Outro exemplo de “palavra-balaio” muito empregada é o verbo “andar”. Será que você deveria escrever “andar
de carro” ou “viajar de carro”? “Andar a pé” ou “caminhar”? “Andar de bicicleta” ou “pedalar uma bicicleta”?
Deste modo, pergunte-se sempre, sobre todas as palavras-chaves em seu texto: “Esta é a palavra mais
específica − isto é, a de sentido mais específico − entre todas as opções que tenho à minha disposição”?
Finalmente, não se esqueça: a palavra mais específica de todas, aquela que sempre deve ser a sua preferida, é,
justamente, aquela que sequer tem um sinônimo!
Exercício
Leia os passos abaixo:
Caso você não tenha um dicionário impresso ou prefira utilizar a internet, experimente os seguintes dicionários
online e adicione-os aos seus favoritos, pois você os utilizará durante todo o curso!
Muitas vezes, os dicionários registram diversos significados diferentes para uma mesma palavra. Para bem
entender a frase, você precisa descobrir em qual deles foi usada a palavra em destaque. Caso contrário, você
escolherá o sinônimo errado!
Passo 3 – Escolha um sinônimo cujo sentido seja o mais parecido possível com o da palavra original.
No dicionário de sinônimos você encontrará diversas opções de palavras agrupadas conforme os diferentes
sentidos que elas podem assumir. Mas, mesmo dentro desses grupos, pode haver sutis diferenças de sentido.
Por exemplo, o verbo “beber” tem 47 sinônimos agrupados em 10 sentidos diferentes!
Note que cada uma das frases resultantes tem sutis diferenças de sentido. De fato, a única versão que,
obrigatoriamente, inclui o ato de ingerir um líquido é “Brindemos”. Afinal é perfeitamente possível “felicitar”,
“saudar”, “homenagear” e “cumprimentar” sem, necessariamente, “beber” alguma coisa!
Passo 4 – Reescreva a frase completamente – nada de copiar e colar! - substituindo a palavra original
pelo sinônimo escolhido.
Ao reescrever a frase, você exercitará a habilidade mais fundamental da vida de um escritor: o ato de
reescrever! De fato, você gastará quase tanto tempo reescrevendo seus textos quanto o que gastou escrevendo-
os, pois é raro que todas as frases de um texto resultem impecáveis logo na primeira tentativa.
Observação final: Há outras palavras nas frases a seguir que você não conhece ou não entende perfeitamente?
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Pesquise-as também! Com tantos bons dicionários online à disposição, não há mais desculpa para não saber o
que significa uma palavra!
Exercício resolvido
A segurança e a qualidade de nossos produtos são nossa maior prioridade.
Explicação
A palavra prioridade pode ter o sentido de “precedência” ou de “preferência”. No caso da frase acima, o
sentido é de “preferência”, ou seja, a empresa “prefere” oferecer ao mercado produtos com elevado padrão de
segurança e qualidade.
Observações
Você não precisa incluir, nas respostas aos exercícios, a sua explicação para a escolha da palavra. Basta
reescrever a frase inteira substituindo a palavra em destaque pelo sinônimo escolhido!
3) A perturbadora queda em todos os índices de desempenho de nossa empresa impôs novos limites às
nossas possibilidades de financiamento.
6) Dois colaboradores informais da nossa empresa garantem que a diretoria já decidiu quem assumirá o
comando do setor de Recursos Humanos.
7) O novo modelo de telefone celular da empresa X trará uma miríade de novos recursos.
9) A compra deste equipamento resolveu diversas dificuldades, mas originou outras tantas.
10) Inclua aqui o seu próprio exemplo, copiado de um livro, revista, jornal ou website e escreva sua própria
versão modificada!
Resumo da Lição
Usando sinônimos, podemos mudar inteiramente a feição de uma frase para melhorar a comunicação com nosso leitor.
Curso Online de
Redação
Observe a frase:
Trata-se de uma típica frase negativa. Quando a redigimos, quisemos dizer que faltam a Raul pelo menos
alguns atributos de beleza, embora, talvez, ele tenha alguns!
Raul é feio.
Na frase acima, usamos o antônimo de “bonito”. Ao escolher o antônimo, afirmamos que Raul não tem
nenhum atributo de beleza, nenhuma qualidade que poderia torná-lo bonito!
Os antônimos, portanto, são muito mais fortes, mais taxativos, do que a simples negação. Usamos antônimos
quando não queremos apenas negar uma coisa, mas afirmar o seu contrário!
Portanto, ele pode ser remediado, bem de vida, ter algumas posses, um bom salário, uma casa confortável, um
carro novo.
Carlos é pobre.
Não resta dúvida de que Carlos precisa sobreviver com pouco dinheiro.
É possível que Paula tenha alguns problemas de saúde, mas não tenha uma doença específica.
Assim, negar uma coisa não é o mesmo que afirmar o seu contrário. Quando você quiser afirmar o contrário,
use um antônimo!
Essa frase diz que você deveria impedir a manifestação de um sentimento, mas não diz se você deveria
expressar algum outro! Esse efeito só é possível substituindo a palavra negativa por um antônimo positivo:
Liberte a compaixão.
Exercício
Modifique as frases negativas abaixo, substituindo as palavras em destaque por antônimos – em caso de
dúvida, consulte o site http://antonimos.com.br/ e aproveite para adicioná-lo a seus favoritos, pois será muito
útil ao longo de todo o curso!
Exemplo resolvido:
Frase original: Uma sociedade em que pululam tantos conflitos não pode ser considerada pacífica.
Frase modificada: Uma sociedade em que pululam tantos conflitos pode ser considerada beligerante.
Resumo da Lição
A negação serve para dizer que uma coisa não tem todos os atributos de outra, mas não é necessariamente o seu oposto.
Caso a sua intenção seja expressar a ideia oposta, use um antônimo.
Curso Online de
Redação
Nas lições anteriores, você viu como é possível dizer a mesma coisa de várias maneiras diferentes usando
sinônimos e como dizer o oposto usando antônimos. Nesta lição, você verá como usar sinônimos e antônimos
para mudar por completo o sentido da frase! O objetivo desta lição é conscientizá-lo do fato de que uma única
palavra mal escolhida pode alterar inteiramente sua intenção de dizer!
Exercício
O exercício desta lição segue a mesma fórmula do anterior mas, desta vez, você terá um pouco mais de
trabalho. Pesquise sinônimos para as palavras destacadas em negrito e antônimos para as palavras
sublinhadas. Em seguida, reescreva a frase original, substituindo as palavras destacadas pelas que você
pesquisou.
Observações
1) Caso você esteja usando uma versão online deste livro, não copie e cole as frases originais em suas
respostas: redigite-as completamente. A mesma regra é válida caso você tenha optado por trabalhar com o livro
impresso e um caderno: não se limite a escrever apenas as palavras individuais, mas copie a frase original
inteira, substituindo a palavra indicada pelo antônimo ou sinônimo escolhido.
O motivo desta recomendação é simples: ao fazer o esforço de digitar ou escrever as frases apenas
modificando as palavras solicitadas, você terá de “ouvir” mentalmente a frase inteira. Assim, você saberá se a
palavra nova se encaixa ou não no contexto da frase.
2) Após terminar o exercício, pesquise nos dicionários as outras palavras cujo significado, por acaso, você não
conheça muito bem.
Exercício resolvido
Frase original: O nosso advogado apresentará um recurso na tentativa de protelar ainda mais a instalação do
inquérito.
Resposta: “O nosso advogado apresentará um recurso no esforço de acelerar ainda mais a instalação do
inquérito”.
1 – Em meio à crise representada pelas sucessivas faltas d’água em nossa região, a cidade foi abastecida
continuamente pelos reservatórios de emergência.
2 – O presidente comunicou à nação que retirou da fronteira as tropas, cujo número organismos internacionais
calculavam em 10 mil soldados.
3 – Segundo o órgão competente da prefeitura, duas faixas da via estarão interditadas ao trânsito durante o fim
de semana.
4 – O governador anunciou uma parceria entre o estado e empresas privadas para que a população mais pobre
tenha acesso gratuito a cursos de qualificação profissional.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da Lição
Usando sinônimos e antônimos de forma inteligente, podemos modificar a feição da frase e até inverter completamente o
seu sentido mudando apenas uma ou duas palavras!
Curso Online de
Redação
Passo 1 – Em um jornal, revista ou portal jornalístico, escolha uma notícia para ler, de preferência, sobre um
assunto que você não conheça bem. Você também pode usar como fonte a literatura específica de sua área de
estudos ou de atuação profissional: livros técnicos ou didáticos, artigos científicos ou opinativos, monografias,
teses, dissertações, e assim por diante.
Passo 2 – Selecione 3 frases que contenham palavras que você não conhece.
Este passo requer uma explicação extra: não confunda “reconhecer” uma palavra com “conhecê-la”! Você
“reconhece” toda palavra que já tenha lido ou em que tenha ouvido falar. Já “conhecer” uma palavra significa
saber o seu significado, isto é:
(1) Saber defini-la informalmente com precisão semelhante à de uma definição dicionarizada;
(2) Saber explicá-la com clareza suficiente para que um não-especialista entenda do que se trata.
Como pode ver, a diferença entre um profissional e um amador em qualquer área de conhecimento é que o
primeiro conhece as palavras que lê e escreve, enquanto o segundo apenas as reconhece!
Passo 4 – Pesquise o significado das palavras desconhecidas em cada frase nos dicionários. Caso necessário,
consulte os dicionários, tratados e fontes de referência específicos de sua área de atuação profissional.
Passo 6 – Pesquise nos dicionários especializados se as palavras escolhidas têm antônimos e/ou sinônimos.
Observe: a maioria das palavras têm sinônimos, mas nem todas. Já as palavras que têm antônimos são ainda
um pouco mais raras.
Fato: se você aprender apenas 6 palavras novas por dia, em seis meses terá aprendido um total de 1080
palavras novas!
É claro que você, provavelmente, não conseguirá decorar imediatamente o significado de todas essas palavras
novas. Mas será capaz de reconhecê-las quando encontrá-las em um texto e as consultas ao dicionário logo se
tornarão desnecessárias. Após mais algum tempo, sem perceber, você começará a usar algumas dessas palavras
em seus próprios textos.
Mais: o hábito de reescrever frases deve fazer parte de seu cotidiano como escritor. Você não deve mais se
limitar a ler um texto na condição de simples leitor: leia-o como se você fosse o seu verdadeiro autor. Sempre
pense em como você poderia redigir de forma diferente as frases que o autor usou no texto, que palavras
soariam melhor e como você poderia modificar o sentido desta ou daquela frase, caso desejasse. Desta data em
diante, você deve ler como se fosse o autor do texto em pleno ato de corrigir um rascunho!
Resumo da Lição
Reescrever também é escrever!
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Os textos são lidos com os olhos, mas são entendidos com os ouvidos. Quando você lê um texto, o cérebro vai
traduzindo a informação visual em sons. Desta forma, o ato de ler um texto é, efetivamente, o ato de ouvir o
texto!
Escrever é uma tarefa que requer bastante atenção ao modo como soam as palavras. Uma frase pode estar
correta do ponto de vista da Gramática mas soar horrível aos ouvidos do leitor. Veja um exemplo real, extraído
de uma campanha publicitária:
Gramaticalmente, a frase está impecável. Mas, do ponto de vista da sonoridade, o trecho grifado soa ridículo e
obsceno.
A propósito, quando falamos em problemas de sonoridade, a primeira questão que costuma vir à mente são
justamente os cacófatos e outros eventos cacofônicos na frase, sendo exemplos clássicos “Ela tinha” e “A boca
dela”.
Os eventos cacofônicos são aqueles problemas de sonoridade provocados pelo encontro entre o final de uma
palavra e o início de outra. Repare que nem sempre um evento cacofônico precisa resultar em uma palavra
conhecida, com sentido próprio em Português: basta que o resultado soe como uma palavra que “poderia
existir” para desviar a atenção do leitor!
Se há uma coisa que todo escritor não quer é desviar a atenção do leitor!
Um exemplo prático:
A palavra “fotinha” não existe em Português. Mas o efeito sonoro do encontro dessas sílabas é,
definitivamente, muito ruim.
A boa notícia é que você pode resolver boa parte dos problemas de sonoridade simplesmente recorrendo a um
sinônimo. Veja:
Os eventos cacofônicos ocorrem com maior frequência no texto de pessoas com vocabulário muito limitado.
Quanto mais rico se tornar o seu vocabulário, mais fácil será evitar e corrigir esse tipo de problema em seus
próprios textos!
Exercício
Leia em voz alta as frases abaixo, localize os problemas de sonoridade e resolva-os com a substituição de
palavras por sinônimos.
2) Você não conseguirá realizar esse serviço usando uma faca rombuda.
Resumo da Lição
Os eventos cacofônicos desviam a atenção do leitor e ocorrem com maior frequência no texto de pessoas com vocabulário
muito limitado. Quanto mais rico se tornar o seu vocabulário, mais fácil será evitar e corrigir esse tipo de problema em
seus próprios textos!
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Nem todos os problemas de sonoridade se resumem às cacofonias. Também são muito comuns os encontros de
múltiplas vogais, resultando em uma frase sonoramente defeituosa. Por exemplo:
Mais uma vez, a solução pode ser encontrada em uma simples substituição por sinônimos:
Exercício
Leia as frases em voz alta, localize os problemas de sonoridade e resolva-os!
1) A dor foi tão intensa que eu uivei.
3) Não há alvo mais legítimo do que aquele que perseguimos com o coração.
Resumo da Lição
A repetição de consoantes, também chamada de “aliteração”, pode ser um recurso literário valioso em certos
contextos. Porém, em textos argumentativos-dissertativos, na maioria das vezes são um problema. Primeiro,
porque desviam a atenção do leitor. Segundo porque, em mãos inábeis, as aliterações involuntárias podem se
tornar desastrosas.
Um exemplo prático:
Soa terrível, não? Como sempre, é possível melhorar a frase recorrendo a sinônimos:
Exercício
Leia em voz alta as frases abaixo, localize os problemas de sonoridade e resolva-os!
Resumo da Lição
As repetições de consoantes podem ser resolvidas com facilidade substituindo apenas algumas palavras da frase por
sinônimos.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
As rimas podem ser boas quando estamos lendo um poema ou a letra de uma música. Nos textos dissertativos,
na maioria das vezes, o efeito é desastroso.
Exemplo:
“Frequentemente, enfrentamos situações urgentes por causa de gente que se sente dona da empresa”.
O uso de sinônimos, mais uma vez, resolve esses casos com grande facilidade:
“Com frequência, enfrentamos situações urgentes por causa de pessoas que se sentem donas da empresa”
Ou
“Frequentemente, enfrentamos situações emergenciais por causa de funcionários que se sentem donos da
empresa”.
Exercício
Leia em voz alta as frases abaixo, localize os problemas de sonoridade e resolva-os!
8) Cabe ao executivo-chefe garantir a execução dos planos da organização em função dos limites da legislação
vigente.
9) A pergunta que não quer calar é se as mudanças no nível do mar podem ou não afetar nosso rendimento
quando formos pescar.
10) Maurício fez um grande sacrifício ao cumprir a difícil missão de providenciar artifícios para que ninguém
notasse o orifício no fundo do palco do comício.
Resumo da Lição
As rimas podem ser boas quando ocorrem intencionalmente em textos poéticos. Porém, em textos dissertativos, devem ser
evitadas.
Curso Online de
Redação
Reparou como o simples uso de sinônimos faz a mágica de transformar uma frase ruim em uma frase boa de
ler?
Até o momento, você exercitou apenas a identificação de problemas de sonoridade. Porém, mais importante do
que identificar problemas é aprender a desenvolver suas próprias soluções!
Neste exercício, você escolherá palavras para melhorar frases que, em si mesmas já estão relativamente boas.
Você verá, ao longo de sua experiência como escritor, que é muito frequente a modificação de palavras boas,
corretas, por outras que tenham um som melhor, mais próximo do sentimento ou da ideia que você queira
despertar no leitor.
Veja um exemplo:
A frase acima não tem problemas de sonoridade, nem de sentido. Por que mudá-la?
Porque, talvez, você queira que o leitor imagine que o copo quebrou-se com violência, de forma irremediável,
espalhando cacos de vidro em todas as direções. Para isso, basta mudar uma palavra:
Talvez seja importante dizer ao leitor que o copo caiu de uma grande altura, explicando porque ele se
espatifou:
Talvez, ainda, você queira explicar ao leitor onde você estava quando o copo despencou e espatifou-se:
A sequência de exemplos acima deixa bem claro como o som das palavras pode enriquecer o sentido da frase
acrescentando ritmo e melodia para apreciação do leitor.
Exercício
Reescreva as frases abaixo, substituindo algumas palavras por outras de melhor sonoridade.
4) O fato é que uma campanha insistente dos oposicionistas impediu o aproveitamento sério desse recurso e
deixou nosso país de joelhos.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
5) Uma denúncia anônima permitiu que os investigadores da Polícia encontrassem um vídeo feito pelos
criminosos.
Resumo da Lição
É possível melhorar as frases “boas” e “corretas” substituindo palavras comuns por sinônimos de melhor sonoridade.
Curso Online de
Redação
Até o momento, você exercitou a substituição de palavras por sinônimos sem se preocupar muito com as
consequências da troca: se a palavra constar no dicionário como sinônima, você a insere no texto e segue
adiante.
É claro que, na vida de um escritor, nem sempre – para falar a verdade, quase nunca! – você poderá agir dessa
maneira. Afinal, se você se dedicou a pesquisar com atenção as palavras no dicionário, já deve ter reparado que
praticamente não existem sinônimos perfeitos.
Cada palavra que você substitui altera ligeiramente o sentido do texto como um todo, mesmo que essa
mudança surja apenas em função da sonoridade! Basta lembrar-se das alterações de sentido no exemplo da
lição 10, quando trocamos os verbos “quebrar” por “espatifar” ou “cair” por “despencar”!
Sinônimo de significado
Sentido:
Ou seja, “sentido” é um dos sinônimos possíveis de “significado”. Sendo assim, por que usei as duas palavras
no título? Certamente, porque estou usando-as para dizer coisas diferentes!
Nesse tipo de situação, precisamos ir além do dicionário de sinônimos. Investiguemos uma definição mais
precisa para “significado” no dicionário Aulete:
significado3
(sig.ni.fi.ca.do)
sm.
1. Sentido que se dá a um termo, palavra, frase, texto, sinal, signo, obra artística ou científica etc;
significação.: O significado dessa frase é óbvio: O significado desse sinal é de difícil compreensão.
Note como a palavra “sentido” aparece logo na primeira definição de significado. Será um sinônimo perfeito?
Vejamos o que o Aulete diz sobre a palavra “sentido”:
sentido4
(sen.ti.do)
sm.
9. A faculdade que tem o homem e os animais de receberem as impressões externas por meio de certos
órgãos: Os sentidos são cinco: a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato
12. Fil. Ideia, ponto de vista; direção, pensamento; mira, intento; tema: O sentido principal da obra
resume-se no princípio da livre concorrência.
13. Atenção, cuidado; ideia fixa: O menino está com o sentido na brincadeira.
14. P.ext. Significação de uma palavra ou de um discurso; espírito, pensamento oculto; interpretação
que se pode dar a uma proposição: o sentido da lei.
17. Maneira especial segundo a qual uma ação se produz ou o caminho particular que ela toma;
DIREÇÃO: O sentido em que atua uma força.
18. Modo de distinguir ou de separar um objeto de outro pelos acessórios que o rodeiam.
19. Modo, aspecto, ponto de vista; maneira de considerar: Encarou a situação pelo sentido que lhe
favorecia.
Analisando as definições acima, perceba como há situações em que você pode substituir uma palavra por
outra, bem como outras em que a troca é impossível!
Por exemplo:
É óbvio que a palavra “sentido”, na frase acima, não pode ser substituída por “significado”!
Sendo assim, o escritor precisa explicar ao leitor o que ele quer dizer quando usa duas palavras que podem ser
sinônimas!
Para efeito deste texto, “significado” é um termo técnico, com origem na Linguística, que descreve o
conjunto de ideias designadas por uma palavra, independentemente do texto em que tenha sido
escrita.
Em resumo:
O “significado” de uma palavra é o que aparece nas definições de um dicionário. Já o “sentido” é construído
pelo escritor a partir das outras palavras da frase.
Uma ideia importante que resulta das definições acima é que o bom escritor é um criador de sentido. Ele usa as
palavras e seus significados para despertar no leitor um conjunto de ideias e sensações. Se, para atingir esse
objetivo, for necessário criar uma nova definição para uma palavra, o escritor não hesitará em fazê-lo!
Um exemplo verde
Observe a frase abaixo.
Não há dúvida sobre qual era a cor do vestido! O problema começa quando redigimos frases como as
seguintes:
Em cada um desses casos, usamos a palavra “verde” em um sentido diferente − isto é, para significar coisas
diferentes.
Agora, imagine que você precisa escrever uma monografia − ou qualquer texto mais extenso − em que o tema
obriga ao emprego frequente da palavra “verde”. Você não deveria correr o risco de confundir o leitor com a
repetição incessante de uma palavra que pode ser usada com tantos sentidos diferentes. Em situações como
essa, é praticamente obrigatório redigir uma definição formal, estabelecendo o sentido em que você usará a
palavra no decorrer de todo o texto.
Exercício
O exercício desta lição é puramente mental. Basta seguir estes passos:
Passo 1: Leia mais uma vez o texto desta lição, para certificar-se de que entendeu tudo perfeitamente.
Passo 2: Reveja as frases que você criou ou alterou nos exercícios das lições anteriores, procurando perceber
as mudanças de sentido que provocou ao trocar uma palavra por outra. Se necessário, consulte os dicionários
para entender mais detalhadamente a diferença de significado entre a palavra original e o sinônimo que você
escolheu para substituí-la.
Resumo da Lição
Neste primeiro exercício prático, você entenderá como uma mesma palavra pode adquirir diferentes sentidos, a
depender da frase.
Exercício
Verifique no dicionário o significado das palavras grifadas nas frases abaixo e substitua-as por um sinônimo
que mantenha o sentido original.
Exemplo resolvido
O rapaz abraçou sua noiva após tomar a decisão de abraçar a nobre causa.
O rapaz enlaçou sua noiva após tomar a decisão de apoiar a nobre causa.
1 – Ofélia cultivava um estilo de vida com hábitos simples, evitando a ostentação e os luxos desnecessários.
2 – Admiro pessoas práticas, que sempre têm soluções simples para os problemas mais difíceis.
3 – Jovens e cheios de vida, nossos filhos perseguirão uma vida de sonhos enquanto a realidade não lhes bater
à porta.
4 – Durante boa parte de minha vida, tive o sono dificultado por sonhos angustiantes em que via a Morte bater
à porta de meu quarto.
5 – Na estrada que vou percorrer, há diversos hotéis que oferecem um serviço honesto por um preço razoável.
7 – A linguagem pobre empregada pelo autor daquela obra compromete a apreciação de seu conteúdo.
8 – Joana tinha plena consciência de ser pobre e, por isso, zelava pelo conteúdo de sua bolsa como se dele
dependesse a própria vida.
Resumo da Lição
Observe os exemplos:
Palavra: Beijar
Neste último sentido, existe a expressão “beijar a lona”, uma gíria do boxe, que também adquiriu outros
sentidos. Observe os exemplos:
Frase 1: O peso-pesado não aguentou o ataque do adversário e beijou a lona no segundo round.
Frase 2: A empresa estava endividada e beijou a lona quando os credores entraram na Justiça.
Frase 3: 90% dos candidatos beijaram a lona logo na primeira etapa do concurso.
Como você pode ver, não é possível apenas dizer as mesmas coisas com palavras diferentes: é possível dizer
coisas diferentes usando as mesmas palavras!
Exercício
Neste exercício, você criará frases simples, usando as mesmas palavras em diferentes sentidos.
1 – Palavra: Calor
2 – Palavra: Luz
Sentido: Claridade emitida ou refletida.
Frase:
4 – Palavra: Trabalho
Sentido: Profissão.
Frase:
5 – Palavra: Sol
Sentido: Estrela da galáxia Via Láctea, em torno da qual giram a Terra e outros planetas do sistema solar.
Frase:
Resumo da Lição
Muitas vezes, o sentido das palavras − e da própria frase! − é consequência de outras frases que a antecedem
ou sucedem. Observe o exemplo:
Enfim, o sol brilha no céu.
A frase acima, isoladamente, não apresenta dificuldade de entendimento nem necessidade de interpretação.
Mas é possível mudar-lhe o sentido sem alterar sequer uma de suas palavras, apenas situando-a em uma
“história” diferente. Observe:
A segunda frase opõe “sol” a “noite”. Ou seja, o sentido de “sol” na frase é equivalente ao de “dia”, de "luz do
dia". Outro exemplo:
Este foi um longo inverno, com muitos dias chuvosos. Enfim, o sol brilha no céu.
A segunda frase realiza uma oposição de “sol” a “dias chuvosos”. O sentido é de “condições meteorológicas” e
não de hora do dia!
Após grandes esforços e muita dificuldade, conseguimos realizar nossos objetivos. Enfim, o sol brilha no céu.
Exercício
Crie duas frases que alterem o sentido de cada uma das frases a seguir.
5 – Quebrei a cabeça.
Frase 1:
Frase 2:
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da Lição
O sentido da frase não depende apenas das palavras com que é escrita, mas também das frases que a antecedem ou
sucedem.
Curso Online de
Redação
Você já deve ter se deparado com palavras bem complicadas, que não consegue compreender direito apenas
consultando o dicionário. Quer um exemplo? Que tal a palavra “Filosofia”? Vejamos o que diz o Aulete:
filosofia5
(fi.lo.so.fi.a)
sf.
1. Fil. Conjunto de estudos, de sistemas de pensamento e de reflexões intelectuais que visam a
compreender a realidade absoluta, as causas elementares, os fundamentos dos valores e das crenças
humanas, o sentido da existência.
2. Fil. Conjunto de estudos que procura reunir um determinado ramo do conhecimento (a história, a
sociedade, a natureza etc.) sob um número de princípios que lhe servem de base, de fundamento
(filosofia da história/da ciência).
3. Fil. Conjunto dos sistemas filosóficos ou doutrinas de uma determinada época ou país, ou sistema
filosófico constituído (filosofia francesa/hegeliana).
4. Disciplina que engloba conhecimentos filosóficos ou relativos à filosofia.
5. Fil. Conjunto de obras de determinado filósofo: A filosofia de Descartes.
São definições bem simples, sucintas, de um assunto extremamente complexo. Na verdade, nos últimos 2500
anos, já foram escritas milhões de páginas de livros sobre o significado da palavra Filosofia! E o mais incrível
é que, apesar de todo esse palavrório, ainda não foi possível chegar a um consenso sobre o que, exatamente, é a
Filosofia!
No seu dia a dia, você vai se deparar muitas vezes com palavras semelhantes, que parecem dizer uma coisa em
um momento e, no outro, são usadas para dizer algo que parece o oposto. Normalmente, essas palavras
representam ideias complexas, que são objeto de muita discussão entre estudiosos e especialistas.
Afinal, ao escrever uma palavra sem entender direito o que ela quer dizer, você, muito provavelmente,
“achará” que diz uma coisa quando, na verdade, diz outra muito diferente! Não corra esse risco!
Exercício
Liberdade
Pensamento
Política
Sociedade
Natureza
Realidade
Ciência
Passo 2: Pesquise a palavra escolhida na Wikipédia e leia o artigo inteiro, até o final.
Passo 3: Escreva um texto de 5 a 10 linhas sobre a palavra pesquisada, resumindo as principais ideias que você
adquiriu após a leitura do dicionário e da Wikipédia. Escreva esse texto sem se preocupar muito com a forma,
concentrando-se apenas em registrar os seus pensamentos!
Passo 4: Após redigir o seu texto da forma como vier à sua cabeça, revise-o usando as técnicas que aprendeu
até agora:
Verifique se algumas das palavras que você empregou em seu texto não têm um sinônimo mais
adequado ao sentido que você deseja e/ou ao leitor a quem você se dirige.
Confira se algumas de suas negativas não ficariam melhor caso substituídas por um antônimo, ou
vice-versa.
Procure problemas de sonoridade e resolva-os.
Pesquise sinônimos para melhorar a sonoridade ou para expressar melhor o sentido que você deseja.
Verifique se o sentido das frases não está sendo modificado indevidamente pelas frases anteriores (“as
que vêm antes”) ou posteriores (“as que vêm depois”).
Resumo da Lição
O escritor competente nada “acha” sobre as palavras:
Ou ele sabe o que a palavra quer dizer, ou então escreve outra em seu lugar! Aprofunde-se no significado!
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Redação
Na lição 11, pedimos que você prestasse atenção ao modo como redigimos uma explicação. Relembrando:
Para efeito deste texto, “significado” é um termo técnico, com origem na Linguística, que descreve o
conjunto de ideias designadas por uma palavra, independentemente do texto em que tenha sido
escrita.
Por outro lado, usamos neste texto a palavra “sentido” para descrever o significado que a palavra
assume no texto em que foi escrita."
O trecho acima é um exemplo da técnica da definição. Quando escrevemos a expressão “para efeito deste
texto”, estamos dizendo que a definição foi criada por nós, sendo válida apenas no texto em que foi escrita.
Sem dúvida, o desafio de redigir definições no mesmo nível daquelas que você encontra em um dicionário
requer o domínio de conhecimentos e técnicas que superam em muito o alcance deste curso: a lexicografia é
tarefa especializada para profissionais altamente qualificados! Porém, qualquer pessoa pode aprender algumas
técnicas de redação de definições para explicar aos seus leitores o significado de certas palavras.
Uma definição é uma frase simples que explica o significado de uma palavra de modo a diferenciá-la de todas
as outras.
O esforço de definir é, portanto, o esforço de diferenciar uma palavra de todas as outras usando uma única
frase. Quando você se propõe a redigir uma definição, sua intenção é esclarecer o mais rapidamente possível a
diferença entre uma palavra e todas as outras!
Um aspecto importante da definição é que ela se resume a uma única frase com o menor número possível de
palavras. Uma definição deve conter apenas as palavras indispensáveis à diferenciação da palavra que você
está definindo!
Para atingir esse objetivo, existem as mais variadas técnicas, embora todas partam sempre do mesmo princípio:
comece a definição com palavras mais gerais, depois acrescente palavras mais específicas, até fechar a
definição com a palavra que não deixa mais nenhuma dúvida sobre o que você está escrevendo.
Uma cadeira é um (1) item de mobiliário (2) composto por um encosto, um assento e uma base, (3) sobre o
qual as pessoas se sentam para descansar ou exercer certas atividades que exigem que o corpo permaneça em
repouso.
Pontos a observar:
(1) Começamos explicando a que categoria de objetos pertence o objeto “cadeira”: um “item de mobiliário”,
um “móvel”.
(2) Seguimos explicando a composição do objeto, isto é, quais são os elementos que o diferenciam de todos os
outros: “encosto”, “assento” e “base”.
(3) Especificamos qual é o uso que fazemos do objeto: é um móvel que usamos para ficar sentados enquanto
descansamos ou fazemos alguma coisa!
Nosso modelo de formulação de frases para definição de objetos pode ser representado como se segue:
EXEMPLO A – Uma blusa (objeto) é um item de vestuário (categoria) que pode assumir várias formas
diferentes (elementos), sendo usado por mulheres (quem) para cobrir a parte superior do corpo (finalidade).
EXEMPLO B – Um copo (objeto) é um recipiente (categoria) com tamanho e formato compatíveis com a mão
humana (elementos) que é usado para conter líquidos que serão bebidos (finalidade).
Confira no dicionário como nossas definições não-especializadas estão bem próximas das definições
profissionais, ainda que não estejam perfeitas. O importante, para o escritor, não é atingir a perfeição
lexicográfica, mas possibilitar que o leitor visualize o objeto de nossa definição!
Observação final
Como você já deve ter observado, nem sempre é necessário usar todos os elementos do modelo para produzir
uma boa definição. Por exemplo:
Um lápis (objeto) é um cilindro de grafite envolto por um tubo de madeira (elemento) usado para escrever ou
desenhar (finalidade).
Não é obrigatório dizer, por exemplo, que um lápis é um instrumento portátil (categoria) usado por
desenhistas, escritores e estudantes (quem), para que o seu leitor entenda o que é um lápis!
Exercício
Usando o modelo desta lição, redija suas próprias definições para os objetos da lista a seguir e, em seguida,
compare-as com as definições do dicionário. Em caso de dificuldade, siga o modelo abaixo:
1 – Caderno
Sua definição:
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Definição do dicionário:
2 – Mesa
Sua definição:
Definição do dicionário:
3 – Casa
Sua definição:
Definição do dicionário:
4 – Caneta
Sua definição:
Definição do dicionário:
5 – Impressora
Sua definição:
Definição do dicionário:
6 – Livro
Sua definição:
Definição do dicionário:
7 – Automóvel
Sua definição:
Definição do dicionário:
8 – Meias
Sua definição:
Definição do dicionário:
9 – Panela
Sua definição:
Definição do dicionário:
10 – Porta
Sua definição:
Definição do dicionário:
Resumo da Lição
As definições sempre começam com as palavras de sentido mais geral, seguidas de palavras de sentido cada vez mais
específico. Para definir objetos, você pode usar o seguinte modelo:
Definir objetos é uma tarefa relativamente simples e direta. Basicamente, tudo o que você precisa fazer é
relacionar um punhado de características que permita ao leitor visualizar o objeto que você está definindo e
organizá-las em uma frase simples.
Já quando queremos definir ações, atividades e profissões, a tarefa é um pouco mais complicada, porque o
objetivo, em geral, é explicar situações complexas, compostas por vários elementos diferentes. Deste modo, o
escritor precisa escolher qual ou quais desses elementos ele deseja enfatizar ao formular sua definição.
1 – Cozinhar é manipular os alimentos de acordo com técnicas que os tornem prontos para consumo humano.
3 – Cozinhar é arte de produzir pratos com aparência agradável e equilíbrio de aromas e sabores.
Na definição 1, a ênfase é na técnica, na execução do ato. Na definição 2, a ênfase é no ponto de vista de quem
vai comer: “refeições saborosas e nutritivas”. Finalmente, na definição 3, a ênfase é no aspecto artístico da
atividade de cozinhar.
Modelo
O modelo que sugerimos para definir ações é simples:
[AÇÃO] é (o ato de) [UM VERBO QUE INDIQUE UMA DAS PARTES DA AÇÃO] [DESCRIÇÃO DA PARTE
DA AÇÃO QUE SE QUER ENFATIZAR].
Por exemplo:
Quando as ações são mais complexas, porém, é necessário escolher quais são os aspectos da atividade que
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você deseja enfatizar. Veja mais alguns exemplos:
Escrever (ação) é o ato de imprimir (verbo) palavras em meio físico ou eletrônico (descrição).
É importante observar que, quando você é capaz de definir uma ação, você se torna capaz de definir uma
profissão! Por exemplo:
Deste modo, um modelo para definir atividades pode assumir a seguinte forma:
Exercício
Crie suas próprias definições para as ações/atividades/profissões a seguir.
1 – Cair
2 – Martelar
3 – Calar-se
4 – Lutar
5 – Advogado
6 – Professor
7 – Caminhada
8 – Discurso
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da Lição
Para definir uma ação, atividade ou profissão, você pode usar os seguintes modelos:
Para ações: [AÇÃO] é (o ato de) [UM VERBO QUE INDIQUE UMA DAS PARTES DA ATIVIDADE] [DESCRIÇÃO
DA PARTE DA ATIVIDADE QUE SE QUER ENFATIZAR].
As definições de qualidades, normalmente indicadas no texto por um adjetivo, são muito comuns em textos
científicos. Por exemplo, um cientista não pode dizer que um animal é “rápido” ou “lento” sem explicar o que
quer dizer com isso! Deste modo, ele precisará redigir uma definição bastante precisa para essas palavras. Por
exemplo:
Para efeito desta pesquisa, são considerados “rápidos” todos os animais capazes de se deslocar em terra
intencionalmente e por conta própria, ainda que em curtas distâncias, a uma velocidade superior a 20 km/h.
Repare como o cientista deixa claro que a definição que ele dá para a palavra “rápido” é válida apenas para
efeito da pesquisa que ele está fazendo. Um outro cientista, por exemplo, que esteja estudando tartarugas,
provavelmente terá de formular outra definição para a palavra “rápido”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, consideram-se obesas todas as pessoas cujo Índice de Massa
Corporal (IMC) seja igual ou superior a 30,0 6.
O exemplo deixa claro que, quando cientistas e não-cientistas afirmam que uma pessoa é “obesa”, muito
provavelmente não estão dizendo a mesma coisa!
Por exemplo, vejamos o que significa a palavra “livre” na expressão “software livre”:
Entende-se como “livre” qualquer programa de computador que pode ser executado, copiado, distribuído,
estudado, alterado e melhorado sem necessidade de autorização do seu criador 7.
Este exemplo evidencia que a noção de “liberdade”, quando aplicada a um “programa de computador”,
envolve aspectos não pertinentes, por exemplo, ao Direito Constitucional. Assim, a definição de “software
livre” necessariamente enfatizará esses aspectos exclusivos.
6 Frase formulada com informações constantes no seguinte documento: ABESO − Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes brasileiras de obesidade. São Paulo: ABESO, 2009, 3ª edição. Disponível
para download em http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1.pdf. Acesso em 31 de maio
de 2016.
7 Definição do autor, com base em informações constantes em https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.html.
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Oliveira
Diz-se que é / Entende-se como / Considera-se [QUALIDADE] todo ou qualquer [SER OU OBJETO DA
QUALIDADE] cuja [VARIÁVEL] seja igual a / menor do que / maior do que [VALOR DA VARIÁVEL].
Exercício
Redija definições não-científicas para as qualidades abaixo.
1 – Valioso
2 – Satisfatório
3 – Perfeito
4 – Sincero
5 – Pacífico
6 – Iluminado
Resumo da Lição
As definições de qualidades podem ser científicas ou não-científicas. Propomos os seguintes modelos para sua
formulação:
Definições não-científicas
Entende-se como/Considera-se que é [QUALIDADE] todo/qualquer [SER OU OBJETO DA QUALIDADE] que
[CARACTERÍSTICAS DO SER OU OBJETO QUE CONFEREM A QUALIDADE].
Definições científicas
Diz-se que é / Entende-se como / Considera-se [QUALIDADE] todo ou qualquer [SER OU OBJETO DA QUALIDADE]
cuja [VARIÁVEL] seja igual a / menor do que / maior do que [VALOR DA VARIÁVEL].
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Em sua carreira como escritor, você provavelmente terá necessidade de definir ideias, pensamentos e
sentimentos com muito mais frequência do que objetos, ações e qualidades. Mas, após redigir definições para
os outros tipos de palavras, será simples entender o método que propomos para definir palavras que se referem
a coisas que não podem ser vistas ou tocadas.
Guerra é a situação em que um ou mais países combatem outro país ou grupo de países.
Democracia é um sistema de governo em que o poder é exercido por representantes eleitos pelo povo.
Organização é um grupo de pessoas que trabalham em conjunto para atingir um objetivo comum.
Amor é o sentimento que leva duas pessoas a sentir vontade de permanecer juntas.
Marketing é um conjunto de ferramentas que as empresas usam para agir sobre o mercado.
Sociedade é o conjunto de pessoas e organizações que entendem a si mesmas e são entendidas pelos demais
como partes de um mesmo conjunto maior.
2 – Adicione palavras – que também podem ser abstratas – representativas das ideias que você deseja enfatizar,
uma de cada vez, até obter a definição desejada.
Menos é mais
Explicando melhor o passo 2: a sua intenção não é produzir uma definição tão longa que se torne difícil de
compreender. Ao contrário, o que você quer é uma frase tão simples e completa quanto possível. Cuide para
que cada palavra ajude a restringir cada vez mais o significado, até chegar ao ponto desejado.
Vale enfatizar: o maior risco que o escritor corre ao criar uma definição para ideias abstratas é alongá-la em
excesso. Seu objetivo é produzir uma definição tão completa quanto possível usando o menor número possível
de palavras.
3 – Objetivo / Finalidade / Características: Não estar em guerra / Combater outro país / Exercício do Poder /
Objetivo comum / Permanecer juntas / Agir sobre o mercado / Participar de um conjunto maior.
Exercício
Redija definições para as palavras abaixo.
1 – Carinho
2 – Simpatia
3 – Inteligência
4 – Sabedoria
5 – Liberdade
6 – Competição
Resumo da Lição
O desafio de definir ideias é fazê-lo com o menor número possível de palavras. Acrescente apenas uma palavra de cada
vez até obter o sentido desejado.
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Até o momento, você aprendeu a formular o que chamamos de “definições objetivas”, isto é, aquelas em que
você tenta explicar o significado das palavras sem se envolver emocionalmente com elas. Nesta lição, você
exercitará a criação de definições subjetivas, cheias de emoção e sentimento. Veja um exemplo:
Palavra: Mãe
Definição objetiva: Mulher que é a genitora de alguém.
Definição subjetiva: Um colo carinhoso onde nos sentimos seguros.
A segunda definição tem um inegável apelo emocional. Os escritores costumam ser louvados e notados pela
sua capacidade de formular definições subjetivas que resumem em poucas palavras um sentimento
inexprimível pela maioria das pessoas. Alguns exemplos:
A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que
inebria. − Ludwig Van Beethoven
Uma boa fonte de definições subjetivas é o site Wikiquote − https://pt.wikiquote.org/ − que contém citações de
pessoas famosas. Adquira o hábito de visitá-lo de vez em quando, para estimular sua capacidade de formular
definições subjetivas.
Exercício
Visite o Wikiquote e procure citações interessantes relacionadas a algumas palavras. Em seguida, experimente
criar você mesmo pelo menos uma definição subjetiva para cada uma das palavras selecionadas.
Também é uma boa ideia manter um caderno, um documento ou um blog em que você anote as definições
subjetivas que despertem a sua atenção. Os bons escritores, normalmente, têm boa memória para frases e
citações!
Advertência importante
Uma última advertência: sempre diga quem é o autor da frase que citar. Afinal, o mínimo pagamento que um
escritor merece receber por sua criação é o crédito de autoria!
Resumo da Lição
Definições subjetivas que ecoam na alma dos leitores costumam ser citadas e recitadas por séculos. Vale a pena exercitar a
criação de suas próprias!
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Enfim, você chegou ao final da primeira parte deste Curso de Redação. Durante estas semanas iniciais, você
adquiriu consciência da importância de escolher bem as palavras e aprendeu critérios para ser bem-sucedido
nessa escolha. Você também aprendeu a discernir problemas de sonoridade, bem como a criar sentido e
significado.
As palavras são os tijolinhos com que você construirá suas frases, parágrafos, capítulos…. Por isso é
extremamente importante que você continue se esforçando para ampliar e aprofundar cada vez mais o seu
vocabulário. Tudo, literalmente tudo o que você aprender nos próximos meses terá fundamento no aprendizado
desta primeira parte. Por isso, periodicamente, retorne a estas primeiras 20 lições e refaça alguns exercícios,
para certificar-se de que domina as técnicas e os conceitos desta parte do curso.
Para ter sucesso no objetivo de aprender a escrever bem, é fundamental que você adquira, cultive e desenvolva
o hábito de aprender novas palavras todos os dias, executando diariamente os exercícios das lições 5 e 15. Não
ignore esta dica: ela é chave do seu sucesso!
Veja a seguir a lista completa de “resumos das lições” desta primeira parte do nosso Curso de Redação:
Lição 1 – Toda vez que você escrever um texto, pense primeiro no leitor.
Lição 2 – Usando sinônimos, podemos mudar inteiramente a feição de uma frase para melhorar a comunicação
com nosso leitor.
Lição 3 – A negação serve para dizer que uma coisa não tem todos os atributos de outra, mas não é
necessariamente o seu oposto. Caso a sua intenção seja expressar a ideia oposta, use um antônimo.
Lição 4 – Usando sinônimos e antônimos de forma inteligente, podemos modificar a feição da frase e até
inverter completamente o seu sentido mudando apenas uma ou duas palavras!
Lição 6 – Os eventos cacofônicos desviam a atenção do leitor e ocorrem com maior frequência no texto de
pessoas com vocabulário muito limitado. Quanto mais rico se tornar o seu vocabulário, mais fácil será evitar e
corrigir esse tipo de problema em seus próprios textos!
Lição 7 - Os encontros de vogais são os problemas de sonoridade mais simples de resolver e evitar.
Lição 8 – As repetições de consoantes podem ser resolvidas com facilidade com a substituição de apenas
algumas das palavras por sinônimos.
Lição 9 – As rimas podem ser boas quando ocorrem intencionalmente em textos poéticos. Porém, em textos
dissertativos, devem ser evitadas.
Lição 10 – É possível melhorar as frases “boas” e “corretas” substituindo palavras comuns por sinônimos de
melhor sonoridade.
Lição 12 – Muitas vezes, é possível dizer coisas diferentes usando as mesmas palavras.
Lição 13 – A mesma palavra pode significar coisas muito diferentes, dependendo da frase.
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Lição 14 – O sentido da frase não depende apenas das palavras com que é escrita, mas também das frases que
a antecedem ou sucedem.
Lição 15 – O escritor competente nada “acha” sobre as palavras: Ou ele sabe o que a palavra quer dizer, ou
então escreve outra em seu lugar! Aprofunde-se no significado!
Lição 16 – As definições sempre começam com as palavras de sentido mais geral, seguidas de palavras de
sentido cada vez mais específico. Para definir objetos, você pode usar o seguinte modelo: [OBJETO] é um
[CATEGORIA DE OBJETOS A QUE PERTENCE] composto de [ELEMENTOS DIFERENCIADORES] que
é usado por [QUEM] para [FINALIDADE]
Lição 17 – Para definir uma ação, atividade ou profissão, você pode usar os seguintes modelos:
Para ações: [AÇÃO] é (o ato de) [UM VERBO QUE INDIQUE UMA DAS PARTES DA AÇÃO]
[DESCRIÇÃO DA PARTE DA AÇÃO QUE SE QUER ENFATIZAR].
Definições científicas
Diz-se que é / Entende-se como / Considera-se [QUALIDADE] todo ou qualquer [SER OU OBJETO DA
QUALIDADE] cuja [VARIÁVEL] seja igual a / menor do que / maior do que [VALOR DA VARIÁVEL].
Lição 19 – O desafio de definir ideias é fazê-lo com o menor número possível de palavras. Acrescente apenas
uma palavra de cada vez até obter o sentido desejado.
Lição 20 – Definições subjetivas que ecoam na alma dos leitores costumam ser citadas e recitadas por séculos.
Vale a pena exercitar a criação de suas próprias!
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Parte 2 – Frase
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Você também certamente sabe que é possível mudar a ordem dos termos da frase, recorrendo às chamadas
inversões.
Ex.: Livros escrevo eu.
O que provavelmente ninguém jamais explicou a você é como e quando você pode ou deve usar uma inversão!
Para começar, enfatizemos que não se trata de seguir uma regra de Gramática, mas de escolher a forma que
melhor satisfaz a sua intenção de dizer.
Sempre que escrever uma frase, você terá a intenção de dirigir o foco da atenção do seu leitor a algumas ideias
mais do que a outras. Deste modo, o seu desafio é colocar em posição de destaque as palavras que expressam a
ideia que você deseja destacar.
Mas qual é posição de maior destaque em uma frase? A resposta está na Psicologia. O cérebro humano está
programado para conceder mais destaque:
Regra 1: Aos extremos do que aos meios. O cérebro concede naturalmente mais
destaque às palavras posicionadas no início ou no fim da frase do que às palavras em
posições intermediárias.
Vejamos um exemplo:
O Brasil é um país Figura 1: O leitor concede mais destaque aos extremos do que ao latino-americano
meio e, ao início, do que ao fim.
com grande potencial
econômico.
Nessa frase, encontramos diversas ideias.
O Brasil é um país.
O Brasil é latino-americano.
O Brasil tem grande potencial econômico.
Qual dessas ideias você deseja destacar? Vejamos, caso a caso:
País: Um país de grande potencial econômico na América Latina é o Brasil.
Latino-americano. Um país latino-americano com grande potencial econômico é o Brasil.
Potencial econômico: Com grande potencial econômico entre os países latino-americanos,
encontramos o Brasil.
A mudança da ordem das palavras na frase não muda apenas a sonoridade da frase como um todo, mas altera
fundamentalmente a maneira como ela será entendida pelo leitor.
A inversão não deve ser empregada em textos dissertativos e argumentativos como expressão de um estilo
mais ou menos afetado ou pedante, mas como uma ferramenta de criação de sentido.
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Exercício
Inverta criativamente as frases abaixo, observando as mudanças de sentido proporcionadas pelas regras do
destaque. Se possível, faça mais de uma versão para cada frase, testando os efeitos de diferentes formas de
inversão. Fique à vontade para fazer ligeiras alterações nas palavras usadas que usará em cada inversão, tendo
em vista manter a correção gramatical ou resolver problemas de sonoridade.
Exemplo resolvido:
Ordem direta: O presidente do clube vinha tirando proveito até recentemente da onda de otimismo espalhada
na torcida pelas vitórias no campeonato estadual.
Inversão 1: Até recentemente, o presidente do clube vinha tirando proveito da onda de otimismo espalhada na
torcida pelas vitórias no campeonato estadual.
Inversão 2: O presidente do clube vinha, até recentemente, tirando proveito das vitórias no campeonato
estadual e da onda de otimismo que espalharam na torcida.
Inversão 3: O presidente do clube, até recentemente, vinha tirando proveito da onda de otimismo que as
vitórias no campeonato estadual espalharam na torcida.
Inversão 4: Da onda de otimismo espalhada na torcida pelas vitórias no campeonato estadual, quem vinha
tirando o maior proveito até recentemente era o presidente do clube.
1 – Um médico alemão em visita ao Brasil para participar de um congresso internacional de Medicina
socorreu, na manhã desta quarta-feira, na zona sul do Rio de Janeiro, diversas vítimas de um acidente de
trânsito provocado pelas fortes chuvas que caem sobre a cidade.
2 – A hipótese do ministro é que as verbas destinadas às novas obras tenham sido repassadas a outros projetos
que se encontram atualmente em fase de conclusão.
3 – Dois roteiristas de seriados de TV foram premiados, na tarde deste domingo, com troféus e medalhas pela
qualidade de suas criações neste ano e pelo conjunto de sua obra.
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4 – O número de famílias beneficiadas pelo programa permanece o mesmo do balanço anterior, divulgado em
janeiro deste ano, segundo novo levantamento divulgado pelo instituto de pesquisas.
5 – As cadeias de varejo enfrentam cada vez mais o desafio das lojas online, que oferecem preços
competitivos, comodidade e segurança na experiência de consumo.
Resumo da lição
O seu objetivo ao escrever uma frase é colocar em posição de destaque as palavras que expressam as ideias que você
deseja destacar. Lembre-se: o início tem mais destaque do que o fim e ambos têm mais destaque do que as partes
intermediárias.
Graficamente:
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Exercício
Escolha 5 frases das lições 6 e 7 e resolva os problemas de sonoridade apenas usando inversões. Fique à
vontade para fazer pequenas mudanças com o objetivo de manter a correção gramatical.
Resumo da lição
As inversões representam, muitas vezes, uma solução prática, simples e elegante para os problemas de sonoridade,
especialmente os eventos cacofônicos e os encontros vocálicos.
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Na sua experiência como escritor, você recorrerá muitas vezes às inversões sem nenhum objetivo maior do que
melhorar a sonoridade de uma frase que, em si, não tem defeito aparente. Esse recurso se torna especialmente
necessário para ajustar o ritmo de leitura de um parágrafo.
Retomando um exemplo da lição 10:
Leia em voz alta as duas frases acima e repare na diferença de ritmo entre elas, graças à diferença na posição
das sílabas tônicas.
A primeira frase soa como se você estivesse recitando uma lista de palavras isoladas, pois a as sílabas tônicas
estão posicionadas ao final de uma sequência de sílabas, soando assim: -ipa, -eja, -ou, -al, -ou.
Já a segunda frase tem um ritmo interno, pois as sílabas tônicas estão unidas por sons intermediários, soando
mais ou menos como: ou-seatulí padecervê jaaodespen carnoasfal.
Não se preocupe caso não tenha conseguido entender a explicação acima ou caso você tenha achado muito
sutil a enorme diferença de sonoridade entre uma versão e outra. Essa dificuldade inicial é muito comum e
reflete apenas a falta de treino para ouvir frases escritas. À medida que você progredir no curso, executando (e
escutando) os exercícios, refinará sua audição e perceberá com mais clareza as diferenças de sonoridade entre
as versões e inversões de uma mesma frase.
Exercício
Melhore a sonoridade das frases abaixo usando inversões. Fique à vontade para fazer pequenas mudanças com
o objetivo de manter a correção gramatical.
Exemplo resolvido:
Original: A gestão atual do recursos do município é fruto de acordos anteriores que precisam ser respeitados
até que se celebre novo acordo com mudanças aceitas pelos governo estadual.
Inversão: É preciso respeitar os acordos anteriormente celebrados sobre a gestão dos recursos do município
até o que o governo estadual aceite mudá-los.
1 – Original: A empresa de capital aberto Irmãos Unidos S/A disponibilizou em seu banco de dados na
internet informações que vinha mantendo sob sigilo nos últimos meses e que mostram a redução do
faturamento bruto no país pela primeira vez em dez anos.
Inversão:
2 – Original: O árbitro de futebol Leco Lima disse na última quinta-feira, 5 de novembro, que só se
manifestará sobre a injusta expulsão do artilheiro Marquinhos após voltar da Coreia, onde apitará uma partida
amistosa da seleção, nos dias 15 e 16 de novembro.
Inversão:
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3 – Original: Os casos da doença no estado do Rio de Janeiro caíram 27%, quando comparamos os dados
deste ano com os de igual período no ano passado, o que representa a maior queda nos índices de
contaminação em nosso país desde 2001.
Inversão:
4 – Original: A perspectiva de obter benefício imediato para cerca de 10 mil famílias e uma projeção de
redução de despesas na ordem de R$ 2,1 bilhões pelos próximos 10 anos levaram o deputado estadual
Silverino Capoatão, do PXZ, a partir com uma comitiva rumo à capital para acompanhar as últimas
negociações para a votação na Assembleia legislativa do projeto que renegocia as condições de ingresso no
novo programa social do governo.
Inversão:
5 – Original: O emprego exclusivo dos dados obtidos em testes de laboratório sem o contraponto oferecido
pelos testes de campo como forma de avaliação da segurança de nossas instalações contra-ataques terroristas é
uma das possíveis explicações para a ocorrência desta fatalidade.
Inversão:
6 – Original: Os técnicos entenderam, no entanto, que o pedido da Comissão de Investigação para que fosse
formada uma equipe multidisciplinar para a análise do problema não pode ser atendida, pois há uma miríade de
aspectos técnicos incompreensíveis por leigos.
Inversão:
Resumo da lição
Na sua experiência como escritor, você recorrerá muitas vezes às inversões sem nenhum objetivo maior do que melhorar a
sonoridade de uma frase que, à primeira olhada, não parece ter defeito.
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Exercício
Selecione um ou dois parágrafos de um texto qualquer à sua escolha e altere-o usando substituições de
palavras (confira as lições da parte 1 do curso) e inversões inteligentes para torná-lo mais adequado a um leitor
com quem você mantenha uma relação formal (para mais detalhes, veja a lição 1).
Resumo da lição
Não tenha medo de usar inversões, se necessário, em todas as frases do seu texto − ou em nenhuma! O seu objetivo não é
atingir um inexistente “índice ideal de inversões”, mas garantir que o leitor entenderá o que você quer dizer.
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A partir deste ponto do curso, incluiremos uma lição simples abordando um tema do que chamamos de
“Princípios de Sensatez” a cada cinco lições de Redação propriamente dita. No total, veremos 8 lições sobre
esse tema, uma quantidade suficiente para que a maior parte das pessoas pare de cometer certos erros bobos na
apresentação dos fatos ou na extração das conclusões em seus textos.
Deveria ser desnecessário dizer que nossa intenção não é, nem de longe, oferecer um “curso de Lógica”, com
todas as formalidades e dificuldades inerentes a essa disciplina − tanto que optamos por agrupar estes temas
sob o rótulo genérico de “Sensatez”. Nosso objetivo, aqui, é esclarecer ao estudante quanto aos requisitos
básicos de encadeamento de ideias, propiciando uma melhor compreensão sobre os caminhos que separam −
ou unem! − os fatos e as conclusões.
Nosso primeiro passo no terreno da Sensatez será aprender a lidar com fatos em nossos textos. Por exemplo,
considere a seguinte frase:
“O governo anunciou um pacote econômico que inclui aumento de impostos”.
Esta frase representará um fato apenas caso algum representante do governo realmente tenha vindo a público
recentemente anunciar um pacote econômico que inclua aumento de impostos. Caso contrário, essa frase não
expressará um fato, mas uma simples obra de ficção, uma mentira, um boato, uma “intriga da oposição”.
Um “fato” é, portanto, para efeito deste curso (lembra-se das lições 16 a 20?), uma afirmação que pode ser
verificada e confirmada na prática, ou como dizem os fãs de telenovela, na “vida real” 8. Por exemplo,
considere as seguintes frases:
O meu time venceu o jogo.
João quebrou o pé.
A lâmpada está queimada.
O meu carro está sem gasolina.
Observe como as frases acima podem ou não se referir a “fatos”. Afinal, não é possível julgar, somente lendo
essas frases, se elas são Verdadeiras ou Falsas − isto é, se elas se referem a coisas verificáveis na realidade do
mundo. É preciso conferir sua veracidade em outro lugar, por exemplo, lendo o noticiário, examinando o pé de
João, tentando acender a lâmpada ou verificando o indicador de combustível do carro.
A Lógica começa a operar a partir do momento em que dispomos de fatos verificáveis pois, em si mesma, não
dispõe de ferramentas para conferir se uma afirmação se refere ou não a um fato. O que a Lógica faz é verificar
a validade das conclusões que podem ser extraídas de um conjunto de fatos previamente confirmados.
Para lembrar o exemplo clássico:
Todos os homens são mortais;
Ora, Sócrates é homem;
Logo, Sócrates é mortal.
Note que a Lógica, por si mesma, não é capaz de verificar se todos os homens existentes no mundo são
mortais, ou se existe algum homem imortal andando sobre a Terra. Também não é possível dizer, apenas
recorrendo à Lógica, se Sócrates é ou não homem, mulher, animal, vegetal, mineral, personagem de ficção,
item de mobiliário, peça de automóvel….!
Mas podemos dizer, com toda certeza que:
1. SE todos os homens são mesmo mortais e
8 Confira, na lição 92, qual é o problema da expressão “vida real”.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
2. SE Sócrates é mesmo homem,
3. É inevitável que Sócrates seja mortal.
Por outro lado, SE apenas uma das afirmações iniciais − chamadas premissas − não expressar um fato, não
será possível chegar à conclusão de que Sócrates é mortal. Porque:
1. Se apenas um homem entre todos for imortal, existe sempre a possibilidade de que esse imortal seja,
justamente, nosso amigo Sócrates.
2. Se Sócrates não for homem, ele será outra coisa, deixando aberta a possibilidade de que essa outra
coisa seja imortal.
Portanto, a Lógica é, no seu nível mais elementar, um instrumento de verificação da validade de conclusões.
Usando palavras mais simples: é uma maneira de dizer se você pode ou não chegar com segurança a uma
conclusão a partir de um conjunto de fatos.
Agora, pense comigo: quando um professor ou examinador pede que você escreva uma redação dissertativa-
argumentativa sobre um assunto qualquer, o que, exatamente, ele está pedindo?
Apenas, e simplesmente, que você:
1. Apresente fatos.
2. Tire conclusões a partir desses fatos.
Eis aí, enfim revelado, o Grande Mistério da Boa Redação Dissertativa-Argumentativa!
O problema é que, em geral, passamos nossos anos escolares cumprindo esse tipo de tarefa − por exemplo, ao
responder questões de prova − sem que ninguém se dê ao trabalho de explicar detalhadamente como apresentar
fatos e extrair conclusões a partir deles!
Em primeiro lugar, a apresentação dos fatos deve ser feita em linguagem clara, objetiva, direta, usando
palavras de sentido preciso, inequívoco, isento de ambiguidade.
Em segundo lugar, você deve apresentar os fatos de uma forma que se ajuste à sua possibilidade de saber.
Veja um exemplo:
Os brasileiros são muito simpáticos e alegres.
Esse é o tipo de frase que usamos sem problemas em nossas conversas informais cotidianas, mas
que pode criar problemas sérios em uma redação dissertativa-argumentativa. Afinal, quando você
afirma alguma coisa sobre “os brasileiros”, está deixando implícita a palavra “todos”. De fato,
você está afirmando que TODOS os brasileiros são muito simpáticos e alegres.
Ora, qual a sua possibilidade de saber isso? Você conhece todos e cada um dos 200 milhões de
brasileiros?
Uma maneira que os estudantes costumam usar com frequência para fugir a essa armadilha acaba por jogá-los
em outra. Veja:
Muitos brasileiros são simpáticos e alegres.
Neste caso, o redator quis fugir à responsabilidade de fazer uma afirmação temerária deixando claro que,
embora talvez não todos, “muitos” brasileiros seriam simpáticos e alegres.
O problema é que, numa redação dissertativa-argumentativa, a palavra “muitos” leva imediatamente o
examinador a perguntar: “Quantos”? O estudante recai em idêntico problema quando recorre a palavras como
“alguns”, “a maioria”, “a maior parte”, “grande parte”… Todas as vezes que o escritor recorre a esse tipo de
palavra de sentido impreciso, ele diz ao leitor que não sabe o que está dizendo!
Agora, considere a frase a seguir:
Fulano de Tal, em sua obra intitulada “Estudos sobre os Brasileiros” afirma que os brasileiros são simpáticos
e alegres.
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Redação
Percebe a diferença? Talvez você não tenha possibilidade de saber se todos os brasileiros são realmente
alegres, mas é indubitável sua possibilidade de saber o que o autor Fulano de Tal disse sobre os brasileiros!
Mais ainda: se o leitor estiver em dúvida sobre a sua sinceridade, ele que se dirija à biblioteca mais próxima e
confira se o autor Fulano de Tal, na obra citada, realmente fez tal afirmação sobre os brasileiros!
Portanto, podemos dizer que esta última versão é um fato, porque é perfeitamente possível conferir a sua
veracidade! Afinal, o escritor não está afirmando que os brasileiros são isso ou aquilo, ele está dizendo que o
autor Fulano de Tal fez tal afirmação!
Assim, uma maneira segura de apresentar um fato é citar uma fonte confiável: um livro, uma pesquisa, um
artigo, uma notícia da imprensa, um documento, um autor renomado, uma autoridade reconhecida no assunto.
Outra maneira de apresentar um fato é recorrer à sua experiência comum com o leitor − isto é, uma afirmação
cuja veracidade o leitor pode conferir apenas recorrendo à própria memória. Por exemplo:
É comum ouvirmos dizer que os brasileiros são simpáticos e alegres.
Certamente, você já ouviu alguém dizer isso! Portanto, se estamos nos referindo ao fato de que muitas pessoas
dizem isso, podemos recorrer apenas à experiência de vida do leitor, dispensando a citação de fontes mais
sérias.
Ainda outra forma aceitável de apresentar um fato é oferecer um testemunho pessoal, próprio ou de terceiros.
Por exemplo, se o autor for um estrangeiro:
Estive recentemente em visita ao Brasil e posso afirmar que todas as dezenas de brasileiros com quem mantive
contato eram muito simpáticos e alegres.
Caso o autor seja brasileiro, uma forma válida de apresentar o testemunho seria:
Tendo nascido e vivido no Brasil durante toda a minha vida, posso afirmar que, de forma geral, os brasileiros
são muito simpáticos e alegres.
De todo modo, em um ambiente em que sua redação seja avaliada por examinadores ou professores,
dificilmente será aceita uma redação que se baseie inteiramente em testemunhos e/ou experiências
compartilhadas. Ao escrever para esse público, você certamente necessitará recorrer a citações de pesquisas,
autores, livros, artigos e notícias.
Em resumo, quando for apresentar um fato:
1. Use palavras de sentido preciso, inequívocas, isentas de ambiguidade,
2. Formule a frase de tal forma que se ajuste à sua possibilidade de saber: cite uma fonte confiável,
recorra à experiência compartilhada com o leitor ou ofereça um testemunho pessoal.
Exercício
Redija novamente as frases abaixo de modo que se adaptem à sua possibilidade de saber. Este exercício é
puramente formal, de modo que você pode ficar à vontade para inventar citações, pesquisas, autores,
experiências e testemunhos.
1 – Um copo de vinho por dia é uma medida comprovada de proteção para o coração e estudos recentes
indicam ainda que pode ajudar a combater o câncer. (adaptado de http://www.i-legumes.com/beneficios-
saude/que-vinho-tem-mais-antioxidantes/)
2 – Pergunte a um corretor o que valoriza um imóvel e ele responderá que os fatores principais são três:
localização, localização e localização. (fonte:
Alexei Gonçalves de
Oliveira
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/12/04/localizacao-nao-e-unico-ponto-que-valoriza-imovel-
veja-14-coisas-a-pensar.htm)
4 – Consumidores estão ansiosos pelos descontos de até 15% nos remédios. (fonte:
https://odia.ig.com.br/_conteudo/noticia/economia/2014-12-03/consumidores-estao-ansiosos-pelos-descontos-
de-ate-15-nos-remedios.html)
5 – Estudos indicam um consumo médio ideal de 2 litros de água por dia para um adulto, vale lembrar que a
água não possui calorias, ou seja, ela não engorda. (adaptado de: https://br.mulher.yahoo.com/blogs/sala-
espera/nao-beber-agua-causa-mau-halito-e-outros-problemas-105915054.html)
Resumo da lição
Na obra inspiradora deste Curso Online de Redação, o livro “Comunicação em Prosa Moderna” do mestre
Othon Moacyr Garcia9, encontramos um conjunto de 6 critérios objetivos para avaliar a qualidade de uma frase
em função de sua inteligibilidade − isto é, de sua capacidade de ser entendida pelo seu destinatário. Nas
próximas lições, você aprenderá a identificar e resolver problemas inteligibilidade seguindo esses critérios
simples e objetivos.
Gramaticalidade. Os princípios da Gramática têm o objetivo de garantir a inteligibilidade das frases. Nas
palavras do professor Othon Moacyr Garcia, os limites impostos pela Gramática “impedem a invenção de uma
nova língua cada vez que se fala” (p. 7).
Como este não é um curso de Gramática, não teremos espaço para nos alongar na abordagem de suas milhares
de regras, exceções, contingências e discussões. Entretanto, fique atento às regras gramaticais ao escrever e
tenha sempre à mão um bom compêndio de Gramática para resolver suas dúvidas.
O leitor não tem certeza do que o autor quis dizer com essa frase, porque há mais de um sentido possível.
Podemos tanto entender que o autor estava “suado” (molhado de suor) ao chegar ao trabalho quanto que estava
simplesmente usando a expressão “trabalho suado”, isto é, trabalho “conquistado com esforço” ou “que se
executa com grande esforço”.
Exercício
Reescreva cada uma das frases abaixo de modo a restaurar-lhes a plena inteligibilidade.
Exemplo resolvido:
Original: Dirigi-me com o carro ao local da prova inseguro.
Diagnóstico: A frase, como um todo, está bastante confusa, sendo difícil entender o que o autor quis dizer.
Vamos ver algumas possibilidades de interpretação:
“Dirigi-me com o carro”: Será que o autor quis dizer que foi ao local da prova dirigindo o carro ou
que apenas levou o carro até o local da prova sem dirigi-lo, por exemplo, em um reboque?
“ao local da prova inseguro”: Quem ou o que estava “inseguro”? O local da prova? O carro? O
próprio autor da frase?
Possíveis soluções:
Estava me sentindo inseguro enquanto dirigia o carro até o local da prova.
Estava inseguro o carro que dirigi até o local da prova.
9 GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1975, 3ª edição.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Reboquei o carro até o inseguro local da prova.
Observações
(1) Não é necessário criar mais de uma solução para as frases a seguir.
(2) Lembre-se de verificar a ocorrência de erros gramaticais e corrija-os!
(3) Todas as frases abaixo, por absurdas que pareçam, são reais e foram adaptadas de sites de notícias.
Modifiquei-as ligeiramente e não citei a fonte para não constranger os seus autores!
1. Original: O Centro de Formação de Motoristas com a compra das modernas Viaturas Especiais de
Transporte de Pessoal receberam a missão de preparar e capacitar os nossos funcionários para operá-
los.
Sua versão:
Sua versão:
3. Original: O atual diretor da empresa, substituto do anterior, indicado pelo atual presidente, foi
acusado de desviar o dinheiro das obras para fins pessoais.
Sua versão:
4. Original: A diretoria em desespero para tomar medidas para promover o crescimento das vendas
salvando o cargo.
Sua versão:
5. Original: Todo corte de gastos, diminuição dos excessos de custos, são defendidos por mim, mas é
preciso desnudar o que está por trás disso.
Sua versão:
Resumo da lição
As duas principais condições de inteligibilidade de uma frase são a gramaticalidade e a unicidade de sentido.
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Redação
Quando falamos em coerência, estamos nos referindo a coerência lógica no plano referencial. Trata-se aqui
de eliminar contradições involuntárias, que não tenham uma óbvia intenção literária ou retórica.
Por exemplo, o escritor Roberto Menna Barreto 10 menciona um texto que teria lido numa lápide em um
cemitério em Portugal:
“Mureu o Zé Vurnadino,
O mais reles dos sujeitos,
Indibíduo muito à-toa,
Ladrão, pirata, assassino,
mas tirando esses d'feitos
era exc'lente p'ssoa.”
Um sujeito “reles”, “à toa”, “ladrão”, “pirata” e “assassino” que é, ao mesmo tempo, uma “excelente pessoa”?
Toda vez que o nosso texto dissertativo-argumentativo contiver uma afirmação incoerente no plano referencial,
precisaremos explicar ao leitor nossa intenção metafórica, figurativa, literária, humorística, ou o que seja.
Ainda assim, estaremos nos submetendo desnecessariamente ao risco de que o leitor rejeite integralmente o
texto sem ler mais nem uma palavra a partir da frase incoerente.
Estou falando daquele momento em que o leitor perde a paciência com o autor e deixa o texto de lado,
resmungando “ah, não, aí já é demais, abusou….”.
Este é um risco que nenhum autor deseja correr!
Não abuse da paciência do leitor. De preferência, jamais conte com a possibilidade de que ele lerá todo o seu
texto até o fim. Faça-se entender desde o início, em cada frase de seu texto!
Normalmente não há problema em recorrer a uma óbvia contradição retórica. Por exemplo:
A plateia respondeu ao discurso com um silêncio ensurdecedor.
Exercícios
Reescreva as frases abaixo de modo a restaurar sua plena inteligibilidade.
Exemplo resolvido:
Frase: “Os membros do partido ora hegemônico perderam a credibilidade ao assumir uma posição neutra em
relação ao escândalo, mas devemos acreditar em sua capacidade de recuperar o bom senso”.
Diagnóstico: A contradição presente nessa frase é difícil de engolir: ao dizer que eles “perderam a
credibilidade”, estamos dizendo que não podemos mais acreditar neles, uma ideia incompatível com a
continuação da frase, que afirma nosso “dever de acreditar” neles!
10 BARRETO, Roberto Menna. Criatividade em Propaganda. São Paulo: Summus, 1978. p. 115.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Solução: “Os membros do partido ora hegemônico perderam parte de sua credibilidade ao assumir uma
posição neutra em relação ao escândalo, mas devemos conceder um crédito de confiança à sua capacidade de
recuperar o bom senso”.
1. Original: Silvério é indisciplinado, comete muitas faltas, marca muitos gols contra, erra passes,
dribles e lançamentos, mas é um bom jogador.
Sua versão:
2. Original: Para mim, é uma tríplice honra ver meu nome mencionado ao lado de pessoas tão ilustres e
constar a minha foto na galeria de personalidades insignes de tão reputada instituição.
Sua versão:
3. Original: Sou plenamente favorável a toda e qualquer medida destinada a reduzir os custos, mas faço
sérias restrições às demissões e reduções de jornada de trabalho com redução de salários.
Sua versão:
4. Original: É irrevogável a decisão de demitir-me do cargo de superintendente por não concordar com
as atuais políticas da empresa, de modo que só uma alteração imediata nessas políticas poderia me
fazer voltar atrás.
Sua versão:
5. Original: Cada vez mais, o mercado deseja profissionais com perfil generalista, capazes de ter uma
visão ampla dos problemas da empresa e com formação acadêmica mínima em nível de
especialização.
Sua versão:
Resumo da Lição
Evite, em seus textos dissertativos-argumentativos, a ocorrência de contradições, inclusive aquelas produzidas com
intenções literárias.
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Há risco até mesmo no elogio a esses grupos sociais, já sendo extenso o registro de casos em que um elogio foi
entendido como uma agressão, uma ofensa, uma prova de preconceito.
Note que não estou preconizando a adesão incondicional ao clube do “politicamente correto”, mas alertando
para o fato de que, caso você decida desafiar os preceitos dessa turma, deve ter certeza do que está fazendo.
A autoimagem do leitor
Você, como escritor, tem uma certa visão sobre o seu país, o povo a que pertence, a cultura de que participa, a
religião que professa, os princípios éticos que abraça. Mas e o seu leitor, o que ele pensa sobre este país − que
também é dele? Quais as opiniões dele sobre o povo, a cultura, a religião, os princípios éticos?
Como sempre, volte à lição 1: Quem é o seu leitor? O que ele é capaz de compreender e o que não é? Qual é,
para esse leitor, o limite entre a análise racional e a agressão? Até que limites ele está disposto a aceitar uma
divergência em certos temas sem se sentir ofendido?
E você, escritor? Ganhará alguma coisa ao afrontar a autoimagem do seu leitor? O que é mais importante para
você: “desabafar” seus pensamentos dizendo tudo o que acha sobre um assunto, doa a quem doer, ou persuadir
o leitor a aceitar algumas ideias sobre um tema, sem desmerecê-lo por discordar de você em outros?
Para não deixá-lo sem orientação, diremos apenas o seguinte: caso você não tenha nada a ganhar criando caso
com seu leitor − situação frequente em textos de provas discursivas, redações escolares, relatórios comerciais e
trabalhos acadêmicos − não crie caso. Simplifique a própria vida e concentre-se apenas na mensagem que
deseja transmitir, evitando toda polêmica que não contribua para a realização desse objetivo.
Exercício
Esta lição não tem exercícios originais, já que todos os exemplos que pudemos encontrar poderiam levar a
alguma acusação infundada sobre nossas “verdadeiras intenções” ao selecioná-los! Portanto, nos limitamos às
seguintes recomendações ao estudante:
2. Avalie o que eles ganham e o que perdem ao escrever dessa forma “polêmica”.
3. Experimente redigir de forma diferente suas frases mais “polêmicas”, procurando amenizá-las para
minimizar a afronta ao leitor.
Resumo da lição
Não afronte os valores culturais do seu leitor, a menos que tenha um ótimo motivo para fazê-lo.
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Redação
1 – Para começar, o autor da frase tem credibilidade? Sim, o site “Inovação Tecnológica” publica
regularmente artigos sobre temas avançados em tecnologia e ciência, de modo que o fato de que a notícia foi
publicada nesse site é um bom indício de sua plausibilidade.
2 – O tema em si é plausível, se relaciona com coisas possíveis ou existentes? Sim, a tecnologia de
computação quântica é tema frequente em sites de tecnologia e as fraudes envolvendo cartões de crédito
também são noticiadas corriqueiramente na grande imprensa.
3 – O público a que se destina essa notícia está qualificado a julgar sua plausibilidade? Mesmo que o
leitor da notícia não tenha qualificações científicas, caso ele acompanhe o site ou se interesse pelo tema, verá
que a frase em si não encerra nenhuma impossibilidade.
Em última análise, o seu público deve estar preparado para receber de você uma informação aparentemente
“implausível” (ou “incrível” ou, ainda, “inacreditável”).
Se você pretende apresentar em seu texto uma ideia polêmica ou cuja veracidade possa ser colocada em xeque
pelo seu leitor − em miúdos, caso a ideia que você deseja apresentar seja literalmente “incrível” − prepare o
leitor antes de formulá-la. Diga quem você é, quais são as credenciais profissionais ou acadêmicas que o
autorizam a expressar essa ideia “inacreditável”. Apresente informações de fonte fidedigna, confiável, para dar
apoio à sua ideia. Explique como essas informações se relacionam umas com as outras. Recorra a analogias
com objetos e situações corriqueiras, use metáforas, mostre o efeito real sobre a vida da pessoa.
Somente após esse trabalho prévio é que você deve apresentar a ideia polêmica.
Em seguida, imediatamente após a exposição da ideia, você deve prosseguir com o trabalho de apresentar
fatos, dados, analogias e explicações. Afinal, resultará inútil a tentativa de articular um raciocínio a partir de
uma ideia em que o seu leitor não acredita.
Exercício
Coloque-se na posição de autor das frases “incríveis” a seguir e crie frases preparatórias e persuasivas de modo
a aumentar a sua plausibilidade.
Observação: Mais uma vez, o exercício é apenas formal, de pura imaginação: suas frases podem ser totalmente
inventadas, sem se referir a fato nenhum!
Exemplo resolvido:
Frase preparatória: O Centro de Pesquisas Comportamentais da Universidade Federal do Rio de Janeiro
desenvolveu um programa de computador capaz de detectar os sentimentos dos internautas através da análise
semântica de publicações e comentários nas redes sociais.
Frase incrível: O governo pretende agora usar esse software para combater os crimes de ódio na internet.
(Adaptado de http://olhardigital.uol.com.br/noticia/governo-vai-usar-software-contra-crimes-de-odio-na-
internet/45752)
Frase persuasiva posterior: O programa será instalado em grandes centros de dados do governo brasileiro,
capazes de processar um bilhão de palavras por segundo, para monitoramento diário das publicações de
internautas brasileiros nas redes sociais Twitter e Facebook.
Observações: (1) As informações da frase preparatória e da frase persuasiva foram inventadas por mim, não
passam de puro exercício de imaginação! (2) Fique à vontade para alterar ligeiramente a redação da “frase
incrível” para que faça sentido quando unida às outras frases.
1 – Frase preparatória:
2 – Frase preparatória:
Frase incrível: Ciência explica por que consultórios médicos têm maior quantidade de revistas velhas do que
de publicações recentes. (Adaptado de http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/2014/12/ciencia-explica-por-que-so-
tem-revista-antiga-em-consultorios-medicos.shtml)
3 – Frase preparatória:
4 – Frase preparatória:
Resumo da lição
As frases do seu texto precisam ser “plausíveis”, isto é, ter um mínimo de probabilidade de ser verdadeira ou de se referir
a um fato.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Como vimos na lição 25, especialmente quando abordamos a “desinversão” dos primeiros versos do Hino
Nacional, as inversões, quando usadas em excesso, podem “quebrar” a inteligibilidade e, até mesmo, a
gramaticalidade da frase. Além das inversões, os “queismos”, a interposição de grande quantidade de orações e
a introdução de grande número de ideias heterogêneas na mesma frase costumam comprometer fortemente a
inteligibilidade do texto.
Como adverte Othon Moacyr Garcia, uma frase inteligível e comunicativa é aquela que não exige o
reordenamento sintático de seus elementos para ser compreendida. Considere o exemplo a seguir:
“Creio que já lhe disse que a ação de despejo que o advogado que o proprietário do
apartamento que eu desconheço mandou me procurar me disse que me vai mover é uma causa
perdida”.11
Na frase acima, as informações se sucedem sem uma relação clara entre elas; não sabemos “quem” o autor da
frase “desconhece”; não sabemos quem mandou ou foi mandado “procurar” o autor da frase; quem “disse” que
moverá a ação… Isso sem falar nas múltiplas ocorrências da conjunção “que”! Uma verdadeira confusão!
“Não conheço o proprietário do apartamento. Ele mandou o advogado me procurar. O advogado me avisou
que vai mover uma ação contra mim. Creio que já lhe disse que se trata de uma causa perdida”.
O método “preguiçoso” tem sido o preferido por muitos autores e jornalistas contemporâneos, sendo adotado
em larga escala em blogs e sites de notícias. Trata-se de um círculo vicioso em que leitores preguiçosos
estabelecem uma relação de simbiose com escritores preguiçosos.
O segundo método é o que poderíamos chamar de “método inteligente”. No método inteligente, o escritor
define quais são as ideias que pretende apresentar ao leitor, esclarecendo as relações de hierarquia (mais
importantes x menos importantes) ou de causa e efeito. Por exemplo:
“Não conheço o proprietário do apartamento, mas ele mandou o advogado me procurar pois pretende mover
uma ação contra mim que, como já lhe disse, é uma causa perdida”.
Como se pode ver no exemplo, a causa da confusão não é o “tamanho” da frase, mas a falta de critério na
apresentação das ideias. O método de escrever apenas “frases curtas”, embora útil do ponto de vista da
legibilidade, é excessiva e desnecessariamente limitante.
Vale lembrar que o método inteligente não consiste em escrever todas as ideias em uma frase só, mas articular,
numa mesma frase, um grupo de ideias inter-relacionadas, expondo sintaticamente suas conexões.
Em suma, paradoxalmente, as frases longas possibilitam condensar a apresentação de ideias e de suas relações
em um texto mais “enxuto”!
Exercícios
Reescreva as frases abaixo, usando o método inteligente para restaurar-lhes a correção estrutural.
1 – Versão confusa: No dia 10 de fevereiro de 2017, em toda a rede de lojas, que foi o auge da perseguição
aos funcionários suspeitos de praticar fraudes, principalmente dos vendedores, porque o presidente e seus
comparsas pretendiam uma “limpeza” da companhia, se acumulavam nas praças de alimentação dos shoppings
centers, principalmente nos grandes centros urbanos, montanhas de cartas de demissão ou suas cinzas.
Versão inteligente:
2 – Versão confusa: Ana Talina, que será futura secretária municipal da Igualdade Desigual, ela foi a autora do
parecer do Conselho de Educação Confusa classificando como preconceituoso o famoso livro infantil de
Martim Silvato e que propôs que ele fosse banido do Programa Nacional de Igualdade Geral e Irrestrita Nas
Escolas.
Versão inteligente:
3 – O fluxo de clientes insatisfeitos põe pressão sobre os serviços prestados e aumenta os custos globais
segundo estimativas veiculadas na imprensa a mais de R$ 4 milhões para tentar absorver as reclamações, para
especialistas como Joaquim Melvim, da Universidade Polisábia, a reação mais recente do órgãos de defesa do
consumidor era previsível.
Versão inteligente:
4 – Versão confusa: Elias Marrom, o presidente de nossa empresa, acusou o concorrente estrangeiro de
promover uma guerra contra o nosso mercado, baixando deliberadamente os preços globais dos nossos
produtos, ele destacou que, graças a estratégias dos estrangeiros para inundar o mercado, na última segunda-
feira, o valor dos similares nacionais nas bolsas de mercadorias em todo o mundo caiu mais de 30%, atingindo
o patamar mais baixo em uma década e quase a metade da média histórica do preço de revenda.
Versão inteligente:
Alexei Gonçalves de
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Resumo da lição
Escreva frases curtas quando quiser expor didaticamente uma ideia de cada vez. Escreva frases longas quando escrever
para um leitor familiarizado com as principais ideias de seu texto.
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A frase estaria errada mesmo desprezando os fatos de que (1) nem toda Ferrari é um automóvel e que (2) nem
todo automóvel Ferrari é vermelho. O erro está em que o Gênero, isto é, a categoria mais “Geral”, é
“automóvel” e não “Ferrari”. “Ferrari” é um caso específico da categoria “automóvel”, um subconjunto de
todos os automóveis que existem.
Ora, toda VERDADE que pudermos dizer sobre o Gênero será VERDADE também com relação à Espécie.
Veja alguns exemplos:
Todos os automóveis se deslocam sobre rodas, LOGO, todos os automóveis Ferrari se deslocam sobre
rodas.
Todos os automóveis têm, pelo menos, um volante, freio e acelerador, LOGO, o mesmo se pode dizer
sobre os automóveis Ferrari.
Todos os automóveis usam algum tipo de fonte de energia para se deslocar ao comando do motorista,
LOGO, todos os automóveis Ferrari também têm alguma fonte de energia.
E assim por diante. Tudo o que se pode dizer sobre “automóveis” será verdade para qualquer automóvel, seja
Ferrari, Volkswagen, Renault, Ford, GM, Fiat...
O problema é que a recíproca não é verdadeira: nem tudo o que se pode dizer sobre os automóveis Ferrari será
VERDADE com respeito ao gênero automóvel. Exemplos:
Todos os automóveis Ferrari custam muito dinheiro, mas alguns automóveis são baratos.
Todos os automóveis Ferrari são fabricados na Itália, mas podemos encontrar fábricas de automóveis
em diversos países.
Todos os automóveis Ferrari são esportivos com altíssimo desempenho, mas podemos encontrar
automóveis para todas as finalidades e os mais variados índices de desempenho.
Outro erro muito comum é a delimitação confusa das fronteiras entre Gênero e Espécie. Por exemplo:
Todos os automóveis têm quatro rodas, LOGO, toda Ferrari tem quatro rodas.
Opa! Será verdade que todo automóvel tem quatro rodas? E os triciclos motorizados, não contam? E as
motocicletas, são ou não “automóveis”, entendidos como “veículos automotores”? E os caminhões com vários
eixos, entram nessa conta ou não?
Ou seja, se houver confusão na DEFINIÇÃO DA PALAVRA que estamos usando para delimitar o Gênero, as
conclusões que extrairmos sobre a Espécie não serão confiáveis!
Exercícios
Reescreva as frases a seguir de modo a corrigir as relações entre Gênero e Espécie.
Exemplo resolvido:
Frase original: “Reparei que João Luís estava lendo a Bíblia na hora do almoço então eu acho que ele deve ser
evangélico”.
Comentário: Esse é o tipo de “conclusão brilhante” que ouvimos todos os dias em conversas informais.
Obviamente, nem todo leitor da Bíblia é necessariamente evangélico: pode ser de qualquer religião, ou até
mesmo ateu! João poderia ler a Bíblia por curiosidade, ou por necessidade de estudos, ou por qualquer outro
motivo que só ele sabe. Ou seja, não é possível dizer coisa alguma sobre a religião de uma pessoa a partir do
fato de que ela esteja lendo a Bíblia!
De fato, uma das únicas conclusões a que podemos chegar quando vemos uma pessoa lendo uma Bíblia é que
essa pessoa provavelmente sabe ler!
Frase corrigida: Reparei que João Luís estava lendo a Bíblia na hora do almoço, portanto concluí que João
Luís é alfabetizado.
Estrutura lógica da solução: Somente pessoas alfabetizadas (= Gênero) sabem ler. Ora, João Luís (= Espécie)
estava lendo a Bíblia. Logo, João Luís é alfabetizado (= João Luís é um elemento do conjunto das pessoas
alfabetizadas).
Obs.: Como sempre, não é necessário incluir o comentário, nem a estrutura lógica, basta identificar o
problema na relação Gênero x Espécie e propor uma solução viável.
1 – Frase original: Mário Sérgio só pode ser corrupto: afinal, ele é um político.
Frase corrigida:
Curso Online de
Redação
2 – Frase original: É claro que aquele motorista deve ser torcedor do time X para fazer uma besteira dessas no
trânsito.
Frase corrigida:
3 – Frase original: Ana Lúcia é médica veterinária e, portanto, gostará de ganhar um cãozinho de presente de
aniversário.
Frase corrigida:
Frase corrigida:
Frase corrigida:
Resumo da Lição
Tudo o que pode ser dito sobre o Gênero é extensível à Espécie, mas nem tudo o que pode ser dito sobre a Espécie é
extensível ao Gênero.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Você certamente já observou que, neste curso, evito ao máximo o uso de termos técnicos, vocabulário
complicado e o recurso a teorização. Afinal, é assim que se ensina a Língua Portuguesa nas escolas e, portanto,
é assim que nossas escolas são extremamente bem-sucedidas na tarefa de não ensinar as pessoas a escrever!
Como dissemos no capítulo de introdução, nosso objetivo aqui é bastante simples e modesto: ensinar ao
estudante um conjunto bastante amplo de técnicas de escrita que ele possa aplicar imediatamente aos textos
que precisa escrever, seja na escola, na universidade ou no trabalho. Nosso desejo incessantemente perseguido
é que você, a cada lição que fizer, aprenda alguma coisa que possa começar a usar no mesmo dia.
Chegamos, porém, a um ponto extremamente importante do curso em que o estudo da Gramática revela toda a
sua utilidade prática imediata para o escritor: a SINTAXE! A sintaxe é tão importante para a escrita que
podemos dizer que é o verdadeiro fundamento do ato de escrever: redigir é articular sintaticamente as coisas
que você quer dizer ao seu leitor.
Sem a sintaxe, suas ideias, pensamentos, sentimentos, ações e realizações não encontram forma de expressão.
Mas como se ensina a sintaxe nas escolas? Analisando frases escritas por outras pessoas, num furor
classificatório que chega às raias da insanidade, proliferando jargão incompreensível (quantas pessoas sabem o
que é um “síndeto”?12) e multiplicando exceções, discussões acadêmicas infindáveis em torno de classificações
e terminologia…
Mais uma vez, ninguém se lembra de explicar ao estudante como, afinal, usar a sintaxe para construir boas
frases!
Até onde eu saiba, o único autor brasileiro que se deu a esse trabalho foi o já citado Othon Moacyr Garcia, em
sua obra “Comunicação em Prosa Moderna”. A seção reservada à construção de frases desse livro, na edição
que tenho em mãos, tem 129 páginas e quatro capítulos em que ele explora todas as minúcias e sutilezas do
uso criativo da sintaxe em Língua Portuguesa.
Nestas últimas lições dedicadas à redação de frases, veremos diversas formas de aplicar criativamente a sintaxe
para produzir boas frases, mas alertamos que, caso você queira adquirir maestria13 sintática, você deve dedicar-
se ao estudo lento e aprofundado dessa parte da obra do mestre Othon Moacyr Garcia.
Vamos começar pela diferença fundamental entre coordenação e subordinação.
Coordenar (co- ordenar) é colocar em ordem duas (ou mais) coisas que têm o mesmo valor. Por exemplo, o
trabalho de dois soldados pode ser coordenado, mas um não é subordinado ao outro!
Subordinar (sub- ordenar) é colocar em ordem de hierarquia, deixando as coisas menos importantes sob a
responsabilidade das mais importantes. Por exemplo, aqueles dois soldados do exemplo anterior certamente
serão subordinados a um sargento ou oficial!
Assim, quando você quiser expressar duas, três ou mais ideias igualmente importantes numa mesma frase,
você deveria coordenar sintaticamente essas ideias. Já se as ideias tiverem uma relação hierárquica − uma
delas é mais importante do que as demais − você deveria subordinar sintaticamente as ideias menos
importantes às mais importantes!
Vejamos um exemplo:
Ideias:
1. Maria Lúcia mora em São Paulo.
2. Maria Lúcia trabalha como executiva de marketing de uma empresa multinacional.
3. Maria Lúcia é mãe de dois meninos.
12 O dicionário Aulete explica: “1. Gram. Emprego de conjunção coordenativa aditiva entre palavras, entre termos de uma
oração ou entre orações coordenadas” Fonte: http://www.aulete.com.br/s%C3%ADndeto
13 Pesquise esta palavra no seu dicionário favorito!
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Caso sua intenção, como escritor, seja apenas apresentar essas características de Maria Lúcia sem chamar a
atenção para nenhuma delas, você poderia coordená-las sintaticamente:
Maria Lúcia mora em São Paulo, trabalha como executiva de marketing de uma empresa multinacional e é
mãe de dois meninos.
Para começar, observe como a conjunção “e” desempenha a função de dar valor sintaticamente idêntico a todas
as ideias.
Vale lembrar, porém que, como vimos na lição 22, a própria ordem com que apresentamos os fatos já revela o
grau de atenção que desejamos jogar sobre cada um deles, de modo que as informações “mora em São Paulo”
e “é mãe de dois meninos” acabam recebendo um destaque sutilmente maior do que “trabalha como executiva
de marketing em uma empresa multinacional”.
Observe como a conjunção “que” subordina o fato de que ela trabalha como executiva à ideia principal, isto é,
de que ela mora em São Paulo.
Observe também como, nessa frase, o fato de que Maria Lúcia é “mãe de dois meninos” está coordenado pela
conjunção “e” a uma outra ideia subordinada, o que é suficiente para subordiná-la também à ideia principal!
O funcionamento aqui é semelhante ao de dois soldados que são coordenados sob as ordens de um sargento a
quem ambos são subordinados.
Prosseguindo, digamos que, agora, você deseje enfatizar o fato de que nossa amiga Maria Lúcia é uma
executiva, subordinando as demais ideias a esse único fato:
Maria Lúcia, que mora em São Paulo e é mãe de dois meninos, trabalha como executiva de marketing em uma
multinacional.
Observe como a simples mudança na relação sintática já muda completamente a relação entre as ideias!
Aprofundando um pouco mais suas opções, você pode querer criar um contraste entre as ideias “executiva de
marketing”, ou seja, o fato de que Maria Lúcia é uma profissional atuante, e o fato de que é “mãe de dois
filhos”, deixando como cereja do bolo a ideia de que ela consegue ser tudo isso enquanto mora em São Paulo.
Ou seja, teremos duas ideias principais, coordenadas, e uma ideia subordinada.
Maria Lúcia, que mora em São Paulo, é mãe de dois meninos e trabalha como executiva de marketing em uma
multinacional.
Esses simples exemplos já devem ser suficientes para abrir sua percepção para um imenso leque de
possibilidades de escrita representado pelo uso inteligente da subordinação e da coordenação sintática de ideias
em seu texto. Como você deve estar ansioso para pôr em prática estes ensinamentos, vamos logo aos
exercícios!
Exercício
Escreva a maior quantidade de frases que conseguir coordenando e subordinando as seguintes ideias, em
grupos de, pelo menos, três ideias – não, não é necessário usar todas as ideias na mesma frase!
1. João Vítor é dentista.
Resumo da Lição
Quando quiser dar a impressão de que as ideias são equivalentes, coordene-as sintaticamente. Quando, ao contrário, quiser
demonstrar que uma ideia é mais importante do que outra, subordine sintaticamente a ideia menos importante à mais
importante.
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Na lição anterior, você estudou e exercitou algumas técnicas de coordenar e subordinar sintaticamente diversas
ideias em uma única frase. Você percebeu, observando os exemplos e resolvendo os exercícios, que o domínio
das técnicas de coordenação e subordinação abre possibilidades praticamente infinitas de articulação e
expressão de ideias, capacitando-o a escrever bem sobre virtualmente qualquer assunto de seu interesse.
O mais interessante é que você já pôde perceber esse potencial usando apenas a conjunção coordenativa “e” e a
conjunção subordinativa “que”!
Nesta lição, você exercitará o uso de outras conjunções coordenativas, ampliando ainda mais o seu repertório
de possibilidades.
Lembrete de Gramática:
“Conjunções” são palavras invariáveis − isto é, sem forma
feminina ou masculina, singular ou plural − que ligam duas
palavras ou duas orações. Exemplos: e, mas, enquanto,
contudo.
“Locuções conjuntivas” são conjuntos de palavras que
atuam como conjunções. Exemplo: Mas também, Não
obstante, Por conseguinte.
As conjunções coordenativas são classificadas em vários tipos, conforme o efeito que elas provocam sobre a
frase.
Não custa lembrar: muito mais importante do que saber classificar o que os outros fizeram é saber usar para
que você mesmo possa fazer! Assim, mais uma vez, o que faremos aqui não é classificar, mas orientá-lo para
que saiba quando usar uma ou outra conjunção ou locução conjuntiva.
Como sempre, a linha mestra é a sua INTENÇÃO DE DIZER: o que você quer dizer ao seu leitor?
Maria Lúcia é mãe de dois meninos mas também trabalha como executiva de marketing de uma empresa
multinacional.
Maria Lúcia, além de ser mãe de dois meninos, mora em São Paulo.
O novo modelo apresentado pelo fabricante traz algumas inovações, porém não resolve os problemas dos
modelos anteriores.
A situação líquida da empresa está favorável, não obstante as dívidas contraídas nos últimos 12 meses.
A nossa equipe obteve alguns sucessos até agora; contudo, precisamos de mais algumas vitórias antes do final
da temporada.
O nosso time agiu de forma muito eficiente, ora atacando com cruzamentos pela esquerda, ora avançando
com lançamentos longos pela direita.
Leopoldo cometeu tantas infrações que sua licença será cassada, quer pague as multas, quer não as pague.
Exemplos:
Esqueci minha carteira em casa, então voltarei a pé.
Jader seguiu todas as normas, por conseguinte, esta punição não faz sentido.
Adotei as melhores práticas e obtive, pois, grande sucesso. (Obs.: compare esta frase com o exemplo de uso
explicativo do “pois”, na próxima seção!).
Observações finais
Aqui também, como em quase todos os assuntos relativos à Gramática da Língua Portuguesa, imperam a
confusão e as discussões em torno de nomes e classificações. Essas discussões são interessantes para quem se
dedica todos os dias, 8 horas por dia, a estudar, classificar e analisar a língua, examinando-a em seus mais
diminutos detalhes nos mais potentes microscópios, como zoólogos em dúvida quanto ao enquadramento de
um novo espécime animal neste ou naquele sistema classificatório.
Acontece que o objetivo de um Curso de Redação não é classificar a vida, mas criar vida.
O trabalho do escritor não é de análise, mas de síntese.
Por isso mesmo, não se aflija se não conseguir identificar, neste ou naquele caso, se a conjunção é explicativa
ou conclusiva, ou mesmo se a oração é subordinada ou coordenada − para que você tenha uma ideia, a
Gramática registra casos de “falsa coordenação” e de “subordinação psicológica”!
O que você precisa definir, como escritor, é a sua intenção: decida o que você quer dizer ao leitor e construa
uma frase sintaticamente compatível com sua intenção de dizer. Quando você for bem-sucedido nessa tarefa,
os gramáticos se encarregarão de dar razão a você!
Exercícios
Voltemos a nosso amigo João Vítor, a quem fomos apresentados na lição anterior, e relembremos os fatos que
sabemos sobre sua vida:
1. João Vítor é dentista.
Escreva pelo menos 10 frases coordenando os fatos acima, criando pelo menos duas frases que para cada um
dos cinco tipos de conjunções coordenativas constantes desta lição!
Resumo da Lição
O tipo de conjunção coordenativa que você usará em suas frases dependerá mais do que você pretende dizer ao seu leitor
do que da classificação gramatical.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
A subordinação de orações é uma técnica valiosíssima, ainda mais poderosa em termos de possibilidades de
expressão do que a coordenação. Exatamente por isso, é também a mais problemática, mais sujeita a erros por
parte do escritor iniciante. Veja o que diz Othon Moacyr Garcia 14 sobre esse assunto:
“A experiência nos ensina que os defeitos mais comuns revelados pelas redações de colegiais
resultam, na maioria das vezes, de uma estruturação inadequada da frase por incapacidade de
estabelecerem as legítimas relações entre as ideias. Quando se restringem a períodos
coordenados, as falhas são menos graves, mas a coordenação, como vimos, nem sempre é o
processo sintático que mais convém adotar. Mesmo nas situações simples, temos de recorrer com
frequência ao processo da subordinação. Ora, é exatamente aí que os principiantes atropelam as
palavras e desfiguram as mútuas relações que elas entre si devem manter”.
Longe de esgotar o assunto, você exercitará nesta lição o uso de conjunções subordinativas para conscientizar-
se de algumas formas de estabelecer relações de subordinação entre ideias. Nosso objetivo é que essa
consciência desperte o seu interesse em explorar e conhecer formas alternativas de expressão.
Conjunções Subordinativas
As conjunções subordinativas são aquelas que ligam duas orações de modo que uma delas, chamada
“subordinada”, se torne dependente da outra, chamada de “principal”.
Esquematicamente:
Exemplo:
A reunião já havia Figura 5: Esquema básico de subordinhação de orações. começado quando
Ruy entrou esbaforido.
A reunião já havia começado: oração principal
As conjunções podem fazer com que a oração subordinada desempenhe a função de adjunto adverbial da
oração principal.
Existem vários tipos de conjunções subordinativas adverbiais. Por isso, dividimos seu estudo em duas lições.
1) Causais: Use-as para apresentar uma ideia que é causa do que foi dito na oração principal: porque, que,
como (= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que.
Por exemplo:
Ele não comprou o carro porque não tinha dinheiro.
Comprou o carro pois que não suportava mais a caminhada diária até o trabalho.
2) Concessivas: Use-as para expressar uma ideia contrária à da oração principal sem, no entanto, impedir sua
realização: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que,
conquanto.
Exemplos:
Embora estivéssemos com pouca gasolina, fizemos a viagem.
Se bem que normalmente não aprecie frutos do mar, saboreei com vontade a caldeirada de mexilhões.
3) Condicionais: Para apresentar uma ideia que indica uma condição para que aconteça o que foi dito na
oração principal: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde que, a menos que, sem que.
Por exemplo:
Se quer curar essa doença, ligue já para o seu médico.
O produto será entregue hoje, a não ser que ocorra algum imprevisto muito grave.
4) Conformativas: Para apresentar uma ideia que está em harmonia (conformidade) com o que foi dito na
oração principal: conforme, como (= conforme), segundo, consoante, de acordo.
Por exemplo:
A reunião transcorreu exatamente como planejamos.
5) Finais: Apresentam uma ideia que expressa a finalidade ou o objetivo com que se realiza a principal. São
elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que), que.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Por exemplo:
Soe o alarme para que os funcionários retornem a seus postos.
Comprei este novo equipamento de som porque desejo dar uma festa inesquecível.
Obs.: A diferença entre “causa” e “finalidade” pode ser muito sutil: afinal, os nossos objetivos – ou seja, os
nossos “fins”! - costumam ser a “causa” das coisas que fazemos ou deixamos de fazer!
Exercício
Crie 10 frases que articulem ideias através das conjunções subordinativas estudadas nesta lição. Lembre-se: a
intenção de dizer é mais importante do que a classificação!
Resumo da Lição
As conjunções subordinativas adverbiais podem ser usadas para, entre outras, expressar ideias de CAUSA, CONCESSÃO,
CONDIÇÃO, CONFORMIDADE e FINALIDADE.
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f) Proporcionais: apresentam uma ideia que tem uma relação de proporção com o fato apresentado na oração
principal: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais…. (mais), quanto menos… (menos),
quanto menos…. (mais), quanto menos…. (menos).
Por exemplo:
Governar torna-se mais difícil à medida que cai a popularidade do governante.
À proporção que o sol ascende sobre o horizonte, o calor aumenta até tornar-se insuportável.
g) Temporais: apresentam uma referência de tempo ao fato expresso na oração principal. São elas: quando,
enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora
que, mal (= assim que), etc.
Por exemplo:
A confusão se instaurou assim que deixamos o estádio.
Os preços dos automóveis subiram mal vendi o meu carro por um preço muito baixo.
h) Comparativas: compara uma ideia com o fato apresentado na oração principal: como, assim como, tal
como, como se, (tão)…. como, tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem.
Por exemplo:
Este trabalho será tão difícil quanto o que fizemos para o outro cliente.
Os exercícios desta prova serão tais quais os que vocês já resolveram nos testes anteriores.
i) Consecutivas: Uma consequência é o outro lado da causa. Assim, quando você quiser enfatizar a
consequência em vez da causa, use: de sorte que, de modo que, de forma que, de jeito que.
Por exemplo:
Trabalhou duro e com determinação, de sorte que acabou sendo recompensado.
Exercícios
Da mesma forma que na lição anterior, crie 10 frases usando as conjunções subordinativas adverbiais
apresentadas nesta lição.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da Lição
As conjunções subordinativas adverbiais podem ser usadas para, entre outras, expressar ideias de PROPORÇÃO, TEMPO,
COMPARAÇÃO e CONSEQUÊNCIA.
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Nas últimas 4 lições, você aprendeu diversas formas de coordenar e subordinar ideias usando a sintaxe de
forma a expressar com precisão o que deseja dizer a seu leitor. Nesta lição, você fará o exercício de juntar
essas peças para produzir um pequeno parágrafo de acordo com uma intenção específica.
Seu objetivo agora é conectar todas essas informações em um ou dois parágrafos, usando inversões,
coordenação e subordinação para traçar um perfil de Márcia para o seu leitor.
Para isso, o seu primeiro passo será agrupar as informações, estabelecendo relações de coordenação e
subordinação entre as diversas ideias. O segundo passo será imaginar o destaque que deseja conceder a cada
uma dessas ideias.
Por exemplo, se você quiser que o leitor tenha uma imagem positiva da personagem Márcia, deverá dar mais
destaque às ideias positivas, subordinando a elas as informações negativas. O inverso será verdadeiro caso
você deseje que o leitor tenha uma impressão negativa a respeito da personagem.
Fique à vontade para acrescentar algumas informações que completem eventuais “lacunas” na história. Use a
imaginação para estabelecer relações de causa e efeito, de tempo ou outras. O importante é que o pequeno
texto que redigir conte uma história coerente com as informações disponíveis e compatível com sua intenção
de dizer ao seu leitor.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da lição
A subordinação e a coordenação de ideias nas frases são ferramentas a serviço de sua intenção de dizer, isto é, de seu
desejo de induzir o leitor a pensar certas coisas sobre o assunto de seu texto.
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Em primeiro lugar, qual é o sentido da palavra “causa” na expressão “causa e efeito”? Como se trata de uma
palavra com múltiplos significados possíveis, vejamos o que diz o dicionário Aulete:
causa
(cau.sa)
sf.
1. Aquele ou aquilo que faz com que algo seja ou exista: A ausência é a causa da saudade.
2. Aquele ou aquilo que faz com que algo aconteça: Uma simples picada de inseto foi a causa da inflamação.
3. Razão de ser; EXPLICAÇÃO; MOTIVO (fonte: http://www.aulete.com.br/causa)
Ou seja:
1. Uma relação de causa e efeito se estabelece entre pelo menos duas coisas.
2. A coisa a que chamamos de “causa”, já existia antes que a segunda passasse a existir.
3. A coisa a que chamamos de “efeito” passou a existir apenas porque existia a “causa”. Se a causa não
existisse, o efeito também não existiria.
Por exemplo: você só existe porque seu pai e sua mãe existiram antes de você. Assim, seus pais são a “causa”
e, você, o “efeito” ou “consequência”.
No contexto da Ciência, a identificação de relações de causa e efeito é um dos desafios mais complexos que se
põem diante de um pesquisador. A maior parte do conhecimento científico da atualidade é resultado da análise
de relações estatísticas que, muitas vezes, “parecem” indicar uma relação de causa e efeito, mas sem que o
cientista possa afirmá-lo com certeza.
Por isso, é tão comum, nas publicações científicas, o uso de palavras e expressões indicativas de “cautela” por
parte do pesquisador. Por exemplo, verbos como “sugere”, “indica”, “parece”, “assemelha-se” e adjetivos
como “provável”, “possível”, “admissível”, “plausível”, “verossímil” são bastante comuns em artigos
científicos. Essas palavras procuram sinalizar o fato de que o cientista, ainda que esteja convencido da
veracidade de sua descoberta, tem a humildade de admitir a possibilidade de que esteja errado.
Longe dos rigores da atividade científica, na linguagem corrente, usam-se e abusam-se de afirmações taxativas
sobre relações de causa e efeito, em parte porque, em muitos casos, é relativamente simples identificar as
causas de algo que acontece em nossas vidas. Por exemplo, sabemos que, se encostarmos a mão numa chapa
quente, sentiremos dor, o local ficará avermelhado e, possivelmente, crescerão bolhas no local. Nós sabemos,
por experiência, que o contato com superfícies muito quentes causam esses sinais e sintomas.
Em diversas áreas da vida, detectamos corretamente as relações de causa e efeito sem necessidade de uma
grande investigação científica, bastando para isso, o efeito da experiência. O problema é que, em muitos casos,
somos enganados por relações de causa e efeito apenas aparentes, isto é, que “parecem, mas não são”! Vejamos
alguns desses casos:
Nem todos os eventos simultâneos têm uma causa comum. A cada segundo, acontecem incontáveis
coisas ao mesmo tempo ao redor do mundo. Enquanto você lê estas páginas, alguém está trabalhando
num escritório, outra pessoa está dormindo, outra está na janela contemplando os astros, um pássaro
dorme em seu ninho, um peixe se alimenta, os planetas giram em torno do Sol… Ora, algumas dessas
coisas que acontecem ao mesmo tempo podem chamar a nossa atenção. Por exemplo, uma pessoa
nasce no exato momento em que um determinado astro ocupa uma posição específica no céu. Será que
esses dois eventos têm relação um com o outro? Se você perguntar aos astrólogos, eles dirão que sim.
Será?
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Nem todos os eventos consecutivos são causa um do outro. Da mesma forma que nem todos os
eventos simultâneos têm uma causa comum, nem tudo o que acontece “antes” é causa do que
aconteceu “depois”. Na verdade, praticamente tudo o que acontece no mundo veio “antes” de alguma
coisa e “depois” de outra! Por exemplo, você está caminhando na rua quando um gato preto cruza o
seu caminho. Logo em seguida, você escorrega no piso molhado e cai estatelado no chão. Será que o
gato foi a “causa” do seu escorregão?
Pode ser difícil distinguir o que é causa e o que é efeito. Por exemplo, um alcoólatra contumaz pode
dizer que bebe porque se sente infeliz. Ou seja, está dizendo que o hábito de beber é um efeito de que
a infelicidade é a causa. Ora, sabendo que o alcoolismo causa uma grande quantidade de problemas na
vida da pessoa, podemos perguntar: será que a causa real da infelicidade desse alcoólatra não é o
próprio alcoolismo?
Alguns efeitos têm múltiplas causas. Quando estamos lidando com questões complexas, como
sociedade, economia e cultura, muitas vezes os efeitos surgem como resultado da interação de mais de
um fator ao mesmo tempo. Por exemplo, é temerário afirmar que o consumo de um determinado
alimento “causa” uma doença, a menos que seja possível afirmar que (1) todas as pessoas que
consomem aquele alimento desenvolvem a tal doença e (2) todas as pessoas que têm a doença
consomem o alimento, não havendo um único caso que fuja a essa regra. Esse tipo de relação absoluta
de causa e efeito entre o consumo de um alimento e o surgimento de um tipo de doença é raríssimo,
sendo mais comum a concorrência de múltiplos fatores.
Algumas “causas” são comparativamente pequenas demais perto de outros fatores em ação. As
pessoas podem, às vezes, estar certas ao apontar uma causa para um problema. O problema ocorre
quando essa causa é pequena demais em comparação a outras que estão sendo desprezadas. Um
exemplo anedótico é do sujeito que se empanturra de comida e, depois, quando tem uma crise
digestiva, atribui o mal-estar “à azeitona da empada”…
Algumas “causas” são grandes demais para explicar um problema minúsculo. As explicações
grandiosas costumam fascinar as pessoas, mas nem sempre um problema pequeno pode ser resolvido
com o recurso às explicações mais amplas. Por exemplo, há muitas explicações sociológicas
complexas para explicar a ocorrência de assaltos num país. Mas é preciso reconhecer que os assaltos
em uma rua podem ser reduzidos com medidas simples, como a melhoria na iluminação pública e
instalação de um posto policial na região.
Na esfera pessoal, pode ser difícil distinguir o que foi causado pela pessoa e o que foi causado
por fatores externos. Quando uma pessoa sofre um acidente, a causa foi azar ou imprudência?
Quando uma pessoa tem um revés nos negócios, a culpa é da economia, do governo ou da falta de
competência dessa pessoa? Se uma empresa ganha novos clientes e aumenta os seus lucros, o mérito é
dos executivos dessa empresa ou de uma maré positiva no mercado? Esses são exemplos de como é
difícil definir as fronteiras entre a responsabilidade pessoal e a ação de forças externas sobre as quais
as pessoas não têm nenhum controle. Embora, na maior parte dos casos, o sucesso ou o fracasso de
pessoas e empresas seja resultado de uma combinação de fatores internos e externos, o fato é que
muitas pessoas cometem o chamado “erro fundamental de atribuição” que, em miúdos, consiste no
seguinte:
1. Se algo de ruim acontece comigo, a culpa é de fatores externos. Se algo de bom acontece
comigo, o mérito é meu.
2. Se algo de ruim acontece com outra pessoa, ela é culpada pela própria desventura. Se algo de
bom acontece a outra pessoa, ela teve “sorte”.
Após esta exposição espero que você tenha percebido que a identificação de relações de causa e efeito pode ser
muito, muito problemática. Assim, nossa sugestão é que você esteja atento às situações em que as pessoas se
enganam com relações de causa e efeito que “parecem mas não são” e procure evitá-las a todo custo em seu
texto. Procure fazer apenas afirmações sobre relações de causa e efeito que você possa comprovar. Caso não
seja possível comprovar mas seja necessário afirmar, procure usar palavras e expressões indicativas de cautela
em seu texto.
Curso Online de
Redação
Exercícios
Nas frases abaixo, identifique os erros nas relações de causa e efeito e redija-as novamente, usando
expressões indicativas de cautela. Se necessário, acrescente informações extras.
Exemplo resolvido:
Frase: Não há dúvida de que a causa de todos os nossos problemas financeiros é a política econômica do
governo.
Comentário: Se a política econômica do governo fosse a causa de todos os problemas financeiros que afligem
pessoas e empresas, todas as pessoas e empresas teriam os mesmos problemas financeiros ao mesmo tempo.
Entretanto, seja qual for a política econômica em vigor, é sempre possível encontrar pessoas e empresas que
enfrentam dificuldades financeiras ao lado de outras que encontram meios de prosperar. Os problemas
financeiros individuais, portanto, resultam de um complexo conjunto de fatores tanto externos quanto internos.
Exemplos de fatores externos: políticas do governo, condições do mercado, estilo de gestão da empresa em
que você trabalha.
Exemplos de fatores internos: risco das aplicações financeiras que cada um escolhe fazer, controle de gastos
para evitar “estouro” do orçamento, produtividade individual elevada para garantir promoções ou a
permanência no emprego. Obs.: não é necessário incluir um comentário como este na resposta dos exercícios
abaixo.
Soluções possíveis:
Não há dúvida de que um fator importante por trás de nossos problemas financeiros é a política
econômica do governo.
A análise dos dados de nossa empresa sugere que a causa de todos os nossos problemas financeiros é
a política econômica do governo.
Diante de todos estes fatos, julgamos plausível a ideia de que a causa de todos os nossos problemas
financeiros é a política econômica do governo.
Obs.: não é necessário redigir mais de uma solução para cada uma das frases abaixo.
1 – O trânsito em nossa cidade está sempre congestionado porque a prefeitura não tapa os buracos nas ruas.
2 – Assisti a uma palestra motivacional sobre como ter sucesso na profissão e, não deu outra: menos de uma
semana depois, recebi minha promoção.
3 – Eu não tenho culpa se as empresas só querem contratar pessoas que saibam escrever bem.
4 – Mal comprei um aparelho celular da marca X, tive uma forte crise de enxaqueca e, portanto, joguei-o no
lixo.
6 – Não é possível reduzir a quantidade de lixo nas ruas de nosso bairro sem melhorar a educação de nosso
Alexei Gonçalves de
Oliveira
povo.
7 – As condições da economia se deterioraram visivelmente após a posse do novo ministro, o que nos fornece a
prova definitiva de sua falta de competência para o exercício do cargo.
8 – Estou de mau humor porque discuti com minha esposa, ralhei com meus filhos, discuti com o guarda de
trânsito e me desentendi com o manobrista da empresa.
11 – Eu sinto dores nas costas desde criança: acho que preciso trocar de colchão.
12 – No mesmo dia em que adotamos a nova política comercial, fechamos diversos novos negócios que
estavam em andamento há diversos meses, de modo que devemos considerá-la um sucesso absoluto.
Resumo da lição
Seja cauteloso ao redigir frases que expressem relações de causa e efeito. Lembre-se de que:
1. Nem todos os eventos simultâneos têm uma causa comum;
2. Nem todos os eventos consecutivos são causa um do outro;
3. Pode ser difícil distinguir o que é causa e o que é efeito;
4. Alguns efeitos têm múltiplas causas;
5. Algumas “causas” são comparativamente pequenas demais perto de outros fatores em ação;
6. Algumas “causas” são grandes demais para explicar um problema minúsculo;
7. Pode ser difícil distinguir entre o que foi causado por fatores internos e por fatores externos.
Curso Online de
Redação
Esta segunda parte do curso, em que tratamos da redação de frases, não estaria completa sem algumas
considerações sobre o uso dos sinais de pontuação, uma técnica cuja aplicação prática pode suscitar dúvidas
até mesmo em redatores e escritores experientes.
Para começar, vamos nos lembrar de quais são os sinais de pontuação empregados na Língua Portuguesa.
Sinais de pontuação
Ponto .
Vírgula ,
Ponto e vírgula ;
Dois pontos :
Reticências …
Ponto de exclamação !
Ponto de interrogação ?
Parênteses ()
Travessão −
Aspas “”
Todos esses sinais gráficos têm a função de reproduzir, no texto, a sonoridade da linguagem falada, incluindo
pausas de duração variada e mudanças de entonação. O uso correto desses sinais possibilita que o leitor
entenda o texto reproduzindo mentalmente a “voz” do autor.
Ora, é fácil perceber que uma técnica cujo objetivo é reproduzir a voz do escritor estará sujeita a usos não
previstos na Gramática, conforme a sua intenção de dizer e o domínio que ele tiver do idioma.
Entretanto, a possibilidade de criar exceções e surpresas será sempre limitada à capacidade de compreensão de
seu leitor. Deste modo, é importantíssimo conhecer e aprender a usar rotineiramente as regras gramaticais para
uso dos sinais de pontuação, reservando as surpresas e a expressão criativa para as situações em que o seu
leitor tenha maior probabilidade de apreciá-las. Em textos dissertativos-argumentativos, especialmente em
redações de provas e concursos, você deveria sempre se ater ao uso gramatical dos sinais de pontuação − a
menos que tenha um ótimo motivo para fugir a esta regra!
Vamos rever, portanto, algumas regras gramaticais para uso dos sinais de pontuação, observando que a lista a
seguir não é exaustiva: pretendemos, apenas, registrar alguns dos casos mais comuns.
Vírgula ( , )
A vírgula é, de longe, o sinal de pontuação mais usado na Língua Portuguesa, por cumprir uma imensa
variedade de funções. Ela procura reproduzir as breves pausas que as pessoas introduzem entre diferentes
partes da frase, para mostrar ao ouvinte que se tratam de assuntos separados.
Para separar o nome da pessoa da profissão que exerce, do cargo que ocupa ou dos títulos que ostenta:
Exemplos:
André Oliveira, Consultor
Maria de Souza, Diretora Financeira
Carlos da Silva, PhD.
Para separar os itens de uma enumeração, isto é, substituindo as repetições da conjunção “e”.
Exemplo:
Preciso ir ao supermercado comprar arroz, feijão, açúcar, verduras e frutas.
Nas inversões, destaque com vírgula o elemento que esteja fora de sua posição usual na frase.
Exemplos:
Corrija, como no exemplo acima, as frases a seguir.
Quem inventou o trabalho, não tinha o que fazer. (Apparício Torelly, o “Barão de Itararé”).
Quando caí em mim, percebi que já estava irremediavelmente atrasado.
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Para evitar repetições desnecessárias, substitua com a vírgula o elemento que seria repetido.
Exemplo:
Nós jogamos no ataque e eles, na defesa.
Separe com vírgulas as orações coordenadas assindéticas, isto é, que não sejam ligadas por conjunção.
Exemplo:
Raimundo é um jogador completo: bate escanteio, dribla como ninguém, faz lançamentos a longa distância,
ajuda na marcação.
Exercício
Do texto abaixo, trecho do conto “Teoria do Medalhão”, de Machado de Assis, excluímos propositalmente
todas as vírgulas. Usando as regras gramaticais que você reviu nesta lição, acrescente as vírgulas nos locais
apropriados.
− Não te ponhas com denguices e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou
dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos algumas apólices um
diploma podes entrar no parlamento na magistratura na imprensa na lavoura na indústria no
comércio nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos meu rapaz
formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. Os mesmos Pitt e Napoleão apesar de
precoces não foram tudo aos vinte e um anos. Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha
o meu desejo é que te faças grande e ilustre ou pelo menos notável que te levantes acima da
obscuridade comum. A vida Janjão é uma enorme loteria; os prêmios são poucos os malogrados
inúmeros e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a
vida; não há planger nem imprecar mas aceitar as coisas integralmente com seus ônus e
percalços glórias e desdouros e ir por diante.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
− Sim senhor.
− Entretanto assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice assim também é de
boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem ou não indenizem
suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje dia da tua
maioridade.
− Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha
mocidade; faltaram-me porém as instruções de um pai e acabo como vês sem outra consolação e
relevo moral além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem meu querido filho ouve-me e
entende. És moço tens naturalmente o ardor a exuberância os improvisos da idade; não os
rejeites mas modera-os de modo que aos quarenta e cinco anos possas entrar francamente no
regime do aprumo e do compasso. O sábio que disse: "a gravidade é um mistério do corpo"
definiu a compostura do medalhão. Não confundas essa gravidade com aquela outra que embora
resida no aspecto é um puro reflexo ou emanação do espírito; essa é do corpo tão-somente do
corpo um sinal da natureza ou um jeito da vida.
Resumo da lição
A vírgula é o sinal de pontuação mais usado, por cumprir uma imensa variedade de funções. Portanto, o bom escritor
precisa dominar o seu uso, pelo menos nos contextos previstos pela Gramática.
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Ponto e vírgula [ ; ]
O ponto e vírgula sinaliza uma pausa mais longa do que a da vírgula, mas mais curta do que a do ponto final.
Separe com ponto e vírgula as orações coordenadas que não estejam ligadas por conjunção mas cujo
significado esteja relacionado uma à outra.
Exemplo:
Nosso time venceu; erguemos a taça.
Quando redigir uma sequência de orações coordenadas e, pelo menos, uma delas contiver elementos
separados por vírgula, é obrigatório destacar com ponto e vírgula as demais.
Exemplo:
De um total de 12 tarefas, nove estão completas; três ainda estão inacabadas.
Dois-pontos [ : ]
Os dois pontos são empregados para sugerir uma pausa ligeiramente dramática que antecede o anúncio de uma
informação importante. Veja, a seguir, alguns casos típicos
Citações.
Exemplo:
Já dizia o meu avô: “quem ama o feio, bonito lhe parece”.
Enumerações.
Exemplo:
Trouxemos todos os itens solicitados: caneta azul, lápis, borracha e apontador.
Orações apositivas.
Exemplo:
Concordo que essa compra é importante, mas faço uma objeção: nosso orçamento está muito limitado.
Esclarecimentos adicionais.
Exemplos:
Em resumo: as regras de pontuação são simples e lógicas.
Abertura de correspondências.
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Exemplo:
Ilmo. Senhor Diretor:
Reticências [ ... ]
As reticências são usadas para sinalizar uma interrupção no discurso ou no processo de pensamento, sugerindo
que a frase está incompleta. Veja alguns exemplos de uso comum.
Continuidade.
Exemplo:
E viveram felizes para sempre…
Interrupção brusca.
Exemplo:
Mas eu achava que você trabalhava com….
Hesitação.
Exemplos:
Não tenho certeza…. Posso estar errado, mas….
Destaque.
Exemplo:
E, no fim de tudo, o que resta mesmo é sempre…. O amor.
Citações incompletas.
Exemplo:
Nas palavras do autor, “o procedimento citado consta de várias etapas (….) resultando em grande dificuldade
de execução”.
Parênteses [ ( ) ]
Os parênteses são usados para inserir, em qualquer ponto da frase, uma informação adicional que não tenha
relação direta com o fluxo de pensamento principal.
Explicações
Exemplo:
Antes de mudar de marcha (acionando a alavanca de mudanças), é preciso pressionar a embreagem.(o pedal
mais à esquerda).
Referências Bibliográficas.
Exemplo:
"Pesa também contra nós o fato de não sermos, no sentido mais estrito, especialistas nas áreas
primordialmente implicadas" (H.P. Lovecraft, Nas montanhas da loucura e outras histórias de terror. Porto
Alegre, L & PM, 2014)
Exemplo:
A melhora na situação econômica internacional (prevemos forte tendência de aumento nas exportações) deve
aliviar as contas do governo no último trimestre do ano.
Datas ou períodos.
Exemplos:
O fato ocorreu durante o Segundo Reinado (1840–1889).
A Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX) incluiu a transição de métodos de produção artesanal para a
produção mecanizada.
(Fonte: SHAKESPEARE, William. Hamlet. Ato I, Cena I. Traduzido pelo autor a partir de
http://shakespeare.mit.edu/hamlet/full.html, acesso em 15 de outubro de 2015.)
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3. Se o elemento entre parênteses não for uma frase completa, o ponto de encerramento deve ser grafado
fora dos parênteses.
Exemplo:
O novo edifício-sede da empresa será construído em Joinville (SC).
Travessão [ – ]
O travessão tem sido usado em substituição a outros sinais de pontuação − especialmente a vírgula, o ponto e
vírgula, os parênteses e os dois pontos − para separar e destacar elementos intercalados à frase.
Além desse uso, o travessão é também usado para indicar falas em diálogos.
− Eu amo você − disse o rapaz, o coração saltando no peito.
− Eu também te amo − respondeu a moça, também visivelmente enamorada.
Aspas ( “ ” )
As aspas são usadas para exibir em destaque um trecho do texto, em uma variedade de situações.
Na abertura e no fechamento de citações.
Exemplo:
“O mundo é regido por personagens muito diferentes do que é imaginado por aqueles que não estão nos
bastidores” − Benjamin Disraeli
Citação de títulos
Exemplo:
O filme “Tropa de Elite” é baseado no livro “Elite da Tropa”, cujos autores são o sociólogo Luiz Eduardo
Soares e os ex-capitães do BOPE André Batista e Rodrigo Pimentel.
Destaque de gírias, palavras estrangeiras, jargão profissional, ironias ou qualquer outra palavra.
Exemplos:
Os nossos executivos trouxeram os “roughs” e “layouts” para sua avaliação.
O carro ficou “lindo” com todos aqueles amassados na lataria.
O policial recebeu um peremptório “não” ao seu pedido de reforços.
Exercício
Pontue o texto abaixo, do qual extraímos todos os sinais de pontuação.
Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria que o pároco da Sé José Miguéis tinha
morrido de madrugada com uma apoplexia o pároco era um homem sanguíneo e nutrido que
passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões contavam-se histórias singulares da
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sua voracidade o Carlos da Botica que o detestava costumava dizer sempre que o via sair depois
da sesta com a face afogueada de sangue muito enfartado
Com efeito estourou depois de uma ceia de peixe à hora em que defronte na casa do doutor
Godinho que fazia anos se polcava com alarido ninguém o lamentou e foi pouca gente ao seu
enterro em geral não era estimado era um aldeão tinha os modos e os pulsos de um cavador a
voz rouca cabelos nos ouvidos palavras muito rudes
Nunca fora querido das devotas arrotava no confessionário e tendo vivido sempre em freguesias
da aldeia ou da serra não compreendia certas sensibilidades requintadas da devoção perdera
por isso logo ao princípio quase todas as confessadas que tinham passado para o polido padre
Gusmão tão cheio de lábia
E quando as beatas que lhe eram fiéis lhe iam falar de escrúpulos de visões José Miguéis
escandalizava-as rosnando
Era miguelista e os partidos liberais as suas opiniões os seus jornais enchiam-no duma cólera
irracionável
Nos últimos anos tomara hábitos sedentários e vivia isolado com uma criada velha e um cão o
Joli o seu único amigo era o chantre Valadares que governava então o bispado porque o senhor
bispo D Joaquim gemia havia dois anos o seu reumatismo numa quinta do Alto Minho o pároco
tinha um grande respeito pelo chantre homem seco de grande nariz muito curto de vista
admirador de Ovídio que falava fazendo sempre boquinhas e com alusões mitológicas
No seu enterro ele mesmo lhe foi aspergir a cova e como costumava oferecer-lhe todos os dias
rapé da sua caixa de ouro disse aos outros cônegos baixinho ao deixar-lhe cair sobre o caixão
segundo o ritual o primeiro torrão de terra
Todo o cabido riu muito com esta graça do senhor governador do bispado o cônego Campos
contou-o à noite ao chá em casa do deputado Novais foi celebrada com risos deleitados todos
exaltaram as virtudes do chantre, e afirmou-se com respeito que sua excelência tinha muita
pilhéria
(Fonte: QUEIRÓS, Eça de. O Crime do Padre Amaro. 12a ed., São Paulo: Ática, 1998).
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Resumo da lição
Os diversos sinais de pontuação oferecem um amplo leque de recursos expressivos, dotando o escritor de
grande versatilidade na construção de frases de alto impacto comunicativo.
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As inversões representam, muitas vezes, uma solução prática, simples e elegante para os problemas de
sonoridade, especialmente os eventos cacofônicos e os encontros vocálicos.
Na sua experiência como escritor, você recorrerá muitas vezes às inversões sem nenhum objetivo
maior do que melhorar a sonoridade de uma frase que, em si, não tem defeito aparente.
Não tenha medo de usar inversões, se necessário, em todas as frases do seu texto − ou em nenhuma! O
seu objetivo não é atingir um inexistente “índice ideal de inversões”, mas garantir que o leitor
entenderá o que você quer dizer.
Não afronte os valores culturais do seu leitor, a menos que tenha um ótimo motivo para fazê-lo.
Escreva frases curtas quando quiser expor didaticamente uma ideia de cada vez. Escreva frases longas
quando escrever para um leitor que já esteja familiarizado com as principais ideias de seu texto.
Quando quiser dar a impressão de que duas ou mais ideias são equivalentes, coordene-as
sintaticamente. Quando, ao contrário, quiser demonstrar que uma ideia é mais importante do que as
demais, subordine sintaticamente as ideias menos importantes a mais importante.
O tipo de conjunção coordenativa que você usará em suas frases dependerá mais do que você pretende
dizer ao seu leitor do que da classificação gramatical.
As conjunções subordinativas adverbiais podem ser usadas para, entre outras, expressar ideias de
CAUSA, CONCESSÃO, CONDIÇÃO, CONFORMIDADE, FINALIDADE, PROPORÇÃO,
TEMPO, COMPARAÇÃO e CONSEQUÊNCIA.
A subordinação e a coordenação de ideias nas frases são ferramentas a serviço de sua intenção de
dizer, isto é, de seu desejo de induzir o leitor a pensar certas coisas sobre o assunto de seu texto.
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A vírgula é o sinal de pontuação mais usado, por cumprir uma imensa variedade de funções. Portanto,
o bom escritor precisa dominar o seu uso, pelo menos nos contextos previstos pela Gramática.
Os diversos sinais de pontuação oferecem um amplo leque de recursos expressivos, dotando o escritor
de grande versatilidade na construção de frases de alto impacto comunicativo.
◦ Formule a frase de tal forma que se ajuste à sua possibilidade de saber: cite uma fonte confiável,
recorra à experiência compartilhada com o leitor ou ofereça um testemunho pessoal.
Tudo o que pode ser dito sobre o Gênero é extensível à Espécie, mas nem tudo o que pode ser dito
sobre a Espécie é extensível ao Gênero.
Seja cauteloso ao redigir frases que expressem relações de causa e efeito. Lembre-se de que:
◦ Algumas “causas” são comparativamente pequenas demais perto de outros fatores em ação;
◦ Pode ser difícil distinguir entre o que foi causado por fatores internos e por fatores externos.
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Parte 3 – Parágrafo
Alexei Gonçalves de
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Após adquirir habilidade suficiente na redação de boas frases, o próximo desafio é aprender a organizar essas
frases em parágrafos elegantes, informativos, lógicos e agradáveis de ler.
Antes de mais nada, é preciso entender que um parágrafo não é um mero amontoado de frases, por mais bem
redigidas que sejam. Você não pode escrever um bom parágrafo simplesmente reunindo frases de efeito ou
meras declarações sem conexão umas com as outras. Vejamos um exemplo desse tipo defeituoso de redação:
Diz-se que a Política é a “arte do possível”. Os políticos, ainda que individualmente muito
poderosos, encontram limites à sua atuação na estrutura das leis. A opinião pública é um fator
muito influente sobre a atividade política. Sem dúvida alguma, a vontade do povo, de uma forma
ou de outra, sempre exerce influência sobre as decisões políticas, ainda que indiretamente.
No parágrafo acima, observamos que o autor está apenas revisando informações em sua própria memória a
respeito do tema sobre o qual precisa escrever: a política. Embora as frases não estejam incorretas ou mal
redigidas, a ideia expressa em uma frase não se relaciona com a da frase seguinte nem com a da anterior. Não
há conexão lógica entre as frases, de modo que o conjunto não forma exatamente um parágrafo, mas uma mera
coleção de frases soltas. Repare como cada frase introduz um assunto diferente, não desenvolvido ou
explorado na frase seguinte:
A política como arte do possível;
Limites à atuação dos políticos;
O papel da opinião pública;
Influência da vontade do povo sobre as decisões políticas.
Cada um desses assuntos encerra ideias interessantes e complexas que demandariam pelo menos um parágrafo
para seu adequado desenvolvimento. Por exemplo:
Diz-se que a Política é a “arte do possível”. Embora a Política seja uma atividade bastante
complexa, entendemos que essa é uma forma correta de descrevê-la em sua face mais elementar,
já que não é possível fazer política sem assumir compromissos e fazer concessões. Um exemplo
recente que ilustra esse conceito foi o caso….
Repare como, neste segundo caso, todas as frases se relacionam à ideia inicial, isto é, ao entendimento da
Política como “a arte do possível”.
Desse simples exemplo, já podemos derivar dois princípios elementares para a redação de parágrafos.
Cada parágrafo deve conter uma ideia central.
Todas as frases do parágrafo devem estar relacionadas à ideia central e conectadas logicamente umas
às outras.
É importante realçar o fato de que a ideia central nem sempre precisa estar explícita no texto do parágrafo. Por
exemplo:
“Suponho que todos os homens tenham vivido essa experiência. Apenas, passando por ela
demasiado rapidamente, não repararam nem na sua beleza, nem no seu alcance metafísico. Tão
distraído e fútil é o ser humano, que somente a doença tem o poder de forçá-lo à contemplação.
Mas nem toda doença serve: não pode ser breve e intensa como um desmaio, nem tão
prolongada que leve ao entorpecimento da consciência. Só a doença consumptiva, que derruba
sem adormecer, que enfraquece sem derrotar, produz aquela imobilidade paciente e serena em
que a profundidade das coisas começa lentamente a revelar-se. Mais tarde, a sentença de
Aristóteles −” A imobilidade gera a sabedoria" − retiniu em minha alma como uma verdade tão
certa e tão alta, que nela reconheço a marca do sagrado.”
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(CARVALHO, Olavo. O filósofo mirim. Fonte:
http://www.olavodecarvalho.org/blog/archives/000009.html. Acesso em 13 de setembro de 2015).
No parágrafo acima, é fácil perceber que a ideia central, embora não explícita, é a de que uma doença
prolongada, ao obrigar a autor a manter-se deitado, solitário e em silêncio durante longo tempo em sua
infância, despertou sua vocação para a observação e a reflexão filosófica.
Perceba também que o parágrafo citado é continuação de um parágrafo anterior que optamos por não
reproduzir, como se pode concluir já a partir da frase de abertura: “Suponho que todos os homens tenham
vivido essa experiência” − que experiência? Minha intenção ao selecionar esse parágrafo foi lembrá-lo de que,
embora cada parágrafo deva ter uma ideia central, muitas vezes o desenvolvimento dessa mesma ideia central
poderá se estender por diversos parágrafos, capítulos, livros e coleções de livros inteiros.
Ou seja: não há regra que o obrigue a concluir a ideia central em cada parágrafo que você escrever! Mas,
inicialmente, nestas primeiras lições em que examinaremos em detalhes as diversas técnicas de redação de
parágrafos, você exercitará a redação de parágrafos “fechados”, isto é, que não possam ser entendidos como
continuação de parágrafos anteriores e que não necessitem de parágrafos complementares para sua integral
compreensão.
Exercício
Redija a seguir um “parágrafo fechado” com um mínimo de 5 e um máximo de 10 frases sobre uma das ideias
centrais listadas abaixo. Se você não tiver informações suficientes para escrever de memória sobre nenhum dos
temas abaixo, escolha um deles faça uma pesquisa na Wikipédia (https://www.wikipedia.org/). O importante,
aqui, não é a correção das informações, mas o exercício de escolher uma ideia central e redigir frases que a
reforcem.
Uma característica básica da democracia é a capacidade de participação livre e plena do eleitor na vida
de sua sociedade.
A arte da fotografia tem alcance muito mais amplo do que as fotos simples que a maioria das pessoas
faz com seus aparelhos de telefonia celular.
O bom cozinheiro precisa saber adaptar o preparo dos pratos às mudanças nas estatelações do ano.
Embora a realização de reparos em instalações elétricas muitas vezes pareça simples ao observador
destreinado, ela requer extenso preparo profissional.
O melhor estilo de música para acompanhar um churrasco com amigos é [escolha seu estilo favorito].
Fique à vontade para mudar ligeiramente a ideia central escolhida caso não concorde com ela.
Resumo da lição
Cada parágrafo que você redigir deve conter uma ideia central. Assegure-se de que todas as frases que você incluir em um
parágrafo estejam (1) relacionadas à ideia central e (2) conectadas logicamente umas às outras.
Alexei Gonçalves de
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As conclusões a que você deseja induzir o leitor a partir dessas ideias principais devem surgir nas
frases mais próximas do final do parágrafo.
As frases intermediárias devem conter a argumentação ou os fatos com que se pretende induzir o
leitor à conclusão expressa na última frase.
Exemplo:
“Quando nada mais há a dizer, qualquer coisa
serve. É o que orienta a última parte da defesa
que o advogado-geral da União, Luís Inácio
Adams, faz da presidente Dilma Rousseff, enviada
ao Tribunal de Contas da União. A penúria
intelectual do governo chega a ser, por si,
escandalosa”.
Figura 6: Destaque das frases no parágrafo:
(Fonte: AZEVEDO, as frases mais próximas do início do Reinaldo. A desculpa
estupefaciente de parágrafo são vistas como mais importantes. Adams para tentar
livrar a cara de Dilma no TCU. Disponível em
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-desculpa-estupefaciente-de-adams-para-tentar-
livrar-a-cara-de-dilma-no-tcu/. Acesso em 13 de setembro de 2015.)
O curtíssimo parágrafo acima é exemplar no uso desta técnica. Na primeira frase, o autor apresenta um
princípio geral para atiçar a curiosidade do leitor. Na segunda frase, ele apresenta um fato para corroborar sua
tese. Na terceira e última frase, ele explicita a conclusão a que deseja induzir o leitor.
É evidente que, em inumeráveis situações, o escritor não pode ser tão explícito na apresentação de suas ideias,
sendo necessário adotar um estilo de argumentação mais sutil, em que as frases se seguem umas às outras
induzindo a uma conclusão jamais explicitamente formulada. Também é evidente que não é possível escrever
um texto completo usando exclusivamente essa técnica. Entretanto, trata-se de um recurso importantíssimo,
especialmente útil na redação de parágrafos de abertura e encerramento de capítulos ou seções, bem como em
qualquer ponto do texto em que você queira realçar na mente do leitor uma ideia central e uma conclusão
importante.
Exercício
Usando as ideias centrais sugeridas no exercício da lição 42, redija um parágrafo fechado com, no mínimo 7 e,
no máximo, 15 frases. Em seguida, redija três versões diferentes desse mesmo parágrafo, apenas alterando a
ordem de entrada das diferentes frases. Fique à vontade para incluir pequenas alterações nas frases de modo a
manter a conexão lógica e a obediência às regras da Gramática.
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Resumo da lição
As ideias a que você quer que o leitor conceda maior destaque devem ser posicionadas nas frases mais próximas do início
do parágrafo.
As conclusões a que você deseja induzir o leitor a partir dessas ideias principais devem surgir nas frases mais próximas do
final do parágrafo.
As frases intermediárias devem conter a argumentação ou os fatos com que se pretende induzir o leitor à conclusão
expressa na última frase.
Graficamente:
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Esse teorema é válido para qualquer triângulo retângulo, independente do tamanho ou formato! Trata-se,
portanto, de uma generalização matemática, demonstrada e comprovada.
O mesmo princípio vale para todas as Ciências. Sempre que um cientista descobre um padrão que se reproduz
regularmente sob determinadas condições, ele está autorizadíssimo a formular uma generalização.
As generalizações não são autorizadas somente no âmbito das Ciências. Praticamente tudo o que existe sob a
forma de um padrão reproduzível sob certas condições está sujeito a generalizações. Por exemplo, as receitas
culinárias nada mais são do que generalizações: o texto implícito − e jamais escrito! − em todas as receitas
culinárias é “prepare a refeição segundo estas instruções e obterá sabor, textura e aroma idênticos aos que
obtivemos aqui”.
O que vale para receitas culinárias também vale para todos os tipos de livros didáticos e manuais de instruções,
inclusive este Curso de Redação. A pessoa que deseja ensinar assume a responsabilidade de transmitir ao
estudante todas as generalizações válidas no contexto da área de conhecimento abrangida pelo curso.
Também as leis editadas pelo governo em todas as suas esferas são amplas generalizações, isto é, estabelecem
regras válidas para todos os cidadãos, nas situações definidas no texto da própria lei.
De certa forma, podemos dizer que nossa própria mente flutua em um “mar de generalizações”. Tudo o que
fazemos repetidamente é “generalizado” sob a forma de hábitos e rotinas, de modo a reservar energia mental
para enfrentarmos as ocorrências realmente surpreendentes, excepcionais, com que a realidade costuma nos
brindar.
Embora os livros e artigos sobre Lógica costumem apresentar pelo menos uma pequena lista de erros a evitar −
as chamadas “falácias” − acreditamos que, mais importante do que classificar o erro, é aprender a agir
acertadamente. Para evitar, senão todos, pelo menos a maioria dos erros por generalização indevida, você
deveria adotar os seguintes hábitos:
Reúna um número suficiente de casos que pareçam confirmar a existência de um padrão.
Embora a maioria das pessoas não tenha recebido um treinamento específico nas técnicas de
amostragem Estatística, chega a ser surpreendente verificar como tantas pessoas tiram conclusões
ousadas a partir de um único caso! Até mesmo pessoas muito cautelosas e com treino científico podem
ser flagradas ocasionalmente formulando “leis gerais” sobre eventos e pessoas a partir de um pequeno
punhado de casos.
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Jamais despreze os casos que contrariem o padrão aparente. Na verdade, você deve procurá-los
ativamente! Afinal, sua generalização terá maior probabilidade de ser verdadeira se resistir às
tentativas de contrariá-la.
Diferencie certeza de probabilidade. Algumas generalizações podem se manifestar sob a forma de
probabilidades. Isso significa que, embora nem sempre as coisas aconteçam da forma prevista, em
grande número de casos a afirmação será verdadeira.
Identifique as condições sob as quais a generalização é válida. Algumas coisas, como as
propriedades do triângulo retângulo e outras verdades matemáticas, são verdadeiras sob quaisquer
condições em que se produzam: o quadrado da hipotenusa será igual à soma dos quadrados dos catetos
esteja o triângulo na Terra ou em Saturno! Entretanto, até mesmo os eventos físicos muitas vezes são
dependentes de diversos outros fatores, como temperatura e pressão, por exemplo. Assim, você
precisa identificar as condições sob as quais a sua generalização é sempre válida mas, também, as
condições sob as quais ela deixa de ser válida.
Em suma, não tenha medo de generalizar. Se você estudou exaustivamente um assunto, examinando grande
número de casos de um determinado evento, as exceções aparentes, as condições em que eles ocorrem e que
não ocorrem, de tal modo que você possa fazer uma afirmação com grande probabilidade que esteja correta,
ninguém dirá que você “não pode” generalizar.
Exercício
Escreva um parágrafo em comentário às frases abaixo, identificando as generalizações indevidas e
apresentando uma forma alternativa correta de redigi-las.
Exemplo resolvido:
Frase: O grande número de políticos envolvidos no recente escândalo de corrupção é a prova definitiva de que
todos os políticos são corruptos.
Comentário: O Brasil tem, literalmente, milhares de políticos profissionais atuando tanto na esfera federal
como nos âmbitos estadual e municipal. Por maior que seja o número de políticos envolvidos em um ou outro
escândalo, o fato é que a maioria não aparece envolvida em escândalo algum, sendo errado extrair conclusões
sobre toda uma categoria de cidadãos com base no comportamento de uma parcela desses cidadãos. O próprio
fato de que escândalos vêm à tona parece sugerir que, provavelmente, existem políticos engajados na tarefa de
tentar diminuir a corrupção em nosso país.
Redação alternativa: O grande número de políticos envolvidos no recente escândalo de corrupção sugere
que o número de políticos corruptos é maior do que imaginávamos.
1 – Ronaldo certamente é comunista, afinal, eu o vi ontem fazendo críticas ao princípio do livre mercado.
3 – Ninguém fica até tarde no trabalho todos os dias como faz o Ernesto, então é claro que ele anda traindo a
Marina.
4 – Eu sou muito sortudo: já ganhei duas rifas e, uma vez, quase ganhei no Bingo.
5 – Esta foi a segunda vez que Amarildo cometeu esse tipo erro neste ano, é muito incompetente.
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Resumo da lição
Generalizar é um direito que se adquire após extenso estudo sobre as ocorrências de um evento, as exceções
aparentes e as condições em que ele ocorre ou deixa de ocorrer.
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No exemplo acima, a frase final poderia perfeitamente fazer parte do parágrafo que a antecede. No entanto, a
decisão de destacá-la em um único parágrafo concede um impacto adicional à conclusão inevitável dos fatos
apresentados pouco antes. O efeito do parágrafo de frase única, especialmente se for uma frase curta, com
menos de 10 palavras, é equivalente ao da pausa dramática prolongada num discurso falado, representando o
momento em que a plateia, após a tensão da pausa mais longa, reagirá com aplausos, risos ou um “oh” de
estupefação.
Evidentemente, como se trata de um recurso dramático, seu uso não deve ser vulgarizado. Recomendamos que
você limite o uso dos parágrafos de uma única linha ao destaque de ideias-chaves que você deseje induzir o
leitor a memorizar.
Lembre-se: a cada repetição, o impacto será menor.
2. Leitor especializado. Já num texto científico ou filosófico em que você queira apresentar suas ideias
a um público erudito ou especializado, composto de cientistas, filósofos, professores e estudantes de
pós-graduação, você deve se sentir completamente à vontade para redigir parágrafos tão longos quanto
exigido pela complexidade das ideias desenvolvidas em cada um deles.
3. Leitor bem informado. Quando o objetivo do seu texto é dissertativo-argumentativo, isto é, você
pretende demonstrar a um leitor bem informado o seu conhecimento, suas ideias, suas informações e
conclusões sobre um tema específico, você não deve temer o emprego de parágrafos mais longos, com
10 frases ou mais, desde que cada um deles apresente uma, e apenas uma, ideia central.
O autor tenta “espremer” mais de uma ideia principal em cada parágrafo – uma aventura possível, mas
arriscada e, normalmente, desnecessária.
Caso você se concentre exclusivamente em redigir frases que funcionem como holofotes para a ideia central do
parágrafo, jamais redigirá um parágrafo “longo demais”, ainda que composto por dezenas de frases longas e
sintaticamente complexas!
Exercícios
1 – Escolha uma das ideias centrais apresentadas no exercício da lição 42 e redija um pequeno texto composto
de, no mínimo, 10 e, no máximo, 20 frases que desenvolvam essa ideia central em um único parágrafo.
2 – Experimente diferentes formas de “quebrar” o texto produzido no exercício anterior em parágrafos
menores e apresente no espaço abaixo duas dessas versões alternativas.
Resumo da lição
Não pergunte qual é tamanho ideal dos parágrafos do seu texto, mas quem é leitor a quem você se dirige e o
que você pretende dizer a ele.
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1.1 Intimidade. Qual o grau de intimidade que você tem com ele? É um amigo, um colega de
trabalho, um chefe imediato, um chefe com quem jamais teve contato direto?
1.2 Conhecimento. Qual o nível de conhecimento que ele tem do assunto − é um leitor aprendiz,
bem informado ou especializado?
1.3 Hierarquia. Qual a relação hierárquica que se estabelece entre você − o autor − e o leitor? Você
é um professor escrevendo para um estudante, ou um estudante escrevendo para um professor?
Você está escrevendo para um leitor crítico com poder de elogiar ou achincalhar publicamente o
seu texto? Ou, quem sabe, para um examinador ou professor com poder de aprovar e reprovar?
1.4 Uso do texto. O leitor é um “cliente” ou “usuário” potencial das informações expressas em seu
texto? Ele vai se beneficiar de alguma forma ao lê-lo? O que o seu leitor espera fazer com as
informações do seu texto: divertir-se, informar-se, aprender, tomar decisões?
1.5 Grau de atenção esperado. Você está escrevendo para um leitor apressado ou muito ocupado? O
seu leitor lerá seu texto em meio a outras solicitações de atenção − por exemplo, no ambiente de
trabalho − ou estará concentrado exclusivamente na leitura? O seu texto contém informações de
importância crucial para a vida ou o trabalho do seu leitor ou apenas informações genéricas que
ele talvez possa achar interessantes ou úteis?
2 A segunda variável é o seu objetivo ao escrever o texto para o leitor que você definiu na etapa anterior.
Veja alguns exemplos:
2.2 Reforço. Você planeja oferecer informações extras que ajudem o leitor a continuar fiel à sua
opinião atual?
2.3 Ação Você tenciona induzir o leitor a praticar alguma ação em decorrência do seu texto, por
exemplo, comprar, votar, apoiar, compartilhar, divulgar, patrocinar, participar, engajar-se?
2.4 Reflexão. Você pretende conduzir o seu leitor a dedicar algum tempo refletindo sobre as questões
que apresentará em seu texto?
Alexei Gonçalves de
Oliveira
2.5 Sentimento. Você anseia por inspirar em seu leitor sentimentos de atração/repulsa, amor/ódio,
ambição/desapego, esperança/desistência?
2.6 Associação. Você deseja que o seu leitor perceba os elos entre informações que receberá de seu
texto e outras de que ele já dispõe?
2.7 Análise. Você pretende oferecer ao leitor informações que possibilitem uma compreensão ampla
e profunda do funcionamento de algum fenômeno?
2.8 Ensino. Você ambiciona ensinar o seu leitor a fazer alguma coisa?
É fácil perceber que o seu texto mudará radicalmente conforme a articulação entre (1) o leitor e (2) o seu
objetivo ao escrever para esse leitor. Por conseguinte, é impossível estabelecer “regras universais” e “dicas
infalíveis” para a redação de parágrafos de abertura. Também é impossível prever uma “solução certa” para
cada uma de incontáveis combinações possíveis de leitores e objetivos. Possível e desejável, sim, é o
conhecimento e o exercício de um certo número de técnicas consagradas de redação de parágrafos iniciais,
para captar a linha de raciocínio adotada em cada um deles e tomá-la como ponto de partida para o
desenvolvimento de suas próprias soluções em seus próprios textos.
Exercício
O exercício desta lição consiste na preparação de conteúdo que você utilizará nas lições seguintes. Siga estes
passos:
1. Defina um tema, isto é, um assunto que conheça bem ou sobre o qual tenha facilidade de pesquisar e
se informar. Esse tema será usado nos exercícios de redação de parágrafos de abertura das próximas
lições.
Tema:
2. Defina pelo menos 3 diferentes tipos de leitores para os quais você redigirá parágrafos de abertura
sobre o tema definido no passo 1.
Perfil de Leitor nº 1:
Perfil de Leitor nº 2:
Perfil de Leitor nº 3:
3. Defina pelo menos 5 diferentes objetivos para os textos em que abordará o tema definido no passo 1.
Objetivo nº 1:
Objetivo nº 2:
Objetivo nº 3:
Objetivo nº 4:
Objetivo nº 5
Resumo da Lição
(4) A má fama das generalizações vem do fato que são muito frequentes as
generalizações apressadas, defeituosas, mal intencionadas ou, de outra forma,
indevidas, especialmente em discussões fora do âmbito científico e acadêmico. (5) Nas
discussões políticas, então, quando o que está em jogo é o poder, o contexto é de um
autêntico “deus nos acuda”, com os debatedores recorrendo a todo tipo de
generalização indevida para atingir seus objetivos.
Observações:
(1) Observe como, na primeira frase, apelamos à memória do leitor para um fato genérico, do qual ele
provavelmente ouviu falar.
(2) Na segunda frase, apelamos à percepção de uma experiência comum, isto é a expressão facial de quem
faz a afirmação que estamos analisando.
(3) Nesta frase, convidamos o leitor a raciocinar sobre a afirmação e observar, talvez pela primeira vez na
vida, que ela contradiz a si mesma.
(4) Após as observações mais genéricas do primeiro parágrafo, no segundo parágrafo começamos a
explicar porque as generalizações adquiriram má fama, preparando o terreno para que o leitor não
rejeite as informações subsequentes do capítulo, em que ensinamos critérios para fazer boas
generalizações em vez de rejeitá-las aprioristicamente.
(5) Finalmente, na quinta frase, apresentamos um exemplo prático bastante específico e que,
provavelmente, estará disponível na memória do leitor, de uma situação típica em que as
generalizações indevidas quase sempre se tornam a regra, vindo daí a sua má fama.
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Esses dois parágrafos de abertura compõem, na verdade, um conjunto argumentativo que, a rigor, deveria ser
apresentado em um único parágrafo. A opção por quebrá-lo em dois segue a minha intenção de facilitar a
leitura e o estudo usando parágrafos curtos, dado o caráter didático desta obra. Mas essa “quebra” visual não
invalida a técnica da pirâmide invertida, em que o autor progride de uma afirmação genérica na primeira frase
até uma afirmação mais específica na última frase, preparando o terreno para o verdadeiro objetivo do texto,
isto é, demonstrar ao leitor que, apesar da má fama, é preciso aprender a generalizar!
Exercício
Escolha um dos “perfis de leitor” e um “objetivo do texto” na lição 46 e redija um parágrafo de abertura,
constante de 5 a 10 frases, usando a técnica do “funil”.
Perfil do leitor:
Objetivo do texto:
Parágrafo:
Resumo da lição
Uma técnica poderosa para usar nos parágrafos de abertura é a do “funil” ou “pirâmide invertida”, em que o escritor
progride de uma afirmação genérica até uma informação específica, preparando o leitor para ideia que ele realmente
pretende defender.
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Esse foi o parágrafo de abertura de minha dissertação de mestrado… Nada mais “pão, pão; queijo, queijo” do
que isso!
2 – Fato histórico marcante. As pessoas costumam gostar de saber de onde vieram e o que outras pessoas
fizeram de importante ou grandioso antes de seu nascimento. É uma forma de demarcar o “caminho que nos
trouxe até aqui”. Por isso, se o seu tema comporta algum evento histórico marcante, você pode mencioná-lo
diretamente na frase de abertura. Por exemplo:
“A gloriosa história da seleção que mais venceu no mundo - o Brasil pentacampeão - começou
no dia 21 de julho de 1914. No Estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, completamente
lotado, os torcedores assistiram ao primeiro jogo de uma longa trajetória que, nesta segunda-
feira, traz a marca do centenário da maior paixão do povo brasileiro”.
3 – Anedota. Para começar, lembre-se de que uma “anedota” não é uma “piada”, mas uma história curiosa,
real ou inventada, que ilustra o ponto a que você pretende chegar.
Por exemplo:
“Amigos, fui testemunha, certa vez, de um fato prodigioso. Imaginem vocês que ia eu passando
pelo cemitério, quando lá chegou um enterro. Alguém me esperava numa esquina próxima. Mas
há um “charme” na morte, há um apelo que ninguém resiste. Entre um casamento, um batizado
ou um enterro, qualquer um prefere o velório, embora este último não tenha os guaranás e os
salgadinhos dos dois primeiros”.
Fonte: RODRIGUES, Nelson. “Pra que essa gana destrutiva e bestial?” In: A pátria de
chuteiras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013, p. 30.
4 – Fato surpreendente. Informações curiosas, ao estilo “você sabia”, incluindo dados de pesquisas,
15 OLIVEIRA, Alexei Gonçalves de. Mecanismos de distorção cognitiva no processo decisório em marketing: uma análise
crítica sob a perspectiva das teorias descritivas da decisão.
Alexei Gonçalves de
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estatísticas ou fatos históricos, costumam ser ótimos para fisgar o leitor no início de seu texto. Por exemplo:
“Se o governo Dilma extinguisse os quase 24 mil cargos comissionados DAS (Direção e
Assessoramento Superiores) distribuídos a aliados, apenas da administração federal direta, com
fundações e autarquias, seria possível poupar mais de R$ 1,9 bilhão por ano. Desses 23.941
cargos, quase 25% são de livre nomeação, para qualquer ‘cumpanhêro’. Cargos de livre
nomeação custam ao contribuinte R$ 344 milhões/ano”.
5 – Pessoa famosa. O interesse geral pelo que pensam os artistas, intelectuais e jornalistas que atingiram um
status de “celebridade” pode ser usado como eficiente gancho para capturar a atenção do leitor. Por exemplo:
Fonte: AYAN, Luciano. “Por que Rodrigo Constantino está errado em descartar a direita
cética?”. Disponível em http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/16058-2015-09-
14-02-37-32.html, acesso em 17 de setembro de 2015.
6 – Questão bomba. Esta técnica consiste em abrir o texto com uma ou mais perguntas de alto impacto, que
suscitem polêmica e levem o leitor diretamente ao centro de sua argumentação. Por exemplo:
“A Teologia da Missão Integral (TMI) tem ligação com o marxismo? A surpresa não é uma resposta
“sim”. A surpresa é ver o Rev. Augustus Nicodemus, um dos principais líderes da Igreja
Presbiteriana do Brasil (IPB), tocar no assunto, num vídeo curtíssimo (disponível aqui:
https://youtu.be/zxrFTjpRq70)”.
“O que passa pela cabeça desses investidores para provocar uma alta tão intensa do dólar aqui
no Brasil? Será que são os votos no Congresso Nacional? Será que é o medo do impeachment
da presidente Dilma Rousseff? Pode ser a recessão que se abate sobre a economia? A inflação
no patamar atual vai prolongar a crise? E o ministro da Fazenda, Joaquim Levy? Será que ele
aguenta o tranco e fica? E o grau de investimento vai mesmo cair?”
Fonte: HERÉDIA, Thais. Dólar alto é o preço para deixar o Brasil. Disponível em
http://g1.globo.com/economia/blog/thais-heredia/1.html. Acesso em 23 de setembro de 2015.
7 – Etimologia, definição ou significado inesperado. Neste tipo de frase introdutória, você aborda o sentido
de uma palavra-chave para a compreensão do seu texto. Por exemplo:
“De uns tempos para cá, a novilíngua gramscista encontrou no sufixo ‘fobia’ um pé-de-cabra
semântico muito útil ao seu trabalho desonesto no plano da cultura. Basta aplicar o sufixo a
um determinado vocábulo para impor silêncio à divergência. Assim, por exemplo, a palavra
xenofobia tem sido usada em relação a quem considere excessivamente permissivo o ingresso no
Ocidente de imigrantes oriundos do mundo islâmico. Os mais exaltados chegam a identificar
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essa atitude com o nazismo, como se simples recomendações à prudência equivalessem à
construção e uso extensivo de câmaras de gás. E não faltam papagaios para, desde seus poleiros
nos meios de comunicação, correntinha ideológica presa à perna, repetirem incessantemente a
mesma tolice: ‘Xenofobia! Xenofobia!’”.
8 – Divisão analítica do tema. Nesta técnica, você abre o texto apresentando os principais aspectos em que o
tema abordado se divide, e que você desenvolverá no texto. Por exemplo:
“Antes de votar no seu candidato a presidente da República, porém, conheça as três espécies
de políticos: os que convencem a si mesmos e aos eleitores; os que sacam por que os primeiros
são tão bons na arte de convencer; e os que não convencem nem a si próprios nem a ninguém.”
É bom ressaltar que o conjunto de técnicas apresentadas neste capítulo não é exaustivo: você pode e deve,
daqui para frente, tomar nota de todas as frases iniciais de parágrafos de abertura que julgar interessantes,
curiosas, inteligentes, criativas ou eficientes, classificando-as segundo seus próprios critérios e incorporando-
as como técnicas aos seus próprios textos. Agindo assim, brevemente você criará suas próprias técnicas para
redigir frases iniciais de alto impacto.
Exercício
Passo 1: Copie para esta lição o parágrafo que você redigiu no exercício da lição 47.
Passo 2: Crie 4 novas versões de frases iniciais para o parágrafo mencionado no passo 1, usando 4 das técnicas
apresentadas nesta lição.
Passo 3: Se necessário, modifique as frases seguintes para que fiquem compatíveis com cada nova frase de
abertura.
Resumo da lição
A frase inicial do parágrafo de abertura é o anzol que fisga o leitor: cuide para que ela fique bem caprichada!
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(Fonte: SOUZA, Cesar Alexandre de. Sistemas integrados de gestão empresarial: estudos de
casos de implementação de sistemas ERP. Dissertação Apresentada ao Departamento de
Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de
São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Administração.
São Paulo, USP: 2000. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12133/tde-
19012002-123639/publico/CAS-ERP.pdf, acesso em 18 de setembro de 2015)
Duas observações:
1. O autor da dissertação apresentou sua declaração de tese no final do parágrafo. Todos os esforços do
autor, desse ponto em diante de sua dissertação, serão no sentido de ilustrar, teórica e conceitualmente,
bem como através do estudo de casos, a ideia de que os sistemas ERP “permitem interligar e
coordenar as atividades internas das empresas.”
2. O autor não usou, neste ponto do trabalho, os “narizes de cera” que mencionamos no início desta
lição. Em vez disso, ele simplesmente apresentou fatos e argumentos que conduziram suavemente à
declaração de tese.
Resposta: Sim, pode! Mas o efeito costuma ser uma frase inicial de baixo impacto.
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Pergunta 2: Afinal, devo ou não incluir os “narizes de cera” na declaração de tese de tal forma que não
deixe dúvida ao leitor de que ela é minha declaração de tese?
Resposta: Em alguns contextos, talvez você não tenha como escapar, por exemplo, na redação de “resumos”
(“abstracts”) de trabalhos acadêmicos. Veja, por exemplo, um trecho do resumo da dissertação que citamos
anteriormente:
“Este trabalho é um estudo das características dos sistemas ERP, de seus processos de escolha,
implementação e utilização, de seus benefícios, suas desvantagens e de seus possíveis impactos
nas organizações e pretende colaborar para o aprofundamento do conhecimento sobre esses
sistemas e para o desenvolvimento de um modelo teórico que permita analisar os benefícios que
esses sistemas podem trazer para as empresas, bem como as dificuldades a eles relacionadas”.
De forma geral, porém, você deveria evitar “narizes de cera” em todos os pontos do seu texto! Faça-o apenas
quando exigido pelo regulamento da instituição, e apenas nos pontos do texto em que essa exigência ridícula
for obrigatória.
Apesar da restrição estética ao uso de “narizes de cera”, a declaração de tese é um recurso importante a incluir
no parágrafo inicial de textos dissertativos. Por isso, vamos seguir a orientação geral oferecida por Elyssa
Tardiff e Allen Brizee, do Laboratório Online de Redação da Purdue University16. Para esses autores, a cada
tipo de texto corresponde um tipo de declaração de tese:
1. Analítico. Um texto analítico se destina a desmembrar uma questão complexa em suas partes
componentes, explorando as consequências das relações que se estabelecem entre essas partes. A
declaração de tese analítica explicará o que você vai analisar, com que objetivo e que resultado o
leitor deve esperar dessa análise.
Exercício
Para cada um dos quatro parágrafos que você redigiu na lição 47, redija uma frase de encerramento diferente,
no formato de “declaração de tese”.
16 TARDYFF, Elyssa, BRIZEE, Allen. Tips and Examples for Writing Thesis Statements. Disponível em
https://owl.english.purdue.edu/owl/resource/545/01/ . Acesso em 18 de setembro de 2015.
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Resumo da lição
A frase de encerramento do parágrafo inicial normalmente expressará sua declaração de tese, isto é, uma explicação ao
leitor sobre o que você pretende apresentar em seu texto e porque ele deveria estar interessado em lê-lo até o final.
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Observe o título desta lição: “Coisas que você não pode afirmar”. Será que vamos tratar, aqui, de “coisas que
você pode negar”?
Ou, em termos mais diretos: dizer que alguém “não pode afirmar” é idêntico a dizer que, a essa pessoa, “é
possível negar”?
Certamente, não. Há um imenso conjunto de coisas que não se pode afirmar mas que, ao mesmo tempo,
também não se pode negar − o conjunto de todas coisas que não sabemos!
Por exemplo, não podemos afirmar que existe vida em outra galáxia. Porém, também não podemos negar a
possibilidade de que exista vida em outra galáxia. Como não conhecemos cada um dos locais do Universo em
que, ao menos em tese, poderia haver vida, não podemos verificar, em cada um deles, se existe ou não vida
nesses locais.
Observe, agora, o raciocínio da seguinte frase:
Não chove há vários dias; portanto, o gramado está seco.
Será que podemos afirmar, com certeza, que o gramado está seco só porque não chove há vários dias?
De fato, não. Um gramado pode estar molhado porque alguém decidiu irrigá-lo. Também pode estar molhado
devido a um vazamento na tubulação de água ou por diversos outros motivos. Ou seja, não se pode afirmar que
o gramado está seco somente com base na informação de que não chove há vários dias!
Este é um exemplo bastante óbvio, fácil de entender. Agora, veja este outro exemplo, constante de um artigo
do famoso matemático inglês Alan Turing:
“A partir disso, argumenta-se que não podemos ser máquinas. Tentarei reproduzir o argumento
mas temo que terei dificuldade em fazer-lhe justiça. Parece que pode ser expresso mais ou menos
assim: ‘se cada homem tivesse um conjunto definido de regras de conduta a partir das quais ele
regulasse sua vida, ele não seria melhor do que uma máquina. Mas não há tais regras, portanto
os homens não podem ser máquinas”.17
Aqui, estamos diante de um raciocínio bem mais complexo. O argumento é o de que o homem não pode ser
uma máquina porque não segue um conjunto definido de regras. Mas não é difícil perceber que essa afirmação
será verdadeira apenas se todas as máquinas que existem seguirem um conjunto definido de regras!
Se existir apenas uma máquina que não siga um conjunto definido de regras, então não poderemos afirmar,
com base nesse argumento, que o homem não é uma espécie de máquina.
Mais: ainda que o homem seja a única “máquina-que-não-segue-um-conjunto-definido-de-regras”, ele poderá
ser considerado uma máquina − sempre, é claro, conforme a definição que se faça da palavra “máquina”.
Lembremo-nos de que a Lógica não nos diz nada sobre o que é uma máquina, nem sobre o que é um homem.
O que a Lógica pode fazer por nós é avaliar se podemos ou não afirmar que um “homem” é ou não uma
“máquina” segundo as definições que nós mesmos adotamos para essas palavras!
Para saber o que podemos e o que não podemos afirmar sobre uma coisa, é necessário:
17Tradução do autor. Texto original: “From this it is argued that we cannot be machines. I shall try to reproduce the
argument, but I fear I shall hardly do it justice. It seems to run something like this. "if each man had a definite set of
rules of conduct by which he regulated his life he would be no better than a machine. But there are no such rules, so
men cannot be machines’." (TURING, A. M. Computing machinery and intelligence. Disponível em
http://www.loebner.net/Prizef/TuringArticle.html. Acesso em 22 de setembro de 2015).
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1. Conhecimento. Você só pode fazer afirmações sobre o que você conhece − isto é, sobre temas que
você estudou, investigou, analisou ou experimentou pessoalmente, de forma tão completa quanto
possível.
2. Imaginação. As afirmações são possíveis apenas após você explorar, em sua imaginação, todas as
possibilidades de descartá-las. Se você tiver certeza de que não é possível imaginar uma única
situação em que seja possível contestar sua afirmação, não deve temer enunciá-la, com todas as letras,
confiante de que ela sobreviverá a todas as tentativas de contestação.
Isso nos leva a uma ponderação sobre a regra, muito comum em cursinhos de redação, que aconselha o
estudante a “evitar afirmações taxativas”.
Trata-se de uma redundância. Uma afirmação que não é “taxativa”, não é uma “afirmação” mas, mais
adequadamente, diríamos que é uma “enrolação”, uma “embromação”, ou qualquer outra palavra do mesmo
calibre.
Basicamente, trata-se de um conselho para estudantes despreparados, de quem se exige “uma redação” sobre
tema que eles, sabidamente, não dominam. Ou seja, faltando até mesmo os conhecimentos mais elementares
sobre o tema da redação, aconselha-se que o estudante aprenda a expressar-se de forma ambígua, de tal sorte
que possa “afirmar o contrário” do que disse, caso seja contestado!
Definitiva − e taxativamente − não podemos afirmar que esse é um conselho ético!
De fato, ninguém deve escrever sobre um tema que desconheça tão completamente que não seja capaz de
afirmar nada, sendo obrigado a “enrolar a língua” para não ser flagrado na ignorância!
A única forma honesta de fazer uma redação é estudar o tema, afirmar o que sabe e apresentar explicitamente
como dúvida ou especulação aquilo que não puder afirmar.
Sim, é possível fazer uma redação interessante, inclusive apresentando alguns pontos de sua própria ignorância
de uma forma honesta, sem “enrolação”. Basta que você fundamente sua especulação em fatos e reconheça as
possibilidades de contestação, inclusive imaginando argumentos e situações que poderiam contestar o que você
diz. Veja algumas fórmulas que indicam explicitamente que você está fazendo uma especulação:
Diante desses fatos, é lícito supor que….
Embora, sem dúvida, seja possível criticar nossa posição, os fatos apresentados sugerem que não
devemos descartar a hipótese de que….
Os críticos dirão, com alguma probabilidade de acerto, que estamos errados neste e neste ponto, mas
estamos confiantes de que todos os indícios apontam na direção que indicamos, ainda que alguns
detalhes estejam sujeitos a revisão futura.
Se não surgirem fatos novos nos próximos dias, a tendência é que o resultado seja….
Na ausência das condições X e Y, é inevitável que….
OBSERVAÇÃO: Jamais use chavões como “Salvo engano” e outras fórmulas com sabor de sopa
de pacote!
Esse tipo de redação é muito mais valioso do que aqueles textos pomposos que tentam esconder a ignorância
do autor por trás de um vocabulário “enrolado” e uma sintaxe incompreensível em parágrafos caudalosos mas
desprovidos de uma ideia central identificável.
Em síntese: só afirme o que você conhece. Quanto ao resto, especule com base em fatos, sempre deixando uma
honesta abertura à contestação.
Exercício
Pesquise na internet artigos em que o autor faça afirmações temerárias, sem fundamento em fatos. Leia os
argumentos dessa pessoa e escreva um curto parágrafo, com poucas frases, que mostre como ela poderia ter
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apresentado suas ideias em forma de especulação honesta, com maior humildade intelectual.
Resumo da lição
Só afirme o que você conhece. Quanto ao resto, especule com base em fatos, sempre deixando uma honesta abertura à
contestação.
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Como pode ver, a técnica do “E daí” consiste em simular um diálogo em que você pergunta a si mesmo,
insistentemente:
1. O que você, autor, tinha em mente ao escrever o texto e
2. Qual foi o resultado ou benefício auferido pelo leitor com a leitura do texto completo.
Usando esta técnica, você sempre será capaz de produzir um parágrafo de conclusão interessante para o seu
leitor.
Exercício
Escolha um dos parágrafos que você redigiu na lição 47 e, após imaginar um desenvolvimento de ideias (que
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você redigirá em outra lição mais adiante) redija um parágrafo de conclusão usando a técnica do “E daí?”.
Resumo da lição
Você jamais escreverá um parágrafo de conclusão “chato”, mesmo que lhe falte inspiração, se usar a técnica do
“E daí?”.
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Exercício
Escolha um dos parágrafos que você redigiu na lição 47 e, após imaginar um desenvolvimento de ideias (que
você redigirá em outra lição mais adiante) redija um parágrafo de conclusão que inclua pelo menos 4 dos
recursos apresentados nesta lição.
Resumo da lição
O parágrafo de conclusão é a sua última oportunidade de realçar a ideia central de seu texto. Aproveite!
18 A explicação que se segue é parcialmente baseada em CAPITAL COMMUNITY COLLEGE FOUNDATION. Concluding
Paragraphs. Disponível em http://grammar.ccc.commnet.edu/grammar/composition/endings.htm. Acesso em 23 de
setembro de 2015.
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Importante!
A persuasão, num texto dissertativo-argumentativo, deve ser empregada com extrema cautela e, em
caso de dúvida, eliminada. Caso você decida recorrer à persuasão em um texto dissertativo-
argumentativo, recomendamos esperar até os parágrafos finais, após a apresentação completa de todos
os fatos e argumentos que justificarão o apelo à emoção do leitor.
Exercício
Volte ao exercício da lição 51 e crie um parágrafo de desenvolvimento que contenha fatos e/ou argumentos que
conectem o parágrafo de abertura ao parágrafo de encerramento que você redigiu naquela lição.
Resumo da lição
Evidentemente, um escritor com limitada experiência tenderá a produzir parágrafos muito parecidos uns com
os outros, criando um texto que, no geral, soará monótono. Por isso, nesta lição e nas seguintes, você exercitará
sete técnicas de desenvolvimento de parágrafos que o ajudarão a ganhar versatilidade e a evitar a monotonia
mesmo em textos bastante longos.
A primeira técnica a abordar é a mais simples, mas também muito poderosa: a enumeração. A enumeração tem
diversas vantagens:
Demonstra ao leitor a amplitude de seu conhecimento sobre o assunto, ao apresentar diversos itens
de informação sobre um mesmo tema.
Desencoraja as críticas, já que o leitor teria que derrubar não apenas um fato ou argumento, mas toda
a série de fatos ou argumentos apresentados na enumeração.
Exerce efeito persuasivo indireto ao reforçar uma ideia com tantos fatos ou argumentos diferentes
que não resta opção ao leitor senão render-se à sua visão do problema abordado no texto.
Força o leitor a acompanhar o seu raciocínio, já que você apresentará as ideias em uma sequência
lógica predeterminada.
Nesta obra, devido a seu cunho didático, empregamos extensivamente as enumerações. Nos parágrafos acima,
empregamos a enumeração por lista desordenada, usando marcadores (●) para destacar visualmente os itens da
lista e explicitar ao leitor que se tratam de elementos de um mesmo conjunto, isto é, o “conjunto das vantagens
da enumeração”.
A lista desordenada é apenas uma maneira de apresentar uma enumeração. Ainda no terreno das listas, a
enumeração do “conjunto das vantagens da enumeração” poderia ter sido apresentada sob a forma de uma lista
ordenada numérica (com algarismos arábicos ou romanos), alfabética (maiúsculas ou minúsculas) ou
alfanumérica (combinação de números e letras). Em geral, as listas ordenadas devem ser reservadas aos
seguintes casos:
1 Conjuntos em que os elementos componham uma sequência, seja cronológica ou de outro tipo.
2 Conjuntos complexos, com diversos níveis de subconjuntos, não se esquecendo de que:
2.1 Os subitens devem receber destaque e numeração especial.
2.2 É importante evitar excesso de subníveis em uma enumeração ordenada.
Além das listas, é possível fazer uma enumeração sob a forma de “texto corrido”. Por exemplo, veja como
poderíamos enumerar o “conjunto das vantagens da enumeração” usando esta técnica:
“As enumerações têm diversas vantagens. Primeiramente, demonstram ao leitor a amplitude de
seu conhecimento sobre o assunto, ao apresentar diversos itens de informação sobre um mesmo
tema. Em segundo lugar, desencorajam as críticas, já que o leitor teria que derrubar não
apenas um fato ou argumento, mas toda a série de fatos ou argumentos apresentados na
enumeração. Terceiro: exercem efeito persuasivo ao reforçar uma ideia com tantos fatos ou
argumentos diferentes que não reste opção ao leitor senão aceitar sua visão do problema
abordado no texto. Finalmente, as enumerações forçam o leitor a acompanhar o seu raciocínio,
já que você apresentará as ideias em uma sequência lógica predeterminada.”
Os itens da enumeração sob a forma de “texto corrido” não precisam ser apresentados todos no mesmo
parágrafo, desde que você utilize expressões identificadoras de enumeração. Veja, na figura 8, uma
representação esquemática deste conceito.
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Figura 8: Os elementos da
enumeração não precisam
estar todos no mesmo
parágrafo.
Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e crie um parágrafo de desenvolvimento usando a técnica da enumeração com
texto corrido. Em seguida, converta esse parágrafo para a forma de lista, seja desordenada ou ordenada, a seu
critério.
Resumo da lição
As enumerações são um recurso simples e poderoso para o desenvolvimento de parágrafos, seja sob a forma de listas
desordenadas, listas ordenadas ou de texto corrido.
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Observe como, no exemplo, o jornalista está comparando dois partidos com base na mesma variável numérica:
o número de filiações e desfiliações em determinado período de tempo. Mas a oposição também pode ser
qualitativa, como nestes versos da música “Azul da Cor do Mar”, de Tim Maia:
“Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir
Tenho muito pra contar, dizer que aprendi
E na vida a gente tem que entender
Que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”
(MAIA, Tim. Azul da cor do mar. Apud Um nasce para sofrer enquanto o outro ri. Disponível em
http://atrasdamusica.tumblr.com/post/32480872746/um-nasce-pra-sofrer-enquanto-o-outro-ri . Acesso em 09
de outubro de 2015.)
Um outro bom exemplo de oposição qualitativa é oferecido pela jornalista Isabel de Luca, correspondente do
jornal “O Globo”, ao apresentar uma trágica situação humana que se desenrola sobre um paradisíaco pano de
fundo:
“Do outro lado do Mar Egeu, na ilha de Kos, a beleza do castelo medieval Neratzia, as praias
banhadas por águas azuis cristalinas — e pedrinhas no lugar da areia branca — escondem um
cenário bem menos paradisíaco. É essa pequena ilha, de apenas 33 mil habitantes, uma das
principais portas de entrada de milhares de imigrantes ilegais em busca de uma vida melhor na
Europa. Segundo o Alto Comissário da ONU para Refugiados (Acnur), somente em julho, 50 mil
pessoas chegaram às ilhas gregas. Apenas em Kos estão alojados precariamente cerca de 7.000
refugiados, a maior parte vindos da Síria. E, na semana passada, todo o desalento com a falta de
infraestrutura adequada explodiu em violência”.
(LUCA, Isabel de. Enquanto isso, do outro lado do Egeu, Kos é cenário de fome e desalento
para os imigrantes. Disponível em http://oglobo.globo.com/economia/enquanto-isso-do-outro-
lado-do-egeu-kos-cenario-de-fome-desalento-para-os-imigrantes-17198390. Publicado em 15 de
agosto de 2015, atualizado em 16 de agosto de 2015).
A oposição também pode ser feita de modo mais sistemático, usando uma tabela comparativa, um recurso
muito utilizado por fabricantes para explicitar as diferenças de recursos e preços entre diversas versões de um
mesmo produto, como na figura 9.
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A tabela comparativa também pode ser usada para oposições entre fatos históricos, pessoas, países e muitas
outras situações. Use-a quando tiver um número relativamente grande de fatores de comparação que torne
inviável a sua apresentação sob a forma de texto corrido.
Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e crie dois parágrafos de desenvolvimento usando a técnica da oposição, sendo
um de oposição quantitativa e, o outro, de oposição qualitativa.
Resumo da lição
Use a técnica da oposição quando você tiver dados e informações quantitativos ou qualitativos que possa apresentar em
oposição à ideia central do parágrafo. Quando a quantidade de dados para comparação for muito grande, use uma tabela
comparativa.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
A afirmação acima só será verdadeira se a pessoa não tiver um grande volume de dívidas. Se a pessoa ganhou
1 milhão, mas deve 2 milhões, ela não ficou “rica” mas, apenas, “menos endividada”!
A informação de que alguém tem em sua posse uma quantidade qualquer de dinheiro, não importando o quão
grande seja essa quantidade, não é suficiente para afirmarmos que ela é, está ou ficou “rica”. Por outro lado, só
podemos afirmar que é rica uma pessoa que tem, à sua disposição, uma grande quantidade de dinheiro. Caso
não tenha, nem é preciso perguntar mais nada: essa pessoa, definitivamente, não é rica!
Em síntese, a posse de grande quantidade de dinheiro é uma condição necessária, mas não suficiente, para
afirmarmos que uma pessoa é rica.
Agora, veja o seguinte exemplo:
Raimundo não é rico, afinal, ele sequer tem um iate.
Ora, do mesmo modo que a propriedade de um iate não é uma condição para afirmar que uma pessoa é ou não
“rica” − por exemplo, ele pode tê-lo recebido de herança ou ganho em um sorteio − não ter um iate também
não é! Afinal, ele pode ter optado por não ter um iate, por absoluta falta de interesse em viagens ou passeios
marítimos.
Portanto, quando você estiver redigindo um texto verifique se apresentou todas as condições necessárias e
suficientes para validar as suas afirmações mais contundentes ou sujeitas a provocar polêmica.
Por outro lado, também é importante verificar se você não está incluindo em seu texto informações
desnecessárias, isto é, fatos, argumentos ou outras afirmações que não contribuem para validar suas
afirmações, servindo apenas para demonstrar “erudição”, “expertise profissional” ou qualquer outra finalidade
não relacionada ao objetivo do texto. A boa prática da redação recomenda que se evite dispersar a atenção do
leitor; por isso, esforce-se sempre para limitar a validação de suas afirmações à apresentação de um conjunto
de condições necessárias e suficientes. Resista ao impulso de “enfeitar o pavão” e você causará uma impressão
muito melhor em seus leitores.
Exercício
1. Redija uma frase que contenha uma afirmação contundente sobre um assunto qualquer, à sua escolha.
2. Apresente, sob a forma de uma lista, as condições necessárias e suficientes para que essa afirmação
seja considerada verdadeira ou falsa, conforme o caso.
Resumo da lição
As afirmações mais contundentes de seu texto devem ser acompanhadas da descrição de todas as condições
necessárias e suficientes para que elas sejam consideradas verdadeiras, excluindo também todas as
informações desnecessárias.
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Exercícios
Volte ao exercício da lição 52 e crie um parágrafo de desenvolvimento usando a técnica da analogia.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da lição
As analogias estimulam a imaginação do leitor com o objetivo de ajudar a esclarecer um ponto obscuro ou difícil nas
ideias do autor, não sendo capazes de substituir a apresentação de fatos e argumentos.
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Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e desenvolva um parágrafo através da técnica do exemplo.
Resumo da lição
Os exemplos representam uma prova de que você realmente entendeu a aplicação prática dos conceitos que apresenta em
seu texto.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
1.1 Esta é a situação mais simples: apresente a causa e, em seguida, mostre como ela conduz ao
efeito.
1.2 Alternativamente, você pode apresentar o efeito e, em seguida, demonstrar como ele é um
resultado de uma, e apenas uma, causa.
2.1 A forma mais prática é apresentar a causa e, em seguida, os efeitos práticos dessa causa.
2.2 Uma possibilidade com maior efeito dramático e, também, maior risco de dispersão, é
apresentar todos os efeitos e, em seguida, demonstrar que todos eles têm a mesma causa em
comum.
3.2 Demonstre o modo como a articulação das diferentes causas produz um, e apenas um, efeito.
4.1 Esta é a situação mais complexa de todas e, normalmente, exige diversos parágrafos,
subcapítulos ou até mesmo, vários capítulos inteiros para seu desenvolvimento. A maneira mais
óbvia de desembaraçar-se desse tipo de situação é:
4.1.2 Demonstre que esse conjunto de causas produz o conjunto de efeitos que você
apresentará no(s) parágrafo(s) seguinte(s).
A situação 4 exige estudo especializado durante um longo período de tempo, sendo reservada a textos
acadêmicos de cunho científico ou filosófico.
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Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e desenvolva um parágrafo através das técnicas 2 ou 3 da apresentação de
relações de causa e efeito. As relações de causa e efeito, para efeito deste exercício, podem ser fictícias, pois
nosso objetivo aqui é apenas exercitar a técnica de apresentação.
Resumo da lição
Se você obteve, por meio de estudos teóricos, pesquisas ou levantamento de fatos, uma clara compreensão de uma relação
de causa e efeito, você deve utilizá-la no desenvolvimento de parágrafos.
Alexei Gonçalves de
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Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e desenvolva um pequeno conjunto de parágrafos empregando a técnica da
análise, conexão e síntese. Como sempre, você pode se basear em informações fictícias, pois o objetivo aqui é
apenas exercitar a técnica de redação.
Resumo da lição
A técnica de desenvolvimento por análise, conexão e síntese é a que requer maior domínio intelectual do objeto por parte
do escritor. Certifique-se de saberá descrever e explicar com o máximo de clareza e objetividade cada um dos itens que
apresentará em seu texto.
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Algumas vezes, o objeto da redação ou do parágrafo é o significado e o sentido − lembre-se da lição 11! − de
uma palavra ou conjunto de palavras. Na lição 15, vimos como algumas palavras como “Filosofia” ou
“Liberdade” podem render milhões de palavras em muitos milhares de publicações. Assim, caso a sua redação
inclua ao menos uma palavra de sentido muito amplo, ambíguo ou controverso, você pode, justificadamente,
desenvolver um parágrafo ou conjunto de parágrafos para introduzir a discussão sobre essa palavra em seu
texto.
A técnica da definição foi extensamente estudada nas lições 16 a 20 deste curso. Sinta-se à vontade para
recorrer a ela sempre que for necessário desfazer uma ambiguidade, expressando-se de forma inequívoca para
seu leitor.
Um recurso que pode render um ou mais parágrafos de reflexão é a Etimologia, isto é, o estudo da origem da
palavra que você está abordando. Por exemplo, é possível que pouca gente saiba que a palavra “nostalgia” é
formada pela aglutinação de duas palavras gregas: “nostos”, que significa “regresso”, e “algos”, que significa
“dor”. Deste modo, dizemos que sentimos “nostalgia” quando “regressamos” mentalmente a uma situação ou
lugar do passado e essa lembrança provoca uma espécie de “dor” emocional. Até mesmo uma explicação
simples como esta pode suscitar uma série de reflexões e conclusões interessantes e inesperadas, a depender do
tema que você precise abordar.
A conceituação é um recurso mais elaborado do que os anteriores e que, normalmente, envolve a redação de
bem mais do que um parágrafo, não sendo incomum que se estenda por capítulos e livros inteiros. Alguns
autores chegam a dedicar toda a sua vida produtiva à conceituação de certas ideias altamente complexas ou de
importância fundamental para o destino da humanidade.
Em sua manifestação mais simples, a técnica da conceituação consiste na exploração do sentido de uma
palavra a partir da “constelação” de palavras a ela relacionadas. Por exemplo, uma conceituação da palavra
“Filosofia” poderia incluir o desenvolvimento do sentido e do significado de palavras como “ser”, “ente”,
“existência”, “sabedoria”, “conhecimento”, “ética” e “estética”.
Evidentemente, a técnica da conceituação não se limita a simples listas de definições, podendo incluir
exploração de relações lógicas e factuais, o confronto do raciocínio abstrato com exemplos e casos práticos, a
exploração das consequências gerais de dados de pesquisa empírica ou, inversamente, a consequências
empíricas de certas ideias de validade geral, entre muitas outras. O objetivo do autor de uma conceituação é
obter um entendimento “denso” de uma ideia complexa que influencie e receba a influência de múltiplas
ideias, todas elas, em si mesmas, também bastante complexas.
Veja a seguir um exemplo simplificado de aplicação, à redação de um parágrafo, de todas as técnicas descritas
nesta lição:
(1) A palavra “lar”, em seu sentido mais básico, designa a casa onde moram as pessoas da
mesma família. (2) A palavra chegou até nós diretamente do latim e, originalmente, era o nome
do deus protetor da casa. (3) Ao longo do tempo, a palavra lar adquiriu um sentido mais rico,
para indicar mais do que um simples lugar, estando relacionada a ideias como proteção,
aconchego e segurança, enfim, uma sensação geral de “acolhimento”. O sentido também foi
ampliado e incorporado a certas disciplinas científicas. Por exemplo, em sentido econômico, o
“lar” representa a unidade básica de consumo e formação das forças produtivas. Já num sentido
antropológico e sociológico, o “lar” pode ser entendido como a unidade básica de formação da
sociedade, onde os comportamentos, crenças e valores sociais são transmitidos de uma geração
a outra.
(1) Definição
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Oliveira
(2) Etimologia
(3) Conceituação
Um recurso desenvolvido para ajudar cientistas e pesquisadores a conceituar mais precisamente os seus
problemas de pesquisa, mas que também pode ser empregado por escritores como auxílio à redação de
parágrafos de desenvolvimento tanto por conceituação quanto por análise, síntese e conexão, é o “mapa
conceitual” ou “mapa mental”. Nele, o escritor organiza visualmente as diversas palavras relacionadas ao tema
da sua pesquisa, o que facilita a identificação rápida do todo, das partes componentes e suas conexões. Veja um
exemplo na figura 11.
Figura
O mapa conceitual é um recurso tão útil
para o escritor que você deve adquirir
desde já o hábito de jamais começar a
redigir qualquer texto dissertativo-
argumentativo sem mapear os diversos
assuntos que pretende abordar. O
método mais simples 11: Um exemplo de mapa mental, criado com o software de de fazer um mapa
conceitual consiste código aberto Freemind, que pode ser usado produzir um em redigir uma lista,
ordenada ou não, texto de conceituação da palavra “Empresa”. que organize
visualmente os assuntos em tópicos
e subtópicos. Por exemplo, veja como o mapa conceitual da figura 9 poderia ter sido apresentado sob a forma
de lista de tópicos:
Empresa
◦ Ambiente cultural
▪ Empreendedorismo
▪ Confiança nas empresas.
◦ Ambiente jurídico
▪ Legislação
▪ Instituições
◦ Concorrentes
▪ Nacionais
▪ Estrangeiros
Importados
Atuantes no país
◦ Clientes
▪ Consumidores finais
▪ Empresas privadas
▪ Governos
◦ Economia
▪ Variáveis macroeconômicas
▪ Políticas governamentais
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▪ Infraestrutura
◦ Estilo de organização
▪ Técnicas de gestão
▪ Tecnologia
▪ Grau de centralização
Outra maneira de desenvolver um mapa conceitual é desenhá-lo no papel, rascunhando e rabiscando o seu
desenho até chegar à forma mais adequada a seu objetivo. Se você gosta de trabalhar com computadores, o uso
de softwares como o Freemind (http://freemind.sourceforge.net/), uma ferramenta gratuita e de código aberto,
permite que você crie mapas conceituais visualmente agradáveis para ideias bastante complexas com o mínimo
de esforço.
Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e redija:
1. Um parágrafo empregando a técnica da definição.
2. Um parágrafo explorando a etimologia de uma palavra-chave do tema abordado.
3. Um mapa conceitual, usando tópicos e subtópicos, da palavra-chave acima.
Resumo da lição
A definição, a etimologia e a conceituação são técnicas essenciais para a exploração intelectual do sentido de palavras,
sendo que a técnica da conceituação pode se tornar muito mais fácil se você contar com o auxílio de mapas mentais.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Nas conversas cotidianas com amigos e pessoas da família, é relativamente raro que alguém sinta necessidade
de “provar” ou de exigir uma “prova” das afirmações feitas por ambas as partes. Porém, mesmo nas conversas
informais, quando alguém faz uma afirmação que consideramos “ousada”, ficamos desconfiados e pedimos
que nosso interlocutor “prove” a veracidade do que está dizendo.
Mas, afinal, o que é uma “prova”? Numa definição simples, uma “prova” é a reunião de evidências em
quantidade e qualidade suficientes para estabelecer a verdade de uma afirmação. Deste modo, podemos dizer
que as “provas” integram duas características fundamentais:
1. “Evidências” são fatos que dão suporte à afirmação. Podem assumir a forma de testemunhos, documentos,
experimentos científicos, dados estatísticos, testes de laboratório, argumentos racionais desenvolvidos a partir
de preceitos teóricos, entre muitas outras.
2. A quantidade e a qualidade das evidências consideradas suficientes para estabelecer a “prova” de uma
afirmação podem variar muito, tanto em função da área de conhecimento — as “provas” exigíveis e aceitáveis
em Direito serão bem diferentes das “provas” exigíveis e aceitáveis em Medicina, Química, Economia ou
Filosofia, por exemplo — quanto da subjetividade de quem exige a prova. Uma pessoa crédula ou simpática a
uma ideia exigirá menos provas do que uma pessoa mais desconfiada ou cética. Por outro lado, nenhum
conjunto de evidências, por mais fortes que sejam, jamais será considerado suficiente por uma pessoa cuja
visão de mundo ou cujos interesses sejam contrariados por uma afirmação específica.
Embora o fator subjetivo tenha um peso importante na aceitação de um conjunto de evidências como “prova”,
o fato é que encontramos mais erros por falta de evidências do que por excesso de ceticismo nas discussões em
todas as áreas de conhecimento. O motivo é simples e compreensível: as pessoas, quando se entusiasmam com
uma ideia, tendem a procurar evidências que reforcem a afirmação, encarando com má vontade ou
simplesmente ignorando todas as evidências que a contrariem. Trata-se um fenômeno normal no ser humano
que também funciona na direção oposta: o sujeito que já está “convencido” de uma ideia, combate com árduo
ceticismo e desdenha de toda ideia nova que o desafie.
A consequência inevitável é que o escritor, mais uma vez, precisa focalizar o tipo de leitor a que dirige seu
texto antes de se decidir quanto à ênfase que dará à apresentação de “provas” de suas afirmações:
Conhecimento prévio. Um leitor “leigo” tenderá a se satisfazer com evidências mais fracas e em
menor quantidade do que o leitor especializado.
Inclinação a acreditar. Um leitor que já faça parte de um círculo de “crentes” em uma determinada
ideia exigirá menos evidências do que um leitor indiferente ou cético.
Custo do erro. Os leitores que tenham mais a perder caso uma ideia esteja errada tenderão a ser mais
céticos do que os demais.
Novidade e familiaridade. A afirmação de ideias novas requer mais evidências e maior compromisso
com a prova do que de ideias com as quais o leitor já esteja familiarizado.
Credibilidade do escritor junto aos leitores. Quando autor já tem uma trajetória profissional ou
acadêmica que lhe confere um maior grau de credibilidade e boa vontade junto aos leitores, ele tem
menor necessidade de reunir grande quantidade de evidências para comprovar o que afirma.
Banca avaliadora. Quando seu texto será avaliado em seus méritos profissionais ou acadêmicos por
uma banca avaliadora, como no caso de teses de mestrado e doutorado, relatórios à diretoria de uma
empresa ou redações e questões discursivas em concursos públicos, é prudente esperar a máxima
exigência quanto à apresentação de provas de suas afirmações.
Comunidade científica. Os artigos e trabalhos dirigidos à comunidade científica, caso cheguem a
despertar algum interesse, serão submetidos a minucioso escrutínio, de modo que qualquer afirmação
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não fundamentada em um forte conjunto de evidências será desprezada, escarnecida e brutalmente
criticada.
Um último alerta necessário é sobre a necessidade de não confundir “prova” com “especulação”. Enquanto
“provar” é demonstrar de forma definitiva que uma afirmação é verdadeira, “especular” é usar a imaginação
para afirmar uma possibilidade — isto é, algo que ainda não foi provado — a partir de um conjunto de
evidências.
Por exemplo, se uma câmera de segurança filmou todos os atos de uma pessoa enquanto ela cometia o crime,
está “provado” que ela é realmente a criminosa. Por outro lado, se a pessoa “foi vista” à distância saindo do
local de um crime, este fato pode ser suficiente apenas para “especulações” sobre sua participação no crime.
Portanto, a inclusão de “especulações” no seu texto pode ser válida desde que (1) você já tenha apresentado
um número suficiente de evidências para apoiá-las, embora não para “prová-las” e (2) você diga claramente
que se trata de uma especulação e que seu objetivo é instigar a investigação do tema pelo seu leitor.
Exercício
Volte ao exercício da lição 50 e, após reler o caso completo, redija uma lista de evidências que, caso fossem
confirmadas, seriam suficientes para convencê-lo das ideias apresentadas no artigo.
Resumo da lição
A quantidade e a qualidade das evidências que você apresentará como “prova” de suas afirmações deverão ser ajustadas à
área de conhecimento e ao tipo de leitor a quem você se dirige.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Se você completou com seriedade e dedicação todos os exercícios das lições 53 a 61, você tem, hoje, uma bela
coleção de parágrafos de desenvolvimento que conectam uma das introduções que você criou na lição 47 à
conclusão que redigiu na lição 52.
Você redigiu cada um desses parágrafos de desenvolvimento usando uma técnica diferente, o que provou a
você, na prática, que o seu texto não precisa ser uma sequência “chata” de pedaços de texto escritos sempre do
mesmo modo. Muito pelo contrário, você aprendeu 7 métodos diferentes de desenvolvimento de parágrafos,
sendo que cada um desses métodos comporta dezenas de variações, algumas das quais você também estudou e
exercitou.
O aprendizado desses métodos de redação de parágrafos de desenvolvimento significa também que você nunca
mais poderá reclamar de “falta de inspiração” para desenvolver suas ideias em um texto. Afinal, quando a
“inspiração” falhar, você sempre poderá voltar a esta obra e consultar as lições 53 a 61.
Para que você ganhe autoconfiança e veja o quanto o seu texto progrediu desde o início do curso, copie e cole
numa mesma página o parágrafo de introdução e o parágrafo de conclusão que deram origem aos parágrafos de
desenvolvimento. Em seguida, copie e cole, entre a introdução e a conclusão, os parágrafos de
desenvolvimento que você redigiu para esses parágrafos. Se necessário, mude a ordem de apresentação dos
parágrafos, para que formem uma sequência lógica. Fique à vontade para acrescentar algumas frases não
constantes dos parágrafos originais para criar conexões mais suaves e coerentes entre as diversas ideias.
O objetivo deste exercício é fazê-lo perceber, na prática, que …
1. … uma vez que você sabe o que vai dizer (introdução), …
2. … em que ordem vai dizer (desenvolvimento) …
3. … e o ponto a que quer chegar (conclusão) …
… o ato de redigir é, essencialmente, uma questão de usar vocabulário adequado (parte 1) em frases com
inteligente estrutura sintática (parte 2) dispostas em parágrafos coerentes (parte 3) que se sucedem de
acordo com um plano racional (parte 4 e seguintes − calma, daqui a pouco você chegará lá!).
Provavelmente, você não produzirá um texto fechado “perfeito”, nem totalmente coerente simplesmente
juntando parágrafos produzidos em lições isoladas. O importante é que você perceba como o efeito conjunto
das diversas técnicas produz um texto dinâmico e interessante, muito longe de ser monótono. Divirta-se!
Resumo da lição
Uma vez que você sabe o que vai dizer (introdução), em que ordem vai dizer (desenvolvimento) e o ponto a que quer
chegar (conclusão), o ato de redigir é, essencialmente, uma questão de empregar vocabulário adequado em frases com
inteligentes estruturas sintáticas, dispostas em parágrafos coerentes que se sucedem de acordo com um plano racional.
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Cada parágrafo que você redigir deve conter uma ideia central. Assegure-se de que todas as frases que
você incluir em um parágrafo estejam (1) relacionadas à ideia central e (2) conectadas logicamente
umas às outras.
As ideias a que você quer que o leitor conceda maior destaque devem ser posicionadas nas frases mais
próximas do início do parágrafo.
As conclusões a que você deseja induzir o leitor a partir dessas ideias principais devem surgir nas
frases mais próximas do final do parágrafo.
As frases intermediárias devem conter a argumentação ou os fatos com que se pretende induzir o leitor
à conclusão expressa na última frase.
Não pergunte qual é tamanho ideal dos parágrafos do seu texto, mas quem é leitor a quem você se
dirige e o que você pretende dizer a ele.
O parágrafo de abertura desempenha a função de interessar o leitor, estimulando-o a prosseguir a
leitura.
Uma técnica poderosa para usar nos parágrafos de abertura é a do “funil” ou “pirâmide invertida”, em
que o escritor progride de uma afirmação genérica até uma informação específica, preparando o leitor
para ideia que ele realmente pretende defender.
A frase inicial do parágrafo de abertura é o anzol que fisga o leitor: cuide para que ela fique bem
caprichada!
A frase de encerramento do parágrafo inicial normalmente expressará sua declaração de tese, isto é,
uma explicação ao leitor sobre o que você pretende apresentar em seu texto e porque ele deveria estar
interessado em lê-lo até o final.
Você jamais escreverá um parágrafo de conclusão “chato”, mesmo que lhe falte inspiração, se usar a
técnica do “E daí?”.
O parágrafo de conclusão é a sua última oportunidade de realçar a ideia central de seu texto.
Aproveite!
Os parágrafos de desenvolvimento conectam o parágrafo da abertura ao parágrafo de encerramento,
seja apresentando fatos e argumentos ou recorrendo à persuasão.
As enumerações são um recurso simples e poderoso para o desenvolvimento de parágrafos, seja sob a
forma de listas desordenadas, listas ordenadas ou de texto corrido.
Use a técnica da oposição quando você tiver dados e informações quantitativos ou qualitativos que
possa apresentar em oposição à ideia central do parágrafo. Quando a quantidade de dados para
comparação for muito grande, use uma tabela comparativa.
As afirmações mais contundentes de seu texto devem ser acompanhadas da descrição de todas as
condições necessárias e suficientes para que elas sejam consideradas verdadeiras, excluindo todas as
informações desnecessárias.
As analogias estimulam a imaginação do leitor com o objetivo de ajudar a esclarecer um ponto
obscuro ou difícil nas ideias do autor, não sendo capazes de substituir a apresentação de fatos e
argumentos.
Os exemplos representam uma prova de que você realmente entendeu a aplicação prática dos
conceitos que está apresentando em seu texto.
Se você obteve, por meio de estudos teóricos, pesquisas ou levantamento de fatos, uma clara
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compreensão de uma relação de causa e efeito, você deve utilizá-la no desenvolvimento de parágrafos.
A técnica de desenvolvimento por análise, conexão e síntese requer grande domínio intelectual do
objeto por parte do escritor. Certifique-se de saberá descrever e explicar com o máximo de clareza e
objetividade cada um dos itens que apresentará em seu texto.
A definição, a etimologia e a conceituação são técnicas essenciais para a exploração intelectual do
sentido de palavras, sendo que a técnica da conceituação pode se tornar muito mais fácil se você
contar com o auxílio de mapas mentais.
Uma vez que você sabe o que vai dizer (introdução), em que ordem vai dizer (desenvolvimento) e o
ponto a que quer chegar (conclusão), o ato de redigir é, essencialmente, uma questão de empregar
vocabulário adequado em frases com inteligente estrutura sintática dispostas em parágrafos coerentes
que se sucedem de acordo com um plano racional.
Veja agora a lista de resumos das lições de Princípios de Sensatez desta parte do curso:
Generalizar é um direito que se adquire após extenso estudo sobre as ocorrências de um evento, as
exceções aparentes e as condições em que ele ocorre ou deixa de ocorrer.
Só afirme o que você conhece. Quanto ao resto, especule com base em fatos, sempre deixando uma
honesta abertura à contestação.
As afirmações mais contundentes de seu texto devem ser acompanhadas da descrição de todas as
condições necessárias e suficientes para que elas sejam consideradas verdadeiras, excluindo todas as
informações desnecessárias.
A quantidade e a qualidade das evidências que você apresentará como “provas” de suas afirmações
deverão ser ajustadas à área de conhecimento e ao tipo de leitor a quem você se dirige.
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Chamamos de
“redação simples” a todo texto
que siga à risca essa
estrutura, isto é, que
seja composto por um
único Figura 12: Estrutura da redação simples. parágrafo de
abertura e um único
parágrafo de conclusão, intercalados por um número relativamente reduzido 19 de parágrafos de
desenvolvimento. A redação simples tem uma imensa variedade de aplicações na vida cotidiana, entre as quais
podemos citar:
“Redações” para vestibulares e concursos públicos.
Questões de provas discursivas que demandam o desenvolvimento de uma ideia, conceito ou
problema genericamente definido.
Cartas e e-mails comerciais, inclusive propostas e orçamentos.
Memorandos e outros tipos de documentos e comunicados que circulam nas mais diversas
organizações, públicas ou privadas.
Alguns tipos de artigos opinativos para publicação na imprensa.
Publicações opinativas e analíticas em blogs, fóruns, listas de discussão e redes sociais.
Solicitações a órgãos e entidades do Poder Público.
Via de regra, sempre que você tiver necessidade de produzir um texto com extensão máxima de 2 páginas
sobre qualquer assunto, você poderá tranquilamente recorrer à estrutura da redação simples.
Evidentemente, textos que se destinem a defender um maior número de ideias-chaves ou que abordem
questões mais complexas podem demandar introduções e conclusões mais longas, compostas de diversos
parágrafos ou, até mesmo, isoladas em capítulos ou subcapítulos específicos. Nas partes 5 e 6 desta obra, você
exercitará a redação desse tipo de texto mais longo. Por enquanto, seu objetivo será adquirir domínio completo
19 Tipicamente, o número de parágrafos de desenvolvimento intercalados aos parágrafos de introdução e conclusão em uma
redação simples varia entre 3 e 10, embora situações específicas possam exigir número maior ou menor de parágrafos. Por
exemplo, provas discursivas de concursos públicos para cargos de nível superior podem exigir que candidato enverede por
explicações e conceituações que se estenderão por grande número de parágrafos, enquanto um simples comunicado interno
aos funcionários de uma empresa pode ser redigido de forma satisfatória com um ou dois parágrafos de desenvolvimento
entre a introdução e a conclusão.
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da técnica da redação simples, produzindo textos relativamente curtos, em defesa de apenas uma ideia
principal.
Exercício
Vamos aprender com quem sabe? Pesquise em jornais, blogs ou sites de notícias, um artigo opinativo que siga
a técnica da redação simples. Leia-o atentamente, analisando o sentido do texto e responda a cada item do
formulário a seguir com apenas uma frase, não muito longa:
1 Título do Texto:
2 Autor:
3 Fonte: http://….
4 Ideia central apresentada na introdução:
5 Parágrafos de desenvolvimento:
5.1 Ideia central e fatos de apoio do 1º parágrafo:
5.4 … (Inclua novas linhas conforme o número de parágrafos de desenvolvimento do texto escolhido)
Resumo da lição
A redação simples se destina a defender apenas uma ideia-chave apresentada em apenas um parágrafo de
introdução, sustentada em um número reduzido de parágrafos de desenvolvimento e reforçada em apenas um
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parágrafo de conclusão, totalizando não mais do que duas páginas na configuração padrão dos processadores
de textos mais comuns.
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Como vimos nas lições 15 e 50, só é possível escrever sobre um assunto que você conhece em profundidade
compatível com a extensão do texto que você precisa produzir. Quando sabemos muito sobre um assunto,
podemos facilmente escrever artigos e livros inteiros. Quando sabemos pouco ou quase nada, é praticamente
impossível escrever mais do que algumas frases tortuosas que saem do nada para chegar a lugar nenhum.
De maneira geral, é necessário saber muito mais coisas do que você incluirá em seu texto. Afinal, uma redação
simples jamais será o local adequado para você exibir “tudo o que sabe” sobre um tema. O que se espera de
uma redação simples é que você (1) selecione informações relevantes sobre o tema e (2) apresente as conexões
entre elas (3) seguindo uma linha de raciocínio coerente. Vamos estudar agora o caminho para chegar a esse
resultado tomando como ponto de partida um exemplo prático.
Exercício
Passo 1: Escolha um tema sobre o qual você tem apenas algumas informações superficiais e gostaria de saber
mais. Se faltar inspiração, olhe à sua volta e examine os objetos ao seu redor. Você sabe como funcionam?
Como são produzidos? Quem foi o seu inventor – ou, em que época foram inventados? Sabe quais são as
opções a esses objetos, caso eles faltem? De que material são feitos? Quantas empresas que produzem esses
objetos existem no país? Quantos empregos elas geram? Qual a contribuição para o PIB nacional? Que tipo de
tecnologia é empregada hoje em dia na fabricação desses objetos? Somente observando o ambiente que o
rodeia, você perceberá que existe todo um universo de coisas com as quais você convive todos os dias e sobre
as quais sabe menos do que poderia!
Passo 2: Após escolher o tema, faça uma pesquisa de sua própria memória, reunindo tudo o quanto sabe sobre
o assunto, por mais superficial que pareça, e tome nota. Minha sugestão é que você faça este exercício ao
longo de um dia inteiro, carregando com você uma caneta e um bloquinho no qual anotará toda informação
que você vier a se lembrar — ou com a qual se deparar — durante o dia. Não faça ainda uma pesquisa
sistemática ou deliberada: permita que seu cérebro vá expelindo informações espontaneamente. O objetivo
aqui é levá-lo a perceber quanta informação você tem escondida, semiesquecida, nas “gavetas” de sua
memória — informação que você pode recuperar e usar caso dê uma chance a seu cérebro.
Resumo da lição
O primeiro local óbvio para realizar uma pesquisa é sua própria memória, pois você sempre sabe mais coisas
do que pensa.
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Veja como, agora, temos uma lista de enfoques muito mais promissora do que parecia inicialmente. Observe
também como uma mesma informação pode ser aproveitada em mais de um enfoque diferente.
Após organizar as informações da memória, o terceiro passo é escolher um enfoque, levando em conta sua
possibilidade de obter e assimilar informações relevantes para a produção de um texto capaz de captar e
Alexei Gonçalves de
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manter o interesse do seu leitor e, em seguida, iniciar sua pesquisa de assuntos sobre o enfoque escolhido.
Por exemplo, digamos que você decida escrever sobre o consumo doméstico de suco de laranja. Uma lista de
assuntos a pesquisar poderia incluir:
Tipos de equipamento doméstico para extração manual do suco de laranja: vantagens, desvantagens,
riscos, benefícios.
Tipos de equipamento doméstico elétrico para extração rápida do suco de laranja. Novamente:
vantagens, desvantagens, riscos, benefícios.
Variedades de laranja encontradas no mercado brasileiro e as características do suco produzido por
cada uma.
Receitas culinárias: misturas de sucos de diferentes tipos de laranja, coquetéis alcoólicos e não-
alcoólicos que incluam a laranja, uso do suco de laranja em doces e salgados.
Tipos de copos e jarras mais adequados para servir o suco de laranja no dia a dia e em refeições
especiais ou formais.
Entre muitos outros. Quanto mais você se estender na pesquisa desses temas, mais a lista de assuntos se
ampliará. O mesmo procedimento pode ser usado para qualquer um dos outros enfoques iniciais.
Exercício
Passo 1: Organize e classifique, segundo possíveis enfoques para sua redação, as informações que você
coletou em sua memória na lição 66.
Passo 2: Escolha um possível enfoque e pesquise, no seu buscador de internet favorito, informações adicionais
sobre os temas que você recuperou de sua memória e anote os mais interessantes.
Passo 3: Faça o mesmo com os outros possíveis enfoques que você mesmo identificou ao classificar as
informações de sua memória.
Passo 4: Caso sua pesquisa de informações adicionais revele novos e mais interessantes possíveis enfoques
para sua redação, anote-os também e realize uma pesquisa adicional sobre eles.
Passo 5: Você decide a hora de parar de pesquisar. Lembre-se de que se trata apenas de uma redação
simples, de modo que você usará apenas um entre todos os possíveis enfoques e apenas um punhado da
extensa lista de informações que você reunirá sobre o enfoque escolhido. Não seja preguiçoso, mas também
não caia no outro extremo, coletando informações obsessivamente.
Resumo da lição
Após pesquisar a memória, você precisa organizar as informações coletadas por esse meio e realizar uma
pesquisa externa para aprofundamento e correção de informações, segundo os possíveis enfoques que dará ao
tema.
Curso Online de
Redação
“O ideal seria”
Quando o “perfeccionismo paralisante” contamina amplamente a percepção da realidade, certas pessoas
Curso Online de
Redação
passam a ocupar suas mentes com um “mundo ideal”. Como é evidente que o “mundo real” sempre sairá
perdendo na comparação com um “mundo ideal”, nenhuma solução, proposta ou análise que se destine ao
mundo real será “boa o bastante”. Como resultado, essas pessoas tiranizam as discussões bombardeando com
críticas virulentas todas as propostas orientadas à solução de problemas do “mundo real”, tentam impor
propostas inexequíveis e, pior, desprezam todos os dados da realidade que contradigam sua “visão de mundo
ideal” ou que demonstrem o fracasso prático de suas propostas fantasiosas.
Por isso, cuidado com toda gente que, numa discussão sobre problemas reais, inclua em uma frase a expressão
“o ideal seria…”. Como o “ideal” só “existe” no condicional, no futuro do pretérito, ou seja, no plano do
pensamento e do discurso, esteja certo de que o problema real sob debate deslizará imediatamente para
segundo plano!
Exercícios
Pesquise, em jornais, revistas, blogs ou sites de notícias, textos e artigos em que seja visível a mentalidade de
“tudo ou nada”. Em seguida, escolha um desses artigos e redija dois ou três parágrafos contendo (1) um
resumo do artigo para situar o leitor no contexto e (2) algumas ideias sobre possibilidades alternativas e
valores intermediários ignorados pelo autor do texto original.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da lição
A esmagadora maioria dos problemas e propostas não recai precisamente sobre o valor “zero” ou sobre o valor
“1” de qualquer escala de valores que você imaginar, situando-se com a maior probabilidade em algum dos
infinitos pontos que separam esses extremos.
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Exercício
1 – Redija uma declaração de tese a partir das informações que você coletou em sua pesquisa até o momento.
2 – Classifique, em função da relevância para a declaração de tese, as informações que você organizou na lição
67.
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Resumo da lição
Uma redação simples deve incluir apenas informação relevante, isto é, que contribui para demonstrar ou contestar a
veracidade da tese que você se propôs a defender.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício
Controle seu entusiasmo e comece agora mesmo a montar o “esqueleto” de sua redação, estruturando as
informações relevantes numa sequência lógica, por parágrafo, nos moldes da lição 65:
Introdução
Declaração de tese:
Fatos de apoio:
Técnica de abertura: (confira opções nas lições 46 a 49)
1º Parágrafo
Ideia Central:
Fatos de apoio:
Técnica de desenvolvimento: (Confira opções nas lições 53 a 55 e 57 a 61).
2º Parágrafo
Ideia Central:
Fatos de apoio:
Técnica de desenvolvimento
3º Parágrafo
Ideia Central:
Fatos de apoio:
Técnica de desenvolvimento:
Conclusão
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Ideias apresentadas na Conclusão
Técnica de encerramento: (Confira opções nas lições 51 e 52).
Nesta primeira experiência, limite-se a apenas 5 parágrafos: 1 parágrafo de introdução, 3 parágrafos de
desenvolvimento e 1 parágrafo de conclusão.
Quando o “esqueleto” estiver pronto, a redação propriamente dita se reduz a um esforço mínimo, porque a
parte mais difícil do processo de redação – isto é, decidir o que dizer em que sequência – não obstruirá o
caminho da parte mais criativa e divertida: a decisão sobre “como” dirá o que deseja em sua redação!
Resumo da lição
Ao planejar a estrutura de sua redação parágrafo por parágrafo, você não deixa nada ao acaso e garante o
melhor desempenho possível no momento em que começa a escrever.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Após redigir todos os parágrafos conforme o plano, releia sua redação por completo, lenta e atentamente,
procurando pelos problemas que você aprendeu a identificar e resolver nas partes anteriores deste curso:
Vocabulário, Frase, Parágrafo e Sensatez. Aplique as correções, descanse um pouco (10 minutos no máximo),
depois proceda a uma segunda revisão mais minuciosa em que você, além de detectar quaisquer erros que
tenham escapado à primeira revisão, tentará encontrar oportunidades de melhorar o seu texto, substituindo
palavras, reorganizando sintaticamente as frases mais importantes ou alterando as técnicas de redação de
parágrafos.
Resumo da lição
Está vendo como é fácil escrever quando não se deixa nada ao acaso?
Curso Online de
Redação
Após a lista do “Não! Não!! Não!!!”, vamos à lista de opções “Sim! Sim!! Sim!!!”.
Títulos informativos. Se estiver sem tempo para ser criativo, não invente: diga no título qual é o
assunto do texto. Se o leitor estiver interessado no tema, ele agradecerá. Se não estiver, também
Alexei Gonçalves de
Oliveira
agradecerá pois, nos dois casos, você lhe poupará precioso tempo ao informar-lhe sobre o assunto do
texto. Por exemplo, você sempre poupará tempo a seu leitor caso o seu título informe que o artigo
trata sobre “Princípios de Gestão da Qualidade”, ainda que não diga nada além disso.
Benefícios. O seu leitor se beneficiará de alguma forma com a leitura do seu texto? Em caso positivo,
a decisão mais óbvia é incluir esse benefício no título. Por exemplo, em vez de dar a nosso texto um
título genérico como “Princípios de Gestão da Qualidade”, podemos incluir um benefício e, assim,
atrair a atenção de empresários e executivos para nosso texto com títulos como “Reduzindo custos
através dos Princípios de Gestão da Qualidade” ou “Princípios de Gestão da Qualidade a serviço da
melhoria do índice de retorno sobre investimento”.
Soluções de problemas. A leitura de seu artigo ajudará o leitor a resolver algum problema? Diga isso
no título! Voltando ao exemplo, um problema comum a muitas empresas é um índice excessivo de
rotatividade de mão de obra (turn over). Assim, um artigo intitulado “10 Princípios de Gestão da
Qualidade que podem reduzir em até 30% a rotatividade da mão de obra em sua empresa” atrairá
a atenção de muitos leitores empresariais.
Títulos de dois tiros. Os títulos de “dois tiros” são aqueles que combinam um benefício à solução de
um inconveniente. O exemplo clássico é “Emagreça sem sentir fome”, que reúne o benefício esperado
do emagrecimento à ausência de fome, um “efeito colateral” bem conhecido por todos os que já se
submeteram a um tratamento para perda de peso. Para voltar ao exemplo em Administração de
Empresas, um título de dois canos bem interessante poderia ser “Princípios de Gestão da Qualidade
que reduzem a rotatividade de mão de obra sem aumentar os custos”.
Títulos que prometem ensinar “Como fazer”. As pessoas estão sempre ávidas para aprender a fazer
alguma coisa pessoalmente, nem que seja por simples curiosidade. Portanto, sempre será atrativo um
título que prometa ensinar “Como implantar facilmente a Gestão da Qualidade em sua empresa”.
Títulos que prometem explicar “Por que…”. Há sempre um grande número de pessoas intrigadas,
desejosas de saber os motivos e razões por trás dos grandes mistérios do mundo: satisfaça-as em seu
título! Por exemplo: “5 motivos porque a implantação da Gestão da Qualidade fracassa em algumas
empresas”.
Títulos que fazem uma advertência. As pessoas gostam de saber quando estão expostas a riscos, de
modo que possam tomar providências para evitá-los. Exemplo: “Falsos consultores de Gestão da
Qualidade causam prejuízos bilionários a dezenas de empresas”.
Títulos que contam uma história. Não há dúvida de que uma história real sempre desperta mais
interesse do que princípios abstratos. Exemplo: “Como a Empresa X triplicou seu lucro líquido em
seis meses com um Programa de Gestão da Qualidade”.
Títulos que aliviam a consciência. Há muita gente que se sente culpada por todos os males do
mundo, ainda que, objetivamente, não tenha culpa de nada. Portanto, a promessa de alívio de
consciência tem sempre um forte apelo. Exemplo: “Empresas que implantam programas de Gestão da
Qualidade causam menos danos ao meio ambiente”.
Títulos que massageiam o ego. Todos nós gostamos de receber elogios e perceber que nossos méritos
são valorizados. Exemplo: “Programas brasileiros de Gestão da Qualidade que são um exemplo para
o mundo”.
Há muitas outras possibilidades de redação de bons títulos, mas as 10 técnicas desta lista devem ser suficientes
para que você comece a criar seus próprios títulos, a identificar boas técnicas empregadas por outros autores e,
mais adiante, capacitá-lo a criar suas próprias técnicas. Por enquanto, apenas volte à lição 71 e complete sua
redação com um título de alto impacto.
Resumo da lição
Um título inteligente, cativante e informativo poupa tempo, capta a atenção, desperta o interesse e desperta no
leitor a vontade de ler o que você escreveu.
Curso Online de
Redação
Resumo da lição
Exercício
Volte aos exercícios das lições 63 (parte 3), 71 e 73 (parte 4), verifique a ocorrência de parágrafos órfãos e
resolva-os usando os métodos da conexão explícita e da conexão implícita.
Curso Online de
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Resumo da lição
Todos os parágrafos – excetuando-se, é óbvio, o parágrafo de abertura – de uma redação simples devem estar
conectados explícita ou implicitamente ao parágrafo anterior.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Observe como, diante da lista esmagadora de fatos, chega a ser desnecessário dizer que essa empresa é “líder
em inovação”!
O seu texto sempre deve dizer o que você quer com dados, fatos e argumentos, tornando desnecessário,
durante a maior parte do tempo, o emprego de adjetivos.
Exercício
Revise as duas redações que você já fez neste curso e verifique se, em todas as frases e parágrafos, procedeu a
uma argumentação “substantiva” – isto é, “com substância” – ou puramente “adjetiva”, isto é, sem
fundamentar-se em fatos. Caso identifique algum trecho que se enquadre no segundo caso, crie uma nova
versão, mais “substancial”.
Resumo da lição
A “explicação” é uma das técnicas mais elementares da vida intelectual e, ao mesmo tempo, uma das mais
difíceis de dominar. Caso você se esforce um pouco para lembrar-se de suas próprias experiências,
rapidamente constatará que conheceu poucos professores e instrutores realmente capazes de esclarecer todos
os aspectos fundamentais do objeto de estudo de uma forma que você conseguisse entender completamente. A
maioria dos demais professores e instrutores, infelizmente, recaem numa categoria que, no linguajar dos
alunos, se expressa em frases como “ele pode até saber muito sobre a matéria, mas não sabe explicar”.
Esteja certo de que muito do que você sabe hoje em sua vida foi aprendido por mérito única e exclusivamente
seu, muitas vezes apesar da confusão e das “enrolações” de professores e instrutores não-treinados na técnica
da explicação.
Exemplos de explicações podem ser encontrados em toda parte — este curso mesmo está repleto! Você
também encontrará numerosos exemplos de explicações em livros didáticos, artigos científicos, receitas
culinárias, manuais, revistas, jornais e, também, em sua própria vida, em uma variedade de situações, desde as
provas a que teve de se submeter na escola e na faculdade, até uma ampla variedade de situações pessoais e
profissionais. O importante é que, daqui para frente, você comece a tomar nota das melhores técnicas usadas
nas melhores explicações que venha a encontrar, para que se lembre delas quando houver necessidade.
Após essas noções iniciais, convém ir diretamente ao ponto: o que é uma “explicação”? Uma “explicação” é o
ato de usar palavras, imagens estáticas ou animadas, sons, experiências ou ações para transmitir a outra
pessoa um entendimento sobre uma coisa qualquer. Antes de prosseguir o raciocínio, esclareçamos as
palavras-chaves dessa definição:
Palavras, imagens, sons, experiências ou ações. Numa explicação por escrito, o objeto desta lição,
você usará apenas palavras. Mas, na vida prática, você sabe, por experiência, que:
◦ Muitas explicações podem ser dadas sem palavras, recorrendo aos mais diversos gestos,
expressões faciais ou corporais – Por exemplo, apontando o dedo indicador na direção do que se
deseja dizer.
◦ Algumas “explicações” só fazem sentido quando incluem uma vivência. Por exemplo, é
impraticável explicar como dirigir um carro, andar de bicicleta, lutar karatê, tocar violão ou nadar
sem entrar em um carro, montar em uma bicicleta, pisar num tatame, dedilhar um violão ou
mergulhar numa piscina.
◦ Em diversos tipos de texto tem se tornado cada vez mais comum o uso de imagens ilustrativas,
vídeos, apresentações de slides, sons e animações. Esses recursos enriquecem consideravelmente
o escopo das possibilidades de explicações.
Transmitir a outra pessoa. O destinatário da explicação é sempre outra pessoa. Embora você precise,
muitas vezes, explicar as ideias para si mesmo antes de ser capaz de formular a explicação para outra
pessoa, o fato é que seu ponto de partida será sempre a pessoa a quem você se dirige, com quem
deseja compartilhar o seu entendimento. No caso de um texto, como sempre, a outra pessoa é o seu
LEITOR — lembra-se da lição 1? Assim, você sempre deve considerar, no mínimo, a idade, a
experiência, o conhecimento prévio e sua intimidade com seu leitor antes de redigir sua explicação.
Entendimento. Não se iluda: você só pode explicar o que você mesmo entendeu. Enquanto não
estiver completamente seguro de que domina todos principais os aspectos relacionados ao objeto da
explicação, você não estará qualificado a explicar nada. Por isso, o seu primeiro passo deve ser,
sempre, estudar o objeto da explicação até entendê-lo por completo!
As explicações, em geral, se dedicam a esclarecer:
(1) o que é alguma coisa,
Alexei Gonçalves de
Oliveira
(2) como alguma coisa funciona,
(3) porque alguma coisa acontece ou
(4) qual o significado de uma ideia, palavra ou conceito.
Para cada uma dessas situações, haverá um conjunto mínimo de componentes obrigatórios:
1 O que é alguma coisa:
1.1 Definição formal.
1.2 Descrição de sua aparência.
1.3 Distinção entre os diferentes tipos (caso existam).
1.4 Descrição de seus usos/aplicações/outras formas de participação na vida humana ou presença na
natureza
2 Como alguma coisa funciona:
2.1 Para que finalidade é usada.
2.2 O que faz cada uma de suas partes.
2.3 Como as partes trabalham juntas.
2.4 Como é o seu uso, na prática.
3 Porque alguma coisa acontece
3.1 O que desencadeia o seu início.
3.2 O que acontece em seguida e por quê.
3.3 O que acontece em seguida e por quê (2).
3.4 (Continue explicando o que acontece em seguida e por quê…)
3.5 Se algumas das coisas anteriores acontecem ao mesmo tempo, explique, ressalte essa
simultaneidade.
3.6 O que acontece finalmente, e por quê.
4 O que significa uma ideia abstrata
4.1 Definição da palavra-chave.
4.2 Exposição da constelação de ideias/palavras que gravitam em torno da palavra-chave.
4.3 Demonstração das conexões entre as ideias que formam a constelação conceitual.
4.4 Exposição das consequências dessas conexões.
Enquanto você estiver aperfeiçoando sua técnica de redigir explicações, é conveniente manter à mão as listas
de verificação que acabamos de apresentar, para lembrar-se de incluir pelo menos esses componentes mínimos
em todo texto explicativo que vier a redigir.
Exercício
Comece a preparar-se hoje para um exercício de redação simples explicativa com 7 parágrafos (1 de
introdução + 5 de desenvolvimento + 1 de conclusão) que você fará na lição 78. Em primeiro lugar, escolha
um tema que se enquadre em uma das três primeiras opções desta lição: (1) o que é alguma coisa, (2) como
alguma coisa funciona ou (3) porque alguma coisa acontece. Em seguida, estude e pesquise até entender o
suficiente sobre o tema para formular uma explicação convincente para um leitor iniciante que pouco ou nada
sabe sobre o objeto de sua explicação. Finalmente, anote as informações que você julgar potencialmente úteis
para sua redação.
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Resumo da Lição
“Explicação” é o ato de usar palavras, imagens estáticas ou animadas, sons, experiências ou ações para
transmitir a outra pessoa um entendimento sobre uma coisa qualquer.
Alexei Gonçalves de
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Exercício
Continue preparando-se para a redação que você fará na próxima lição, organizando as informações reunidas
na lição 76 de acordo com a estrutura sugerida nesta lição.
Resumo da Lição
Resumo da lição
A redação simples explicativa é o tipo de que você necessitará com maior frequência e urgência ao longo da
sua vida: domine sua técnica e terá resolvido mais de 50% de suas dificuldades com redação.
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Nas lições 76 a 79, referimo-nos algumas vezes ao ato de “descrever”. Por exemplo:
Lição 76:
"1 O que é alguma coisa:
…
1.2 Descrição de sua aparência,
…
1.4 Descrição de seus usos/aplicações/outras formas de participação na vida humana ou
presença na natureza"
Lição 77:
“Passo 3: Nomeie e descreva as partes do objeto da explicação. ”
Mas, afinal, o que é uma “descrição”? Numa definição sumária, uma descrição é o ato de usar palavras de um
modo tal que o leitor consiga visualizar mentalmente de forma tão precisa quanto possível um objeto,
pessoa ou lugar que nunca viu ou um acontecimento de que não participou.
A descrição é, portanto, um método de usar palavras para produzir, na mente de outra pessoa, imagens de
coisas que ela desconhece. Caso tenha alguma dúvida sobre o poder das descrições, pense na técnica do
“retrato falado”, em que um artista produz uma imagem fiel do rosto de uma pessoa que jamais viu a partir da
descrição feita por uma testemunha.
As descrições competentes permitem que você conheça detalhadamente cidades e países que jamais visitou,
inclusive terras de fantasia como a Nárnia de C.S. Lewis e a Terra Média de J.R.R. Tolkien. Descrições
também abrem a possibilidade de que o leitor se torne “íntimo” de grandes vultos históricos, celebridades e
personagens de ficção, transformando-nos em “testemunhas oculares” de grandes batalhas e intrigas políticas
ocorridas há muitos séculos. As descrições também podem fazer de nós, leitores, entusiásticos torcedores ou
ardentes espectadores de lutas, aventuras e eventos esportivos, sejam reais ou apenas imaginados por um
escritor.
Vale mencionar, nesta introdução, que as descrições podem ser predominantemente objetivas ou subjetivas,
conforme o autor dê maior ênfase às características do objeto em si ou ao impacto dessas características sobre
suas emoções ou sua vida interior. As descrições também podem tanto se referir a objetos físicos, concretos,
visíveis, quanto a coisas mais fluidas, como personalidades, sentimentos, sensações e experiências subjetivas.
Exercício
A melhor maneira de aprender a técnica da descrição é começar por um objeto com o qual o escritor desfrute
de grande familiaridade. Uma boa opção pode ser o computador ou outro dispositivo no qual você esteja lendo
esta lição, mas sinta-se à vontade para escolher algum outro equipamento, ferramenta ou objeto com o qual
trabalhe diariamente.
Após escolher o objeto, redija em um total de 5 parágrafos, uma descrição tão detalhada quanto possível
usando a técnica do “zoom in”. Dicas:
1. Comece descrevendo o local onde o objeto se encontra e os objetos que o rodeiam. Em seguida, vá
“aproximando a lupa” do objeto a cada novo parágrafo.
2. Pesquise na internet os nomes de cada uma das partes componentes do objeto e inclua-os em sua
descrição.
3. Escreva pensando em um leitor que jamais tenha visto o objeto anteriormente.
Resumo da lição
Use a técnica da descrição por “zoom in” sempre que quiser que o leitor visualize um objeto em detalhes.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
A técnica do “zoom out” é ligeiramente mais difícil do que a técnica do “zoom in”,
mas é bastante compensadora, porque envolve uma dose de “suspense” e
surpresa bastante eficientes em prender a atenção do leitor à medida que o texto
progride desde o detalhe individual até o rico contexto a que se integra o objeto.
Para bem redigir uma descrição usando a técnica do “zoom out” não basta
simplesmente “inverter” a técnica do “zoom in”. Lembre-se: você deve usar o
“zoom in” quando o ambiente servir Figura 15: A lupa com apenas como cenário para o “ator
principal” de seu texto: o objeto da um sinal de subtração descrição. O efeito do “zoom in” é
semelhante ao de apagar todas luzes do no centro da “lente” é o ambiente até restar somente a de um
holofote orientado exclusivamente ao sinal universal da objeto.
técnica do “zoom out”.
Já na técnica do “zoom out”, tanto o objeto quanto o ambiente são igualmente
importantes. Por exemplo, o objeto pode ser uma pessoa com quem você deseja que o leitor se identifique, de
modo que você pode contar um pouco de sua biografia, de sua aparência física, as roupas que usa e o que ela
está fazendo, antes de “afastar a câmera” para revelar ao leitor que essa pessoa está em um ambiente de forte
intensidade dramática: um campo de batalha, um deserto, um sítio arqueológico, uma sala de cirurgia, o local
de um acidente, uma cidade devastada por um furacão, a antessala de um tribunal…
Para que a técnica do “zoom out” tenha sucesso, é indispensável que, após começar a cena acendendo apenas o
holofote que ilumina o objeto principal, cada nova luz que você acenda no ambiente provoque uma reação de
surpresa no seu leitor. No mínimo, você deve tentar deixá-lo intrigado a cada nova revelação sobre o ambiente
antes de, finalmente, oferecer o panorama completo.
Veja uma sugestão de estrutura:
Primeiro parágrafo: descreva o objeto, sem revelar nada sobre o ambiente. Escreva sobre suas
características principais, procurando envolver o leitor com o objeto da descrição. A ideia é fazer com
que o leitor goste do objeto e se interesse pelo seu destino.
Segundo parágrafo: Comece a contextualizar o objeto em sua relação com os objetos mais
próximos, oferecendo pistas sobre a dramaticidade da situação em que ele se encontra sem revelar
detalhes em excesso que permitam compor um quadro mais amplo. Neste momento, pode ser
conveniente tratar das consequências das ações imediatas que o objeto da descrição pratica ou sofre,
sem especificar que ações são essas.
Terceiro parágrafo: Abrindo um pouco mais a “lente” − ou “acendendo mais algumas luzes” − você
descreverá o ambiente imediato onde o objeto principal age/sofre a ação. É importante incluir
elementos de surpresa que expliquem as consequências realçadas na etapa anterior ao mesmo tempo
em que mudam o seu sentido.
Quarto parágrafo em diante: Abra de vez a “lente” − ou “acenda todas as luzes” − para revelar ao
leitor o ambiente completo que circunda o objeto inicial da descrição. O importante é que essa
revelação seja a mais surpreendente de todas, oferecendo o maior impacto dramático, trágico ou
cômico, ressaltando tudo o que a situação representa em termos de risco, sacrifício ou ridículo para o
objeto.
Espero que você tenha observado que, enquanto a descrição por “zoom in” se caracteriza por sua forte
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objetividade, a técnica do “zoom out” é adequada principalmente a descrições subjetivas, em que o autor
pretenda criar um forte impacto emocional no leitor. Usando esta técnica, você pode até adicionar emoção ao
um “insosso” artigo acadêmico ou analítico, sem fugir ao rigor formal requerido por essas publicações,
bastando, para isso, usar sempre um vocabulário objetivo e um tom formal, enquanto revela as informações
sobre o contexto do objeto em pequenas doses sucessivas.
Exercício
Pegue um objeto em sua casa ou local de trabalho e coloque-o em um local inusitado, diferente ou inesperado.
Em seguida, redija 3 a 5 parágrafos descritivos usando a técnica do “zoom out”.
Resumo da lição
Use a técnica do “zoom out” sempre que sua intenção for ampliar gradativamente a percepção da influência do
ambiente ou cenário sobre um fato ou objeto por seu leitor.
Alexei Gonçalves de
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Muitas vezes, as descrições se destinam a ajudar o leitor a visualizar o cenário onde se desenrola algum tipo de
ação. Chamamos de “descrição panorâmica” a qualquer tipo de descrição que não se detenha em um objeto
específico, limitando-se a descrever o conjunto de um ambiente ou objeto em sua máxima amplitude.
Em sua expressão mais simples, a descrição panorâmica pode se reduzir a pouquíssimas palavras como
“Chovia”, “Exterior: Noite”, “Sala de Reuniões” ou “À beira da piscina”, entre outras expressões semelhantes
frequentemente encontradas em roteiros para teatro, vídeo, TV ou cinema. Esse laconismo é plenamente
justificável porque esse tipo de texto não é feito para ser lido pelo público, mas por atores, diretores,
produtores e outros profissionais responsáveis pela interpretação dessas palavras em termos de técnica
cenográfica.
É preciso tomar cuidado com dois aspectos das descrições panorâmicas. Em primeiro lugar, não se deve
utilizá-la como disfarce para a incompetência na técnica descritiva. Temos lido, com frequência crescente,
textos redigidos panoramicamente cujo objeto praticamente implora por uma descrição detalhada em “zoom
in”.
Segundo, o fato de que seu texto enfatiza a “ação” não significa que o ambiente deva ser tratado como um
desimportante pano de fundo. Se você analisar detidamente obras como “As Crônicas de Nárnia” de C.S.
Lewis, “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien ou “A Guerra dos Tronos” de George R.R. Martin, observará
que o cenário é muito mais do que um “pano de fundo”, alçando-se à condição de “personagem” ativo no
desenrolar da história.
No plano da “não-ficção” − foco de nossa atenção ao estudarmos a redação dissertativo-argumentativa − o
panorama, muito frequentemente, adquire posição central, especialmente nos textos históricos. Por exemplo, é
praticamente impossível separar a narrativa de uma batalha importante das características do local onde foi
travada. Seja numa cidade, montanha, planície, floresta, pântano ou deserto, todo combate militar acontece em
um local cujas características impõem limitações para atacantes e defensores, influenciando diretamente o
resultado da batalha.
Fora do campo militar, os eventos políticos também ocorrem em locais específicos, que temperam, integram e
até modificam o sentido das ações. Pense no “Grito do Ipiranga” ou no próprio “Descobrimento do Brasil”
para entender o quanto o panorama, isto é, o cenário onde ocorre a ação, exerce um papel fundamental na
determinação do sentido da própria ação.
Além da História, uma grande variedade de Ciências fortemente baseadas em pesquisas de campo − por
exemplo, Antropologia, Arqueologia, Biologia Marinha, Botânica, Ecologia, Geografia, Geologia, Zoologia,
entre outras − recorrem com frequência às descrições panorâmicas do ambiente onde se situam seus objetos de
estudo.
A técnica da descrição panorâmica envolve a aplicação dos seguintes critérios:
1. Não se detenha em componentes individuais do cenário ou a descrição perderá sua qualidade
panorâmica, transformando-se numa nauseante sequência de “zoom ins”.
2. Sua intenção é descrever a impressão geral causada pelo ambiente, sendo admissível o uso moderado
de expressões subjetivas como “um dia agradavelmente ensolarado” ou “ondas gigantescas que
arrebentavam assustadoramente próximas de nós”. Mas não exagere!
3. Inclua em sua descrição panorâmica apenas os aspectos ou componentes do cenário que sejam
relevantes para melhor entender a ação que se desenrolará em seguida.
4. Sempre que tiver de fazer uma descrição panorâmica, pense num cartão-postal: um registro
fotográfico feito à distância, para compor um conjunto sobre o qual se destaca o objeto principal.
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Exercício
Descreva panoramicamente, em um máximo de 3 parágrafos, o local onde você está estudando esta lição.
Resumo da lição
Redija descrições panorâmicas sempre que o cenário influenciar fortemente o sentido do objeto que sobre ele
se situa ou da ação que se sobre ele se desenrola.
Alexei Gonçalves de
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Resumo da lição
Ao encerrar esta parte 4, caso tenha seguido à risca todas as instruções do curso até agora, você terá resolvido
praticamente todos os seus “problemas de redação”. Você dispõe de um vocabulário muito mais amplo e
profundo do que no início do curso e domina critérios para escolher palavras. Sabe redigir boas frases sem
recorrer a estruturas sintáticas repetitivas, confusas ou contaminadas por vícios. Sabe redigir bons parágrafos
introdutórios, conhece diversas técnicas de desenvolvimento e não tem dificuldade em redigir uma conclusão.
Principalmente, você não é mais dominado pelo “medo da folha em branco”, pois sabe exatamente quais são
todas as etapas essenciais à produção de uma excelente redação com início, meio e fim.
É óbvio que nem tudo se resume à redação simples. Deste ponto em diante, sua tarefa será se aperfeiçoar em
novas técnicas de redação para objetivos mais amplos ou complexos. Mas, para todos os efeitos práticos, você
já pode dar os parabéns a si mesmo, pois pode dizer com orgulho e convicção que já sabe “escrever bem”.
Veja a seguir a compilação de “resumos das lições” desta parte 4.
A redação simples se destina a defender apenas uma ideia-chave apresentada em apenas um parágrafo
de introdução, sustentada em um número reduzido de parágrafos de desenvolvimento e reforçada em
apenas um parágrafo de conclusão, totalizando não mais do que duas páginas na configuração padrão
dos processadores de textos mais comuns.
O primeiro local óbvio para realizar uma pesquisa é sua própria memória, pois você sempre sabe mais
coisas do que pensa.
Após pesquisar a memória, você precisa organizar as informações coletadas por esse meio e realizar
uma pesquisa externa para aprofundamento e correção de informações, segundo os possíveis enfoques
que você dará ao tema.
Uma redação simples deve incluir apenas informação relevante, isto é, que contribui para demonstrar
ou contestar a veracidade da tese que você se propôs a defender.
Ao planejar a estrutura de sua redação parágrafo por parágrafo, você não deixa nada ao acaso e
garante o melhor desempenho possível no momento em que começa a escrever.
Está vendo como é fácil escrever quando não se deixa nada ao acaso?
Um título inteligente, cativante e informativo poupa tempo, capta a atenção, desperta o interesse e faz
com que o leitor tenha vontade de ler o que você escreveu.
Após estudar separadamente as etapas do processo da redação simples, é indispensável integrá-las a
um processo de trabalho permanente que você usará pelo resto de sua vida.
Todos os parágrafos — excetuando-se, é óbvio, o parágrafo de abertura — de uma redação simples
devem estar conectados explícita ou implicitamente ao parágrafo anterior.
Não diga: mostre!
“Explicação” é o ato de usar palavras, imagens estáticas ou animadas, sons, experiências ou ações
para transmitir a outra pessoa um entendimento sobre uma coisa qualquer.
Estrutura para redação de explicações em 3 passos:
◦ Passo 1: Assegure-se de que o leitor se interessará pelo assunto.
◦ Passo 2: Defina o objeto da explicação e esclareça a definição.
◦ Passo 3: Nomeie e descreva as partes do objeto da explicação.
A redação simples explicativa é o tipo de que você necessitará com maior frequência e urgência ao
longo da sua vida: domine sua técnica e terá resolvido mais de 50% de suas dificuldades com redação.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Use a técnica da descrição por “zoom in” sempre que você quiser que o leitor visualize um objeto em
detalhes.
Use a técnica do “zoom out” sempre que sua intenção for ampliar gradativamente a percepção da
influência do ambiente ou cenário sobre um fato ou objeto por seu leitor.
Redija descrições panorâmicas sempre que o cenário influenciar fortemente o sentido do objeto que
sobre ele se situa ou da ação que se sobre ele se desenrola.
Descrições só são “chatas” quando redigidas por quem não sabe!
Finalmente, lembremos o resumo de nossa última lição de “Princípios de Sensatez”:
A esmagadora maioria dos fatos não recai precisamente sobre o valor “zero” ou sobre o valor “1” de
qualquer escala de valores que você imaginar, situando-se, com a maior probabilidade, em algum dos
infinitos pontos que separam esses extremos.
Curso Online de
Redação
Passo 2: Escolha o nome do blog. Dê asas à sua criatividade, sempre lembrando que o nome do blog
será o seu cartão de visitas. Assim, é importante que o nome do blog seja compatível com sua
intenção. Por exemplo, se a sua intenção for séria, não use nomes ridículos ou engraçados. O
importante é que o nome do blog reflita a sua intenção de dizer e seu temperamento pessoal.
Passo 4: Configure o seu blog. Esta etapa é tão simples quanto preencher informações em um
formulário. Se o formulário oferecer uma opção que você não entende, deixe-a como está. Em um
blog, é quase sempre possível reverter uma decisão da qual você venha a se arrepender mais tarde.
Uma exceção é o endereço (URL) na internet: uma vez que você tenha confirmado que o URL é
http://nomedoblog.blogspot.com ou http://nomedoblog.wordpress.com/, não será possível voltar atrás.
Em caso de dúvida, uma consulta a seu motor de pesquisa favorito esclarecerá rapidamente o que você
deve fazer.
Passo 5: Escreva e publique! Redigir e publicar um artigo em um blog é tão fácil quanto redigir um
texto e clicar no botão “Publicar”!
Passo 6: Defina uma rotina de publicações. É muito fácil começar um blog − difícil mesmo é
obrigar-se a publicar regularmente. Normalmente, duas publicações por semana, de preferência,
sempre nos mesmos dias da semana, bastarão para manter afiadas suas habilidades de redação.
Exercício
Crie um blog, redija e publique seu primeiro artigo. Em seguida, preencha as informações abaixo.
Nome do Blog:
Endereço: http://….
Tema do Blog:
Rotina de publicações: (Por exemplo: “1 artigo às segundas e quintas-feiras” ou “2 artigos toda terça-feira”).
Resumo da lição
Caso você fundamente o seu ponto de vista apenas em dados objetivos, sem nenhum dado subjetivo
aparente, seu artigo também não será “opinativo”, mas “científico” ou “acadêmico”.
Por outro lado, caso você defenda o seu ponto de vista apenas com o recurso a dados subjetivos, sem
nenhum dado objetivo aparente, seu artigo novamente não será “opinativo”, mas “artístico”,
“poético” ou “literário”.
O artigo opinativo, portanto, não pretende dar a palavra final, definitiva, sobre um tema mas, partindo de um
conjunto sólido de informações sobre algum aspecto da realidade, especular sobre a natureza de um “território
adjacente” ainda desconhecido, não mapeado, pouco além da fronteira do conhecimento atualmente
disponível. Usando linguagem científica: um artigo opinativo serve para formular e enunciar hipóteses, não
para estabelecer teorias e doutrinas – confira a representação esquemática na figura 16.
2) Ânimo. O leitor emocionalmente mobilizado por um tema será mais aberto à persuasão, enquanto o
leitor neutro ou indiferente será mais sensível à argumentação racional.
Exercício
Comece a preparar-se para redigir o artigo opinativo desta parte do curso, escolhendo um tema sobre o qual
você sinta que terá facilidade em informar-se.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da lição
A opinião é um direito que se conquista somente após adquirir amplo conhecimento sobre um assunto. A opinião expressa
por uma pessoa com limitado conhecimento não tem valor nenhum.
Curso Online de
Redação
Esse conceito nos leva à inescapável conclusão de que o ingrediente mais importante da fórmula de sucesso de
um artigo de opinião é a pesquisa. Você não precisa saber “tudo sobre tudo” para opinar, mas é indispensável
“saber o suficiente sobre pelo menos um aspecto fundamental”. Para início de conversa, conhecimento amplo,
mas superficial, epidérmico, não muito mais profundo do que o expresso em um verbete de enciclopédia, não
autoriza ninguém a emitir uma opinião.
Como vimos na lição 15, o escritor precisa de um vocabulário amplo e profundo. Faltou apenas dizer que esse
vocabulário amplo e profundo é reflexo de um conhecimento também amplo e profundo sobre um tema! Mas,
se você seguiu as instruções da lição 15 à risca e adquiriu o hábito de aprofundar-se um pouco mais a cada dia
no significado das palavras que escreve − ainda que consultando apenas a Wikipédia! − ao chegar a esta lição
você já terá à sua disposição algum mínimo conhecimento suficiente para dar início a uma pesquisa digna de
um tema à sua escolha.
Assim, nesta lição, você começará o trabalho de pesquisa para redação de seu artigo opinativo. Veja a seguir
algumas dicas:
Identifique as palavras-chaves relacionadas ao tema de seu artigo e introduza-as em seu motor de
pesquisas de internet favorito. Lembre-se de fazer buscas por variantes de cada palavra-chave:
sinônimos, palavras compostas, termos técnicos, termos populares. Se possível, consulte os
equivalentes em outros idiomas, como Espanhol, Inglês e Francês.
Adicione os sites/páginas/artigos/documentos mais importantes que encontrar aos “Favoritos” de seu
navegador web. A maioria dos navegadores da atualidade permite um gerenciamento muito prático até
mesmo de grande número de favoritos. Pessoalmente, acho o recurso “barra de favoritos” uma solução
bastante prática. Mas há outras soluções, inclusive serviços online em que você pode salvar, consultar
e até compartilhar seus sites favoritos, além de contar com a possibilidade de consultar e pesquisar os
favoritos de outas pessoas. Uma opção recomendável por ter banido completamente o spam é o
serviço Bibsonomy (http://www.bibsonomy.org), especializado em “favoritos” de publicações e
artigos científicos. Mas há dezenas de opções disponíveis, que você pode conferir simplesmente
pesquisando por “social bookmarking” em seu motor de buscas preferido.
Consulte a Wikipédia em busca de referências bibliográficas: livros, revistas, sites especializados para
aprofundamento no tema escolhido. ATENÇÃO: Não, a leitura um verbete de enciclopédia não é
bastante como fonte de pesquisa para um artigo opinativo decente! Uma enciclopédia serve como
ponto de partida do pesquisador, oferecendo definições, explicações, resumos e outras informações
básicas (nem sempre totalmente corretas, diga-se!) para orientação geral do pesquisador iniciante,
além de conter indicações de autores, obras e outras fontes de informação adicional para
aprofundamento.
Há motores de pesquisas especializados em fontes acadêmicas de informação que permitem que o
visitante leia gratuitamente algumas páginas de livros e artigos.
Algumas livrarias online também permitem que o cliente leia algumas páginas da publicação
escolhida antes de comprá-la.
Quando encontrar um website interessante, experimente usar o seu motor de buscas favorito para
efetuar uma pesquisa exclusivamente dentro do próprio site, usando a sintaxe
site:http://nomedosite.com.br/ palavras-chaves
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Usando esses termos, o seu motor de buscas pesquisará ocorrências das suas palavras-chaves apenas
em páginas cujo endereço comece com http://nomedosite.com.br/.
Use as pesquisas especializadas em “vídeo”, “imagens” e “notícias” para descobrir outras informações
potencialmente interessantes para seu artigo.
Pesquise também o que os blogueiros andam dizendo sobre o tema. Uma maneira prática de “tomar o
pulso” da blogosfera é usar a seguinte sintaxe de pesquisa em seu motor de buscas favorito:
◦ site:*.blogspot.com palavras-chaves
◦ site:*.wordpress.com palavras-chaves
Pesquise também por referências ao tema do seu artigo na literatura e no cinema. Um bom lugar para
pesquisar referências cinematográficas é o site IMDB − Internet Movie Database −
http://www.imdb.com/. Já o site Wikiquote (https://pt.wikiquote.org/), mencionado na lição 20 deste
curso, é excelente para encontrar citações e referências literárias.
É bom que seu primeiro artigo opinativo saia “bem caprichado”. Por isso, minha sugestão é que você invista
pelo menos 30 minutos diários de pesquisa durante o tempo que levará para chegar até a lição 95, em que você
redigirá o primeiro rascunho de seu artigo.
Nesta etapa, vale adiantar uma dica importantíssima: é muito mais fácil cortar do que “espichar”. É claro que
você vai reunir, em sua pesquisa, muito mais informações do que o necessário para escrever seu artigo, mas é
importante que seja assim, ou logo você se verá em apuros, tentando escrever alguma coisa sem dispor de
informação suficiente.
Exercício
Arregace as mangas e ponha mãos à obra! Comece agora mesmo a pesquisa para o seu artigo!
Resumo da lição
Extensão dos artigos. Praticamente todas as publicações estabelecem limites mínimos e máximos em
termos de número de palavras ou de caracteres, só permitindo publicações fora desses limites em
situações muito especiais. Assim, é importante conferir qual a extensão média dos artigos da
publicação escolhida como modelo.
Linguagem. Cada publicação tem os seus próprios critérios quanto ao uso de linguagem formal
versus linguagem informal, linguagem técnica ou científica versus linguagem acessível para leigos,
tolerância quanto ao uso de gírias, tipos de humor aceitável, entre outros.
Citações e referências bibliográficas. Algumas publicações são rígidas quanto à exigência de que as
citações e referências bibliográficas constantes nos artigos sigam normas como a NBR 6022 da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), enquanto outras aceitam uma simples citação informal
do nome do autor e da obra.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Uso de imagens e texto. Algumas publicações exigem que o texto seja acompanhado de imagens
ilustrativas, enquanto outras aceitam apenas artigos em 100% texto. Entre as publicações que incluem
imagens nos artigos, algumas reservam para si o direito de escolher as imagens que acompanharão os
artigos, praticamente impedindo o autor de produzir as próprias imagens, enquanto outras aceitam a
publicação de imagens enviadas pelo próprio autor, mais uma vez impondo limites máximos e
mínimos quanto a tamanho, resolução, extensão de arquivos, entre outros.
Orientação ideológica. Algumas publicações são rígidas quanto à orientação ideológica dos artigos,
enquanto outras desenvolvem uma política mais aberta a divergências. Porém, toda publicação
mantém uma linha que demarca os limites do que é ou não aceitável em suas páginas.
Linha editorial / Abordagem dos temas. Publicações diferentes podem abordar os mesmos temas de
uma infinidade de formas diferentes. Verifique as diferentes seções ou categorias de artigos
normalmente publicados para ter uma ideia de quais são as abordagens privilegiadas e quais são,
normalmente, deixadas de lado. Por exemplo, o tema “Economia” pode ser abordado do ponto de vista
dos dados econômicos do país ou de uma determinada teoria econômica. Também é possível abordar a
economia do ponto de vista das empresas, dos investidores, dos consumidores, de um partido político,
de uma ideologia ou das políticas do governo. Outras abordagens, podem incluir o foco nas
curiosidades ou, até, em aspectos engraçados do sistema econômico. A linha editorial define a
“personalidade” da publicação, de modo que um artigo será aceito ou não para publicação conforme
sua adequação à linha editorial.
Após escolher uma publicação-modelo, o próximo passo é verificar de que forma você poderia contribuir
para enriquecer essa publicação. Trata-se, basicamente, de um exercício de imaginação, em que você se
pergunta o que os outros autores não estão dizendo em seus artigos. Você não quer ser mais um na multidão,
mas destacar-se mostrando que tem algo de importante a dizer.
Sem dúvida, não é uma tarefa simples, especialmente para um escritor iniciante, que ainda não tem um amplo
currículo de publicações. Mas você não deve se intimidar. Todas as publicações estão sempre em busca de
bons autores capazes de atrair leitores com uma abordagem opinativa original e bem fundamentada, ainda que
digam o contrário.
Exercício
Escolha sua publicação modelo, analise-a tão completamente quanto possível e preencha o formulário abaixo
com respostas curtas e objetivas, para sua própria orientação.
Nome da publicação:
Endereço web (se for o caso): http://
Perfil aparente dos Leitores:
Extensão dos artigos:
Linguagem:
Política de citações e referências:
Uso de imagens e texto:
Orientação ideológica:
Observações sobre a linha editorial:
Resumo da lição
Um passo importante na formação de um escritor é seguir bons modelos: imite bons escritores e tenha sempre uma boa
publicação em mente como alvo para redigir seus artigos opinativos.
Curso Online de
Redação
Planejamento da introdução
Por exemplo, se você observar o texto das lições deste curso, notará que, praticamente, não faço “introduções”
ao tema que será abordado, sendo raras as ocasiões em que optei por incluir uma definição ou discussão
preliminar. O motivo por trás da decisão de entrar diretamente no assunto é simples: como estou me dirigindo
a um leitor que quer “aprender a fazer”, evito desperdiçar o seu tempo, saltando diretamente para a explicação
sobre “como fazer”.
Mas essa nem sempre é a tática mais adequada a todos os perfis de leitores ou a todas as situações. Veja a
seguir cinco casos em que uma introdução longa, que se estenda por vários parágrafos, pode ser a melhor
opção:
Ceticismo. Quando você estiver se dirigindo a um leitor cético, normalmente é uma boa ideia incluir
informações e fatos que o induzam a um estado de espírito mais receptivo às ideias que você
apresentará.
Informação preliminar. Quando você quiser apresentar uma ideia que exige do leitor conhecimento
prévio de certas informações – tais como dados de pesquisas, definições ou ou conceituação de
termos técnicos – será praticamente inevitável incluir essas informações na introdução.
Crenças e valores. Quando as ideias que você defenderá em seu artigo desafiarem as crenças e
valores atuais de seu leitor, é conveniente “preparar o seu espírito” incluindo informações e
advertências que o tornem mais propenso a, pelo menos, acompanhar seu raciocínio até o final.
Multidisciplinaridade. Quando o problema abordado em seu artigo tiver ampla repercussão em
diferentes Ciências ou campos da arena cultural, quase sempre será necessário explorar esses efeitos
antes de tratar do tema do artigo propriamente dito.
Complexidade aparente. Quando o tema do artigo envolver relações entre múltiplos fatores, é
melhor redigir uma introdução mais longa, reduzindo a possibilidade de confundir o leitor não-
especializado.
Uma característica frequente das introduções de artigos opinativos é a falta de nitidez de sua fronteira com a
parte do texto que se convenciona chamar de “desenvolvimento”. Há muitos casos em que autor opta por uma
transição suave, desenvolvendo certas ideias no momento mesmo de sua “introdução” no texto.
Também não há, rigidamente, uma obrigatoriedade quanto ao conteúdo a ser apresentado nesta parte do texto.
O autor pode começar o texto com uma referência literária, uma história curiosa, um evento de que foi
testemunha, uma piada ou uma metáfora e, em seguida, desenvolver suas ideias sobre o tema a partir desse
relato inicial.
Planejamento do artigo
Essa liberdade de forma e conteúdo, porém, não deve enganar o iniciante, levando-o a imaginar que, num
artigo opinativo, “qualquer coisa serve”. A arte da opinião consiste, justamente, em “entrelaçar” todas as ideias
de cada um dos parágrafos de tal forma que conduzam o leitor ao pleno entendimento de seu ponto de vista.
Mesmo que o leitor “discorde” de você, seu artigo será bem-sucedido caso o leitor aprecie e respeite a forma
como apresentou e defendeu as suas ideias.
Por isso, é uma boa ideia que, no seu primeiro artigo opinativo, você planeje o “andamento” da apresentação
Alexei Gonçalves de
Oliveira
das ideias, compondo uma estrutura semelhante à prevista na lição 70. Não é necessário definir rigidamente o
conteúdo de cada parágrafo, como fizemos na redação simples: apenas tome nota da sequência de apresentação
de ideias no texto.
Veja um exemplo prático:
Apresentar os conceitos básicos de Maquiavel aplicáveis ao problema que abordaremos: virtú
(virtude) e occasione (oportunidade).
A partir da estrutura acima, produzi o seguinte artigo, publicado no blog da empresa em que trabalho:
É evidente que um título honesto prometeria não mais do que “uma tendência de crescimento a longo prazo,
sujeita a oscilações”, tanto quanto é evidente que um livro com esse título venderia muito menos do que outro
que promete “crescimento infinito”.
Embora, em todos os casos revistos e analisados na obra − por exemplo, do capítulo 1, de que você pode fazer
download gratuito − seja visível e evidente a integração de “virtù” e “occasione”, a tônica do livro é nas
“regrinhas” e “receitas”, ao estilo “faça isso e aquilo e você terá sucesso”. Veja a forma da redação das “oito
regras do crescimento infinito”:
Regra #1: Não pergunte aos seus clientes (porque eles não sabem até que você mostre a eles).
Regra #2: Corteje e seduza os seus maiores fãs (porque eles são absolutamente merecedores).
Regra #3: Sempre dê as boas vindas ao escárnio de seus clientes (porque você voltará mais forte dessa
experiência).
Regra #4: Aparência é fundamental (porque as pessoas realmente julgam um livro pela capa).
Regra #5: Transforme seus empregados em discípulos apaixonados (porque o amor é infeccioso).
Regra #6: Impulsione suas relações virtuais (porque é isso que seus clientes estão fazendo).
Regra #7: Dê saltos gigantes (porque você não vencerá com passinhos tímidos).
Regra #8: Descubra o significado da palavra “esquismogênese” (porque ela salvará seus relacionamentos).
Sinceramente: há alguma novidade nessas “oito regras”, algo que você jamais tenha lido em qualquer obra
sobre marketing e estratégia publicada nos últimos 30/40 anos? Bem, talvez haja alguma novidade real na
palavra “esquismogênese”. Vejamos se é o caso:
Bodin (1981) reúne os estudos das relações interpessoais realizados por vários autores:
Exercício
Comece a planejar a estrutura básica do seu artigo opinativo decidindo a ordem de entrada dos fatos e
informações.
Resumo da lição
A arte da opinião consiste, justamente, em “entrelaçar” todas as ideias de cada um dos parágrafos de tal forma que
conduzam o leitor ao pleno entendimento de seu ponto de vista.
Curso Online de
Redação
Os autores são humoristas profissionais, com várias décadas de experiência. E então, o que achou da piada?
Gostou de ser chamado de “mais anta do que gonista”?
A resposta fica a critério de cada um.
Aproveitando o “gancho”, tratemos de entender o que é “ironia” no contexto de um artigo opinativo. Trata-se,
basicamente, de usar certas palavras para expressar a ideia diferente ou oposto do seu significado normal. Por
exemplo, um sujeito “fortão” pode receber de seus amigos o apelido irônico de “Magrinho” ou um carro velho
com motor em péssimo estado pode ser ironicamente batizado como “O Possante”.
Comentários irônicos podem se dirigir tanto a pessoas e objetos quanto a situações. Como exemplos de
situações irônicas, podemos imaginar um ricaço que precise pedir dinheiro emprestado a um mendigo, ou um
governo democrata que precise se aliar, no plano diplomático, a um governo ditatorial.
A ironia é uma poderosa ferramenta para escrever textos críticos em todas as áreas do conhecimento. O risco
da ironia, porém, como bem ressaltou o “Agamenon”, é que o leitor − ou, pelo menos, um grande número
deles − pode não entender que está diante de uma ironia e interpretar o seu texto literalmente. Por isso, a ironia
é um recurso que deve ser usado estrategicamente; de preferência, deixando claro para o leitor que se trata de
uma ironia.
O sarcasmo é uma forma extremada de ironia que se caracteriza pela forte agressividade, pela intenção de
agredir e ofender. Por exemplo, o escritor pode dizer afirmar várias vezes em seu texto que uma determinada
pessoa é “genial”, “brilhante”, “uma referência intelectual”, “um exemplo de lucidez”, e assim por diante, tudo
isso enquanto narra diversos episódios em que a pessoa citada revela a sua total falta de inteligência. Outro
exemplo: o escritor pode ressaltar em suas palavras “a beleza incontestável” e “o elevado valor estético” de um
objeto enquanto revela ao leitor uma série de fatos concretos que revelam o quanto o referido objeto é feio ou
grotesco.
A própria agressividade envolvida na prática do sarcasmo já explica qual é o seu principal risco: o alvo da
chacota muito provavelmente não apreciará esse tipo de “bom humor”, submetendo o escritor ao risco de ação
judicial e graves penalidades legais.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício
Identifique, no tema do artigo opinativo que escreverá nesta parte do curso, situações, pessoas ou objetos que
possam receber uma abordagem bem humorada, irônica ou sarcástica e anote-as no espaço abaixo.
Resumo da lição
O humor, a ironia e o sarcasmo podem ser empregados para tornar mais interessante um artigo opinativo, mas recomenda-
se muito cuidado.
Curso Online de
Redação
2. Efetuar analogias. Você pode recorrer a uma “cena” de uma obra literária, teatral ou cinematográfica
para demonstrar de forma dramática a situação que descreve em seu artigo.
3. Exemplificar um ponto obscuro. Uma “cena” famosa da literatura ou do cinema, muitas vezes, é
capaz de exemplificar e esclarecer uma ideia complexa com mais eficiência do que vários parágrafos
explicativos.
4. Gerar empatia no leitor. Se as ideias em seu texto soarem muito abstratas, você pode recorrer a uma
referência cultural para estimular o leitor a imaginar a situação como se a “vivenciasse na própria
pele”.
5. Emocionar. Uma referência artística pode eficientemente “quebrar o gelo” de uma argumentação
excessivamente baseada em Lógica, fatos e dados.
6. Associar ideias. Caso você preveja que o leitor poderá apresentar dificuldades em perceber a relação
entre as diferentes ideias apresentadas em seu texto, uma referência cultural pode estabelecer a
“ponte” imaginária que propiciará essa conexão mental.
O aspecto mais importante de uma referência cultural é certificar-se de que o leitor conhece a obra citada; caso
contrário, ela cairá no vazio. Caso você não tenha essa certeza, inclua em seu texto um pequeno resumo da
obra para situar o leitor no contexto geral de sua argumentação.
Exercício
Vasculhe em sua própria memória (lembre-se da lição 66!) e na internet oito referências artísticas e culturais
que potencialmente aproveitáveis no desenvolvimento do seu artigo opinativo e registre-as no espaço abaixo.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da lição
Use à vontade referências artísticas e literárias em seus artigos opinativos, mas certifique-se de que o leitor as entenderá.
Curso Online de
Redação
Comparação
A comparação é a figura de estilo mais simples e mais comum, em que o autor une duas palavras por um
conectivo − como, tal como, tal qual, assim como − para demonstrar sua semelhança ao leitor.
Exemplos:
Este carro é rápido como um raio.
Jean, tal como seu irmão mais velho, demonstra grande habilidade com números.
Metáfora
A metáfora é uma espécie de “comparação sem o conectivo”, o que provoca uma alteração no sentido normal
da palavra.
Exemplo:
Este carro é um raio. (é rápido como….)
Géssica é uma deusa grega. (….bela como uma deusa grega)
Sílvio tem a voz de um canário. (….tão bela como a de um canário)
Metonímia
A metonímia consiste na substituição de uma palavra por outra, que funciona como um símbolo sintético de
uma ideia mais ampla.
Exemplos:
Tenho todo o Machado de Assis em minha biblioteca. (= toda a obra de Machado de Assis).
Josué edificou sua carreira com sorrisos e apertos de mão (= estabelecendo boas relações humanas e
políticas).
Um bom professor se faz com saliva e pó de giz. (=disposição para explicar e ensinar).
Catacrese
A catacrese é o uso de uma palavra que designa um objeto semelhante ao que se deseja descrever.
Exemplos:
Tivemos uma conversa ao pé do ouvido. (Ouvido tem “pé”?)
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Assentei o livro sobre o braço da poltrona. (Poltrona tem “braço”?)
Perífrase
A perífrase consiste em substituir uma palavra por uma expressão pela qual é bem conhecido.
Exemplos:
A obra do Estagirita inclui praticamente todos os assuntos que interessam ao espírito humano. (O filósofo
grego Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, sendo, por isso, conhecido como “O Estagirita”)
A influência do Rei Sol sobre a cultura ocidental é visível até hoje em diversas normas de etiqueta adotadas
até mesmo pelos cidadãos comuns. (O rei Luís XIV de França era conhecido como o “Rei Sol”).
As canções do rei do rock serão lembradas ainda por muitas gerações (o cantor americano Elvis Presley é,
muitas vezes, referido como o “Rei do Rock”).
Sinestesia
A sinestesia consiste em usar um dos cinco sentidos para expressar sensações de outro.
Exemplos:
Li uma crônica saborosa daquele autor iniciante.
Exercícios
Redija duas frases relacionadas ao tema de seu artigo opinativo para cada uma das figuras de estilo estudadas
nesta lição:
1-Comparação
Frase 1:
Frase 2:
2 – Metáfora
Frase 1:
Frase 2:
3 – Metonímia
Frase 1:
Frase 2:
4 – Catacrese:
Curso Online de
Redação
Frase 1:
Frase 2:
5 – Perífrase:
Frase 1:
Frase 2:
6 – Sinestesia:
Frase 1:
Frase 2:
Resumo da lição
O uso inteligente das figuras de estilo requer do escritor uma grande dose de bom gosto e bom senso aliados a uma fértil
imaginação para estimular o leitor a evocar o sentido desejado.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Elipse
Elipse é o termo gramatical para o ato de excluir da oração uma palavra cujo sentido pode ser deduzido a partir
do contexto.
Exemplos:
Arlindo abraçou sôfrego sua noiva; correspondeu-lhe com um beijo. (a noiva correspondeu-lhe….)
Zeugma
Zeugma é um tipo especial elipse que consiste em omitir uma palavra que, de outra forma, seria repetida ou
substituída por um sinônimo.
Exemplo:
Eu prefiro filmes de ação; ela, os românticos. (….ela prefere os filmes românticos).
Os soldados estavam treinados. O equipamento, completo. (O equipamento estava….)
Pleonasmo
Pleonasmo é o uso excessivo de palavras para enfatizar uma ideia através da repetição:
Conhece-te a ti mesmo. (Seria suficiente “Conhece-te” ou “Conhece a ti mesmo”)
Observação: O pleonasmo é considerado um erro grosseiro quando não tem força expressiva, sendo resultado
de simples ignorância quanto ao sentido das palavras.
Exemplos:
“Cadência ritmada” − Se não tem ritmo, não é “cadência”.
“Criação original” − Se não é original, não é uma “criação”.
“Elo de ligação” − Se não faz uma “ligação”, não é um “elo”.
“Falar com palavras” − Se não tem palavras, não é uma “fala”.
“Fatos reais” − Se não é real, não é “fato”.
“Interagem entre si” − Se não agem “entre si”, não há
“interação” (inter+ação).
Curso Online de
Redação
“Monopólio exclusivo” − Se não é exclusivo, não é “monopólio”.
“Observar com os próprios olhos” − Se não foi feita com os olhos, não é “observação”.
“Opinião pessoal” − Se não é pessoal, não é “opinião”.
“Protagonista principal” − Se não é o personagem principal, não é o “protagonista”.
“Vida real” − Se não é real, não pode ser “vida”.
Assíndeto
O assíndeto nada mais é do que a remoção da conjunção coordenativa, reduzindo a frase a uma sequência de
verbos que indicam ação contínua ou etapas sucessivas.
Vim, vi, venci.
Achou, ganhou!
Abriu a porta, beijou a mulher, afagou o cão, afrouxou a gravata, largou o paletó sobre a mesa.
Polissíndeto
É a forma inversa do assíndeto, em que o escritor repete obsessivamente as conjunções coordenativas.
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua. (Olavo Bilac)
Políbio vive num ritmo frenético em que ora arrisca tudo, ora se resguarda; ora celebra vitórias, ora amarga
derrotas; ora se exalta, ora se deprime.
Anacoluto
O anacoluto representa uma interrupção no fluxo de pensamento do autor, que se manifesta numa alteração
brusca da forma sintática, deixando inconclusa uma ou mais das orações que compõem a frase.
ALERTA: A meu ver, os anacolutos deveriam sempre ser evitados, constituindo mais um “defeito” do que um
“efeito” de estilo. Além disso, autores iniciantes, ainda não “consagrados”, serão mais provavelmente
criticados do que louvados pelos seus anacolutos.
Sim, é fato: o mundo é injusto com os autores iniciantes.
Exemplo:
“Vemos com desgosto, nestes tempos de crise, crise não só econômica como política, que abrasa os ânimos e
Alexei Gonçalves de
Oliveira
abala a confiança dos cidadãos – somos candidatos para mudar tudo isso que está aí”.
Da forma como foi redigida, a frase acima não diz o que, exatamente, o autor “vê com desgosto”.
Silepse
Silepse é o ato de alterar a concordância dos termos da frase, de modo a não seguir a Gramática, mas a ideia
que as palavras expressam. É uma espécie de “concordância mental”.
ALERTA: Aqui também vale o alerta que fizemos para os anacolutos: autores iniciantes muito provavelmente
serão criticados por silepses que seriam louvadas se empregadas por autores consagrados. Por isso, o melhor
conselho relativo a silepses, no caso de autores iniciantes, é: fuja delas!
Exemplos:
A equipe não venceu todas as partidas, mas conquistaram a taça.
Nesta foto, a atual diretoria da Associação de Esposas de Servidores do Estado, reunidas em solene
assembleia para deliberar sobre as festividades de fim de ano.
Exercícios
Redija cinco frases relacionadas ao tema de seu artigo de opinião, empregando as figuras de estilo sintático
apresentadas nesta lição.
Resumo da lição
O mundo é injusto com os autores iniciantes, por isso, todo cuidado é pouco na hora de empregar figuras de estilo
sintático.
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Redação
Antítese
A antítese é o confronto, ou a superposição, de ideias opostas.
Exemplo:
No coração das trevas, dormita a luz, à espera seu triunfo inevitável.
Eufemismo
O eufemismo é a substituição de uma palavra desagradável, grosseira ou indecente por outra mais suave:
Exemplo:
O ministro faltou com a verdade em sua fala. (Evitando dizer que ele “mentiu”).
É uma cidade sem grandes atrativos. (Evita-se dizer que a cidade em questão é “feia” ou “desinteressante”).
Hipérbole
A hipérbole nada mais é do que o velho e bom “exagero”:
Regina tem saúde para dar e vender.
Personificação (prosopopeia)
A personificação − também chamada de “prosopopeia” − é a atribuição de pensamentos, sentimentos ou ações
tipicamente humanas a seres inanimados ou irracionais.
Exemplos:
O asfalto gemia com o excesso de calor.
Onomatopeia
Uma onomatopeia é uma palavra que imita algum som específico.
O tique-taque do relógio de parede anunciava a proximidade do confronto.
Exercício
Redija cinco frases relacionadas ao tema de seu artigo de opinião, empregando as figuras de estilo sintático
apresentadas nesta lição.
Resumo da lição
As figuras de estilo que brotam das ideias do próprio texto constituem excelentes ferramentas para que o escritor enriqueça
a exposição de suas opiniões sem expor-se a grandes riscos.
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Redação
Sem dúvida, você não deseja escrever um artigo opinativo pernóstico. Como sempre, use as figuras de estilo
com inteligência e você não errará.
Exercício
Selecione, nos exercícios das lições 91, 92 e 93, as 6 melhores frases segundo o critério de seu potencial para
inclusão no primeiro rascunho de seu artigo opinativo, que você redigirá na próxima lição.
Resumo da lição
O uso inteligente de figuras de estilo em artigos opinativos costuma ser limitado ao realce de ideias-chaves e à quebra de
monotonia, evitando os excessos que podem tornar pernóstico o seu texto.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
5. Avalie se algumas frases não poderiam resultar mais precisas, sonoras ou elegantes optando pela
subordinação em vez da coordenação.
7. Avalie criticamente os seus parágrafos e confira se é possível melhorar o destaque das ideias-chaves, a
frase de abertura, a frase de encerramento, o desenvolvimento de ideias, as transições entre parágrafos.
8. Verifique se é possível e conveniente incluir em seu texto referências culturais (lição 90) e figuras de
estilo (lições 91, 92 e 93).
9. Examine as informações de pesquisa apresentadas em seu texto e, caso estejam superficiais, mal
explicadas ou mal fundamentadas, decida se é melhor (a) incluir algumas frases ou parágrafos com
explicações adicionais, (b) ampliar a pesquisa ou (c) cortar essas informações do seu texto.
10. Escreva mais do que o necessário, pois a experiência demonstra que é muito mais fácil cortar os
excessos de um texto longo do que “espichar” um texto curto demais. Assim, redija um artigo com
1200 a 2000 palavras, consciente de que poderá reduzi-lo facilmente a dois terços ou até à metade do
tamanho, se for necessário.
Após fazer todas essas alterações, seu artigo ainda não estará “pronto”. Nas próximas lições, você aprenderá a
usar diversos recursos visuais e editoriais para finalizá-lo, deixando-o com qualidade profissional e pronto para
publicação.
Resumo da lição
O seu primeiro artigo opinativo é a melhor oportunidade de aplicar todas as habilidades que exercitou desde a primeira
lição deste curso. Aproveite-a!
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Redação
2. Única linha. Ainda que seja necessário ultrapassar a metade da página, limite-o a apenas uma linha.
3. Divisão temática, não apenas visual. Os seus títulos de seção devem refletir o desenvolvimento dos
assuntos em seu texto, permitindo que o leitor localize rapidamente o conteúdo que deseja.
4. Informativos, mas não reveladores. O texto do título de seção deve revelar ao leitor que informação
é apresentada naquele trecho do texto, porém sem “estragar a surpresa” com a exposição precoce das
informações-chaves ou de maior impacto.
Visualmente, os títulos de seções devem se destacar do restante do texto, normalmente usando uma fonte de
tamanho maior ou algum outro tipo de destaque visual, como negritos ou itálicos. Uma forma bastante
cômoda é o usar os formatos pré-definidos de seu processador de textos favorito.
Em geral, uso o formato “Título 1” para o título dos artigos que estou redigindo, reservando o formato “Título
2” para alguns raros casos especiais. Para os títulos de seções, uso o formato “Título 3”. Quando preciso
dividir uma seção relativamente extensa em várias subseções, uso o formato “Título 4”. Jamais precisei usar
outros formatos, embora os processadores de texto modernos incluam opções pré-definidas até o “Título 10”!
Os blogs também possibilitam a fácil formatação de títulos de seção, dispondo de uma caixa de seleção de
estilos bem semelhante à dos editores de textos.
Caso as opções oferecidas pelos sistemas dos blogs pareçam insuficientes para você, a solução é clicar no
botão “Editar HTML” do seu editor de blogs e aplicar diretamente o código formatação aos seus títulos de
seção. A linguagem HTML oferece 6 opções padronizadas para esse formato:
<h1>Título 1</h1>
<h2>Título 2</h2>
Alexei Gonçalves de
Oliveira
<h3>Título 3</h3>
<h4>Título 4</h4>
<h5>Título 5</h5>
<h6>Título 6</h6>
Como pode ver, você não deixará de incluir títulos de seção em seu artigo opinativo por falta de opções
tecnológicas. Procure apenas evitar os excessos, usando sempre como critério a conveniência do seu leitor
(lembra-se da lição 1?).
Exercício
Analise o conteúdo do primeiro rascunho de seu artigo opinativo e inclua títulos de seções.
Resumo da lição
Os títulos de seção, quando usados com inteligência, aumentam os índices de leitura até mesmo de artigos opinativos
bastante extensos.
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Exercício
Figura 19: Galeria de opções de
Caso seja possível enriquecer o formatação automática de tabelas no conteúdo de seu artigo ilustrando a
relação matemática entre variáveis LibreOffice Calc. numéricas, crie uma ou mais tabelas
para atender a essa finalidade. Se não for esse o caso, sugiro que você
exercite a criação de tabelas visualmente atraentes no seu editor de planilhas favorito a partir de tabelas de
“dados crus” como, por exemplo, as disponíveis sites de órgãos públicos como o IBGE, Banco Central, CVM
e outros. O importante é que você pratique agora para que esteja pronto caso um dia venha a precisar!
Resumo da lição
Uma tabela é uma representação visual das relações matemáticas entre duas ou mais variáveis numéricas.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Todos os exemplos de gráficos desta lição foram criados com o LibreOffice Calc, a partir da seguinte tabela:
Gráficos de área
Os gráficos de área são úteis para mostrar o efeito cumulativo de
diferentes variáveis sobre os fatores Figura 23: Gráfico "de torta" ou de em estudo.
"pizza".
Gráficos de linhas
Os gráficos de linhas são ótimos para indicar mudanças nos valores
numéricos ao longo do tempo.
Gráficos de dispersão
Os gráficos de dispersão indicam ao leitor o quanto os valores assumidos pelas variáveis, expressos por pontos,
se aproximam ou se distanciam de um valor principal.
Exercícios
Figura 29: Gráfico de barras. Figura 28: Exemplo de funil de vendas em Crie diversas opções de gráficos a
loja online – Gráfico por Géssica Hellmann partir das tabelas da lição 97. Não
se esqueça de incluir legendas & Cia(2014). Disponível em explicativas e outros elementos
textuais! http://www.gessicahellmann.com/como-
evitar-vazamentos-funil-de-vendas-parte-1-
diagnostico-inicial/ Acesso em 06 de janeiro
de 2016.
Resumo da lição
Um gráfico pode oferecer um resumo visual de absorção mais rápida e eficaz do conteúdo de uma tabela.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício
Crie um quadro a partir das
informações que Figura 30: Mapa estratégico do marketing em mídias sociais. Fonte: você expôs em seu
McKinsey Quarterly. Tradução e adaptação: Géssica Hellmann & Cia.
primeiro artigo Disponível em http://www.gessicahellmann.com/midias-sociais-estrutura-
opinativo.
estrategica-mckinsey/. Acesso em 06 de janeiro de 2016.
Resumo da lição
Use quadros para expor as relações entre variáveis não numéricas.
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Domínio público
Outra opção é buscar por imagens que estejam em “domínio público”, isto é, cujo direito autoral tenha
expirado, sendo livre o seu uso para qualquer finalidade. Uma busca em seu motor de pesquisas favorito pela
expressão “imagens em domínio público” (ou, em inglês, “public domain images”) revelará uma grande
quantidade sites que dizem oferecer imagens em domínio público. Mas lembre-se de verificar a idoneidade e
confiabilidade do site antes de usar as imagens disponibilizadas!
Note que a ideia de “domínio público” não significa que você pode fingir que a imagem é criação sua: sempre
Alexei Gonçalves de
Oliveira
cite o nome do autor!
Bancos de imagens
Outra opção viável é o uso de “bancos de imagens”, isto é, sites de internet que contêm um imenso acervo de
fotos e ilustrações que você pode usar em seu artigo mediante pagamento de uma quantia em dinheiro. Alguns
bancos de imagens disponibilizam versões para download gratuito desde que você cumpra certas condições,
como a inclusão de créditos ao autor e à empresa.
Atenção: certifique-se de ler cuidadosamente todas as condições, direitos e obrigações do contrato antes de
baixar ou pagar por uma imagem, pois é comum que esse tipo de contrato inclua restrições capazes de
inviabilizar o uso que você deseja fazer!
Exercícios
Produza − ou pesquise na internet, cuidando de respeitar os direitos autorais e editoriais! − imagens ilustrativas
para uso em seu artigo opinativo.
Resumo da lição
Prefira criar suas próprias imagens para ilustrar seus textos. Caso não seja possível, suas opções são as seguintes:
1. Obter autorização por escrito do(s) detentor(es) dos direitos autorais e editoriais
2. Usar imagens disponíveis sob uma licença Creative Commons adequada ao uso que você pretende fazer.
3. Pesquisar imagens em domínio público.
4. Recorrer aos bancos de imagens, submetendo-se a seus preços e condições contratuais.
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Exercício
Crie pelo menos um esquema explicativo relacionado ao tema de seu artigo opinativo.
Resumo da lição
Crie esquemas explicativos sempre que uma explicação verbal se tornar excessivamente longa, confusa ou complexa.
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Oliveira
Exercício
Opção 1: Caso você seja designer ou tenha muita habilidade com ferramentas
de criação visual, crie você mesmo pelo menos um infográfico relacionado ao
tema do seu artigo opinativo.
Opção 2: Mesmo que você não seja designer, é conveniente conhecer algumas
ferramentas de criação de infográficos. Faça uma pesquisa em seu motor de
buscas preferido pelas expressões “criar infográfico grátis” e “free infographic
maker”. Experimente algumas das ferramentas sugeridas pelos resultados da
pesquisa e crie vários infográficos relacionados ao tema de seu artigo
opinativo. Figura 32: Exemplo de
infográfico simples
gerado pela ferramenta
online Infogram.
Disponível em
Resumo da lição http://www.gessicahellm
ann.com/geracao-
Um infográfico é uma explicação visual milenio-troca- atraente, sofisticada e artística de um tema
complexo. privacidade-web-por-
beneficios/. Acesso em
07 de janeiro de 2016.
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Pequeno número de palavras curtas em cada slide. É muito difícil estabelecer um “número ideal de
palavras”, mas lembre-se de que o conteúdo do slide inteiro deve ser absorvido pelo observador em
não mais do que 5 segundos − de preferência, menos!
Não abuse dos Figura 34: Exemplo de slide visualmente “efeitos especiais”,
desequilibrado. transições de slides. Você
especialmente das
quer produzir uma apresentação de slides, não
uma crise de enjoo nos seus leitores. Reduza os
“movimentos” da tela ao mínimo
indispensável para tornar interessante a sua
apresentação.
Use sempre o layout mais adequado a
cada finalidade. O seu software de criação de
slides tem diversas Figura 35: Não há motivo para economizar slides! opções de layout. Escolha
sempre o mais adequado para o conteúdo
que você deseja exibir.
Atenção à legibilidade. A melhor combinação de cores para facilitar a leitura continua sendo o texto
escuro sobre fundo claro. Os planos de fundo complexos, com grande número de cores, texturas e
variações de iluminação sempre prejudicarão a legibilidade.
Alexei Gonçalves de
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Princípio geral
O segredo do áudio e Figura 36: Um exemplo exagerado de
do vídeo bem-feitos se chama
“edição”. Os plano de fundo que impossibilita a leitura. apressadinhos acreditam que
basta ligar a câmera ou o Use planos de fundo homogêneos, que microfone e começar a falar sem
parar. O resultado, em façam contraste com a cor do texto. 99% dos casos, é um arquivo de
áudio ou de vídeo tosco, desinteressante, repleto de
defeitos. Para evitar esse problema, grave o vídeo ou o áudio em trechos curtos (chamados “takes”)
com duração de 30 a 60 segundos e, depois, monte-os em sequência.
Áudio
Cuidado com o ruído ambiente. A gravação de um vídeo ou áudio deve ocorrer em ambiente
silencioso, usando microfone direcional. A gravação em ambientes abertos requer microfone especial,
capaz de resistir ao ruído do vento.
Não aproxime demais o microfone da boca. As consoantes explosivas [t], [d], [k], [g], [p] e [b]
soam verdadeiramente como “explosões” quando o microfone está muito perto da boca.
Voz. É preciso achar o tom de voz certo, ou você poderá arruinar uma ótima exposição ao distorcer
toda a saída de áudio. Faça diversos testes combinando sua voz com diferentes ajustes do microfone
antes de começar a gravação “oficial”.
Música. É preciso lembrar que toda composição musical é protegida pela lei de direitos autorais.
Além disso, o direito do intérprete também é protegido, de modo que é uma violação de direitos usar
em seu vídeo um registro de composição musical que esteja em domínio público mas executada por
um intérprete ainda em plena atividade. Em caso de dúvida, entre em contato diretamente com o
artista, com seu representante legal ou com o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição), que se autodefine como “uma instituição privada, sem fins lucrativos, instituída pela lei
5.988/73 e mantida pelas leis federais 9.610/98 e 12.853/13” cujo principal objetivo é “centralizar a
arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical” 20. Saiba mais visitando
http://www.ecad.org.br.
Sonoridade do texto. A oratória de improviso é um talento que requer intenso treinamento sob
supervisão profissional. O ideal é que todas as falas do apresentador sejam redigidas com
antecedência, para evitar problemas de sonoridade, hesitações quanto ao que dizer em seguida, frases
incompletas e eventos cacofônicos, que soam muito pior ditos do que escritos.
Vídeo e animação
Cuidado com a iluminação. Vídeos escuros ou com excesso de luz são desagradáveis. Gaste algum
tempo estudando a melhor posição da câmera em relação à fonte de luz.
Planeje o cenário. Retire do campo visual do espectador todos os objetos que não contribuam para
esclarecer sua mensagem.
Aparência do apresentador. Cuide para que o apresentador esteja com aparência “apresentável”
diante da câmera: roupas, cabelos, unhas, barba, maquiagem, tudo deve ser testado em função de
Exercício
Crie uma apresentação de slides, trilha de áudio ou vídeo para explicar ao leitor as principais ideias de seu
artigo opinativo.
Resumo da lição
As apresentações de slides, bem como os demais elementos multimídia, devem estar sempre a serviço de sua intenção de
dizer alguma coisa a um leitor específico.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Ou seja, você está escrevendo para um leitor que consegue visualizar melhor as ideias expressas numa imagem
a partir de uma descrição dessa mesma imagem!
Seu desafio, agora, é redigir e “enxertar” no seu texto essas descrições. Talvez você precise incluir ou
modificar alguns parágrafos ou frases do texto original, para não quebrar o ritmo da exposição. Por isso,
recomendamos que faça este exercício sem pressa.
Resumo da lição
Quando o artigo estiver pronto, publique-o!
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Redação
A opinião é um direito que se conquista somente após adquirir amplo conhecimento sobre um
assunto. A opinião expressa por uma pessoa com limitado conhecimento não tem valor nenhum.
É muito mais fácil cortar do que “espichar”: sempre pesquise mais informações do que usará em
seu artigo.
Um passo importante na formação de um escritor é seguir bons modelos: imite bons escritores e
tenha sempre uma boa publicação em mente como alvo para redigir seus artigos opinativos.
A arte da opinião consiste, justamente, em “entrelaçar” todas as ideias de cada um dos parágrafos de
tal forma que conduzam o leitor ao pleno entendimento de seu ponto de vista.
O humor, a ironia e o sarcasmo podem ser empregados para tornar mais interessante um artigo
opinativo, mas recomenda-se muito cuidado.
Use à vontade referências artísticas e literárias em seus artigos opinativos, mas certifique-se de que
o leitor as entenderá.
O uso inteligente das figuras de estilo requer do escritor bom gosto e bom senso aliados a uma fértil
imaginação para estimular o leitor a evocar o sentido desejado.
O mundo é injusto com os autores iniciantes, por isso, todo cuidado é pouco na hora de empregar
figuras de estilo sintático.
As figuras de estilo que brotam das ideias do próprio texto constituem excelentes ferramentas para
que o escritor enriqueça a exposição de suas opiniões sem expor-se a grandes riscos.
O uso inteligente de figuras de estilo em artigos opinativos costuma ser limitado ao realce de ideias-
chaves e à quebra de monotonia, evitando os excessos que podem tornar pernóstico o seu texto.
O seu primeiro artigo opinativo é a melhor oportunidade que você tem de aplicar todas as
habilidades que exercitou desde a primeira lição deste curso. Aproveite-a!
Os títulos de seção, quando usados com inteligência, aumentam os índices de leitura até mesmo de
artigos opinativos bastante extensos.
Uma tabela é uma representação visual das relações matemáticas entre duas ou mais variáveis
numéricas.
Um gráfico pode oferecer um resumo visual de absorção mais rápida e eficaz do conteúdo de uma
tabela.
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Oliveira
Use quadros para expor as relações entre variáveis não numéricas.
Prefira criar suas próprias imagens para ilustrar seus textos. Caso não seja possível, suas opções são as
seguintes:
1. Obter autorização por escrito do(s) detentor(es) dos direitos autorais e editoriais
2. Usar imagens disponíveis sob uma licença Creative Commons adequada ao uso que você pretende
fazer.
Crie esquemas explicativos sempre que uma explicação verbal se tornar excessivamente longa,
confusa ou complexa.
As apresentações de slides, bem como os demais elementos multimídia, devem estar sempre a serviço
de sua intenção de dizer alguma coisa a um leitor específico.
Exercício
Escolha uma tarefa ou habilidade que você domine tão bem que esteja apto a ensinar a outra pessoa como
dominá-la. Pode ser uma tarefa/habilidade tão prosaica como passar roupas, organizar armários, jogar futebol
de botão, empinar pipas, completar um videogame até a última fase, vestir-se para uma festa de casamento,
arrumar malas de viagem ou qualquer outra. O importante é que seja uma tarefa relativamente complexa,
demandando explicações detalhadas passo a passo totalizando cerca de 10 páginas, mas não complexa demais,
que exija de você a redação de um livro!
Resumo da lição
Um manual de treinamento, para efeito deste curso, é um documento em forma de livrete ou apostila que se destina a
ensinar alguém a fazer alguma coisa, isto é, executar uma tarefa ou adquirir uma habilidade.
21 Exemplos de textos especializados não abrangidos por este curso: roteiros de vídeo, TV ou cinema; textos publicitários;
jurídicos e legislativos; discursos políticos e eleitorais; correspondência diplomática; notícias e reportagens; contos, crônicas,
romances e poemas; entre muitos outros.
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Redação
Exercício
Imagine que você está explicando a habilidade ou tarefa de seu manual a um absoluto iniciante e faça uma lista
de todos os detalhes que precisará explicar a esse leitor para que, apenas lendo o seu texto, ele consiga
aprender a fazer o que você deseja ensinar.
Resumo da lição
Ao redigir um manual de treinamento tendo em mente um absoluto iniciante, você ensinará a habilidade/tarefa a si mesmo
em um nível superior de profundidade e controle.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício
Planeje a estrutura de capítulos e subcapítulos de seu manual de treinamento, ordenando segundo uma
sequência lógica os tópicos que você listou na lição 107.
Resumo da lição
A estrutura de capítulos e subcapítulos deve seguir a ordem lógica dos temas que precisam ser explicados ao leitor
iniciante.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício
Redija alguns parágrafos sobre a relevância da tarefa/habilidade que você pretende ensinar em seu manual.
Procure estimular a imaginação do leitor com exemplos e histórias interessantes.
Resumo da lição
Convença o leitor de que adquirir a habilidade/aprender a executar a tarefa é um objetivo importante que trará benefícios à
sua vida.
Curso Online de
Redação
Você poderá facilitar muito a vida do leitor se, por exemplo, incluir exemplos de modelos, marcas e
fabricantes, redes de varejo ou sites de comércio eletrônico onde é possível adquirir os materiais, ingredientes
ou ferramentas com o nível de qualidade mínimo exigido para o aprendizado por um iniciante.
Exercício
Redija a lista de materiais e as medidas preparatórias essenciais à execução da tarefa do seu material de
treinamento.
Resumo da lição
Exercício
Redija a seção de “Metodologia e Plano da Obra” de seu manual de treinamento
Resumo da lição
Uma competente explicação sobre a metodologia e o plano da obra aumenta a confiança e o entusiasmo do leitor.
Curso Online de
Redação
Exercício
Mapeie as partes da execução da tarefa que pretende ensinar em seu manual e organize-as em uma sequência
de passos, prevendo os pontos de inserção de conexões ou informações adicionais.
Resumo da lição
Analise a tarefa dividindo-a em passos sequenciais, não se esquecendo de esclarecer as conexões, quando necessário.
Curso Online de
Redação
Exercício
Redija as instruções propriamente ditas, seguindo esqueleto definido na lição 112.
Resumo da lição
Todas as decisões relativas à redação das instruções devem ser julgadas sob critério de utilidade para o entendimento das
instruções pelo leitor. Complicou? Corte!
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício
Faça um levantamento dos procedimentos de segurança e precauções necessárias à execução do trabalho e
redija os alertas para inserção no manual.
Resumo da lição
Ensine o seu leitor a se proteger, explicando os riscos da tarefa e apresentando as precauções de segurança pessoal e
ambiental indispensáveis à realização bem-sucedida da tarefa. Em caso de dúvida, consulte as normas técnicas aplicáveis.
Curso Online de
Redação
Use splashes
para GRITAR
mensagens
curtas!
Além dos “boxes” e “splashes”, você pode pontuar visualmente certos trechos do texto de seu manual de
treinamento incluindo ícones diversos. Por exemplo:
Notas técnicas
Cuidado!
Atenção!
Dica especial
Pare e pense
Confira
Além dos ícones que provavelmente vêm instalados em seu editor de textos, há muitas opções de bibliotecas
de ícones de livre utilização disponíveis para download gratuito na internet. Usando programas de desenho
como o LibreOffice Draw, você poderá até modificá-los e personalizá-los, criando seus próprios outros
elementos visuais para destacar partes de seu texto.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício
Planeje e crie alguns elementos visuais − pelo menos 1 box e alguns ícones − para incluir em seu manual.
Resumo da lição
Exercício
Produza uma sequência de fotos, ilustrações ou um vídeo demonstrativo para seu manual de treinamento.
Resumo da lição
As fotos, ilustrações e vídeos, em um manual de treinamento, não têm finalidade decorativa, mas informativa.
Curso Online de
Redação
Exercício
Redija, com o máximo de esmero, o conjunto de instruções para o melhor resultado nos detalhes e
acabamentos.
Resumo da lição
O cuidado com os detalhes revela o grau de esmero com que o trabalho foi realizado. Incentive o seu leitor a caprichar nos
acabamentos!
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Nesta seção do seu manual, você explicará ao leitor quais detalhes e qualidades ele deve observar no resultado
do próprio trabalho. Ofereça critérios para que ele avalie sua própria obra com justiça, sem excesso de
autocrítica nem de autolouvor. Indique caminhos para aperfeiçoamento da habilidade na execução da tarefa,
como exercícios, livros e cursos.
E não se esqueça de congratular o leitor por ter seguido suas instruções até o final, com disciplina e dedicação,
duas palavras que devemos sempre incentivar nas pessoas à nossa volta.
Exercício
Redija um capítulo de demonstração do resultado final desejado. Se necessária, inclua fotos, ilustrações ou
vídeos.
Resumo da lição
Ofereça ao leitor uma referência de qualidade superior com a qual ele possa comparar o próprio trabalho.
Curso Online de
Redação
Exercício
Chegou a hora de finalizar o seu manual. Cuide de todos os detalhes e acabamentos para causar uma excelente
impressão em todos os que entrarem em contato com sua obra!
Resumo da lição
Dedique à redação final do seu manual de treinamento o mesmo esmero que você espera de seu leitor na execução da
tarefa que você pretende ensinar.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Para encerrar, registro a seguir os “resumos das lições” desta parte do curso, desejando muito sucesso e um
futuro brilhante para seus escritos.
Um manual de treinamento, para efeito deste curso, é um documento em forma de livrete ou apostila
que se destina a ensinar alguém a fazer alguma coisa, isto é, executar uma tarefa ou adquirir uma
habilidade.
Ao redigir um manual de treinamento tendo em mente um absoluto iniciante, você ensinará a
habilidade/tarefa a si mesmo em um nível superior de profundidade e controle.
A estrutura de capítulos e subcapítulos deve seguir a ordem lógica dos temas que precisam ser
explicados ao leitor iniciante.
Convença o leitor de que adquirir a habilidade/aprender a executar a tarefa é um objetivo importante
que trará benefícios à sua vida.
A preparação é 90% do sucesso.
Uma competente explicação sobre a metodologia e o plano da obra aumenta a confiança e o
entusiasmo do leitor.
Analise a tarefa dividindo-a em passos sequenciais, não se esquecendo de esclarecer as conexões,
quando necessário.
Todas as decisões relativas à redação das instruções devem ser julgadas sob critério de utilidade para o
entendimento das instruções pelo leitor. Complicou? Corte!
Ensine o seu leitor a se proteger, explicando os riscos da tarefa e apresentando as precauções de
segurança pessoal e ambiental indispensáveis à realização bem-sucedida da tarefa. Em caso de dúvida,
consulte as normas técnicas aplicáveis.
Use elementos visuais para destacar partes importantes do seu texto.
As fotos, ilustrações e vídeos, em um manual de treinamento, não têm finalidade decorativa, mas
informativa.
O cuidado com os detalhes revela o grau de esmero com que o trabalho foi realizado. Incentive o seu
leitor a caprichar nos acabamentos!
Ofereça ao leitor uma referência de qualidade superior com a qual ele possa comparar o próprio
trabalho.
Dedique à redação final do seu manual de treinamento o mesmo esmero que você espera de seu leitor
na execução da tarefa que você pretende ensinar.