Você está na página 1de 269

Alexei Gonçalves de Oliveira

Curso Online de
Redação

Alexei Gonçalves de Oliveira

Curso de Redação: Prático e Completo

Prefácio por Percival Puggina.


Capa por Géssica Hellmann

Copyright Alexei Gonçalves de Oliveira, 2019. Todos os direitos reservados.

Iniciativa do projeto Vias Clássicas – Valorizando o Conhecimento


http://www.gehspace.com/arte-cultura/
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Sumário
PREFÁCIO – Pondo ordem na casa............................................................................................. 14
Introdução ..................................................................................................................................... 16
Redação não é Gramática ............................................................................................................................. 16
“Bons demais” para serem práticos ............................................................................................................... 17
O método........................................................................................................................................................ 18
Como usar este livro ...................................................................................................................................... 18
Estudando com um professor ........................................................................................................................ 19
Organização do livro ...................................................................................................................................... 19
Parte 1 - Vocabulário ............................................................................................................................. 21
Lição 1 − Escreva para um leitor ................................................................................................. 22
Exercício......................................................................................................................................................... 22
Dica ................................................................................................................................................................ 22
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 22
Lição 2 − Ampliando seu vocabulário com sinônimos............................................................... 23
Exercício......................................................................................................................................................... 23
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 25
Lição 3 – Antônimos: a diferença entre negação e oposição .................................................... 26
Negações sem o “não”................................................................................................................................... 26
Exercício......................................................................................................................................................... 27
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 27
Lição 4 – Mudando o sentido com sinônimos e antônimos ....................................................... 28
Exercício......................................................................................................................................................... 28
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 29
Lição 5 – Faça você mesmo ......................................................................................................... 30
Observações sobre o exercício ..................................................................................................................... 30
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 30
Lição 6 – As palavras e sua sonoridade: eventos cacofônicos ................................................. 31
Exercício......................................................................................................................................................... 31
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 32
Lição 7 – Problemas de sonoridade: encontros vocálicos ........................................................ 33
Exercício......................................................................................................................................................... 33
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 33
Lição 8 – Problemas de sonoridade: repetição de consoantes ................................................. 34
Exercício......................................................................................................................................................... 34
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 34
Lição 9 – Problemas de sonoridade: rimas involuntárias .......................................................... 35
Exercício......................................................................................................................................................... 35
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 35
Lição 10 – Escolhendo as palavras pela sonoridade ................................................................. 36
Exercício......................................................................................................................................................... 36
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 37
Lição 11 – Significado e sentido das palavras na frase ............................................................. 38
Um exemplo prático: a diferença entre “sentido” e “significado” ................................................................... 38
Curso Online de
Redação
Um exemplo verde ........................................................................................................................................ 40
Exercício ........................................................................................................................................................ 40
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 40
Lição 12 – Identificando o sentido das palavras .........................................................................41
Exercício ........................................................................................................................................................ 41
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 41
Lição 13 – Criando sentido com palavras ....................................................................................42
Exercício ........................................................................................................................................................ 42
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 43
Lição 14 – Criando o sentido da frase..........................................................................................44
Exercício ........................................................................................................................................................ 44
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 45
Lição 15 – Quando o dicionário não basta ..................................................................................46
Um bom escritor tem vocabulário amplo e profundo .................................................................................... 46
A regra de ouro do vocabulário ..................................................................................................................... 46
Aumentando a profundidade do seu vocabulário ......................................................................................... 46
Exercício ........................................................................................................................................................ 47
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 47
Lição 16 – Criando significados com a técnica da definição ......................................................48
O desafio de redigir definições ...................................................................................................................... 48
Definindo o que é uma definição ................................................................................................................... 48
Um modelo para definição de objetos........................................................................................................... 48
Observação final............................................................................................................................................ 49
Exercício ........................................................................................................................................................ 49
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 50
Lição 17 – Definindo ações, atividades e profissões ..................................................................51
Como definir o que alguém faz? ................................................................................................................... 51
Requisitos das definições de ações, atividades e profissões....................................................................... 51
Modelo ........................................................................................................................................................... 51
Exercício ........................................................................................................................................................ 52
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 53
Lição 18 – Qualidades: definições científicas e não-científicas .................................................54
Definições científicas incluem variáveis ........................................................................................................ 54
Definições não-científicas enfatizam aspectos ............................................................................................. 54
Modelo para definir qualidades ..................................................................................................................... 54
Exercício ........................................................................................................................................................ 55
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 55
Lição 19 – Definindo ideias, pensamentos e sentimentos ..........................................................56
Como definir ideias e sentimentos ................................................................................................................ 56
Menos é mais ................................................................................................................................................ 56
Elementos comuns às definições de ideias .................................................................................................. 56
Exercício ........................................................................................................................................................ 57
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 57
Lição 20 – Definições objetivas e subjetivas ...............................................................................58
Exercício ........................................................................................................................................................ 58
Advertência importante.................................................................................................................................. 58
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 58
Lição 21 – Resumo da parte 1 – Vocabulário .................................................................................... 59
Parte 2 – Frase .............................................................................................................................. 61
Lição 22 – Frases na ordem direta e inversões........................................................................... 62
Observações sobre as regras do destaque ................................................................................................... 63
Exercício......................................................................................................................................................... 63
Resumo da lição............................................................................................................................................. 64
Lição 23 – Inversões e a sonoridade da frase ............................................................................. 65
Exercício......................................................................................................................................................... 65
Resumo da lição............................................................................................................................................. 65
Lição 24 – Usando inversões para melhorar a sonoridade ........................................................ 66
Exercício......................................................................................................................................................... 66
Resumo da lição............................................................................................................................................. 67
Lição 25 – Inversões: use-as com inteligência ........................................................................... 68
Exercício de “desinversão” sobre o Hino Nacional Brasileiro........................................................................ 68
Encontrando equilíbrio sem moderação ........................................................................................................ 68
Exercício......................................................................................................................................................... 69
Resumo da lição............................................................................................................................................. 69
Lição 26 – Princípios de Sensatez – Parte 1 − Dos fatos e das afirmações que fazemos sobre
eles ................................................................................................................................................ 70
Exercício......................................................................................................................................................... 72
Resumo da lição............................................................................................................................................. 73
Lição 27 – Condições de inteligibilidade da frase: unicidade de sentido .................................. 74
Exercício......................................................................................................................................................... 74
Resumo da lição............................................................................................................................................. 75
Lição 28 – Critérios de inteligibilidade: coerência ...................................................................... 76
Exercícios ....................................................................................................................................................... 76
Resumo da Lição ........................................................................................................................................... 77
Lição 29 – Critérios de inteligibilidade: conformidade ............................................................... 78
Os riscos de um texto “politicamente incorreto” ............................................................................................ 78
A autoimagem do leitor .................................................................................................................................. 78
“Tão engraçado como uma dor de dentes” ................................................................................................... 78
Afinal, como se orientar em meio a essa confusão toda? ............................................................................. 78
Exercício......................................................................................................................................................... 79
Resumo da lição............................................................................................................................................. 79
Lição 30 – Condições de inteligibilidade: Plausibilidade ........................................................... 80
Exercício......................................................................................................................................................... 81
Resumo da lição............................................................................................................................................. 82
Lição 31 – Critérios de Inteligibilidade: Correção estrutural ...................................................... 83
Dois métodos para resolver problemas de estrutura..................................................................................... 83
Qual o tamanho ideal da frase? ..................................................................................................................... 83
Exercícios ....................................................................................................................................................... 84
Resumo da lição............................................................................................................................................. 85
Lição 32 – Princípios de Sensatez − Parte 2 − Gênero e Espécie .............................................. 86
Exercícios ....................................................................................................................................................... 87
Curso Online de
Redação
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 88
Lição 33 – Coordenação e Subordinação ....................................................................................89
Exercício ........................................................................................................................................................ 90
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 91
Lição 34 – Mais maneiras de coordenar ideias ............................................................................92
Aditivas: um simples acréscimo de informação ............................................................................................ 92
Adversativas: o outro lado da questão .......................................................................................................... 92
Alternativas: opções à vontade ..................................................................................................................... 93
Conclusivas: a consequência inevitável do seu brilhante raciocínio ............................................................ 93
Explicativas: não deixe o leitor em dúvida .................................................................................................... 93
Observações finais ........................................................................................................................................ 94
Exercícios ...................................................................................................................................................... 94
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 94
Lição 35 – Algumas maneiras de subordinar ideias a outras (parte 1) ......................................95
Conjunções Subordinativas........................................................................................................................... 95
Exercício ........................................................................................................................................................ 97
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 97
Lição 36 – Algumas maneiras de subordinar ideias a outras (parte 2) ......................................98
Exercícios ...................................................................................................................................................... 98
Resumo da Lição........................................................................................................................................... 99
Lição 37 – Sintaxe a serviço da intenção de dizer.....................................................................100
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 101
Lição 38 – Princípios de Sensatez − Parte 3 − Causa e efeito ..................................................102
Exercícios .................................................................................................................................................... 104
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 105
Lição 39 – Pontuação: uso da vírgula ........................................................................................106
Vírgula ( , ) ................................................................................................................................................... 106
Exemplos de usos obrigatórios da vírgula .................................................................................................. 106
Exercício ...................................................................................................................................................... 108
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 109
Lição 40 – Pontuação: outros sinais ..........................................................................................110
Ponto e vírgula [ ; ] ...................................................................................................................................... 110
Dois-pontos [ : ]............................................................................................................................................ 110
Ponto Final [ . ], Ponto de Interrogação [ ? ], Ponto de Exclamação [ ! ].................................................... 111
Reticências [ ... ] .......................................................................................................................................... 111
Parênteses [ ( ) ] .......................................................................................................................................... 112
Pontuação nas frases entre parênteses ................................................................................................ 113
Travessão [ – ] ............................................................................................................................................. 113
Aspas ( “ ” ) .................................................................................................................................................. 113
Exercício ...................................................................................................................................................... 113
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 115
Lição 41 – Resumo da parte 2 – Frase .......................................................................................116
Parte 3 – Parágrafo ......................................................................................................................118
Lição 42 – Introdução à redação de parágrafos ........................................................................119
Exercício ...................................................................................................................................................... 120
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 120
Alexei Gonçalves de
Oliveira 43 – Destaque
Lição de ideias no parágrafo ............................................................................. 121
Exercício....................................................................................................................................................... 121
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 122
Lição 44 − Princípios de Sensatez − Parte 4 − Generalizar é possível! ................................... 123
Exercício....................................................................................................................................................... 124
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 125
Lição 45 – Parágrafos longos, parágrafos curtos..................................................................... 126
Ponderações sobre o tamanho ideal do parágrafo ..................................................................................... 126
Exercícios ..................................................................................................................................................... 127
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 127
Lição 46 − O parágrafo de abertura (1) − Conceitos básicos ................................................... 128
Exercício....................................................................................................................................................... 129
Resumo da Lição ......................................................................................................................................... 129
Lição 47 − O parágrafo de abertura (2) − A “pirâmide invertida” ou “Técnica do funil” ......... 130
Exercício....................................................................................................................................................... 131
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 131
Lição 48 − O parágrafo de abertura (3) − A frase inicial ........................................................... 132
Exercício....................................................................................................................................................... 134
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 134

Lição 49 − O parágrafo de abertura (4) − A frase de encerramento ou “Declaração de tese”. . .135


Exercício....................................................................................................................................................... 136
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 137
Lição 50 − Princípios de Sensatez − Parte 5 − Coisas que você não pode afirmar ................ 138
Exercício....................................................................................................................................................... 139
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 140
Lição 51 – O parágrafo de conclusão (1): a técnica do “E daí”? ............................................. 141
Exercício....................................................................................................................................................... 141
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 142
Lição 52 − O parágrafo de conclusão (2) − Recursos extras ................................................... 143
Exercício....................................................................................................................................................... 143
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 143
Lição 53 − Parágrafos de desenvolvimento (1) − Noções iniciais ........................................... 144
Exercício....................................................................................................................................................... 144
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 144
Lição 54 − Parágrafos de desenvolvimento (2) − Enumeração ................................................ 145
Exercício....................................................................................................................................................... 146
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 146
Lição 55 − Parágrafos de desenvolvimento (3) − Oposição ..................................................... 147
Exercício....................................................................................................................................................... 148
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 148
Lição 56 − Princípios de Sensatez − Parte 6 − O necessário e o suficiente ............................ 149
Exercício....................................................................................................................................................... 149
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 149
Lição 57 − Parágrafos de desenvolvimento (4) − Analogia ...................................................... 150
Exercícios ..................................................................................................................................................... 150
Curso Online de
Redação
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 151
Lição 58 − Parágrafos de desenvolvimento (5) − Exemplos .....................................................152
Exercício ...................................................................................................................................................... 152
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 152
Lição 59 − Parágrafos de desenvolvimento (6) − Relações de causalidade ............................153
Exercício ...................................................................................................................................................... 154
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 154
Lição 60 − Parágrafos de desenvolvimento (7) − Análise, Conexão e Síntese ........................155
Exercício ...................................................................................................................................................... 157
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 157
Lição 61 − Parágrafos de desenvolvimento (8) − Definição, Etimologia e Conceituação .......158
Exercício ...................................................................................................................................................... 160
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 160
Lição 62 − Princípios de Sensatez − parte 7 − Provas e especulações ....................................161
Exercício ...................................................................................................................................................... 162
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 162
Lição 63 − Juntando as peças ....................................................................................................163
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 163
Lição 64 − Resumo da parte 3 − Parágrafo ................................................................................164
Parte 4 – Redação Simples .........................................................................................................166
Lição 65 – Introdução à Redação Simples − Estrutura .............................................................167
Configuração do editor de textos ................................................................................................................ 168
Exercício ...................................................................................................................................................... 168
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 168
Lição 66 − Preparação para a redação simples: pesquisa da memória ...................................170
Exemplo prático: o que você sabe sobre “suco de laranja”?...................................................................... 170
Exercício ...................................................................................................................................................... 171
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 171
Lição 67 – Preparação para a redação simples (2): pesquisa para seleção do enfoque .........172
Exercício ...................................................................................................................................................... 173
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 173
Lição 68 – Princípios de Sensatez — Parte 8 (Final) — Entre o tudo e o nada, o infinito........174
“Não adianta nada” ...................................................................................................................................... 174
“Se não for perfeito, não é bom o bastante” ............................................................................................... 175
“O ideal seria” .............................................................................................................................................. 175
“A única solução possível” ........................................................................................................................... 176
A posição dos fatos ..................................................................................................................................... 176
Exercícios .................................................................................................................................................... 176
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 177
Lição 69 – Informações relevantes e irrelevantes .....................................................................178
Exemplo prático: como encontrar uma declaração de tese a partir de informações de pesquisa ............. 178
Selecionando informações por relevância .................................................................................................. 179
Exercício ...................................................................................................................................................... 179
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 180
Lição 70 — Planejamento da estrutura da redação simples .....................................................181
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício....................................................................................................................................................... 181
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 182
Lição 71 – Sua primeira redação simples ................................................................................. 183
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 183
Lição 72 — O título de sua redação simples ............................................................................. 184
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 185
Lição 73 — Sua segunda redação simples: do fio ao pavio em 3 horas ................................. 186
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 186
Lição 74 – Transições entre parágrafos .................................................................................... 187
Exercício....................................................................................................................................................... 187
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 188
Lição 75 – Não diga, mostre! ..................................................................................................... 189
Exercício....................................................................................................................................................... 189
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 189
Lição 76 – A técnica da explicação (1) – Conceitos introdutórios e componentes essenciais
...........................................................................................................................................................190
Exercício....................................................................................................................................................... 191
Resumo da Lição ......................................................................................................................................... 192
Lição 77 − A técnica da explicação (2) − Sugestão estrutural e dicas ..................................... 193
Exercício....................................................................................................................................................... 194
Resumo da Lição ......................................................................................................................................... 194
Lição 78 — Exercício: Redação simples explicativa ................................................................ 195
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 195
Lição 79 — A técnica da descrição (1) — Noções introdutórias e a técnica do “Zoom in” .... 196
“Descrições são chatas e dão sono no leitor” ............................................................................................. 196
A técnica do “zoom in” ................................................................................................................................. 197
Exercício....................................................................................................................................................... 198
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 198
Lição 80 — A técnica da descrição (2) — “Zoom out” .............................................................. 199
Exercício....................................................................................................................................................... 200
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 200
Lição 81 — A técnica da descrição (3) — Descrição panorâmica ............................................ 201
Exercício....................................................................................................................................................... 202
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 202
Lição 82 — Exercício: Redação simples descritiva .................................................................. 203
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 203
Lição 83 — Resumo da parte 4 — Redação Simples ................................................................ 204
Parte 5 – Redação de Artigo Opinativo ..................................................................................... 206
Lição 84 – Comece um blog ....................................................................................................... 207
Passos simples para começar um blog pessoal ......................................................................................... 207
Exercício....................................................................................................................................................... 208
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 208
Lição 85 − Artigo opinativo: conceitos introdutórios ............................................................... 209
A dose certa para o sucesso........................................................................................................................ 210
Curso Online de
Redação
Exercício ...................................................................................................................................................... 210
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 211
Lição 86 − Pesquisa de dados para uma opinião fundamentada .............................................212
Exercício ...................................................................................................................................................... 213
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 213
Lição 87 − Escolha autores e publicações para servir de modelos .........................................214
Permita-se influenciar por bons autores ..................................................................................................... 214
Escolha uma publicação-modelo ................................................................................................................ 214
Exercício ...................................................................................................................................................... 215
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 215
Lição 88 − Planejamento da estrutura do artigo opinativo .......................................................216
Planejamento da introdução........................................................................................................................ 216
Planejamento do artigo ............................................................................................................................... 216
Maquiavel e o foguete do crescimento infinito ............................................................................................ 217
Exercício ...................................................................................................................................................... 219
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 219
Lição 89 − Humor, Ironia e Sarcasmo.........................................................................................220
Exercício ...................................................................................................................................................... 221
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 221
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 221
Lição 90 − Referências culturais ................................................................................................222
Exercício ...................................................................................................................................................... 222
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 222
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 222
Lição 91 − Figuras de estilo: palavras........................................................................................223
Comparação ................................................................................................................................................ 223
Metáfora ....................................................................................................................................................... 223
Metonímia .................................................................................................................................................... 223
Catacrese .................................................................................................................................................... 223
Perífrase ...................................................................................................................................................... 224
Sinestesia .................................................................................................................................................... 224
Exercícios .................................................................................................................................................... 224
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 225
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 225
Lição 92 – Figuras de estilo: sintaxe ..........................................................................................226
Elipse ........................................................................................................................................................... 226
Zeugma ........................................................................................................................................................ 226
Pleonasmo ................................................................................................................................................... 226
Inversões: hipérbato, anástrofe e sínquise ................................................................................................. 227
Assíndeto ..................................................................................................................................................... 227
Polissíndeto ................................................................................................................................................. 227
Anacoluto ..................................................................................................................................................... 227
Silepse ......................................................................................................................................................... 228
Exercícios .................................................................................................................................................... 228
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 228
Lição 93 − Figuras de estilo: ideias ............................................................................................229
Antítese ........................................................................................................................................................ 229
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Eufemismo ................................................................................................................................................... 229
Hipérbole ...................................................................................................................................................... 229
Personificação (prosopopeia) ...................................................................................................................... 229
Onomatopeia ................................................................................................................................................ 229
Exercício....................................................................................................................................................... 230
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 230
Lição 94 − Aplicação das figuras de estilo a seu artigo opinativo........................................... 231
Exercício....................................................................................................................................................... 231
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 231
Lição 95 − Primeiro rascunho do artigo opinativo.................................................................... 232
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 232
Lição 96 − Títulos de seções...................................................................................................... 233
Exercício....................................................................................................................................................... 234
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 234
Lição 97 − Elementos visuais (1): Tabelas .......................................................................................235
Exercício....................................................................................................................................................... 235
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 235
Lição 98 − Elementos visuais (2): Gráficos ............................................................................... 236
Gráficos de barras ou colunas ..................................................................................................................... 236
Gráficos de “torta” ou de “pizza” .................................................................................................................. 236
Gráficos de área........................................................................................................................................... 236
Gráficos de linhas ........................................................................................................................................ 236
Gráficos de dispersão .................................................................................................................................. 237
Efeitos 3D e outros tipos de gráficos ........................................................................................................... 237
Elementos textuais ....................................................................................................................................... 237
Exercícios ..................................................................................................................................................... 237
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 237
Lição 99 − Elementos visuais (3): Quadros ............................................................................... 238
Exercício....................................................................................................................................................... 238
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 238
Lição 100 − Elementos visuais (4): Fotos e ilustrações ........................................................... 239
Direitos autorais e editoriais......................................................................................................................... 239
Autorização direta do autor ................................................................................................................... 239
Licença Creative Commons .................................................................................................................. 239
Domínio público .................................................................................................................................... 239
Bancos de imagens............................................................................................................................... 240
Exercícios ..................................................................................................................................................... 240
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 240
Lição 101 − Elementos visuais (5): Esquemas.......................................................................... 241
Exercício....................................................................................................................................................... 241
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 241
Lição 102 − Elementos visuais (6): Infográficos ....................................................................... 242
Exercício....................................................................................................................................................... 242
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 242
Lição 103 − Elementos visuais (7): Slides e outros elementos multimídia ............................. 243
Áudio, vídeo e outros elementos multimídia............................................................................................... 244
Princípio geral ....................................................................................................................................... 244
Áudio .................................................................................................................................................... 244
Curso Online de
Redação
Vídeo e animação ................................................................................................................................ 244
Exercício ...................................................................................................................................................... 245
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 245
Lição 104 − Redação final e apresentação para publicação .....................................................246
Submetendo o artigo para publicação ........................................................................................................ 246
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 246
Lição 105 − Resumo da parte 5 ..................................................................................................247
Parte 6 − Redação de Manual de Treinamento ..........................................................................249
Lição 106 − Redação de manual de treinamento .......................................................................250
O que é um manual de treinamento?.......................................................................................................... 250
Exercício ...................................................................................................................................................... 250
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 250
Lição 107 − Qualificação do leitor ..............................................................................................251
Exercício ...................................................................................................................................................... 251
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 251
Lição 108 − Estrutura do trabalho: divisão em capítulos e subcapítulos ................................252
Exercício ...................................................................................................................................................... 253
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 253
Lição 109 − Relevância da habilidade ........................................................................................254
Exercício ...................................................................................................................................................... 254
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 254
Lição 110 − Listas de materiais, recursos, preparativos...........................................................255
Exercício ...................................................................................................................................................... 255
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 255
Lição 111 − Metodologia e plano da obra ..................................................................................256
Exercício ...................................................................................................................................................... 256
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 256
Lição 112 − Divisão da tarefa/habilidade em passos sequenciais ...........................................257
Exercício ...................................................................................................................................................... 258
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 258
Lição 113 − As instruções propriamente ditas ..........................................................................259
Exercício ...................................................................................................................................................... 259
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 259
Lição 114 − Advertências de segurança e precauções .............................................................260
Exercício ...................................................................................................................................................... 260
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 260
Lição 115 − Elementos visuais (1): “boxes”, “splashes” e ícones ...........................................261
Explicações adicionais? Use um box! ......................................................................................................... 261
Exercício ...................................................................................................................................................... 262
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 262
Lição 116 − Elementos visuais (2): vídeos, sequências de fotos ou ilustrações.....................263
Fios, setas e legendas numeradas ............................................................................................................. 263
Exercício ...................................................................................................................................................... 264
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 264
Lição 117 − Detalhes e acabamentos .........................................................................................265
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exercício....................................................................................................................................................... 265
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 265
Lição 118 − Demonstração do resultado final desejado .......................................................... 266
Exercício....................................................................................................................................................... 266
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 266
Lição 119 − Revisão e Redação Final ........................................................................................ 267
Exercício....................................................................................................................................................... 267
Resumo da lição .......................................................................................................................................... 267
Lição 120 − Resumo da Parte 6 − Conclusão do Curso ........................................................... 268
Curso Online de
Redação

PREFÁCIO – Pondo ordem na casa


por Percival Puggina1

Outro dia, um grupo de pessoas entre as quais me encontrava ouvia a leitura de certo texto que fora
sugerido para um manifesto. O autor pedia aprovação e todos os que ali estavam, em tese, deveriam assinar. Já
na primeira frase se estabeleceram discordâncias. As afirmações pareciam desconjuntadas. Era controverso
saber a quem ou a quê se referiam os pronomes. Embora o vocabulário estivesse bem escolhido e o sentido do
texto estivesse claro, orações subordinadas e apostos explicativos se entrelaçavam e embaralhavam. Vírgulas
procuravam em vão seu paradeiro.
Como resolver a encrenca? E mais: por que era tão difícil dar um jeito naquelas poucas linhas? Nesse
momento, intervim perguntando ao grupo onde estava o sujeito da frase. A quem se referia o verbo tal? Com o
mandado de busca em mãos, saíram todos atrás do tipo para o devido arresto. E não foi muito difícil encontrá-
lo, escondido entre as macegas, longe dali, na terceira linha da frase. Resumindo: mediante condução
coercitiva o sujeito foi levado para o começo do texto, desde onde começou a pôr ordem na casa.
Enquanto assistia à cena e dela participava lembrei-me do professor Alexei Gonçalves de Oliveira e do
inesperado convite para que produzisse o prefácio deste seu “Curso de Redação”. Por que eu? Após as
bondosas palavras com que me distinguiu, ele me remeteu à página ... deste livro, na qual utiliza como
exemplo frase extraída de um texto que escrevi há alguns anos. É uma boa frase e revela mais dele por
escolhê-la do que de mim por havê-la escrito. Digo isso porque me lembro do trabalho que me deu a escolha
do vocabulário, a construção da sequência de ideias, a obtenção da cadência certa, o trabalho de ouvi-lo na voz
de minha mulher (que lê para mim, em voz alta, absolutamente tudo que escrevo). O Português, aliás, é um
idioma para ler e ouvir. Jamais publico algo apenas visto. O imprimatur é dado pelo ouvido.
Estou dizendo isto porque o “Curso de Redação” é um achado no garimpo das obras preciosas a quem
quer atribuir correção e qualidade ao que escreve. E creiam: é algo que vale mais do que dinheiro; é prazeroso,
ainda que dê trabalho, que tome tempo e que tempo seja dinheiro. Mesmo se sabendo – como se sabe e como o
professor Alexei ensina – que todo texto é feito para um leitor, a consciência de que se está alcançando o
domínio da linguagem, insinua no redator uma espécie de poder sobre si mesmo. “Eu posso pensar sobre isso e
posso escrever sobre isso porque estou conquistando o domínio da técnica”. Cabe aqui o gerúndio porque não
se completa jamais essa posse. O idioma não tem dono, mas quem o maltrata se dá mal. Ah! A boa técnica,
junto com a leitura de bons autores, introduz à arte.
Ante este livro, todos nos tornamos estudantes, aprendizes da feitiçaria da boa escrita. Se, com suas
lições, abrirmos a cortina da fantasia, podemos nos imaginar circunvagando entre prateleiras e gavetas com
120 pequenas poções mágicas que vão produzindo efeitos inesperados. Descobriremos que as palavras
refletem fragmentos da realidade social. Há vocábulos pobres e vocábulos ricos, bonitos e feios, elegantes e
grosseiros. E o mesmo acontece com as frases, com os textos e com os livros. Depois, destampando os
conteúdos dos frascos, vamos descobrir formas de dar graça a uma palavra pobre, elegância a uma palavra feia
e outras mágicas semelhantes.
Minha formação profissional (isso deve estar dito por aí em algum lugar) se deu em Arquitetura e
Urbanismo. Alguém poderá indagar sobre o que a arquitetura tem a ver com redação e – no meu caso – com a
crônica política com presunções literárias. A resposta é: muito. Na obra, a arquitetura é (para nos valermos da
expressão do professor Alexei) a “síntese sintática” dos elementos construtivos, daqueles vidrinhos rotulados a
que ele se refere ao introduzir suas ideias sobre a sintaxe.
Nesta pequena capsula em que trabalho, quase tudo está ao alcance do braço. Logo acima da tela do
computador, existem dois conjuntos de pequenas prateleiras onde tenho alguns livros de uso permanente. Estão
na linha dos tais medicamentos de uso continuado que compõem a feira mensal dos idosos na farmácia do
bairro. Ali, pouco acima da linha dos olhos, há um exemplar da Bíblia, dois dicionários analógicos, um
Aurélio, um dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos e outro de Verbos e Regimes.
Agora, entre minhas preciosidades, abrirei vaga para as 120 lições do professor Alexei, cuja

1 Percival Puggina é jornalista e escritor, membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


Alexei Gonçalves de
Oliveira
organização permite aproveitá-lo para estudo sistemático, degrau por degrau, segundo sua eficiente pedagogia
das dificuldades crescentes, e para consulta, graças à boa explicitação dos capítulos e das lições.
Quem serve ao idioma, serve à cultura. E vale o mesmo, sem preposição: quem serve idioma, serve
cultura, o que significa subir alguns dos mais elevados degraus do espírito, mesmo quando o usamos para
melhorar nossa nota no exame ou no trabalho, para seduzir o cliente ou o patrão.
Curso Online de
Redação

Introdução
É desnecessário alongarmo-nos demais sobre a imensa dificuldade que os brasileiros enfrentam quando o
assunto é “Redação”. São fonte frequente de anedotas as “pérolas” engastadas por estudantes nas provas de
vestibulares e de outros concursos. Também são frequentes as críticas aos textos dos jornais, revistas, sítios de
internet e, até mesmo, de obras literárias recentes. De um modo geral, todos estamos conscientes de que,
apesar dos muitos anos gastos nos bancos de escolas, sejam públicas ou particulares, pouco importando o
preço que se tenha pago, a maioria dos brasileiros começa a “suar frio” quando se exige a expressão escrita de
seus pensamentos.
O problema está aí, diante de todos. A questão é decidir o que faremos a respeito.
Empurrar a culpa para os estudantes, atribuindo-lhes toda a responsabilidade por não terem aprendido a redigir
é, a meu ver, uma grande injustiça. Afinal, muita gente não aprende simplesmente porque não encontra alguém
que se disponha a ensinar. Por outro lado, culpar os professores também é injusto. A maioria dos professores de
Redação que conheci ao longo de minha vida estava sinceramente preocupada em melhorar a expressão escrita
de seus alunos e, em alguns casos extremos, desesperavam-se por não conseguir ajudar os que se encontravam
em pior situação.
Decididamente, este não é um problema que se possa resolver identificando culpados. O que precisamos fazer
é isolar os componentes essenciais do problema “ensino versus aprendizado de Redação em Língua
Portuguesa” e desenvolver táticas para lidar com eles. Ao desenvolver este curso, minha intenção foi
exatamente criar táticas para solucionar os problemas de Redação com que mais frequentemente me deparei ao
longo dos últimos 30 anos. Para entender como você desenvolverá suas habilidades de Redação usando o
método deste livro, é importante conhecer os problemas que deram origem a esta obra.

Redação não é Gramática


Há cerca de 30 anos, eu concluía o ensino médio – na época, chamava-se “Segundo Grau”. Naquela era
remota, o grande “bicho-papão” dos estudantes de Língua Portuguesa chamava-se “Análise Sintática”, um
monstrengo coberto de escamas venenosas e garras afiadas que, ao que me lembre, ninguém conseguia
entender completamente. Aprendia-se o bastante para acertar a maioria das questões das provas e obter
aprovação na escola e no exame Vestibular. Depois, enterrava-se esse conhecimento junto às demais
informações sem aplicação à vida cotidiana, como o nome dos afluentes do Rio Amazonas e os métodos de
resolução de operações com logaritmos.
As aulas de Análise Sintática seguiam sempre o mesmo padrão. A professora escrevia um exemplo no quadro-
negro e, durante a meia hora seguinte, derramava sobre nossos cérebros de estudantes a água-benta da Lógica,
da Semântica, da Gramática, das mil e uma sutilezas e minudências, das centenas de exceções e contradições
ocasionadas pela simples presença ou ausência, real ou subentendida, de uma simples partícula, fosse
preposição ou artigo, sobre a significação e os méritos estilísticos da frase.
Não é preciso dizer que ninguém entendia nada.
Para ser sincero, até que entendíamos alguma coisa quando apresentados ao exemplo do quadro-negro,
normalmente alguma coisa como “Mamãe trouxe um cacho de bananas da feira”. O problema era que as frases
dos exercícios do livro ou das provas não ofereciam menos do que 20 palavras emaranhadas em quatro ou
cinco orações para a meninada desenredar.
Obviamente, todos odiávamos Análise Sintática, desprezada como mais um item de cultura inútil a ser
esquecido dois minutos após a aprovação no Vestibular – pelo menos, por quem não tivesse optado pelo curso
de graduação em Letras!
Mas eis que, alguns anos depois, lá estava eu enfrentando dificuldades em uma das disciplinas da faculdade de
Comunicação. O professor chamava-se Geir Campos – poeta, tradutor, jornalista, enfim, um autêntico escritor
– e devolvia-me provas e trabalhos rabiscados de alto a baixo com tinta vermelha, criticando acidamente cada
palavra que eu escrevera com tanto orgulho de minhas próprias habilidades… Ora, como se atrevia? Não havia
um único erro de Ortografia, Regência, Concordância… Do ponto de vista da Gramática, os meus textos eram
Alexei Gonçalves de
Oliveira
impecáveis!
O que eu não conseguia perceber era que um bom texto não é feito somente da ausência de erros!
Aos poucos, à medida que consegui engolir o orgulho, percebi que “o Geir tinha razão”. O problema de meus
textos não era o uso da Gramática, mas a total inadequação no emprego da sintaxe!
Envergonhado, procurei o professor Geir Campos em busca de conselhos e ele recomendou que eu estudasse
“o livro do Othon”, um grosso volume intitulado “Redação em Prosa Moderna”, cujo autor era o professor
Othon Moacyr Garcia.
O estudo dessa obra magnífica teve um efeito revelador. Tudo o que as professoras de Português se
descabelavam para explicar – e eu não conseguia entender – subitamente começou a fazer sentido.
A grande dificuldade é que a Sintaxe não se reduz à Análise Sintática. De fato, a Análise Sintática é a atividade
de decompor uma frase em seus elementos e classificá-los em “vidrinhos” com rótulos, armazenando-os na
prateleira certa da estante adequada.

Mas a Análise Sintática não nos diz nada sobre como escrever o que desejamos – uma atividade que podemos,
muito justamente, chamar de “Síntese Sintática”. O que um escritor faz, em seu processo de criação de textos,
é escolher os “vidrinhos certos” na prateleira da estante de elementos sintáticos e misturar seu conteúdo de
forma conveniente para escrever frases adequadas, perfeitas, sonoras, eloquentes, convincentes, nota dez!
A Análise Sintática é atividade posterior à criação de boas frases. Como tal, ela não ensinará você a criar
boas frases, bons parágrafos, “boas redações”. Ensinar um estudante a escrever é, em grande parte ensinar-lhe
critérios e métodos para uma ótima Síntese Sintática. Por exemplo, se você quer sugerir ao leitor a ideia X,
você fará melhor usando orações coordenadas; por outro lado, caso a intenção seja Y, será mais conveniente
usar orações subordinadas.
Ou seja, para o escritor, não importa qual é a classificação, mas a aplicação!
Ao longo dos anos seguintes, minhas investigações sobre diversos outros aspectos do ato de escrever
revelaram que esse princípio – “para o escritor, não importa qual é a classificação, mas a aplicação!” – é
extensivo a todos eles. Por exemplo, para o escritor, importa menos conhecer o significado de mil palavras do
que um punhado de critérios para escolher as palavras certas para as frases que deseja escrever. O escritor está
ocupado em criar e, portanto, precisa dispor de critérios e técnicas práticas que o ajudem a desincumbir-se
com sucesso dessa tarefa.

“Bons demais” para serem práticos


O grande problema de boa parte dos livros e manuais que se propõem a ensinar Redação em Língua
Portuguesa no Brasil é sua ânsia de “esgotar o assunto”, de abordar em um único volume praticamente todos
os problemas e minúcias relacionadas à atividade de produção de textos. Deste modo, tornam-se livros
“complicados”, volumosos, difíceis de ler e de estudar, não sendo simples a criação de um plano de curso com
base em seu conteúdo. Além disso, pelo que pude apurar em minhas visitas a livrarias e bibliotecas ao longo
das últimas três décadas, essas obras não obedecem a um princípio didático que, ao longo de minha
experiência como professor, revelou-se de importância fundamental: o princípio da dificuldade progressiva.
Quando desejamos ensinar alguma habilidade a uma outra pessoa – ou aprendê-la nós mesmos,
autodidaticamente – é indispensável conduzir gradativamente o estudante desde as tarefas mais simples até às
mais complexas, sem grandes “saltos” de dificuldade. Em termos simples, cada exercício que o aluno fizer
deve ser um pouco mais difícil do que o anterior e um pouco mais fácil do que o exercício seguinte.
Durante os 30 anos que se seguiram ao meu primeiro contato com o “livro do Othon”, exerci ininterruptamente
as funções de redator e professor de Redação. Também orientei dezenas de alunos durante a elaboração de seus
trabalhos de conclusão de curso, revisando seus textos linha por linha, além de atuar como responsável pela
redação e revisão de textos para clientes de Marketing Digital. Mais recentemente, comecei a atuar como
tradutor de textos de Língua Inglesa para o Português, já tendo sido publicadas algumas de minhas traduções.
Durante toda essa trajetória, jamais deixei de imaginar como oferecer a jovens estudantes – como aquele que
eu era em 1987! – uma maneira de reduzir a atividade de Redação em Língua Portuguesa a seus componentes
Curso Online de
Redação
essenciais, sem me perder em minúcias que mais confundem do que esclarecem, e ensiná-los segundo o
princípio da dificuldade progressiva.
O resultado está consolidado nas 120 lições deste livro. O objetivo desta obra é bastante simples e modesto:
ensinar ao estudante um conjunto bastante amplo de técnicas de Redação que ele possa aplicar imediatamente
aos textos que precisa escrever, seja na escola, na universidade ou no trabalho. Nosso desejo incessantemente
perseguido é que você, a cada lição que fizer, aprenda alguma coisa que possa começar a usar no mesmo dia.

O método
O método que apresentamos nesta obra se assenta sobre três pilares:
(1) O leitor. Enquanto boa parte dos professores e estudantes de Redação estão preocupadíssimos com a
apresentação e o desenvolvimento do “tema” da Redação, os escritores constatam na prática que todo texto é
dirigido a um leitor. Por exemplo:
Um texto repleto de termos técnicos parecerá “chato” para um leigo ou um estudante “calouro”, mas
interessantíssimo para um professor, um profissional ou um especialista. Inversamente, um texto
didático em linguagem simples que entusiasmará um iniciante poderá entediar brutalmente um
especialista.
Um texto excessivamente formal que será adequado se dirigido a uma autoridade poderá desagradar
ou entristecer um amigo, enquanto um texto repleto de intimidade que agradaria a um amigo pode
enfurecer uma pessoa em posição de autoridade.
Um texto redigido para um professor avaliador jamais será idêntico a um que seja destinado à leitura
por alunos iniciantes – e vice-versa.
Assim, em vez da preocupação com “o tema”, ao longo de toda esta obra incitaremos o estudante a ocupar-se
do leitor – isto é, a lembrar-se da pessoa para quem deseja escrever um texto e a julgar a qualidade das
palavras, frases e parágrafos de seu texto em função de quem o lerá.
(2) A intenção de dizer. Todo texto nasce da intenção de dizer alguma coisa a alguém (o leitor!). O grande
desafio enfrentado pelo escritor é o de escolher palavras e articulá-las em frases e parágrafos que digam
exatamente o que ele deseja, sem deixar margem para que o leitor pense que ele quis dizer outra coisa!
Redigir bem, ao contrário do que sugerem certos livros de “interpretação de textos”, não é compor uma
charada, um enigma, um quebra-cabeças, para que o leitor adivinhe o que o escritor “realmente quis dizer”
enquanto dizia outra coisa totalmente diferente!
Escrever bem é escrever de forma clara e inequívoca, sem ambiguidades, sem criação artificial de dificuldades
de compreensão ou de “interpretação” movidas pelo desejo de impressionar o leitor “escrevendo bonito”.
Ao estudar este livro, você receberá toda a orientação para aplicar os conceitos aprendidos à sua intenção de
dizer, para que você seja capaz de escrever exatamente o que pensa, sem deixar margem para que o leitor não
entenda direito o que você quis dizer.
(3) Autoaperfeiçoamento e autocorreção. O objetivo mais elevado desta obra é conduzir o estudante até um
estágio de desenvolvimento da escrita em que se torne independente da avaliação de revisores e instrutores. A
intenção é que você seja capaz de corrigir e aperfeiçoar os textos que você mesmo escreve simplesmente
aplicando os conceitos aprendidos em cada lição.
Faça a experiência: redija um texto completo antes de começar o curso. Em seguida, após completar uma nova
lição, aplique os conceitos estudados sem apagar o texto original. Você verá com seus próprios olhos a
transformação para melhor na sua técnica de escrita.

Como usar este livro


Este livro pode ser usado tanto pelo estudante que deseje aperfeiçoar, por conta própria, suas habilidades de
escrita, quanto por professores como base para o planejamento de um curso completo com duração de um ou
Alexei Gonçalves de
Oliveira
dois semestres.
O modo mais simples e direto de usar este livro é começar pela Lição 1 e seguir em frente, uma lição de cada
vez, lendo as explicações e fazendo os exercícios até chegar à última lição. O estudante que esteja apressado
por qualquer motivo – por exemplo, a iminência de uma prova de concurso com questões que exijam longas
respostas discursivas – pode, seguindo este método, completando uma lição por dia útil, completar o curso
inteiro, da primeira à última lição, no prazo de 6 meses. Caso não tenha tanta pressa, nem tanto tempo
disponível durante a semana para estudar, também pode ter excelente aproveitamento programando um menor
número de lições semanais. Vale alertar que o número mínimo ideal para um bom aproveitamento prevê duas
sessões de estudos semanais com duração de 45 minutos cada uma.
O estudante que já tenha uma boa base em redação e esteja em busca apenas de aperfeiçoamento em algumas
habilidades específicas – por exemplo, redação de parágrafos ou estruturação de argumentos – também poderá
omitir algumas lições e seguir diretamente para a prática dessas habilidades. No entanto, recomendo que o
estudante, pelo menos, leia as explicações das lições cujos exercícios não pretende fazer, para verificar se há
alguma informação útil que possa aplicar com proveito a seus próprios textos.

Estudando com um professor


Um aspecto fundamental do aprendizado da Redação é a avaliação crítica de um professor ou escritor mais
experiente.
Como se trata de uma atividade eminentemente criativa, não é possível compilar um “gabarito” de “respostas
certas”. Durante minha experiência como professor, sou frequentemente surpreendido tanto por excelentes
respostas inusitadas dos alunos quanto por equívocos imprevisíveis na interpretação das explicações e dos
enunciados dos exercícios, além de diversos erros incomuns na escolha de palavras, na formulação das frases e
em outros aspectos da técnica da Redação.
Isto não quer dizer que o aprendizado autodidático seja impossível, ou que seja indispensável frequentar um
“curso” com aulas presenciais. Ao contrário: todo o meu próprio aprendizado foi como autodidata, examinando
livros, lendo os textos de bons escritores, observando e aperfeiçoando técnicas, adicionando e descartando
ideias e conceitos.

Mas é necessário admitir que muitas pessoas necessitam dessa interação com o professor para melhor absorver
conceitos e entender sua aplicação prática. Para esses casos, disponibilizamos no endereço de internet
https://aulasderedacaoonline.com.br/ nosso curso online de Redação, onde você poderá obter correções
personalizadas de seus exercícios, avaliações críticas de seus textos e sugestões sobre como melhorá-los.

Organização do livro
Este livro foi organizado em seis partes temáticas, com aproximadamente 20 lições cada uma, que abrangem as
principais técnicas e dificuldades que observei nas redações dos estudantes brasileiros ao longo dos últimos 30
anos.
Na parte 1, abordamos a dificuldade fundamental do estudante brasileiro com o vocabulário. A verdade é que,
no dia a dia, as pessoas no Brasil vêm usando um número cada vez mais reduzido de palavras para dizer o que
pensam. O resultado é uma profusão de mal-entendidos, em que as pessoas dizem uma coisa e os seus ouvintes
ou leitores entendem outra completamente diferente.
Mais: é visível como muitas pessoas usam as palavras de modo simplesmente imitativo, isto é, escolhem as
palavras que “todo mundo está usando” sem ter a mínima ideia do que elas significam, sendo incapazes de
explicar ou definir por conta própria as palavras que elas mesmas escolhem dizer.
Nesta parte do curso, você enfrentará e vencerá essa dificuldade, habituando-se a usar diferentes tipos de
dicionários para (1) saber o que as palavras realmente querem dizer, (2) escolher a palavra certa para expressar
o que você quer dizer e (3) explicar por conta própria o que significam cada uma das palavras que você escolhe
dizer! O objetivo é transformar a seleção de palavras num ato consciente, em que você sabe justificar por que
escolheu escrever uma palavra em seu texto em vez de outra qualquer!
Curso Online de
Redação
Na parte 2, o foco se desloca para a formulação de frases. Como você já saberá escolher as palavras certas
para expressar suas ideias, seu desafio agora será uni-las em uma estrutura sintática que expresse exatamente
sua intenção de dizer. Você aprenderá a usar criativamente a sintaxe, aplicando sempre a técnica certa para
cada caso.
A parte 3 é dedicada ao estudo dos parágrafos. Uma vez que você saiba redigir boas frases, sonoras e
comunicativas, seu desafio é entender como reuni-las em blocos de texto que cumpram a função de dizer ao
leitor o que você tem em mente. Você aprenderá e exercitará diversas técnicas para redigir parágrafos de
introdução, de desenvolvimento e de conclusão, garantindo que você seja capaz de escrever um texto
dinâmico, criativo e original a cada nova redação que fizer.
Na parte 4, você aprenderá a “montar” todas as “peças” que dominou nas partes 1 a 3 – vocabulário, frase,
parágrafo – em um texto dissertativo-argumentativo simples mas completo, interessante e de leitura agradável.
Você aprenderá a escolher um tema, a fazer a pesquisa básica, a selecionar informações e, finalmente, a redigir
o texto desejado seguindo um elevado padrão de qualidade.
Na parte 5, você será apresentado aos desafios da opinião. Aprenderá como e quando opinar, quando usar o
humor, como usar figuras de estilo e desenvolver um tema de forma opinativa num texto mais longo, saboroso
e divertido, com qualidade suficiente para publicação em uma revista especializada.
A parte 6 é dedicada aos estudantes que se veem diante da necessidade de redigir um texto mais longo, com
diversas páginas, capítulos e subcapítulos, com ênfase no aspecto explicativo. Você aprenderá a estruturar um
trabalho de maior fôlego e a planejar as diferentes seções. Esta parte também contém dicas valiosas sobre o
uso de recursos multimídia, como apresentações, vídeos, áudio, fotos, infográficos e muito mais.
Após estudar todas as lições das seis partes do curso, o ato de escrever não será mais segredo para você. As
técnicas que você aprenderá nas 120 lições deste curso proverão todo o conhecimento prático necessário para
resolver todas as necessidades mais básicas de redação na vida cotidiana, além da base indispensável para alçar
voos mais altos em outros tipos de texto mais especializado, como o texto literário, publicitário, persuasivo e
outros.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Parte 1 - Vocabulário
Curso Online de
Redação

Lição 1 − Escreva para um leitor

A ideia, à primeira vista, pode parecer estranha, mas o juiz da qualidade de um texto é sempre o leitor, jamais o
escritor. Um texto considerado ótimo por todos os critérios pode se tornar péssimo se for lido pela pessoa
errada. Quer um exemplo? Ora, os melhores exemplos serão criados por você mesmo, no exercício simples e
rápido desta lição!

Exercício
Escreva uma mensagem de quatro a cinco linhas (no máximo) para o cartão de aniversário de:

a) Uma pessoa que você conhece muito bem, está junto de você todos os dias e sabe todas as suas qualidades e
defeitos. Pode ser seu melhor amigo ou amiga, mãe ou pai, esposa ou marido, namorado ou namorada. O
importante é que a relação de vocês seja de intimidade pessoal total.

b) Uma pessoa que você conhece bem, mas com quem não compartilha todos os detalhes de sua vida
particular. Pode ser um colega de trabalho ou de escola, um vizinho ou um membro de um clube ou igreja que
você frequente. O importante é que a relação de vocês seja de intimidade pessoal limitada.

c) Uma pessoa com quem você mantém uma relação puramente profissional, sem maior proximidade pessoal.
Por exemplo, um professor de sua escola, o seu chefe na empresa ou um colega de empresa que trabalhe em
outro setor. O importante é que a relação de vocês seja de intimidade profissional.

d) Uma pessoa com quem você nunca se relacionou fora de ocasiões profissionais ou formais. Por exemplo, a
diretora de sua escola, o presidente da empresa em que você trabalha, o síndico do edifício em que você mora,
o diretor do clube que você frequenta. O importante é que sua relação com essa pessoa seja totalmente
formal.

e) Depois que você completar os exercícios acima, imagine o que aconteceria caso você enviasse por acidente
os cartões de aniversário acima para as pessoas erradas!

Dica
Não se espante com a aparente simplicidade desta lição: ela é, sem dúvida, a mais importante de todo este
curso. Faça os exercícios acima com a máxima seriedade!

Resumo da Lição
Toda vez que você escrever um texto, pense primeiro no leitor.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 2 − Ampliando seu vocabulário com sinônimos

Uma das principais causas de problemas no texto é, sem dúvida alguma, a má escolha de palavras. Enquanto a
palavra certa diz exatamente o que você quer dizer ao seu leitor, a palavra errada gera ambiguidade,
confusão, mal-entendidos… A má escolha de palavras pode até provocar brigas e ressentimentos que perduram
por longos anos!

Por outro lado, um texto redigido com as palavras certas seduz e envolve o leitor, fazendo-o sentir prazer em
ler o seu texto da primeira à última linha.

Por isso, a primeira providência que você deve tomar para aprender a escrever bem é ampliar o seu
vocabulário. Quanto maior for o número de palavras que você conhece, maior será a sua capacidade de
escolher sempre a palavra certa para dizer tudo o que deseja!

Nesta lição, você exercitará a substituição de palavras por sinônimos. Observe como você pode dizer a mesma
coisa de muitas maneiras diferentes apenas mudando uma palavra!

Para que você obtenha o máximo aproveitamento desta lição, tenha em mente este importantíssimo conceito: a
“palavra certa” é, sempre, a palavra de sentido mais específico!

Em termos práticos: quando você estiver em dúvida entre uma palavra que pode assumir dez sentidos
diferentes conforme o contexto, e outra que tem apenas duas ou três possibilidades, sempre escolha a segunda!

Chamo a essas palavras genéricas, com muitos significados diferentes, de “palavras-balaios”, porque, da
mesma forma que num grande balaio, dentro delas cabe praticamente qualquer coisa! Idealmente, você deveria
eliminar por completo as “palavras-balaios” de seu texto. Caso não seja possível, reduza seu número ao
mínimo indispensável.

Um exemplo típico de “palavra balaio” é o verbo “pôr”, que pode assumir, conforme o contexto, uma imensa
quantidade de sentidos diferentes. Alguns exemplos poderiam incluir os verbos “posicionar” (ajustar a
posição), “encaixar” (ajustar num encaixe), “pousar” (deitar suavemente sobre uma superfície), entre outros.
Assim, antes de escrever o verbo “pôr”, pesquise se não existe uma palavra sinônima que mais se aproxime
daquilo que você realmente quer dizer.

Lembre-se: A melhor palavra é sempre a que expressa apenas o sentido pretendido por você!

Outro exemplo de “palavra-balaio” muito empregada é o verbo “andar”. Será que você deveria escrever “andar
de carro” ou “viajar de carro”? “Andar a pé” ou “caminhar”? “Andar de bicicleta” ou “pedalar uma bicicleta”?

Não há dúvida de qual é a melhor resposta em cada caso.

Deste modo, pergunte-se sempre, sobre todas as palavras-chaves em seu texto: “Esta é a palavra mais
específica − isto é, a de sentido mais específico − entre todas as opções que tenho à minha disposição”?

Finalmente, não se esqueça: a palavra mais específica de todas, aquela que sempre deve ser a sua preferida, é,
justamente, aquela que sequer tem um sinônimo!

Exercício
Leia os passos abaixo:

Passo 1 – Consultando um bom dicionário, leia os vários significados da palavra em destaque e


Curso Online de
Redação
identifique os seus sinônimos.

Caso você não tenha um dicionário impresso ou prefira utilizar a internet, experimente os seguintes dicionários
online e adicione-os aos seus favoritos, pois você os utilizará durante todo o curso!

http://www.aulete.com.br/ – Versão online do tradicionalíssimo dicionário Caldas Aulete. O site inclui


ainda a gramática básica de Celso Cunha e Lindley Cintra, além do indispensável dicionário analógico
de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo.
http://houaiss.uol.com.br/ – O Houaiss é um excelente dicionário criado pelo filólogo brasileiro
Antônio Houaiss. Os verbetes contêm definições e informações etimológicas bastante completas. O
acesso é gratuito, mas requer cadastro.
http://www.priberam.pt/dlpo/ – Este é o dicionário ideal quando você não precisa de mais do que uma
definição curta e prática. O site oferece uma série de recursos extras além do dicionário, incluindo
artigos e tira-dúvidas sobre palavras. Também disponível como aplicativo para celulares e “tabletes”.
http://www.sinonimos.com.br/ – Este site oferece um excelente dicionário de sinônimos organizados
de acordo com o significado pretendido pelo escritor.
http://www.antonimos.com.br/ – Este site é o “irmão gêmeo” do anterior, com a diferença de que
oferece antônimos, em vez de sinônimos.

Passo 2 – Identifique em qual sentido a palavra está sendo usada na frase.

Muitas vezes, os dicionários registram diversos significados diferentes para uma mesma palavra. Para bem
entender a frase, você precisa descobrir em qual deles foi usada a palavra em destaque. Caso contrário, você
escolherá o sinônimo errado!

Passo 3 – Escolha um sinônimo cujo sentido seja o mais parecido possível com o da palavra original.

No dicionário de sinônimos você encontrará diversas opções de palavras agrupadas conforme os diferentes
sentidos que elas podem assumir. Mas, mesmo dentro desses grupos, pode haver sutis diferenças de sentido.
Por exemplo, o verbo “beber” tem 47 sinônimos agrupados em 10 sentidos diferentes!

No sentido de “brindar”, o dicionário registra 5 opções: “felicitar”, “saudar”, “brindar”, “homenagear”,


“cumprimentar”.

Assim, na frase “Bebamos à vitória de nosso time” há 5 possibilidades:

Felicitemos a vitória de nosso time.


Saudemos a vitória de nosso time.
Brindemos à vitória de nosso time.
Homenageemos a vitória de nosso time.
Cumprimentemos a vitória de nosso time.

Note que cada uma das frases resultantes tem sutis diferenças de sentido. De fato, a única versão que,
obrigatoriamente, inclui o ato de ingerir um líquido é “Brindemos”. Afinal é perfeitamente possível “felicitar”,
“saudar”, “homenagear” e “cumprimentar” sem, necessariamente, “beber” alguma coisa!

Passo 4 – Reescreva a frase completamente – nada de copiar e colar! - substituindo a palavra original
pelo sinônimo escolhido.

Ao reescrever a frase, você exercitará a habilidade mais fundamental da vida de um escritor: o ato de
reescrever! De fato, você gastará quase tanto tempo reescrevendo seus textos quanto o que gastou escrevendo-
os, pois é raro que todas as frases de um texto resultem impecáveis logo na primeira tentativa.

Observação final: Há outras palavras nas frases a seguir que você não conhece ou não entende perfeitamente?
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Pesquise-as também! Com tantos bons dicionários online à disposição, não há mais desculpa para não saber o
que significa uma palavra!

Exercício resolvido
A segurança e a qualidade de nossos produtos são nossa maior prioridade.

Resposta: “A segurança e a qualidade de nossos produtos são nossa maior preferência”.

Explicação
A palavra prioridade pode ter o sentido de “precedência” ou de “preferência”. No caso da frase acima, o
sentido é de “preferência”, ou seja, a empresa “prefere” oferecer ao mercado produtos com elevado padrão de
segurança e qualidade.

Observações
Você não precisa incluir, nas respostas aos exercícios, a sua explicação para a escolha da palavra. Basta
reescrever a frase inteira substituindo a palavra em destaque pelo sinônimo escolhido!

Agora aplique esses passos nas frases a seguir:

1) Estes reforços à nossa equipe trarão um atrativo adicional para a disputa.


2) O freguês foi grosseiro ao se referir ao garçom.

3) A perturbadora queda em todos os índices de desempenho de nossa empresa impôs novos limites às
nossas possibilidades de financiamento.

4) A gestão de nosso município enfrenta três desafios imediatos.


5) A rotina de problemas no motor do carro tornaram intoleráveis os gastos com manutenção.

6) Dois colaboradores informais da nossa empresa garantem que a diretoria já decidiu quem assumirá o
comando do setor de Recursos Humanos.

7) O novo modelo de telefone celular da empresa X trará uma miríade de novos recursos.

8) Tendo cumprido todas as ordens recebidas, o funcionário encaminhou-se exultante ao restaurante da


fábrica.

9) A compra deste equipamento resolveu diversas dificuldades, mas originou outras tantas.

10) Inclua aqui o seu próprio exemplo, copiado de um livro, revista, jornal ou website e escreva sua própria
versão modificada!

Resumo da Lição

Usando sinônimos, podemos mudar inteiramente a feição de uma frase para melhorar a comunicação com nosso leitor.
Curso Online de
Redação

Lição 3 – Antônimos: a diferença entre negação e oposição

Observe a frase:

Raul não é bonito.

Trata-se de uma típica frase negativa. Quando a redigimos, quisemos dizer que faltam a Raul pelo menos
alguns atributos de beleza, embora, talvez, ele tenha alguns!

Agora, compare-a com a frase a seguir:

Raul é feio.

Na frase acima, usamos o antônimo de “bonito”. Ao escolher o antônimo, afirmamos que Raul não tem
nenhum atributo de beleza, nenhuma qualidade que poderia torná-lo bonito!

Os antônimos, portanto, são muito mais fortes, mais taxativos, do que a simples negação. Usamos antônimos
quando não queremos apenas negar uma coisa, mas afirmar o seu contrário!

Veja mais alguns exemplos:

Carlos não é rico.

Portanto, ele pode ser remediado, bem de vida, ter algumas posses, um bom salário, uma casa confortável, um
carro novo.

Carlos é pobre.

Não resta dúvida de que Carlos precisa sobreviver com pouco dinheiro.

Paula não está saudável.

É possível que Paula tenha alguns problemas de saúde, mas não tenha uma doença específica.

Paula está doente.

Estamos afirmando que Paula tem alguma doença específica.

Esta blusa não é branca.

Pode ser verde, azul, vermelha…

Esta blusa é preta.

Não há dúvida sobre qual é a cor!

Assim, negar uma coisa não é o mesmo que afirmar o seu contrário. Quando você quiser afirmar o contrário,
use um antônimo!

Negações sem o “não”


Vale observar que nem sempre uma “negação” é feita com o emprego da palavra “não”, mas de um verbo ou
outra palavra que modifica o sentido da palavra seguinte. Por exemplo:
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Reprima a raiva. (= Não expresse sua raiva.)

Essa frase diz que você deveria impedir a manifestação de um sentimento, mas não diz se você deveria
expressar algum outro! Esse efeito só é possível substituindo a palavra negativa por um antônimo positivo:

Liberte a compaixão.

Exercício
Modifique as frases negativas abaixo, substituindo as palavras em destaque por antônimos – em caso de
dúvida, consulte o site http://antonimos.com.br/ e aproveite para adicioná-lo a seus favoritos, pois será muito
útil ao longo de todo o curso!

Exemplo resolvido:
Frase original: Uma sociedade em que pululam tantos conflitos não pode ser considerada pacífica.
Frase modificada: Uma sociedade em que pululam tantos conflitos pode ser considerada beligerante.

1 – O sistema político daquele país não pode ser chamado de democracia.

2 – Dependência econômica não é liberdade.

3 – O café não está bastante espesso.

4 – O tecido deste uniforme não é tão áspero.

5 – Falta celeridade na execução do trabalho.

6 – Evite irritar as pessoas.

7 – É proibido sujar a calçada.

Resumo da Lição

A negação serve para dizer que uma coisa não tem todos os atributos de outra, mas não é necessariamente o seu oposto.
Caso a sua intenção seja expressar a ideia oposta, use um antônimo.
Curso Online de
Redação

Lição 4 – Mudando o sentido com sinônimos e antônimos

Nas lições anteriores, você viu como é possível dizer a mesma coisa de várias maneiras diferentes usando
sinônimos e como dizer o oposto usando antônimos. Nesta lição, você verá como usar sinônimos e antônimos
para mudar por completo o sentido da frase! O objetivo desta lição é conscientizá-lo do fato de que uma única
palavra mal escolhida pode alterar inteiramente sua intenção de dizer!

Exercício
O exercício desta lição segue a mesma fórmula do anterior mas, desta vez, você terá um pouco mais de
trabalho. Pesquise sinônimos para as palavras destacadas em negrito e antônimos para as palavras
sublinhadas. Em seguida, reescreva a frase original, substituindo as palavras destacadas pelas que você
pesquisou.

Observações

1) Caso você esteja usando uma versão online deste livro, não copie e cole as frases originais em suas
respostas: redigite-as completamente. A mesma regra é válida caso você tenha optado por trabalhar com o livro
impresso e um caderno: não se limite a escrever apenas as palavras individuais, mas copie a frase original
inteira, substituindo a palavra indicada pelo antônimo ou sinônimo escolhido.

O motivo desta recomendação é simples: ao fazer o esforço de digitar ou escrever as frases apenas
modificando as palavras solicitadas, você terá de “ouvir” mentalmente a frase inteira. Assim, você saberá se a
palavra nova se encaixa ou não no contexto da frase.

2) Após terminar o exercício, pesquise nos dicionários as outras palavras cujo significado, por acaso, você não
conheça muito bem.

Exercício resolvido
Frase original: O nosso advogado apresentará um recurso na tentativa de protelar ainda mais a instalação do
inquérito.

Sinônimos de “tentativa”: diligência, empreendimento, empresa, esforço, tentação, tentame, tentamento.

Antônimos de “protelar”: acelerar, apressar, antecipar, adiantar, avançar.

Resposta: “O nosso advogado apresentará um recurso no esforço de acelerar ainda mais a instalação do
inquérito”.

1 – Em meio à crise representada pelas sucessivas faltas d’água em nossa região, a cidade foi abastecida
continuamente pelos reservatórios de emergência.

2 – O presidente comunicou à nação que retirou da fronteira as tropas, cujo número organismos internacionais
calculavam em 10 mil soldados.

3 – Segundo o órgão competente da prefeitura, duas faixas da via estarão interditadas ao trânsito durante o fim
de semana.

4 – O governador anunciou uma parceria entre o estado e empresas privadas para que a população mais pobre
tenha acesso gratuito a cursos de qualificação profissional.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da Lição

Usando sinônimos e antônimos de forma inteligente, podemos modificar a feição da frase e até inverter completamente o
seu sentido mudando apenas uma ou duas palavras!
Curso Online de
Redação

Lição 5 – Faça você mesmo


Já tendo feito três exercícios de substituição de palavras, chegou o momento do “faça você mesmo”. É fácil,
basta seguir os passos:

Passo 1 – Em um jornal, revista ou portal jornalístico, escolha uma notícia para ler, de preferência, sobre um
assunto que você não conheça bem. Você também pode usar como fonte a literatura específica de sua área de
estudos ou de atuação profissional: livros técnicos ou didáticos, artigos científicos ou opinativos, monografias,
teses, dissertações, e assim por diante.
Passo 2 – Selecione 3 frases que contenham palavras que você não conhece.
Este passo requer uma explicação extra: não confunda “reconhecer” uma palavra com “conhecê-la”! Você
“reconhece” toda palavra que já tenha lido ou em que tenha ouvido falar. Já “conhecer” uma palavra significa
saber o seu significado, isto é:
(1) Saber defini-la informalmente com precisão semelhante à de uma definição dicionarizada;
(2) Saber explicá-la com clareza suficiente para que um não-especialista entenda do que se trata.
Como pode ver, a diferença entre um profissional e um amador em qualquer área de conhecimento é que o
primeiro conhece as palavras que lê e escreve, enquanto o segundo apenas as reconhece!
Passo 4 – Pesquise o significado das palavras desconhecidas em cada frase nos dicionários. Caso necessário,
consulte os dicionários, tratados e fontes de referência específicos de sua área de atuação profissional.

Passo 5 – Copie a definição que mais se aproxima do sentido usado no texto.

Passo 6 – Pesquise nos dicionários especializados se as palavras escolhidas têm antônimos e/ou sinônimos.
Observe: a maioria das palavras têm sinônimos, mas nem todas. Já as palavras que têm antônimos são ainda
um pouco mais raras.

Passo 7 – Redija as frases novamente, usando sinônimos e antônimos.

Observações sobre o exercício


Este é um exercício que você deverá repetir todos os dias por conta própria daqui para frente, pois é a maneira
mais rápida e mais eficiente de ampliar seu vocabulário.

Fato: se você aprender apenas 6 palavras novas por dia, em seis meses terá aprendido um total de 1080
palavras novas!

É claro que você, provavelmente, não conseguirá decorar imediatamente o significado de todas essas palavras
novas. Mas será capaz de reconhecê-las quando encontrá-las em um texto e as consultas ao dicionário logo se
tornarão desnecessárias. Após mais algum tempo, sem perceber, você começará a usar algumas dessas palavras
em seus próprios textos.

Mais: o hábito de reescrever frases deve fazer parte de seu cotidiano como escritor. Você não deve mais se
limitar a ler um texto na condição de simples leitor: leia-o como se você fosse o seu verdadeiro autor. Sempre
pense em como você poderia redigir de forma diferente as frases que o autor usou no texto, que palavras
soariam melhor e como você poderia modificar o sentido desta ou daquela frase, caso desejasse. Desta data em
diante, você deve ler como se fosse o autor do texto em pleno ato de corrigir um rascunho!

Resumo da Lição
Reescrever também é escrever!
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 6 – As palavras e sua sonoridade: eventos cacofônicos

Os textos são lidos com os olhos, mas são entendidos com os ouvidos. Quando você lê um texto, o cérebro vai
traduzindo a informação visual em sons. Desta forma, o ato de ler um texto é, efetivamente, o ato de ouvir o
texto!
Escrever é uma tarefa que requer bastante atenção ao modo como soam as palavras. Uma frase pode estar
correta do ponto de vista da Gramática mas soar horrível aos ouvidos do leitor. Veja um exemplo real, extraído
de uma campanha publicitária:

O Banco X é um banco grande.

Gramaticalmente, a frase está impecável. Mas, do ponto de vista da sonoridade, o trecho grifado soa ridículo e
obsceno.

A propósito, quando falamos em problemas de sonoridade, a primeira questão que costuma vir à mente são
justamente os cacófatos e outros eventos cacofônicos na frase, sendo exemplos clássicos “Ela tinha” e “A boca
dela”.

Os eventos cacofônicos são aqueles problemas de sonoridade provocados pelo encontro entre o final de uma
palavra e o início de outra. Repare que nem sempre um evento cacofônico precisa resultar em uma palavra
conhecida, com sentido próprio em Português: basta que o resultado soe como uma palavra que “poderia
existir” para desviar a atenção do leitor!

Se há uma coisa que todo escritor não quer é desviar a atenção do leitor!

Um exemplo prático:

O meu amigo fotógrafo tinha um equipamento invejável.

A palavra “fotinha” não existe em Português. Mas o efeito sonoro do encontro dessas sílabas é,
definitivamente, muito ruim.

A boa notícia é que você pode resolver boa parte dos problemas de sonoridade simplesmente recorrendo a um
sinônimo. Veja:

O meu amigo fotógrafo possuía um equipamento invejável.

Os eventos cacofônicos ocorrem com maior frequência no texto de pessoas com vocabulário muito limitado.
Quanto mais rico se tornar o seu vocabulário, mais fácil será evitar e corrigir esse tipo de problema em seus
próprios textos!

Exercício
Leia em voz alta as frases abaixo, localize os problemas de sonoridade e resolva-os com a substituição de
palavras por sinônimos.

1) A política gananciosa de certas empresas é a origem de muitos danos ao mercado.

2) Você não conseguirá realizar esse serviço usando uma faca rombuda.

3) A felicidade surge naturalmente quando o amor abunda.


Curso Online de
Redação
4) O frade colou os dedos no envelope.

5) O defeito se limitava apenas a uma arruela gasta.

6) Nosso presidente compareceu à reunião trajando um paletó do mais nobre linho.

7) Ela aspirava calmamente o perfume das flores.

8) Ele é um verdadeiro artilheiro: marca gols um atrás do outro!

Resumo da Lição

Os eventos cacofônicos desviam a atenção do leitor e ocorrem com maior frequência no texto de pessoas com vocabulário
muito limitado. Quanto mais rico se tornar o seu vocabulário, mais fácil será evitar e corrigir esse tipo de problema em
seus próprios textos!
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 7 – Problemas de sonoridade: encontros vocálicos

Nem todos os problemas de sonoridade se resumem às cacofonias. Também são muito comuns os encontros de
múltiplas vogais, resultando em uma frase sonoramente defeituosa. Por exemplo:

O que há aí é um problema de interpretação.

Mais uma vez, a solução pode ser encontrada em uma simples substituição por sinônimos:

O que temos aí é um problema de interpretação


Ou
O que há neste ponto é um problema de interpretação.

Exercício
Leia as frases em voz alta, localize os problemas de sonoridade e resolva-os!
1) A dor foi tão intensa que eu uivei.

2) O mar agitado fazia o barco ranger da proa ao mastro.

3) Não há alvo mais legítimo do que aquele que perseguimos com o coração.

4) A investigação concluiu que Alfredo foi o autor do crime.

5) Em um único momento, ruiu a obra de toda uma vida.

6) O resgate dos reféns foi o ato de maior coragem que já testemunhei.

7) A carruagem do nobre era puxada por uma parelha de cavalo e égua.

Resumo da Lição

Os encontros de vogais são os problemas de sonoridade mais simples de resolver e evitar.


Curso Online de
Redação

Lição 8 – Problemas de sonoridade: repetição de consoantes

A repetição de consoantes, também chamada de “aliteração”, pode ser um recurso literário valioso em certos
contextos. Porém, em textos argumentativos-dissertativos, na maioria das vezes são um problema. Primeiro,
porque desviam a atenção do leitor. Segundo porque, em mãos inábeis, as aliterações involuntárias podem se
tornar desastrosas.

Um exemplo prático:

“Nosso problema primordial é que priorizamos as práticas principais desprezando as auxiliares”.

Soa terrível, não? Como sempre, é possível melhorar a frase recorrendo a sinônimos:

“Nosso problema essencial é que priorizamos as ações fundamentais desprezando as auxiliares”


Ou
“Nossa dificuldade primordial é que salientamos as práticas mais comuns minimizando as auxiliares”.

Exercício
Leia em voz alta as frases abaixo, localize os problemas de sonoridade e resolva-os!

1) O papa pronunciou-se sobre o problema da pobreza em nosso país.

2) Os conflitos constantes entre consumidores e empresas causam confrontos acalorados.

3) Gustavo engasgou-se gaguejando entre goles de garapa.

4) O brasileiro bruto ficou brabo e abraçou a briga.

5) A mãe deu a mama para o bebê mamar.

6) O farol faiscava furiosamente sua luz feérica sobre a nossa faina.

Resumo da Lição

As repetições de consoantes podem ser resolvidas com facilidade substituindo apenas algumas palavras da frase por
sinônimos.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 9 – Problemas de sonoridade: rimas involuntárias

As rimas podem ser boas quando estamos lendo um poema ou a letra de uma música. Nos textos dissertativos,
na maioria das vezes, o efeito é desastroso.

Exemplo:

“Frequentemente, enfrentamos situações urgentes por causa de gente que se sente dona da empresa”.

O uso de sinônimos, mais uma vez, resolve esses casos com grande facilidade:

“Com frequência, enfrentamos situações urgentes por causa de pessoas que se sentem donas da empresa”
Ou
“Frequentemente, enfrentamos situações emergenciais por causa de funcionários que se sentem donos da
empresa”.

Exercício
Leia em voz alta as frases abaixo, localize os problemas de sonoridade e resolva-os!

1) Nosso agente, de repente, começou a agir como se estivesse doente.

2) Uma boa aparência é a consequência de uma saudável autoconsciência.

3) Era um dia de muito calor e o odor de suor era o maior dissabor.

4) Com a mente aberta, a consciência desperta sensações encobertas.

5) É preciso ser ágil para carregar objeto tão frágil.

6) Nem sempre a solução correta é a mais direta.

7) Precisamos de soluções práticas que não funcionem de forma tão errática.

8) Cabe ao executivo-chefe garantir a execução dos planos da organização em função dos limites da legislação
vigente.

9) A pergunta que não quer calar é se as mudanças no nível do mar podem ou não afetar nosso rendimento
quando formos pescar.

10) Maurício fez um grande sacrifício ao cumprir a difícil missão de providenciar artifícios para que ninguém
notasse o orifício no fundo do palco do comício.

Resumo da Lição

As rimas podem ser boas quando ocorrem intencionalmente em textos poéticos. Porém, em textos dissertativos, devem ser
evitadas.
Curso Online de
Redação

Lição 10 – Escolhendo as palavras pela sonoridade

Reparou como o simples uso de sinônimos faz a mágica de transformar uma frase ruim em uma frase boa de
ler?

Até o momento, você exercitou apenas a identificação de problemas de sonoridade. Porém, mais importante do
que identificar problemas é aprender a desenvolver suas próprias soluções!

Neste exercício, você escolherá palavras para melhorar frases que, em si mesmas já estão relativamente boas.
Você verá, ao longo de sua experiência como escritor, que é muito frequente a modificação de palavras boas,
corretas, por outras que tenham um som melhor, mais próximo do sentimento ou da ideia que você queira
despertar no leitor.

Veja um exemplo:

O copo caiu no chão e quebrou-se.

A frase acima não tem problemas de sonoridade, nem de sentido. Por que mudá-la?

Porque, talvez, você queira que o leitor imagine que o copo quebrou-se com violência, de forma irremediável,
espalhando cacos de vidro em todas as direções. Para isso, basta mudar uma palavra:

O copo caiu no chão e espatifou-se.

Talvez seja importante dizer ao leitor que o copo caiu de uma grande altura, explicando porque ele se
espatifou:

O copo despencou no chão e espatifou-se.

Talvez, ainda, você queira explicar ao leitor onde você estava quando o copo despencou e espatifou-se:

O copo despencou no asfalto e espatifou-se.

E se for importante dizer ao leitor qual era o tipo de copo?

A tulipa de cerveja despencou no asfalto e espatifou-se.

A sequência de exemplos acima deixa bem claro como o som das palavras pode enriquecer o sentido da frase
acrescentando ritmo e melodia para apreciação do leitor.

Exercício
Reescreva as frases abaixo, substituindo algumas palavras por outras de melhor sonoridade.

1) Eu comi um sorvete muito gostoso.

2) A Defesa Civil disse que os prédios em nosso bairro estão seguros.

3) Os radicais, na ânsia de ofender a moral, apenas degradam a si mesmos.

4) O fato é que uma campanha insistente dos oposicionistas impediu o aproveitamento sério desse recurso e
deixou nosso país de joelhos.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
5) Uma denúncia anônima permitiu que os investigadores da Polícia encontrassem um vídeo feito pelos
criminosos.

Resumo da Lição

É possível melhorar as frases “boas” e “corretas” substituindo palavras comuns por sinônimos de melhor sonoridade.
Curso Online de
Redação

Lição 11 – Significado e sentido das palavras na frase

Até o momento, você exercitou a substituição de palavras por sinônimos sem se preocupar muito com as
consequências da troca: se a palavra constar no dicionário como sinônima, você a insere no texto e segue
adiante.

É claro que, na vida de um escritor, nem sempre – para falar a verdade, quase nunca! – você poderá agir dessa
maneira. Afinal, se você se dedicou a pesquisar com atenção as palavras no dicionário, já deve ter reparado que
praticamente não existem sinônimos perfeitos.

Cada palavra que você substitui altera ligeiramente o sentido do texto como um todo, mesmo que essa
mudança surja apenas em função da sonoridade! Basta lembrar-se das alterações de sentido no exemplo da
lição 10, quando trocamos os verbos “quebrar” por “espatifar” ou “cair” por “despencar”!

Um exemplo prático: a diferença entre “sentido” e “significado”


Repare no título desta lição: “significado e sentido”. Qual a diferença entre essas palavras? Existe alguma?

Uma busca no dicionário de sinônimos2 revelará o seguinte:

Sinônimo de significado

Sentido:

1 acepção, conceito, conteúdo, definição, interpretação, noção, sentido, significação.

Ou seja, “sentido” é um dos sinônimos possíveis de “significado”. Sendo assim, por que usei as duas palavras
no título? Certamente, porque estou usando-as para dizer coisas diferentes!

Nesse tipo de situação, precisamos ir além do dicionário de sinônimos. Investiguemos uma definição mais
precisa para “significado” no dicionário Aulete:

significado3

(sig.ni.fi.ca.do)

sm.

1. Sentido que se dá a um termo, palavra, frase, texto, sinal, signo, obra artística ou científica etc;
significação.: O significado dessa frase é óbvio: O significado desse sinal é de difícil compreensão.

2. Importância que se atribui a algo: Foi um discurso de grande significado.

3. Ling. Carga semântica de um signo linguístico; conceito, noção.

Note como a palavra “sentido” aparece logo na primeira definição de significado. Será um sinônimo perfeito?
Vejamos o que o Aulete diz sobre a palavra “sentido”:

2 Fonte: http://www.sinonimos.com.br/significado/, acesso em 13/02/2016.


3 Fonte: http://www.aulete.com.br/significado, acesso em 13/02/2016.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

sentido4

(sen.ti.do)

sm.

9. A faculdade que tem o homem e os animais de receberem as impressões externas por meio de certos
órgãos: Os sentidos são cinco: a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato

10. Sentimento, faculdade de gostar, de apreciar.

11. Faculdade de julgar; razão, bom senso, entendimento.

12. Fil. Ideia, ponto de vista; direção, pensamento; mira, intento; tema: O sentido principal da obra
resume-se no princípio da livre concorrência.

13. Atenção, cuidado; ideia fixa: O menino está com o sentido na brincadeira.

14. P.ext. Significação de uma palavra ou de um discurso; espírito, pensamento oculto; interpretação
que se pode dar a uma proposição: o sentido da lei.

15. Explicação: Qual o sentido do seu comportamento?

16. Acepção, definição: Cada palavra tem o seu sentido próprio.

17. Maneira especial segundo a qual uma ação se produz ou o caminho particular que ela toma;
DIREÇÃO: O sentido em que atua uma força.

18. Modo de distinguir ou de separar um objeto de outro pelos acessórios que o rodeiam.

19. Modo, aspecto, ponto de vista; maneira de considerar: Encarou a situação pelo sentido que lhe
favorecia.

Analisando as definições acima, perceba como há situações em que você pode substituir uma palavra por
outra, bem como outras em que a troca é impossível!

Por exemplo:

Diz-se que é cega a pessoa a quem falta o sentido da visão.

É óbvio que a palavra “sentido”, na frase acima, não pode ser substituída por “significado”!

Sendo assim, o escritor precisa explicar ao leitor o que ele quer dizer quando usa duas palavras que podem ser
sinônimas!

Por exemplo, observe como redigirei a explicação a seguir:

Para efeito deste texto, “significado” é um termo técnico, com origem na Linguística, que descreve o
conjunto de ideias designadas por uma palavra, independentemente do texto em que tenha sido
escrita.

4 Fonte: http://www.aulete.com.br/sentido, acesso em 13/02/2016.


Curso Online de
Redação
Por outro lado, usamos neste texto a palavra “sentido” para descrever o significado que a palavra
assume no texto em que foi escrita.

Em resumo:

O “significado” de uma palavra é o que aparece nas definições de um dicionário. Já o “sentido” é construído
pelo escritor a partir das outras palavras da frase.

Uma ideia importante que resulta das definições acima é que o bom escritor é um criador de sentido. Ele usa as
palavras e seus significados para despertar no leitor um conjunto de ideias e sensações. Se, para atingir esse
objetivo, for necessário criar uma nova definição para uma palavra, o escritor não hesitará em fazê-lo!

Um exemplo verde
Observe a frase abaixo.

Marcela chegou à festa trajando um lindo vestido verde.

Não há dúvida sobre qual era a cor do vestido! O problema começa quando redigimos frases como as
seguintes:

Moro em um local rodeado de verde.


Meu computador inclui vários itens de tecnologia verde.
O deputado da bancada verde protestou contra o projeto de lei ambiental.
Fiquei verde de espanto quando recebi a notícia.
Sempre incluo o verde em minhas refeições.

Em cada um desses casos, usamos a palavra “verde” em um sentido diferente − isto é, para significar coisas
diferentes.

Agora, imagine que você precisa escrever uma monografia − ou qualquer texto mais extenso − em que o tema
obriga ao emprego frequente da palavra “verde”. Você não deveria correr o risco de confundir o leitor com a
repetição incessante de uma palavra que pode ser usada com tantos sentidos diferentes. Em situações como
essa, é praticamente obrigatório redigir uma definição formal, estabelecendo o sentido em que você usará a
palavra no decorrer de todo o texto.

Exercício
O exercício desta lição é puramente mental. Basta seguir estes passos:

Passo 1: Leia mais uma vez o texto desta lição, para certificar-se de que entendeu tudo perfeitamente.

Passo 2: Reveja as frases que você criou ou alterou nos exercícios das lições anteriores, procurando perceber
as mudanças de sentido que provocou ao trocar uma palavra por outra. Se necessário, consulte os dicionários
para entender mais detalhadamente a diferença de significado entre a palavra original e o sinônimo que você
escolheu para substituí-la.

Resumo da Lição

Escrever é usar as palavras para criar sentido e significado.


Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 12 – Identificando o sentido das palavras


Na última lição, você leu uma explicação teórica sobre a diferença entre “significado” e “sentido”. Agora
chegou o momento de verificar, na prática, algumas maneiras como você pode criar sentido ao escrever.

Neste primeiro exercício prático, você entenderá como uma mesma palavra pode adquirir diferentes sentidos, a
depender da frase.

Exercício
Verifique no dicionário o significado das palavras grifadas nas frases abaixo e substitua-as por um sinônimo
que mantenha o sentido original.

Exemplo resolvido
O rapaz abraçou sua noiva após tomar a decisão de abraçar a nobre causa.
O rapaz enlaçou sua noiva após tomar a decisão de apoiar a nobre causa.

1 – Ofélia cultivava um estilo de vida com hábitos simples, evitando a ostentação e os luxos desnecessários.

2 – Admiro pessoas práticas, que sempre têm soluções simples para os problemas mais difíceis.

3 – Jovens e cheios de vida, nossos filhos perseguirão uma vida de sonhos enquanto a realidade não lhes bater
à porta.

4 – Durante boa parte de minha vida, tive o sono dificultado por sonhos angustiantes em que via a Morte bater
à porta de meu quarto.

5 – Na estrada que vou percorrer, há diversos hotéis que oferecem um serviço honesto por um preço razoável.

6 – A decisão mais razoável é, sem dúvida, escolher o candidato mais honesto.

7 – A linguagem pobre empregada pelo autor daquela obra compromete a apreciação de seu conteúdo.

8 – Joana tinha plena consciência de ser pobre e, por isso, zelava pelo conteúdo de sua bolsa como se dele
dependesse a própria vida.

Resumo da Lição

Muitas vezes, é possível dizer coisas diferentes usando as mesmas palavras.


Curso Online de
Redação

Lição 13 – Criando sentido com palavras

Observe os exemplos:

Palavra: Beijar

Sentido: Encostar os lábios carinhosamente.


Frase: A mãe beijou o rosto do filho no momento da despedida.

Sentido: Acariciar, roçar de leve


Frase: As pétalas da rosa beijavam-lhe o rosto.

Sentido: Colidir o rosto violentamente em.


Frase: O brigão levou um soco e, logo em seguida, beijou o asfalto.

Neste último sentido, existe a expressão “beijar a lona”, uma gíria do boxe, que também adquiriu outros
sentidos. Observe os exemplos:

Variante: “Beijar a lona” = Ir a nocaute (boxe), fracassar, desistir, ir à falência.

Frase 1: O peso-pesado não aguentou o ataque do adversário e beijou a lona no segundo round.

Frase 2: A empresa estava endividada e beijou a lona quando os credores entraram na Justiça.

Frase 3: 90% dos candidatos beijaram a lona logo na primeira etapa do concurso.

Como você pode ver, não é possível apenas dizer as mesmas coisas com palavras diferentes: é possível dizer
coisas diferentes usando as mesmas palavras!

Exercício
Neste exercício, você criará frases simples, usando as mesmas palavras em diferentes sentidos.
1 – Palavra: Calor

Sentido: Temperatura elevada do ar, da atmosfera ambiente


Frase:

Sentido: Animação, entusiasmo


Frase:

Variante: “calor humano”


Frase:

2 – Palavra: Luz
Sentido: Claridade emitida ou refletida.
Frase:

Sentido: Inteligência, esclarecimento.


Frase:

Variante: “Ao apagar das luzes”


Frase:
Alexei Gonçalves de
Oliveira
3 – Palavra: Música

Sentido: Composição musical, de qualquer gênero ou tendência


Frase:

Sentido: Qualquer manifestação sonora que agrade e enterneça


Frase:

Variante: “Dançar conforme a música”


Frase:

4 – Palavra: Trabalho

Sentido: Profissão.
Frase:

Sentido: Obrigação, dever, encargo, responsabilidade


Frase:

Variante: “Trabalho de Sísifo”


Frase:

5 – Palavra: Sol
Sentido: Estrela da galáxia Via Láctea, em torno da qual giram a Terra e outros planetas do sistema solar.
Frase:

Sentido: Alegria, esperança.


Frase:

Variante: “Tapar o sol com a peneira”


Frase:

Resumo da Lição

A mesma palavra pode significar coisas muito diferentes, dependendo da frase.


Curso Online de
Redação

Lição 14 – Criando o sentido da frase

Muitas vezes, o sentido das palavras − e da própria frase! − é consequência de outras frases que a antecedem
ou sucedem. Observe o exemplo:
Enfim, o sol brilha no céu.

A frase acima, isoladamente, não apresenta dificuldade de entendimento nem necessidade de interpretação.
Mas é possível mudar-lhe o sentido sem alterar sequer uma de suas palavras, apenas situando-a em uma
“história” diferente. Observe:

Passei a noite inteira esperando o amanhecer. Enfim, o sol brilha no céu.

A segunda frase opõe “sol” a “noite”. Ou seja, o sentido de “sol” na frase é equivalente ao de “dia”, de "luz do
dia". Outro exemplo:

Este foi um longo inverno, com muitos dias chuvosos. Enfim, o sol brilha no céu.

A segunda frase realiza uma oposição de “sol” a “dias chuvosos”. O sentido é de “condições meteorológicas” e
não de hora do dia!

Veja ainda mais um exemplo:

Após grandes esforços e muita dificuldade, conseguimos realizar nossos objetivos. Enfim, o sol brilha no céu.

No exemplo acima, o “sol” está em oposição a “dificuldades”, “esforços”. O sentido é de “sucesso”,


“realização”, "alegria".

Exercício
Crie duas frases que alterem o sentido de cada uma das frases a seguir.

1 – Tinha uma pedra no meio do caminho.


Frase 1:
Frase 2:

2 – Uma rosa é sempre uma rosa.


Frase 1:
Frase 2:

3 – Eis aí uma prova de que os ricos também choram.


Frase 1:
Frase 2:

4 – Ela seguiu em frente, tateando no escuro.


Frase 1:
Frase 2:

5 – Quebrei a cabeça.
Frase 1:
Frase 2:
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da Lição

O sentido da frase não depende apenas das palavras com que é escrita, mas também das frases que a antecedem ou
sucedem.
Curso Online de
Redação

Lição 15 – Quando o dicionário não basta

Você já deve ter se deparado com palavras bem complicadas, que não consegue compreender direito apenas
consultando o dicionário. Quer um exemplo? Que tal a palavra “Filosofia”? Vejamos o que diz o Aulete:

filosofia5
(fi.lo.so.fi.a)
sf.
1. Fil. Conjunto de estudos, de sistemas de pensamento e de reflexões intelectuais que visam a
compreender a realidade absoluta, as causas elementares, os fundamentos dos valores e das crenças
humanas, o sentido da existência.
2. Fil. Conjunto de estudos que procura reunir um determinado ramo do conhecimento (a história, a
sociedade, a natureza etc.) sob um número de princípios que lhe servem de base, de fundamento
(filosofia da história/da ciência).
3. Fil. Conjunto dos sistemas filosóficos ou doutrinas de uma determinada época ou país, ou sistema
filosófico constituído (filosofia francesa/hegeliana).
4. Disciplina que engloba conhecimentos filosóficos ou relativos à filosofia.
5. Fil. Conjunto de obras de determinado filósofo: A filosofia de Descartes.

São definições bem simples, sucintas, de um assunto extremamente complexo. Na verdade, nos últimos 2500
anos, já foram escritas milhões de páginas de livros sobre o significado da palavra Filosofia! E o mais incrível
é que, apesar de todo esse palavrório, ainda não foi possível chegar a um consenso sobre o que, exatamente, é a
Filosofia!

No seu dia a dia, você vai se deparar muitas vezes com palavras semelhantes, que parecem dizer uma coisa em
um momento e, no outro, são usadas para dizer algo que parece o oposto. Normalmente, essas palavras
representam ideias complexas, que são objeto de muita discussão entre estudiosos e especialistas.

Um bom escritor tem vocabulário amplo e profundo


Se você quer ser escritor ou, pelo menos, aprender a escrever bem, precisa conhecer esse tipo de palavras com
mais profundidade do que o dicionário pode oferecer. É claro que você não precisa se converter no “maior
especialista mundial em todos os assuntos”, mas é indispensável adquirir o hábito de se aprofundar a cada vez
um pouco mais no significado das palavras.

Afinal, ao escrever uma palavra sem entender direito o que ela quer dizer, você, muito provavelmente,
“achará” que diz uma coisa quando, na verdade, diz outra muito diferente! Não corra esse risco!

A regra de ouro do vocabulário


Lembre-se sempre da regra abaixo:

O escritor competente nada “acha” sobre as palavras:


Ou ele sabe o que a palavra quer dizer, ou então escreve outra em seu lugar!

Aumentando a profundidade do seu vocabulário


O primeiro lugar onde você deve procurar maiores informações sobre uma palavra é uma boa enciclopédia –
que pode ser a Wikipédia – http://pt.wikipedia.org/.

5 Fonte: http://www.aulete.com.br/filosofia, acesso em 20 de fevereiro de 2016.


Alexei Gonçalves de
Oliveira
Dica: adquira o hábito de, todos os dias, ler um artigo da Wikipédia sobre uma das palavras novas que você
pesquisar no dicionário. Ao agir assim, você irá adquirindo uma compreensão cada vez mais ampla e profunda
do significado das palavras que você conhece!

Exercício

Passo 1: Pesquise no dicionário a definição de uma das palavras da lista a seguir.

Liberdade
Pensamento
Política
Sociedade
Natureza
Realidade
Ciência

Passo 2: Pesquise a palavra escolhida na Wikipédia e leia o artigo inteiro, até o final.

Passo 3: Escreva um texto de 5 a 10 linhas sobre a palavra pesquisada, resumindo as principais ideias que você
adquiriu após a leitura do dicionário e da Wikipédia. Escreva esse texto sem se preocupar muito com a forma,
concentrando-se apenas em registrar os seus pensamentos!

Passo 4: Após redigir o seu texto da forma como vier à sua cabeça, revise-o usando as técnicas que aprendeu
até agora:
Verifique se algumas das palavras que você empregou em seu texto não têm um sinônimo mais
adequado ao sentido que você deseja e/ou ao leitor a quem você se dirige.
Confira se algumas de suas negativas não ficariam melhor caso substituídas por um antônimo, ou
vice-versa.
Procure problemas de sonoridade e resolva-os.
Pesquise sinônimos para melhorar a sonoridade ou para expressar melhor o sentido que você deseja.
Verifique se o sentido das frases não está sendo modificado indevidamente pelas frases anteriores (“as
que vêm antes”) ou posteriores (“as que vêm depois”).

Resumo da Lição
O escritor competente nada “acha” sobre as palavras:
Ou ele sabe o que a palavra quer dizer, ou então escreve outra em seu lugar! Aprofunde-se no significado!
Curso Online de
Redação

Lição 16 – Criando significados com a técnica da definição

Na lição 11, pedimos que você prestasse atenção ao modo como redigimos uma explicação. Relembrando:

"Por exemplo, observe como vou redigir a explicação a seguir:

Para efeito deste texto, “significado” é um termo técnico, com origem na Linguística, que descreve o
conjunto de ideias designadas por uma palavra, independentemente do texto em que tenha sido
escrita.

Por outro lado, usamos neste texto a palavra “sentido” para descrever o significado que a palavra
assume no texto em que foi escrita."

O trecho acima é um exemplo da técnica da definição. Quando escrevemos a expressão “para efeito deste
texto”, estamos dizendo que a definição foi criada por nós, sendo válida apenas no texto em que foi escrita.

O desafio de redigir definições


Os escritores – especialmente os que precisam escrever trabalhos escolares, acadêmicos ou científicos – veem-
se frequentemente diante da necessidade de redigir as próprias definições. Afinal, como você viu na lição 15,
nem sempre as definições do dicionário são satisfatórias ou claras o suficiente. Nesses casos, é necessário que
o escritor explique ao leitor que significado ele pretende dar às palavras mais importantes de seu texto.

Sem dúvida, o desafio de redigir definições no mesmo nível daquelas que você encontra em um dicionário
requer o domínio de conhecimentos e técnicas que superam em muito o alcance deste curso: a lexicografia é
tarefa especializada para profissionais altamente qualificados! Porém, qualquer pessoa pode aprender algumas
técnicas de redação de definições para explicar aos seus leitores o significado de certas palavras.

Definindo o que é uma definição


Mas, afinal, o que é uma “definição”? Veja abaixo nossa definição para a palavra “definição”:

Uma definição é uma frase simples que explica o significado de uma palavra de modo a diferenciá-la de todas
as outras.

O esforço de definir é, portanto, o esforço de diferenciar uma palavra de todas as outras usando uma única
frase. Quando você se propõe a redigir uma definição, sua intenção é esclarecer o mais rapidamente possível a
diferença entre uma palavra e todas as outras!

Um aspecto importante da definição é que ela se resume a uma única frase com o menor número possível de
palavras. Uma definição deve conter apenas as palavras indispensáveis à diferenciação da palavra que você
está definindo!

Para atingir esse objetivo, existem as mais variadas técnicas, embora todas partam sempre do mesmo princípio:
comece a definição com palavras mais gerais, depois acrescente palavras mais específicas, até fechar a
definição com a palavra que não deixa mais nenhuma dúvida sobre o que você está escrevendo.

Um modelo para definição de objetos


Vamos começar com a técnica mais simples, a definição de objetos. Veja um exemplo:
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Uma cadeira é um (1) item de mobiliário (2) composto por um encosto, um assento e uma base, (3) sobre o
qual as pessoas se sentam para descansar ou exercer certas atividades que exigem que o corpo permaneça em
repouso.

Pontos a observar:

(1) Começamos explicando a que categoria de objetos pertence o objeto “cadeira”: um “item de mobiliário”,
um “móvel”.

(2) Seguimos explicando a composição do objeto, isto é, quais são os elementos que o diferenciam de todos os
outros: “encosto”, “assento” e “base”.

(3) Especificamos qual é o uso que fazemos do objeto: é um móvel que usamos para ficar sentados enquanto
descansamos ou fazemos alguma coisa!

Nosso modelo de formulação de frases para definição de objetos pode ser representado como se segue:

Um [OBJETO] é um [CATEGORIA DE OBJETOS A QUE PERTENCE] composto de [ELEMENTOS


DIFERENCIADORES] que é usado por [QUEM] para [FINALIDADE].

Mais alguns exemplos, com explicações entre parêntesis:

EXEMPLO A – Uma blusa (objeto) é um item de vestuário (categoria) que pode assumir várias formas
diferentes (elementos), sendo usado por mulheres (quem) para cobrir a parte superior do corpo (finalidade).

EXEMPLO B – Um copo (objeto) é um recipiente (categoria) com tamanho e formato compatíveis com a mão
humana (elementos) que é usado para conter líquidos que serão bebidos (finalidade).

Confira no dicionário como nossas definições não-especializadas estão bem próximas das definições
profissionais, ainda que não estejam perfeitas. O importante, para o escritor, não é atingir a perfeição
lexicográfica, mas possibilitar que o leitor visualize o objeto de nossa definição!

Observação final
Como você já deve ter observado, nem sempre é necessário usar todos os elementos do modelo para produzir
uma boa definição. Por exemplo:

Um lápis (objeto) é um cilindro de grafite envolto por um tubo de madeira (elemento) usado para escrever ou
desenhar (finalidade).

Não é obrigatório dizer, por exemplo, que um lápis é um instrumento portátil (categoria) usado por
desenhistas, escritores e estudantes (quem), para que o seu leitor entenda o que é um lápis!

Exercício
Usando o modelo desta lição, redija suas próprias definições para os objetos da lista a seguir e, em seguida,
compare-as com as definições do dicionário. Em caso de dificuldade, siga o modelo abaixo:

[OBJETO] é um [CATEGORIA DE OBJETOS A QUE PERTENCE] composto de [ELEMENTOS


DIFERENCIADORES] que é usado por [QUEM] para [FINALIDADE]

1 – Caderno
Sua definição:
Curso Online de
Redação
Definição do dicionário:

2 – Mesa
Sua definição:
Definição do dicionário:

3 – Casa
Sua definição:
Definição do dicionário:

4 – Caneta
Sua definição:
Definição do dicionário:

5 – Impressora
Sua definição:
Definição do dicionário:

6 – Livro
Sua definição:
Definição do dicionário:

7 – Automóvel
Sua definição:
Definição do dicionário:

8 – Meias
Sua definição:
Definição do dicionário:

9 – Panela
Sua definição:
Definição do dicionário:

10 – Porta
Sua definição:
Definição do dicionário:

Resumo da Lição

As definições sempre começam com as palavras de sentido mais geral, seguidas de palavras de sentido cada vez mais
específico. Para definir objetos, você pode usar o seguinte modelo:

[OBJETO] é um [CATEGORIA DE OBJETOS A QUE PERTENCE] composto de [ELEMENTOS


DIFERENCIADORES] que é usado por [QUEM] para [FINALIDADE]
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 17 – Definindo ações, atividades e profissões

Definir objetos é uma tarefa relativamente simples e direta. Basicamente, tudo o que você precisa fazer é
relacionar um punhado de características que permita ao leitor visualizar o objeto que você está definindo e
organizá-las em uma frase simples.

Já quando queremos definir ações, atividades e profissões, a tarefa é um pouco mais complicada, porque o
objetivo, em geral, é explicar situações complexas, compostas por vários elementos diferentes. Deste modo, o
escritor precisa escolher qual ou quais desses elementos ele deseja enfatizar ao formular sua definição.

Como definir o que alguém faz?


Por exemplo, vamos ver algumas definições possíveis para a ação de “cozinhar”:

1 – Cozinhar é manipular os alimentos de acordo com técnicas que os tornem prontos para consumo humano.

2 – Cozinhar é o ato de preparar refeições saborosas e nutritivas.

3 – Cozinhar é arte de produzir pratos com aparência agradável e equilíbrio de aromas e sabores.

Na definição 1, a ênfase é na técnica, na execução do ato. Na definição 2, a ênfase é no ponto de vista de quem
vai comer: “refeições saborosas e nutritivas”. Finalmente, na definição 3, a ênfase é no aspecto artístico da
atividade de cozinhar.

Requisitos das definições de ações, atividades e profissões


As definições de ações, atividades e profissões, portanto, exigem do escritor:

1 – Conhecimento dos elementos que compõem a ação, atividade ou profissão.

2 – Decisão sobre qual ou quais elementos ele enfatizará em sua definição.

Modelo
O modelo que sugerimos para definir ações é simples:

[AÇÃO] é (o ato de) [UM VERBO QUE INDIQUE UMA DAS PARTES DA AÇÃO] [DESCRIÇÃO DA PARTE
DA AÇÃO QUE SE QUER ENFATIZAR].

Normalmente, é bastante fácil definir uma ação simples, puramente física.

Por exemplo:

Chutar é o ato de colidir intencionalmente um dos pés contra um objeto.

Olhar é dirigir os olhos em direção a alguma coisa.

Comer é o ato de ingerir alimentos.

Quando as ações são mais complexas, porém, é necessário escolher quais são os aspectos da atividade que
Curso Online de
Redação
você deseja enfatizar. Veja mais alguns exemplos:

Escrever (ação) é o ato de imprimir (verbo) palavras em meio físico ou eletrônico (descrição).

Escrever é organizar (verbo) ideias sob a forma de texto (descrição).

Escrever é criar (verbo) textos inteligíveis e corretos (descrição).

É importante observar que, quando você é capaz de definir uma ação, você se torna capaz de definir uma
profissão! Por exemplo:

Escritor é o profissional especializado na atividade de escrever.

Escritor é o profissional encarregado de organizar ideias sob a forma de texto.

Escritor é o profissional que se dedica a criar textos inteligíveis e corretos.

Assim, você pode usar o seguinte modelo para definir profissões:

Um [NOME DA PROFISSÃO] é o profissional especializado em [DEFINIÇÃO DA PRINCIPAL AÇÃO


PRATICADA POR ESSE PROFISSIONAL].

Finalmente, as atividades. Por exemplo:

Um banho é o ato de lavar o corpo com água.

Um salto é o resultado de um forte impulso com os membros inferiores.

Um beijo é o contato suave e intencional dos lábios contra a pele.

Deste modo, um modelo para definir atividades pode assumir a seguinte forma:

Um [ATIVIDADE] é o resultado do ato de [VERBO PRINCIPAL QUE CARACTERIZA A ATIVIDADE]

Exercício
Crie suas próprias definições para as ações/atividades/profissões a seguir.

1 – Cair

2 – Martelar

3 – Calar-se

4 – Lutar

5 – Advogado

6 – Professor

7 – Caminhada

8 – Discurso
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da Lição

Para definir uma ação, atividade ou profissão, você pode usar os seguintes modelos:

Para ações: [AÇÃO] é (o ato de) [UM VERBO QUE INDIQUE UMA DAS PARTES DA ATIVIDADE] [DESCRIÇÃO
DA PARTE DA ATIVIDADE QUE SE QUER ENFATIZAR].

Para PROFISSÕES: Um [PROFISSIONAL] é o profissional especializado em [DEFINIÇÃO DA PRINCIPAL AÇÃO


PRATICADA POR ESSE PROFISSIONAL].

Para ATIVIDADES: Um [ATIVIDADE] é o resultado do ato de [VERBO PRINCIPAL QUE CARACTERIZA A


ATIVIDADE]
Curso Online de
Redação

Lição 18 – Qualidades: definições científicas e não-científicas

As definições de qualidades, normalmente indicadas no texto por um adjetivo, são muito comuns em textos
científicos. Por exemplo, um cientista não pode dizer que um animal é “rápido” ou “lento” sem explicar o que
quer dizer com isso! Deste modo, ele precisará redigir uma definição bastante precisa para essas palavras. Por
exemplo:

Para efeito desta pesquisa, são considerados “rápidos” todos os animais capazes de se deslocar em terra
intencionalmente e por conta própria, ainda que em curtas distâncias, a uma velocidade superior a 20 km/h.

Repare como o cientista deixa claro que a definição que ele dá para a palavra “rápido” é válida apenas para
efeito da pesquisa que ele está fazendo. Um outro cientista, por exemplo, que esteja estudando tartarugas,
provavelmente terá de formular outra definição para a palavra “rápido”.

Definições científicas incluem variáveis


O aspecto fundamental de toda definição científica de qualidades é que, em sua maioria, elas incluem pelo
menos um aspecto possível medir e expressar em termos numéricos. Esses aspectos são chamados pelos
cientistas de “variáveis”. Veja o exemplo da definição científica de “obesidade”:

Segundo a Organização Mundial de Saúde, consideram-se obesas todas as pessoas cujo Índice de Massa
Corporal (IMC) seja igual ou superior a 30,0 6.

O exemplo deixa claro que, quando cientistas e não-cientistas afirmam que uma pessoa é “obesa”, muito
provavelmente não estão dizendo a mesma coisa!

Definições não-científicas enfatizam aspectos


As definições não-científicas de qualidades devem, preferencialmente, seguir os passos das definições de ações
e atividades, especificando qual aspecto da qualidade você deseja enfatizar.

Por exemplo, vejamos o que significa a palavra “livre” na expressão “software livre”:

Entende-se como “livre” qualquer programa de computador que pode ser executado, copiado, distribuído,
estudado, alterado e melhorado sem necessidade de autorização do seu criador 7.

Este exemplo evidencia que a noção de “liberdade”, quando aplicada a um “programa de computador”,
envolve aspectos não pertinentes, por exemplo, ao Direito Constitucional. Assim, a definição de “software
livre” necessariamente enfatizará esses aspectos exclusivos.

Modelo para definir qualidades


Veja agora o modelo que propomos para definições de qualidades:

Entende-se como/Considera-se que é [QUALIDADE] todo/qualquer [SER OU OBJETO DA QUALIDADE]


que [CARACTERÍSTICAS DO SER OU OBJETO QUE CONFEREM A QUALIDADE].

6 Frase formulada com informações constantes no seguinte documento: ABESO − Associação Brasileira para o Estudo da
Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes brasileiras de obesidade. São Paulo: ABESO, 2009, 3ª edição. Disponível
para download em http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1.pdf. Acesso em 31 de maio
de 2016.
7 Definição do autor, com base em informações constantes em https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.html.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

No caso das definições científicas, o final é ligeiramente diferente:

Diz-se que é / Entende-se como / Considera-se [QUALIDADE] todo ou qualquer [SER OU OBJETO DA
QUALIDADE] cuja [VARIÁVEL] seja igual a / menor do que / maior do que [VALOR DA VARIÁVEL].

Exercício
Redija definições não-científicas para as qualidades abaixo.

1 – Valioso

2 – Satisfatório

3 – Perfeito

4 – Sincero

5 – Pacífico

6 – Iluminado

Resumo da Lição

As definições de qualidades podem ser científicas ou não-científicas. Propomos os seguintes modelos para sua
formulação:

Definições não-científicas
Entende-se como/Considera-se que é [QUALIDADE] todo/qualquer [SER OU OBJETO DA QUALIDADE] que
[CARACTERÍSTICAS DO SER OU OBJETO QUE CONFEREM A QUALIDADE].

Definições científicas
Diz-se que é / Entende-se como / Considera-se [QUALIDADE] todo ou qualquer [SER OU OBJETO DA QUALIDADE]
cuja [VARIÁVEL] seja igual a / menor do que / maior do que [VALOR DA VARIÁVEL].
Curso Online de
Redação

Lição 19 – Definindo ideias, pensamentos e sentimentos

Em sua carreira como escritor, você provavelmente terá necessidade de definir ideias, pensamentos e
sentimentos com muito mais frequência do que objetos, ações e qualidades. Mas, após redigir definições para
os outros tipos de palavras, será simples entender o método que propomos para definir palavras que se referem
a coisas que não podem ser vistas ou tocadas.

Vejamos alguns exemplos:

Paz é a situação de um país que não está em guerra.

Guerra é a situação em que um ou mais países combatem outro país ou grupo de países.

Democracia é um sistema de governo em que o poder é exercido por representantes eleitos pelo povo.

Organização é um grupo de pessoas que trabalham em conjunto para atingir um objetivo comum.

Amor é o sentimento que leva duas pessoas a sentir vontade de permanecer juntas.

Marketing é um conjunto de ferramentas que as empresas usam para agir sobre o mercado.

Sociedade é o conjunto de pessoas e organizações que entendem a si mesmas e são entendidas pelos demais
como partes de um mesmo conjunto maior.

Como definir ideias e sentimentos


Reparou como as definições de ideias e sentimentos são semelhantes a uma mistura entre as definições de
objetos e de ações? Para definir uma palavra abstrata, siga estes passos:

1 – Escolha qual ou quais são os aspectos que você deseja enfatizar.

2 – Adicione palavras – que também podem ser abstratas – representativas das ideias que você deseja enfatizar,
uma de cada vez, até obter a definição desejada.

Menos é mais
Explicando melhor o passo 2: a sua intenção não é produzir uma definição tão longa que se torne difícil de
compreender. Ao contrário, o que você quer é uma frase tão simples e completa quanto possível. Cuide para
que cada palavra ajude a restringir cada vez mais o significado, até chegar ao ponto desejado.

Vale enfatizar: o maior risco que o escritor corre ao criar uma definição para ideias abstratas é alongá-la em
excesso. Seu objetivo é produzir uma definição tão completa quanto possível usando o menor número possível
de palavras.

Elementos comuns às definições de ideias


Nesta lição, não proporemos um “modelo” para definições de ideias porque as variações serão tantas quantas
são as ideias concebíveis pelo cérebro humano! Para ajudá-lo em suas primeiras formulações, verificamos, nos
exemplos acima, os elementos mais comuns às definições de ideias abstratas:
Alexei Gonçalves de
Oliveira
1 – Categoria da ideia: Sentimento / Situação / Conjunto / Grupo / Sistema / Método

2 – Objeto ou pessoas ao qual a ideia se refere: Pessoas / Grupos / Países / Empresas

3 – Objetivo / Finalidade / Características: Não estar em guerra / Combater outro país / Exercício do Poder /
Objetivo comum / Permanecer juntas / Agir sobre o mercado / Participar de um conjunto maior.

Exercício
Redija definições para as palavras abaixo.
1 – Carinho

2 – Simpatia

3 – Inteligência

4 – Sabedoria

5 – Liberdade

6 – Competição

Resumo da Lição
O desafio de definir ideias é fazê-lo com o menor número possível de palavras. Acrescente apenas uma palavra de cada
vez até obter o sentido desejado.
Curso Online de
Redação

Lição 20 – Definições objetivas e subjetivas

Até o momento, você aprendeu a formular o que chamamos de “definições objetivas”, isto é, aquelas em que
você tenta explicar o significado das palavras sem se envolver emocionalmente com elas. Nesta lição, você
exercitará a criação de definições subjetivas, cheias de emoção e sentimento. Veja um exemplo:

Palavra: Mãe
Definição objetiva: Mulher que é a genitora de alguém.
Definição subjetiva: Um colo carinhoso onde nos sentimos seguros.

A segunda definição tem um inegável apelo emocional. Os escritores costumam ser louvados e notados pela
sua capacidade de formular definições subjetivas que resumem em poucas palavras um sentimento
inexprimível pela maioria das pessoas. Alguns exemplos:

Nova Iorque é a cidade que jamais adormece.

Amor é um fogo que arde sem se ver. − Luís Vaz de Camões

Joinville: cidade das flores e dos príncipes.

A política é a arte do possível − Otto Von Bismarck

A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que
inebria. − Ludwig Van Beethoven

A sinceridade é de vidro e, a discrição, de diamante − André Maurois

Uma boa fonte de definições subjetivas é o site Wikiquote − https://pt.wikiquote.org/ − que contém citações de
pessoas famosas. Adquira o hábito de visitá-lo de vez em quando, para estimular sua capacidade de formular
definições subjetivas.

Exercício
Visite o Wikiquote e procure citações interessantes relacionadas a algumas palavras. Em seguida, experimente
criar você mesmo pelo menos uma definição subjetiva para cada uma das palavras selecionadas.

Também é uma boa ideia manter um caderno, um documento ou um blog em que você anote as definições
subjetivas que despertem a sua atenção. Os bons escritores, normalmente, têm boa memória para frases e
citações!

Advertência importante
Uma última advertência: sempre diga quem é o autor da frase que citar. Afinal, o mínimo pagamento que um
escritor merece receber por sua criação é o crédito de autoria!

Resumo da Lição

Definições subjetivas que ecoam na alma dos leitores costumam ser citadas e recitadas por séculos. Vale a pena exercitar a
criação de suas próprias!
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 21 – Resumo da parte 1 – Vocabulário

Enfim, você chegou ao final da primeira parte deste Curso de Redação. Durante estas semanas iniciais, você
adquiriu consciência da importância de escolher bem as palavras e aprendeu critérios para ser bem-sucedido
nessa escolha. Você também aprendeu a discernir problemas de sonoridade, bem como a criar sentido e
significado.

As palavras são os tijolinhos com que você construirá suas frases, parágrafos, capítulos…. Por isso é
extremamente importante que você continue se esforçando para ampliar e aprofundar cada vez mais o seu
vocabulário. Tudo, literalmente tudo o que você aprender nos próximos meses terá fundamento no aprendizado
desta primeira parte. Por isso, periodicamente, retorne a estas primeiras 20 lições e refaça alguns exercícios,
para certificar-se de que domina as técnicas e os conceitos desta parte do curso.

Para ter sucesso no objetivo de aprender a escrever bem, é fundamental que você adquira, cultive e desenvolva
o hábito de aprender novas palavras todos os dias, executando diariamente os exercícios das lições 5 e 15. Não
ignore esta dica: ela é chave do seu sucesso!

Veja a seguir a lista completa de “resumos das lições” desta primeira parte do nosso Curso de Redação:

Lição 1 – Toda vez que você escrever um texto, pense primeiro no leitor.

Lição 2 – Usando sinônimos, podemos mudar inteiramente a feição de uma frase para melhorar a comunicação
com nosso leitor.

Lição 3 – A negação serve para dizer que uma coisa não tem todos os atributos de outra, mas não é
necessariamente o seu oposto. Caso a sua intenção seja expressar a ideia oposta, use um antônimo.

Lição 4 – Usando sinônimos e antônimos de forma inteligente, podemos modificar a feição da frase e até
inverter completamente o seu sentido mudando apenas uma ou duas palavras!

Lição 5 – Reescrever também é escrever!

Lição 6 – Os eventos cacofônicos desviam a atenção do leitor e ocorrem com maior frequência no texto de
pessoas com vocabulário muito limitado. Quanto mais rico se tornar o seu vocabulário, mais fácil será evitar e
corrigir esse tipo de problema em seus próprios textos!

Lição 7 - Os encontros de vogais são os problemas de sonoridade mais simples de resolver e evitar.

Lição 8 – As repetições de consoantes podem ser resolvidas com facilidade com a substituição de apenas
algumas das palavras por sinônimos.

Lição 9 – As rimas podem ser boas quando ocorrem intencionalmente em textos poéticos. Porém, em textos
dissertativos, devem ser evitadas.

Lição 10 – É possível melhorar as frases “boas” e “corretas” substituindo palavras comuns por sinônimos de
melhor sonoridade.

Lição 11 – Escrever é usar as palavras para criar sentido e significado.

Lição 12 – Muitas vezes, é possível dizer coisas diferentes usando as mesmas palavras.

Lição 13 – A mesma palavra pode significar coisas muito diferentes, dependendo da frase.
Curso Online de
Redação
Lição 14 – O sentido da frase não depende apenas das palavras com que é escrita, mas também das frases que
a antecedem ou sucedem.

Lição 15 – O escritor competente nada “acha” sobre as palavras: Ou ele sabe o que a palavra quer dizer, ou
então escreve outra em seu lugar! Aprofunde-se no significado!

Lição 16 – As definições sempre começam com as palavras de sentido mais geral, seguidas de palavras de
sentido cada vez mais específico. Para definir objetos, você pode usar o seguinte modelo: [OBJETO] é um
[CATEGORIA DE OBJETOS A QUE PERTENCE] composto de [ELEMENTOS DIFERENCIADORES] que
é usado por [QUEM] para [FINALIDADE]

Lição 17 – Para definir uma ação, atividade ou profissão, você pode usar os seguintes modelos:
Para ações: [AÇÃO] é (o ato de) [UM VERBO QUE INDIQUE UMA DAS PARTES DA AÇÃO]
[DESCRIÇÃO DA PARTE DA AÇÃO QUE SE QUER ENFATIZAR].

Para PROFISSÕES: Um [PROFISSIONAL] é o profissional especializado em [DEFINIÇÃO DA PRINCIPAL


AÇÃO PRATICADA POR ESSE PROFISSIONAL].

Para ATIVIDADES: Um [ATIVIDADE] é o resultado do ato de [VERBO PRINCIPAL QUE CARACTERIZA


A ATIVIDADE]

Lição 18 – Propomos os seguintes modelos para sua formulação:

Definições não científicas


Entende-se como/Considera-se que é [QUALIDADE] todo/qualquer [SER OU OBJETO DA QUALIDADE]
que [CARACTERÍSTICAS DO SER OU OBJETO QUE CONFEREM A QUALIDADE].

Definições científicas
Diz-se que é / Entende-se como / Considera-se [QUALIDADE] todo ou qualquer [SER OU OBJETO DA
QUALIDADE] cuja [VARIÁVEL] seja igual a / menor do que / maior do que [VALOR DA VARIÁVEL].

Lição 19 – O desafio de definir ideias é fazê-lo com o menor número possível de palavras. Acrescente apenas
uma palavra de cada vez até obter o sentido desejado.

Lição 20 – Definições subjetivas que ecoam na alma dos leitores costumam ser citadas e recitadas por séculos.
Vale a pena exercitar a criação de suas próprias!
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Parte 2 – Frase
Curso Online de
Redação

Lição 22 – Frases na ordem direta e inversões


Você já está familiarizado com a redação de frases na ordem direta, segundo o esquema
Sujeito + verbo + complemento
Ex.: Eu escrevo livros.

Você também certamente sabe que é possível mudar a ordem dos termos da frase, recorrendo às chamadas
inversões.
Ex.: Livros escrevo eu.

O que provavelmente ninguém jamais explicou a você é como e quando você pode ou deve usar uma inversão!
Para começar, enfatizemos que não se trata de seguir uma regra de Gramática, mas de escolher a forma que
melhor satisfaz a sua intenção de dizer.
Sempre que escrever uma frase, você terá a intenção de dirigir o foco da atenção do seu leitor a algumas ideias
mais do que a outras. Deste modo, o seu desafio é colocar em posição de destaque as palavras que expressam a
ideia que você deseja destacar.
Mas qual é posição de maior destaque em uma frase? A resposta está na Psicologia. O cérebro humano está
programado para conceder mais destaque:
Regra 1: Aos extremos do que aos meios. O cérebro concede naturalmente mais
destaque às palavras posicionadas no início ou no fim da frase do que às palavras em
posições intermediárias.

Regra 2: Ao início do que ao fim. As palavras que expressam as ideias mais


importantes devem ser posicionadas tão próximas quanto possível do início da frase.

Confira na figura 1, uma representação gráfica desse conceito.

Vejamos um exemplo:
O Brasil é um país Figura 1: O leitor concede mais destaque aos extremos do que ao latino-americano
meio e, ao início, do que ao fim.
com grande potencial
econômico.
Nessa frase, encontramos diversas ideias.
O Brasil é um país.
O Brasil é latino-americano.
O Brasil tem grande potencial econômico.
Qual dessas ideias você deseja destacar? Vejamos, caso a caso:
País: Um país de grande potencial econômico na América Latina é o Brasil.
Latino-americano. Um país latino-americano com grande potencial econômico é o Brasil.
Potencial econômico: Com grande potencial econômico entre os países latino-americanos,
encontramos o Brasil.
A mudança da ordem das palavras na frase não muda apenas a sonoridade da frase como um todo, mas altera
fundamentalmente a maneira como ela será entendida pelo leitor.
A inversão não deve ser empregada em textos dissertativos e argumentativos como expressão de um estilo
mais ou menos afetado ou pedante, mas como uma ferramenta de criação de sentido.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Observações sobre as regras do destaque


A regra 1 salienta o fato de que o cérebro humano concede mais importância aos extremos do que aos meios.
Essa regra impõe uma severa limitação ao escritor que pretende se dirigir a um público pouco habituado à
leitura pois, nesse caso, não convém redigir frases muito longas, pois as pessoas não habituadas a ler tenderão
a absorver apenas o início e o fim das frases, desprezando a maioria das palavras em posições intermediárias.
Também é preciso observar que essas regras não se aplicam exclusivamente a frases, mas também a
parágrafos, páginas, seções e capítulos:
As frases iniciais de um parágrafo longo recebem mais atenção do que a frase final, e ambas recebem
mais atenção do que as frases intermediárias.
Os parágrafos iniciais e finais de uma seção ou página têm mais destaque do que os intermediários.
Os capítulos de introdução e de conclusão são mais lidos do que os capítulos intermediários.
Portanto, tudo o que você redigir deve ser planejado em função dessas duas regras elementares da percepção
humana.
1. Diga sempre logo no início tudo o que é absolutamente indispensável ao entendimento de seu texto.
2. Na parte intermediária, inclua os detalhes, as explicações, as ponderações, tendo consciência de que o
leitor apressado provavelmente não lerá essa parte.
3. Na parte final, explique quais são as conclusões a que você quer que o leitor chegue mesmo que não
tenha lido as partes intermediárias.

Exercício
Inverta criativamente as frases abaixo, observando as mudanças de sentido proporcionadas pelas regras do
destaque. Se possível, faça mais de uma versão para cada frase, testando os efeitos de diferentes formas de
inversão. Fique à vontade para fazer ligeiras alterações nas palavras usadas que usará em cada inversão, tendo
em vista manter a correção gramatical ou resolver problemas de sonoridade.
Exemplo resolvido:
Ordem direta: O presidente do clube vinha tirando proveito até recentemente da onda de otimismo espalhada
na torcida pelas vitórias no campeonato estadual.
Inversão 1: Até recentemente, o presidente do clube vinha tirando proveito da onda de otimismo espalhada na
torcida pelas vitórias no campeonato estadual.
Inversão 2: O presidente do clube vinha, até recentemente, tirando proveito das vitórias no campeonato
estadual e da onda de otimismo que espalharam na torcida.
Inversão 3: O presidente do clube, até recentemente, vinha tirando proveito da onda de otimismo que as
vitórias no campeonato estadual espalharam na torcida.
Inversão 4: Da onda de otimismo espalhada na torcida pelas vitórias no campeonato estadual, quem vinha
tirando o maior proveito até recentemente era o presidente do clube.
1 – Um médico alemão em visita ao Brasil para participar de um congresso internacional de Medicina
socorreu, na manhã desta quarta-feira, na zona sul do Rio de Janeiro, diversas vítimas de um acidente de
trânsito provocado pelas fortes chuvas que caem sobre a cidade.

2 – A hipótese do ministro é que as verbas destinadas às novas obras tenham sido repassadas a outros projetos
que se encontram atualmente em fase de conclusão.
3 – Dois roteiristas de seriados de TV foram premiados, na tarde deste domingo, com troféus e medalhas pela
qualidade de suas criações neste ano e pelo conjunto de sua obra.
Curso Online de
Redação

4 – O número de famílias beneficiadas pelo programa permanece o mesmo do balanço anterior, divulgado em
janeiro deste ano, segundo novo levantamento divulgado pelo instituto de pesquisas.

5 – As cadeias de varejo enfrentam cada vez mais o desafio das lojas online, que oferecem preços
competitivos, comodidade e segurança na experiência de consumo.

Resumo da lição

O seu objetivo ao escrever uma frase é colocar em posição de destaque as palavras que expressam as ideias que você
deseja destacar. Lembre-se: o início tem mais destaque do que o fim e ambos têm mais destaque do que as partes
intermediárias.

Graficamente:
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 23 – Inversões e a sonoridade da frase


Nas lições 6 a 10, você fez diversos exercícios relacionados à sonoridade de frases. Como a intenção nessa
etapa do curso era adquirir hábitos que levarão ao enriquecimento contínuo do seu vocabulário, solicitamos
que você resolvesse esses problemas substituindo as palavras problemáticas por sinônimos.
Porém, boa parte dos eventos cacofônicos e encontros vocálicos pode ser resolvida sem troca de palavras,
simplesmente efetuando inversões, ainda que em apenas alguns elementos internos da frase.

Vejamos alguns exemplos extraídos das lições 6 a 10.

O Banco X é um banco grande.


Solução: O Banco X é um grande banco.

O meu amigo fotógrafo tinha um equipamento invejável.


Solução 1: Era invejável o equipamento de meu amigo fotógrafo.
Solução 2: Tinha um equipamento invejável, o meu amigo fotógrafo.

Ela aspirava calmamente o perfume das flores.


Solução: Ela calmamente aspirava o perfume das flores.

Em único momento, ruiu a obra de toda uma vida.


Solução: A obra de toda uma vida ruiu em um único momento.

Exercício
Escolha 5 frases das lições 6 e 7 e resolva os problemas de sonoridade apenas usando inversões. Fique à
vontade para fazer pequenas mudanças com o objetivo de manter a correção gramatical.

Resumo da lição
As inversões representam, muitas vezes, uma solução prática, simples e elegante para os problemas de sonoridade,
especialmente os eventos cacofônicos e os encontros vocálicos.
Curso Online de
Redação

Lição 24 – Usando inversões para melhorar a sonoridade

Na sua experiência como escritor, você recorrerá muitas vezes às inversões sem nenhum objetivo maior do que
melhorar a sonoridade de uma frase que, em si, não tem defeito aparente. Esse recurso se torna especialmente
necessário para ajustar o ritmo de leitura de um parágrafo.
Retomando um exemplo da lição 10:

A tulipa de cerveja despencou no asfalto e espatifou-se.


Espatifou-se a tulipa de cerveja ao despencar no asfalto.

Leia em voz alta as duas frases acima e repare na diferença de ritmo entre elas, graças à diferença na posição
das sílabas tônicas.

A primeira frase soa como se você estivesse recitando uma lista de palavras isoladas, pois a as sílabas tônicas
estão posicionadas ao final de uma sequência de sílabas, soando assim: -ipa, -eja, -ou, -al, -ou.

Já a segunda frase tem um ritmo interno, pois as sílabas tônicas estão unidas por sons intermediários, soando
mais ou menos como: ou-seatulí padecervê jaaodespen carnoasfal.

Não se preocupe caso não tenha conseguido entender a explicação acima ou caso você tenha achado muito
sutil a enorme diferença de sonoridade entre uma versão e outra. Essa dificuldade inicial é muito comum e
reflete apenas a falta de treino para ouvir frases escritas. À medida que você progredir no curso, executando (e
escutando) os exercícios, refinará sua audição e perceberá com mais clareza as diferenças de sonoridade entre
as versões e inversões de uma mesma frase.

Exercício
Melhore a sonoridade das frases abaixo usando inversões. Fique à vontade para fazer pequenas mudanças com
o objetivo de manter a correção gramatical.

Exemplo resolvido:
Original: A gestão atual do recursos do município é fruto de acordos anteriores que precisam ser respeitados
até que se celebre novo acordo com mudanças aceitas pelos governo estadual.
Inversão: É preciso respeitar os acordos anteriormente celebrados sobre a gestão dos recursos do município
até o que o governo estadual aceite mudá-los.

1 – Original: A empresa de capital aberto Irmãos Unidos S/A disponibilizou em seu banco de dados na
internet informações que vinha mantendo sob sigilo nos últimos meses e que mostram a redução do
faturamento bruto no país pela primeira vez em dez anos.
Inversão:

2 – Original: O árbitro de futebol Leco Lima disse na última quinta-feira, 5 de novembro, que só se
manifestará sobre a injusta expulsão do artilheiro Marquinhos após voltar da Coreia, onde apitará uma partida
amistosa da seleção, nos dias 15 e 16 de novembro.

Inversão:
Alexei Gonçalves de
Oliveira

3 – Original: Os casos da doença no estado do Rio de Janeiro caíram 27%, quando comparamos os dados
deste ano com os de igual período no ano passado, o que representa a maior queda nos índices de
contaminação em nosso país desde 2001.

Inversão:

4 – Original: A perspectiva de obter benefício imediato para cerca de 10 mil famílias e uma projeção de
redução de despesas na ordem de R$ 2,1 bilhões pelos próximos 10 anos levaram o deputado estadual
Silverino Capoatão, do PXZ, a partir com uma comitiva rumo à capital para acompanhar as últimas
negociações para a votação na Assembleia legislativa do projeto que renegocia as condições de ingresso no
novo programa social do governo.

Inversão:

5 – Original: O emprego exclusivo dos dados obtidos em testes de laboratório sem o contraponto oferecido
pelos testes de campo como forma de avaliação da segurança de nossas instalações contra-ataques terroristas é
uma das possíveis explicações para a ocorrência desta fatalidade.

Inversão:
6 – Original: Os técnicos entenderam, no entanto, que o pedido da Comissão de Investigação para que fosse
formada uma equipe multidisciplinar para a análise do problema não pode ser atendida, pois há uma miríade de
aspectos técnicos incompreensíveis por leigos.

Inversão:

Resumo da lição

Na sua experiência como escritor, você recorrerá muitas vezes às inversões sem nenhum objetivo maior do que melhorar a
sonoridade de uma frase que, à primeira olhada, não parece ter defeito.
Curso Online de
Redação

Lição 25 – Inversões: use-as com inteligência


Textos redigidos somente com frases na ordem direta tendem a soar chatos, monótonos, repetitivos.
Repare que usei o verbo “tender”. Isso significa que, se você procurar bastante, provavelmente encontrará um
ou outro exemplo de textos primorosos redigidos com uso mínimo de inversões. Mas, na maioria das vezes,
uma sequência de frases na ordem direta é o que basta para adormecer a maioria dos leitores.

Exercício de “desinversão” sobre o Hino Nacional Brasileiro


Por outro lado, o uso excessivo de inversões pode tornar um texto incompreensível ou, até mesmo, ilegível
para a maioria dos leitores. Um exemplo clássico é proporcionado pelos primeiros versos do nosso hino
nacional, que vou redigir em forma de prosa, com a necessária pontuação:
Ouviram, do Ipiranga, as margens plácidas, de um povo heroico o brado retumbante e o sol da liberdade, em
raios fúlgidos, brilhou no céu da pátria nesse instante.
Uma confusão infernal. É lícito desconfiar que a maioria dos brasileiros não faz a menor ideia do que está
cantando quando recita esses versos com a mão no peito em ocasiões solenes.
Vejamos como poderíamos tornar essa frase mais compreensível praticamente eliminando as inversões:
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico e, nesse instante, o sol da
liberdade brilhou em raios fúlgidos no céu da pátria.
Ainda complicado mas, certamente, bem mais compreensível do que a versão original.
Observe que efetuei uma inversão para aproximar a expressão “nesse instante” da primeira oração, deixando
mais claro para o leitor a “qual instante” o autor se refere, isto é, o instante em que as margens ouviram o
brado!
Continuando o exercício, poderíamos criar uma versão ainda mais compreensível eliminando os adjetivos e
invertendo apenas o que é necessário:
O sol da liberdade brilhou no céu da pátria no instante em que as margens do Ipiranga ouviram o brado do
povo.
Muito menos bonito, porém muito mais compreensível.
A letra do hino nacional, obviamente, é uma criação poética, que deve ser discutida em termos de seus méritos
estéticos – uma discussão que não cabe no âmbito deste curso. O objetivo do exercício acima foi deixar claro
para você que, num texto dissertativo-argumentativo, o uso excessivo de inversões tenderá a prejudicar
desnecessariamente a inteligibilidade do seu texto.
Observe que, mais uma vez, usei o verbo tender, implicando que você sempre poderá encontrar exceções aqui
e ali caso pesquise com tenacidade.

Encontrando equilíbrio sem moderação


Encontramo-nos agora diante de duas “regras” aparentemente contraditórias. Lembrando:
Um texto redigido com excesso de frases na ordem direta tende a soar monótono.
Um texto redigido com excesso de inversões tende a se tornar ininteligível.
A pergunta que fica no ar é a seguinte: como achar o equilíbrio ideal entre frases diretas e inversões, evitando
os problemas causados pelos excessos?
A resposta está no título desta lição: inversões, use-as com inteligência!
Repare mais uma vez na escolha das palavras. Eu poderia ter usado o chavão publicitário das campanhas de
Alexei Gonçalves de
Oliveira
bebidas alcoólicas e escrito “use-as com moderação”. Porém, escolhi dizer “use-as com inteligência”.
O motivo dessa escolha de palavras é enfatizar que você não deve ter medo de usar inversões, tantas quantas
forem necessárias, pouco importando se você escreverá mil páginas sem incluir uma frase na ordem direta!
Na verdade, enquanto você estiver redigindo, não deve sequer pensar se está ou não usando inversões!
O que você deve fazer sempre é lembrar-se da lição 1 – pense no seu leitor! A sua orientação básica é, sempre,
garantir que o leitor entenda as suas ideias.
Para garantir que o leitor entenderá o seu texto e desejará acompanhar o seu raciocínio até o fim, você deve
produzir frases que reúnam, entre outras qualidades, o uso de vocabulário preciso e adequado (lições 2 a 21),
sonoridade agradável (lições 6 a 10, 23 e 24) e posicionamento em destaque das informações fundamentais
(lição 22).
Se você começar hoje a se esforçar para redigir frases que reúnam essas qualidades para expressar suas ideias
de forma clara, lógica e agradável, você avançará rapidamente no caminho de aprender a escrever bem.

Exercício
Selecione um ou dois parágrafos de um texto qualquer à sua escolha e altere-o usando substituições de
palavras (confira as lições da parte 1 do curso) e inversões inteligentes para torná-lo mais adequado a um leitor
com quem você mantenha uma relação formal (para mais detalhes, veja a lição 1).

Resumo da lição
Não tenha medo de usar inversões, se necessário, em todas as frases do seu texto − ou em nenhuma! O seu objetivo não é
atingir um inexistente “índice ideal de inversões”, mas garantir que o leitor entenderá o que você quer dizer.
Curso Online de
Redação

Lição 26 – Princípios de Sensatez – Parte 1 − Dos fatos e das


afirmações que fazemos sobre eles

A partir deste ponto do curso, incluiremos uma lição simples abordando um tema do que chamamos de
“Princípios de Sensatez” a cada cinco lições de Redação propriamente dita. No total, veremos 8 lições sobre
esse tema, uma quantidade suficiente para que a maior parte das pessoas pare de cometer certos erros bobos na
apresentação dos fatos ou na extração das conclusões em seus textos.
Deveria ser desnecessário dizer que nossa intenção não é, nem de longe, oferecer um “curso de Lógica”, com
todas as formalidades e dificuldades inerentes a essa disciplina − tanto que optamos por agrupar estes temas
sob o rótulo genérico de “Sensatez”. Nosso objetivo, aqui, é esclarecer ao estudante quanto aos requisitos
básicos de encadeamento de ideias, propiciando uma melhor compreensão sobre os caminhos que separam −
ou unem! − os fatos e as conclusões.
Nosso primeiro passo no terreno da Sensatez será aprender a lidar com fatos em nossos textos. Por exemplo,
considere a seguinte frase:
“O governo anunciou um pacote econômico que inclui aumento de impostos”.

Esta frase representará um fato apenas caso algum representante do governo realmente tenha vindo a público
recentemente anunciar um pacote econômico que inclua aumento de impostos. Caso contrário, essa frase não
expressará um fato, mas uma simples obra de ficção, uma mentira, um boato, uma “intriga da oposição”.
Um “fato” é, portanto, para efeito deste curso (lembra-se das lições 16 a 20?), uma afirmação que pode ser
verificada e confirmada na prática, ou como dizem os fãs de telenovela, na “vida real” 8. Por exemplo,
considere as seguintes frases:
O meu time venceu o jogo.
João quebrou o pé.
A lâmpada está queimada.
O meu carro está sem gasolina.
Observe como as frases acima podem ou não se referir a “fatos”. Afinal, não é possível julgar, somente lendo
essas frases, se elas são Verdadeiras ou Falsas − isto é, se elas se referem a coisas verificáveis na realidade do
mundo. É preciso conferir sua veracidade em outro lugar, por exemplo, lendo o noticiário, examinando o pé de
João, tentando acender a lâmpada ou verificando o indicador de combustível do carro.
A Lógica começa a operar a partir do momento em que dispomos de fatos verificáveis pois, em si mesma, não
dispõe de ferramentas para conferir se uma afirmação se refere ou não a um fato. O que a Lógica faz é verificar
a validade das conclusões que podem ser extraídas de um conjunto de fatos previamente confirmados.
Para lembrar o exemplo clássico:
Todos os homens são mortais;
Ora, Sócrates é homem;
Logo, Sócrates é mortal.

Note que a Lógica, por si mesma, não é capaz de verificar se todos os homens existentes no mundo são
mortais, ou se existe algum homem imortal andando sobre a Terra. Também não é possível dizer, apenas
recorrendo à Lógica, se Sócrates é ou não homem, mulher, animal, vegetal, mineral, personagem de ficção,
item de mobiliário, peça de automóvel….!
Mas podemos dizer, com toda certeza que:
1. SE todos os homens são mesmo mortais e
8 Confira, na lição 92, qual é o problema da expressão “vida real”.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
2. SE Sócrates é mesmo homem,
3. É inevitável que Sócrates seja mortal.
Por outro lado, SE apenas uma das afirmações iniciais − chamadas premissas − não expressar um fato, não
será possível chegar à conclusão de que Sócrates é mortal. Porque:
1. Se apenas um homem entre todos for imortal, existe sempre a possibilidade de que esse imortal seja,
justamente, nosso amigo Sócrates.
2. Se Sócrates não for homem, ele será outra coisa, deixando aberta a possibilidade de que essa outra
coisa seja imortal.
Portanto, a Lógica é, no seu nível mais elementar, um instrumento de verificação da validade de conclusões.
Usando palavras mais simples: é uma maneira de dizer se você pode ou não chegar com segurança a uma
conclusão a partir de um conjunto de fatos.
Agora, pense comigo: quando um professor ou examinador pede que você escreva uma redação dissertativa-
argumentativa sobre um assunto qualquer, o que, exatamente, ele está pedindo?
Apenas, e simplesmente, que você:
1. Apresente fatos.
2. Tire conclusões a partir desses fatos.
Eis aí, enfim revelado, o Grande Mistério da Boa Redação Dissertativa-Argumentativa!
O problema é que, em geral, passamos nossos anos escolares cumprindo esse tipo de tarefa − por exemplo, ao
responder questões de prova − sem que ninguém se dê ao trabalho de explicar detalhadamente como apresentar
fatos e extrair conclusões a partir deles!
Em primeiro lugar, a apresentação dos fatos deve ser feita em linguagem clara, objetiva, direta, usando
palavras de sentido preciso, inequívoco, isento de ambiguidade.
Em segundo lugar, você deve apresentar os fatos de uma forma que se ajuste à sua possibilidade de saber.
Veja um exemplo:
Os brasileiros são muito simpáticos e alegres.

Esse é o tipo de frase que usamos sem problemas em nossas conversas informais cotidianas, mas
que pode criar problemas sérios em uma redação dissertativa-argumentativa. Afinal, quando você
afirma alguma coisa sobre “os brasileiros”, está deixando implícita a palavra “todos”. De fato,
você está afirmando que TODOS os brasileiros são muito simpáticos e alegres.
Ora, qual a sua possibilidade de saber isso? Você conhece todos e cada um dos 200 milhões de
brasileiros?
Uma maneira que os estudantes costumam usar com frequência para fugir a essa armadilha acaba por jogá-los
em outra. Veja:
Muitos brasileiros são simpáticos e alegres.

Neste caso, o redator quis fugir à responsabilidade de fazer uma afirmação temerária deixando claro que,
embora talvez não todos, “muitos” brasileiros seriam simpáticos e alegres.
O problema é que, numa redação dissertativa-argumentativa, a palavra “muitos” leva imediatamente o
examinador a perguntar: “Quantos”? O estudante recai em idêntico problema quando recorre a palavras como
“alguns”, “a maioria”, “a maior parte”, “grande parte”… Todas as vezes que o escritor recorre a esse tipo de
palavra de sentido impreciso, ele diz ao leitor que não sabe o que está dizendo!
Agora, considere a frase a seguir:
Fulano de Tal, em sua obra intitulada “Estudos sobre os Brasileiros” afirma que os brasileiros são simpáticos
e alegres.
Curso Online de
Redação

Percebe a diferença? Talvez você não tenha possibilidade de saber se todos os brasileiros são realmente
alegres, mas é indubitável sua possibilidade de saber o que o autor Fulano de Tal disse sobre os brasileiros!

Mais ainda: se o leitor estiver em dúvida sobre a sua sinceridade, ele que se dirija à biblioteca mais próxima e
confira se o autor Fulano de Tal, na obra citada, realmente fez tal afirmação sobre os brasileiros!
Portanto, podemos dizer que esta última versão é um fato, porque é perfeitamente possível conferir a sua
veracidade! Afinal, o escritor não está afirmando que os brasileiros são isso ou aquilo, ele está dizendo que o
autor Fulano de Tal fez tal afirmação!
Assim, uma maneira segura de apresentar um fato é citar uma fonte confiável: um livro, uma pesquisa, um
artigo, uma notícia da imprensa, um documento, um autor renomado, uma autoridade reconhecida no assunto.
Outra maneira de apresentar um fato é recorrer à sua experiência comum com o leitor − isto é, uma afirmação
cuja veracidade o leitor pode conferir apenas recorrendo à própria memória. Por exemplo:
É comum ouvirmos dizer que os brasileiros são simpáticos e alegres.

Certamente, você já ouviu alguém dizer isso! Portanto, se estamos nos referindo ao fato de que muitas pessoas
dizem isso, podemos recorrer apenas à experiência de vida do leitor, dispensando a citação de fontes mais
sérias.
Ainda outra forma aceitável de apresentar um fato é oferecer um testemunho pessoal, próprio ou de terceiros.
Por exemplo, se o autor for um estrangeiro:
Estive recentemente em visita ao Brasil e posso afirmar que todas as dezenas de brasileiros com quem mantive
contato eram muito simpáticos e alegres.

Caso o autor seja brasileiro, uma forma válida de apresentar o testemunho seria:
Tendo nascido e vivido no Brasil durante toda a minha vida, posso afirmar que, de forma geral, os brasileiros
são muito simpáticos e alegres.

De todo modo, em um ambiente em que sua redação seja avaliada por examinadores ou professores,
dificilmente será aceita uma redação que se baseie inteiramente em testemunhos e/ou experiências
compartilhadas. Ao escrever para esse público, você certamente necessitará recorrer a citações de pesquisas,
autores, livros, artigos e notícias.
Em resumo, quando for apresentar um fato:
1. Use palavras de sentido preciso, inequívocas, isentas de ambiguidade,
2. Formule a frase de tal forma que se ajuste à sua possibilidade de saber: cite uma fonte confiável,
recorra à experiência compartilhada com o leitor ou ofereça um testemunho pessoal.

Exercício
Redija novamente as frases abaixo de modo que se adaptem à sua possibilidade de saber. Este exercício é
puramente formal, de modo que você pode ficar à vontade para inventar citações, pesquisas, autores,
experiências e testemunhos.

1 – Um copo de vinho por dia é uma medida comprovada de proteção para o coração e estudos recentes
indicam ainda que pode ajudar a combater o câncer. (adaptado de http://www.i-legumes.com/beneficios-
saude/que-vinho-tem-mais-antioxidantes/)

2 – Pergunte a um corretor o que valoriza um imóvel e ele responderá que os fatores principais são três:
localização, localização e localização. (fonte:
Alexei Gonçalves de
Oliveira
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/12/04/localizacao-nao-e-unico-ponto-que-valoriza-imovel-
veja-14-coisas-a-pensar.htm)

3 – Famosos protestam nas redes sociais contra o fechamento da Suipa. (fonte:


http://ego.globo.com/famosos/noticia/2013/12/famosos-protestam-nas-redes-sociais-contra-o-fechamento-da-
suipa.html)

4 – Consumidores estão ansiosos pelos descontos de até 15% nos remédios. (fonte:
https://odia.ig.com.br/_conteudo/noticia/economia/2014-12-03/consumidores-estao-ansiosos-pelos-descontos-
de-ate-15-nos-remedios.html)
5 – Estudos indicam um consumo médio ideal de 2 litros de água por dia para um adulto, vale lembrar que a
água não possui calorias, ou seja, ela não engorda. (adaptado de: https://br.mulher.yahoo.com/blogs/sala-
espera/nao-beber-agua-causa-mau-halito-e-outros-problemas-105915054.html)

Resumo da lição

Quando for apresentar um fato:

1. Use palavras precisas, inequívocas, isentas de ambiguidade.


2. Formule a frase de tal forma que se ajuste à sua possibilidade de saber: cite uma fonte confiável, recorra à
experiência compartilhada com o leitor ou ofereça um testemunho pessoal.
Curso Online de
Redação

Lição 27 – Condições de inteligibilidade da frase: unicidade de


sentido

Na obra inspiradora deste Curso Online de Redação, o livro “Comunicação em Prosa Moderna” do mestre
Othon Moacyr Garcia9, encontramos um conjunto de 6 critérios objetivos para avaliar a qualidade de uma frase
em função de sua inteligibilidade − isto é, de sua capacidade de ser entendida pelo seu destinatário. Nas
próximas lições, você aprenderá a identificar e resolver problemas inteligibilidade seguindo esses critérios
simples e objetivos.
Gramaticalidade. Os princípios da Gramática têm o objetivo de garantir a inteligibilidade das frases. Nas
palavras do professor Othon Moacyr Garcia, os limites impostos pela Gramática “impedem a invenção de uma
nova língua cada vez que se fala” (p. 7).
Como este não é um curso de Gramática, não teremos espaço para nos alongar na abordagem de suas milhares
de regras, exceções, contingências e discussões. Entretanto, fique atento às regras gramaticais ao escrever e
tenha sempre à mão um bom compêndio de Gramática para resolver suas dúvidas.

Um princípio tão fundamental à inteligibilidade quanto a correção gramatical é a exigência de unicidade de


sentido. A frase deve ser redigida de tal forma que impeça múltiplas interpretações, não permitindo que o
leitor fique em dúvida quanto ao sentido desejado pelo autor. Quando o autor falha em garantir unicidade de
sentido a uma frase, vemo-nos diante do fenômeno conhecido como “ambiguidade”.

Por exemplo, observe a seguinte frase:

“Cheguei ao trabalho suado”

O leitor não tem certeza do que o autor quis dizer com essa frase, porque há mais de um sentido possível.
Podemos tanto entender que o autor estava “suado” (molhado de suor) ao chegar ao trabalho quanto que estava
simplesmente usando a expressão “trabalho suado”, isto é, trabalho “conquistado com esforço” ou “que se
executa com grande esforço”.

Exercício
Reescreva cada uma das frases abaixo de modo a restaurar-lhes a plena inteligibilidade.

Exemplo resolvido:
Original: Dirigi-me com o carro ao local da prova inseguro.

Diagnóstico: A frase, como um todo, está bastante confusa, sendo difícil entender o que o autor quis dizer.
Vamos ver algumas possibilidades de interpretação:
“Dirigi-me com o carro”: Será que o autor quis dizer que foi ao local da prova dirigindo o carro ou
que apenas levou o carro até o local da prova sem dirigi-lo, por exemplo, em um reboque?
“ao local da prova inseguro”: Quem ou o que estava “inseguro”? O local da prova? O carro? O
próprio autor da frase?
Possíveis soluções:
Estava me sentindo inseguro enquanto dirigia o carro até o local da prova.
Estava inseguro o carro que dirigi até o local da prova.

9 GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1975, 3ª edição.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Reboquei o carro até o inseguro local da prova.

Observações
(1) Não é necessário criar mais de uma solução para as frases a seguir.
(2) Lembre-se de verificar a ocorrência de erros gramaticais e corrija-os!
(3) Todas as frases abaixo, por absurdas que pareçam, são reais e foram adaptadas de sites de notícias.
Modifiquei-as ligeiramente e não citei a fonte para não constranger os seus autores!

1. Original: O Centro de Formação de Motoristas com a compra das modernas Viaturas Especiais de
Transporte de Pessoal receberam a missão de preparar e capacitar os nossos funcionários para operá-
los.

Sua versão:

2. Original: Marco Antônio falou com o Sérgio que é o diretor financeiro.

Sua versão:

3. Original: O atual diretor da empresa, substituto do anterior, indicado pelo atual presidente, foi
acusado de desviar o dinheiro das obras para fins pessoais.

Sua versão:
4. Original: A diretoria em desespero para tomar medidas para promover o crescimento das vendas
salvando o cargo.
Sua versão:

5. Original: Todo corte de gastos, diminuição dos excessos de custos, são defendidos por mim, mas é
preciso desnudar o que está por trás disso.

Sua versão:

Resumo da lição

As duas principais condições de inteligibilidade de uma frase são a gramaticalidade e a unicidade de sentido.
Curso Online de
Redação

Lição 28 – Critérios de inteligibilidade: coerência

Quando falamos em coerência, estamos nos referindo a coerência lógica no plano referencial. Trata-se aqui
de eliminar contradições involuntárias, que não tenham uma óbvia intenção literária ou retórica.
Por exemplo, o escritor Roberto Menna Barreto 10 menciona um texto que teria lido numa lápide em um
cemitério em Portugal:
“Mureu o Zé Vurnadino,
O mais reles dos sujeitos,
Indibíduo muito à-toa,
Ladrão, pirata, assassino,
mas tirando esses d'feitos
era exc'lente p'ssoa.”

Um sujeito “reles”, “à toa”, “ladrão”, “pirata” e “assassino” que é, ao mesmo tempo, uma “excelente pessoa”?
Toda vez que o nosso texto dissertativo-argumentativo contiver uma afirmação incoerente no plano referencial,
precisaremos explicar ao leitor nossa intenção metafórica, figurativa, literária, humorística, ou o que seja.
Ainda assim, estaremos nos submetendo desnecessariamente ao risco de que o leitor rejeite integralmente o
texto sem ler mais nem uma palavra a partir da frase incoerente.
Estou falando daquele momento em que o leitor perde a paciência com o autor e deixa o texto de lado,
resmungando “ah, não, aí já é demais, abusou….”.
Este é um risco que nenhum autor deseja correr!
Não abuse da paciência do leitor. De preferência, jamais conte com a possibilidade de que ele lerá todo o seu
texto até o fim. Faça-se entender desde o início, em cada frase de seu texto!

Normalmente não há problema em recorrer a uma óbvia contradição retórica. Por exemplo:
A plateia respondeu ao discurso com um silêncio ensurdecedor.

Também não há problema em recorrer a outras figuras de linguagem, como as sinestesias:


Este livro é notável por sua saborosa e multicolorida sonoridade.

Em resumo, você deve evitar, em seus textos dissertativos-argumentativos, a ocorrência de contradições,


mesmo aquelas produzidas com intenções literárias, porque sempre existe a possibilidade de que o leitor não
entenda suas figuras de linguagem e abandone o seu texto sem prosseguir a leitura.

Exercícios
Reescreva as frases abaixo de modo a restaurar sua plena inteligibilidade.
Exemplo resolvido:

Frase: “Os membros do partido ora hegemônico perderam a credibilidade ao assumir uma posição neutra em
relação ao escândalo, mas devemos acreditar em sua capacidade de recuperar o bom senso”.

Diagnóstico: A contradição presente nessa frase é difícil de engolir: ao dizer que eles “perderam a
credibilidade”, estamos dizendo que não podemos mais acreditar neles, uma ideia incompatível com a
continuação da frase, que afirma nosso “dever de acreditar” neles!

10 BARRETO, Roberto Menna. Criatividade em Propaganda. São Paulo: Summus, 1978. p. 115.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Solução: “Os membros do partido ora hegemônico perderam parte de sua credibilidade ao assumir uma
posição neutra em relação ao escândalo, mas devemos conceder um crédito de confiança à sua capacidade de
recuperar o bom senso”.

1. Original: Silvério é indisciplinado, comete muitas faltas, marca muitos gols contra, erra passes,
dribles e lançamentos, mas é um bom jogador.

Sua versão:

2. Original: Para mim, é uma tríplice honra ver meu nome mencionado ao lado de pessoas tão ilustres e
constar a minha foto na galeria de personalidades insignes de tão reputada instituição.

Sua versão:

3. Original: Sou plenamente favorável a toda e qualquer medida destinada a reduzir os custos, mas faço
sérias restrições às demissões e reduções de jornada de trabalho com redução de salários.

Sua versão:

4. Original: É irrevogável a decisão de demitir-me do cargo de superintendente por não concordar com
as atuais políticas da empresa, de modo que só uma alteração imediata nessas políticas poderia me
fazer voltar atrás.

Sua versão:
5. Original: Cada vez mais, o mercado deseja profissionais com perfil generalista, capazes de ter uma
visão ampla dos problemas da empresa e com formação acadêmica mínima em nível de
especialização.

Sua versão:

Resumo da Lição

Evite, em seus textos dissertativos-argumentativos, a ocorrência de contradições, inclusive aquelas produzidas com
intenções literárias.
Curso Online de
Redação

Lição 29 – Critérios de inteligibilidade: conformidade


Estamos tratando aqui de conformidade com a experiência geral de sua cultura. Frases como “um motorista
bêbado faz mal apenas a si mesmo” ou “o crime traz contribuições positivas à sociedade”, ou a já famosa “o
político tal rouba mas faz”, ao entrar em choque com a experiência e as expectativas de seus leitores, mais uma
vez exigem do autor a redação de uma longa justificativa que corre o risco de não ser lida.
Mais uma vez, caso a sua intenção não seja humorística, literária ou, ainda, a criação de uma imagem de autor
controverso, polêmico − e odiado por muitos! − você deveria evitar a afronta às referências culturais de seu
leitor. Vejamos três casos típicos da atualidade: o “politicamente correto”, a afronta à autoimagem do leitor e o
uso inadequado do humor.

Os riscos de um texto “politicamente incorreto”


Nos dias que correm, em que muitos membros de “minorias desprotegidas” − reais ou autonomeadas, não
entraremos no mérito − estão sempre dispostos a se sentir ofendidos por qualquer mínimo descuido linguístico
e a recorrer à Justiça em busca de reparos por ofensas − reais ou imaginárias, novamente sem entrar no mérito
− o escritor precisa ter absoluta consciência do efeito de cada palavra e frase que escolhe publicar. Qualquer
risco nesse campo deve ser intencional, calculado, tendo em vista algum objetivo específico.

Há risco até mesmo no elogio a esses grupos sociais, já sendo extenso o registro de casos em que um elogio foi
entendido como uma agressão, uma ofensa, uma prova de preconceito.

Note que não estou preconizando a adesão incondicional ao clube do “politicamente correto”, mas alertando
para o fato de que, caso você decida desafiar os preceitos dessa turma, deve ter certeza do que está fazendo.

A autoimagem do leitor
Você, como escritor, tem uma certa visão sobre o seu país, o povo a que pertence, a cultura de que participa, a
religião que professa, os princípios éticos que abraça. Mas e o seu leitor, o que ele pensa sobre este país − que
também é dele? Quais as opiniões dele sobre o povo, a cultura, a religião, os princípios éticos?

Como sempre, volte à lição 1: Quem é o seu leitor? O que ele é capaz de compreender e o que não é? Qual é,
para esse leitor, o limite entre a análise racional e a agressão? Até que limites ele está disposto a aceitar uma
divergência em certos temas sem se sentir ofendido?

E você, escritor? Ganhará alguma coisa ao afrontar a autoimagem do seu leitor? O que é mais importante para
você: “desabafar” seus pensamentos dizendo tudo o que acha sobre um assunto, doa a quem doer, ou persuadir
o leitor a aceitar algumas ideias sobre um tema, sem desmerecê-lo por discordar de você em outros?

“Tão engraçado como uma dor de dentes”


Uma fonte inesgotável de enxaquecas para o escritor é o uso desastrado do humor. A fronteira entre uma piada
engraçadíssima e uma ofensa grave ao leitor costuma ter a espessura de um fio de cabelo. Antes de publicar
uma piada, aconselhamos, no mínimo, que você a teste em particular junto a pessoas de seu círculo mais
próximo de relacionamentos. Em caso de dúvida, pondere qual é a importância da piada no contexto geral: o
seu leitor pode ou não compreender o seu texto caso você decida excluir a piada? Se for desnecessária à
compreensão da ideia central do seu texto, a melhor decisão é cortá-la.

Afinal, como se orientar em meio a essa confusão toda?


Infelizmente, não existem regras que possam ser aceitas por todos os escritores em todas as situações. Estamos
Alexei Gonçalves de
Oliveira
tratando aqui de uma decisão pessoal, em que a medida do “certo” e do “errado” é (1) o seu próprio
julgamento quanto aos objetivos que está perseguindo em seu texto e (2) o julgamento do seu leitor quanto às
suas reais intenções. O importante é ter consciência de que a decisão final é sua, que cabe a você escolher o
que escreverá e que a responsabilidade pelo conteúdo de um texto é inteiramente de seu autor.

Para não deixá-lo sem orientação, diremos apenas o seguinte: caso você não tenha nada a ganhar criando caso
com seu leitor − situação frequente em textos de provas discursivas, redações escolares, relatórios comerciais e
trabalhos acadêmicos − não crie caso. Simplifique a própria vida e concentre-se apenas na mensagem que
deseja transmitir, evitando toda polêmica que não contribua para a realização desse objetivo.

Exercício
Esta lição não tem exercícios originais, já que todos os exemplos que pudemos encontrar poderiam levar a
alguma acusação infundada sobre nossas “verdadeiras intenções” ao selecioná-los! Portanto, nos limitamos às
seguintes recomendações ao estudante:

1. Procure textos de escritores e jornalistas geralmente considerados “polêmicos” e tente identificar, na


linguagem empregada por esses autores, quais são os elementos que afrontam os leitores, levando-os a
obter a fama de “polêmicos”.

2. Avalie o que eles ganham e o que perdem ao escrever dessa forma “polêmica”.

3. Experimente redigir de forma diferente suas frases mais “polêmicas”, procurando amenizá-las para
minimizar a afronta ao leitor.

Resumo da lição

Não afronte os valores culturais do seu leitor, a menos que tenha um ótimo motivo para fazê-lo.
Curso Online de
Redação

Lição 30 – Condições de inteligibilidade: Plausibilidade


Plausibilidade. A frase precisa ter um mínimo de probabilidade de ser verdadeira ou de se referir a um fato.
Por exemplo, corre no Facebook uma corrente que afirma: “Comer bananas maduras com pintas pretas previne
e cura o câncer”.

Será que é tão simples assim?


É claro que a noção de “plausibilidade” é variável em função (1) do autor, (2) do tema e (3) do público visado.
Por exemplo:

Cartões de crédito ganham proteção quântica contra fraudes.


(Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=cartoes-credito-protecao-quantica-
contra-fraudes&id=010150141217)
Vamos avaliar a plausibilidade da frase acima:

1 – Para começar, o autor da frase tem credibilidade? Sim, o site “Inovação Tecnológica” publica
regularmente artigos sobre temas avançados em tecnologia e ciência, de modo que o fato de que a notícia foi
publicada nesse site é um bom indício de sua plausibilidade.
2 – O tema em si é plausível, se relaciona com coisas possíveis ou existentes? Sim, a tecnologia de
computação quântica é tema frequente em sites de tecnologia e as fraudes envolvendo cartões de crédito
também são noticiadas corriqueiramente na grande imprensa.
3 – O público a que se destina essa notícia está qualificado a julgar sua plausibilidade? Mesmo que o
leitor da notícia não tenha qualificações científicas, caso ele acompanhe o site ou se interesse pelo tema, verá
que a frase em si não encerra nenhuma impossibilidade.
Em última análise, o seu público deve estar preparado para receber de você uma informação aparentemente
“implausível” (ou “incrível” ou, ainda, “inacreditável”).
Se você pretende apresentar em seu texto uma ideia polêmica ou cuja veracidade possa ser colocada em xeque
pelo seu leitor − em miúdos, caso a ideia que você deseja apresentar seja literalmente “incrível” − prepare o
leitor antes de formulá-la. Diga quem você é, quais são as credenciais profissionais ou acadêmicas que o
autorizam a expressar essa ideia “inacreditável”. Apresente informações de fonte fidedigna, confiável, para dar
apoio à sua ideia. Explique como essas informações se relacionam umas com as outras. Recorra a analogias
com objetos e situações corriqueiras, use metáforas, mostre o efeito real sobre a vida da pessoa.

Somente após esse trabalho prévio é que você deve apresentar a ideia polêmica.

Em seguida, imediatamente após a exposição da ideia, você deve prosseguir com o trabalho de apresentar
fatos, dados, analogias e explicações. Afinal, resultará inútil a tentativa de articular um raciocínio a partir de
uma ideia em que o seu leitor não acredita.

Explicando graficamente: na figura 2, apresentamos em tons


de cinza as informações em que o leitor não terá dificuldade de
acreditar. Em amarelo, ao contrário, as informações mais
“incríveis”. Observe como a informação “incrível” deve
estar rodeada de informações “críveis” para obter o máximo
de credibilidade. Figura 2: A informação incrível deve vir
rodeada de informações "críveis".
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Exercício
Coloque-se na posição de autor das frases “incríveis” a seguir e crie frases preparatórias e persuasivas de modo
a aumentar a sua plausibilidade.

Observação: Mais uma vez, o exercício é apenas formal, de pura imaginação: suas frases podem ser totalmente
inventadas, sem se referir a fato nenhum!
Exemplo resolvido:
Frase preparatória: O Centro de Pesquisas Comportamentais da Universidade Federal do Rio de Janeiro
desenvolveu um programa de computador capaz de detectar os sentimentos dos internautas através da análise
semântica de publicações e comentários nas redes sociais.

Frase incrível: O governo pretende agora usar esse software para combater os crimes de ódio na internet.
(Adaptado de http://olhardigital.uol.com.br/noticia/governo-vai-usar-software-contra-crimes-de-odio-na-
internet/45752)

Frase persuasiva posterior: O programa será instalado em grandes centros de dados do governo brasileiro,
capazes de processar um bilhão de palavras por segundo, para monitoramento diário das publicações de
internautas brasileiros nas redes sociais Twitter e Facebook.

Observações: (1) As informações da frase preparatória e da frase persuasiva foram inventadas por mim, não
passam de puro exercício de imaginação! (2) Fique à vontade para alterar ligeiramente a redação da “frase
incrível” para que faça sentido quando unida às outras frases.

1 – Frase preparatória:

Frase incrível: A ciência é uma coisa de ricos. (Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_prog_detalhe.aspx?


fid=191&did=172219)

Frase persuasiva posterior:

2 – Frase preparatória:

Frase incrível: Ciência explica por que consultórios médicos têm maior quantidade de revistas velhas do que
de publicações recentes. (Adaptado de http://info.abril.com.br/noticias/ciencia/2014/12/ciencia-explica-por-que-so-
tem-revista-antiga-em-consultorios-medicos.shtml)

Frase persuasiva posterior:

3 – Frase preparatória:

Frase incrível: Os homens são mais idiotas do que as mulheres. (http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?


Curso Online de
Redação
content_id=4291760)

Frase persuasiva posterior:

4 – Frase preparatória:

Frase incrível: Sorrisos reduzem em 50% a ocorrência de assaltos. (Fonte:


http://www.noticiasaominuto.com/mundo/321710/o-que-a-ciencia-ja-descobriu-sobre-o-sorriso)

Frase persuasiva posterior:

Resumo da lição
As frases do seu texto precisam ser “plausíveis”, isto é, ter um mínimo de probabilidade de ser verdadeira ou de se referir
a um fato.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 31 – Critérios de Inteligibilidade: Correção estrutural

Como vimos na lição 25, especialmente quando abordamos a “desinversão” dos primeiros versos do Hino
Nacional, as inversões, quando usadas em excesso, podem “quebrar” a inteligibilidade e, até mesmo, a
gramaticalidade da frase. Além das inversões, os “queismos”, a interposição de grande quantidade de orações e
a introdução de grande número de ideias heterogêneas na mesma frase costumam comprometer fortemente a
inteligibilidade do texto.
Como adverte Othon Moacyr Garcia, uma frase inteligível e comunicativa é aquela que não exige o
reordenamento sintático de seus elementos para ser compreendida. Considere o exemplo a seguir:
“Creio que já lhe disse que a ação de despejo que o advogado que o proprietário do
apartamento que eu desconheço mandou me procurar me disse que me vai mover é uma causa
perdida”.11

Na frase acima, as informações se sucedem sem uma relação clara entre elas; não sabemos “quem” o autor da
frase “desconhece”; não sabemos quem mandou ou foi mandado “procurar” o autor da frase; quem “disse” que
moverá a ação… Isso sem falar nas múltiplas ocorrências da conjunção “que”! Uma verdadeira confusão!

Dois métodos para resolver problemas de estrutura


Há dois métodos para evitar esse tipo de problema. O primeiro, que chamaremos de “método preguiçoso”,
consiste em simplesmente “picotar” a frase longa em diversas frases mais curtas:

“Não conheço o proprietário do apartamento. Ele mandou o advogado me procurar. O advogado me avisou
que vai mover uma ação contra mim. Creio que já lhe disse que se trata de uma causa perdida”.

O método “preguiçoso” tem sido o preferido por muitos autores e jornalistas contemporâneos, sendo adotado
em larga escala em blogs e sites de notícias. Trata-se de um círculo vicioso em que leitores preguiçosos
estabelecem uma relação de simbiose com escritores preguiçosos.
O segundo método é o que poderíamos chamar de “método inteligente”. No método inteligente, o escritor
define quais são as ideias que pretende apresentar ao leitor, esclarecendo as relações de hierarquia (mais
importantes x menos importantes) ou de causa e efeito. Por exemplo:
“Não conheço o proprietário do apartamento, mas ele mandou o advogado me procurar pois pretende mover
uma ação contra mim que, como já lhe disse, é uma causa perdida”.

Como se pode ver no exemplo, a causa da confusão não é o “tamanho” da frase, mas a falta de critério na
apresentação das ideias. O método de escrever apenas “frases curtas”, embora útil do ponto de vista da
legibilidade, é excessiva e desnecessariamente limitante.
Vale lembrar que o método inteligente não consiste em escrever todas as ideias em uma frase só, mas articular,
numa mesma frase, um grupo de ideias inter-relacionadas, expondo sintaticamente suas conexões.

Qual o tamanho ideal da frase?


Pergunta frequente, com uma única resposta: suas frases devem ter… O tamanho que precisam ter!
Explicando melhor, você deveria usar frases curtas apenas quando as ideias apresentadas nessas frases não
tivessem uma relação muito clara umas com as outras e a sua intenção fosse esclarecer lentamente essa
relação. É um recurso comum em textos didáticos, como os das lições iniciais deste Curso de Redação.

11 GARCIA, Othon M. op. cit, p. 9


Curso Online de
Redação
Já se pretende desenvolver ideias mais complexas para um leitor que já conhece os aspectos principais do
problema − ou seja, quando não precisa ensinar ao leitor cada detalhe do assunto − você naturalmente optará
por frases mais longas. As frases longas permitem apresentar as relações entre as ideias em reduzido número
de palavras.
De fato, o hábil manejo de frases mais longas − isto é, com diversas orações − permite que o escritor poupe
esforço e escreva textos mais curtos e mais ricos em informação, do que os textos picotados em uma
infinidade de frases curtas.

Em suma, paradoxalmente, as frases longas possibilitam condensar a apresentação de ideias e de suas relações
em um texto mais “enxuto”!

Exercícios
Reescreva as frases abaixo, usando o método inteligente para restaurar-lhes a correção estrutural.

1 – Versão confusa: No dia 10 de fevereiro de 2017, em toda a rede de lojas, que foi o auge da perseguição
aos funcionários suspeitos de praticar fraudes, principalmente dos vendedores, porque o presidente e seus
comparsas pretendiam uma “limpeza” da companhia, se acumulavam nas praças de alimentação dos shoppings
centers, principalmente nos grandes centros urbanos, montanhas de cartas de demissão ou suas cinzas.
Versão inteligente:

2 – Versão confusa: Ana Talina, que será futura secretária municipal da Igualdade Desigual, ela foi a autora do
parecer do Conselho de Educação Confusa classificando como preconceituoso o famoso livro infantil de
Martim Silvato e que propôs que ele fosse banido do Programa Nacional de Igualdade Geral e Irrestrita Nas
Escolas.

Versão inteligente:

3 – O fluxo de clientes insatisfeitos põe pressão sobre os serviços prestados e aumenta os custos globais
segundo estimativas veiculadas na imprensa a mais de R$ 4 milhões para tentar absorver as reclamações, para
especialistas como Joaquim Melvim, da Universidade Polisábia, a reação mais recente do órgãos de defesa do
consumidor era previsível.

Versão inteligente:

4 – Versão confusa: Elias Marrom, o presidente de nossa empresa, acusou o concorrente estrangeiro de
promover uma guerra contra o nosso mercado, baixando deliberadamente os preços globais dos nossos
produtos, ele destacou que, graças a estratégias dos estrangeiros para inundar o mercado, na última segunda-
feira, o valor dos similares nacionais nas bolsas de mercadorias em todo o mundo caiu mais de 30%, atingindo
o patamar mais baixo em uma década e quase a metade da média histórica do preço de revenda.

Versão inteligente:
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição
Escreva frases curtas quando quiser expor didaticamente uma ideia de cada vez. Escreva frases longas quando escrever
para um leitor familiarizado com as principais ideias de seu texto.
Curso Online de
Redação

Lição 32 – Princípios de Sensatez − Parte 2 − Gênero e Espécie


Em uma conversa sobre Lógica no Facebook, um gaiato apresentou o seguinte exemplo de “silogismo”:
Todas as Ferrari são vermelhas.
Ora, meu automóvel é vermelho,
Logo, meu automóvel é uma Ferrari.
Não é preciso ser especialista em Lógica para perceber que se trata de uma piada. Nosso problema é aprender a
identificar onde está o erro no raciocínio acima, de modo a evitar cometê-lo em nossos próprios textos!
O erro, claro, está na delimitação das ideias de “Gênero” e “Espécie”.

A frase estaria errada mesmo desprezando os fatos de que (1) nem toda Ferrari é um automóvel e que (2) nem
todo automóvel Ferrari é vermelho. O erro está em que o Gênero, isto é, a categoria mais “Geral”, é
“automóvel” e não “Ferrari”. “Ferrari” é um caso específico da categoria “automóvel”, um subconjunto de
todos os automóveis que existem.
Ora, toda VERDADE que pudermos dizer sobre o Gênero será VERDADE também com relação à Espécie.
Veja alguns exemplos:
Todos os automóveis se deslocam sobre rodas, LOGO, todos os automóveis Ferrari se deslocam sobre
rodas.
Todos os automóveis têm, pelo menos, um volante, freio e acelerador, LOGO, o mesmo se pode dizer
sobre os automóveis Ferrari.
Todos os automóveis usam algum tipo de fonte de energia para se deslocar ao comando do motorista,
LOGO, todos os automóveis Ferrari também têm alguma fonte de energia.
E assim por diante. Tudo o que se pode dizer sobre “automóveis” será verdade para qualquer automóvel, seja
Ferrari, Volkswagen, Renault, Ford, GM, Fiat...
O problema é que a recíproca não é verdadeira: nem tudo o que se pode dizer sobre os automóveis Ferrari será
VERDADE com respeito ao gênero automóvel. Exemplos:
Todos os automóveis Ferrari custam muito dinheiro, mas alguns automóveis são baratos.
Todos os automóveis Ferrari são fabricados na Itália, mas podemos encontrar fábricas de automóveis
em diversos países.
Todos os automóveis Ferrari são esportivos com altíssimo desempenho, mas podemos encontrar
automóveis para todas as finalidades e os mais variados índices de desempenho.
Outro erro muito comum é a delimitação confusa das fronteiras entre Gênero e Espécie. Por exemplo:
Todos os automóveis têm quatro rodas, LOGO, toda Ferrari tem quatro rodas.
Opa! Será verdade que todo automóvel tem quatro rodas? E os triciclos motorizados, não contam? E as
motocicletas, são ou não “automóveis”, entendidos como “veículos automotores”? E os caminhões com vários
eixos, entram nessa conta ou não?
Ou seja, se houver confusão na DEFINIÇÃO DA PALAVRA que estamos usando para delimitar o Gênero, as
conclusões que extrairmos sobre a Espécie não serão confiáveis!

A confusão aumenta quando a própria


delimitação da espécie também não
é lá muito clara. Voltando ao
exemplo, sabemos que “Ferrari” é um
sobrenome que designa as pessoas
Figura 3: Quando a definição do Gênero é fluida, confusa ou
ambígua, não é possível confiar nas conclusões sobre a Espécie.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
de uma família e, além disso, também é uma marca que denomina diversos tipos de produtos que não têm
rodas, como óculos, relógios, roupas e malas de viagem!
Confira, nas figuras 3 e 4, representações gráficas desse conceito.

Por isso, quem está aprendendo a escrever


textos dissertativos- argumentativos precisa
tomar um cuidado extremo com as noções
de Gênero e Espécie. Figura 4: Com definições muito amplas e ambíguas sobre Vale lembrar a regra:
Gênero e Espécie, qualquer coisa que se diga será
Tudo o que “Verdadeira” ou “Falsa” conforme a preferência de cada um! pode ser dito sobre o
Gênero é extensível à Espécie.
Nem tudo o que pode ser dito sobre a Espécie é extensível ao Gênero.
Ou, em outras palavras: tudo o que podemos dizer sobre o conjunto pode ser dito também sobre o subconjunto,
mas nem tudo o que podemos dizer sobre o subconjunto pode ser dito também sobre o conjunto!
Se necessário, quando estiver tentando argumentar, pegue uma folha de papel e desenhe os conjuntos,
procurando identificar se há casos em que a Espécie não se enquadra no Gênero (por exemplo, produtos
“Ferrari” que não são automóveis) ou em que o Gênero abarca casos excepcionais ou fora do comum (ex.:
“automóveis” que não têm quatro rodas).

Exercícios
Reescreva as frases a seguir de modo a corrigir as relações entre Gênero e Espécie.
Exemplo resolvido:

Frase original: “Reparei que João Luís estava lendo a Bíblia na hora do almoço então eu acho que ele deve ser
evangélico”.
Comentário: Esse é o tipo de “conclusão brilhante” que ouvimos todos os dias em conversas informais.
Obviamente, nem todo leitor da Bíblia é necessariamente evangélico: pode ser de qualquer religião, ou até
mesmo ateu! João poderia ler a Bíblia por curiosidade, ou por necessidade de estudos, ou por qualquer outro
motivo que só ele sabe. Ou seja, não é possível dizer coisa alguma sobre a religião de uma pessoa a partir do
fato de que ela esteja lendo a Bíblia!
De fato, uma das únicas conclusões a que podemos chegar quando vemos uma pessoa lendo uma Bíblia é que
essa pessoa provavelmente sabe ler!
Frase corrigida: Reparei que João Luís estava lendo a Bíblia na hora do almoço, portanto concluí que João
Luís é alfabetizado.
Estrutura lógica da solução: Somente pessoas alfabetizadas (= Gênero) sabem ler. Ora, João Luís (= Espécie)
estava lendo a Bíblia. Logo, João Luís é alfabetizado (= João Luís é um elemento do conjunto das pessoas
alfabetizadas).
Obs.: Como sempre, não é necessário incluir o comentário, nem a estrutura lógica, basta identificar o
problema na relação Gênero x Espécie e propor uma solução viável.

1 – Frase original: Mário Sérgio só pode ser corrupto: afinal, ele é um político.

Frase corrigida:
Curso Online de
Redação
2 – Frase original: É claro que aquele motorista deve ser torcedor do time X para fazer uma besteira dessas no
trânsito.

Frase corrigida:

3 – Frase original: Ana Lúcia é médica veterinária e, portanto, gostará de ganhar um cãozinho de presente de
aniversário.

Frase corrigida:

4 – Frase original: Todo inimigo do meu inimigo é meu amigo!

Frase corrigida:

5 – Frase original: Diz-me com quem andas e te direi quem és.

Frase corrigida:

Resumo da Lição

Tudo o que pode ser dito sobre o Gênero é extensível à Espécie, mas nem tudo o que pode ser dito sobre a Espécie é
extensível ao Gênero.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 33 – Coordenação e Subordinação

Você certamente já observou que, neste curso, evito ao máximo o uso de termos técnicos, vocabulário
complicado e o recurso a teorização. Afinal, é assim que se ensina a Língua Portuguesa nas escolas e, portanto,
é assim que nossas escolas são extremamente bem-sucedidas na tarefa de não ensinar as pessoas a escrever!
Como dissemos no capítulo de introdução, nosso objetivo aqui é bastante simples e modesto: ensinar ao
estudante um conjunto bastante amplo de técnicas de escrita que ele possa aplicar imediatamente aos textos
que precisa escrever, seja na escola, na universidade ou no trabalho. Nosso desejo incessantemente perseguido
é que você, a cada lição que fizer, aprenda alguma coisa que possa começar a usar no mesmo dia.
Chegamos, porém, a um ponto extremamente importante do curso em que o estudo da Gramática revela toda a
sua utilidade prática imediata para o escritor: a SINTAXE! A sintaxe é tão importante para a escrita que
podemos dizer que é o verdadeiro fundamento do ato de escrever: redigir é articular sintaticamente as coisas
que você quer dizer ao seu leitor.
Sem a sintaxe, suas ideias, pensamentos, sentimentos, ações e realizações não encontram forma de expressão.
Mas como se ensina a sintaxe nas escolas? Analisando frases escritas por outras pessoas, num furor
classificatório que chega às raias da insanidade, proliferando jargão incompreensível (quantas pessoas sabem o
que é um “síndeto”?12) e multiplicando exceções, discussões acadêmicas infindáveis em torno de classificações
e terminologia…
Mais uma vez, ninguém se lembra de explicar ao estudante como, afinal, usar a sintaxe para construir boas
frases!
Até onde eu saiba, o único autor brasileiro que se deu a esse trabalho foi o já citado Othon Moacyr Garcia, em
sua obra “Comunicação em Prosa Moderna”. A seção reservada à construção de frases desse livro, na edição
que tenho em mãos, tem 129 páginas e quatro capítulos em que ele explora todas as minúcias e sutilezas do
uso criativo da sintaxe em Língua Portuguesa.
Nestas últimas lições dedicadas à redação de frases, veremos diversas formas de aplicar criativamente a sintaxe
para produzir boas frases, mas alertamos que, caso você queira adquirir maestria13 sintática, você deve dedicar-
se ao estudo lento e aprofundado dessa parte da obra do mestre Othon Moacyr Garcia.
Vamos começar pela diferença fundamental entre coordenação e subordinação.
Coordenar (co- ordenar) é colocar em ordem duas (ou mais) coisas que têm o mesmo valor. Por exemplo, o
trabalho de dois soldados pode ser coordenado, mas um não é subordinado ao outro!
Subordinar (sub- ordenar) é colocar em ordem de hierarquia, deixando as coisas menos importantes sob a
responsabilidade das mais importantes. Por exemplo, aqueles dois soldados do exemplo anterior certamente
serão subordinados a um sargento ou oficial!
Assim, quando você quiser expressar duas, três ou mais ideias igualmente importantes numa mesma frase,
você deveria coordenar sintaticamente essas ideias. Já se as ideias tiverem uma relação hierárquica − uma
delas é mais importante do que as demais − você deveria subordinar sintaticamente as ideias menos
importantes às mais importantes!
Vejamos um exemplo:
Ideias:
1. Maria Lúcia mora em São Paulo.
2. Maria Lúcia trabalha como executiva de marketing de uma empresa multinacional.
3. Maria Lúcia é mãe de dois meninos.
12 O dicionário Aulete explica: “1. Gram. Emprego de conjunção coordenativa aditiva entre palavras, entre termos de uma
oração ou entre orações coordenadas” Fonte: http://www.aulete.com.br/s%C3%ADndeto
13 Pesquise esta palavra no seu dicionário favorito!
Curso Online de
Redação
Caso sua intenção, como escritor, seja apenas apresentar essas características de Maria Lúcia sem chamar a
atenção para nenhuma delas, você poderia coordená-las sintaticamente:
Maria Lúcia mora em São Paulo, trabalha como executiva de marketing de uma empresa multinacional e é
mãe de dois meninos.

Para começar, observe como a conjunção “e” desempenha a função de dar valor sintaticamente idêntico a todas
as ideias.
Vale lembrar, porém que, como vimos na lição 22, a própria ordem com que apresentamos os fatos já revela o
grau de atenção que desejamos jogar sobre cada um deles, de modo que as informações “mora em São Paulo”
e “é mãe de dois meninos” acabam recebendo um destaque sutilmente maior do que “trabalha como executiva
de marketing em uma empresa multinacional”.

Mas, sintaticamente, a relação é de igualdade entre as 3 ideias!


Agora, digamos que você queira subordinar as outras ideias ao fato de que Maria Lúcia mora em São Paulo:
Maria Lúcia, que trabalha como executiva de marketing em uma multinacional e é mãe de dois meninos, mora
em São Paulo.

Observe como a conjunção “que” subordina o fato de que ela trabalha como executiva à ideia principal, isto é,
de que ela mora em São Paulo.
Observe também como, nessa frase, o fato de que Maria Lúcia é “mãe de dois meninos” está coordenado pela
conjunção “e” a uma outra ideia subordinada, o que é suficiente para subordiná-la também à ideia principal!
O funcionamento aqui é semelhante ao de dois soldados que são coordenados sob as ordens de um sargento a
quem ambos são subordinados.
Prosseguindo, digamos que, agora, você deseje enfatizar o fato de que nossa amiga Maria Lúcia é uma
executiva, subordinando as demais ideias a esse único fato:
Maria Lúcia, que mora em São Paulo e é mãe de dois meninos, trabalha como executiva de marketing em uma
multinacional.

Observe como a simples mudança na relação sintática já muda completamente a relação entre as ideias!
Aprofundando um pouco mais suas opções, você pode querer criar um contraste entre as ideias “executiva de
marketing”, ou seja, o fato de que Maria Lúcia é uma profissional atuante, e o fato de que é “mãe de dois
filhos”, deixando como cereja do bolo a ideia de que ela consegue ser tudo isso enquanto mora em São Paulo.
Ou seja, teremos duas ideias principais, coordenadas, e uma ideia subordinada.
Maria Lúcia, que mora em São Paulo, é mãe de dois meninos e trabalha como executiva de marketing em uma
multinacional.

Esses simples exemplos já devem ser suficientes para abrir sua percepção para um imenso leque de
possibilidades de escrita representado pelo uso inteligente da subordinação e da coordenação sintática de ideias
em seu texto. Como você deve estar ansioso para pôr em prática estes ensinamentos, vamos logo aos
exercícios!

Exercício
Escreva a maior quantidade de frases que conseguir coordenando e subordinando as seguintes ideias, em
grupos de, pelo menos, três ideias – não, não é necessário usar todas as ideias na mesma frase!
1. João Vítor é dentista.

2. João Vítor ganhou um prêmio da Associação Brasileira de Odontologia.


Alexei Gonçalves de
Oliveira
3. João Vítor teve o nome listado no SPC.

4. João Vítor dirige um Mercedes.

5. João Vítor foi considerado suspeito de sonegação fiscal.

6. João Vítor tem uma ótima reputação profissional.

7. João Vítor foi assaltado a caminho do trabalho.

8. João Vítor já traiu a esposa com algumas pacientes.

9. João Vítor é um membro ativo de organizações de caridade.

10. João Vítor candidatou-se a síndico do seu edifício.

Resumo da Lição
Quando quiser dar a impressão de que as ideias são equivalentes, coordene-as sintaticamente. Quando, ao contrário, quiser
demonstrar que uma ideia é mais importante do que outra, subordine sintaticamente a ideia menos importante à mais
importante.
Curso Online de
Redação

Lição 34 – Mais maneiras de coordenar ideias

Na lição anterior, você estudou e exercitou algumas técnicas de coordenar e subordinar sintaticamente diversas
ideias em uma única frase. Você percebeu, observando os exemplos e resolvendo os exercícios, que o domínio
das técnicas de coordenação e subordinação abre possibilidades praticamente infinitas de articulação e
expressão de ideias, capacitando-o a escrever bem sobre virtualmente qualquer assunto de seu interesse.
O mais interessante é que você já pôde perceber esse potencial usando apenas a conjunção coordenativa “e” e a
conjunção subordinativa “que”!
Nesta lição, você exercitará o uso de outras conjunções coordenativas, ampliando ainda mais o seu repertório
de possibilidades.

Lembrete de Gramática:
“Conjunções” são palavras invariáveis − isto é, sem forma
feminina ou masculina, singular ou plural − que ligam duas
palavras ou duas orações. Exemplos: e, mas, enquanto,
contudo.
“Locuções conjuntivas” são conjuntos de palavras que
atuam como conjunções. Exemplo: Mas também, Não
obstante, Por conseguinte.

As conjunções coordenativas são classificadas em vários tipos, conforme o efeito que elas provocam sobre a
frase.
Não custa lembrar: muito mais importante do que saber classificar o que os outros fizeram é saber usar para
que você mesmo possa fazer! Assim, mais uma vez, o que faremos aqui não é classificar, mas orientá-lo para
que saiba quando usar uma ou outra conjunção ou locução conjuntiva.
Como sempre, a linha mestra é a sua INTENÇÃO DE DIZER: o que você quer dizer ao seu leitor?

Aditivas: um simples acréscimo de informação


Se você deseja apenas acrescentar uma informação sem criar uma relação de hierarquia ou causa-efeito em
relação a outras, a opção mais óbvia é usar uma conjunção ADITIVA: e, nem, mas também, como também,
além de (disso, disto, daquilo), quanto (depois de “tanto”), bem como.
Exemplos:
Maria Lúcia mora em São Paulo e é mãe de dois meninos.

Maria Lúcia é mãe de dois meninos mas também trabalha como executiva de marketing de uma empresa
multinacional.

Maria Lúcia, além de ser mãe de dois meninos, mora em São Paulo.

Adversativas: o outro lado da questão


Usando conjunções como mas, porém, todavia, entretanto, no entanto, não obstante, contudo, o escritor criará
uma relação de oposição, contraste, compensação ou consequência entre as ideias. Basicamente, o uso das
conjunções ADVERSATIVAS, ameniza ou até anula o que você disse anteriormente!
Observação de Gramática: o uso de vírgula antes da conjunção adversativa é obrigatório!
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exemplos:
Max é um bom escritor, mas comete muitos erros de digitação.

O novo modelo apresentado pelo fabricante traz algumas inovações, porém não resolve os problemas dos
modelos anteriores.

A situação líquida da empresa está favorável, não obstante as dívidas contraídas nos últimos 12 meses.

A nossa equipe obteve alguns sucessos até agora; contudo, precisamos de mais algumas vitórias antes do final
da temporada.

Alternativas: opções à vontade


Quando você deseja apresentar opções ao seu leitor, o uso dos pares de conjunções ALTERNATIVAS
oferecem uma saída conveniente: ou….ou, ora….ora, quer….quer.
Exemplos:
Aos atuais administradores da empresa, não resta saída: ou adotam medidas drásticas para aumentar os
lucros ou renunciam ao cargo.

O nosso time agiu de forma muito eficiente, ora atacando com cruzamentos pela esquerda, ora avançando
com lançamentos longos pela direita.

Leopoldo cometeu tantas infrações que sua licença será cassada, quer pague as multas, quer não as pague.

Conclusivas: a consequência inevitável do seu brilhante raciocínio


Após expor longa e detalhadamente sua brilhante linha de raciocínio, inevitavelmente chega o momento em
que você precisa dizer ao leitor a que conclusão ele deve chegar. Para essas ocasiões, existem as conjunções
CONCLUSIVAS: pois (após o verbo), logo, portanto, então, por isso, por conseguinte, por isto, assim.

Exemplos:
Esqueci minha carteira em casa, então voltarei a pé.

Jader seguiu todas as normas, por conseguinte, esta punição não faz sentido.

As medidas de segurança foram tomadas, assim, o risco de acidentes é desprezível.

Adotei as melhores práticas e obtive, pois, grande sucesso. (Obs.: compare esta frase com o exemplo de uso
explicativo do “pois”, na próxima seção!).

Explicativas: não deixe o leitor em dúvida


Se você precisa deixar claro que A é a causa de B − portanto, estabelecendo uma relação de causa e
consequência − você tem à sua disposição as conjunções EXPLICATIVAS: que, porque, porquanto,
pois (antes do verbo).
Obtive grande sucesso pois adotei as melhores práticas.

Posso enxergá-lo muito bem, porquanto a luz está acesa.


Curso Online de
Redação
Vou-me embora, que estou cansado de esperar.

Observações finais
Aqui também, como em quase todos os assuntos relativos à Gramática da Língua Portuguesa, imperam a
confusão e as discussões em torno de nomes e classificações. Essas discussões são interessantes para quem se
dedica todos os dias, 8 horas por dia, a estudar, classificar e analisar a língua, examinando-a em seus mais
diminutos detalhes nos mais potentes microscópios, como zoólogos em dúvida quanto ao enquadramento de
um novo espécime animal neste ou naquele sistema classificatório.
Acontece que o objetivo de um Curso de Redação não é classificar a vida, mas criar vida.
O trabalho do escritor não é de análise, mas de síntese.
Por isso mesmo, não se aflija se não conseguir identificar, neste ou naquele caso, se a conjunção é explicativa
ou conclusiva, ou mesmo se a oração é subordinada ou coordenada − para que você tenha uma ideia, a
Gramática registra casos de “falsa coordenação” e de “subordinação psicológica”!
O que você precisa definir, como escritor, é a sua intenção: decida o que você quer dizer ao leitor e construa
uma frase sintaticamente compatível com sua intenção de dizer. Quando você for bem-sucedido nessa tarefa,
os gramáticos se encarregarão de dar razão a você!

Exercícios
Voltemos a nosso amigo João Vítor, a quem fomos apresentados na lição anterior, e relembremos os fatos que
sabemos sobre sua vida:
1. João Vítor é dentista.

2. João Vítor ganhou um prêmio da Associação Brasileira de Odontologia.

3. João Vítor teve o nome listado no SPC.

4. João Vítor dirige um Mercedes.

5. João Vítor foi considerado suspeito de sonegação fiscal.

6. João Vítor tem uma ótima reputação profissional.

7. João Vítor foi assaltado a caminho do trabalho.

8. João Vítor já traiu a esposa com algumas pacientes.

9. João Vítor é um membro ativo de organizações de caridade.

10. João Vítor candidatou-se a síndico do seu edifício.

Escreva pelo menos 10 frases coordenando os fatos acima, criando pelo menos duas frases que para cada um
dos cinco tipos de conjunções coordenativas constantes desta lição!

Resumo da Lição

O tipo de conjunção coordenativa que você usará em suas frases dependerá mais do que você pretende dizer ao seu leitor
do que da classificação gramatical.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 35 – Algumas maneiras de subordinar ideias a outras


(parte 1)

A subordinação de orações é uma técnica valiosíssima, ainda mais poderosa em termos de possibilidades de
expressão do que a coordenação. Exatamente por isso, é também a mais problemática, mais sujeita a erros por
parte do escritor iniciante. Veja o que diz Othon Moacyr Garcia 14 sobre esse assunto:
“A experiência nos ensina que os defeitos mais comuns revelados pelas redações de colegiais
resultam, na maioria das vezes, de uma estruturação inadequada da frase por incapacidade de
estabelecerem as legítimas relações entre as ideias. Quando se restringem a períodos
coordenados, as falhas são menos graves, mas a coordenação, como vimos, nem sempre é o
processo sintático que mais convém adotar. Mesmo nas situações simples, temos de recorrer com
frequência ao processo da subordinação. Ora, é exatamente aí que os principiantes atropelam as
palavras e desfiguram as mútuas relações que elas entre si devem manter”.

Longe de esgotar o assunto, você exercitará nesta lição o uso de conjunções subordinativas para conscientizar-
se de algumas formas de estabelecer relações de subordinação entre ideias. Nosso objetivo é que essa
consciência desperte o seu interesse em explorar e conhecer formas alternativas de expressão.

Conjunções Subordinativas
As conjunções subordinativas são aquelas que ligam duas orações de modo que uma delas, chamada
“subordinada”, se torne dependente da outra, chamada de “principal”.
Esquematicamente:

Exemplo:
A reunião já havia Figura 5: Esquema básico de subordinhação de orações. começado quando
Ruy entrou esbaforido.
A reunião já havia começado: oração principal

quando: conjunção subordinativa

Ruy entrou esbaforido: oração subordinada

As conjunções podem fazer com que a oração subordinada desempenhe a função de adjunto adverbial da
oração principal.

14 GARCIA, Othon M. Op. cit., p. 46.


Curso Online de
Redação

Existem vários tipos de conjunções subordinativas adverbiais. Por isso, dividimos seu estudo em duas lições.
1) Causais: Use-as para apresentar uma ideia que é causa do que foi dito na oração principal: porque, que,
como (= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que.
Por exemplo:
Ele não comprou o carro porque não tinha dinheiro.

Como não entendia o jargão, desistiu da leitura.

Comprou o carro pois que não suportava mais a caminhada diária até o trabalho.

2) Concessivas: Use-as para expressar uma ideia contrária à da oração principal sem, no entanto, impedir sua
realização: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que,
conquanto.
Exemplos:
Embora estivéssemos com pouca gasolina, fizemos a viagem.

Não abrirei mão de meus objetivos mesmo que inicialmente fracasse.

Se bem que normalmente não aprecie frutos do mar, saboreei com vontade a caldeirada de mexilhões.

3) Condicionais: Para apresentar uma ideia que indica uma condição para que aconteça o que foi dito na
oração principal: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde que, a menos que, sem que.
Por exemplo:
Se quer curar essa doença, ligue já para o seu médico.

O produto será entregue hoje, a não ser que ocorra algum imprevisto muito grave.

4) Conformativas: Para apresentar uma ideia que está em harmonia (conformidade) com o que foi dito na
oração principal: conforme, como (= conforme), segundo, consoante, de acordo.
Por exemplo:
A reunião transcorreu exatamente como planejamos.

Tome as providências cabíveis consoante os princípios estabelecidos no manual.

Aja de acordo com o que combinamos.

5) Finais: Apresentam uma ideia que expressa a finalidade ou o objetivo com que se realiza a principal. São
elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que), que.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Por exemplo:
Soe o alarme para que os funcionários retornem a seus postos.

Leia o livro a fim de que nossas explicações se tornem mais claras.

Comprei este novo equipamento de som porque desejo dar uma festa inesquecível.

Obs.: A diferença entre “causa” e “finalidade” pode ser muito sutil: afinal, os nossos objetivos – ou seja, os
nossos “fins”! - costumam ser a “causa” das coisas que fazemos ou deixamos de fazer!

Exercício
Crie 10 frases que articulem ideias através das conjunções subordinativas estudadas nesta lição. Lembre-se: a
intenção de dizer é mais importante do que a classificação!

Resumo da Lição

As conjunções subordinativas adverbiais podem ser usadas para, entre outras, expressar ideias de CAUSA, CONCESSÃO,
CONDIÇÃO, CONFORMIDADE e FINALIDADE.
Curso Online de
Redação

Lição 36 – Algumas maneiras de subordinar ideias a outras


(parte 2)
Continuamos, nesta lição, a apresentar as conjunções subordinativas adverbiais e sua aplicação à intenção de
dizer alguma coisa.

f) Proporcionais: apresentam uma ideia que tem uma relação de proporção com o fato apresentado na oração
principal: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais…. (mais), quanto menos… (menos),
quanto menos…. (mais), quanto menos…. (menos).
Por exemplo:
Governar torna-se mais difícil à medida que cai a popularidade do governante.

Quanto mais gritava, menos era ouvido.

À proporção que o sol ascende sobre o horizonte, o calor aumenta até tornar-se insuportável.

g) Temporais: apresentam uma referência de tempo ao fato expresso na oração principal. São elas: quando,
enquanto, antes que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim que, agora
que, mal (= assim que), etc.
Por exemplo:
A confusão se instaurou assim que deixamos o estádio.

Os preços dos automóveis subiram mal vendi o meu carro por um preço muito baixo.

Chove todas as vezes que pretendo ir à praia.

h) Comparativas: compara uma ideia com o fato apresentado na oração principal: como, assim como, tal
como, como se, (tão)…. como, tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem.
Por exemplo:
Este trabalho será tão difícil quanto o que fizemos para o outro cliente.

Nossa empresa é tão competente como qualquer outra.

Os exercícios desta prova serão tais quais os que vocês já resolveram nos testes anteriores.

i) Consecutivas: Uma consequência é o outro lado da causa. Assim, quando você quiser enfatizar a
consequência em vez da causa, use: de sorte que, de modo que, de forma que, de jeito que.
Por exemplo:
Trabalhou duro e com determinação, de sorte que acabou sendo recompensado.

Pulou o muro descuidadamente de modo que torceu o tornozelo.

Exercícios
Da mesma forma que na lição anterior, crie 10 frases usando as conjunções subordinativas adverbiais
apresentadas nesta lição.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da Lição

As conjunções subordinativas adverbiais podem ser usadas para, entre outras, expressar ideias de PROPORÇÃO, TEMPO,
COMPARAÇÃO e CONSEQUÊNCIA.
Curso Online de
Redação

Lição 37 – Sintaxe a serviço da intenção de dizer

Nas últimas 4 lições, você aprendeu diversas formas de coordenar e subordinar ideias usando a sintaxe de
forma a expressar com precisão o que deseja dizer a seu leitor. Nesta lição, você fará o exercício de juntar
essas peças para produzir um pequeno parágrafo de acordo com uma intenção específica.

Considere as seguintes informações:

1 – Márcia foi promovida a presidente da empresa.

2 – Márcia é casada com Felipe, um professor universitário.

3 – Márcia não gosta de usar óculos.

4 – Márcia é formada em Engenharia de Produção.

5 – Márcia tem dois filhos.

6 – Márcia é conhecida por suas distrações e esquecimentos.

7 – Márcia nasceu em uma pequena cidade no interior do Brasil.

8 – Márcia comprou uma mansão em Miami.

9 – Márcia é muito bem-vista por seus subordinados e colegas.

10 – Márcia já foi acusada de bajular os superiores.

11 – Márcia é filha de uma costureira com um feirante.

12 – Márcia fez pós-graduação em Administração Financeira na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque.

13 – Márcia tem alguns desafetos na empresa.

14 – Márcia sofreu um acidente ao volante de um automóvel da empresa.

Seu objetivo agora é conectar todas essas informações em um ou dois parágrafos, usando inversões,
coordenação e subordinação para traçar um perfil de Márcia para o seu leitor.

Para isso, o seu primeiro passo será agrupar as informações, estabelecendo relações de coordenação e
subordinação entre as diversas ideias. O segundo passo será imaginar o destaque que deseja conceder a cada
uma dessas ideias.

Por exemplo, se você quiser que o leitor tenha uma imagem positiva da personagem Márcia, deverá dar mais
destaque às ideias positivas, subordinando a elas as informações negativas. O inverso será verdadeiro caso
você deseje que o leitor tenha uma impressão negativa a respeito da personagem.
Fique à vontade para acrescentar algumas informações que completem eventuais “lacunas” na história. Use a
imaginação para estabelecer relações de causa e efeito, de tempo ou outras. O importante é que o pequeno
texto que redigir conte uma história coerente com as informações disponíveis e compatível com sua intenção
de dizer ao seu leitor.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição

A subordinação e a coordenação de ideias nas frases são ferramentas a serviço de sua intenção de dizer, isto é, de seu
desejo de induzir o leitor a pensar certas coisas sobre o assunto de seu texto.
Curso Online de
Redação

Lição 38 – Princípios de Sensatez − Parte 3 − Causa e efeito

Em primeiro lugar, qual é o sentido da palavra “causa” na expressão “causa e efeito”? Como se trata de uma
palavra com múltiplos significados possíveis, vejamos o que diz o dicionário Aulete:

causa
(cau.sa)
sf.
1. Aquele ou aquilo que faz com que algo seja ou exista: A ausência é a causa da saudade.
2. Aquele ou aquilo que faz com que algo aconteça: Uma simples picada de inseto foi a causa da inflamação.
3. Razão de ser; EXPLICAÇÃO; MOTIVO (fonte: http://www.aulete.com.br/causa)

Ou seja:
1. Uma relação de causa e efeito se estabelece entre pelo menos duas coisas.
2. A coisa a que chamamos de “causa”, já existia antes que a segunda passasse a existir.
3. A coisa a que chamamos de “efeito” passou a existir apenas porque existia a “causa”. Se a causa não
existisse, o efeito também não existiria.
Por exemplo: você só existe porque seu pai e sua mãe existiram antes de você. Assim, seus pais são a “causa”
e, você, o “efeito” ou “consequência”.
No contexto da Ciência, a identificação de relações de causa e efeito é um dos desafios mais complexos que se
põem diante de um pesquisador. A maior parte do conhecimento científico da atualidade é resultado da análise
de relações estatísticas que, muitas vezes, “parecem” indicar uma relação de causa e efeito, mas sem que o
cientista possa afirmá-lo com certeza.
Por isso, é tão comum, nas publicações científicas, o uso de palavras e expressões indicativas de “cautela” por
parte do pesquisador. Por exemplo, verbos como “sugere”, “indica”, “parece”, “assemelha-se” e adjetivos
como “provável”, “possível”, “admissível”, “plausível”, “verossímil” são bastante comuns em artigos
científicos. Essas palavras procuram sinalizar o fato de que o cientista, ainda que esteja convencido da
veracidade de sua descoberta, tem a humildade de admitir a possibilidade de que esteja errado.
Longe dos rigores da atividade científica, na linguagem corrente, usam-se e abusam-se de afirmações taxativas
sobre relações de causa e efeito, em parte porque, em muitos casos, é relativamente simples identificar as
causas de algo que acontece em nossas vidas. Por exemplo, sabemos que, se encostarmos a mão numa chapa
quente, sentiremos dor, o local ficará avermelhado e, possivelmente, crescerão bolhas no local. Nós sabemos,
por experiência, que o contato com superfícies muito quentes causam esses sinais e sintomas.
Em diversas áreas da vida, detectamos corretamente as relações de causa e efeito sem necessidade de uma
grande investigação científica, bastando para isso, o efeito da experiência. O problema é que, em muitos casos,
somos enganados por relações de causa e efeito apenas aparentes, isto é, que “parecem, mas não são”! Vejamos
alguns desses casos:
Nem todos os eventos simultâneos têm uma causa comum. A cada segundo, acontecem incontáveis
coisas ao mesmo tempo ao redor do mundo. Enquanto você lê estas páginas, alguém está trabalhando
num escritório, outra pessoa está dormindo, outra está na janela contemplando os astros, um pássaro
dorme em seu ninho, um peixe se alimenta, os planetas giram em torno do Sol… Ora, algumas dessas
coisas que acontecem ao mesmo tempo podem chamar a nossa atenção. Por exemplo, uma pessoa
nasce no exato momento em que um determinado astro ocupa uma posição específica no céu. Será que
esses dois eventos têm relação um com o outro? Se você perguntar aos astrólogos, eles dirão que sim.
Será?
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Nem todos os eventos consecutivos são causa um do outro. Da mesma forma que nem todos os
eventos simultâneos têm uma causa comum, nem tudo o que acontece “antes” é causa do que
aconteceu “depois”. Na verdade, praticamente tudo o que acontece no mundo veio “antes” de alguma
coisa e “depois” de outra! Por exemplo, você está caminhando na rua quando um gato preto cruza o
seu caminho. Logo em seguida, você escorrega no piso molhado e cai estatelado no chão. Será que o
gato foi a “causa” do seu escorregão?
Pode ser difícil distinguir o que é causa e o que é efeito. Por exemplo, um alcoólatra contumaz pode
dizer que bebe porque se sente infeliz. Ou seja, está dizendo que o hábito de beber é um efeito de que
a infelicidade é a causa. Ora, sabendo que o alcoolismo causa uma grande quantidade de problemas na
vida da pessoa, podemos perguntar: será que a causa real da infelicidade desse alcoólatra não é o
próprio alcoolismo?
Alguns efeitos têm múltiplas causas. Quando estamos lidando com questões complexas, como
sociedade, economia e cultura, muitas vezes os efeitos surgem como resultado da interação de mais de
um fator ao mesmo tempo. Por exemplo, é temerário afirmar que o consumo de um determinado
alimento “causa” uma doença, a menos que seja possível afirmar que (1) todas as pessoas que
consomem aquele alimento desenvolvem a tal doença e (2) todas as pessoas que têm a doença
consomem o alimento, não havendo um único caso que fuja a essa regra. Esse tipo de relação absoluta
de causa e efeito entre o consumo de um alimento e o surgimento de um tipo de doença é raríssimo,
sendo mais comum a concorrência de múltiplos fatores.
Algumas “causas” são comparativamente pequenas demais perto de outros fatores em ação. As
pessoas podem, às vezes, estar certas ao apontar uma causa para um problema. O problema ocorre
quando essa causa é pequena demais em comparação a outras que estão sendo desprezadas. Um
exemplo anedótico é do sujeito que se empanturra de comida e, depois, quando tem uma crise
digestiva, atribui o mal-estar “à azeitona da empada”…
Algumas “causas” são grandes demais para explicar um problema minúsculo. As explicações
grandiosas costumam fascinar as pessoas, mas nem sempre um problema pequeno pode ser resolvido
com o recurso às explicações mais amplas. Por exemplo, há muitas explicações sociológicas
complexas para explicar a ocorrência de assaltos num país. Mas é preciso reconhecer que os assaltos
em uma rua podem ser reduzidos com medidas simples, como a melhoria na iluminação pública e
instalação de um posto policial na região.
Na esfera pessoal, pode ser difícil distinguir o que foi causado pela pessoa e o que foi causado
por fatores externos. Quando uma pessoa sofre um acidente, a causa foi azar ou imprudência?
Quando uma pessoa tem um revés nos negócios, a culpa é da economia, do governo ou da falta de
competência dessa pessoa? Se uma empresa ganha novos clientes e aumenta os seus lucros, o mérito é
dos executivos dessa empresa ou de uma maré positiva no mercado? Esses são exemplos de como é
difícil definir as fronteiras entre a responsabilidade pessoal e a ação de forças externas sobre as quais
as pessoas não têm nenhum controle. Embora, na maior parte dos casos, o sucesso ou o fracasso de
pessoas e empresas seja resultado de uma combinação de fatores internos e externos, o fato é que
muitas pessoas cometem o chamado “erro fundamental de atribuição” que, em miúdos, consiste no
seguinte:
1. Se algo de ruim acontece comigo, a culpa é de fatores externos. Se algo de bom acontece
comigo, o mérito é meu.
2. Se algo de ruim acontece com outra pessoa, ela é culpada pela própria desventura. Se algo de
bom acontece a outra pessoa, ela teve “sorte”.
Após esta exposição espero que você tenha percebido que a identificação de relações de causa e efeito pode ser
muito, muito problemática. Assim, nossa sugestão é que você esteja atento às situações em que as pessoas se
enganam com relações de causa e efeito que “parecem mas não são” e procure evitá-las a todo custo em seu
texto. Procure fazer apenas afirmações sobre relações de causa e efeito que você possa comprovar. Caso não
seja possível comprovar mas seja necessário afirmar, procure usar palavras e expressões indicativas de cautela
em seu texto.
Curso Online de
Redação

Exercícios
Nas frases abaixo, identifique os erros nas relações de causa e efeito e redija-as novamente, usando
expressões indicativas de cautela. Se necessário, acrescente informações extras.
Exemplo resolvido:
Frase: Não há dúvida de que a causa de todos os nossos problemas financeiros é a política econômica do
governo.
Comentário: Se a política econômica do governo fosse a causa de todos os problemas financeiros que afligem
pessoas e empresas, todas as pessoas e empresas teriam os mesmos problemas financeiros ao mesmo tempo.
Entretanto, seja qual for a política econômica em vigor, é sempre possível encontrar pessoas e empresas que
enfrentam dificuldades financeiras ao lado de outras que encontram meios de prosperar. Os problemas
financeiros individuais, portanto, resultam de um complexo conjunto de fatores tanto externos quanto internos.

Exemplos de fatores externos: políticas do governo, condições do mercado, estilo de gestão da empresa em
que você trabalha.

Exemplos de fatores internos: risco das aplicações financeiras que cada um escolhe fazer, controle de gastos
para evitar “estouro” do orçamento, produtividade individual elevada para garantir promoções ou a
permanência no emprego. Obs.: não é necessário incluir um comentário como este na resposta dos exercícios
abaixo.

Soluções possíveis:
Não há dúvida de que um fator importante por trás de nossos problemas financeiros é a política
econômica do governo.
A análise dos dados de nossa empresa sugere que a causa de todos os nossos problemas financeiros é
a política econômica do governo.
Diante de todos estes fatos, julgamos plausível a ideia de que a causa de todos os nossos problemas
financeiros é a política econômica do governo.
Obs.: não é necessário redigir mais de uma solução para cada uma das frases abaixo.

1 – O trânsito em nossa cidade está sempre congestionado porque a prefeitura não tapa os buracos nas ruas.

2 – Assisti a uma palestra motivacional sobre como ter sucesso na profissão e, não deu outra: menos de uma
semana depois, recebi minha promoção.

3 – Eu não tenho culpa se as empresas só querem contratar pessoas que saibam escrever bem.

4 – Mal comprei um aparelho celular da marca X, tive uma forte crise de enxaqueca e, portanto, joguei-o no
lixo.

5 – Eu sou feliz na profissão porque gosto do que faço.

6 – Não é possível reduzir a quantidade de lixo nas ruas de nosso bairro sem melhorar a educação de nosso
Alexei Gonçalves de
Oliveira
povo.

7 – As condições da economia se deterioraram visivelmente após a posse do novo ministro, o que nos fornece a
prova definitiva de sua falta de competência para o exercício do cargo.

8 – Estou de mau humor porque discuti com minha esposa, ralhei com meus filhos, discuti com o guarda de
trânsito e me desentendi com o manobrista da empresa.

9 – É lógico que o novo gerente só foi promovido porque é um bajulador.

10 – Todos os meus sucessos profissionais resultam de minhas habilidades matemáticas.

11 – Eu sinto dores nas costas desde criança: acho que preciso trocar de colchão.

12 – No mesmo dia em que adotamos a nova política comercial, fechamos diversos novos negócios que
estavam em andamento há diversos meses, de modo que devemos considerá-la um sucesso absoluto.

Resumo da lição

Seja cauteloso ao redigir frases que expressem relações de causa e efeito. Lembre-se de que:
1. Nem todos os eventos simultâneos têm uma causa comum;
2. Nem todos os eventos consecutivos são causa um do outro;
3. Pode ser difícil distinguir o que é causa e o que é efeito;
4. Alguns efeitos têm múltiplas causas;
5. Algumas “causas” são comparativamente pequenas demais perto de outros fatores em ação;
6. Algumas “causas” são grandes demais para explicar um problema minúsculo;
7. Pode ser difícil distinguir entre o que foi causado por fatores internos e por fatores externos.
Curso Online de
Redação

Lição 39 – Pontuação: uso da vírgula

Esta segunda parte do curso, em que tratamos da redação de frases, não estaria completa sem algumas
considerações sobre o uso dos sinais de pontuação, uma técnica cuja aplicação prática pode suscitar dúvidas
até mesmo em redatores e escritores experientes.
Para começar, vamos nos lembrar de quais são os sinais de pontuação empregados na Língua Portuguesa.

Sinais de pontuação
Ponto .
Vírgula ,
Ponto e vírgula ;
Dois pontos :
Reticências …
Ponto de exclamação !
Ponto de interrogação ?
Parênteses ()
Travessão −
Aspas “”

Todos esses sinais gráficos têm a função de reproduzir, no texto, a sonoridade da linguagem falada, incluindo
pausas de duração variada e mudanças de entonação. O uso correto desses sinais possibilita que o leitor
entenda o texto reproduzindo mentalmente a “voz” do autor.
Ora, é fácil perceber que uma técnica cujo objetivo é reproduzir a voz do escritor estará sujeita a usos não
previstos na Gramática, conforme a sua intenção de dizer e o domínio que ele tiver do idioma.
Entretanto, a possibilidade de criar exceções e surpresas será sempre limitada à capacidade de compreensão de
seu leitor. Deste modo, é importantíssimo conhecer e aprender a usar rotineiramente as regras gramaticais para
uso dos sinais de pontuação, reservando as surpresas e a expressão criativa para as situações em que o seu
leitor tenha maior probabilidade de apreciá-las. Em textos dissertativos-argumentativos, especialmente em
redações de provas e concursos, você deveria sempre se ater ao uso gramatical dos sinais de pontuação − a
menos que tenha um ótimo motivo para fugir a esta regra!
Vamos rever, portanto, algumas regras gramaticais para uso dos sinais de pontuação, observando que a lista a
seguir não é exaustiva: pretendemos, apenas, registrar alguns dos casos mais comuns.

Vírgula ( , )
A vírgula é, de longe, o sinal de pontuação mais usado na Língua Portuguesa, por cumprir uma imensa
variedade de funções. Ela procura reproduzir as breves pausas que as pessoas introduzem entre diferentes
partes da frase, para mostrar ao ouvinte que se tratam de assuntos separados.

Exemplos de usos obrigatórios da vírgula


No cabeçalho de correspondências.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exemplo:
Brasília, 30 de julho de 2013.

Na saudação final de correspondências, separando-a da assinatura:


Exemplo:
Atenciosamente,
Carlos da Silva

Após os advérbios “sim” ou “não” no início da frase.


Exemplos:
Sim, farei o que me pediu.
Não, nada direi sobre esse assunto.

Para separar o nome da pessoa da profissão que exerce, do cargo que ocupa ou dos títulos que ostenta:
Exemplos:
André Oliveira, Consultor
Maria de Souza, Diretora Financeira
Carlos da Silva, PhD.

Para separar os itens de uma enumeração, isto é, substituindo as repetições da conjunção “e”.
Exemplo:
Preciso ir ao supermercado comprar arroz, feijão, açúcar, verduras e frutas.

Quando intercalamos um elemento qualquer na frase, devemos destacá-lo com vírgula.


Exemplo:
Trabalhamos duro durante anos, portanto, nosso sucesso foi merecido.
O segredo de uma refeição saborosa, como bem destacou o nosso entrevistado, é a escolha ingredientes de
qualidade superior.
Nosso querido primo, que é um cozinheiro de mão cheia, preparou este delicioso jantar em sua homenagem.

A vírgula é obrigatória para destacar os elementos apostos.


Exemplo:
Arnaldinho, o nosso centroavante, marcou 2 gols na última partida.
Expressões explicativas como “isto é”, “por exemplo”, “ou melhor”, devem ser destacadas com
vírgulas.
Exemplos:
Por exemplo, veja como o nosso novo funcionário é eficiente.
Nosso time precisa de um técnico capaz de motivar melhor os jogadores, isto é, capaz de melhorar os
resultados da equipe sem necessidade de novas contratações.

Nas inversões, destaque com vírgula o elemento que esteja fora de sua posição usual na frase.
Exemplos:
Corrija, como no exemplo acima, as frases a seguir.
Quem inventou o trabalho, não tinha o que fazer. (Apparício Torelly, o “Barão de Itararé”).
Quando caí em mim, percebi que já estava irremediavelmente atrasado.
Curso Online de
Redação

Para evitar repetições desnecessárias, substitua com a vírgula o elemento que seria repetido.
Exemplo:
Nós jogamos no ataque e eles, na defesa.
Separe com vírgulas as orações coordenadas assindéticas, isto é, que não sejam ligadas por conjunção.
Exemplo:
Raimundo é um jogador completo: bate escanteio, dribla como ninguém, faz lançamentos a longa distância,
ajuda na marcação.

Separe com vírgulas as orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas.


Exemplos:
Deu o melhor de si, porém o adversário estava mais bem preparado.
Não se apresse, que devagar se vai ao longe.
Negocie com cautela, pois há muito em jogo.
O gato de Alice ora miava, ora pulava.
Três casos em que é necessário incluir vírgula antes da conjunção “e”:
◦ Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.
Exemplo:
O cliente (1) deu o calote, e o comerciante (2) negativou o seu nome no SPC.
(1) “O cliente” é o sujeito de “deu o calote”.
(2) “o comerciante” é o sujeito de “negativou”.
◦ Quando a conjunção “e” vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto).
Exemplo:
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua. (Olavo Bilac)
◦ Quando a conjunção “e” não tiver o sentido de adição mas de consequência (logo, portanto, etc)
ou adversidade (mas, porém, etc).
Exemplo:
Acelerou o máximo que pôde, e não saiu do lugar.
Trabalhou duro o ano inteiro, e ganhou a promoção.

Exercício
Do texto abaixo, trecho do conto “Teoria do Medalhão”, de Machado de Assis, excluímos propositalmente
todas as vírgulas. Usando as regras gramaticais que você reviu nesta lição, acrescente as vírgulas nos locais
apropriados.
− Não te ponhas com denguices e falemos como dois amigos sérios. Fecha aquela porta; vou
dizer-te coisas importantes. Senta-te e conversemos. Vinte e um anos algumas apólices um
diploma podes entrar no parlamento na magistratura na imprensa na lavoura na indústria no
comércio nas letras ou nas artes. Há infinitas carreiras diante de ti. Vinte e um anos meu rapaz
formam apenas a primeira sílaba do nosso destino. Os mesmos Pitt e Napoleão apesar de
precoces não foram tudo aos vinte e um anos. Mas qualquer que seja a profissão da tua escolha
o meu desejo é que te faças grande e ilustre ou pelo menos notável que te levantes acima da
obscuridade comum. A vida Janjão é uma enorme loteria; os prêmios são poucos os malogrados
inúmeros e com os suspiros de uma geração é que se amassam as esperanças de outra. Isto é a
vida; não há planger nem imprecar mas aceitar as coisas integralmente com seus ônus e
percalços glórias e desdouros e ir por diante.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
− Sim senhor.

− Entretanto assim como é de boa economia guardar um pão para a velhice assim também é de
boa prática social acautelar um ofício para a hipótese de que os outros falhem ou não indenizem
suficientemente o esforço da nossa ambição. É isto o que te aconselho hoje dia da tua
maioridade.

− Creia que lhe agradeço; mas que ofício não me dirá?

− Nenhum me parece mais útil e cabido que o de medalhão. Ser medalhão foi o sonho da minha
mocidade; faltaram-me porém as instruções de um pai e acabo como vês sem outra consolação e
relevo moral além das esperanças que deposito em ti. Ouve-me bem meu querido filho ouve-me e
entende. És moço tens naturalmente o ardor a exuberância os improvisos da idade; não os
rejeites mas modera-os de modo que aos quarenta e cinco anos possas entrar francamente no
regime do aprumo e do compasso. O sábio que disse: "a gravidade é um mistério do corpo"
definiu a compostura do medalhão. Não confundas essa gravidade com aquela outra que embora
resida no aspecto é um puro reflexo ou emanação do espírito; essa é do corpo tão-somente do
corpo um sinal da natureza ou um jeito da vida.

Resumo da lição
A vírgula é o sinal de pontuação mais usado, por cumprir uma imensa variedade de funções. Portanto, o bom escritor
precisa dominar o seu uso, pelo menos nos contextos previstos pela Gramática.
Curso Online de
Redação

Lição 40 – Pontuação: outros sinais

Ponto e vírgula [ ; ]
O ponto e vírgula sinaliza uma pausa mais longa do que a da vírgula, mas mais curta do que a do ponto final.

Separe com ponto e vírgula as orações coordenadas que não estejam ligadas por conjunção mas cujo
significado esteja relacionado uma à outra.
Exemplo:
Nosso time venceu; erguemos a taça.

Quando redigir uma sequência de orações coordenadas e, pelo menos, uma delas contiver elementos
separados por vírgula, é obrigatório destacar com ponto e vírgula as demais.
Exemplo:
De um total de 12 tarefas, nove estão completas; três ainda estão inacabadas.

Para alongar a pausa de conjunções e orações adversativas.


Exemplo:
Era importante resolver este assunto durante a manhã; porém, só o concluiremos nesta tarde.
Não estava contando com a sorte; contudo, um encontro casual resolveu o meu problema.

Dois-pontos [ : ]
Os dois pontos são empregados para sugerir uma pausa ligeiramente dramática que antecede o anúncio de uma
informação importante. Veja, a seguir, alguns casos típicos
Citações.
Exemplo:
Já dizia o meu avô: “quem ama o feio, bonito lhe parece”.

Enumerações.
Exemplo:
Trouxemos todos os itens solicitados: caneta azul, lápis, borracha e apontador.

Orações apositivas.
Exemplo:
Concordo que essa compra é importante, mas faço uma objeção: nosso orçamento está muito limitado.

Esclarecimentos adicionais.
Exemplos:
Em resumo: as regras de pontuação são simples e lógicas.

Abertura de correspondências.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Exemplo:
Ilmo. Senhor Diretor:

Ponto Final [ . ], Ponto de Interrogação [ ? ],


Ponto de Exclamação [ ! ]
O ponto final sinaliza a introdução de pausa com a duração mais longa de todas. É usado para encerrar:
Frases declarativas, isto é, simples declarações;
Imperativas, isto é, que contenham ordens ou comandos;
Interrogativas indiretas, isto é, aquelas em que se descreve a pergunta em vez de enunciá-la
diretamente: “Perguntei a Lúcia qual era o telefone do médico”.
Abreviações. Exemplos: Ilmo. Sr. Prof. Dr.
Só para lembrar, as frases interrogativas diretas e exclamativas são encerradas, respectivamente, pelo ponto de
interrogação [?] e pelo ponto de exclamação [!].

Reticências [ ... ]
As reticências são usadas para sinalizar uma interrupção no discurso ou no processo de pensamento, sugerindo
que a frase está incompleta. Veja alguns exemplos de uso comum.
Continuidade.
Exemplo:
E viveram felizes para sempre…
Interrupção brusca.
Exemplo:
Mas eu achava que você trabalhava com….
Hesitação.
Exemplos:
Não tenho certeza…. Posso estar errado, mas….
Destaque.
Exemplo:
E, no fim de tudo, o que resta mesmo é sempre…. O amor.
Citações incompletas.
Exemplo:
Nas palavras do autor, “o procedimento citado consta de várias etapas (….) resultando em grande dificuldade
de execução”.

Para deixar ao leitor o encargo de usar a imaginação para completar a ideia.


Exemplo:
É certo que vencemos por goleada, mas o adversário era tão fraco….
Curso Online de
Redação

Parênteses [ ( ) ]
Os parênteses são usados para inserir, em qualquer ponto da frase, uma informação adicional que não tenha
relação direta com o fluxo de pensamento principal.
Explicações
Exemplo:
Antes de mudar de marcha (acionando a alavanca de mudanças), é preciso pressionar a embreagem.(o pedal
mais à esquerda).
Referências Bibliográficas.
Exemplo:
"Pesa também contra nós o fato de não sermos, no sentido mais estrito, especialistas nas áreas
primordialmente implicadas" (H.P. Lovecraft, Nas montanhas da loucura e outras histórias de terror. Porto
Alegre, L & PM, 2014)

Para isolar orações intercaladas, substituindo vírgula e travessões.

Exemplo:
A melhora na situação econômica internacional (prevemos forte tendência de aumento nas exportações) deve
aliviar as contas do governo no último trimestre do ano.

Datas ou períodos.
Exemplos:
O fato ocorreu durante o Segundo Reinado (1840–1889).
A Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX) incluiu a transição de métodos de produção artesanal para a
produção mecanizada.

Variações de gênero ou número.


Exemplos:
Prezado(a) consumidor(a).
Tem certeza de que deseja apagar o(s) arquivo(s) selecionado(s)?

Para indicar marcações cênicas numa peça de teatro.


Exemplo:
FRANCISCO: Parece que os ouço. Alto! Quem esta aí?
(Entram Horácio e Marcelo.)
HORÁCIO: Amigos deste solo.
MARCELO: E vassalos da Dinamarca.
FRANCISCO: Dou-lhes boa-noite.
MARCELO: Saudações, honesto soldado. Quem o aliviou de seu turno?
FRANCISCO: Bernardo tem meu lugar. Dou-lhes boa-noite. (Sai.)

(Fonte: SHAKESPEARE, William. Hamlet. Ato I, Cena I. Traduzido pelo autor a partir de
http://shakespeare.mit.edu/hamlet/full.html, acesso em 15 de outubro de 2015.)
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Pontuação nas frases entre parênteses


1. As frases entre parênteses devem ser pontuadas normalmente, conforme a necessidade.
2. O ponto de encerramento da frase entre parênteses (ponto final, de exclamação ou de interrogação)
deve ser grafado dentro dos parênteses quando a frase estiver completa.
Exemplo:
Se for necessário digitar sua senha em locais públicos (Cuidado!) é importante ativar a função de ofuscar os
caracteres.

3. Se o elemento entre parênteses não for uma frase completa, o ponto de encerramento deve ser grafado
fora dos parênteses.
Exemplo:
O novo edifício-sede da empresa será construído em Joinville (SC).

Travessão [ – ]
O travessão tem sido usado em substituição a outros sinais de pontuação − especialmente a vírgula, o ponto e
vírgula, os parênteses e os dois pontos − para separar e destacar elementos intercalados à frase.
Além desse uso, o travessão é também usado para indicar falas em diálogos.
− Eu amo você − disse o rapaz, o coração saltando no peito.
− Eu também te amo − respondeu a moça, também visivelmente enamorada.

Aspas ( “ ” )
As aspas são usadas para exibir em destaque um trecho do texto, em uma variedade de situações.
Na abertura e no fechamento de citações.
Exemplo:
“O mundo é regido por personagens muito diferentes do que é imaginado por aqueles que não estão nos
bastidores” − Benjamin Disraeli
Citação de títulos
Exemplo:
O filme “Tropa de Elite” é baseado no livro “Elite da Tropa”, cujos autores são o sociólogo Luiz Eduardo
Soares e os ex-capitães do BOPE André Batista e Rodrigo Pimentel.
Destaque de gírias, palavras estrangeiras, jargão profissional, ironias ou qualquer outra palavra.
Exemplos:
Os nossos executivos trouxeram os “roughs” e “layouts” para sua avaliação.
O carro ficou “lindo” com todos aqueles amassados na lataria.
O policial recebeu um peremptório “não” ao seu pedido de reforços.

Exercício
Pontue o texto abaixo, do qual extraímos todos os sinais de pontuação.
Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria que o pároco da Sé José Miguéis tinha
morrido de madrugada com uma apoplexia o pároco era um homem sanguíneo e nutrido que
passava entre o clero diocesano pelo comilão dos comilões contavam-se histórias singulares da
Curso Online de
Redação
sua voracidade o Carlos da Botica que o detestava costumava dizer sempre que o via sair depois
da sesta com a face afogueada de sangue muito enfartado

Lá vai a jiboia esmoer um dia estoura

Com efeito estourou depois de uma ceia de peixe à hora em que defronte na casa do doutor
Godinho que fazia anos se polcava com alarido ninguém o lamentou e foi pouca gente ao seu
enterro em geral não era estimado era um aldeão tinha os modos e os pulsos de um cavador a
voz rouca cabelos nos ouvidos palavras muito rudes

Nunca fora querido das devotas arrotava no confessionário e tendo vivido sempre em freguesias
da aldeia ou da serra não compreendia certas sensibilidades requintadas da devoção perdera
por isso logo ao princípio quase todas as confessadas que tinham passado para o polido padre
Gusmão tão cheio de lábia

E quando as beatas que lhe eram fiéis lhe iam falar de escrúpulos de visões José Miguéis
escandalizava-as rosnando

Ora histórias santinha peça juízo a Deus mais miolo na bola

As exagerações dos jejuns sobretudo irritavam-no

Coma-lhe e beba-lhe costumava gritar coma-lhe e beba-lhe criatura

Era miguelista e os partidos liberais as suas opiniões os seus jornais enchiam-no duma cólera
irracionável

Cacete cacete exclamava meneando o seu enorme guarda-sol vermelho

Nos últimos anos tomara hábitos sedentários e vivia isolado com uma criada velha e um cão o
Joli o seu único amigo era o chantre Valadares que governava então o bispado porque o senhor
bispo D Joaquim gemia havia dois anos o seu reumatismo numa quinta do Alto Minho o pároco
tinha um grande respeito pelo chantre homem seco de grande nariz muito curto de vista
admirador de Ovídio que falava fazendo sempre boquinhas e com alusões mitológicas

O chantre estimava-o chamava-lhe Frei Hércules

Hércules pela força explicava sorrindo Frei pela gula

No seu enterro ele mesmo lhe foi aspergir a cova e como costumava oferecer-lhe todos os dias
rapé da sua caixa de ouro disse aos outros cônegos baixinho ao deixar-lhe cair sobre o caixão
segundo o ritual o primeiro torrão de terra

É a última pitada que lhe dou

Todo o cabido riu muito com esta graça do senhor governador do bispado o cônego Campos
contou-o à noite ao chá em casa do deputado Novais foi celebrada com risos deleitados todos
exaltaram as virtudes do chantre, e afirmou-se com respeito que sua excelência tinha muita
pilhéria

(Fonte: QUEIRÓS, Eça de. O Crime do Padre Amaro. 12a ed., São Paulo: Ática, 1998).
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição

Os diversos sinais de pontuação oferecem um amplo leque de recursos expressivos, dotando o escritor de
grande versatilidade na construção de frases de alto impacto comunicativo.
Curso Online de
Redação

Lição 41 – Resumo da parte 2 – Frase


Se, como vimos, a ampliação e o domínio do uso inteligente do vocabulário dota o escritor de um estoque de
“tijolos” com os quais pode construir os seus textos, as técnicas de redação de frases formam as “paredes” e
“colunas” dessa construção. A redação de frases é, na verdade, o próprio núcleo da atividade do escritor.
Afinal, em sua expressão mais simples, todo texto não passa de uma coleção de frases que se seguem umas às
outras. A criação de parágrafos e a estrutura dos textos são apenas métodos de organizar as frases em um
conjunto que faça sentido para o leitor.
Nesta segunda parte do curso, estudamos diversas maneiras de redigir frases mas precisamos enfatizar que
muito mais importante do que a técnica em si é a sua intenção de dizer. Mais do que analisar sintaticamente as
frases em suas minudências, nossa ênfase foi no sentido de preparar você para uma escolha consciente da
estrutura da frase, da ordem dos termos, da opção entre coordenação e subordinação, e do uso inteligente da
pontuação. Veja a seguir a lista dos “resumos das lições” desta parte e aproveite para revisar os pontos que,
eventualmente, não tenham ficado bem entendidos.
O seu objetivo ao escrever uma frase é colocar em posição de destaque as palavras que expressam as
ideias que você deseja destacar. Lembre-se: o início tem mais destaque do que o fim e ambos têm mais
destaque do que as partes intermediárias.

As inversões representam, muitas vezes, uma solução prática, simples e elegante para os problemas de
sonoridade, especialmente os eventos cacofônicos e os encontros vocálicos.

Na sua experiência como escritor, você recorrerá muitas vezes às inversões sem nenhum objetivo
maior do que melhorar a sonoridade de uma frase que, em si, não tem defeito aparente.

Não tenha medo de usar inversões, se necessário, em todas as frases do seu texto − ou em nenhuma! O
seu objetivo não é atingir um inexistente “índice ideal de inversões”, mas garantir que o leitor
entenderá o que você quer dizer.

Evite, em seus textos dissertativos-argumentativos, a ocorrência de contradições, inclusive aquelas


produzidas com intenções literárias.

Não afronte os valores culturais do seu leitor, a menos que tenha um ótimo motivo para fazê-lo.

Escreva frases curtas quando quiser expor didaticamente uma ideia de cada vez. Escreva frases longas
quando escrever para um leitor que já esteja familiarizado com as principais ideias de seu texto.

As duas principais condições de inteligibilidade de uma frase são a gramaticalidade e a unicidade de


sentido.

Quando quiser dar a impressão de que duas ou mais ideias são equivalentes, coordene-as
sintaticamente. Quando, ao contrário, quiser demonstrar que uma ideia é mais importante do que as
demais, subordine sintaticamente as ideias menos importantes a mais importante.

O tipo de conjunção coordenativa que você usará em suas frases dependerá mais do que você pretende
dizer ao seu leitor do que da classificação gramatical.

As conjunções subordinativas adverbiais podem ser usadas para, entre outras, expressar ideias de
CAUSA, CONCESSÃO, CONDIÇÃO, CONFORMIDADE, FINALIDADE, PROPORÇÃO,
TEMPO, COMPARAÇÃO e CONSEQUÊNCIA.

A subordinação e a coordenação de ideias nas frases são ferramentas a serviço de sua intenção de
dizer, isto é, de seu desejo de induzir o leitor a pensar certas coisas sobre o assunto de seu texto.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
A vírgula é o sinal de pontuação mais usado, por cumprir uma imensa variedade de funções. Portanto,
o bom escritor precisa dominar o seu uso, pelo menos nos contextos previstos pela Gramática.

Os diversos sinais de pontuação oferecem um amplo leque de recursos expressivos, dotando o escritor
de grande versatilidade na construção de frases de alto impacto comunicativo.

Finalmente, vale rever os resumos da 3 lições dedicadas a princípios elementares da Lógica:


Quando for apresentar um fato:

◦ Use palavras precisas, inequívocas, isentas de ambiguidade.

◦ Formule a frase de tal forma que se ajuste à sua possibilidade de saber: cite uma fonte confiável,
recorra à experiência compartilhada com o leitor ou ofereça um testemunho pessoal.

Tudo o que pode ser dito sobre o Gênero é extensível à Espécie, mas nem tudo o que pode ser dito
sobre a Espécie é extensível ao Gênero.

Seja cauteloso ao redigir frases que expressem relações de causa e efeito. Lembre-se de que:

◦ Nem todos os eventos simultâneos têm uma causa comum;

◦ Nem todos os eventos consecutivos são causa um do outro;

◦ Pode ser difícil distinguir o que é causa e o que é efeito;

◦ Alguns efeitos têm múltiplas causas;

◦ Algumas “causas” são comparativamente pequenas demais perto de outros fatores em ação;

◦ Algumas “causas” são grandes demais para explicar um problema minúsculo;

◦ Pode ser difícil distinguir entre o que foi causado por fatores internos e por fatores externos.
Curso Online de
Redação

Parte 3 – Parágrafo
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 42 – Introdução à redação de parágrafos

Após adquirir habilidade suficiente na redação de boas frases, o próximo desafio é aprender a organizar essas
frases em parágrafos elegantes, informativos, lógicos e agradáveis de ler.
Antes de mais nada, é preciso entender que um parágrafo não é um mero amontoado de frases, por mais bem
redigidas que sejam. Você não pode escrever um bom parágrafo simplesmente reunindo frases de efeito ou
meras declarações sem conexão umas com as outras. Vejamos um exemplo desse tipo defeituoso de redação:
Diz-se que a Política é a “arte do possível”. Os políticos, ainda que individualmente muito
poderosos, encontram limites à sua atuação na estrutura das leis. A opinião pública é um fator
muito influente sobre a atividade política. Sem dúvida alguma, a vontade do povo, de uma forma
ou de outra, sempre exerce influência sobre as decisões políticas, ainda que indiretamente.

No parágrafo acima, observamos que o autor está apenas revisando informações em sua própria memória a
respeito do tema sobre o qual precisa escrever: a política. Embora as frases não estejam incorretas ou mal
redigidas, a ideia expressa em uma frase não se relaciona com a da frase seguinte nem com a da anterior. Não
há conexão lógica entre as frases, de modo que o conjunto não forma exatamente um parágrafo, mas uma mera
coleção de frases soltas. Repare como cada frase introduz um assunto diferente, não desenvolvido ou
explorado na frase seguinte:
A política como arte do possível;
Limites à atuação dos políticos;
O papel da opinião pública;
Influência da vontade do povo sobre as decisões políticas.
Cada um desses assuntos encerra ideias interessantes e complexas que demandariam pelo menos um parágrafo
para seu adequado desenvolvimento. Por exemplo:
Diz-se que a Política é a “arte do possível”. Embora a Política seja uma atividade bastante
complexa, entendemos que essa é uma forma correta de descrevê-la em sua face mais elementar,
já que não é possível fazer política sem assumir compromissos e fazer concessões. Um exemplo
recente que ilustra esse conceito foi o caso….

Repare como, neste segundo caso, todas as frases se relacionam à ideia inicial, isto é, ao entendimento da
Política como “a arte do possível”.
Desse simples exemplo, já podemos derivar dois princípios elementares para a redação de parágrafos.
Cada parágrafo deve conter uma ideia central.
Todas as frases do parágrafo devem estar relacionadas à ideia central e conectadas logicamente umas
às outras.
É importante realçar o fato de que a ideia central nem sempre precisa estar explícita no texto do parágrafo. Por
exemplo:
“Suponho que todos os homens tenham vivido essa experiência. Apenas, passando por ela
demasiado rapidamente, não repararam nem na sua beleza, nem no seu alcance metafísico. Tão
distraído e fútil é o ser humano, que somente a doença tem o poder de forçá-lo à contemplação.
Mas nem toda doença serve: não pode ser breve e intensa como um desmaio, nem tão
prolongada que leve ao entorpecimento da consciência. Só a doença consumptiva, que derruba
sem adormecer, que enfraquece sem derrotar, produz aquela imobilidade paciente e serena em
que a profundidade das coisas começa lentamente a revelar-se. Mais tarde, a sentença de
Aristóteles −” A imobilidade gera a sabedoria" − retiniu em minha alma como uma verdade tão
certa e tão alta, que nela reconheço a marca do sagrado.”
Curso Online de
Redação
(CARVALHO, Olavo. O filósofo mirim. Fonte:
http://www.olavodecarvalho.org/blog/archives/000009.html. Acesso em 13 de setembro de 2015).

No parágrafo acima, é fácil perceber que a ideia central, embora não explícita, é a de que uma doença
prolongada, ao obrigar a autor a manter-se deitado, solitário e em silêncio durante longo tempo em sua
infância, despertou sua vocação para a observação e a reflexão filosófica.
Perceba também que o parágrafo citado é continuação de um parágrafo anterior que optamos por não
reproduzir, como se pode concluir já a partir da frase de abertura: “Suponho que todos os homens tenham
vivido essa experiência” − que experiência? Minha intenção ao selecionar esse parágrafo foi lembrá-lo de que,
embora cada parágrafo deva ter uma ideia central, muitas vezes o desenvolvimento dessa mesma ideia central
poderá se estender por diversos parágrafos, capítulos, livros e coleções de livros inteiros.
Ou seja: não há regra que o obrigue a concluir a ideia central em cada parágrafo que você escrever! Mas,
inicialmente, nestas primeiras lições em que examinaremos em detalhes as diversas técnicas de redação de
parágrafos, você exercitará a redação de parágrafos “fechados”, isto é, que não possam ser entendidos como
continuação de parágrafos anteriores e que não necessitem de parágrafos complementares para sua integral
compreensão.

Exercício
Redija a seguir um “parágrafo fechado” com um mínimo de 5 e um máximo de 10 frases sobre uma das ideias
centrais listadas abaixo. Se você não tiver informações suficientes para escrever de memória sobre nenhum dos
temas abaixo, escolha um deles faça uma pesquisa na Wikipédia (https://www.wikipedia.org/). O importante,
aqui, não é a correção das informações, mas o exercício de escolher uma ideia central e redigir frases que a
reforcem.
Uma característica básica da democracia é a capacidade de participação livre e plena do eleitor na vida
de sua sociedade.

A liberdade é mais do que um estado de ausência de submissão à vontade de outra pessoa.

O contato diário com a beleza é essencial ao bem-estar humano.

A arte da fotografia tem alcance muito mais amplo do que as fotos simples que a maioria das pessoas
faz com seus aparelhos de telefonia celular.

O bom cozinheiro precisa saber adaptar o preparo dos pratos às mudanças nas estatelações do ano.

Embora a realização de reparos em instalações elétricas muitas vezes pareça simples ao observador
destreinado, ela requer extenso preparo profissional.

O melhor estilo de música para acompanhar um churrasco com amigos é [escolha seu estilo favorito].

Fique à vontade para mudar ligeiramente a ideia central escolhida caso não concorde com ela.

Resumo da lição
Cada parágrafo que você redigir deve conter uma ideia central. Assegure-se de que todas as frases que você incluir em um
parágrafo estejam (1) relacionadas à ideia central e (2) conectadas logicamente umas às outras.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 43 – Destaque de ideias no parágrafo


Um princípio importante na redação de parágrafos é decorrente do que estudamos na lição 22: o cérebro
humano está programado para conceder mais destaque aos extremos do que aos meios e ao início do que ao
fim.
Assim, de início, entenda que, em termos gerais:
As ideias a que você quer que o leitor conceda maior destaque devem ser posicionadas nas frases
mais próximas do início do parágrafo.

As conclusões a que você deseja induzir o leitor a partir dessas ideias principais devem surgir nas
frases mais próximas do final do parágrafo.

As frases intermediárias devem conter a argumentação ou os fatos com que se pretende induzir o
leitor à conclusão expressa na última frase.

Veja, na figura 6, uma representação gráfica desses conceitos.

Exemplo:
“Quando nada mais há a dizer, qualquer coisa
serve. É o que orienta a última parte da defesa
que o advogado-geral da União, Luís Inácio
Adams, faz da presidente Dilma Rousseff, enviada
ao Tribunal de Contas da União. A penúria
intelectual do governo chega a ser, por si,
escandalosa”.
Figura 6: Destaque das frases no parágrafo:
(Fonte: AZEVEDO, as frases mais próximas do início do Reinaldo. A desculpa
estupefaciente de parágrafo são vistas como mais importantes. Adams para tentar
livrar a cara de Dilma no TCU. Disponível em
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-desculpa-estupefaciente-de-adams-para-tentar-
livrar-a-cara-de-dilma-no-tcu/. Acesso em 13 de setembro de 2015.)

O curtíssimo parágrafo acima é exemplar no uso desta técnica. Na primeira frase, o autor apresenta um
princípio geral para atiçar a curiosidade do leitor. Na segunda frase, ele apresenta um fato para corroborar sua
tese. Na terceira e última frase, ele explicita a conclusão a que deseja induzir o leitor.
É evidente que, em inumeráveis situações, o escritor não pode ser tão explícito na apresentação de suas ideias,
sendo necessário adotar um estilo de argumentação mais sutil, em que as frases se seguem umas às outras
induzindo a uma conclusão jamais explicitamente formulada. Também é evidente que não é possível escrever
um texto completo usando exclusivamente essa técnica. Entretanto, trata-se de um recurso importantíssimo,
especialmente útil na redação de parágrafos de abertura e encerramento de capítulos ou seções, bem como em
qualquer ponto do texto em que você queira realçar na mente do leitor uma ideia central e uma conclusão
importante.

Exercício
Usando as ideias centrais sugeridas no exercício da lição 42, redija um parágrafo fechado com, no mínimo 7 e,
no máximo, 15 frases. Em seguida, redija três versões diferentes desse mesmo parágrafo, apenas alterando a
ordem de entrada das diferentes frases. Fique à vontade para incluir pequenas alterações nas frases de modo a
manter a conexão lógica e a obediência às regras da Gramática.
Curso Online de
Redação

Resumo da lição

As ideias a que você quer que o leitor conceda maior destaque devem ser posicionadas nas frases mais próximas do início
do parágrafo.

As conclusões a que você deseja induzir o leitor a partir dessas ideias principais devem surgir nas frases mais próximas do
final do parágrafo.

As frases intermediárias devem conter a argumentação ou os fatos com que se pretende induzir o leitor à conclusão
expressa na última frase.

Graficamente:
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 44 − Princípios de Sensatez − Parte 4 − Generalizar é


possível!
Você provavelmente já ouviu alguém dizer em uma discussão, talvez até mesmo na sala de aulas de uma
universidade, que “não se pode generalizar”. Geralmente, a pessoa que profere essa frase exibe um ar de
autoridade, como se a proibição de “generalizar” constituísse um índice de superioridade moral. O problema é
que própria frase nega a si mesma: afinal, ao dizer que “não se pode generalizar” o que a pessoa está fazendo
é, precisamente, uma generalização!
A má fama das generalizações vem do fato que são muito frequentes as generalizações apressadas, defeituosas,
mal intencionadas ou, de outra forma, indevidas, especialmente em discussões fora do âmbito científico e
acadêmico. Nas discussões políticas, então, quando o que está em jogo é o poder, o contexto é de um autêntico
“Deus nos acuda”, com os debatedores recorrendo a todo tipo de generalização indevida para atingir seus
objetivos.
Apesar da má fama, porém, o fato é que as generalizações estão na base de todo o conhecimento. Se não fosse
possível generalizar − isto é, fazer afirmações que sejam verdadeiras em todos os contextos definidos na
própria afirmação − a Ciência simplesmente não seria possível. Por exemplo, tomemos o famoso teorema de
Pitágoras:
“Num triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa
é igual à soma dos quadrados dos catetos”.

Esse teorema é válido para qualquer triângulo retângulo, independente do tamanho ou formato! Trata-se,
portanto, de uma generalização matemática, demonstrada e comprovada.
O mesmo princípio vale para todas as Ciências. Sempre que um cientista descobre um padrão que se reproduz
regularmente sob determinadas condições, ele está autorizadíssimo a formular uma generalização.
As generalizações não são autorizadas somente no âmbito das Ciências. Praticamente tudo o que existe sob a
forma de um padrão reproduzível sob certas condições está sujeito a generalizações. Por exemplo, as receitas
culinárias nada mais são do que generalizações: o texto implícito − e jamais escrito! − em todas as receitas
culinárias é “prepare a refeição segundo estas instruções e obterá sabor, textura e aroma idênticos aos que
obtivemos aqui”.
O que vale para receitas culinárias também vale para todos os tipos de livros didáticos e manuais de instruções,
inclusive este Curso de Redação. A pessoa que deseja ensinar assume a responsabilidade de transmitir ao
estudante todas as generalizações válidas no contexto da área de conhecimento abrangida pelo curso.
Também as leis editadas pelo governo em todas as suas esferas são amplas generalizações, isto é, estabelecem
regras válidas para todos os cidadãos, nas situações definidas no texto da própria lei.
De certa forma, podemos dizer que nossa própria mente flutua em um “mar de generalizações”. Tudo o que
fazemos repetidamente é “generalizado” sob a forma de hábitos e rotinas, de modo a reservar energia mental
para enfrentarmos as ocorrências realmente surpreendentes, excepcionais, com que a realidade costuma nos
brindar.
Embora os livros e artigos sobre Lógica costumem apresentar pelo menos uma pequena lista de erros a evitar −
as chamadas “falácias” − acreditamos que, mais importante do que classificar o erro, é aprender a agir
acertadamente. Para evitar, senão todos, pelo menos a maioria dos erros por generalização indevida, você
deveria adotar os seguintes hábitos:
Reúna um número suficiente de casos que pareçam confirmar a existência de um padrão.
Embora a maioria das pessoas não tenha recebido um treinamento específico nas técnicas de
amostragem Estatística, chega a ser surpreendente verificar como tantas pessoas tiram conclusões
ousadas a partir de um único caso! Até mesmo pessoas muito cautelosas e com treino científico podem
ser flagradas ocasionalmente formulando “leis gerais” sobre eventos e pessoas a partir de um pequeno
punhado de casos.
Curso Online de
Redação
Jamais despreze os casos que contrariem o padrão aparente. Na verdade, você deve procurá-los
ativamente! Afinal, sua generalização terá maior probabilidade de ser verdadeira se resistir às
tentativas de contrariá-la.
Diferencie certeza de probabilidade. Algumas generalizações podem se manifestar sob a forma de
probabilidades. Isso significa que, embora nem sempre as coisas aconteçam da forma prevista, em
grande número de casos a afirmação será verdadeira.
Identifique as condições sob as quais a generalização é válida. Algumas coisas, como as
propriedades do triângulo retângulo e outras verdades matemáticas, são verdadeiras sob quaisquer
condições em que se produzam: o quadrado da hipotenusa será igual à soma dos quadrados dos catetos
esteja o triângulo na Terra ou em Saturno! Entretanto, até mesmo os eventos físicos muitas vezes são
dependentes de diversos outros fatores, como temperatura e pressão, por exemplo. Assim, você
precisa identificar as condições sob as quais a sua generalização é sempre válida mas, também, as
condições sob as quais ela deixa de ser válida.
Em suma, não tenha medo de generalizar. Se você estudou exaustivamente um assunto, examinando grande
número de casos de um determinado evento, as exceções aparentes, as condições em que eles ocorrem e que
não ocorrem, de tal modo que você possa fazer uma afirmação com grande probabilidade que esteja correta,
ninguém dirá que você “não pode” generalizar.

Exercício
Escreva um parágrafo em comentário às frases abaixo, identificando as generalizações indevidas e
apresentando uma forma alternativa correta de redigi-las.
Exemplo resolvido:
Frase: O grande número de políticos envolvidos no recente escândalo de corrupção é a prova definitiva de que
todos os políticos são corruptos.
Comentário: O Brasil tem, literalmente, milhares de políticos profissionais atuando tanto na esfera federal
como nos âmbitos estadual e municipal. Por maior que seja o número de políticos envolvidos em um ou outro
escândalo, o fato é que a maioria não aparece envolvida em escândalo algum, sendo errado extrair conclusões
sobre toda uma categoria de cidadãos com base no comportamento de uma parcela desses cidadãos. O próprio
fato de que escândalos vêm à tona parece sugerir que, provavelmente, existem políticos engajados na tarefa de
tentar diminuir a corrupção em nosso país.
Redação alternativa: O grande número de políticos envolvidos no recente escândalo de corrupção sugere
que o número de políticos corruptos é maior do que imaginávamos.

1 – Ronaldo certamente é comunista, afinal, eu o vi ontem fazendo críticas ao princípio do livre mercado.

2 – Silvana foi vista comprando roupinhas de bebê, certamente está grávida.

3 – Ninguém fica até tarde no trabalho todos os dias como faz o Ernesto, então é claro que ele anda traindo a
Marina.

4 – Eu sou muito sortudo: já ganhei duas rifas e, uma vez, quase ganhei no Bingo.

5 – Esta foi a segunda vez que Amarildo cometeu esse tipo erro neste ano, é muito incompetente.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição

Generalizar é um direito que se adquire após extenso estudo sobre as ocorrências de um evento, as exceções
aparentes e as condições em que ele ocorre ou deixa de ocorrer.
Curso Online de
Redação

Lição 45 – Parágrafos longos, parágrafos curtos


− Quantas linhas deve ter um bom parágrafo? − pergunta o estudante.
− Tantas quantas forem necessárias! − responde o professor.
Os parágrafos acima respondem sozinhos à questão sobre o tamanho mínimo de um parágrafo: se você estiver
reproduzindo um diálogo entre dois personagens, o parágrafo pode muito bem ter apenas uma linha!
Mas os parágrafos curtíssimos, com apenas uma frase ou, até, uma única palavra, não são usados apenas na
redação de diálogos. Observe o exemplo a seguir:
Nosso diretor, no exercício de suas funções, desviou dinheiro para suas contas pessoais. Mais:
usou de sua influência para obrigar a empresa a comprar, sem licitação, diversas mercadorias a
preços superiores aos de mercado. Finalmente, todas as evidências indicam ter aceito propina de
fornecedores para comprar mercadorias em quantidade excessiva, abarrotando nossos estoques.

Temos um ladrão na diretoria da empresa.

No exemplo acima, a frase final poderia perfeitamente fazer parte do parágrafo que a antecede. No entanto, a
decisão de destacá-la em um único parágrafo concede um impacto adicional à conclusão inevitável dos fatos
apresentados pouco antes. O efeito do parágrafo de frase única, especialmente se for uma frase curta, com
menos de 10 palavras, é equivalente ao da pausa dramática prolongada num discurso falado, representando o
momento em que a plateia, após a tensão da pausa mais longa, reagirá com aplausos, risos ou um “oh” de
estupefação.
Evidentemente, como se trata de um recurso dramático, seu uso não deve ser vulgarizado. Recomendamos que
você limite o uso dos parágrafos de uma única linha ao destaque de ideias-chaves que você deseje induzir o
leitor a memorizar.
Lembre-se: a cada repetição, o impacto será menor.

Ponderações sobre o tamanho ideal do parágrafo


Um aspecto fundamental do problema da redação de parágrafos é o fato de que, essencialmente, os parágrafos
são divisões visuais das partes do texto. Ao exercer essa função, os parágrafos prestam diversos serviços ao
leitor:
Ajudam a localizar o trecho exato em que a leitura foi interrompida.
Orientam quanto aos diferentes assuntos e ideias-chaves constantes no texto.
Oferecem uma oportunidade de “pausa para reflexão” sobre a ideia apresentada.
Reduzem o cansaço visual através da inclusão de uma linha em branco entre os blocos de texto.
É inegável que a leitura de parágrafos “longos”, isto é, que se estendem por uma página inteira ou mais,
provoca cansaço visual mesmo em leitores ávidos e experientes. Para a maioria dos leitores da atualidade, um
único parágrafo “interminável” pode constituir obstáculo intransponível.
Se consideramos ainda que o hábito de leitura está, cada vez mais intensa e rapidamente, migrando dos meios
impressos (livros, jornais, revistas) para meios eletrônicos (computadores, “tabletes”, “smartfones”, leitores de
“ebooks”), entenderemos rapidamente que a tendência geral é pelo “encurtamento” dos parágrafos, sendo cada
vez mais comuns os parágrafos compostos de uma única frase. Os escritores da atualidade pressionam “Enter”
movidos apenas pelo critério visual, sem refletir se a apresentação da ideia-chave daquele parágrafo foi ou não
concluída.
Isto é um erro.
(Está vendo como a repetição estraga a surpresa?)
Alexei Gonçalves de
Oliveira
O parágrafo deve ser entendido pelo escritor, primeiro, como unidade temática de seu texto e, apenas
secundariamente, como unidade visual. Ao fragmentar o texto em dezenas de parágrafos por página sem
atenção ao conteúdo, o escritor sacrificará a noção de unidade argumentativa em torno de uma ideia central. De
fato, a maior probabilidade é a de que um leitor, ao atravessar um texto esfarelado em parágrafos curtíssimos,
tenha dificuldade em entender aonde o escritor desejava chegar quando o redigiu.
O texto composto apenas por parágrafos curtíssimos impossibilita uma argumentação coerente, reduzindo-se a
uma simples coleção de slogans de propaganda. De fato, o que mais se vê nas redes sociais mais populares da
internet na atualidade são pessoas inteligentes e capazes reduzidas à condição de agentes de propaganda,
disseminando slogans sem jamais se deter para refletir sobre o seu real significado.
Mas, afinal, como você deve escolher o tamanho ideal dos parágrafos do seu texto? A resposta está, como
sempre, na lição 1: lembre-se do leitor!
1. Leitor aprendiz. Quando o objetivo do texto é didático, você provavelmente será mais bem-sucedido
se usar parágrafos mais curtos, cada um deles apresentando uma parte significativa da explicação
completa. Mas, caso algumas partes específicas de sua explicação envolvam instruções relativamente
complexas, não tenha medo de apresentá-las em parágrafos mais longos do que os usados em outras
partes do texto.

2. Leitor especializado. Já num texto científico ou filosófico em que você queira apresentar suas ideias
a um público erudito ou especializado, composto de cientistas, filósofos, professores e estudantes de
pós-graduação, você deve se sentir completamente à vontade para redigir parágrafos tão longos quanto
exigido pela complexidade das ideias desenvolvidas em cada um deles.

3. Leitor bem informado. Quando o objetivo do seu texto é dissertativo-argumentativo, isto é, você
pretende demonstrar a um leitor bem informado o seu conhecimento, suas ideias, suas informações e
conclusões sobre um tema específico, você não deve temer o emprego de parágrafos mais longos, com
10 frases ou mais, desde que cada um deles apresente uma, e apenas uma, ideia central.

Os parágrafos tornam-se longos demais apenas nas seguintes situações:


Não há uma ideia central, apenas uma coleção de ideias sem relação aparente (lembre-se da lição 42!).

O autor tenta “espremer” mais de uma ideia principal em cada parágrafo – uma aventura possível, mas
arriscada e, normalmente, desnecessária.

O autor começa a devanear, perdendo-se em digressões, adiantando explicações, desenvolvendo


prematuramente ideias secundárias, incluindo citações fora do contexto, enfim, incluindo uma carrada
de frases cujo sentido mais obscurece do que ilumina a ideia central do parágrafo.

Caso você se concentre exclusivamente em redigir frases que funcionem como holofotes para a ideia central do
parágrafo, jamais redigirá um parágrafo “longo demais”, ainda que composto por dezenas de frases longas e
sintaticamente complexas!

Exercícios
1 – Escolha uma das ideias centrais apresentadas no exercício da lição 42 e redija um pequeno texto composto
de, no mínimo, 10 e, no máximo, 20 frases que desenvolvam essa ideia central em um único parágrafo.
2 – Experimente diferentes formas de “quebrar” o texto produzido no exercício anterior em parágrafos
menores e apresente no espaço abaixo duas dessas versões alternativas.

Resumo da lição

Não pergunte qual é tamanho ideal dos parágrafos do seu texto, mas quem é leitor a quem você se dirige e o
que você pretende dizer a ele.
Curso Online de
Redação

Lição 46 − O parágrafo de abertura (1) − Conceitos básicos


Qualquer escritor pode testemunhar que nenhum parágrafo é tão difícil de ser redigido quanto o primeiro. Na
verdade, trata-se de tarefa tão desafiadora que, em alguns casos, pode ser recomendável que o redator deixe
para redigi-lo por último, após escrever o restante do texto!
O primeiro parágrafo é tão desafiador porque sua tarefa primordial é interessar o leitor, estimulando-o a
prosseguir a leitura. O parágrafo inicial tem a função de estabelecer o primeiro contato − o “sorriso” e o
“aperto de mãos” − com o leitor, aquela primeira impressão que define o rumo da conversa e, até, se haverá
conversa! Se você for bem-sucedido na redação do primeiro parágrafo, aumentará muito as suas chances de
sucesso em conduzir o leitor até o final de seu texto. Portanto, vale a pena esforçar-se para adquirir maestria na
técnica de redação de parágrafos de abertura.
Nesta lição e nas seguintes, exploraremos diversos métodos alternativos de redação de parágrafos de abertura,
exercitando sua criatividade em diferentes contextos de comunicação escrita.
Para começar a escrever qualquer texto, inclusive o parágrafo de abertura de sua redação, você precisa levar
em consideração duas variáveis importantes:
1 Lembra-se da lição 1? Isso mesmo: a primeira variável a considerar é o seu leitor! Veja alguns
exemplos de características de leitores que podem moldar ou exigir mudanças em todo o seu texto,
inclusive no parágrafo inicial:

1.1 Intimidade. Qual o grau de intimidade que você tem com ele? É um amigo, um colega de
trabalho, um chefe imediato, um chefe com quem jamais teve contato direto?

1.2 Conhecimento. Qual o nível de conhecimento que ele tem do assunto − é um leitor aprendiz,
bem informado ou especializado?

1.3 Hierarquia. Qual a relação hierárquica que se estabelece entre você − o autor − e o leitor? Você
é um professor escrevendo para um estudante, ou um estudante escrevendo para um professor?
Você está escrevendo para um leitor crítico com poder de elogiar ou achincalhar publicamente o
seu texto? Ou, quem sabe, para um examinador ou professor com poder de aprovar e reprovar?

1.4 Uso do texto. O leitor é um “cliente” ou “usuário” potencial das informações expressas em seu
texto? Ele vai se beneficiar de alguma forma ao lê-lo? O que o seu leitor espera fazer com as
informações do seu texto: divertir-se, informar-se, aprender, tomar decisões?

1.5 Grau de atenção esperado. Você está escrevendo para um leitor apressado ou muito ocupado? O
seu leitor lerá seu texto em meio a outras solicitações de atenção − por exemplo, no ambiente de
trabalho − ou estará concentrado exclusivamente na leitura? O seu texto contém informações de
importância crucial para a vida ou o trabalho do seu leitor ou apenas informações genéricas que
ele talvez possa achar interessantes ou úteis?

2 A segunda variável é o seu objetivo ao escrever o texto para o leitor que você definiu na etapa anterior.
Veja alguns exemplos:

2.1 Persuasão. Você quer convencer o seu leitor a mudar de ideia?

2.2 Reforço. Você planeja oferecer informações extras que ajudem o leitor a continuar fiel à sua
opinião atual?

2.3 Ação Você tenciona induzir o leitor a praticar alguma ação em decorrência do seu texto, por
exemplo, comprar, votar, apoiar, compartilhar, divulgar, patrocinar, participar, engajar-se?

2.4 Reflexão. Você pretende conduzir o seu leitor a dedicar algum tempo refletindo sobre as questões
que apresentará em seu texto?
Alexei Gonçalves de
Oliveira
2.5 Sentimento. Você anseia por inspirar em seu leitor sentimentos de atração/repulsa, amor/ódio,
ambição/desapego, esperança/desistência?

2.6 Associação. Você deseja que o seu leitor perceba os elos entre informações que receberá de seu
texto e outras de que ele já dispõe?

2.7 Análise. Você pretende oferecer ao leitor informações que possibilitem uma compreensão ampla
e profunda do funcionamento de algum fenômeno?

2.8 Ensino. Você ambiciona ensinar o seu leitor a fazer alguma coisa?

É fácil perceber que o seu texto mudará radicalmente conforme a articulação entre (1) o leitor e (2) o seu
objetivo ao escrever para esse leitor. Por conseguinte, é impossível estabelecer “regras universais” e “dicas
infalíveis” para a redação de parágrafos de abertura. Também é impossível prever uma “solução certa” para
cada uma de incontáveis combinações possíveis de leitores e objetivos. Possível e desejável, sim, é o
conhecimento e o exercício de um certo número de técnicas consagradas de redação de parágrafos iniciais,
para captar a linha de raciocínio adotada em cada um deles e tomá-la como ponto de partida para o
desenvolvimento de suas próprias soluções em seus próprios textos.

Exercício
O exercício desta lição consiste na preparação de conteúdo que você utilizará nas lições seguintes. Siga estes
passos:
1. Defina um tema, isto é, um assunto que conheça bem ou sobre o qual tenha facilidade de pesquisar e
se informar. Esse tema será usado nos exercícios de redação de parágrafos de abertura das próximas
lições.

Tema:

2. Defina pelo menos 3 diferentes tipos de leitores para os quais você redigirá parágrafos de abertura
sobre o tema definido no passo 1.

Perfil de Leitor nº 1:
Perfil de Leitor nº 2:
Perfil de Leitor nº 3:

3. Defina pelo menos 5 diferentes objetivos para os textos em que abordará o tema definido no passo 1.

Objetivo nº 1:
Objetivo nº 2:
Objetivo nº 3:
Objetivo nº 4:
Objetivo nº 5

Resumo da Lição

O parágrafo de abertura desempenha a função de interessar o leitor, estimulando-o a prosseguir a leitura.


Curso Online de
Redação

Lição 47 − O parágrafo de abertura (2) − A “pirâmide invertida”


ou “Técnica do funil”
Uma técnica eficiente e fácil de aplicar à redação de parágrafos de abertura é o conceito de “pirâmide
invertida” ou “técnica do funil”. Em jornalismo, especificamente na redação de notícias, esse conceito é
aplicável ao conjunto do texto mas, neste capítulo, estamos nos referindo apenas a uma forma de apresentar os
fatos no parágrafo inicial.
Na figura 7, veja uma representação gráfica deste conceito.

Como você pode ver na figura 7, a


técnica da pirâmide invertida consiste
em abrir o parágrafo inicial com uma
frase que indique o tema do texto em
termos bastante Figura 7: A técnica da pirâmide invertida aplicada a um parágrafo de amplos e genéricos.
Nas frases abertura com 5 frases. seguintes, você
acrescentará frases mais específicas até
que, na última frase, você apresenta a informação mais específica de todas. Por exemplo, veja os dois
parágrafos de abertura que redigimos para a lição 44, intitulada “Generalizar é possível” − as frases estão
numeradas para tornar mais fácil o acompanhamento do raciocínio.
(1) Você provavelmente já ouviu alguém dizer em uma discussão, talvez até mesmo na sala de
aula de uma universidade, que “não se pode generalizar”. (2) Geralmente, a pessoa que diz essa
frase exibe um ar de autoridade, como se a proibição de “generalizar” constituísse um índice de
superioridade moral. (3) O problema é que própria frase nega a si mesma: afinal, ao dizer que
“não se pode generalizar” o que a pessoa está fazendo é, precisamente, uma generalização!

(4) A má fama das generalizações vem do fato que são muito frequentes as
generalizações apressadas, defeituosas, mal intencionadas ou, de outra forma,
indevidas, especialmente em discussões fora do âmbito científico e acadêmico. (5) Nas
discussões políticas, então, quando o que está em jogo é o poder, o contexto é de um
autêntico “deus nos acuda”, com os debatedores recorrendo a todo tipo de
generalização indevida para atingir seus objetivos.

Observações:
(1) Observe como, na primeira frase, apelamos à memória do leitor para um fato genérico, do qual ele
provavelmente ouviu falar.

(2) Na segunda frase, apelamos à percepção de uma experiência comum, isto é a expressão facial de quem
faz a afirmação que estamos analisando.

(3) Nesta frase, convidamos o leitor a raciocinar sobre a afirmação e observar, talvez pela primeira vez na
vida, que ela contradiz a si mesma.

(4) Após as observações mais genéricas do primeiro parágrafo, no segundo parágrafo começamos a
explicar porque as generalizações adquiriram má fama, preparando o terreno para que o leitor não
rejeite as informações subsequentes do capítulo, em que ensinamos critérios para fazer boas
generalizações em vez de rejeitá-las aprioristicamente.

(5) Finalmente, na quinta frase, apresentamos um exemplo prático bastante específico e que,
provavelmente, estará disponível na memória do leitor, de uma situação típica em que as
generalizações indevidas quase sempre se tornam a regra, vindo daí a sua má fama.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Esses dois parágrafos de abertura compõem, na verdade, um conjunto argumentativo que, a rigor, deveria ser
apresentado em um único parágrafo. A opção por quebrá-lo em dois segue a minha intenção de facilitar a
leitura e o estudo usando parágrafos curtos, dado o caráter didático desta obra. Mas essa “quebra” visual não
invalida a técnica da pirâmide invertida, em que o autor progride de uma afirmação genérica na primeira frase
até uma afirmação mais específica na última frase, preparando o terreno para o verdadeiro objetivo do texto,
isto é, demonstrar ao leitor que, apesar da má fama, é preciso aprender a generalizar!

Exercício
Escolha um dos “perfis de leitor” e um “objetivo do texto” na lição 46 e redija um parágrafo de abertura,
constante de 5 a 10 frases, usando a técnica do “funil”.

Perfil do leitor:
Objetivo do texto:
Parágrafo:

Resumo da lição

Uma técnica poderosa para usar nos parágrafos de abertura é a do “funil” ou “pirâmide invertida”, em que o escritor
progride de uma afirmação genérica até uma informação específica, preparando o leitor para ideia que ele realmente
pretende defender.
Curso Online de
Redação

Lição 48 − O parágrafo de abertura (3) − A frase inicial


A frase inicial do parágrafo de abertura funciona como “anzol” para cativar o leitor já desde os primeiros
segundos. Por isso, muitos autores testam e descartam diversas opções para a essa frase, pois sabem que uma
frase de abertura insossa pode significar a perda prematura de um leitor. Na situação ideal, a frase de abertura
conduzirá espontaneamente a um punhado de frases complementares que levarão o leitor diretamente ao
núcleo do tema que você deseja abordar. Veja, a seguir, algumas técnicas de frases de abertura, sem pretensão
de compor uma lista exaustiva.
1 – Frase declarativa. Esta é a forma mais simples, segura e desprovida de criatividade. Use-a quando você
estiver com pressa, inseguro quanto a quem é o leitor ou totalmente sem inspiração. Mas não entenda mal: esta
técnica também é de grande utilidade e, em alguns casos, obrigatória, em provas discursivas e redações de
concursos, artigos científicos, teses e dissertações, narrativas de fatos, notícias, relatórios empresariais e em
uma variedade de outras situações. Para usar esta técnica, simplesmente diga, de forma objetiva e direta, sem
rodeios, qual é o assunto de seu texto. Por exemplo:
“As decisões em marketing dependem em muito da percepção gerencial. Devido à
complexidade inerente aos ambientes externo e interno à organização, bem como ao elevado
volume e variedade das informações necessárias à tomada de decisões mercadológicas, as
limitações cognitivas do gerente de marketing assumem importância crucial”15.

Esse foi o parágrafo de abertura de minha dissertação de mestrado… Nada mais “pão, pão; queijo, queijo” do
que isso!

2 – Fato histórico marcante. As pessoas costumam gostar de saber de onde vieram e o que outras pessoas
fizeram de importante ou grandioso antes de seu nascimento. É uma forma de demarcar o “caminho que nos
trouxe até aqui”. Por isso, se o seu tema comporta algum evento histórico marcante, você pode mencioná-lo
diretamente na frase de abertura. Por exemplo:
“A gloriosa história da seleção que mais venceu no mundo - o Brasil pentacampeão - começou
no dia 21 de julho de 1914. No Estádio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, completamente
lotado, os torcedores assistiram ao primeiro jogo de uma longa trajetória que, nesta segunda-
feira, traz a marca do centenário da maior paixão do povo brasileiro”.

Fonte: CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF). 100 anos: O primeiro jogo da


história da Seleção. Disponível em http://selecao.cbf.com.br/noticias/selecao-
masculina/primeiro-jogo-da-selecao-brasileira, acesso em 17 de setembro de 2015.

3 – Anedota. Para começar, lembre-se de que uma “anedota” não é uma “piada”, mas uma história curiosa,
real ou inventada, que ilustra o ponto a que você pretende chegar.

Por exemplo:

“Amigos, fui testemunha, certa vez, de um fato prodigioso. Imaginem vocês que ia eu passando
pelo cemitério, quando lá chegou um enterro. Alguém me esperava numa esquina próxima. Mas
há um “charme” na morte, há um apelo que ninguém resiste. Entre um casamento, um batizado
ou um enterro, qualquer um prefere o velório, embora este último não tenha os guaranás e os
salgadinhos dos dois primeiros”.

Fonte: RODRIGUES, Nelson. “Pra que essa gana destrutiva e bestial?” In: A pátria de
chuteiras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013, p. 30.

4 – Fato surpreendente. Informações curiosas, ao estilo “você sabia”, incluindo dados de pesquisas,
15 OLIVEIRA, Alexei Gonçalves de. Mecanismos de distorção cognitiva no processo decisório em marketing: uma análise
crítica sob a perspectiva das teorias descritivas da decisão.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
estatísticas ou fatos históricos, costumam ser ótimos para fisgar o leitor no início de seu texto. Por exemplo:

“Se o governo Dilma extinguisse os quase 24 mil cargos comissionados DAS (Direção e
Assessoramento Superiores) distribuídos a aliados, apenas da administração federal direta, com
fundações e autarquias, seria possível poupar mais de R$ 1,9 bilhão por ano. Desses 23.941
cargos, quase 25% são de livre nomeação, para qualquer ‘cumpanhêro’. Cargos de livre
nomeação custam ao contribuinte R$ 344 milhões/ano”.

Fonte: AMORIM, Aluizio. “Governos do PT turbinaram o empreguismo”. Disponível em


http://aluizioamorim.blogspot.nl/2015/09/governos-do-pt-turbinaram-o-empreguismo.html,
acesso em 17 de setembro de 2015.

5 – Pessoa famosa. O interesse geral pelo que pensam os artistas, intelectuais e jornalistas que atingiram um
status de “celebridade” pode ser usado como eficiente gancho para capturar a atenção do leitor. Por exemplo:

“Embora admirador dos textos de Rodrigo Constantino, e fã de carteirinha de seu livro ‘A


Esquerda Caviar’, sou obrigado a discordar de seu mais recente texto, ‘A crise é algo deliberado
por parte da esquerda revolucionária golpista?’, do qual comentarei alguns pontos”.

Fonte: AYAN, Luciano. “Por que Rodrigo Constantino está errado em descartar a direita
cética?”. Disponível em http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/16058-2015-09-
14-02-37-32.html, acesso em 17 de setembro de 2015.

6 – Questão bomba. Esta técnica consiste em abrir o texto com uma ou mais perguntas de alto impacto, que
suscitem polêmica e levem o leitor diretamente ao centro de sua argumentação. Por exemplo:

“A Teologia da Missão Integral (TMI) tem ligação com o marxismo? A surpresa não é uma resposta
“sim”. A surpresa é ver o Rev. Augustus Nicodemus, um dos principais líderes da Igreja
Presbiteriana do Brasil (IPB), tocar no assunto, num vídeo curtíssimo (disponível aqui:
https://youtu.be/zxrFTjpRq70)”.

Fonte: SEVERO, Júlio. TMI, marxismo e Augustus Nicodemus. Disponível em


http://juliosevero.blogspot.nl/2015/09/tmi-marxismo-e-augustus-nicodemus.html. Acesso em 17 de
setembro de 2015.

Um bom exemplo de parágrafo de abertura com múltiplas questões-bombas:

“O que passa pela cabeça desses investidores para provocar uma alta tão intensa do dólar aqui
no Brasil? Será que são os votos no Congresso Nacional? Será que é o medo do impeachment
da presidente Dilma Rousseff? Pode ser a recessão que se abate sobre a economia? A inflação
no patamar atual vai prolongar a crise? E o ministro da Fazenda, Joaquim Levy? Será que ele
aguenta o tranco e fica? E o grau de investimento vai mesmo cair?”

Fonte: HERÉDIA, Thais. Dólar alto é o preço para deixar o Brasil. Disponível em
http://g1.globo.com/economia/blog/thais-heredia/1.html. Acesso em 23 de setembro de 2015.

7 – Etimologia, definição ou significado inesperado. Neste tipo de frase introdutória, você aborda o sentido
de uma palavra-chave para a compreensão do seu texto. Por exemplo:
“De uns tempos para cá, a novilíngua gramscista encontrou no sufixo ‘fobia’ um pé-de-cabra
semântico muito útil ao seu trabalho desonesto no plano da cultura. Basta aplicar o sufixo a
um determinado vocábulo para impor silêncio à divergência. Assim, por exemplo, a palavra
xenofobia tem sido usada em relação a quem considere excessivamente permissivo o ingresso no
Ocidente de imigrantes oriundos do mundo islâmico. Os mais exaltados chegam a identificar
Curso Online de
Redação
essa atitude com o nazismo, como se simples recomendações à prudência equivalessem à
construção e uso extensivo de câmaras de gás. E não faltam papagaios para, desde seus poleiros
nos meios de comunicação, correntinha ideológica presa à perna, repetirem incessantemente a
mesma tolice: ‘Xenofobia! Xenofobia!’”.

Fonte: PUGGINA, Percival. Dobrem a língua e a novilíngua. Disponível em


http://www.puggina.org/artigo/puggina/dobrem-a-lingua-e-a-novilingua/3460. Acesso em 17 de
setembro de 2015.

8 – Divisão analítica do tema. Nesta técnica, você abre o texto apresentando os principais aspectos em que o
tema abordado se divide, e que você desenvolverá no texto. Por exemplo:
“Antes de votar no seu candidato a presidente da República, porém, conheça as três espécies
de políticos: os que convencem a si mesmos e aos eleitores; os que sacam por que os primeiros
são tão bons na arte de convencer; e os que não convencem nem a si próprios nem a ninguém.”

(RADAR58. Os três tipos de políticos e eleitores. Disponível em http://radar58.com.br/os-tres-


tipos-de-politicos-e-de-eleitores/. Acesso em 06 de outubro de 2015.)

É bom ressaltar que o conjunto de técnicas apresentadas neste capítulo não é exaustivo: você pode e deve,
daqui para frente, tomar nota de todas as frases iniciais de parágrafos de abertura que julgar interessantes,
curiosas, inteligentes, criativas ou eficientes, classificando-as segundo seus próprios critérios e incorporando-
as como técnicas aos seus próprios textos. Agindo assim, brevemente você criará suas próprias técnicas para
redigir frases iniciais de alto impacto.

Exercício
Passo 1: Copie para esta lição o parágrafo que você redigiu no exercício da lição 47.
Passo 2: Crie 4 novas versões de frases iniciais para o parágrafo mencionado no passo 1, usando 4 das técnicas
apresentadas nesta lição.

Passo 3: Se necessário, modifique as frases seguintes para que fiquem compatíveis com cada nova frase de
abertura.

Resumo da lição

A frase inicial do parágrafo de abertura é o anzol que fisga o leitor: cuide para que ela fique bem caprichada!
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 49 − O parágrafo de abertura (4) − A frase de encerramento ou


“Declaração de tese”
Você certamente já leu frases iniciadas com “narizes de cera” como os seguintes em parágrafos e capítulos
introdutórios de artigos e livros técnicos ou científicos:
“O objetivo deste trabalho é….”
“Nesta obra, apresentaremos….”
“Nosso propósito ao escrever este artigo foi….”
Esses “narizes de cera” são identificadores de um tipo de frase chamado “declaração de tese”, que consiste
numa explicação ao leitor sobre o que você apresentará em seu texto e porque ele deveria estar interessado em
lê-lo até o final. É uma espécie de visão resumida da conclusão a que você conduzirá o leitor, sem adiantar
detalhes que poderiam estragar a surpresa.
Em alguns contextos, uma declaração de tese explícita pode ser obrigatória, como em artigos acadêmicos e
certos trabalhos universitários. Por exemplo, examine o parágrafo abaixo, o primeiro da introdução de uma
dissertação de mestrado:
“Os anos 90 assistiram ao surgimento e a um expressivo crescimento dos sistemas ERP
(enterprise resource planning, ou planejamento de recursos empresariais) no mercado de
soluções de informática. Entre as explicações para esse fenômeno estão as pressões competitivas
sofridas pelas empresas e que as obrigaram a buscar alternativas para a redução de custos e
diferenciação de produtos e serviços, forçando-as a reverem seus processos e suas maneiras de
trabalhar. As empresas reconheceram a necessidade de coordenar melhor as atividades de suas
cadeias de valores, para eliminar desperdícios de recursos, reduzir custos e melhorar o tempo de
resposta às mudanças das necessidades do mercado. Segundo Porter e Millar (1985), a TI é uma
ferramenta poderosa para essa transformação, principalmente porque “a TI está aumentando
muito a habilidade das empresas para explorar as interligações entre as suas atividades, tanto
interna quanto externamente à empresa”. Um dos principais atributos dos sistemas ERP é
justamente esse: são sistemas de informação integrados, que permitem interligar e coordenar
as atividades internas das empresas.”

(Fonte: SOUZA, Cesar Alexandre de. Sistemas integrados de gestão empresarial: estudos de
casos de implementação de sistemas ERP. Dissertação Apresentada ao Departamento de
Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de
São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Administração.
São Paulo, USP: 2000. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12133/tde-
19012002-123639/publico/CAS-ERP.pdf, acesso em 18 de setembro de 2015)

Duas observações:
1. O autor da dissertação apresentou sua declaração de tese no final do parágrafo. Todos os esforços do
autor, desse ponto em diante de sua dissertação, serão no sentido de ilustrar, teórica e conceitualmente,
bem como através do estudo de casos, a ideia de que os sistemas ERP “permitem interligar e
coordenar as atividades internas das empresas.”

2. O autor não usou, neste ponto do trabalho, os “narizes de cera” que mencionamos no início desta
lição. Em vez disso, ele simplesmente apresentou fatos e argumentos que conduziram suavemente à
declaração de tese.

Dessas observações surgem, inevitavelmente, duas perguntas:


Pergunta 1: A declaração de tese pode aparecer no início do parágrafo?

Resposta: Sim, pode! Mas o efeito costuma ser uma frase inicial de baixo impacto.
Curso Online de
Redação
Pergunta 2: Afinal, devo ou não incluir os “narizes de cera” na declaração de tese de tal forma que não
deixe dúvida ao leitor de que ela é minha declaração de tese?
Resposta: Em alguns contextos, talvez você não tenha como escapar, por exemplo, na redação de “resumos”
(“abstracts”) de trabalhos acadêmicos. Veja, por exemplo, um trecho do resumo da dissertação que citamos
anteriormente:
“Este trabalho é um estudo das características dos sistemas ERP, de seus processos de escolha,
implementação e utilização, de seus benefícios, suas desvantagens e de seus possíveis impactos
nas organizações e pretende colaborar para o aprofundamento do conhecimento sobre esses
sistemas e para o desenvolvimento de um modelo teórico que permita analisar os benefícios que
esses sistemas podem trazer para as empresas, bem como as dificuldades a eles relacionadas”.

De forma geral, porém, você deveria evitar “narizes de cera” em todos os pontos do seu texto! Faça-o apenas
quando exigido pelo regulamento da instituição, e apenas nos pontos do texto em que essa exigência ridícula
for obrigatória.
Apesar da restrição estética ao uso de “narizes de cera”, a declaração de tese é um recurso importante a incluir
no parágrafo inicial de textos dissertativos. Por isso, vamos seguir a orientação geral oferecida por Elyssa
Tardiff e Allen Brizee, do Laboratório Online de Redação da Purdue University16. Para esses autores, a cada
tipo de texto corresponde um tipo de declaração de tese:
1. Analítico. Um texto analítico se destina a desmembrar uma questão complexa em suas partes
componentes, explorando as consequências das relações que se estabelecem entre essas partes. A
declaração de tese analítica explicará o que você vai analisar, com que objetivo e que resultado o
leitor deve esperar dessa análise.

2. Expositivo ou Explanatório. Este tipo de texto se destina a explicar o funcionamento de alguma


coisa ao leitor. A declaração de tese expositiva apresentará o objeto da explicação e o que o leitor
entenderá melhor sobre esse objeto após ler o texto.

3. Argumentativo. O propósito de um texto do tipo argumentativo é convencer o leitor da verdade de


uma alegação qualquer sobre o tema abordado. A declaração de tese argumentativa apresentará a
conclusão geral a que o autor pretende conduzir o leitor após a leitura completa do texto.

Finalmente, vejamos algumas qualidades de uma boa declaração de tese:


Específica. Cumpra o que promete: inclua na declaração de tese apenas assuntos que você abordará
no texto.
Proporcional ao tamanho do texto. Se você foi solicitado a escrever uma redação com 20 linhas, não
faça uma declaração de tese que necessite de um livro para ser desenvolvida, e vice-versa.
Apoiada em fatos. As frases que antecedem a declaração de tese devem apresentar alguns fatos,
estudos, números, citações ou indícios que a apoiem.
Flexível. A declaração de tese pode ser reformulada ao longo do texto, caso você mude de ideia e
decida incluir/remover/modificar informações ou a linha geral de sua argumentação.
Sem nariz de cera. Se as frases que a antecederem conduzirem naturalmente à conclusão apresentada
na declaração de tese, será desnecessário usar narizes de cera.

Exercício
Para cada um dos quatro parágrafos que você redigiu na lição 47, redija uma frase de encerramento diferente,
no formato de “declaração de tese”.

16 TARDYFF, Elyssa, BRIZEE, Allen. Tips and Examples for Writing Thesis Statements. Disponível em
https://owl.english.purdue.edu/owl/resource/545/01/ . Acesso em 18 de setembro de 2015.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição
A frase de encerramento do parágrafo inicial normalmente expressará sua declaração de tese, isto é, uma explicação ao
leitor sobre o que você pretende apresentar em seu texto e porque ele deveria estar interessado em lê-lo até o final.
Curso Online de
Redação

Lição 50 − Princípios de Sensatez − Parte 5 − Coisas que você


não pode afirmar

Observe o título desta lição: “Coisas que você não pode afirmar”. Será que vamos tratar, aqui, de “coisas que
você pode negar”?
Ou, em termos mais diretos: dizer que alguém “não pode afirmar” é idêntico a dizer que, a essa pessoa, “é
possível negar”?
Certamente, não. Há um imenso conjunto de coisas que não se pode afirmar mas que, ao mesmo tempo,
também não se pode negar − o conjunto de todas coisas que não sabemos!
Por exemplo, não podemos afirmar que existe vida em outra galáxia. Porém, também não podemos negar a
possibilidade de que exista vida em outra galáxia. Como não conhecemos cada um dos locais do Universo em
que, ao menos em tese, poderia haver vida, não podemos verificar, em cada um deles, se existe ou não vida
nesses locais.
Observe, agora, o raciocínio da seguinte frase:
Não chove há vários dias; portanto, o gramado está seco.

Será que podemos afirmar, com certeza, que o gramado está seco só porque não chove há vários dias?
De fato, não. Um gramado pode estar molhado porque alguém decidiu irrigá-lo. Também pode estar molhado
devido a um vazamento na tubulação de água ou por diversos outros motivos. Ou seja, não se pode afirmar que
o gramado está seco somente com base na informação de que não chove há vários dias!
Este é um exemplo bastante óbvio, fácil de entender. Agora, veja este outro exemplo, constante de um artigo
do famoso matemático inglês Alan Turing:
“A partir disso, argumenta-se que não podemos ser máquinas. Tentarei reproduzir o argumento
mas temo que terei dificuldade em fazer-lhe justiça. Parece que pode ser expresso mais ou menos
assim: ‘se cada homem tivesse um conjunto definido de regras de conduta a partir das quais ele
regulasse sua vida, ele não seria melhor do que uma máquina. Mas não há tais regras, portanto
os homens não podem ser máquinas”.17

Aqui, estamos diante de um raciocínio bem mais complexo. O argumento é o de que o homem não pode ser
uma máquina porque não segue um conjunto definido de regras. Mas não é difícil perceber que essa afirmação
será verdadeira apenas se todas as máquinas que existem seguirem um conjunto definido de regras!

Se existir apenas uma máquina que não siga um conjunto definido de regras, então não poderemos afirmar,
com base nesse argumento, que o homem não é uma espécie de máquina.
Mais: ainda que o homem seja a única “máquina-que-não-segue-um-conjunto-definido-de-regras”, ele poderá
ser considerado uma máquina − sempre, é claro, conforme a definição que se faça da palavra “máquina”.

Lembremo-nos de que a Lógica não nos diz nada sobre o que é uma máquina, nem sobre o que é um homem.
O que a Lógica pode fazer por nós é avaliar se podemos ou não afirmar que um “homem” é ou não uma
“máquina” segundo as definições que nós mesmos adotamos para essas palavras!
Para saber o que podemos e o que não podemos afirmar sobre uma coisa, é necessário:

17Tradução do autor. Texto original: “From this it is argued that we cannot be machines. I shall try to reproduce the
argument, but I fear I shall hardly do it justice. It seems to run something like this. "if each man had a definite set of
rules of conduct by which he regulated his life he would be no better than a machine. But there are no such rules, so
men cannot be machines’." (TURING, A. M. Computing machinery and intelligence. Disponível em
http://www.loebner.net/Prizef/TuringArticle.html. Acesso em 22 de setembro de 2015).
Alexei Gonçalves de
Oliveira
1. Conhecimento. Você só pode fazer afirmações sobre o que você conhece − isto é, sobre temas que
você estudou, investigou, analisou ou experimentou pessoalmente, de forma tão completa quanto
possível.

2. Imaginação. As afirmações são possíveis apenas após você explorar, em sua imaginação, todas as
possibilidades de descartá-las. Se você tiver certeza de que não é possível imaginar uma única
situação em que seja possível contestar sua afirmação, não deve temer enunciá-la, com todas as letras,
confiante de que ela sobreviverá a todas as tentativas de contestação.

Isso nos leva a uma ponderação sobre a regra, muito comum em cursinhos de redação, que aconselha o
estudante a “evitar afirmações taxativas”.
Trata-se de uma redundância. Uma afirmação que não é “taxativa”, não é uma “afirmação” mas, mais
adequadamente, diríamos que é uma “enrolação”, uma “embromação”, ou qualquer outra palavra do mesmo
calibre.
Basicamente, trata-se de um conselho para estudantes despreparados, de quem se exige “uma redação” sobre
tema que eles, sabidamente, não dominam. Ou seja, faltando até mesmo os conhecimentos mais elementares
sobre o tema da redação, aconselha-se que o estudante aprenda a expressar-se de forma ambígua, de tal sorte
que possa “afirmar o contrário” do que disse, caso seja contestado!
Definitiva − e taxativamente − não podemos afirmar que esse é um conselho ético!

De fato, ninguém deve escrever sobre um tema que desconheça tão completamente que não seja capaz de
afirmar nada, sendo obrigado a “enrolar a língua” para não ser flagrado na ignorância!
A única forma honesta de fazer uma redação é estudar o tema, afirmar o que sabe e apresentar explicitamente
como dúvida ou especulação aquilo que não puder afirmar.
Sim, é possível fazer uma redação interessante, inclusive apresentando alguns pontos de sua própria ignorância
de uma forma honesta, sem “enrolação”. Basta que você fundamente sua especulação em fatos e reconheça as
possibilidades de contestação, inclusive imaginando argumentos e situações que poderiam contestar o que você
diz. Veja algumas fórmulas que indicam explicitamente que você está fazendo uma especulação:
Diante desses fatos, é lícito supor que….
Embora, sem dúvida, seja possível criticar nossa posição, os fatos apresentados sugerem que não
devemos descartar a hipótese de que….
Os críticos dirão, com alguma probabilidade de acerto, que estamos errados neste e neste ponto, mas
estamos confiantes de que todos os indícios apontam na direção que indicamos, ainda que alguns
detalhes estejam sujeitos a revisão futura.
Se não surgirem fatos novos nos próximos dias, a tendência é que o resultado seja….
Na ausência das condições X e Y, é inevitável que….
OBSERVAÇÃO: Jamais use chavões como “Salvo engano” e outras fórmulas com sabor de sopa
de pacote!
Esse tipo de redação é muito mais valioso do que aqueles textos pomposos que tentam esconder a ignorância
do autor por trás de um vocabulário “enrolado” e uma sintaxe incompreensível em parágrafos caudalosos mas
desprovidos de uma ideia central identificável.
Em síntese: só afirme o que você conhece. Quanto ao resto, especule com base em fatos, sempre deixando uma
honesta abertura à contestação.

Exercício
Pesquise na internet artigos em que o autor faça afirmações temerárias, sem fundamento em fatos. Leia os
argumentos dessa pessoa e escreva um curto parágrafo, com poucas frases, que mostre como ela poderia ter
Curso Online de
Redação
apresentado suas ideias em forma de especulação honesta, com maior humildade intelectual.

Resumo da lição

Só afirme o que você conhece. Quanto ao resto, especule com base em fatos, sempre deixando uma honesta abertura à
contestação.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 51 – O parágrafo de conclusão (1): a técnica do “E daí”?


De modo geral, o parágrafo de conclusão deve incluir uma síntese da trajetória percorrida ao longo do texto,
permitindo que o leitor, ainda que não tenha absorvido todas as informações, se lembre da ideia geral
desenvolvida por você.
A grande dificuldade, nesse caso, é evitar que a conclusão se transforme em simples resumo do que já foi dito,
um parágrafo anticlimático em que o autor se limita a “chover no molhado”. Para evitar esse problema é que
foi criada a técnica do “E daí?”. Melhor do que uma explicação, é um exemplo prático:
− Nesta obra, apresentamos uma série de lições contendo curtas explicações teóricas e exercícios
práticos, cada uma abordando um aspecto específico do processo de redação.
− E daí?
− Limitamos a extensão das explicações teóricas para aumentar o aproveitamento por parte do
estudante, pois nosso foco era a aplicação da técnica à criação de textos, mais do que a estéril análise
erudita.
− E daí?
− A ênfase dada aos exercícios práticos permitiu que o estudante percebesse que uma boa redação não
é resultado de uma técnica de engenharia ou uma aplicação matemática de princípios científicos, mas
uma habilidade que se adquire aos poucos, como resultado de prática constante e disciplinada.
− E daí?
− É por isso que podemos dizer, com total confiança, que os estudantes que nos acompanharam até
este ponto do curso, seguindo à risca às instruções desta obra e resolvendo disciplinadamente os
exercícios, certamente apresenta, hoje, um domínio da redação em língua portuguesa muito superior à
média da população nacional.
Quando estiver satisfeito com sua síntese, basta remover as perguntas e travessões, montando as frases em
forma de parágrafo:
“Nesta obra, apresentamos uma série de lições contendo curtas explicações teóricas e exercícios
práticos, cada uma abordando um aspecto específico do processo de redação. Limitamos a
extensão das explicações teóricas para aumentar o aproveitamento por parte do estudante, pois
nosso foco era a aplicação da técnica à criação de textos, mais do que a análise erudita estéril.
A ênfase dada aos exercícios práticos permitiu que o estudante percebesse que uma boa redação
não é resultado de uma técnica de engenharia ou uma aplicação matemática de princípios
científicos, mas uma habilidade que se adquire aos poucos, como resultado de prática constante
e disciplinada. É por isso que podemos dizer, com total confiança, que os estudantes que nos
acompanharam até este ponto do curso, seguindo à risca às instruções desta obra e resolvendo
disciplinadamente os exercícios, certamente apresentam, hoje, um domínio da redação em língua
portuguesa muito superior à média da população nacional”.

Como pode ver, a técnica do “E daí” consiste em simular um diálogo em que você pergunta a si mesmo,
insistentemente:
1. O que você, autor, tinha em mente ao escrever o texto e
2. Qual foi o resultado ou benefício auferido pelo leitor com a leitura do texto completo.
Usando esta técnica, você sempre será capaz de produzir um parágrafo de conclusão interessante para o seu
leitor.

Exercício
Escolha um dos parágrafos que você redigiu na lição 47 e, após imaginar um desenvolvimento de ideias (que
Curso Online de
Redação
você redigirá em outra lição mais adiante) redija um parágrafo de conclusão usando a técnica do “E daí?”.

Resumo da lição

Você jamais escreverá um parágrafo de conclusão “chato”, mesmo que lhe falte inspiração, se usar a técnica do
“E daí?”.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 52 − O parágrafo de conclusão (2) − Recursos extras


O parágrafo de encerramento de um texto dissertativo representa a última oportunidade de lembrar o leitor do
motivo pelo qual ele decidiu ler o seu texto até o fim. É a hora, portanto, de recompensá-lo por seu esforço,
causando um impacto positivo que o fará lembrar-se de seu texto por muito tempo.
Um parágrafo de conclusão pode incluir alguns dos seguintes itens, senão todos 18:
Advertência final. Quando for necessário recomendar algum tipo de precaução muito importante para
evitar consequências funestas.
Breve síntese dos principais pontos abordados em seu texto. Quando for importante ressaltar para o
leitor cada passo da linha de raciocínio que o levou até as ideias que você defendeu em seu texto.
Citação final. Quando você tiver disponível uma frase de alto impacto, de autor renomado, que
sintetize a ideia central de seu texto.
Exortação. Quando você desejar que o leitor pratique alguma ação específica.
Pergunta em aberto. Caso o seu texto suscite novas questões ou problemas para os quais ainda não
existe resposta.
Retorno à declaração de tese (lição 49). Quando você quiser demonstrar ao leitor que o objetivo
estabelecido no parágrafo inicial foi plenamente satisfeito pela argumentação de todo o seu texto.
Revisão crítica do próprio texto. Quando você, por falta de espaço, não tiver abordado algum
assunto na extensão ou profundidade que pretendia inicialmente.
Revisão dos limites do próprio trabalho. Quando você depender de uma delimitação muito precisa
dos conceitos ou problemas que você examinou em seu texto.
Sugestão de novas pesquisas. Quando o seu texto abrir a perspectiva de novas fronteiras
inexploradas do conhecimento.
Como sempre, a lista acima não tem a pretensão de ser exaustiva. Cabe a você observar os bons recursos que
encontrar em parágrafos finais, anotá-los, catalogá-los segundo seus próprios critérios e usá-los quando forem
adequados.

Exercício
Escolha um dos parágrafos que você redigiu na lição 47 e, após imaginar um desenvolvimento de ideias (que
você redigirá em outra lição mais adiante) redija um parágrafo de conclusão que inclua pelo menos 4 dos
recursos apresentados nesta lição.

Resumo da lição

O parágrafo de conclusão é a sua última oportunidade de realçar a ideia central de seu texto. Aproveite!

18 A explicação que se segue é parcialmente baseada em CAPITAL COMMUNITY COLLEGE FOUNDATION. Concluding
Paragraphs. Disponível em http://grammar.ccc.commnet.edu/grammar/composition/endings.htm. Acesso em 23 de
setembro de 2015.
Curso Online de
Redação

Lição 53 − Parágrafos de desenvolvimento (1) − Noções iniciais


Uma vez resolvido o problema da criação do parágrafo inicial, os parágrafos de desenvolvimento não deveriam
constituir problema para o escritor, já que o processo de desenvolvimento, em si, é bastante simples: após
situar o leitor quanto às questões que serão abordadas no texto, basta apresentar, em cada parágrafo
subsequente, uma ideia central que dê suporte à sua declaração de tese. O suporte à declaração de tese pode ser
feito através de:
Fatos: Envolvem a apresentação de dados estatísticos, depoimentos, declarações, pesquisas, notícias,
acontecimentos de conhecimento geral, registros históricos, documentos − enfim, qualquer
informação que possa ser conferida pelo leitor. Os “fatos” representam, neste sentido, o apelo às
“coisas do mundo”, isto é, às coisas que existem fora da mente do escritor. Como exemplo, pesquise
você mesmo qualquer notícia de jornal ou artigo científico, tipos de texto em que todos os parágrafos
contém − ou deveriam conter! − apenas e simplesmente fatos.
Argumentos: “Argumentação” é apresentação textual de um processo de raciocínio lógico que
articula abstrações, conceitos, princípios, teorias, esquemas, fórmulas, axiomas, postulados, teoremas
ou outras concepções de validade geral, com a ideia central que se deseja defender. Usamos aqui a
palavra “argumento” para nos referir ao apelo às “coisas da mente”, isto é, às coisas que só existem
na mente do escritor e que ele tenta transferir para a mente do leitor através do seu texto. Como
exemplos de textos em estilo 100% (ou quase) argumentativo, pesquise você mesmo qualquer
editorial ou coluna de opinião em um jornal ou, ainda, qualquer livro de Filosofia.
Persuasão. “Persuasão” é o processo de convencer com o recurso às emoções e à sensibilidade e
mínimo apelo ao intelecto ou à racionalidade. Assim, para persuadir, o escritor usará imagens,
analogias, comparações, metáforas, metonímias, sinestesias, entre outras figuras de linguagem, além
de um vocabulário mais sugestivo do que descritivo, recorrendo frequentemente à ambiguidade, aos
jogos de palavras, ao duplo sentido, aos trocadilhos, às rimas, às brincadeiras, às piadas, e assim por
diante. A persuasão, neste sentido, é o apelo às “coisas do coração”. Exemplos de textos persuasivos
podem ser encontrados em qualquer anúncio publicitário.

Importante!
A persuasão, num texto dissertativo-argumentativo, deve ser empregada com extrema cautela e, em
caso de dúvida, eliminada. Caso você decida recorrer à persuasão em um texto dissertativo-
argumentativo, recomendamos esperar até os parágrafos finais, após a apresentação completa de todos
os fatos e argumentos que justificarão o apelo à emoção do leitor.

Exercício
Volte ao exercício da lição 51 e crie um parágrafo de desenvolvimento que contenha fatos e/ou argumentos que
conectem o parágrafo de abertura ao parágrafo de encerramento que você redigiu naquela lição.

Resumo da lição

Os parágrafos de desenvolvimento conectam o parágrafo da abertura ao parágrafo de encerramento, seja


apresentando fatos e argumentos ou recorrendo à persuasão.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 54 − Parágrafos de desenvolvimento (2) − Enumeração

Evidentemente, um escritor com limitada experiência tenderá a produzir parágrafos muito parecidos uns com
os outros, criando um texto que, no geral, soará monótono. Por isso, nesta lição e nas seguintes, você exercitará
sete técnicas de desenvolvimento de parágrafos que o ajudarão a ganhar versatilidade e a evitar a monotonia
mesmo em textos bastante longos.
A primeira técnica a abordar é a mais simples, mas também muito poderosa: a enumeração. A enumeração tem
diversas vantagens:
Demonstra ao leitor a amplitude de seu conhecimento sobre o assunto, ao apresentar diversos itens
de informação sobre um mesmo tema.
Desencoraja as críticas, já que o leitor teria que derrubar não apenas um fato ou argumento, mas toda
a série de fatos ou argumentos apresentados na enumeração.
Exerce efeito persuasivo indireto ao reforçar uma ideia com tantos fatos ou argumentos diferentes
que não resta opção ao leitor senão render-se à sua visão do problema abordado no texto.
Força o leitor a acompanhar o seu raciocínio, já que você apresentará as ideias em uma sequência
lógica predeterminada.

Nesta obra, devido a seu cunho didático, empregamos extensivamente as enumerações. Nos parágrafos acima,
empregamos a enumeração por lista desordenada, usando marcadores (●) para destacar visualmente os itens da
lista e explicitar ao leitor que se tratam de elementos de um mesmo conjunto, isto é, o “conjunto das vantagens
da enumeração”.
A lista desordenada é apenas uma maneira de apresentar uma enumeração. Ainda no terreno das listas, a
enumeração do “conjunto das vantagens da enumeração” poderia ter sido apresentada sob a forma de uma lista
ordenada numérica (com algarismos arábicos ou romanos), alfabética (maiúsculas ou minúsculas) ou
alfanumérica (combinação de números e letras). Em geral, as listas ordenadas devem ser reservadas aos
seguintes casos:
1 Conjuntos em que os elementos componham uma sequência, seja cronológica ou de outro tipo.
2 Conjuntos complexos, com diversos níveis de subconjuntos, não se esquecendo de que:
2.1 Os subitens devem receber destaque e numeração especial.
2.2 É importante evitar excesso de subníveis em uma enumeração ordenada.
Além das listas, é possível fazer uma enumeração sob a forma de “texto corrido”. Por exemplo, veja como
poderíamos enumerar o “conjunto das vantagens da enumeração” usando esta técnica:
“As enumerações têm diversas vantagens. Primeiramente, demonstram ao leitor a amplitude de
seu conhecimento sobre o assunto, ao apresentar diversos itens de informação sobre um mesmo
tema. Em segundo lugar, desencorajam as críticas, já que o leitor teria que derrubar não
apenas um fato ou argumento, mas toda a série de fatos ou argumentos apresentados na
enumeração. Terceiro: exercem efeito persuasivo ao reforçar uma ideia com tantos fatos ou
argumentos diferentes que não reste opção ao leitor senão aceitar sua visão do problema
abordado no texto. Finalmente, as enumerações forçam o leitor a acompanhar o seu raciocínio,
já que você apresentará as ideias em uma sequência lógica predeterminada.”

Os itens da enumeração sob a forma de “texto corrido” não precisam ser apresentados todos no mesmo
parágrafo, desde que você utilize expressões identificadoras de enumeração. Veja, na figura 8, uma
representação esquemática deste conceito.
Curso Online de
Redação

Figura 8: Os elementos da
enumeração não precisam
estar todos no mesmo
parágrafo.

Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e crie um parágrafo de desenvolvimento usando a técnica da enumeração com
texto corrido. Em seguida, converta esse parágrafo para a forma de lista, seja desordenada ou ordenada, a seu
critério.

Resumo da lição

As enumerações são um recurso simples e poderoso para o desenvolvimento de parágrafos, seja sob a forma de listas
desordenadas, listas ordenadas ou de texto corrido.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 55 − Parágrafos de desenvolvimento (3) − Oposição


Quando a ideia central estiver em oposição direta a uma outra ideia, informação, argumento ou fato, uma
forma inteligente de desenvolver o parágrafo é explicitando essa oposição, registrando as características que se
encontram em paralelo e permitem a comparação direta. Por exemplo:
“O reflexo da gestão petista no governo federal e do trabalho de oposição do PSDB pode ser
verificado nas filiações partidárias. De acordo com a Justiça Federal, o PSDB é o partido que
mais registrou novos filiados em 2015, com 15 mil novos registros até a metade de abril. Neste
mesmo período, o partido que mais registrou desfiliações foi o PT, com 6,2 mil pessoas deixando
a legenda.”

(Fonte: SUL CONNECTION. Enquanto PT definha, PSDB filia em massa no Paraná.


Disponível em http://www.sulconnection.com.br/noticias/1516/enquanto-pt-definha-psdb-filia-
em-massa-no-paran. Publicado em 24/09/2015 às 14:40h).

Observe como, no exemplo, o jornalista está comparando dois partidos com base na mesma variável numérica:
o número de filiações e desfiliações em determinado período de tempo. Mas a oposição também pode ser
qualitativa, como nestes versos da música “Azul da Cor do Mar”, de Tim Maia:
“Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir
Tenho muito pra contar, dizer que aprendi
E na vida a gente tem que entender
Que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”

(MAIA, Tim. Azul da cor do mar. Apud Um nasce para sofrer enquanto o outro ri. Disponível em
http://atrasdamusica.tumblr.com/post/32480872746/um-nasce-pra-sofrer-enquanto-o-outro-ri . Acesso em 09
de outubro de 2015.)

Um outro bom exemplo de oposição qualitativa é oferecido pela jornalista Isabel de Luca, correspondente do
jornal “O Globo”, ao apresentar uma trágica situação humana que se desenrola sobre um paradisíaco pano de
fundo:

“Do outro lado do Mar Egeu, na ilha de Kos, a beleza do castelo medieval Neratzia, as praias
banhadas por águas azuis cristalinas — e pedrinhas no lugar da areia branca — escondem um
cenário bem menos paradisíaco. É essa pequena ilha, de apenas 33 mil habitantes, uma das
principais portas de entrada de milhares de imigrantes ilegais em busca de uma vida melhor na
Europa. Segundo o Alto Comissário da ONU para Refugiados (Acnur), somente em julho, 50 mil
pessoas chegaram às ilhas gregas. Apenas em Kos estão alojados precariamente cerca de 7.000
refugiados, a maior parte vindos da Síria. E, na semana passada, todo o desalento com a falta de
infraestrutura adequada explodiu em violência”.

(LUCA, Isabel de. Enquanto isso, do outro lado do Egeu, Kos é cenário de fome e desalento
para os imigrantes. Disponível em http://oglobo.globo.com/economia/enquanto-isso-do-outro-
lado-do-egeu-kos-cenario-de-fome-desalento-para-os-imigrantes-17198390. Publicado em 15 de
agosto de 2015, atualizado em 16 de agosto de 2015).

A oposição também pode ser feita de modo mais sistemático, usando uma tabela comparativa, um recurso
muito utilizado por fabricantes para explicitar as diferenças de recursos e preços entre diversas versões de um
mesmo produto, como na figura 9.
Curso Online de
Redação

Figura 9: Exemplo de tabela comparativa entre versões


do produto ABC.

A tabela comparativa também pode ser usada para oposições entre fatos históricos, pessoas, países e muitas
outras situações. Use-a quando tiver um número relativamente grande de fatores de comparação que torne
inviável a sua apresentação sob a forma de texto corrido.

Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e crie dois parágrafos de desenvolvimento usando a técnica da oposição, sendo
um de oposição quantitativa e, o outro, de oposição qualitativa.

Resumo da lição

Use a técnica da oposição quando você tiver dados e informações quantitativos ou qualitativos que possa apresentar em
oposição à ideia central do parágrafo. Quando a quantidade de dados para comparação for muito grande, use uma tabela
comparativa.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 56 − Princípios de Sensatez − Parte 6 − O necessário e o


suficiente
Ao longo de todo este curso, em especial na lição 44, mencionamos diversas vezes a ideia de que certas
“condições” afetam diretamente as coisas que podemos ou não afirmar sobre um determinado fenômeno. Uma
“condição” se refere a um fator qualquer que, quando presente, torna verdadeira ou falsa uma outra afirmação.
Por exemplo:
Ganhei 1 milhão de reais na loteria: estou rico!

A afirmação acima só será verdadeira se a pessoa não tiver um grande volume de dívidas. Se a pessoa ganhou
1 milhão, mas deve 2 milhões, ela não ficou “rica” mas, apenas, “menos endividada”!
A informação de que alguém tem em sua posse uma quantidade qualquer de dinheiro, não importando o quão
grande seja essa quantidade, não é suficiente para afirmarmos que ela é, está ou ficou “rica”. Por outro lado, só
podemos afirmar que é rica uma pessoa que tem, à sua disposição, uma grande quantidade de dinheiro. Caso
não tenha, nem é preciso perguntar mais nada: essa pessoa, definitivamente, não é rica!
Em síntese, a posse de grande quantidade de dinheiro é uma condição necessária, mas não suficiente, para
afirmarmos que uma pessoa é rica.
Agora, veja o seguinte exemplo:
Raimundo não é rico, afinal, ele sequer tem um iate.

Ora, do mesmo modo que a propriedade de um iate não é uma condição para afirmar que uma pessoa é ou não
“rica” − por exemplo, ele pode tê-lo recebido de herança ou ganho em um sorteio − não ter um iate também
não é! Afinal, ele pode ter optado por não ter um iate, por absoluta falta de interesse em viagens ou passeios
marítimos.
Portanto, quando você estiver redigindo um texto verifique se apresentou todas as condições necessárias e
suficientes para validar as suas afirmações mais contundentes ou sujeitas a provocar polêmica.
Por outro lado, também é importante verificar se você não está incluindo em seu texto informações
desnecessárias, isto é, fatos, argumentos ou outras afirmações que não contribuem para validar suas
afirmações, servindo apenas para demonstrar “erudição”, “expertise profissional” ou qualquer outra finalidade
não relacionada ao objetivo do texto. A boa prática da redação recomenda que se evite dispersar a atenção do
leitor; por isso, esforce-se sempre para limitar a validação de suas afirmações à apresentação de um conjunto
de condições necessárias e suficientes. Resista ao impulso de “enfeitar o pavão” e você causará uma impressão
muito melhor em seus leitores.

Exercício
1. Redija uma frase que contenha uma afirmação contundente sobre um assunto qualquer, à sua escolha.
2. Apresente, sob a forma de uma lista, as condições necessárias e suficientes para que essa afirmação
seja considerada verdadeira ou falsa, conforme o caso.

Resumo da lição

As afirmações mais contundentes de seu texto devem ser acompanhadas da descrição de todas as condições
necessárias e suficientes para que elas sejam consideradas verdadeiras, excluindo também todas as
informações desnecessárias.
Curso Online de
Redação

Lição 57 − Parágrafos de desenvolvimento (4) − Analogia


A analogia é uma forma especial de comparação que consiste na tentativa de “traduzir” uma ideia
desconhecida para o leitor em termos que ele tenha maior probabilidade de conhecer. Por exemplo, podemos
fazer uma analogia deste curso de redação com o ensino da culinária. Na parte 1, do vocabulário, ensinamos as
técnicas para escolher os melhores “ingredientes” para o preparo do “prato”. Em seguida, na parte 2,
ensinamos a “cortar”, “temperar” e dividir esses ingredientes em “porções” a que chamamos de “frases”.
Agora, na parte 3, estamos aprendendo a “misturar”, “combinar” e “montar” essas “porções” em “panelas” a
que chamamos de “parágrafos”.
Também podemos fazer uma analogia entre a formação de um escritor e a condução de automóveis. Nesse
sentido, este curso seria uma “autoescola” em que você aprenderia as noções básicas do funcionamento do
automóvel, da legislação de trânsito, da condução segura em ruas e estradas e do estacionamento. Da mesma
forma que esse conhecimento é necessário, porém não suficiente, para quem deseja ser um motorista de
caminhão ou piloto de fórmula 1, este curso de redação fornece uma base essencial, porém não suficiente, para
quem deseja escrever textos publicitários, roteiros para cinema e TV, crônicas, contos, romances e poemas,
entre outras formas textuais especializadas.
Desses exemplos, percebe-se que uma “analogia” é uma “comparação” entre coisas diferentes. Por exemplo, se
confrontarmos a força física de um atleta com a de uma criança ou de um animal, trata-se de uma simples
comparação de “força física” com “força física”, não de uma analogia. Mas, se compararmos a “força física de
um atleta” com a areia em uma ampulheta, o fogo em uma fornalha, o sol do meio-dia, a potência de um
automóvel, o vigor de um touro, aí sim, em todos esses casos, estaremos diante de legítimas ANALOGIAS.
Embora seja possível fazer analogias entre praticamente tudo o que existe − a imaginação é o único limite −
recomendamos alguns cuidados quando você se decidir a usar esse importante recurso:
Bom gosto. Analogias podem ser extremamente ofensivas ou desagradáveis quando mal escolhidas.
Avalie se a analogia não está desafiando algum preconceito ou suscetibilidade (lembre-se da lição 29!)
antes de incluí-la em seu texto.
Pertinência. As analogias, muitas vezes, podem ficar deslocadas quando no texto predominam fatos,
números, dados objetivos e argumentos. Nessas situações é bom “preparar o terreno”, explicando ao
leitor porque você recorrerá a uma analogia para esclarecer aquela ideia específica.
Base lógica e ou factual. Uma analogia, isoladamente, nunca é suficiente como explicação do que
quer que seja. Certifique-se de que o texto contenha fatos ou argumentos lógicos para justificar a ideia
que a analogia esclarecerá no plano da imaginação do leitor.
Limitada ao essencial. Uma analogia jamais é “perfeita”. Se fosse perfeita, não seria uma “analogia”,
mas uma “definição”! Entretanto, muitos escritores acabam “esticando o elástico” excessivamente, se
entregando ao deleite da imaginação e, antes que percebam, criam uma analogia gigante que serve
mais para confundir o leitor do que para esclarecê-lo. Assim, em textos dissertativo-argumentativos,
limite as suas analogias aos pontos essenciais ao entendimento da ideia que deseja defender.
As analogias são uma forma de estimular a imaginação do leitor com o objetivo de ajudar a esclarecer um
ponto obscuro ou difícil nas ideias do autor, não sendo capazes de substituir a apresentação de fatos e
argumentos. Use-as, portanto, com inteligência e parcimônia em textos dissertativo-argumentativos.

Exercícios
Volte ao exercício da lição 52 e crie um parágrafo de desenvolvimento usando a técnica da analogia.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição
As analogias estimulam a imaginação do leitor com o objetivo de ajudar a esclarecer um ponto obscuro ou difícil nas
ideias do autor, não sendo capazes de substituir a apresentação de fatos e argumentos.
Curso Online de
Redação

Lição 58 − Parágrafos de desenvolvimento (5) − Exemplos


Os exemplos são um recurso tão valioso que chegam a ser obrigatórios em uma variedade de contextos − por
exemplo, em obras didáticas como esta, em que praticamente cada uma das lições exige a pesquisa ou
produção de, pelo menos, um exemplo de aplicação prática dos conceitos abordados. De fato, o exemplo
representa o momento em que o autor conduz a mente do leitor desde o etéreo mundo das abstrações e
generalidades até o terreno sólido das situações específicas da vida.
Os bons exemplos constituem uma ponte entre o pensamento e o mundo, entre a teoria e a prática. Não por
acaso, os estudantes desconfiam dos professores incapazes de fundamentar em exemplos o seu discurso
teórico, assim como os professores costumam reprovar os alunos que, embora capazes de papagaiar as
fórmulas e esquemas teóricos, demonstram-se incapazes de sequer imaginar um exemplo de aplicação prática
dessas mesmas fórmulas e esquemas.
É essencial treinar e disciplinar sua imaginação para produzir exemplos para as ideias que você lê ou pretende
escrever, pois somente assim você terá a desenvoltura para redigir exemplos práticos em todas as ocasiões em
que se fizerem necessários.

Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e desenvolva um parágrafo através da técnica do exemplo.

Resumo da lição
Os exemplos representam uma prova de que você realmente entendeu a aplicação prática dos conceitos que apresenta em
seu texto.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 59 − Parágrafos de desenvolvimento (6) − Relações de


causalidade
Na lição 38, abordamos os problemas e dificuldades do estabelecimento de relações de causa e efeito. Deste
modo, é importante que você tenha em mente os conceitos dessa lição sempre que se decidir pelo
desenvolvimento de um parágrafo com base em relações de causalidade. Porém, se você obteve uma clara
compreensão de uma relação de causa e efeito qualquer após extensos estudos teóricos, meticulosas pesquisas
e/ou cuidadosa apuração de fatos, você deve apresentá-la com todo o destaque que merece essa valiosa
descoberta.
Quanto à redação propriamente dita, esta é uma técnica bastante simples para desenvolvimento de parágrafos.
As possibilidades são as seguintes:
1 Uma causa, um efeito.

1.1 Esta é a situação mais simples: apresente a causa e, em seguida, mostre como ela conduz ao
efeito.

1.2 Alternativamente, você pode apresentar o efeito e, em seguida, demonstrar como ele é um
resultado de uma, e apenas uma, causa.

2 Uma causa, mais de um efeito.

2.1 A forma mais prática é apresentar a causa e, em seguida, os efeitos práticos dessa causa.

2.2 Uma possibilidade com maior efeito dramático e, também, maior risco de dispersão, é
apresentar todos os efeitos e, em seguida, demonstrar que todos eles têm a mesma causa em
comum.

3 Mais de uma causa, um único efeito.

3.1 Apresente o efeito e, em seguida, suas múltiplas causas.

3.2 Demonstre o modo como a articulação das diferentes causas produz um, e apenas um, efeito.

4 Múltiplas causas articuladas produzindo múltiplos efeitos também articulados em um todo.

4.1 Esta é a situação mais complexa de todas e, normalmente, exige diversos parágrafos,
subcapítulos ou até mesmo, vários capítulos inteiros para seu desenvolvimento. A maneira mais
óbvia de desembaraçar-se desse tipo de situação é:

4.1.1 Comece apresentando todas as causas e, em seguida, sua articulação.

4.1.2 Demonstre que esse conjunto de causas produz o conjunto de efeitos que você
apresentará no(s) parágrafo(s) seguinte(s).

4.1.3 Finalmente, apresente os efeitos e demonstre como eles estão articulados em um


grande todo.

A situação 4 exige estudo especializado durante um longo período de tempo, sendo reservada a textos
acadêmicos de cunho científico ou filosófico.
Curso Online de
Redação

Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e desenvolva um parágrafo através das técnicas 2 ou 3 da apresentação de
relações de causa e efeito. As relações de causa e efeito, para efeito deste exercício, podem ser fictícias, pois
nosso objetivo aqui é apenas exercitar a técnica de apresentação.

Resumo da lição

Se você obteve, por meio de estudos teóricos, pesquisas ou levantamento de fatos, uma clara compreensão de uma relação
de causa e efeito, você deve utilizá-la no desenvolvimento de parágrafos.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 60 − Parágrafos de desenvolvimento (7) − Análise,


Conexão e Síntese
Muitas vezes, o escritor aborda um objeto que pode ser dividido em um número finito de partes componentes
claramente identificáveis. Um exemplo bastante simples é a tradicional divisão do corpo humano em “cabeça”,
“tronco” e “membros”.
A divisão de um objeto em suas partes componentes chama-se “análise” e é uma das mais úteis ferramentas
para aquisição e comunicação do conhecimento. Com a técnica da análise, é possível reduzir até mesmo os
objetos e problemas mais complexos a um conjunto de partes simples, fáceis de entender.
Evidentemente, a análise é apenas o primeiro passo da produção do conhecimento. Na etapa seguinte, é preciso
descrever e explicar o funcionamento de cada uma das partes componentes do todo, tarefa que, muitas vezes,
envolverá análises adicionais.
Por exemplo, observe como o planejamento deste curso de redação seguiu o método analítico. Partimos do
princípio de que, entendida como um todo, a técnica da redação em Língua Portuguesa é excessivamente
complexa para ser ensinada como um todo completo, sendo necessário, inicialmente, reduzi-la a suas partes
componentes mais simples − vocabulário, frase, parágrafo. Entretanto, cada uma dessas partes também é
bastante complexa, de modo que foi necessário dividi-las novamente em partes ainda menores, mais simples
de entender, que são apresentadas sob a forma de “lições” ao longo de todo o curso.
O movimento oposto ao da análise, que consiste no ato de explicar como as partes componentes se unem para
formar o todo, é chamado de “síntese”. Voltando ao exemplo deste curso de redação, observe como você
progrediu do estudo das palavras ao estudo das frases e, em seguida, do estudo das frases ao estudo dos
parágrafos, usando o conhecimento adquirido em cada lição para “sintetizar” unidades de texto cada vez
maiores.
É preciso entender que uma “síntese” não é uma mera lista de partes componentes obtidas após uma análise.
Jamais conseguiremos entender o que é um automóvel simplesmente lendo uma listagem de suas centenas de
peças. Por exemplo, veja o modo como um instituto de pesquisa inglês calculou a composição média de um
automóvel:
50% de aço;
19% de ferro fundido;
8% de materiais não-ferrosos;
7% de plásticos;
6% borracha;
3% vidro;
2% de fluidos;
5% de outros materiais.
(Fonte: AMBIENTE BRASIL. Disponível em http://blog.ambientebrasil.com.br/2009/12/quantas-pecas-tem-
um-carro/. Publicado em 23 de dezembro de 2009. Acesso em 15 de outubro de 2015.)
Definitivamente, não é possível saber muita coisa sobre um automóvel a partir da simples observação da lista
de seus componentes químicos! Para entender porque isso acontece, observe a figura 10:
Curso Online de
Redação

Na figura 10, temos um grande retângulo composto por quatro


áreas menores de tamanhos, formatos e cores diferentes, a que
chamamos de “partes” e identificamos pelas letras A, B, C
e D. Essas quatro áreas menores estão separadas por grossas linhas
na cor preta.
As áreas coloridas representam as partes que descreveremos em
nosso texto, enquanto as linhas pretas representam as conexões
entre as diversas partes, isto é, o conjunto de informações que
“desaparecem” quando quebramos o retângulo nas quatro
áreas menores.
Usando uma analogia: se as partes Figura 10: Durante o processo de componentes de um todo fossem
os “tijolos”, as conexões seriam o análise, as conexões costumam ser
sacrificadas em nome da simplicidade.
“cimento”. Da mesma forma que,
ao desmontar uma parede para isolar os tijolos, é indispensável
quebrar e eliminar o cimento que os une, todo processo de análise, inevitavelmente, destrói as conexões entre
as partes.
Uma síntese, portanto, requer explicações sobre a articulação das partes componentes. É preciso explicar como
a cabeça e os membros se unem ao tronco para entender o corpo humano. É preciso explicar como o aço se
conecta ao vidro e ao plástico para entendermos como é um carro. Também é preciso explicar como as
palavras se somam às outras para formar frases, como as frases se articulam umas com as outras para formar
parágrafos e como os parágrafos se sucedem formando um conjunto coerente a que podemos chamar de
“redação”, “artigo”, “monografia” ou “livro”.
Como sempre, existe mais de uma forma de desenvolver um parágrafo ou conjunto de parágrafos usando a
técnica da análise-síntese:
1. Primeiro apresente o todo e, em seguida, “desmonte-o”, identificando as partes componentes enquanto
apresenta também as conexões que formam o todo. Este método pode ser usado com vantagem em
análises de objetos relativamente simples, que envolvam pequeno número de partes componentes e
articulações não muito complicadas. Em análises de objetos complexos, esta técnica pode facilmente
levar o leitor a “perder o fio da meada”.
2. Apresente o todo e, em seguida, identifique as partes componentes, deixando a explicação das
conexões para um momento posterior. Esta técnica é mais indicada para objetos complexos, mas
também pode ser usada nas situações mais simples.
3. Também é possível inverter a ordem, identificando primeiro as partes componentes e, em seguida,
explicitando suas conexões para, somente ao final, mostrar o todo. Quando bem empregada, esta
técnica cria um “suspense” que pode aguçar o interesse do leitor, sendo a técnica preferida por Arthur
Conan Doyle nas histórias do detetive Sherlock Holmes.
Exemplos bastante simples da técnica da análise podem ser encontrados em qualquer receita culinária. Em
primeiro lugar, apresenta-se a “síntese”, o resultado final desejado, isto é, o prato pronto para ser consumido,
eventualmente ilustrado com uma foto produzida de forma a despertar o apetite. Em seguida, procede-se à
“análise” prato, apresentando-se a lista de ingredientes necessários. Finalmente, apresentam-se as “conexões”
entre os diversos ingredientes através da descrição detalhada do modo de preparo.
A técnica de análise, conexão e síntese requer do escritor grande controle intelectual do tema da redação. Para
empregá-la, você precisa ser capaz de descrever, de forma clara e completa, tanto o todo que será analisado
quanto cada uma de suas partes componentes. Em seguida, você precisará ser capaz de explicar, também forma
clara, completa e lógica, as conexões entre essas partes e o modo como essas conexões conduzem
inevitavelmente ao todo. Portanto, você só deve usar esta técnica após um estudo tão completo quanto possível
do objeto de sua redação.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e desenvolva um pequeno conjunto de parágrafos empregando a técnica da
análise, conexão e síntese. Como sempre, você pode se basear em informações fictícias, pois o objetivo aqui é
apenas exercitar a técnica de redação.

Resumo da lição

A técnica de desenvolvimento por análise, conexão e síntese é a que requer maior domínio intelectual do objeto por parte
do escritor. Certifique-se de saberá descrever e explicar com o máximo de clareza e objetividade cada um dos itens que
apresentará em seu texto.
Curso Online de
Redação

Lição 61 − Parágrafos de desenvolvimento (8) − Definição,


Etimologia e Conceituação

Algumas vezes, o objeto da redação ou do parágrafo é o significado e o sentido − lembre-se da lição 11! − de
uma palavra ou conjunto de palavras. Na lição 15, vimos como algumas palavras como “Filosofia” ou
“Liberdade” podem render milhões de palavras em muitos milhares de publicações. Assim, caso a sua redação
inclua ao menos uma palavra de sentido muito amplo, ambíguo ou controverso, você pode, justificadamente,
desenvolver um parágrafo ou conjunto de parágrafos para introduzir a discussão sobre essa palavra em seu
texto.
A técnica da definição foi extensamente estudada nas lições 16 a 20 deste curso. Sinta-se à vontade para
recorrer a ela sempre que for necessário desfazer uma ambiguidade, expressando-se de forma inequívoca para
seu leitor.
Um recurso que pode render um ou mais parágrafos de reflexão é a Etimologia, isto é, o estudo da origem da
palavra que você está abordando. Por exemplo, é possível que pouca gente saiba que a palavra “nostalgia” é
formada pela aglutinação de duas palavras gregas: “nostos”, que significa “regresso”, e “algos”, que significa
“dor”. Deste modo, dizemos que sentimos “nostalgia” quando “regressamos” mentalmente a uma situação ou
lugar do passado e essa lembrança provoca uma espécie de “dor” emocional. Até mesmo uma explicação
simples como esta pode suscitar uma série de reflexões e conclusões interessantes e inesperadas, a depender do
tema que você precise abordar.
A conceituação é um recurso mais elaborado do que os anteriores e que, normalmente, envolve a redação de
bem mais do que um parágrafo, não sendo incomum que se estenda por capítulos e livros inteiros. Alguns
autores chegam a dedicar toda a sua vida produtiva à conceituação de certas ideias altamente complexas ou de
importância fundamental para o destino da humanidade.
Em sua manifestação mais simples, a técnica da conceituação consiste na exploração do sentido de uma
palavra a partir da “constelação” de palavras a ela relacionadas. Por exemplo, uma conceituação da palavra
“Filosofia” poderia incluir o desenvolvimento do sentido e do significado de palavras como “ser”, “ente”,
“existência”, “sabedoria”, “conhecimento”, “ética” e “estética”.
Evidentemente, a técnica da conceituação não se limita a simples listas de definições, podendo incluir
exploração de relações lógicas e factuais, o confronto do raciocínio abstrato com exemplos e casos práticos, a
exploração das consequências gerais de dados de pesquisa empírica ou, inversamente, a consequências
empíricas de certas ideias de validade geral, entre muitas outras. O objetivo do autor de uma conceituação é
obter um entendimento “denso” de uma ideia complexa que influencie e receba a influência de múltiplas
ideias, todas elas, em si mesmas, também bastante complexas.
Veja a seguir um exemplo simplificado de aplicação, à redação de um parágrafo, de todas as técnicas descritas
nesta lição:
(1) A palavra “lar”, em seu sentido mais básico, designa a casa onde moram as pessoas da
mesma família. (2) A palavra chegou até nós diretamente do latim e, originalmente, era o nome
do deus protetor da casa. (3) Ao longo do tempo, a palavra lar adquiriu um sentido mais rico,
para indicar mais do que um simples lugar, estando relacionada a ideias como proteção,
aconchego e segurança, enfim, uma sensação geral de “acolhimento”. O sentido também foi
ampliado e incorporado a certas disciplinas científicas. Por exemplo, em sentido econômico, o
“lar” representa a unidade básica de consumo e formação das forças produtivas. Já num sentido
antropológico e sociológico, o “lar” pode ser entendido como a unidade básica de formação da
sociedade, onde os comportamentos, crenças e valores sociais são transmitidos de uma geração
a outra.

(1) Definição
Alexei Gonçalves de
Oliveira
(2) Etimologia

(3) Conceituação

Um recurso desenvolvido para ajudar cientistas e pesquisadores a conceituar mais precisamente os seus
problemas de pesquisa, mas que também pode ser empregado por escritores como auxílio à redação de
parágrafos de desenvolvimento tanto por conceituação quanto por análise, síntese e conexão, é o “mapa
conceitual” ou “mapa mental”. Nele, o escritor organiza visualmente as diversas palavras relacionadas ao tema
da sua pesquisa, o que facilita a identificação rápida do todo, das partes componentes e suas conexões. Veja um
exemplo na figura 11.

Figura
O mapa conceitual é um recurso tão útil
para o escritor que você deve adquirir
desde já o hábito de jamais começar a
redigir qualquer texto dissertativo-
argumentativo sem mapear os diversos
assuntos que pretende abordar. O
método mais simples 11: Um exemplo de mapa mental, criado com o software de de fazer um mapa
conceitual consiste código aberto Freemind, que pode ser usado produzir um em redigir uma lista,
ordenada ou não, texto de conceituação da palavra “Empresa”. que organize
visualmente os assuntos em tópicos
e subtópicos. Por exemplo, veja como o mapa conceitual da figura 9 poderia ter sido apresentado sob a forma
de lista de tópicos:
Empresa
◦ Ambiente cultural
▪ Empreendedorismo
▪ Confiança nas empresas.
◦ Ambiente jurídico
▪ Legislação
▪ Instituições
◦ Concorrentes
▪ Nacionais
▪ Estrangeiros
Importados
Atuantes no país
◦ Clientes
▪ Consumidores finais
▪ Empresas privadas
▪ Governos
◦ Economia
▪ Variáveis macroeconômicas
▪ Políticas governamentais
Curso Online de
Redação
▪ Infraestrutura
◦ Estilo de organização
▪ Técnicas de gestão
▪ Tecnologia
▪ Grau de centralização
Outra maneira de desenvolver um mapa conceitual é desenhá-lo no papel, rascunhando e rabiscando o seu
desenho até chegar à forma mais adequada a seu objetivo. Se você gosta de trabalhar com computadores, o uso
de softwares como o Freemind (http://freemind.sourceforge.net/), uma ferramenta gratuita e de código aberto,
permite que você crie mapas conceituais visualmente agradáveis para ideias bastante complexas com o mínimo
de esforço.

Exercício
Volte ao exercício da lição 52 e redija:
1. Um parágrafo empregando a técnica da definição.
2. Um parágrafo explorando a etimologia de uma palavra-chave do tema abordado.
3. Um mapa conceitual, usando tópicos e subtópicos, da palavra-chave acima.

Resumo da lição

A definição, a etimologia e a conceituação são técnicas essenciais para a exploração intelectual do sentido de palavras,
sendo que a técnica da conceituação pode se tornar muito mais fácil se você contar com o auxílio de mapas mentais.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 62 − Princípios de Sensatez − parte 7 − Provas e


especulações

Nas conversas cotidianas com amigos e pessoas da família, é relativamente raro que alguém sinta necessidade
de “provar” ou de exigir uma “prova” das afirmações feitas por ambas as partes. Porém, mesmo nas conversas
informais, quando alguém faz uma afirmação que consideramos “ousada”, ficamos desconfiados e pedimos
que nosso interlocutor “prove” a veracidade do que está dizendo.
Mas, afinal, o que é uma “prova”? Numa definição simples, uma “prova” é a reunião de evidências em
quantidade e qualidade suficientes para estabelecer a verdade de uma afirmação. Deste modo, podemos dizer
que as “provas” integram duas características fundamentais:
1. “Evidências” são fatos que dão suporte à afirmação. Podem assumir a forma de testemunhos, documentos,
experimentos científicos, dados estatísticos, testes de laboratório, argumentos racionais desenvolvidos a partir
de preceitos teóricos, entre muitas outras.
2. A quantidade e a qualidade das evidências consideradas suficientes para estabelecer a “prova” de uma
afirmação podem variar muito, tanto em função da área de conhecimento — as “provas” exigíveis e aceitáveis
em Direito serão bem diferentes das “provas” exigíveis e aceitáveis em Medicina, Química, Economia ou
Filosofia, por exemplo — quanto da subjetividade de quem exige a prova. Uma pessoa crédula ou simpática a
uma ideia exigirá menos provas do que uma pessoa mais desconfiada ou cética. Por outro lado, nenhum
conjunto de evidências, por mais fortes que sejam, jamais será considerado suficiente por uma pessoa cuja
visão de mundo ou cujos interesses sejam contrariados por uma afirmação específica.
Embora o fator subjetivo tenha um peso importante na aceitação de um conjunto de evidências como “prova”,
o fato é que encontramos mais erros por falta de evidências do que por excesso de ceticismo nas discussões em
todas as áreas de conhecimento. O motivo é simples e compreensível: as pessoas, quando se entusiasmam com
uma ideia, tendem a procurar evidências que reforcem a afirmação, encarando com má vontade ou
simplesmente ignorando todas as evidências que a contrariem. Trata-se um fenômeno normal no ser humano
que também funciona na direção oposta: o sujeito que já está “convencido” de uma ideia, combate com árduo
ceticismo e desdenha de toda ideia nova que o desafie.
A consequência inevitável é que o escritor, mais uma vez, precisa focalizar o tipo de leitor a que dirige seu
texto antes de se decidir quanto à ênfase que dará à apresentação de “provas” de suas afirmações:
Conhecimento prévio. Um leitor “leigo” tenderá a se satisfazer com evidências mais fracas e em
menor quantidade do que o leitor especializado.
Inclinação a acreditar. Um leitor que já faça parte de um círculo de “crentes” em uma determinada
ideia exigirá menos evidências do que um leitor indiferente ou cético.
Custo do erro. Os leitores que tenham mais a perder caso uma ideia esteja errada tenderão a ser mais
céticos do que os demais.
Novidade e familiaridade. A afirmação de ideias novas requer mais evidências e maior compromisso
com a prova do que de ideias com as quais o leitor já esteja familiarizado.
Credibilidade do escritor junto aos leitores. Quando autor já tem uma trajetória profissional ou
acadêmica que lhe confere um maior grau de credibilidade e boa vontade junto aos leitores, ele tem
menor necessidade de reunir grande quantidade de evidências para comprovar o que afirma.
Banca avaliadora. Quando seu texto será avaliado em seus méritos profissionais ou acadêmicos por
uma banca avaliadora, como no caso de teses de mestrado e doutorado, relatórios à diretoria de uma
empresa ou redações e questões discursivas em concursos públicos, é prudente esperar a máxima
exigência quanto à apresentação de provas de suas afirmações.
Comunidade científica. Os artigos e trabalhos dirigidos à comunidade científica, caso cheguem a
despertar algum interesse, serão submetidos a minucioso escrutínio, de modo que qualquer afirmação
Curso Online de
Redação
não fundamentada em um forte conjunto de evidências será desprezada, escarnecida e brutalmente
criticada.
Um último alerta necessário é sobre a necessidade de não confundir “prova” com “especulação”. Enquanto
“provar” é demonstrar de forma definitiva que uma afirmação é verdadeira, “especular” é usar a imaginação
para afirmar uma possibilidade — isto é, algo que ainda não foi provado — a partir de um conjunto de
evidências.
Por exemplo, se uma câmera de segurança filmou todos os atos de uma pessoa enquanto ela cometia o crime,
está “provado” que ela é realmente a criminosa. Por outro lado, se a pessoa “foi vista” à distância saindo do
local de um crime, este fato pode ser suficiente apenas para “especulações” sobre sua participação no crime.
Portanto, a inclusão de “especulações” no seu texto pode ser válida desde que (1) você já tenha apresentado
um número suficiente de evidências para apoiá-las, embora não para “prová-las” e (2) você diga claramente
que se trata de uma especulação e que seu objetivo é instigar a investigação do tema pelo seu leitor.

Exercício
Volte ao exercício da lição 50 e, após reler o caso completo, redija uma lista de evidências que, caso fossem
confirmadas, seriam suficientes para convencê-lo das ideias apresentadas no artigo.

Resumo da lição
A quantidade e a qualidade das evidências que você apresentará como “prova” de suas afirmações deverão ser ajustadas à
área de conhecimento e ao tipo de leitor a quem você se dirige.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 63 − Juntando as peças

Se você completou com seriedade e dedicação todos os exercícios das lições 53 a 61, você tem, hoje, uma bela
coleção de parágrafos de desenvolvimento que conectam uma das introduções que você criou na lição 47 à
conclusão que redigiu na lição 52.
Você redigiu cada um desses parágrafos de desenvolvimento usando uma técnica diferente, o que provou a
você, na prática, que o seu texto não precisa ser uma sequência “chata” de pedaços de texto escritos sempre do
mesmo modo. Muito pelo contrário, você aprendeu 7 métodos diferentes de desenvolvimento de parágrafos,
sendo que cada um desses métodos comporta dezenas de variações, algumas das quais você também estudou e
exercitou.
O aprendizado desses métodos de redação de parágrafos de desenvolvimento significa também que você nunca
mais poderá reclamar de “falta de inspiração” para desenvolver suas ideias em um texto. Afinal, quando a
“inspiração” falhar, você sempre poderá voltar a esta obra e consultar as lições 53 a 61.
Para que você ganhe autoconfiança e veja o quanto o seu texto progrediu desde o início do curso, copie e cole
numa mesma página o parágrafo de introdução e o parágrafo de conclusão que deram origem aos parágrafos de
desenvolvimento. Em seguida, copie e cole, entre a introdução e a conclusão, os parágrafos de
desenvolvimento que você redigiu para esses parágrafos. Se necessário, mude a ordem de apresentação dos
parágrafos, para que formem uma sequência lógica. Fique à vontade para acrescentar algumas frases não
constantes dos parágrafos originais para criar conexões mais suaves e coerentes entre as diversas ideias.
O objetivo deste exercício é fazê-lo perceber, na prática, que …
1. … uma vez que você sabe o que vai dizer (introdução), …
2. … em que ordem vai dizer (desenvolvimento) …
3. … e o ponto a que quer chegar (conclusão) …
… o ato de redigir é, essencialmente, uma questão de usar vocabulário adequado (parte 1) em frases com
inteligente estrutura sintática (parte 2) dispostas em parágrafos coerentes (parte 3) que se sucedem de
acordo com um plano racional (parte 4 e seguintes − calma, daqui a pouco você chegará lá!).
Provavelmente, você não produzirá um texto fechado “perfeito”, nem totalmente coerente simplesmente
juntando parágrafos produzidos em lições isoladas. O importante é que você perceba como o efeito conjunto
das diversas técnicas produz um texto dinâmico e interessante, muito longe de ser monótono. Divirta-se!

Resumo da lição

Uma vez que você sabe o que vai dizer (introdução), em que ordem vai dizer (desenvolvimento) e o ponto a que quer
chegar (conclusão), o ato de redigir é, essencialmente, uma questão de empregar vocabulário adequado em frases com
inteligentes estruturas sintáticas, dispostas em parágrafos coerentes que se sucedem de acordo com um plano racional.
Curso Online de
Redação

Lição 64 − Resumo da parte 3 − Parágrafo

Cada parágrafo que você redigir deve conter uma ideia central. Assegure-se de que todas as frases que
você incluir em um parágrafo estejam (1) relacionadas à ideia central e (2) conectadas logicamente
umas às outras.
As ideias a que você quer que o leitor conceda maior destaque devem ser posicionadas nas frases mais
próximas do início do parágrafo.
As conclusões a que você deseja induzir o leitor a partir dessas ideias principais devem surgir nas
frases mais próximas do final do parágrafo.
As frases intermediárias devem conter a argumentação ou os fatos com que se pretende induzir o leitor
à conclusão expressa na última frase.
Não pergunte qual é tamanho ideal dos parágrafos do seu texto, mas quem é leitor a quem você se
dirige e o que você pretende dizer a ele.
O parágrafo de abertura desempenha a função de interessar o leitor, estimulando-o a prosseguir a
leitura.
Uma técnica poderosa para usar nos parágrafos de abertura é a do “funil” ou “pirâmide invertida”, em
que o escritor progride de uma afirmação genérica até uma informação específica, preparando o leitor
para ideia que ele realmente pretende defender.
A frase inicial do parágrafo de abertura é o anzol que fisga o leitor: cuide para que ela fique bem
caprichada!
A frase de encerramento do parágrafo inicial normalmente expressará sua declaração de tese, isto é,
uma explicação ao leitor sobre o que você pretende apresentar em seu texto e porque ele deveria estar
interessado em lê-lo até o final.
Você jamais escreverá um parágrafo de conclusão “chato”, mesmo que lhe falte inspiração, se usar a
técnica do “E daí?”.
O parágrafo de conclusão é a sua última oportunidade de realçar a ideia central de seu texto.
Aproveite!
Os parágrafos de desenvolvimento conectam o parágrafo da abertura ao parágrafo de encerramento,
seja apresentando fatos e argumentos ou recorrendo à persuasão.
As enumerações são um recurso simples e poderoso para o desenvolvimento de parágrafos, seja sob a
forma de listas desordenadas, listas ordenadas ou de texto corrido.
Use a técnica da oposição quando você tiver dados e informações quantitativos ou qualitativos que
possa apresentar em oposição à ideia central do parágrafo. Quando a quantidade de dados para
comparação for muito grande, use uma tabela comparativa.
As afirmações mais contundentes de seu texto devem ser acompanhadas da descrição de todas as
condições necessárias e suficientes para que elas sejam consideradas verdadeiras, excluindo todas as
informações desnecessárias.
As analogias estimulam a imaginação do leitor com o objetivo de ajudar a esclarecer um ponto
obscuro ou difícil nas ideias do autor, não sendo capazes de substituir a apresentação de fatos e
argumentos.
Os exemplos representam uma prova de que você realmente entendeu a aplicação prática dos
conceitos que está apresentando em seu texto.
Se você obteve, por meio de estudos teóricos, pesquisas ou levantamento de fatos, uma clara
Alexei Gonçalves de
Oliveira
compreensão de uma relação de causa e efeito, você deve utilizá-la no desenvolvimento de parágrafos.
A técnica de desenvolvimento por análise, conexão e síntese requer grande domínio intelectual do
objeto por parte do escritor. Certifique-se de saberá descrever e explicar com o máximo de clareza e
objetividade cada um dos itens que apresentará em seu texto.
A definição, a etimologia e a conceituação são técnicas essenciais para a exploração intelectual do
sentido de palavras, sendo que a técnica da conceituação pode se tornar muito mais fácil se você
contar com o auxílio de mapas mentais.
Uma vez que você sabe o que vai dizer (introdução), em que ordem vai dizer (desenvolvimento) e o
ponto a que quer chegar (conclusão), o ato de redigir é, essencialmente, uma questão de empregar
vocabulário adequado em frases com inteligente estrutura sintática dispostas em parágrafos coerentes
que se sucedem de acordo com um plano racional.
Veja agora a lista de resumos das lições de Princípios de Sensatez desta parte do curso:

Generalizar é um direito que se adquire após extenso estudo sobre as ocorrências de um evento, as
exceções aparentes e as condições em que ele ocorre ou deixa de ocorrer.
Só afirme o que você conhece. Quanto ao resto, especule com base em fatos, sempre deixando uma
honesta abertura à contestação.
As afirmações mais contundentes de seu texto devem ser acompanhadas da descrição de todas as
condições necessárias e suficientes para que elas sejam consideradas verdadeiras, excluindo todas as
informações desnecessárias.
A quantidade e a qualidade das evidências que você apresentará como “provas” de suas afirmações
deverão ser ajustadas à área de conhecimento e ao tipo de leitor a quem você se dirige.
Curso Online de
Redação

Parte 4 – Redação Simples


Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 65 – Introdução à Redação Simples − Estrutura


Do mesmo modo que, como vimos na parte 2, as frases não são meros amontoados de palavras; e que, como
você aprendeu na parte 3, os parágrafos não se limitam a simples conjuntos de frases; podemos dizer que um
texto completo é bem mais do que uma sucessão de parágrafos. De fato, aquilo que normalmente se chama de
“redação” nas escolas, faculdades e concursos é uma unidade dissertativo-argumentativa em que uma ideia-
chave é apresentada e defendida pelo seu autor. O que o leitor − especialmente o “leitor-professor” e o “leitor-
avaliador” − espera de uma “redação” é que o texto:
1. Diga com clareza e objetividade qual é a ideia do autor sobre um tema específico;
2. Explique com clareza e racionalidade porque o autor acredita que essa ideia é verdadeira.
Para seguir uma estrutura simples e lógica, o autor de uma redação deve apresentar a ideia que deseja defender
logo no parágrafo de abertura, chamado de “Introdução” (Lições 46 a 49). Em cada um dos parágrafos
seguintes, o autor deve apresentar fatos e argumentos que deem apoio à ideia central (Lições 53 a 55 e 57 a
61). No último parágrafo, o autor demonstrará ao leitor que, com base em todos os fatos e argumentos
apresentados, deve-se considerar correta a ideia inicial (Lições 51 e 52). Confira a representação esquemática
desta estrutura na figura 12.

Chamamos de
“redação simples” a todo texto
que siga à risca essa
estrutura, isto é, que
seja composto por um
único Figura 12: Estrutura da redação simples. parágrafo de
abertura e um único
parágrafo de conclusão, intercalados por um número relativamente reduzido 19 de parágrafos de
desenvolvimento. A redação simples tem uma imensa variedade de aplicações na vida cotidiana, entre as quais
podemos citar:
“Redações” para vestibulares e concursos públicos.
Questões de provas discursivas que demandam o desenvolvimento de uma ideia, conceito ou
problema genericamente definido.
Cartas e e-mails comerciais, inclusive propostas e orçamentos.
Memorandos e outros tipos de documentos e comunicados que circulam nas mais diversas
organizações, públicas ou privadas.
Alguns tipos de artigos opinativos para publicação na imprensa.
Publicações opinativas e analíticas em blogs, fóruns, listas de discussão e redes sociais.
Solicitações a órgãos e entidades do Poder Público.
Via de regra, sempre que você tiver necessidade de produzir um texto com extensão máxima de 2 páginas
sobre qualquer assunto, você poderá tranquilamente recorrer à estrutura da redação simples.
Evidentemente, textos que se destinem a defender um maior número de ideias-chaves ou que abordem
questões mais complexas podem demandar introduções e conclusões mais longas, compostas de diversos
parágrafos ou, até mesmo, isoladas em capítulos ou subcapítulos específicos. Nas partes 5 e 6 desta obra, você
exercitará a redação desse tipo de texto mais longo. Por enquanto, seu objetivo será adquirir domínio completo
19 Tipicamente, o número de parágrafos de desenvolvimento intercalados aos parágrafos de introdução e conclusão em uma
redação simples varia entre 3 e 10, embora situações específicas possam exigir número maior ou menor de parágrafos. Por
exemplo, provas discursivas de concursos públicos para cargos de nível superior podem exigir que candidato enverede por
explicações e conceituações que se estenderão por grande número de parágrafos, enquanto um simples comunicado interno
aos funcionários de uma empresa pode ser redigido de forma satisfatória com um ou dois parágrafos de desenvolvimento
entre a introdução e a conclusão.
Curso Online de
Redação
da técnica da redação simples, produzindo textos relativamente curtos, em defesa de apenas uma ideia
principal.

Configuração do editor de textos


Até o final da parte 3, exercitamos apenas frases e parágrafos isolados, de modo que não havia necessidade de
nos preocupar com uma definição do que é uma “página” de texto. Porém, a partir desta lição, você começará a
produzir textos completos, de modo que é importante que a configuração do seu editor de textos seja idêntica à
que tive em mente durante a formulação dos exercícios, evitando que você se obrigue a escrever mais do que o
necessário. Confira:
1. Papel formato A4, orientação “Retrato”.
2. Texto padrão em fonte legível, tamanho 12. Para títulos e subtítulos, use a formatação padrão de seu
editor de textos.
3. Entrelinha simples.
4. Alinhamento à esquerda.
5. Margens superior, inferior, esquerda e direita: 3,00 cm.

Exercício
Vamos aprender com quem sabe? Pesquise em jornais, blogs ou sites de notícias, um artigo opinativo que siga
a técnica da redação simples. Leia-o atentamente, analisando o sentido do texto e responda a cada item do
formulário a seguir com apenas uma frase, não muito longa:
1 Título do Texto:
2 Autor:
3 Fonte: http://….
4 Ideia central apresentada na introdução:
5 Parágrafos de desenvolvimento:
5.1 Ideia central e fatos de apoio do 1º parágrafo:

5.2 Ideia central e fatos de apoio do 2º parágrafo:

5.3 Ideia central e fatos de apoio do 3º parágrafo:

5.4 … (Inclua novas linhas conforme o número de parágrafos de desenvolvimento do texto escolhido)

6 Ideias apresentadas na Conclusão:

Resumo da lição

A redação simples se destina a defender apenas uma ideia-chave apresentada em apenas um parágrafo de
introdução, sustentada em um número reduzido de parágrafos de desenvolvimento e reforçada em apenas um
Alexei Gonçalves de
Oliveira
parágrafo de conclusão, totalizando não mais do que duas páginas na configuração padrão dos processadores
de textos mais comuns.
Curso Online de
Redação

Lição 66 − Preparação para a redação simples: pesquisa da


memória

Como vimos nas lições 15 e 50, só é possível escrever sobre um assunto que você conhece em profundidade
compatível com a extensão do texto que você precisa produzir. Quando sabemos muito sobre um assunto,
podemos facilmente escrever artigos e livros inteiros. Quando sabemos pouco ou quase nada, é praticamente
impossível escrever mais do que algumas frases tortuosas que saem do nada para chegar a lugar nenhum.
De maneira geral, é necessário saber muito mais coisas do que você incluirá em seu texto. Afinal, uma redação
simples jamais será o local adequado para você exibir “tudo o que sabe” sobre um tema. O que se espera de
uma redação simples é que você (1) selecione informações relevantes sobre o tema e (2) apresente as conexões
entre elas (3) seguindo uma linha de raciocínio coerente. Vamos estudar agora o caminho para chegar a esse
resultado tomando como ponto de partida um exemplo prático.

Exemplo prático: o que você sabe sobre “suco de laranja”?


Suponha que você tenha recebido a incumbência de escrever 5 parágrafos sobre o assunto “suco de laranja”.
Embora os temas de redação, nas escolas e nos concursos, raramente sejam tão abertos, em muitas situações
profissionais você pode flagrar-se sob a pressão de produzir rapidamente algumas linhas sobre um assunto
qualquer, sem nenhuma abordagem definida.
Por exemplo, em diversas ocasiões, durante minha atuação como professor universitário e consultor de
marketing na internet, recebi solicitações de revistas, sites e clientes para escrever artigos sobre temas como
“marketing digital”, “blogs corporativos”, “marketing em mídias sociais”, “otimização de sites para
buscadores” ou “marketing de conteúdo”, sem nenhuma especificação quanto ao enfoque que eu deveria dar ao
texto.
Embora a liberdade de escrever sobre um tema aberto seja estimulante, a verdade é que ela complica
imensamente a execução do trabalho. Deste modo, qual deve ser o seu primeiro passo diante de um tema
aberto? A resposta é simples: pesquisar.
O primeiro local óbvio para realizar uma pesquisa é sua própria memória. Você certamente sabe mais
coisas do que pensa sobre “suco de laranja”. Por exemplo, você provavelmente sabe que o suco de laranja…
Pode ser produzido em casa, usando espremedor manual ou elétrico.
Pode ser produzido industrialmente e vendido em “caixinha”, garrafas de vidro ou plástico e latas.
Também pode ser encontrado na forma concentrada ou pronto para beber.
Tem vitamina C
É natural e, segundo dizem, benéfico à saúde.
É saboroso e nutritivo, sendo uma opção para acompanhar refeições.
É produzido a partir do fruto da laranjeira, uma árvore abundante no Brasil.
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de suco de laranja.
É possível que você tenha ainda mais informações em sua memória do que as apresentadas na lista acima, a
depender do seu interesse prévio no assunto. Por mais genéricas e superficiais que pareçam, elas constituem o
primeiro passo essencial, sem o qual os demais podem se tornar inviáveis.
A propósito, existem muitas situações em que você não terá opção de pesquisar em outro lugar além de sua
própria memória, por exemplo, em provas escritas ou orais, entrevistas, palestras, aulas, reuniões ou qualquer
outra situação em que você seja chamado a oferecer uma contribuição de forma imediata, sem possibilidade de
preparação prévia.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Exercício
Passo 1: Escolha um tema sobre o qual você tem apenas algumas informações superficiais e gostaria de saber
mais. Se faltar inspiração, olhe à sua volta e examine os objetos ao seu redor. Você sabe como funcionam?
Como são produzidos? Quem foi o seu inventor – ou, em que época foram inventados? Sabe quais são as
opções a esses objetos, caso eles faltem? De que material são feitos? Quantas empresas que produzem esses
objetos existem no país? Quantos empregos elas geram? Qual a contribuição para o PIB nacional? Que tipo de
tecnologia é empregada hoje em dia na fabricação desses objetos? Somente observando o ambiente que o
rodeia, você perceberá que existe todo um universo de coisas com as quais você convive todos os dias e sobre
as quais sabe menos do que poderia!
Passo 2: Após escolher o tema, faça uma pesquisa de sua própria memória, reunindo tudo o quanto sabe sobre
o assunto, por mais superficial que pareça, e tome nota. Minha sugestão é que você faça este exercício ao
longo de um dia inteiro, carregando com você uma caneta e um bloquinho no qual anotará toda informação
que você vier a se lembrar — ou com a qual se deparar — durante o dia. Não faça ainda uma pesquisa
sistemática ou deliberada: permita que seu cérebro vá expelindo informações espontaneamente. O objetivo
aqui é levá-lo a perceber quanta informação você tem escondida, semiesquecida, nas “gavetas” de sua
memória — informação que você pode recuperar e usar caso dê uma chance a seu cérebro.

Resumo da lição

O primeiro local óbvio para realizar uma pesquisa é sua própria memória, pois você sempre sabe mais coisas
do que pensa.
Curso Online de
Redação

Lição 67 – Preparação para a redação simples (2): pesquisa


para seleção do enfoque
É fácil perceber que a lista de informações reunidas de memória sobre “suco de laranja” na lição 66 contém
apenas informações genéricas, muito superficiais. Qualquer texto que você tente produzir usando apenas essas
informações resultará desinteressante para qualquer leitor com mais de 10 anos de idade, resultando
inadequado para a maior parte das situações, exceto, talvez, se o objetivo for a publicação de um artigo curto
no jornalzinho da escola.
Você também pode observar que as informações da lista não compõem um todo coerente, a partir do qual se
pode defender uma ideia. Mesmo que você pesquise em profundidade os temas listados e escreva um parágrafo
sobre cada um deles, o resultado, na melhor das hipóteses, será um texto informativo, do tipo semelhante ao
encontrado em folhetos com especificações de produtos ou certos artigos em formato de “informe publicitário”
— ou seja, não muito mais estimulante do que o texto de uma bula de remédio.
Por outro lado, isso não quer dizer que a “pesquisa da memória” seja inútil. Ao contrário, ela pode fornecer
uma boa base de assuntos para pesquisa e, inclusive, fornecer pistas sobre possíveis enfoques iniciais do tema
amplo. Para isso, é sempre útil organizar e classificar as informações recuperadas da memória, por exemplo:

Enfoque na produção e consumo doméstico


Pode ser produzido em casa, usando espremedor
manual ou elétrico.
Também pode ser encontrado na forma concentrada ou
pronto para beber.
Pode ser produzido industrialmente e vendido em
“caixinha”, garrafas de vidro ou plástico e latas.

Enfoque na produção industrial


Pode ser produzido industrialmente e vendido em
“caixinha”, garrafas de vidro ou plástico e latas.
É produzido a partir do fruto da laranjeira, uma árvore
abundante no Brasil.

Enfoque na importância econômica


É produzido a partir do fruto da laranjeira, uma árvore
abundante no Brasil.
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de suco
de laranja.

Enfoque na alimentação e na saúde


Tem vitamina C
É natural e, segundo dizem, benéfico à saúde.
É saboroso e nutritivo, sendo uma opção para
acompanhar refeições.

Veja como, agora, temos uma lista de enfoques muito mais promissora do que parecia inicialmente. Observe
também como uma mesma informação pode ser aproveitada em mais de um enfoque diferente.
Após organizar as informações da memória, o terceiro passo é escolher um enfoque, levando em conta sua
possibilidade de obter e assimilar informações relevantes para a produção de um texto capaz de captar e
Alexei Gonçalves de
Oliveira
manter o interesse do seu leitor e, em seguida, iniciar sua pesquisa de assuntos sobre o enfoque escolhido.
Por exemplo, digamos que você decida escrever sobre o consumo doméstico de suco de laranja. Uma lista de
assuntos a pesquisar poderia incluir:
Tipos de equipamento doméstico para extração manual do suco de laranja: vantagens, desvantagens,
riscos, benefícios.
Tipos de equipamento doméstico elétrico para extração rápida do suco de laranja. Novamente:
vantagens, desvantagens, riscos, benefícios.
Variedades de laranja encontradas no mercado brasileiro e as características do suco produzido por
cada uma.
Receitas culinárias: misturas de sucos de diferentes tipos de laranja, coquetéis alcoólicos e não-
alcoólicos que incluam a laranja, uso do suco de laranja em doces e salgados.
Tipos de copos e jarras mais adequados para servir o suco de laranja no dia a dia e em refeições
especiais ou formais.
Entre muitos outros. Quanto mais você se estender na pesquisa desses temas, mais a lista de assuntos se
ampliará. O mesmo procedimento pode ser usado para qualquer um dos outros enfoques iniciais.

Exercício
Passo 1: Organize e classifique, segundo possíveis enfoques para sua redação, as informações que você
coletou em sua memória na lição 66.
Passo 2: Escolha um possível enfoque e pesquise, no seu buscador de internet favorito, informações adicionais
sobre os temas que você recuperou de sua memória e anote os mais interessantes.
Passo 3: Faça o mesmo com os outros possíveis enfoques que você mesmo identificou ao classificar as
informações de sua memória.
Passo 4: Caso sua pesquisa de informações adicionais revele novos e mais interessantes possíveis enfoques
para sua redação, anote-os também e realize uma pesquisa adicional sobre eles.
Passo 5: Você decide a hora de parar de pesquisar. Lembre-se de que se trata apenas de uma redação
simples, de modo que você usará apenas um entre todos os possíveis enfoques e apenas um punhado da
extensa lista de informações que você reunirá sobre o enfoque escolhido. Não seja preguiçoso, mas também
não caia no outro extremo, coletando informações obsessivamente.

Resumo da lição

Após pesquisar a memória, você precisa organizar as informações coletadas por esse meio e realizar uma
pesquisa externa para aprofundamento e correção de informações, segundo os possíveis enfoques que dará ao
tema.
Curso Online de
Redação

Lição 68 – Princípios de Sensatez — Parte 8 (Final) — Entre o


tudo e o nada, o infinito
O título desta nossa última lição sobre Lógica pode soar poético − “Entre o tudo e o nada, o infinito” − mas, na
verdade, se refere a um fato: entre o “tudo” e o “nada”, quase sempre existe uma série de valores
intermediários que não devem ser desprezados, sob pena de produzirmos uma compreensão defeituosa da
realidade.
Embora o conceito seja facilmente apreendido no plano intelectual, ele é frequentemente esquecido tanto nas
conversas cotidianas quanto nos debates públicos sobre questões relevantes para o destino da sociedade. Veja a
seguir algumas situações comuns em que o “tudo ou nada” domina os corações e mentes, induzindo os
debatedores ao erro.

“Não adianta nada”


É uma regra absoluta: sempre que alguém disser as palavras mágicas “Não adianta nada”, esteja certo de que
essa pessoa caiu vítima da armadilha do “tudo ou nada”. Se observarmos atentamente, constataremos que o
sentido pretendido por quem usa essa expressão pode ser enunciado da seguinte forma: “toda proposta que não
resolve completamente todos e cada um dos problemas é inútil”. A pessoa que tenta construir um raciocínio a
partir dessa premissa implícita está, de imediato, desprezando qualquer possibilidade de evolução gradativa,
de melhoria contínua, de progresso passo a passo, conceitos essenciais à solução de problemas complexos
com grande número de fatores componentes.
No ambiente empresarial ou governamental, esse tipo de mentalidade pode ter resultados catastróficos. Afinal,
todo administrador experiente sabe que o melhor que se pode fazer é melhorar continuamente, ano após ano,
os valores de “índices de progresso”, isto é, o registro de variações percentuais em certas variáveis. Exemplos
no ambiente empresarial podem incluir, entre muitos outros, receita de vendas, participação de mercado,
rotatividade de mão de obra e lucro antes dos juros e dos imposto de renda. No âmbito governamental, são
tomados como índices de progresso as variações em índices como inflação, taxas de juros, Produto Interno
Bruto, acesso à educação e à água tratada, e assim por diante.
É preciso adquirir consciência de que, na maior parte das situações complexas, nenhuma solução resolverá
completamente todos os problemas. Na melhor das hipóteses, todas as soluções
(1) resolverão completamente alguns problemas,
(2) resolverão parcialmente alguns outros,
(3) não afetarão outro tantos e
(4) poderão piorar ainda outros.
Por esse motivo, é essencial estabelecer prioridades, definindo
(1) quais problemas precisam ser resolvidos por inteiro,
(2) para quais outros é aceitável uma solução parcial e, ainda,
(3) quais devem ser deixados de lado.
Na vida pessoal, o “não adianta nada” se manifesta de diversas maneiras. Por exemplo, a pessoa pode acreditar
que “não adianta nada” trabalhar e poupar dinheiro, preferindo apostar na loteria ou sair à caça de meios de
“ganhar dinheiro fácil”. Nesses casos, o que a pessoa deixa de perceber é que, se tivesse poupado o dinheiro
que perdeu no jogo ou que desperdiçou em tentativas de “ganhar dinheiro fácil”, ela certamente estaria mais
rica do que está hoje.
Outra situação típica é a da pessoa para quem “não adianta nada” pintar as paredes da casa, com a desculpa de
que a casa precisa mesmo de uma reforma completa. Nessa situação, a pessoa está desprezando o fato de que
talvez não seja necessário forçar-se a viver em uma casa com as paredes sujas enquanto não surgem as
Alexei Gonçalves de
Oliveira
condições para a reforma completa da casa.
Para escapar à armadilha do “não adianta nada”, você deve aprender a agir como administrador, estabelecendo
metas e avaliando resultados em função de seus próprios “índices de progresso”. O que você precisa saber é se
a situação em foco está “melhorando” ou “piorando” e com que rapidez. É com base nessa avaliação que você
decidirá se deve ou não modificar suas ações.

“Se não for perfeito, não é bom o bastante”


Uma variação comum sobre o tema “não adianta nada” é o que podemos chamar de “perfeccionismo
paralisante”, em que a pessoa encarna o personagem “eterno insatisfeito”, para quem nada está bom o bastante,
para quem sempre falta alguma coisa. Alguns exemplos:
“Não posso me considerar um escritor a menos que escreva tão bem quanto Dostoiévski”. A
imposição de um padrão elevadíssimo de perfeição para avaliar o progresso de um iniciante é um dos
principais fatores de desmotivação no aprendizado da Redação e, também, de outras artes, como a
Música. Um estudante com um ou dois anos de prática jamais será tão bom quanto um Grande Mestre
que tenha dedicado sua vida ao aperfeiçoamento de uma habilidade. Assim, o que você precisa fazer é
de um parâmetro para avaliar o seu progresso, registrando suas conquistas, as dificuldades superadas,
as coisas que você, hoje, sabe fazer melhor do que um mês, um semestre ou um ano antes.
“Ninguém pode dizer que é um sucesso enquanto não tiver amealhado o primeiro bilhão”. Para
começar, o dinheiro não é único indicador de “sucesso” para todas as pessoas em todas as profissões.
No mínimo, o sucesso financeiro caminhará ao lado do reconhecimento da qualidade de uma
habilidade ou talento em que você investiu anos de esforços. Além disso, para um jovem iniciante, o
primeiro “contracheque”, a primeira remuneração, por menor que seja, que se recebe por um trabalho
qualquer já é, sim, legitimamente, um forte indicador de “sucesso”, às vezes mais significativo do que
o primeiro “milhão” ou “bilhão”.
“Meu livro/artigo/dissertação não estará pronto enquanto eu não disser tudo o que precisa ser
dito”. Esta é uma atitude bem conhecida por professores, orientadores e editores, que podemos batizar
de “síndrome do trabalho interminável”. O estudante quer sempre ler mais um livro, mais um artigo,
incluir mais uma frase, um parágrafo, um capítulo; as semanas e meses se sucedem, os prazos
“estouram” e o trabalho jamais fica pronto. É nesse momento que o orientador precisa dizer “chega” e
restaurar a objetividade do estudante ansioso que quer dizer “tudo o que sabe”.
Deveria ser evidente que o perfeccionismo não é, de forma alguma, um “defeito”. Ele só se torna um problema
quando adquire uma característica paralisante que impede o estudante de avaliar objetivamente a qualidade de
realizações.
Como existe um infinito entre o tudo e o nada, é imprescindível abordar o fenômeno oposto ao do
“perfeccionismo paralisante”, uma atitude que podemos batizar de “desleixo ofensivo”. A pessoa que se
encontra neste extremo se refugia por trás de um discurso de condenação ao perfeccionismo na tentativa de
impor um padrão de qualidade inaceitável, numa demonstração quase ofensiva de desprezo pelo destinatário,
cliente ou usuário de seu trabalho. Pior: quase não se esforça para evoluir e melhorar a qualidade de seu
trabalho. Em vez disso, aponta “culpados” externos para seu próprio desleixo, adotando um discurso de
“vítima”, resistindo à necessidade de aperfeiçoamento e impondo a todos à sua volta o padrão de qualidade
mais baixo possível.
A solução para evitar esta armadilha é uma só: aperfeiçoe-se sempre, um passo de cada vez, continuamente.
Sempre busque a perfeição com a consciência de que jamais poderá atingi-la. Em vez de se contentar com um
trabalho imperfeito ou deixar-se tiranizar por um padrão de perfeição inatingível, pense em termos de evolução
contínua, por etapas, um passo de cada vez.

“O ideal seria”
Quando o “perfeccionismo paralisante” contamina amplamente a percepção da realidade, certas pessoas
Curso Online de
Redação
passam a ocupar suas mentes com um “mundo ideal”. Como é evidente que o “mundo real” sempre sairá
perdendo na comparação com um “mundo ideal”, nenhuma solução, proposta ou análise que se destine ao
mundo real será “boa o bastante”. Como resultado, essas pessoas tiranizam as discussões bombardeando com
críticas virulentas todas as propostas orientadas à solução de problemas do “mundo real”, tentam impor
propostas inexequíveis e, pior, desprezam todos os dados da realidade que contradigam sua “visão de mundo
ideal” ou que demonstrem o fracasso prático de suas propostas fantasiosas.
Por isso, cuidado com toda gente que, numa discussão sobre problemas reais, inclua em uma frase a expressão
“o ideal seria…”. Como o “ideal” só “existe” no condicional, no futuro do pretérito, ou seja, no plano do
pensamento e do discurso, esteja certo de que o problema real sob debate deslizará imediatamente para
segundo plano!

“A única solução possível”


O resultado inevitável de uma visão de mundo que tente se sustentar sobre o “tudo ou nada” é a incapacidade
de divisar opções capazes de solucionar problemas. Quando saímos da esfera dos problemas encontrados nos
livros escolares, a realidade nos mostra que todos os problemas práticos comportam mais de uma possibilidade
de solução. Entretanto, muitas pessoas encontram-se com suas mentes tão debilitadas pela visão de “tudo ou
nada” que não conseguem sequer formular uma única proposta de solução para qualquer problema. Na melhor
das hipóteses, essas pessoas apegam-se com unhas e dentes a uma solução, que tentam impor como “a única
solução possível”.
Quando uma pessoa disser que “a única solução possível” para um problema é fazer isto ou aquilo, entenda
que essa pessoa está dizendo o seguinte: “fazer isto ou aquilo é a única solução que consigo enxergar a partir
de minha posição de tudo ou nada”.

A posição dos fatos


Como vimos, a armadilha do “tudo ou nada” pode assumir diversas formas, mas tem sempre a mesma origem:
o desprezo pelas posições intermediárias numa escala de valores. A pessoa tomada por essa armadilha tenta
enquadrar toda a realidade nas posições extremas de um critério binário qualquer − “bom/mau”,
“certo/errado”, “verdadeiro/falso” − ignorando todos os fatos que (1) se situem em posições intermediárias
dessas escalas ou (2) aos quais escalas desse tipo sequer sejam aplicáveis.
Uma maneira inteligente de escapar a essa armadilha é examinar os fatos antes de tentar classificá-los.
Primeiro, informe-se sobre o que realmente está acontecendo. Separe, dos boatos, a verdade; dos mitos, os
fatos. Não se satisfaça com o “ouvir falar”: de preferência, verifique tudo diretamente. Analise os componentes
dos fatos, investigue as relações e articulações entre eles.
Quando avaliar uma proposta de solução para qualquer problema, antes de gritar em protesto ou saudá-la como
a única solução possível, verifique vantagens e desvantagens, riscos e benefícios, custos e ganhos esperados.
Confira quais aspectos do problema serão beneficiados por essa solução e quais serão deixados de lado ou
prejudicados. Avalie se as prioridades estão corretas ou se algum fator prioritário não foi desprezado.
Somente após esse esforço de verificação, análise e reflexão você estará pronto para classificar esses fatos em
uma escala de valores. Usando esse procedimento, você inevitavelmente constatará que a esmagadora maioria
dos problemas e propostas reais não recairá precisamente sobre o valor “zero” ou sobre o valor “1” de qualquer
escala de valores que você imaginar, situando-se com a maior probabilidade em algum dos infinitos pontos que
separam esses extremos.

Exercícios
Pesquise, em jornais, revistas, blogs ou sites de notícias, textos e artigos em que seja visível a mentalidade de
“tudo ou nada”. Em seguida, escolha um desses artigos e redija dois ou três parágrafos contendo (1) um
resumo do artigo para situar o leitor no contexto e (2) algumas ideias sobre possibilidades alternativas e
valores intermediários ignorados pelo autor do texto original.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição
A esmagadora maioria dos problemas e propostas não recai precisamente sobre o valor “zero” ou sobre o valor
“1” de qualquer escala de valores que você imaginar, situando-se com a maior probabilidade em algum dos
infinitos pontos que separam esses extremos.
Curso Online de
Redação

Lição 69 – Informações relevantes e irrelevantes


Após fazer o exercício da lição 67, você certamente observou que, após algumas rodadas de pesquisa, obteve
informações em quantidade e qualidade muito maiores do que poderá expor nos poucos parágrafos de sua
redação simples.
Ora, na lição 66, enfatizamos que você só deve apresentar, em uma redação simples, informações que possam
ser conectadas às demais para demonstrar uma ideia central. Vale repetir: uma redação simples,
definitivamente, não é o lugar certo para que o autor demonstre a amplitude de sua erudição incluindo
informações irrelevantes, isto é, não relacionadas às demais ideias de seu texto.
Definindo formalmente:
Informação irrelevante é qualquer trecho de seu texto que não contribui para demonstrar ou contestar a
verdade da tese que você se propôs a defender.
Nesse ponto, a formulação de uma declaração de tese (veja a lição 49), no primeiro parágrafo da redação
prestará importante auxílio ao escritor ao evitar que ele disperse a atenção do leitor com informações
irrelevantes.
Antes de passarmos ao exemplo prático, leia e memorize a regra de ouro da redação simples:
Uma redação simples deve incluir apenas informação relevante, isto é, que contribui para
demonstrar ou contestar a veracidade da tese que você se propôs a defender.

Exemplo prático: como encontrar uma declaração de tese a partir de


informações de pesquisa
A conclusão lógica da regra de ouro da redação simples é que a relevância da informação depende da tese que
o autor se propõe a defender. Portanto, este passo inclui examinar as informações coletadas sobre o tema “suco
de laranja” e verificar que tese é possível defender a partir delas. Esta etapa pode envolver as mais diversas
aptidões e capacidades cerebrais. Por exemplo, imaginação, raciocínio lógico, sensibilidade, emotividade,
criatividade, memória de experiências pessoais, entre outras. Essas qualidades variam imensamente de pessoa
a pessoa. Além disso, sua aplicação dependerá sempre do tema e do enfoque escolhidos, ao lado das
características particulares das informações coletadas por você.
Deste modo, sequer é possível explicar objetivamente “como” você chegará à conclusão de que é possível
defender uma tese X, Y ou Z a partir de um conjunto de informações qualquer. Trata-se de um momento em
que sua inteligência e criatividade serão postas à prova, numa jornada subjetiva em busca de um instante que
só podemos descrever metaforicamente, usando expressões como “ter um estalo”, “cair a ficha” ou “dizer
eureca”.
Ainda assim, tenha sempre em mente os seguintes princípios, comprovados pela experiência:
1. Na maioria dos casos, a tese “emerge naturalmente”, “salta aos olhos”, a partir das conexões entre as
informações coletadas.
2. A tese sempre parecerá “óbvia”, considerando os fatos, DEPOIS que você a formular.
3. Não é incomum que o escritor mude de ideia quanto à tese a defender depois de começar a redigir o
texto.
Algumas sugestões práticas para ajudá-lo a identificar uma tese defensável a partir das informações coletadas:
Imprima (ou escreva em uma folha de papel) resumos em uma única frase das informações coletadas
em sua pesquisa e recorte-os. Em seguida, tente montá-los em diversas ordens até que formem uma
sequência coerente.
Comece a explicar em voz alta, para si mesmo, para outra pessoa de sua família ou para uma plateia
imaginária, as informações que você reuniu sobre o tema.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Pegue uma folha de papel e comece a desenhar um mapa mental (confira na lição 61) expondo as
conexões entre as diferentes informações.
Caso você se sinta melhor escrevendo do que falando, escreva sua explicação sob a forma de uma
carta ou e-mail, por exemplo.
Há pessoas que organizam muito bem o pensamento quando estão usando um software de
apresentação de slides. Experimente!
Se tudo falhar, pesquise mais informações ou mude o enfoque.

Selecionando informações por relevância


Seja qual for o processo utilizado, você chegará, cedo ou tarde, a uma viável declaração de tese. Tendo
formulado sua declaração de tese, chegou o momento de decidir-se quanto à relevância das informações
disponíveis. Se você cumpriu todas as etapas anteriores, esta será a tarefa das mais fáceis que você enfrentará
pois, após toda a pesquisa e reflexão que você fez sobre as informações e suas conexões, ficará óbvio para
você o que é ou não importante.
Por exemplo, observe na tabela da figura 13 como um mesmo conjunto de informações pode ser mais ou
menos relevante conforme a tese que se pretende defender na redação.

Na figura 13, representamos as


informações de pesquisa usando
expressões genéricas,
hipotéticas, com o Figura 13: Após extensa pesquisa e reflexão, a relevância das simples objetivo
de ilustrar o modo informações salta aos olhos do escritor. como a relevância
de uma informação pode
mudar em função da tese que se pretende defender. Observe que uma informação classificada como “pouco
relevante” em termos de “Benefícios à saúde”, por exemplo, “Tipos de laranja de acordo com o sabor”, pode se
tornar “Muito relevante” caso você tenha intenção de abordar a facilidade de incluir o suco de laranja nas
refeições de crianças.
Lembre-se sempre: a relevância da informação depende da tese que você pretende defender, não da
informação em si mesma.
É indispensável recordar também que informações que permitam contestar sua tese têm sempre relevância
máxima, sendo de inclusão obrigatória até mesmo numa redação simples de caráter dissertativo-argumentativo.
A omissão de informações negativas ou contrárias à tese defendida é aceitável somente em textos de caráter
assumidamente parcial, com claro e evidente objetivo persuasivo como, por exemplo, os textos publicitários, a
propaganda e os discursos políticos, as notas e comunicados à imprensa, os textos de advogados em defesa de
seus clientes, entre outras situações assemelhadas.
Na classificação do conjunto de informações por relevância, dependendo da quantidade de informação reunida,
você pode usar uma escala de classificação que possibilite valores intermediários entre o zero (totalmente
irrelevante) e o um (máxima relevância). Numa redação simples, entretanto, dificilmente você terá espaço para
incluir informação “Pouco relevante” ou “Medianamente relevante”, sendo necessário restringir-se às
informações categorizadas como “Muito relevantes” e “Máxima relevância”.

Exercício
1 – Redija uma declaração de tese a partir das informações que você coletou em sua pesquisa até o momento.
2 – Classifique, em função da relevância para a declaração de tese, as informações que você organizou na lição
67.
Curso Online de
Redação

Resumo da lição

Uma redação simples deve incluir apenas informação relevante, isto é, que contribui para demonstrar ou contestar a
veracidade da tese que você se propôs a defender.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 70 — Planejamento da estrutura da redação simples


Uma vez que você tenha (1) definido uma declaração de tese e (2) reunido informação relevante para defendê-
la, resista ao impulso de “sair escrevendo” imediatamente sua redação simples. Afinal, ao chegar a este estágio,
você já tem à sua disposição 90% dos recursos e ferramentas para escrever uma redação simples “nota 10”,
capaz de agradar até aos mais exigentes leitores. Por isso, este não é o momento mais adequado para cometer
um descuido que impeça sua redação de obter o desempenho máximo.
Não sei quanto a você, mas não vejo graça em receber nota 9,0 quando posso obter a nota 10,0!
Se o contexto de sua redação for o de uma prova de processo seletivo para disputar com milhares de
candidatos um número reduzido de vagas em uma ótima empresa privada, em um órgão público de elite ou em
uma universidade de ponta, você sequer deve considerar a hipótese de obter qualquer nota inferior à máxima,
pois cada centésimo perdido nesse tipo de prova fará você cair dezenas de posições no ranking dos aprovados.
Mesmo que a sua redação não esteja destinada a enfrentar uma situação tão crítica, o fato é que você não deve
se satisfazer com menos do que o máximo em sua técnica de redação porque redigir é uma habilidade. Como
toda habilidade, melhora com o exercício e atrofia com a falta de prática. Se você relaxar a qualidade de sua
redação em momentos não-críticos, quando o momento crítico chegar, você não será capaz de elevar
novamente a qualidade de seu texto ao nível necessário para vencer o desafio.
Em poucas palavras:
Quem faz quando não é preciso, não se surpreende quando é preciso.

Exercício
Controle seu entusiasmo e comece agora mesmo a montar o “esqueleto” de sua redação, estruturando as
informações relevantes numa sequência lógica, por parágrafo, nos moldes da lição 65:
Introdução
Declaração de tese:
Fatos de apoio:
Técnica de abertura: (confira opções nas lições 46 a 49)
1º Parágrafo
Ideia Central:
Fatos de apoio:
Técnica de desenvolvimento: (Confira opções nas lições 53 a 55 e 57 a 61).
2º Parágrafo
Ideia Central:
Fatos de apoio:
Técnica de desenvolvimento
3º Parágrafo
Ideia Central:
Fatos de apoio:
Técnica de desenvolvimento:
Conclusão
Curso Online de
Redação
Ideias apresentadas na Conclusão
Técnica de encerramento: (Confira opções nas lições 51 e 52).
Nesta primeira experiência, limite-se a apenas 5 parágrafos: 1 parágrafo de introdução, 3 parágrafos de
desenvolvimento e 1 parágrafo de conclusão.
Quando o “esqueleto” estiver pronto, a redação propriamente dita se reduz a um esforço mínimo, porque a
parte mais difícil do processo de redação – isto é, decidir o que dizer em que sequência – não obstruirá o
caminho da parte mais criativa e divertida: a decisão sobre “como” dirá o que deseja em sua redação!

Resumo da lição

Ao planejar a estrutura de sua redação parágrafo por parágrafo, você não deixa nada ao acaso e garante o
melhor desempenho possível no momento em que começa a escrever.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 71 – Sua primeira redação simples


Nesta lição, não há mais necessidade de adiar: escreva sua redação simples, seguindo o plano que criou na
lição 70. Limite esta primeira redação a cinco parágrafos constantes de 5 a 10 frases cada um.

Após redigir todos os parágrafos conforme o plano, releia sua redação por completo, lenta e atentamente,
procurando pelos problemas que você aprendeu a identificar e resolver nas partes anteriores deste curso:
Vocabulário, Frase, Parágrafo e Sensatez. Aplique as correções, descanse um pouco (10 minutos no máximo),
depois proceda a uma segunda revisão mais minuciosa em que você, além de detectar quaisquer erros que
tenham escapado à primeira revisão, tentará encontrar oportunidades de melhorar o seu texto, substituindo
palavras, reorganizando sintaticamente as frases mais importantes ou alterando as técnicas de redação de
parágrafos.

Resumo da lição

Está vendo como é fácil escrever quando não se deixa nada ao acaso?
Curso Online de
Redação

Lição 72 — O título de sua redação simples


Agora que você redigiu e revisou todos os parágrafos, ainda falta um detalhe para que sua redação simples
fique completa: é preciso dar-lhe um título!
Embora o título dificilmente tenha importância “vital” ou “fatal” para o seu texto, o fato é que um texto
inteligente, fruto de extensa pesquisa e redigido com grande capricho merece mais do que um título sem graça,
sem tempero nem sabor.
Um título inteligente, cativante e informativo poupa tempo, capta a atenção, desperta o interesse e desperta no
leitor a vontade de ler o que você escreveu.
Um título entediante afasta o leitor antes que você tenha oportunidade de explicar porque ele precisa saber o
que você quer contar a ele.
Em raras, mas dramáticas ocasiões, um título pode ter um efeito desastroso, atraindo sobre seu texto a ira de
uma multidão de leitores – e, também, de pessoas que, do seu texto, nada leram além do título! Afinal, o título
é um fragmento de texto curto, flagrantemente inadequado ao desenvolvimento de ideias complexas. Por isso,
vamos começar com a lista dos “Não! Não!! Não!!!”.
Humor e piadas. Nada é mais perigoso do que a tentação de fazer uma piada no título de sua redação.
É extremamente elevado o risco de que o leitor não entenda sua piada e descarte o seu texto antes de
começar a leitura.
Termos ofensivos ou que podem ser interpretados como tais. Seu objetivo como autor de um texto
dissertativo-argumentativo é convencer o seu leitor de que suas ideias são verdadeiras. Começar por
ofendê-lo é uma péssima maneira de conseguir o que deseja.
Títulos crípticos. Alguns autores inexperientes imaginam que, caso o título de sua redação seja
ininteligível, o leitor ficará curioso e lerá o texto até o final, em busca da “solução do mistério”. Isso é
bobagem. Na maior parte dos casos, um título ininteligível terá sucesso apenas em gerar desinteresse
no leitor.
Títulos verborrágicos. Embora, em situações como trabalhos ou artigos acadêmicos, um título longo
com grande número de palavras seja praticamente obrigatório, o fato é que um título
desnecessariamente longo intimida o leitor não especialista na área de conhecimento abrangida pelo
texto. Um título longo pode espantar qualquer leitor não especialista, ainda que possua treinamento
científico em outra área de conhecimento. Por exemplo, um físico acostumado às complexidades dos
artigos científicos na área da Física pode se sentir intimidado pelo título rebarbativo de um artigo
sobre Legislação Tributária. Por isso, caso o seu texto se dirija a um público não especializado, evite
os títulos excessivamente longos demais e com excesso de termos técnicos.
Títulos que contam tudo. Alguns autores muito entusiasmados com os resultados de suas pesquisas
às vezes estragam a surpresa de seus textos expondo no título sua principal conclusão ou informação
central de seu texto. Um exemplo anedótico poderia ser um livro de mistério e suspense cujo título
fosse “O Assassino é o Mordomo”.
Títulos com erros de Gramática. Idealmente, você jamais deveria publicar ou entregar um texto
contendo um erro de Gramática. Porém, até os melhores escritores e os mais cuidadosos revisores
podem deixar escapar uma mancada ou outra. Mas, no título, não. Nunca. Jamais. Por favor, entenda
de uma vez: É PROIBIDO ERRAR NO TÍTULO. Em caso de dúvida, escreva 100 vezes num
caderno: É PROIBIDO COMETER ERROS DE GRAMÁTICA NO TÍTULO. Não se esqueça de
marcar todas as 100 cópias dessa frase com caneta destacadora de textos.

Após a lista do “Não! Não!! Não!!!”, vamos à lista de opções “Sim! Sim!! Sim!!!”.
Títulos informativos. Se estiver sem tempo para ser criativo, não invente: diga no título qual é o
assunto do texto. Se o leitor estiver interessado no tema, ele agradecerá. Se não estiver, também
Alexei Gonçalves de
Oliveira
agradecerá pois, nos dois casos, você lhe poupará precioso tempo ao informar-lhe sobre o assunto do
texto. Por exemplo, você sempre poupará tempo a seu leitor caso o seu título informe que o artigo
trata sobre “Princípios de Gestão da Qualidade”, ainda que não diga nada além disso.
Benefícios. O seu leitor se beneficiará de alguma forma com a leitura do seu texto? Em caso positivo,
a decisão mais óbvia é incluir esse benefício no título. Por exemplo, em vez de dar a nosso texto um
título genérico como “Princípios de Gestão da Qualidade”, podemos incluir um benefício e, assim,
atrair a atenção de empresários e executivos para nosso texto com títulos como “Reduzindo custos
através dos Princípios de Gestão da Qualidade” ou “Princípios de Gestão da Qualidade a serviço da
melhoria do índice de retorno sobre investimento”.
Soluções de problemas. A leitura de seu artigo ajudará o leitor a resolver algum problema? Diga isso
no título! Voltando ao exemplo, um problema comum a muitas empresas é um índice excessivo de
rotatividade de mão de obra (turn over). Assim, um artigo intitulado “10 Princípios de Gestão da
Qualidade que podem reduzir em até 30% a rotatividade da mão de obra em sua empresa” atrairá
a atenção de muitos leitores empresariais.
Títulos de dois tiros. Os títulos de “dois tiros” são aqueles que combinam um benefício à solução de
um inconveniente. O exemplo clássico é “Emagreça sem sentir fome”, que reúne o benefício esperado
do emagrecimento à ausência de fome, um “efeito colateral” bem conhecido por todos os que já se
submeteram a um tratamento para perda de peso. Para voltar ao exemplo em Administração de
Empresas, um título de dois canos bem interessante poderia ser “Princípios de Gestão da Qualidade
que reduzem a rotatividade de mão de obra sem aumentar os custos”.
Títulos que prometem ensinar “Como fazer”. As pessoas estão sempre ávidas para aprender a fazer
alguma coisa pessoalmente, nem que seja por simples curiosidade. Portanto, sempre será atrativo um
título que prometa ensinar “Como implantar facilmente a Gestão da Qualidade em sua empresa”.
Títulos que prometem explicar “Por que…”. Há sempre um grande número de pessoas intrigadas,
desejosas de saber os motivos e razões por trás dos grandes mistérios do mundo: satisfaça-as em seu
título! Por exemplo: “5 motivos porque a implantação da Gestão da Qualidade fracassa em algumas
empresas”.
Títulos que fazem uma advertência. As pessoas gostam de saber quando estão expostas a riscos, de
modo que possam tomar providências para evitá-los. Exemplo: “Falsos consultores de Gestão da
Qualidade causam prejuízos bilionários a dezenas de empresas”.
Títulos que contam uma história. Não há dúvida de que uma história real sempre desperta mais
interesse do que princípios abstratos. Exemplo: “Como a Empresa X triplicou seu lucro líquido em
seis meses com um Programa de Gestão da Qualidade”.
Títulos que aliviam a consciência. Há muita gente que se sente culpada por todos os males do
mundo, ainda que, objetivamente, não tenha culpa de nada. Portanto, a promessa de alívio de
consciência tem sempre um forte apelo. Exemplo: “Empresas que implantam programas de Gestão da
Qualidade causam menos danos ao meio ambiente”.
Títulos que massageiam o ego. Todos nós gostamos de receber elogios e perceber que nossos méritos
são valorizados. Exemplo: “Programas brasileiros de Gestão da Qualidade que são um exemplo para
o mundo”.
Há muitas outras possibilidades de redação de bons títulos, mas as 10 técnicas desta lista devem ser suficientes
para que você comece a criar seus próprios títulos, a identificar boas técnicas empregadas por outros autores e,
mais adiante, capacitá-lo a criar suas próprias técnicas. Por enquanto, apenas volte à lição 71 e complete sua
redação com um título de alto impacto.

Resumo da lição

Um título inteligente, cativante e informativo poupa tempo, capta a atenção, desperta o interesse e desperta no
leitor a vontade de ler o que você escreveu.
Curso Online de
Redação

Lição 73 — Sua segunda redação simples: do fio ao pavio em 3


horas
Agora que você completou a sua primeira redação simples seguindo um processo eficiente e racional que você
usará pelo resto de sua vida, é hora de treinar a integração das etapas desse processo para ganhar eficiência e
aprender a produzir uma redação completa em duas a três horas de trabalho contínuo. Para isso,
estabeleceremos tempos máximos para cada uma das etapas, conforme o plano a seguir:
1 – Escolha um tema, faça uma pesquisa da memória e organize informações por enfoque inicial. Tempo: 15
minutos.
2 – Pesquise na internet informações de aprofundamento e seleção do enfoque. Tempo: 15 minutos.
3 – Formule uma declaração de tese e classifique as informações por relevância em relação à sua tese. Tempo:
15 minutos.
4 – Planeje a estrutura de parágrafos de sua redação simples. Tempo: 15 minutos.
INTERVALO: Ao completar a etapa 4, você terá trabalhado continuamente por 1 hora. Descanse 10 minutos.
5 – Redija os parágrafos, incluindo, desta vez, 4 parágrafos de desenvolvimento. Tempo: 60 minutos.
INTERVALO: Ao completar a etapa 5, você terá trabalhado continuamente por mais 1 hora. Descanse 10
minutos.
6 – Faça a primeira revisão. Tempo: 10 minutos.
7 – Descanse por mais 10 minutos.
8 – Faça a segunda revisão. Tempo: 10 minutos.
9 – Crie um título para sua redação. Tempo: 10 minutos.
Observações e sugestões para maximizar o aproveitamento deste exercício:
1. Imprima ou copie as etapas acima para uma folha de papel
2. Com um relógio à sua frente, anote a hora e o minuto exato em que começou e terminou cada tarefa.
3. Caso você complete uma etapa em menos tempo do que o máximo previsto, você pode usar esse
“crédito de minutos” nas etapas seguintes.
4. Caso você leve mais tempo para completar uma etapa do que previsto, não corte o tempo das etapas
seguintes: apenas estabeleça para si mesmo a meta de melhorar seu tempo nessa etapa.
5. O objetivo deste exercício é o autodiagnóstico, isto é, identificar as etapas em que você enfrenta
maior dificuldade e que, portanto, precisa exercitar com mais atenção para melhorar o tempo de
execução.
6. Se possível, faça este exercício quando tiver um bom horário de folga. Se necessário, adie esta lição
para o fim de semana, pois é importante que você não interrompa a execução do exercício e
complete-o em um horário contínuo de trabalho e estudo.

Resumo da lição

Após estudar separadamente as etapas do processo da redação simples, é indispensável integrá-las a um


método de trabalho que você usará pelo resto de sua vida.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 74 – Transições entre parágrafos


Até o momento, você escreveu com sucesso duas redações simples completas, sendo a primeira com 3 e, a
segunda, com 4 parágrafos de desenvolvimento, cada um deles contendo uma ideia central que ajudou a
justificar sua tese. Analisando o resultado dessas duas experiências, talvez você sinta que um ou outro
parágrafo de desenvolvimento tenha ficado “solto no ar”, sem uma conexão clara com o parágrafo que o
antecede. Basta fazer uma experiência simples para verificar a ocorrência desse efeito: recorte o parágrafo que
parece “órfão” e cole-o em outro ponto do texto, mais acima ou mais abaixo de sua posição atual. Se você
perceber que esse parágrafo poderia estar em qualquer posição do texto sem provocar alterações de sentido,
podemos dizer que você está diante de um “parágrafo órfão”, isto é, cujas informações não estão ligadas de
forma evidente às dos demais parágrafos.
Existem 3 métodos elementares para resolver o problema dos parágrafos órfãos:
1. Cortar. Esta é a solução mais simples e, muitas vezes, a mais recomendável. Simplesmente delete o
parágrafo que está “sobrando” no texto e verifique se ele faz falta. Se não fizer, problema resolvido!
2. Conexão explícita. Certas palavras e expressões podem ser usadas na frase inicial de um parágrafo
para ressaltar sua conexão com o parágrafo anterior. Veja alguns exemplos, classificados em função da
intenção de dizer que expressa a conexão:
a) Acréscimo de informações: Adicionalmente, Além disso, Em seguida, Também.
b) Alternativa: Alternativamente, De outra forma, De outro modo, Opcionalmente, Por outro lado.
c) Certeza: Certamente, Claramente, Evidentemente, Indubitavelmente, Inevitavelmente, É claro
que, É óbvio que, Obviamente, Sem dúvida.
d) Comparações: Analogamente, Similarmente, Comparativamente.
e) Conclusão/Finalização: Assim, Consequentemente, Deste modo, Desta forma, Enfim,
Finalmente, Logo, Portanto, Por conseguinte.
f) Contraste/Oposição: Ao contrário, Em contraste, Em vez disso, Inversamente.
g) Exemplos: À guisa de exemplo, Exemplificando, Por exemplo.
h) Fatos: De fato, Factualmente, Na realidade, Na verdade.
i) Independência: De qualquer forma, De todo modo, Seja como for, Em todo caso.
j) Ressalva: Contudo, Entretanto, Mas, No entanto, Porém, Todavia.
k) Resumo/Síntese: Em palavras/termos simples, Em poucas palavras, Em resumo, Em síntese,
Resumidamente, Sinteticamente.
l) Simultaneidade: Ao mesmo tempo, Enquanto isso, Entrementes, Simultaneamente.
3. Conexão implícita. O método da conexão explícita, se usado em excesso, pode “poluir” o seu texto
com essas expressões. Portanto, deve ser usado apenas ocasionalmente, quando não houver maneira
de salvar um parágrafo órfão que não pode ser cortado. Na maior parte das vezes, a conexão entre os
parágrafos será visível e inteligível a partir da simples linha de raciocínio que você estiver seguindo,
da sequência de assuntos, fatos, informações, dados ou conceitos apresentados e de outros fatores
relativos ao próprio conteúdo de sua mensagem.

Exercício
Volte aos exercícios das lições 63 (parte 3), 71 e 73 (parte 4), verifique a ocorrência de parágrafos órfãos e
resolva-os usando os métodos da conexão explícita e da conexão implícita.
Curso Online de
Redação

Resumo da lição

Todos os parágrafos – excetuando-se, é óbvio, o parágrafo de abertura – de uma redação simples devem estar
conectados explícita ou implicitamente ao parágrafo anterior.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 75 – Não diga, mostre!


É comum que os escritores inexperientes recorram a adjetivos para dizer o que desejam, como se um adjetivo
fosse suficiente para convencer o leitor. Não é. De fato, o uso de um adjetivo é um direito que se adquire como
conclusão de um extenso processo de raciocínio com base em fatos, argumentos, pesquisas e outros dados de
realidade.
Um adjetivo é uma conclusão, jamais um ponto de partida.
Em provas escolares, textos acadêmicos e artigos científicos, o emprego de adjetivos é sempre muito arriscado,
mesmo após uma extensa apresentação de fatos. Lembre-se de que, nessas situações, você escreverá para um
leitor especializado, que poderá dispor de informações que contradigam o seu adjetivo. Mais: o leitor
especializado tende a ser mais cético do que a média, exigindo fatos e dados de pesquisa em maior quantidade
e qualidade do que você terá possibilidade de apresentar em uma redação simples.
Um exemplo prático: muitas empresas alegam que são “líderes em inovação”. Ora, em qualquer situação, só
pode haver um “líder”. Assim, não basta dizer que a empresa é “líder em tecnologia”, é preciso apresentar
fatos e dados que permitam que o leitor chegue inevitavelmente a essa conclusão:
“Foi a nossa empresa que desenvolveu pioneiramente as tecnologias X, Y e Z, que você usa todos
os dias e, hoje, são o padrão do mercado, sendo licenciadas inclusive pelos nossos principais
concorrentes. Nosso departamento de pesquisa e desenvolvimento foi citado pela prestigiosa
revista W como ‘a maior usina de novidades do país’, tendo sido laureado por três anos
consecutivos com o prêmio ‘Inovação Tecnológica do Ano’, do Instituto Nacional de Qualidade
Industrial. Nos últimos dois anos, nossa empresa registrou mais patentes no Brasil do que todos
os nossos concorrentes somados e é por isso que, hoje, somos justamente reconhecidos como
uma empresa líder em inovação”.

Observe como, diante da lista esmagadora de fatos, chega a ser desnecessário dizer que essa empresa é “líder
em inovação”!
O seu texto sempre deve dizer o que você quer com dados, fatos e argumentos, tornando desnecessário,
durante a maior parte do tempo, o emprego de adjetivos.

Exercício
Revise as duas redações que você já fez neste curso e verifique se, em todas as frases e parágrafos, procedeu a
uma argumentação “substantiva” – isto é, “com substância” – ou puramente “adjetiva”, isto é, sem
fundamentar-se em fatos. Caso identifique algum trecho que se enquadre no segundo caso, crie uma nova
versão, mais “substancial”.

Resumo da lição

Não diga: mostre!


Curso Online de
Redação

Lição 76 – A técnica da explicação (1) – Conceitos


introdutórios e componentes essenciais

A “explicação” é uma das técnicas mais elementares da vida intelectual e, ao mesmo tempo, uma das mais
difíceis de dominar. Caso você se esforce um pouco para lembrar-se de suas próprias experiências,
rapidamente constatará que conheceu poucos professores e instrutores realmente capazes de esclarecer todos
os aspectos fundamentais do objeto de estudo de uma forma que você conseguisse entender completamente. A
maioria dos demais professores e instrutores, infelizmente, recaem numa categoria que, no linguajar dos
alunos, se expressa em frases como “ele pode até saber muito sobre a matéria, mas não sabe explicar”.
Esteja certo de que muito do que você sabe hoje em sua vida foi aprendido por mérito única e exclusivamente
seu, muitas vezes apesar da confusão e das “enrolações” de professores e instrutores não-treinados na técnica
da explicação.
Exemplos de explicações podem ser encontrados em toda parte — este curso mesmo está repleto! Você
também encontrará numerosos exemplos de explicações em livros didáticos, artigos científicos, receitas
culinárias, manuais, revistas, jornais e, também, em sua própria vida, em uma variedade de situações, desde as
provas a que teve de se submeter na escola e na faculdade, até uma ampla variedade de situações pessoais e
profissionais. O importante é que, daqui para frente, você comece a tomar nota das melhores técnicas usadas
nas melhores explicações que venha a encontrar, para que se lembre delas quando houver necessidade.
Após essas noções iniciais, convém ir diretamente ao ponto: o que é uma “explicação”? Uma “explicação” é o
ato de usar palavras, imagens estáticas ou animadas, sons, experiências ou ações para transmitir a outra
pessoa um entendimento sobre uma coisa qualquer. Antes de prosseguir o raciocínio, esclareçamos as
palavras-chaves dessa definição:
Palavras, imagens, sons, experiências ou ações. Numa explicação por escrito, o objeto desta lição,
você usará apenas palavras. Mas, na vida prática, você sabe, por experiência, que:
◦ Muitas explicações podem ser dadas sem palavras, recorrendo aos mais diversos gestos,
expressões faciais ou corporais – Por exemplo, apontando o dedo indicador na direção do que se
deseja dizer.
◦ Algumas “explicações” só fazem sentido quando incluem uma vivência. Por exemplo, é
impraticável explicar como dirigir um carro, andar de bicicleta, lutar karatê, tocar violão ou nadar
sem entrar em um carro, montar em uma bicicleta, pisar num tatame, dedilhar um violão ou
mergulhar numa piscina.
◦ Em diversos tipos de texto tem se tornado cada vez mais comum o uso de imagens ilustrativas,
vídeos, apresentações de slides, sons e animações. Esses recursos enriquecem consideravelmente
o escopo das possibilidades de explicações.
Transmitir a outra pessoa. O destinatário da explicação é sempre outra pessoa. Embora você precise,
muitas vezes, explicar as ideias para si mesmo antes de ser capaz de formular a explicação para outra
pessoa, o fato é que seu ponto de partida será sempre a pessoa a quem você se dirige, com quem
deseja compartilhar o seu entendimento. No caso de um texto, como sempre, a outra pessoa é o seu
LEITOR — lembra-se da lição 1? Assim, você sempre deve considerar, no mínimo, a idade, a
experiência, o conhecimento prévio e sua intimidade com seu leitor antes de redigir sua explicação.
Entendimento. Não se iluda: você só pode explicar o que você mesmo entendeu. Enquanto não
estiver completamente seguro de que domina todos principais os aspectos relacionados ao objeto da
explicação, você não estará qualificado a explicar nada. Por isso, o seu primeiro passo deve ser,
sempre, estudar o objeto da explicação até entendê-lo por completo!
As explicações, em geral, se dedicam a esclarecer:
(1) o que é alguma coisa,
Alexei Gonçalves de
Oliveira
(2) como alguma coisa funciona,
(3) porque alguma coisa acontece ou
(4) qual o significado de uma ideia, palavra ou conceito.
Para cada uma dessas situações, haverá um conjunto mínimo de componentes obrigatórios:
1 O que é alguma coisa:
1.1 Definição formal.
1.2 Descrição de sua aparência.
1.3 Distinção entre os diferentes tipos (caso existam).
1.4 Descrição de seus usos/aplicações/outras formas de participação na vida humana ou presença na
natureza
2 Como alguma coisa funciona:
2.1 Para que finalidade é usada.
2.2 O que faz cada uma de suas partes.
2.3 Como as partes trabalham juntas.
2.4 Como é o seu uso, na prática.
3 Porque alguma coisa acontece
3.1 O que desencadeia o seu início.
3.2 O que acontece em seguida e por quê.
3.3 O que acontece em seguida e por quê (2).
3.4 (Continue explicando o que acontece em seguida e por quê…)
3.5 Se algumas das coisas anteriores acontecem ao mesmo tempo, explique, ressalte essa
simultaneidade.
3.6 O que acontece finalmente, e por quê.
4 O que significa uma ideia abstrata
4.1 Definição da palavra-chave.
4.2 Exposição da constelação de ideias/palavras que gravitam em torno da palavra-chave.
4.3 Demonstração das conexões entre as ideias que formam a constelação conceitual.
4.4 Exposição das consequências dessas conexões.
Enquanto você estiver aperfeiçoando sua técnica de redigir explicações, é conveniente manter à mão as listas
de verificação que acabamos de apresentar, para lembrar-se de incluir pelo menos esses componentes mínimos
em todo texto explicativo que vier a redigir.

Exercício
Comece a preparar-se hoje para um exercício de redação simples explicativa com 7 parágrafos (1 de
introdução + 5 de desenvolvimento + 1 de conclusão) que você fará na lição 78. Em primeiro lugar, escolha
um tema que se enquadre em uma das três primeiras opções desta lição: (1) o que é alguma coisa, (2) como
alguma coisa funciona ou (3) porque alguma coisa acontece. Em seguida, estude e pesquise até entender o
suficiente sobre o tema para formular uma explicação convincente para um leitor iniciante que pouco ou nada
sabe sobre o objeto de sua explicação. Finalmente, anote as informações que você julgar potencialmente úteis
para sua redação.
Curso Online de
Redação

Resumo da Lição

“Explicação” é o ato de usar palavras, imagens estáticas ou animadas, sons, experiências ou ações para
transmitir a outra pessoa um entendimento sobre uma coisa qualquer.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 77 − A técnica da explicação (2) − Sugestão estrutural e


dicas
Sem dúvida, existem muitas maneiras válidas diferentes de redigir uma explicação. Porém, como sempre,
ofereceremos uma estrutura básica em três passos para sua orientação inicial. Caso você tenha alguma dúvida,
a lição 76 foi inteiramente redigida segundo a estrutura que apresentamos a seguir.
Passo 1: Assegure-se de que o leitor se interessará pelo assunto. Diga qual é o nome do objeto da
explicação e discorra sobre seu impacto na vida do leitor. Ofereça exemplos e apele à experiência pessoal do
leitor. Se possível, conte uma história pitoresca, um caso dramático, uma situação fora do comum. Faça o leitor
refletir sobre os modos como o objeto da explicação interferem diretamente sobre seus desejos, interesses,
necessidades e problemas.
Passo 2: Defina o objeto da explicação e esclareça a definição. Redija uma definição formal e esclareça em
que sentido o leitor deve entender as palavras-chaves de sua definição.
Passo 3: Nomeie e descreva as partes do objeto da explicação. Diga como essas partes funcionam e se
articulam umas com as outras, onde se usam ou quando acontecem, cuidando sempre de apresentar as
informações uma sequência lógica.
Em cada um desses passos, é conveniente usar de forma inteligente as palavras indicadoras de conexão
explícita entre parágrafos (lição 74), para evitar a ocorrência de “parágrafos órfãos” em seu texto explicativo.
A seguir, apresentamos uma série de dicas “avulsas”, de “uso geral”, cuja aplicabilidade você deve avaliar caso
a caso:
Sempre que possível recorra à metalinguagem — isto é, use o próprio objeto da explicação como parte
da explicação. Neste curso de redação, usamos extensivamente a metalinguagem ao redigir a
explicação de uma técnica de redação usando a própria técnica. Por exemplo, nesta lição e na anterior,
redigimos explicações sobre como você deve redigir suas próprias explicações! A metalinguagem é,
nesse sentido, uma aplicação muito interessante e poderosa do princípio que estudamos na lição 75:
Não diga, mostre!
Complete a explicação com uma ou mais características especiais/curiosidades/informações
interessantes, que ajudem o leitor a se lembrar de seu texto mais tarde.
Use vocabulário próprio ao assunto. Por exemplo, se estiver escrevendo sobre culinária:
◦ Use palavras como “sabor”, “aroma”, “paladar”, “textura”, “consistência”, “delícia” e outras, que
estimulem a “imaginação digestiva” do leitor.
◦ Evite palavras sem relação com o tema ou que, de outra forma, “tirem o apetite” do leitor. Vou
poupá-lo de exemplos específicos, dizendo apenas que será uma péssima ideia incluir palavras
que sugiram imagens nojentas, falta de higiene, mau cheiro, sabor ruim ou que sejam, de outra
forma, desagradáveis à “imaginação digestiva” do leitor.
◦ Outro exemplo: Se o texto deve tratar sobre aviões, não use termos e metáforas próprias à
indústria automobilística.
Certifique-se de que incluiu todas as informações essenciais para que o leitor entenda sua explicação.
Verifique, especialmente:
◦ Se o leitor a quem você se dirige dispõe ou não de informação prévia sobre o tema, obrigando-o a
excluir ou incluir certas informações.
◦ Se todas as partes do objeto da explicação foram devidamente descritas.
◦ Se todas as conexões entre as partes do objeto foram devidamente esclarecidas.
◦ Se o seu texto não se alonga excessivamente na exposição de detalhes irrelevantes ou,
inversamente, se não explica de modo muito ligeiro ou simplista um aspecto complexo do seu
Curso Online de
Redação
objeto.
◦ Se as informações foram apresentadas numa sequência lógica, em passos ou etapas que o leitor
pode visualizar sem dificuldade.

Exercício
Continue preparando-se para a redação que você fará na próxima lição, organizando as informações reunidas
na lição 76 de acordo com a estrutura sugerida nesta lição.

Resumo da Lição

Estrutura para redação de explicações em 3 passos:


Passo 1: Assegure-se de que o leitor se interessará pelo assunto.
Passo 2: Defina o objeto da explicação e esclareça a definição.
Passo 3: Nomeie e descreva as partes do objeto da explicação.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 78 — Exercício: Redação simples explicativa

Faça uma redação simples explicativa com 7 parágrafos (1 de introdução + 5 de desenvolvimento + 1 de


conclusão) sobre o tema que você escolheu e pesquisou na lição 76 e estruturou na lição 77. Aproveite para
treinar diferentes técnicas de redação de parágrafos de desenvolvimento — se necessário, consulte as lições 53
a 55 e 57 a 61 em busca de inspiração. Se possível, trabalhe com um relógio à sua frente e esforce-se para
completar esta tarefa em menos de 120 minutos.

Resumo da lição

A redação simples explicativa é o tipo de que você necessitará com maior frequência e urgência ao longo da
sua vida: domine sua técnica e terá resolvido mais de 50% de suas dificuldades com redação.
Curso Online de
Redação

Lição 79 — A técnica da descrição (1) — Noções introdutórias


e a técnica do “Zoom in”

Nas lições 76 a 79, referimo-nos algumas vezes ao ato de “descrever”. Por exemplo:

Lição 76:
"1 O que é alguma coisa:

1.2 Descrição de sua aparência,

1.4 Descrição de seus usos/aplicações/outras formas de participação na vida humana ou
presença na natureza"

Lição 77:
“Passo 3: Nomeie e descreva as partes do objeto da explicação. ”
Mas, afinal, o que é uma “descrição”? Numa definição sumária, uma descrição é o ato de usar palavras de um
modo tal que o leitor consiga visualizar mentalmente de forma tão precisa quanto possível um objeto,
pessoa ou lugar que nunca viu ou um acontecimento de que não participou.
A descrição é, portanto, um método de usar palavras para produzir, na mente de outra pessoa, imagens de
coisas que ela desconhece. Caso tenha alguma dúvida sobre o poder das descrições, pense na técnica do
“retrato falado”, em que um artista produz uma imagem fiel do rosto de uma pessoa que jamais viu a partir da
descrição feita por uma testemunha.
As descrições competentes permitem que você conheça detalhadamente cidades e países que jamais visitou,
inclusive terras de fantasia como a Nárnia de C.S. Lewis e a Terra Média de J.R.R. Tolkien. Descrições
também abrem a possibilidade de que o leitor se torne “íntimo” de grandes vultos históricos, celebridades e
personagens de ficção, transformando-nos em “testemunhas oculares” de grandes batalhas e intrigas políticas
ocorridas há muitos séculos. As descrições também podem fazer de nós, leitores, entusiásticos torcedores ou
ardentes espectadores de lutas, aventuras e eventos esportivos, sejam reais ou apenas imaginados por um
escritor.
Vale mencionar, nesta introdução, que as descrições podem ser predominantemente objetivas ou subjetivas,
conforme o autor dê maior ênfase às características do objeto em si ou ao impacto dessas características sobre
suas emoções ou sua vida interior. As descrições também podem tanto se referir a objetos físicos, concretos,
visíveis, quanto a coisas mais fluidas, como personalidades, sentimentos, sensações e experiências subjetivas.

“Descrições são chatas e dão sono no leitor”


Se você andou procurando “dicas de redação” nos lugares errados – há muita gente por aí tentando ensinar o
que não sabe – certamente já leu algum conselho no estilo “longas descrições são chatas e afastam o leitor e,
portanto, devem ser evitadas”. Para começar, esclareço que se trata de mais uma regrinha destinada a substituir
sua inteligência. Ora, como não existe substituto para a inteligência, o que você precisa mesmo é aprender a
usar de forma inteligente a técnica da descrição.
Para começar, uma descrição minuciosa de, literalmente, qualquer coisa, requer uso intensivo de vocabulário
que, provavelmente, tanto o escritor quanto o leitor médios não dominam. O escritor médio provavelmente terá
de envidar extensa pesquisa para descobrir os nomes de cada uma das particularidades do objeto da descrição,
enquanto o leitor médio também terá de se dispor a consultar o dicionário algumas vezes para visualizar com
precisão o objeto de uma descrição detalhada. O escritor e leitor precisam, portanto, harmonizar-se com o
Alexei Gonçalves de
Oliveira
universo mental um do outro para que um texto descritivo seja bem-sucedido, cabendo ao escritor o primeiro
passo, adequando o vocabulário ao leitor a que se dirige.
Sem dúvida, é verdade que algumas descrições tornam-se “longas demais” quando não passam de mero
exercício literário por parte do escritor, não contribuindo para melhor fundamentar a narrativa, argumento, tese
ou exposição de fatos. Pergunte-se: será que é realmente essencial ao leitor a visualização de um detalhe cuja
descrição consumirá 30 linhas de texto? Se a resposta for negativa, redija uma descrição mais curta que
propicie uma visão geral do objeto.

A técnica do “zoom in”


Nós descrevemos as coisas com o objetivo de provocar a emergência de uma imagem ou sequência de imagens
na mente do leitor. Ora, as técnicas de produção de imagens por excelência na atualidade podem ser
encontradas nas Artes da Fotografia (imagens estáticas) e do Cinema (imagens em movimento). Assim, a
analogia com as técnicas do “zoom” é perfeitamente justificável, inclusive porque, nos dias que correm,
praticamente todas as pessoas já tiveram algum contato, ainda que superficial, com o recurso de “zoom” em
seus celulares, smartfones, tabletes e câmeras digitais. O recurso “zoom in”, quase universalmente indicado em
dispositivos eletrônicos pelo ícone de uma lupa com um sinal de adição serve para que a pessoa amplie o
detalhe de uma foto enquanto tira de cena — isto é, exclui do campo visual — os elementos do ambiente ou do
contexto em que o objeto se encontra, reduzidos momentaneamente ao status de “informação irrelevante”.

Redigir a descrição usando a técnica do “zoom in” consiste precisamente em


eliminar, um passo de cada vez, todos os elementos ambientais, até focalizar apenas
o item cuja imagem o autor deseja suscitar na mente do leitor. A seguir,
apresentaremos uma sugestão de estrutura para uma redação simples descritiva.
Primeiro parágrafo: contextualize o objeto, redigindo uma
rápida descrição do ambiente em que ele se localiza. Não use um
vocabulário muito complexo Figura 14: A lupa com nesta etapa e evite oferecer excesso de
detalhes sobre os objetos que um sinal de adição em circundam o alvo de sua descrição. Por
exemplo, você não precisa dizer seu centro é um que a mesa em que o objeto está
localizada é “branca” a menos símbolo praticamente que a cor branca da mesa “ofereça um
universal da técnica do
pano de fundo neutro para o vermelho predominante”, “contraste com a
“zoom in”.
cor negra” ou “torne imperceptível, numa primeira olhada, a
cor branca” do objeto da descrição.
Segundo parágrafo: Compare o objeto da descrição com os objetos mais próximos que o circundam.
Por exemplo, diga se o objeto “se destaca pelas grandes proporções” ou “pelo tamanho reduzido”,
pelas “formas arrendondadas” ou pelo “aspecto irregular”, pela “posição central” ou “por ter sido
largado a um canto”.
Terceiro parágrafo: Focalize a atenção do leitor no objeto em si, descrevendo seu aspecto geral, suas
formas, dimensões, cores, idade aparente, peso, grau de conservação, textura, cheiro, sensação tátil e
outras características gerais. Neste ponto, ganham importância as comparações — “redondo como
uma bola de tênis”, “do tamanho aproximado de um carrinho de supermercado”, “áspero como uma
lixa de madeira” — e analogias: “som semelhante ao latido de um cachorro de grande porte”,
“formato que lembra um punho fechado”, “cheiro ácido sugerindo uma mistura de alho e vinagre”.
Quarto parágrafo: Identifique as partes componentes do objeto enfatizando o modo como essas
partes se conectam e se relacionam para formar o todo.
Quinto parágrafo em diante: Descreva detalhadamente cada uma das partes identificadas no
parágrafo anterior, destinando pelo menos um parágrafo específico para cada parte identificada.
Observe como, na estrutura sugerida, você só usará termos técnicos e palavras mais “difíceis” a partir do
quarto parágrafo, quando oferecerá o nome específico e os detalhes de cada uma das partes componentes do
objeto. Usando esta técnica, o leitor já estará “imerso” na sua descrição antes de chegar a parte mais difícil, em
Curso Online de
Redação
que você descreverá detalhes com maior minúcia, aumentando a chance de que ele se interesse em acompanhar
sua descrição até o final.

Exercício
A melhor maneira de aprender a técnica da descrição é começar por um objeto com o qual o escritor desfrute
de grande familiaridade. Uma boa opção pode ser o computador ou outro dispositivo no qual você esteja lendo
esta lição, mas sinta-se à vontade para escolher algum outro equipamento, ferramenta ou objeto com o qual
trabalhe diariamente.
Após escolher o objeto, redija em um total de 5 parágrafos, uma descrição tão detalhada quanto possível
usando a técnica do “zoom in”. Dicas:
1. Comece descrevendo o local onde o objeto se encontra e os objetos que o rodeiam. Em seguida, vá
“aproximando a lupa” do objeto a cada novo parágrafo.
2. Pesquise na internet os nomes de cada uma das partes componentes do objeto e inclua-os em sua
descrição.
3. Escreva pensando em um leitor que jamais tenha visto o objeto anteriormente.

Resumo da lição

Use a técnica da descrição por “zoom in” sempre que quiser que o leitor visualize um objeto em detalhes.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 80 — A técnica da descrição (2) — “Zoom out”


Na lição anterior, você exercitou a técnica do “zoom in” para a descrição detalhada de um objeto com qual
você está familiarizado. Na técnica do “zoom in”, o foco do escritor é no objeto em si. De certo modo, é como
se o escritor pegasse o objeto em suas mãos e o aproximasse cada vez mais do leitor.
Na técnica do “zoom out”, o escritor pretende que o leitor faça o caminho inverso. O escritor deseja afastar
progressivamente o leitor do objeto, ampliando a percepção de suas relações com os objetos que o rodeiam até
compor o quadro geral do qual o objeto participa.

A técnica do “zoom out” é ligeiramente mais difícil do que a técnica do “zoom in”,
mas é bastante compensadora, porque envolve uma dose de “suspense” e
surpresa bastante eficientes em prender a atenção do leitor à medida que o texto
progride desde o detalhe individual até o rico contexto a que se integra o objeto.
Para bem redigir uma descrição usando a técnica do “zoom out” não basta
simplesmente “inverter” a técnica do “zoom in”. Lembre-se: você deve usar o
“zoom in” quando o ambiente servir Figura 15: A lupa com apenas como cenário para o “ator
principal” de seu texto: o objeto da um sinal de subtração descrição. O efeito do “zoom in” é
semelhante ao de apagar todas luzes do no centro da “lente” é o ambiente até restar somente a de um
holofote orientado exclusivamente ao sinal universal da objeto.
técnica do “zoom out”.
Já na técnica do “zoom out”, tanto o objeto quanto o ambiente são igualmente
importantes. Por exemplo, o objeto pode ser uma pessoa com quem você deseja que o leitor se identifique, de
modo que você pode contar um pouco de sua biografia, de sua aparência física, as roupas que usa e o que ela
está fazendo, antes de “afastar a câmera” para revelar ao leitor que essa pessoa está em um ambiente de forte
intensidade dramática: um campo de batalha, um deserto, um sítio arqueológico, uma sala de cirurgia, o local
de um acidente, uma cidade devastada por um furacão, a antessala de um tribunal…
Para que a técnica do “zoom out” tenha sucesso, é indispensável que, após começar a cena acendendo apenas o
holofote que ilumina o objeto principal, cada nova luz que você acenda no ambiente provoque uma reação de
surpresa no seu leitor. No mínimo, você deve tentar deixá-lo intrigado a cada nova revelação sobre o ambiente
antes de, finalmente, oferecer o panorama completo.
Veja uma sugestão de estrutura:
Primeiro parágrafo: descreva o objeto, sem revelar nada sobre o ambiente. Escreva sobre suas
características principais, procurando envolver o leitor com o objeto da descrição. A ideia é fazer com
que o leitor goste do objeto e se interesse pelo seu destino.
Segundo parágrafo: Comece a contextualizar o objeto em sua relação com os objetos mais
próximos, oferecendo pistas sobre a dramaticidade da situação em que ele se encontra sem revelar
detalhes em excesso que permitam compor um quadro mais amplo. Neste momento, pode ser
conveniente tratar das consequências das ações imediatas que o objeto da descrição pratica ou sofre,
sem especificar que ações são essas.
Terceiro parágrafo: Abrindo um pouco mais a “lente” − ou “acendendo mais algumas luzes” − você
descreverá o ambiente imediato onde o objeto principal age/sofre a ação. É importante incluir
elementos de surpresa que expliquem as consequências realçadas na etapa anterior ao mesmo tempo
em que mudam o seu sentido.
Quarto parágrafo em diante: Abra de vez a “lente” − ou “acenda todas as luzes” − para revelar ao
leitor o ambiente completo que circunda o objeto inicial da descrição. O importante é que essa
revelação seja a mais surpreendente de todas, oferecendo o maior impacto dramático, trágico ou
cômico, ressaltando tudo o que a situação representa em termos de risco, sacrifício ou ridículo para o
objeto.
Espero que você tenha observado que, enquanto a descrição por “zoom in” se caracteriza por sua forte
Curso Online de
Redação
objetividade, a técnica do “zoom out” é adequada principalmente a descrições subjetivas, em que o autor
pretenda criar um forte impacto emocional no leitor. Usando esta técnica, você pode até adicionar emoção ao
um “insosso” artigo acadêmico ou analítico, sem fugir ao rigor formal requerido por essas publicações,
bastando, para isso, usar sempre um vocabulário objetivo e um tom formal, enquanto revela as informações
sobre o contexto do objeto em pequenas doses sucessivas.

Exercício
Pegue um objeto em sua casa ou local de trabalho e coloque-o em um local inusitado, diferente ou inesperado.
Em seguida, redija 3 a 5 parágrafos descritivos usando a técnica do “zoom out”.

Resumo da lição

Use a técnica do “zoom out” sempre que sua intenção for ampliar gradativamente a percepção da influência do
ambiente ou cenário sobre um fato ou objeto por seu leitor.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 81 — A técnica da descrição (3) — Descrição panorâmica

Muitas vezes, as descrições se destinam a ajudar o leitor a visualizar o cenário onde se desenrola algum tipo de
ação. Chamamos de “descrição panorâmica” a qualquer tipo de descrição que não se detenha em um objeto
específico, limitando-se a descrever o conjunto de um ambiente ou objeto em sua máxima amplitude.
Em sua expressão mais simples, a descrição panorâmica pode se reduzir a pouquíssimas palavras como
“Chovia”, “Exterior: Noite”, “Sala de Reuniões” ou “À beira da piscina”, entre outras expressões semelhantes
frequentemente encontradas em roteiros para teatro, vídeo, TV ou cinema. Esse laconismo é plenamente
justificável porque esse tipo de texto não é feito para ser lido pelo público, mas por atores, diretores,
produtores e outros profissionais responsáveis pela interpretação dessas palavras em termos de técnica
cenográfica.
É preciso tomar cuidado com dois aspectos das descrições panorâmicas. Em primeiro lugar, não se deve
utilizá-la como disfarce para a incompetência na técnica descritiva. Temos lido, com frequência crescente,
textos redigidos panoramicamente cujo objeto praticamente implora por uma descrição detalhada em “zoom
in”.
Segundo, o fato de que seu texto enfatiza a “ação” não significa que o ambiente deva ser tratado como um
desimportante pano de fundo. Se você analisar detidamente obras como “As Crônicas de Nárnia” de C.S.
Lewis, “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien ou “A Guerra dos Tronos” de George R.R. Martin, observará
que o cenário é muito mais do que um “pano de fundo”, alçando-se à condição de “personagem” ativo no
desenrolar da história.
No plano da “não-ficção” − foco de nossa atenção ao estudarmos a redação dissertativo-argumentativa − o
panorama, muito frequentemente, adquire posição central, especialmente nos textos históricos. Por exemplo, é
praticamente impossível separar a narrativa de uma batalha importante das características do local onde foi
travada. Seja numa cidade, montanha, planície, floresta, pântano ou deserto, todo combate militar acontece em
um local cujas características impõem limitações para atacantes e defensores, influenciando diretamente o
resultado da batalha.
Fora do campo militar, os eventos políticos também ocorrem em locais específicos, que temperam, integram e
até modificam o sentido das ações. Pense no “Grito do Ipiranga” ou no próprio “Descobrimento do Brasil”
para entender o quanto o panorama, isto é, o cenário onde ocorre a ação, exerce um papel fundamental na
determinação do sentido da própria ação.
Além da História, uma grande variedade de Ciências fortemente baseadas em pesquisas de campo − por
exemplo, Antropologia, Arqueologia, Biologia Marinha, Botânica, Ecologia, Geografia, Geologia, Zoologia,
entre outras − recorrem com frequência às descrições panorâmicas do ambiente onde se situam seus objetos de
estudo.
A técnica da descrição panorâmica envolve a aplicação dos seguintes critérios:
1. Não se detenha em componentes individuais do cenário ou a descrição perderá sua qualidade
panorâmica, transformando-se numa nauseante sequência de “zoom ins”.
2. Sua intenção é descrever a impressão geral causada pelo ambiente, sendo admissível o uso moderado
de expressões subjetivas como “um dia agradavelmente ensolarado” ou “ondas gigantescas que
arrebentavam assustadoramente próximas de nós”. Mas não exagere!
3. Inclua em sua descrição panorâmica apenas os aspectos ou componentes do cenário que sejam
relevantes para melhor entender a ação que se desenrolará em seguida.
4. Sempre que tiver de fazer uma descrição panorâmica, pense num cartão-postal: um registro
fotográfico feito à distância, para compor um conjunto sobre o qual se destaca o objeto principal.
Curso Online de
Redação

Exercício
Descreva panoramicamente, em um máximo de 3 parágrafos, o local onde você está estudando esta lição.

Resumo da lição

Redija descrições panorâmicas sempre que o cenário influenciar fortemente o sentido do objeto que sobre ele
se situa ou da ação que se sobre ele se desenrola.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 82 — Exercício: Redação simples descritiva


Nas três lições anteriores, você estudou e praticou a redação de descrições usando as técnicas que batizamos de
“zoom in”, “zoom out” e “panorâmica”, inspirando-nos na Fotografia e no Cinema. Hoje, você fará uma
redação simples descritiva com 8 parágrafos (1 de introdução + 6 de desenvolvimento + 1 de conclusão).
Veja algumas dicas e opções:
Opção A – Redação simples em “zoom in”:
Parágrafo introdutório: apresente uma descrição panorâmica do ambiente.
Parágrafos de desenvolvimento: aplique a técnica do “zoom in” sobre o objeto, até chegar ao
máximo de detalhamento no sexto parágrafo.
Parágrafo de conclusão: registre a impressão geral que resulta do objeto após observá-lo em seus
mínimos detalhes.
Opção B – Redação simples em “zoom out”:
Parágrafo introdutório: discorra sobre a importância do objeto que será analisado.
Parágrafos de desenvolvimento: aplique a técnica do “zoom out”.
Parágrafo de conclusão: apresente as consequências da relação do objeto com seu ambiente.

Resumo da lição

Descrições só são “chatas” quando redigidas por quem não sabe!


Curso Online de
Redação

Lição 83 — Resumo da parte 4 — Redação Simples

Ao encerrar esta parte 4, caso tenha seguido à risca todas as instruções do curso até agora, você terá resolvido
praticamente todos os seus “problemas de redação”. Você dispõe de um vocabulário muito mais amplo e
profundo do que no início do curso e domina critérios para escolher palavras. Sabe redigir boas frases sem
recorrer a estruturas sintáticas repetitivas, confusas ou contaminadas por vícios. Sabe redigir bons parágrafos
introdutórios, conhece diversas técnicas de desenvolvimento e não tem dificuldade em redigir uma conclusão.
Principalmente, você não é mais dominado pelo “medo da folha em branco”, pois sabe exatamente quais são
todas as etapas essenciais à produção de uma excelente redação com início, meio e fim.
É óbvio que nem tudo se resume à redação simples. Deste ponto em diante, sua tarefa será se aperfeiçoar em
novas técnicas de redação para objetivos mais amplos ou complexos. Mas, para todos os efeitos práticos, você
já pode dar os parabéns a si mesmo, pois pode dizer com orgulho e convicção que já sabe “escrever bem”.
Veja a seguir a compilação de “resumos das lições” desta parte 4.
A redação simples se destina a defender apenas uma ideia-chave apresentada em apenas um parágrafo
de introdução, sustentada em um número reduzido de parágrafos de desenvolvimento e reforçada em
apenas um parágrafo de conclusão, totalizando não mais do que duas páginas na configuração padrão
dos processadores de textos mais comuns.
O primeiro local óbvio para realizar uma pesquisa é sua própria memória, pois você sempre sabe mais
coisas do que pensa.
Após pesquisar a memória, você precisa organizar as informações coletadas por esse meio e realizar
uma pesquisa externa para aprofundamento e correção de informações, segundo os possíveis enfoques
que você dará ao tema.
Uma redação simples deve incluir apenas informação relevante, isto é, que contribui para demonstrar
ou contestar a veracidade da tese que você se propôs a defender.
Ao planejar a estrutura de sua redação parágrafo por parágrafo, você não deixa nada ao acaso e
garante o melhor desempenho possível no momento em que começa a escrever.
Está vendo como é fácil escrever quando não se deixa nada ao acaso?
Um título inteligente, cativante e informativo poupa tempo, capta a atenção, desperta o interesse e faz
com que o leitor tenha vontade de ler o que você escreveu.
Após estudar separadamente as etapas do processo da redação simples, é indispensável integrá-las a
um processo de trabalho permanente que você usará pelo resto de sua vida.
Todos os parágrafos — excetuando-se, é óbvio, o parágrafo de abertura — de uma redação simples
devem estar conectados explícita ou implicitamente ao parágrafo anterior.
Não diga: mostre!
“Explicação” é o ato de usar palavras, imagens estáticas ou animadas, sons, experiências ou ações
para transmitir a outra pessoa um entendimento sobre uma coisa qualquer.
Estrutura para redação de explicações em 3 passos:
◦ Passo 1: Assegure-se de que o leitor se interessará pelo assunto.
◦ Passo 2: Defina o objeto da explicação e esclareça a definição.
◦ Passo 3: Nomeie e descreva as partes do objeto da explicação.
A redação simples explicativa é o tipo de que você necessitará com maior frequência e urgência ao
longo da sua vida: domine sua técnica e terá resolvido mais de 50% de suas dificuldades com redação.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Use a técnica da descrição por “zoom in” sempre que você quiser que o leitor visualize um objeto em
detalhes.
Use a técnica do “zoom out” sempre que sua intenção for ampliar gradativamente a percepção da
influência do ambiente ou cenário sobre um fato ou objeto por seu leitor.
Redija descrições panorâmicas sempre que o cenário influenciar fortemente o sentido do objeto que
sobre ele se situa ou da ação que se sobre ele se desenrola.
Descrições só são “chatas” quando redigidas por quem não sabe!
Finalmente, lembremos o resumo de nossa última lição de “Princípios de Sensatez”:

A esmagadora maioria dos fatos não recai precisamente sobre o valor “zero” ou sobre o valor “1” de
qualquer escala de valores que você imaginar, situando-se, com a maior probabilidade, em algum dos
infinitos pontos que separam esses extremos.
Curso Online de
Redação

Parte 5 – Redação de Artigo Opinativo


Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 84 – Comece um blog


Após dominar a técnica básica de escrever boas redações simples, o seu aperfeiçoamento dependerá,
principalmente, da prática contínua. Escrever é uma habilidade que melhora com a prática e que “enferruja”
com a falta de uso. Embora seja impossível que uma pessoa saudável “desaprenda” a escrever, você notará que
poucas semanas de falta de treino bastam para que até a redação de um texto curto tome mais tempo do que o
normal.
Esse é o primeiro motivo pelo qual você deve começar hoje mesmo um blog pessoal: um blog cria o
compromisso de escrever e publicar regularmente, motivando-o a praticar suas recém-adquiridas habilidades
de redação.
O segundo motivo para começar hoje mesmo o seu blog pessoal é que você precisa começar a se sentir à
vontade expressando sua opinião. Até a parte 4, todo o foco deste curso foi orientado para a redação de textos
com finalidade acadêmica, científica ou profissional. Nesse tipo de texto, a opinião costuma ser desencorajada
e, até, punida. Mas chega um momento na vida em que o escritor não está mais disposto a falar somente em
nome da Ciência, do Conhecimento ou de outros conceitos abstratos: você quer falar em seu próprio nome,
assumindo inteira responsabilidade pelas consequências de suas palavras. Num blog pessoal, você não deverá
satisfações a professores, cientistas ou superiores hierárquicos. Em vez disso, você terá apenas sua própria
consciência como supervisora dos textos que publicará.
O terceiro motivo para começar hoje mesmo o seu blog pessoal é que a redação de textos para um blog
representa o exercício constante de redação para um leitor específico. Como vimos na lição 1 − sempre
voltamos a ela! − é o leitor que decide a qualidade de um texto. Ao publicar um artigo em um blog, o seu texto
poderá chegar a diversos tipos de pessoas, mas o importante é que, caso o seu leitor esteja entre essas pessoas,
ele consiga perceber que a mensagem foi dirigida a ele.
Um quarto motivo para começar hoje mesmo o seu blog pessoal é que, ao habituá-lo a escrever para um
público muito mais amplo do que um simples professor, chefe ou membro de banca examinadora, você
começará a conscientizar-se do tipo de oportunidades e limitações representadas pela redação de artigos
opinativos, habituando-se a pensar não apenas como escritor, mas como editor. Essa experiência será
importante quando você quiser convencer um editor a publicar seus artigos opinativos.

Passos simples para começar um blog pessoal


Começar um blog pessoal é uma tarefa bastante simples, que podemos dividir em passos para torná-la….
Ainda mais simples!
Passo 1: Defina um tema. Escolha um tema que você já conheça bastante ou sobre o qual gostaria de
saber mais. Pode ser uma disciplina que esteja estudando, uma área específica em sua profissão, um
hobby, o seu esporte favorito, uma Arte (Música, Literatura, Cinema, Artes Visuais, etc) que você
aprecie, países estrangeiros que você conhece ou gostaria de conhecer, enfim, o assunto em si não é
tão importante quanto a sua vontade de conhecê-lo melhor.

Passo 2: Escolha o nome do blog. Dê asas à sua criatividade, sempre lembrando que o nome do blog
será o seu cartão de visitas. Assim, é importante que o nome do blog seja compatível com sua
intenção. Por exemplo, se a sua intenção for séria, não use nomes ridículos ou engraçados. O
importante é que o nome do blog reflita a sua intenção de dizer e seu temperamento pessoal.

Passo 3: Escolha a plataforma de publicação. Existem dezenas de sistemas gratuitos para


publicações de blogs, mas os mais populares são o Blogger (https://www.blogger.com) e o Wordpress
(https://br.wordpress.com/) devido à sua extrema facilidade de uso. Os dois sistemas possibilitam que
o iniciante use soluções bem simples que, posteriormente, podem ser indefinidamente sofisticadas
para atender até às necessidades mais complexas. Pessoalmente, prefiro utilizar os sistemas Wordpress
para projetos mais sofisticados mas, para simples blogs opinativos de iniciantes, concordo que o
Curso Online de
Redação
Blogger pode ser uma opção mais fácil. É importante ressaltar que é perfeitamente possível exportar
um blog criado no Blogger para um sistema Wordpress, e vice-versa, de modo que você não deve se
preocupar demais com a opção escolhida neste primeiro momento.

Passo 4: Configure o seu blog. Esta etapa é tão simples quanto preencher informações em um
formulário. Se o formulário oferecer uma opção que você não entende, deixe-a como está. Em um
blog, é quase sempre possível reverter uma decisão da qual você venha a se arrepender mais tarde.
Uma exceção é o endereço (URL) na internet: uma vez que você tenha confirmado que o URL é
http://nomedoblog.blogspot.com ou http://nomedoblog.wordpress.com/, não será possível voltar atrás.
Em caso de dúvida, uma consulta a seu motor de pesquisa favorito esclarecerá rapidamente o que você
deve fazer.

Passo 5: Escreva e publique! Redigir e publicar um artigo em um blog é tão fácil quanto redigir um
texto e clicar no botão “Publicar”!

Passo 6: Defina uma rotina de publicações. É muito fácil começar um blog − difícil mesmo é
obrigar-se a publicar regularmente. Normalmente, duas publicações por semana, de preferência,
sempre nos mesmos dias da semana, bastarão para manter afiadas suas habilidades de redação.

Exercício
Crie um blog, redija e publique seu primeiro artigo. Em seguida, preencha as informações abaixo.
Nome do Blog:
Endereço: http://….
Tema do Blog:
Rotina de publicações: (Por exemplo: “1 artigo às segundas e quintas-feiras” ou “2 artigos toda terça-feira”).

Resumo da lição

Comece um blog para manter afiada sua habilidade como escritor.


Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 85 − Artigo opinativo: conceitos introdutórios


A palavra “opinião” costuma ser muito mal compreendida, dando margem a grandes confusões conceituais. No
contexto deste curso, é preciso começar pela compreensão de que um “artigo opinativo”, indubitavelmente,
não é um texto em que você escreve “tudo o que acha” sobre um assunto. Para evitar confusões, vamos propor
uma definição formal:
Um artigo opinativo é um texto em que um escritor apresenta um ponto de vista provisório sobre um tema,
problema, situação, objeto ou pessoa a partir de uma combinação de dados objetivos e subjetivos.

Examinemos as palavras-chaves de nossa definição:


Ponto de vista provisório − Uma opinião não expressa uma “certeza”, uma “convicção”, mas uma
“probabilidade” e, como tal, pode ser mudada caso surjam novas informações.
Dados objetivos − resultados de pesquisas, estatísticas, estudos de casos, observações estruturadas,
entre outros.
Dados subjetivos − experiência profissional, testemunho pessoal, relatos de terceiros, manifestações
artísticas e literárias, e assim por diante.
Observe que todas essas palavras-chaves são simultaneamente obrigatórias na concepção de um artigo
opinativo:
Se o ponto de vista defendido não for “provisório”, mas expressar uma “certeza” ou “convicção”, seu
artigo não será “opinativo”, mas “doutrinário”.

Caso você fundamente o seu ponto de vista apenas em dados objetivos, sem nenhum dado subjetivo
aparente, seu artigo também não será “opinativo”, mas “científico” ou “acadêmico”.

Por outro lado, caso você defenda o seu ponto de vista apenas com o recurso a dados subjetivos, sem
nenhum dado objetivo aparente, seu artigo novamente não será “opinativo”, mas “artístico”,
“poético” ou “literário”.

O artigo opinativo, portanto, não pretende dar a palavra final, definitiva, sobre um tema mas, partindo de um
conjunto sólido de informações sobre algum aspecto da realidade, especular sobre a natureza de um “território
adjacente” ainda desconhecido, não mapeado, pouco além da fronteira do conhecimento atualmente
disponível. Usando linguagem científica: um artigo opinativo serve para formular e enunciar hipóteses, não
para estabelecer teorias e doutrinas – confira a representação esquemática na figura 16.

Na figura 16, vemos um núcleo sólido de dados


Figura 16: Num artigo opinativo, o autor mostra como
objetivos que dão um conjunto de dados objetivos impulsionam fundamento e suporte a
um conjunto de impressões subjetivas que ampliam o território de impressões subjetivas
sobre uma área de especulação para áreas ainda não mapeadas do conhecimento ainda não
mapeado a que chamamos conhecimento. “Território de
Especulação”. A função mais importante do artigo
opinativo é, justamente, formular ideias sobre a provável natureza desse território não mapeado, servindo de
base para a investigação e coleta de novos dados objetivos, que poderão ou não confirmar as especulações
iniciais.
Após toda esta discussão, espero que você tenha percebido que a opinião é um direito que se conquista
Curso Online de
Redação
somente após adquirir amplo conhecimento sobre um assunto. Uma opinião expressa por alguém que não saiba
muita coisa sobre um tema não tem valor nenhum, não passa de palpite, “achismo”, atrapalha mais do que
ajuda o leitor e não contribui em nada para a reputação do escritor.

A dose certa para o sucesso


Consideramos bem-sucedido um artigo opinativo quando ele consegue abalar a letargia mental do leitor,
engajando-o em um processo de pensamento relacionado a nosso tema. Ainda que alguns leitores discordem de
nosso ponto de vista, o artigo, ainda assim, será um sucesso, pois esses leitores, no mínimo, terão se dado ao
trabalho de discordar de nós. Lembre-se: a intenção do artigo opinativo não é “convencer todo mundo”, mas
induzir os leitores a examinar um assunto sob o ângulo que você escolheu. Em poucas palavras: sua meta é
vencer a barreira da indiferença.
A mistura de elementos subjetivos e objetivos tão característica dos artigos opinativos possibilita uma grande
margem de liberdade e experimentações por parte do escritor. Numa redação simples, espera-se que o estilo do
texto seja predominantemente objetivo − isto é, descritivo, explicativo, argumentativo, dissertativo − sendo
obrigatória a linguagem formal e muito limitadas as possibilidades de autoexpressão. Já num artigo opinativo,
é possível incluir elementos de persuasão, ironia, sarcasmo, humor, referências literárias e cinematográficas,
apelo à emoção, exortações, poesia, figuras de linguagem as mais diversas…
O grande segredo do sucesso de um artigo opinativo é o equilíbrio entre objetividade e subjetividade. Um texto
excessivamente baseado em impressões subjetivas despertará o ceticismo em grande número de leitores,
enquanto um texto excessivamente fundamentado em dados objetivos provavelmente falhará em mobilizar as
emoções do leitor, falhando em engajá-lo no processo de pensamento desejado. Em poucas palavras, o artigo
opinativo é simultaneamente argumentativo e persuasivo, sendo o seu sucesso dependente de uma dosagem
equilibrada desses dois elementos.
Embora seja impossível estabelecer uma regra universal para encontrar a mistura ideal de argumentação e
persuasão, sugerimos que você avalie as duas variáveis a seguir, relacionadas, como sempre, ao leitor a quem
você se dirige:
1) Conhecimento. O leitor mal informado sobre um tema será mais suscetível à persuasão, enquanto o
leitor bem informado responderá melhor à argumentação racional.

2) Ânimo. O leitor emocionalmente mobilizado por um tema será mais aberto à persuasão, enquanto o
leitor neutro ou indiferente será mais sensível à argumentação racional.

Sintetizamos esquematicamente essas ideias na figura 17. Confira!

A prática constante fará com que você


adote critérios cada vez mais acertados na
dosagem de argumentação e
Figura 17: O conhecimento de causa e o ânimo emocional são fatores-
chaves na hora de escolher a dosagem certa entre argumentação e
persuasão num artigo opinativo.
persuasão em seus artigos opinativos. Por
isso, é importante que você pratique regularmente a redação deste tipo de artigos, e o lugar ideal para fazer isso
é o seu próprio blog!

Exercício
Comece a preparar-se para redigir o artigo opinativo desta parte do curso, escolhendo um tema sobre o qual
você sinta que terá facilidade em informar-se.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição

A opinião é um direito que se conquista somente após adquirir amplo conhecimento sobre um assunto. A opinião expressa
por uma pessoa com limitado conhecimento não tem valor nenhum.
Curso Online de
Redação

Lição 86 − Pesquisa de dados para uma opinião fundamentada


De toda a discussão da lição anterior, a ideia que você mais precisa fixar em sua mente é a que sintetizamos na
seguinte frase:
“Uma opinião expressa por alguém que não saiba muita coisa sobre um tema não tem valor
nenhum, não passa de palpite, ‘achismo’, atrapalha mais do que ajuda o leitor e não contribui
em nada para a reputação do escritor”.

Esse conceito nos leva à inescapável conclusão de que o ingrediente mais importante da fórmula de sucesso de
um artigo de opinião é a pesquisa. Você não precisa saber “tudo sobre tudo” para opinar, mas é indispensável
“saber o suficiente sobre pelo menos um aspecto fundamental”. Para início de conversa, conhecimento amplo,
mas superficial, epidérmico, não muito mais profundo do que o expresso em um verbete de enciclopédia, não
autoriza ninguém a emitir uma opinião.
Como vimos na lição 15, o escritor precisa de um vocabulário amplo e profundo. Faltou apenas dizer que esse
vocabulário amplo e profundo é reflexo de um conhecimento também amplo e profundo sobre um tema! Mas,
se você seguiu as instruções da lição 15 à risca e adquiriu o hábito de aprofundar-se um pouco mais a cada dia
no significado das palavras que escreve − ainda que consultando apenas a Wikipédia! − ao chegar a esta lição
você já terá à sua disposição algum mínimo conhecimento suficiente para dar início a uma pesquisa digna de
um tema à sua escolha.
Assim, nesta lição, você começará o trabalho de pesquisa para redação de seu artigo opinativo. Veja a seguir
algumas dicas:
Identifique as palavras-chaves relacionadas ao tema de seu artigo e introduza-as em seu motor de
pesquisas de internet favorito. Lembre-se de fazer buscas por variantes de cada palavra-chave:
sinônimos, palavras compostas, termos técnicos, termos populares. Se possível, consulte os
equivalentes em outros idiomas, como Espanhol, Inglês e Francês.
Adicione os sites/páginas/artigos/documentos mais importantes que encontrar aos “Favoritos” de seu
navegador web. A maioria dos navegadores da atualidade permite um gerenciamento muito prático até
mesmo de grande número de favoritos. Pessoalmente, acho o recurso “barra de favoritos” uma solução
bastante prática. Mas há outras soluções, inclusive serviços online em que você pode salvar, consultar
e até compartilhar seus sites favoritos, além de contar com a possibilidade de consultar e pesquisar os
favoritos de outas pessoas. Uma opção recomendável por ter banido completamente o spam é o
serviço Bibsonomy (http://www.bibsonomy.org), especializado em “favoritos” de publicações e
artigos científicos. Mas há dezenas de opções disponíveis, que você pode conferir simplesmente
pesquisando por “social bookmarking” em seu motor de buscas preferido.
Consulte a Wikipédia em busca de referências bibliográficas: livros, revistas, sites especializados para
aprofundamento no tema escolhido. ATENÇÃO: Não, a leitura um verbete de enciclopédia não é
bastante como fonte de pesquisa para um artigo opinativo decente! Uma enciclopédia serve como
ponto de partida do pesquisador, oferecendo definições, explicações, resumos e outras informações
básicas (nem sempre totalmente corretas, diga-se!) para orientação geral do pesquisador iniciante,
além de conter indicações de autores, obras e outras fontes de informação adicional para
aprofundamento.
Há motores de pesquisas especializados em fontes acadêmicas de informação que permitem que o
visitante leia gratuitamente algumas páginas de livros e artigos.
Algumas livrarias online também permitem que o cliente leia algumas páginas da publicação
escolhida antes de comprá-la.
Quando encontrar um website interessante, experimente usar o seu motor de buscas favorito para
efetuar uma pesquisa exclusivamente dentro do próprio site, usando a sintaxe

site:http://nomedosite.com.br/ palavras-chaves
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Usando esses termos, o seu motor de buscas pesquisará ocorrências das suas palavras-chaves apenas
em páginas cujo endereço comece com http://nomedosite.com.br/.
Use as pesquisas especializadas em “vídeo”, “imagens” e “notícias” para descobrir outras informações
potencialmente interessantes para seu artigo.
Pesquise também o que os blogueiros andam dizendo sobre o tema. Uma maneira prática de “tomar o
pulso” da blogosfera é usar a seguinte sintaxe de pesquisa em seu motor de buscas favorito:
◦ site:*.blogspot.com palavras-chaves
◦ site:*.wordpress.com palavras-chaves
Pesquise também por referências ao tema do seu artigo na literatura e no cinema. Um bom lugar para
pesquisar referências cinematográficas é o site IMDB − Internet Movie Database −
http://www.imdb.com/. Já o site Wikiquote (https://pt.wikiquote.org/), mencionado na lição 20 deste
curso, é excelente para encontrar citações e referências literárias.
É bom que seu primeiro artigo opinativo saia “bem caprichado”. Por isso, minha sugestão é que você invista
pelo menos 30 minutos diários de pesquisa durante o tempo que levará para chegar até a lição 95, em que você
redigirá o primeiro rascunho de seu artigo.
Nesta etapa, vale adiantar uma dica importantíssima: é muito mais fácil cortar do que “espichar”. É claro que
você vai reunir, em sua pesquisa, muito mais informações do que o necessário para escrever seu artigo, mas é
importante que seja assim, ou logo você se verá em apuros, tentando escrever alguma coisa sem dispor de
informação suficiente.

Exercício
Arregace as mangas e ponha mãos à obra! Comece agora mesmo a pesquisa para o seu artigo!

Resumo da lição

É muito mais fácil cortar do que “espichar”:


sempre pesquise mais informações do que usará em seu artigo.
Curso Online de
Redação

Lição 87 − Escolha autores e publicações para servir de


modelos

Permita-se influenciar por bons autores


Durante a pesquisa que começou a efetuar na lição 86, você inevitavelmente aprenderá quem são os principais
“nomes” que escrevem sobre o tema escolhido, os autores mais respeitados e de melhor reputação, a quem
você aprenderá a admirar pela qualidade do texto, pelo conhecimento do tema ou outra característica
importante para seu desenvolvimento como escritor.
Quando descobrir bons autores, não se faça de rogado: imite o estilo deles! Identifique quais são os recursos
que provocam sua admiração e tente incorporá-los aos seus próprios textos.
Não tenha medo de imitar: o seu estilo pessoal surgirá naturalmente, após incorporar recursos estilísticos de
um bom número de autores ao longo do tempo. O seu blog pessoal também serve para isso: para experimentar,
testar e praticar inovações em sua própria técnica de redação.
Por favor, não confunda “imitar” com “copiar”. Uma “imitação” é uma tentativa de reproduzir a “voz” de
outro autor em seu próprio texto original. Já uma “cópia” é uma apropriação indevida e irrefletida de palavras,
expressões, frases, gírias, cacoetes linguísticos, piadas e bordões de outro autor. Enquanto a imitação ajuda a
aperfeiçoar o seu texto, a cópia desempenha apenas o papel de muleta para eternizar a falta de criatividade.
Ou, em outras palavras: o objetivo da cópia é “fazer igual”, enquanto o objetivo da imitação é “aprender para
fazer melhor”.

Escolha uma publicação-modelo


A forma de um artigo opinativo é bastante flexível, admitindo grandes variações. Deste modo, é importante
escolher uma publicação − revista ou website − na qual você, idealmente, gostaria de ver o seu artigo
publicado. Use essa publicação como “modelo editorial” para o artigo que redigirá nesta parte do curso.
O que chamamos aqui de “modelo editorial” é um conjunto básico de regras que decidem o “tom” dos artigos
de uma publicação. Sugiro que você leia uma amostra de pelo menos 15 artigos de autores diferentes na
publicação escolhida para obter uma ideia mais precisa dos seguintes critérios:
Perfil aparente dos leitores: Toda publicação é planejada em função das necessidades ou
expectativas de um tipo de leitor. Analisando a orientação dos artigos publicados, você terá uma boa
ideia se a publicação é voltada para homens ou mulheres; solteiros, casados ou separados; crianças,
adolescentes, jovens, adultos maduros ou idosos; executivos, cientistas, profissionais especializados
ou público em geral; fãs de esportes, música ou cultura; e assim por diante.

Extensão dos artigos. Praticamente todas as publicações estabelecem limites mínimos e máximos em
termos de número de palavras ou de caracteres, só permitindo publicações fora desses limites em
situações muito especiais. Assim, é importante conferir qual a extensão média dos artigos da
publicação escolhida como modelo.

Linguagem. Cada publicação tem os seus próprios critérios quanto ao uso de linguagem formal
versus linguagem informal, linguagem técnica ou científica versus linguagem acessível para leigos,
tolerância quanto ao uso de gírias, tipos de humor aceitável, entre outros.

Citações e referências bibliográficas. Algumas publicações são rígidas quanto à exigência de que as
citações e referências bibliográficas constantes nos artigos sigam normas como a NBR 6022 da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), enquanto outras aceitam uma simples citação informal
do nome do autor e da obra.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Uso de imagens e texto. Algumas publicações exigem que o texto seja acompanhado de imagens
ilustrativas, enquanto outras aceitam apenas artigos em 100% texto. Entre as publicações que incluem
imagens nos artigos, algumas reservam para si o direito de escolher as imagens que acompanharão os
artigos, praticamente impedindo o autor de produzir as próprias imagens, enquanto outras aceitam a
publicação de imagens enviadas pelo próprio autor, mais uma vez impondo limites máximos e
mínimos quanto a tamanho, resolução, extensão de arquivos, entre outros.

Orientação ideológica. Algumas publicações são rígidas quanto à orientação ideológica dos artigos,
enquanto outras desenvolvem uma política mais aberta a divergências. Porém, toda publicação
mantém uma linha que demarca os limites do que é ou não aceitável em suas páginas.

Linha editorial / Abordagem dos temas. Publicações diferentes podem abordar os mesmos temas de
uma infinidade de formas diferentes. Verifique as diferentes seções ou categorias de artigos
normalmente publicados para ter uma ideia de quais são as abordagens privilegiadas e quais são,
normalmente, deixadas de lado. Por exemplo, o tema “Economia” pode ser abordado do ponto de vista
dos dados econômicos do país ou de uma determinada teoria econômica. Também é possível abordar a
economia do ponto de vista das empresas, dos investidores, dos consumidores, de um partido político,
de uma ideologia ou das políticas do governo. Outras abordagens, podem incluir o foco nas
curiosidades ou, até, em aspectos engraçados do sistema econômico. A linha editorial define a
“personalidade” da publicação, de modo que um artigo será aceito ou não para publicação conforme
sua adequação à linha editorial.

Após escolher uma publicação-modelo, o próximo passo é verificar de que forma você poderia contribuir
para enriquecer essa publicação. Trata-se, basicamente, de um exercício de imaginação, em que você se
pergunta o que os outros autores não estão dizendo em seus artigos. Você não quer ser mais um na multidão,
mas destacar-se mostrando que tem algo de importante a dizer.
Sem dúvida, não é uma tarefa simples, especialmente para um escritor iniciante, que ainda não tem um amplo
currículo de publicações. Mas você não deve se intimidar. Todas as publicações estão sempre em busca de
bons autores capazes de atrair leitores com uma abordagem opinativa original e bem fundamentada, ainda que
digam o contrário.

Exercício
Escolha sua publicação modelo, analise-a tão completamente quanto possível e preencha o formulário abaixo
com respostas curtas e objetivas, para sua própria orientação.
Nome da publicação:
Endereço web (se for o caso): http://
Perfil aparente dos Leitores:
Extensão dos artigos:
Linguagem:
Política de citações e referências:
Uso de imagens e texto:
Orientação ideológica:
Observações sobre a linha editorial:

Resumo da lição
Um passo importante na formação de um escritor é seguir bons modelos: imite bons escritores e tenha sempre uma boa
publicação em mente como alvo para redigir seus artigos opinativos.
Curso Online de
Redação

Lição 88 − Planejamento da estrutura do artigo opinativo


Em termos muito gerais, a estrutura de praticamente todo texto não-literário tenderá a seguir o esquema lógico
da redação simples, isto é, “Introdução → Desenvolvimento → Conclusão”. O grande problema é decidir
precisamente, em cada caso, a forma que assumirá cada uma dessas partes do texto, especialmente em termos
de extensão e conteúdo.

Planejamento da introdução
Por exemplo, se você observar o texto das lições deste curso, notará que, praticamente, não faço “introduções”
ao tema que será abordado, sendo raras as ocasiões em que optei por incluir uma definição ou discussão
preliminar. O motivo por trás da decisão de entrar diretamente no assunto é simples: como estou me dirigindo
a um leitor que quer “aprender a fazer”, evito desperdiçar o seu tempo, saltando diretamente para a explicação
sobre “como fazer”.
Mas essa nem sempre é a tática mais adequada a todos os perfis de leitores ou a todas as situações. Veja a
seguir cinco casos em que uma introdução longa, que se estenda por vários parágrafos, pode ser a melhor
opção:
Ceticismo. Quando você estiver se dirigindo a um leitor cético, normalmente é uma boa ideia incluir
informações e fatos que o induzam a um estado de espírito mais receptivo às ideias que você
apresentará.
Informação preliminar. Quando você quiser apresentar uma ideia que exige do leitor conhecimento
prévio de certas informações – tais como dados de pesquisas, definições ou ou conceituação de
termos técnicos – será praticamente inevitável incluir essas informações na introdução.
Crenças e valores. Quando as ideias que você defenderá em seu artigo desafiarem as crenças e
valores atuais de seu leitor, é conveniente “preparar o seu espírito” incluindo informações e
advertências que o tornem mais propenso a, pelo menos, acompanhar seu raciocínio até o final.
Multidisciplinaridade. Quando o problema abordado em seu artigo tiver ampla repercussão em
diferentes Ciências ou campos da arena cultural, quase sempre será necessário explorar esses efeitos
antes de tratar do tema do artigo propriamente dito.
Complexidade aparente. Quando o tema do artigo envolver relações entre múltiplos fatores, é
melhor redigir uma introdução mais longa, reduzindo a possibilidade de confundir o leitor não-
especializado.
Uma característica frequente das introduções de artigos opinativos é a falta de nitidez de sua fronteira com a
parte do texto que se convenciona chamar de “desenvolvimento”. Há muitos casos em que autor opta por uma
transição suave, desenvolvendo certas ideias no momento mesmo de sua “introdução” no texto.
Também não há, rigidamente, uma obrigatoriedade quanto ao conteúdo a ser apresentado nesta parte do texto.
O autor pode começar o texto com uma referência literária, uma história curiosa, um evento de que foi
testemunha, uma piada ou uma metáfora e, em seguida, desenvolver suas ideias sobre o tema a partir desse
relato inicial.

Planejamento do artigo
Essa liberdade de forma e conteúdo, porém, não deve enganar o iniciante, levando-o a imaginar que, num
artigo opinativo, “qualquer coisa serve”. A arte da opinião consiste, justamente, em “entrelaçar” todas as ideias
de cada um dos parágrafos de tal forma que conduzam o leitor ao pleno entendimento de seu ponto de vista.
Mesmo que o leitor “discorde” de você, seu artigo será bem-sucedido caso o leitor aprecie e respeite a forma
como apresentou e defendeu as suas ideias.
Por isso, é uma boa ideia que, no seu primeiro artigo opinativo, você planeje o “andamento” da apresentação
Alexei Gonçalves de
Oliveira
das ideias, compondo uma estrutura semelhante à prevista na lição 70. Não é necessário definir rigidamente o
conteúdo de cada parágrafo, como fizemos na redação simples: apenas tome nota da sequência de apresentação
de ideias no texto.
Veja um exemplo prático:
Apresentar os conceitos básicos de Maquiavel aplicáveis ao problema que abordaremos: virtú
(virtude) e occasione (oportunidade).

Explicar a relação desses conceitos com a Administração do Ambiente do Marketing.

Explicar o absurdo por trás de uma promessa de “crescimento infinito”.

Apresentar e criticar as 8 regras do crescimento infinito.

Pesquisar e explicar a origem do conceito de “esquismogênese”.

Concluir esclarecendo a aplicação dos conceitos de Maquiavel à gestão do ambiente de marketing.

A partir da estrutura acima, produzi o seguinte artigo, publicado no blog da empresa em que trabalho:

Maquiavel e o foguete do crescimento infinito


Publicado por: Alex Oliveira | em:11/10/2015
É impossível discordar de Olavo de Carvalho quanto ao fato de que o pensamento de Maquiavel, caso se tente
entendê-lo como um sistema integrado e coerente, é realmente uma confusão demoníaca. Isso não quer dizer
que é impossível extrair, aqui e ali, da leitura de Maquiavel, uma ou outra ideia interessante embora, sem
dúvida, seja possível encontrar as mesmas ideias expostas com mais clareza e precisão em outros autores.
Refiro-me especificamente à percepção de que o sucesso − seja na política, nos negócios ou em qualquer área
da vida − é resultado de uma combinação de “virtù” (“virtude”) e occasione (“ocasião”), isto é, de
competência, mas também de sorte (ou “Fortuna”, como diria Maquiavel); de talento, mas também de
oportunidade; de inteligência, mas também de ajuda divina.
A “virtù” é a semente, a “occasione” é a terra fértil. Jogue uma boa semente em areia seca e ela definhará.
Plante sementes murchas em terra fértil e nada nascerá.
Só haverá sucesso, em qualquer área de sua vida, quando sua competência encontrar uma oportunidade de se
expressar e, também, quando as oportunidades encontrarem-no preparado e treinado para não desperdiçá-las.
Em Administração de Empresas em geral e, mais especificamente, no campo da Estratégia Empresarial e do
Planejamento de Marketing, esse princípio elementar se expressa na ideia de “ambiente de negócios”: somente
quando o “ambiente interno” e suas “variáveis controláveis” estão perfeitamente ajustadas às oportunidades
propiciadas pelas “variáveis não-controláveis” do “microambiente” e do “macroambiente” é que o sucesso se
torna possível.
No entanto, esse conceito parece complexo demais para cabecinhas confusas, de modo que as palestras mais
disputadas e os livros mais vendidos são, justamente, aqueles que vendem a ideia equivocada de que o sucesso,
empresarial ou pessoal, não passa de uma questão de virtù. Um exemplo recente é o do livro “Rocket: Eight
Lessons to Secure Infinite Growth” (“Foguete: Oito lições para assegurar crescimento infinito”), de Michael
Silverstein, Dylan Bolden, Rune Jacobsen e Rohan Sajdeh, do Boston Consulting Group, com lançamento
previsto para este mês.
Para início de conversa, a promessa de “crescimento infinito” é suficiente para jogar por terra toda a
credibilidade da obra. Nenhum profissional sério e qualificado em Economia e Administração concebe
honestamente a ideia de “crescimento infinito”, simplesmente porque:
1. A expressão “crescimento infinito”, matematicamente definida, expressa a ideia de “∞ %” de
crescimento, uma noção, em si mesma, absurda.
Curso Online de
Redação
2. Mesmo que os autores queiram se refugiar por trás da desculpa da “figura de linguagem” e afirmem
que queriam dizer “permanente estado de crescimento”, eles têm a obrigação profissional de saber que
essa é uma promessa também absurda, pois o crescimento de uma empresa depende também do
crescimento econômico, da evolução do mercado, da ação dos concorrentes dentro e fora do país,
entre muitos outros fatores que escapam ao controle dos executivos de qualquer empresa.

É evidente que um título honesto prometeria não mais do que “uma tendência de crescimento a longo prazo,
sujeita a oscilações”, tanto quanto é evidente que um livro com esse título venderia muito menos do que outro
que promete “crescimento infinito”.
Embora, em todos os casos revistos e analisados na obra − por exemplo, do capítulo 1, de que você pode fazer
download gratuito − seja visível e evidente a integração de “virtù” e “occasione”, a tônica do livro é nas
“regrinhas” e “receitas”, ao estilo “faça isso e aquilo e você terá sucesso”. Veja a forma da redação das “oito
regras do crescimento infinito”:

Regra #1: Não pergunte aos seus clientes (porque eles não sabem até que você mostre a eles).
Regra #2: Corteje e seduza os seus maiores fãs (porque eles são absolutamente merecedores).
Regra #3: Sempre dê as boas vindas ao escárnio de seus clientes (porque você voltará mais forte dessa
experiência).
Regra #4: Aparência é fundamental (porque as pessoas realmente julgam um livro pela capa).
Regra #5: Transforme seus empregados em discípulos apaixonados (porque o amor é infeccioso).
Regra #6: Impulsione suas relações virtuais (porque é isso que seus clientes estão fazendo).
Regra #7: Dê saltos gigantes (porque você não vencerá com passinhos tímidos).
Regra #8: Descubra o significado da palavra “esquismogênese” (porque ela salvará seus relacionamentos).
Sinceramente: há alguma novidade nessas “oito regras”, algo que você jamais tenha lido em qualquer obra
sobre marketing e estratégia publicada nos últimos 30/40 anos? Bem, talvez haja alguma novidade real na
palavra “esquismogênese”. Vejamos se é o caso:
Bodin (1981) reúne os estudos das relações interpessoais realizados por vários autores:

a) Os conceitos de simetria e complementaridade propostos por Bateson em 1936, segundo o


qual pessoas assertivas interagindo com pessoas submissas tenderiam a polarizar-se uma na
outra, processo que ele chamou de esquismogênese complementar. No caso de pessoas assertivas
interagindo com outras pessoas assertivas a tendência é manter uma igualdade uma com a
outra, processo que ele denominou esquismogênese simétrica”. (PISZEZMAN, Maria Luiza R.
Terapia familiar breve: uma abordagem terapêutica em instituições. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2007, 2ª ed., p. 35).

Eis aí uma “novidade” prestes a completar 80 anos!


Enfim, é preciso viver, vender livros, ser convidado para palestrar e conquistar contratos de consultoria. Cabe a
você decidir o que fazer com o seu dinheiro mas, considerando os fatos, você sempre fará melhor negócio
espanando a poeira daquele velho volume do Philip Kotler abandonado em sua estante desde os tempos da
faculdade e relendo atentamente o capítulo a que os estudantes dão menos importância, aquele em que o
mestre aborda em detalhes “o ambiente do marketing”. Tudo o que você precisa saber para ter sucesso em seu
mercado − ou na sua profissão, ou em qualquer área de sua vida − está ali, um conhecimento que podemos
sintetizar em uma única frase: ajuste as coisas que você controla (isto é sua “virtú”) de modo a explorar as
oportunidades oferecidas pelas coisas que você não controla (ou seja, as “occasioni”). Tendo em mente esse
princípio, tudo o mais que você vier a estudar será colocado nesse plano de referência e você aproveitará muito
melhor as ideias e exemplos que vier a absorver futuramente, inclusive de livros como o “Foguete do
Crescimento Infinito” do Boston Consulting Group.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
(Disponível em http://www.gessicahellmann.com/maquiavel-e-o-foguete-do-crescimento-infinito/, acesso em
04 de janeiro de 2016)

Agora, vamos às observações sobre o exemplo:


1. O entendimento do ponto de vista defendido no artigo envolvia a necessidade de conhecimento
prévio sobre diferentes assuntos − o pensamento de Maquiavel e Análise Ambiental para Gestão
Estratégica e de Marketing − de modo que foi necessário estender a introdução por 5 parágrafos antes
de entrar no verdadeiro assunto, isto é, a crítica ao livro do Boston Consulting Group.
2. A linguagem é mais livre do que a de um texto acadêmico, científico ou profissional, incluindo doses
generosas de ironia.
3. O planejamento da estrutura do artigo opinativo não precisa ser tão detalhado como você aprendeu a
fazer no caso da redação simples, bastando definir a ordem de entrada dos fatos para facilitar ao leitor
a tarefa de acompanhar sua linha de raciocínio.

Exercício
Comece a planejar a estrutura básica do seu artigo opinativo decidindo a ordem de entrada dos fatos e
informações.

Resumo da lição

A arte da opinião consiste, justamente, em “entrelaçar” todas as ideias de cada um dos parágrafos de tal forma que
conduzam o leitor ao pleno entendimento de seu ponto de vista.
Curso Online de
Redação

Lição 89 − Humor, Ironia e Sarcasmo


Os artigos opinativos costumam ser agradáveis de escrever e de ler justamente porque neles é permitido ao
escritor − dentro dos limites da publicação-modelo − acrescentar “temperos”, “aromas” e “sabores” ao texto.
Portanto, a partir desta lição, você estudará e praticará algumas técnicas para tornar o seu texto mais
“saboroso”.
Sobre o uso do “humor”, uma ótima sugestão é reler as advertências das lições 29 e 72. Lembre-se sempre de
que cada pessoa ri de certo tipo de piadas, e não de outros. Lembre-se também de que a piada
“engraçadíssima” para uma pessoa pode se transformar em uma “ofensa gravíssima” aos olhos de outra.
O melhor conselho sobre o uso do humor em artigos opinativos pode ser resumido em uma única frase: jamais
faça do leitor o objeto de sua piada. O seu leitor está fazendo um favor ao ler o seu texto: normalmente, não há
motivo para ofendê-lo fazendo piadas com a cara dele. Por exemplo, veja este parágrafo de encerramento de
um artigo da dupla de humoristas Hubert e Marcelo Madureira, sob o pseudônimo de “Agamenon Mendes
Pedreira”:
“Aliás, meus leitores têm uma vantagem sobre a minha pessoa: pelo menos sabem ler enquanto
só sei escrever. Mas o que mais admiro no vasto público d'O Antagonista é a total incapacidade
de entender ironias. São mais antas que gonistas.

Agamenon Mendes Pedreira também é uma Anta Gonista”.

(Agamenon: Um Ano de Antagonismo. Disponível em


http://www.oantagonista.com/posts/agamenon-um-ano-de-antagonismo, acesso em 04 de janeiro
de 2016).

Os autores são humoristas profissionais, com várias décadas de experiência. E então, o que achou da piada?
Gostou de ser chamado de “mais anta do que gonista”?
A resposta fica a critério de cada um.
Aproveitando o “gancho”, tratemos de entender o que é “ironia” no contexto de um artigo opinativo. Trata-se,
basicamente, de usar certas palavras para expressar a ideia diferente ou oposto do seu significado normal. Por
exemplo, um sujeito “fortão” pode receber de seus amigos o apelido irônico de “Magrinho” ou um carro velho
com motor em péssimo estado pode ser ironicamente batizado como “O Possante”.
Comentários irônicos podem se dirigir tanto a pessoas e objetos quanto a situações. Como exemplos de
situações irônicas, podemos imaginar um ricaço que precise pedir dinheiro emprestado a um mendigo, ou um
governo democrata que precise se aliar, no plano diplomático, a um governo ditatorial.
A ironia é uma poderosa ferramenta para escrever textos críticos em todas as áreas do conhecimento. O risco
da ironia, porém, como bem ressaltou o “Agamenon”, é que o leitor − ou, pelo menos, um grande número
deles − pode não entender que está diante de uma ironia e interpretar o seu texto literalmente. Por isso, a ironia
é um recurso que deve ser usado estrategicamente; de preferência, deixando claro para o leitor que se trata de
uma ironia.
O sarcasmo é uma forma extremada de ironia que se caracteriza pela forte agressividade, pela intenção de
agredir e ofender. Por exemplo, o escritor pode dizer afirmar várias vezes em seu texto que uma determinada
pessoa é “genial”, “brilhante”, “uma referência intelectual”, “um exemplo de lucidez”, e assim por diante, tudo
isso enquanto narra diversos episódios em que a pessoa citada revela a sua total falta de inteligência. Outro
exemplo: o escritor pode ressaltar em suas palavras “a beleza incontestável” e “o elevado valor estético” de um
objeto enquanto revela ao leitor uma série de fatos concretos que revelam o quanto o referido objeto é feio ou
grotesco.
A própria agressividade envolvida na prática do sarcasmo já explica qual é o seu principal risco: o alvo da
chacota muito provavelmente não apreciará esse tipo de “bom humor”, submetendo o escritor ao risco de ação
judicial e graves penalidades legais.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Exercício
Identifique, no tema do artigo opinativo que escreverá nesta parte do curso, situações, pessoas ou objetos que
possam receber uma abordagem bem humorada, irônica ou sarcástica e anote-as no espaço abaixo.

Resumo da lição

O humor, a ironia e o sarcasmo podem ser empregados para tornar mais interessante um artigo opinativo, mas recomenda-
se muito cuidado.
Curso Online de
Redação

Lição 90 − Referências culturais


Um método muito interessante de “temperar” um artigo opinativo é incluir algumas referências a outras
manifestações culturais, tais como romances, poemas, peças de teatro, música, ópera, cinema, vídeo ou, até
mesmo, quadrinhos e desenhos animados. Você pode incluir essas referências tanto de forma óbvia e direta,
como a citação de uma frase famosa ou de uma cena conhecida, quanto de forma indireta, recorrendo a
paráfrases, paródias, alegorias ou narrativas que tragam à memória a obra original.
A referência pode ser utilizada para muitas finalidades diferentes:
1. Divertir o leitor. Você sempre poderá amenizar um tema árido incluindo referências culturais que
permitam uma abordagem mais divertida de seu tema.

2. Efetuar analogias. Você pode recorrer a uma “cena” de uma obra literária, teatral ou cinematográfica
para demonstrar de forma dramática a situação que descreve em seu artigo.

3. Exemplificar um ponto obscuro. Uma “cena” famosa da literatura ou do cinema, muitas vezes, é
capaz de exemplificar e esclarecer uma ideia complexa com mais eficiência do que vários parágrafos
explicativos.

4. Gerar empatia no leitor. Se as ideias em seu texto soarem muito abstratas, você pode recorrer a uma
referência cultural para estimular o leitor a imaginar a situação como se a “vivenciasse na própria
pele”.

5. Emocionar. Uma referência artística pode eficientemente “quebrar o gelo” de uma argumentação
excessivamente baseada em Lógica, fatos e dados.

6. Associar ideias. Caso você preveja que o leitor poderá apresentar dificuldades em perceber a relação
entre as diferentes ideias apresentadas em seu texto, uma referência cultural pode estabelecer a
“ponte” imaginária que propiciará essa conexão mental.

O aspecto mais importante de uma referência cultural é certificar-se de que o leitor conhece a obra citada; caso
contrário, ela cairá no vazio. Caso você não tenha essa certeza, inclua em seu texto um pequeno resumo da
obra para situar o leitor no contexto geral de sua argumentação.

Exercício
Vasculhe em sua própria memória (lembre-se da lição 66!) e na internet oito referências artísticas e culturais
que potencialmente aproveitáveis no desenvolvimento do seu artigo opinativo e registre-as no espaço abaixo.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Resumo da lição

Use à vontade referências artísticas e literárias em seus artigos opinativos, mas certifique-se de que o leitor as entenderá.
Curso Online de
Redação

Lição 91 − Figuras de estilo: palavras


Uma forma de acrescentar “molho” e “tempero” a um texto opinativo é o uso inteligente das chamadas
“figuras de estilo”, uma técnica em que o escritor combina palavras de forma não usual para produzir sentidos,
ao mesmo tempo, inesperados e precisos, causando forte impacto intelectual e emocional no leitor. O uso
inteligente das figuras de estilo requer do escritor grandes doses de bom gosto e sensatez aliadas a uma fértil
imaginação para estimular o leitor a evocar o sentido desejado.
Nesta lição, você exercitará as figuras de estilo mais simples, isto é, aquelas que se referem às palavras
propriamente ditas.

Comparação
A comparação é a figura de estilo mais simples e mais comum, em que o autor une duas palavras por um
conectivo − como, tal como, tal qual, assim como − para demonstrar sua semelhança ao leitor.
Exemplos:
Este carro é rápido como um raio.
Jean, tal como seu irmão mais velho, demonstra grande habilidade com números.

Metáfora
A metáfora é uma espécie de “comparação sem o conectivo”, o que provoca uma alteração no sentido normal
da palavra.
Exemplo:
Este carro é um raio. (é rápido como….)
Géssica é uma deusa grega. (….bela como uma deusa grega)
Sílvio tem a voz de um canário. (….tão bela como a de um canário)

Metonímia
A metonímia consiste na substituição de uma palavra por outra, que funciona como um símbolo sintético de
uma ideia mais ampla.
Exemplos:
Tenho todo o Machado de Assis em minha biblioteca. (= toda a obra de Machado de Assis).

A economia brasileira flui sobre quatro rodas. (= sobre o sistema rodoviário).

Josué edificou sua carreira com sorrisos e apertos de mão (= estabelecendo boas relações humanas e
políticas).

Um bom professor se faz com saliva e pó de giz. (=disposição para explicar e ensinar).

Catacrese
A catacrese é o uso de uma palavra que designa um objeto semelhante ao que se deseja descrever.
Exemplos:
Tivemos uma conversa ao pé do ouvido. (Ouvido tem “pé”?)
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Assentei o livro sobre o braço da poltrona. (Poltrona tem “braço”?)

A espuma da cerveja deslizou pela boca do copo. (Copo tem “boca”?)

Perífrase
A perífrase consiste em substituir uma palavra por uma expressão pela qual é bem conhecido.
Exemplos:
A obra do Estagirita inclui praticamente todos os assuntos que interessam ao espírito humano. (O filósofo
grego Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, sendo, por isso, conhecido como “O Estagirita”)

A influência do Rei Sol sobre a cultura ocidental é visível até hoje em diversas normas de etiqueta adotadas
até mesmo pelos cidadãos comuns. (O rei Luís XIV de França era conhecido como o “Rei Sol”).

As canções do rei do rock serão lembradas ainda por muitas gerações (o cantor americano Elvis Presley é,
muitas vezes, referido como o “Rei do Rock”).

Sinestesia
A sinestesia consiste em usar um dos cinco sentidos para expressar sensações de outro.
Exemplos:
Li uma crônica saborosa daquele autor iniciante.

O aroma deste vinho tem um colorido especial.

As cores e formas desta pintura resultaram em um efeito musical.

Exercícios
Redija duas frases relacionadas ao tema de seu artigo opinativo para cada uma das figuras de estilo estudadas
nesta lição:
1-Comparação
Frase 1:
Frase 2:

2 – Metáfora
Frase 1:
Frase 2:

3 – Metonímia
Frase 1:
Frase 2:

4 – Catacrese:
Curso Online de
Redação
Frase 1:
Frase 2:

5 – Perífrase:
Frase 1:
Frase 2:
6 – Sinestesia:
Frase 1:
Frase 2:

Resumo da lição
O uso inteligente das figuras de estilo requer do escritor uma grande dose de bom gosto e bom senso aliados a uma fértil
imaginação para estimular o leitor a evocar o sentido desejado.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 92 – Figuras de estilo: sintaxe


Nem só de mudanças de sentido de palavras são feitas as figuras de estilo. Nesta lição, você exercitará a
criação de efeitos estilísticos através da manipulação sintática de suas frases. Você provavelmente perceberá
que já usou, intuitivamente, boa parte dessas figuras na parte 2 deste curso, durante os exercícios de inversões
e das formas básicas de coordenação e subordinação. O objetivo maior desta lição é conscientizá-lo da
existência dessas figuras para que você seja capaz de utilizá-las − ou evitá-las! − com inteligência.

Elipse
Elipse é o termo gramatical para o ato de excluir da oração uma palavra cujo sentido pode ser deduzido a partir
do contexto.
Exemplos:
Arlindo abraçou sôfrego sua noiva; correspondeu-lhe com um beijo. (a noiva correspondeu-lhe….)

Na sala de reuniões, todos os diretores. (….estavam…)

Quanta beleza neste país! (….há neste país).

Quisera eu meus filhos chegassem cedo. (….que meus filhos...)

Zeugma
Zeugma é um tipo especial elipse que consiste em omitir uma palavra que, de outra forma, seria repetida ou
substituída por um sinônimo.
Exemplo:
Eu prefiro filmes de ação; ela, os românticos. (….ela prefere os filmes românticos).
Os soldados estavam treinados. O equipamento, completo. (O equipamento estava….)

Pleonasmo
Pleonasmo é o uso excessivo de palavras para enfatizar uma ideia através da repetição:
Conhece-te a ti mesmo. (Seria suficiente “Conhece-te” ou “Conhece a ti mesmo”)

Era o horror a cada vez que os pensava, aqueles pensamentos hediondos.

Observação: O pleonasmo é considerado um erro grosseiro quando não tem força expressiva, sendo resultado
de simples ignorância quanto ao sentido das palavras.
Exemplos:
“Cadência ritmada” − Se não tem ritmo, não é “cadência”.
“Criação original” − Se não é original, não é uma “criação”.
“Elo de ligação” − Se não faz uma “ligação”, não é um “elo”.
“Falar com palavras” − Se não tem palavras, não é uma “fala”.
“Fatos reais” − Se não é real, não é “fato”.
“Interagem entre si” − Se não agem “entre si”, não há
“interação” (inter+ação).
Curso Online de
Redação
“Monopólio exclusivo” − Se não é exclusivo, não é “monopólio”.
“Observar com os próprios olhos” − Se não foi feita com os olhos, não é “observação”.
“Opinião pessoal” − Se não é pessoal, não é “opinião”.
“Protagonista principal” − Se não é o personagem principal, não é o “protagonista”.
“Vida real” − Se não é real, não pode ser “vida”.

Inversões: hipérbato, anástrofe e sínquise


A aplicação prática das inversões foi objeto de intenso exercício nas lições 22 a 25, por isso não nos
estenderemos muito nas explicações e exemplos.
As palavras “hipérbato”, “anástrofe” e “sínquise” designam ligeiras variações na técnica da inversão, conforme
a intensidade do seu impacto sobre a inteligibilidade da frase e sobre o fluxo normal de leitura.
Chamam-se “anástrofes” às inversões suaves, que não prejudicam a inteligibilidade nem o fluxo normal de
leitura – exatamente o tipo que você praticou na parte 2 deste curso. Já os “hipérbatos” são inversões que
causam bruscas mudanças no fluxo normal de leitura, porém sem prejudicar o entendimento. Finalmente, as
“sínquises” nomeiam as inversões tão radicais que chegam a comprometer o entendimento do texto, como
vimos na lição 25 quando estudamos a “desinversão” dos primeiros versos do Hino Nacional Brasileiro.

Assíndeto
O assíndeto nada mais é do que a remoção da conjunção coordenativa, reduzindo a frase a uma sequência de
verbos que indicam ação contínua ou etapas sucessivas.
Vim, vi, venci.

Achou, ganhou!

Abriu a porta, beijou a mulher, afagou o cão, afrouxou a gravata, largou o paletó sobre a mesa.

Polissíndeto
É a forma inversa do assíndeto, em que o escritor repete obsessivamente as conjunções coordenativas.
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua. (Olavo Bilac)

Políbio vive num ritmo frenético em que ora arrisca tudo, ora se resguarda; ora celebra vitórias, ora amarga
derrotas; ora se exalta, ora se deprime.

Anacoluto
O anacoluto representa uma interrupção no fluxo de pensamento do autor, que se manifesta numa alteração
brusca da forma sintática, deixando inconclusa uma ou mais das orações que compõem a frase.
ALERTA: A meu ver, os anacolutos deveriam sempre ser evitados, constituindo mais um “defeito” do que um
“efeito” de estilo. Além disso, autores iniciantes, ainda não “consagrados”, serão mais provavelmente
criticados do que louvados pelos seus anacolutos.
Sim, é fato: o mundo é injusto com os autores iniciantes.
Exemplo:
“Vemos com desgosto, nestes tempos de crise, crise não só econômica como política, que abrasa os ânimos e
Alexei Gonçalves de
Oliveira
abala a confiança dos cidadãos – somos candidatos para mudar tudo isso que está aí”.

Da forma como foi redigida, a frase acima não diz o que, exatamente, o autor “vê com desgosto”.

Silepse
Silepse é o ato de alterar a concordância dos termos da frase, de modo a não seguir a Gramática, mas a ideia
que as palavras expressam. É uma espécie de “concordância mental”.
ALERTA: Aqui também vale o alerta que fizemos para os anacolutos: autores iniciantes muito provavelmente
serão criticados por silepses que seriam louvadas se empregadas por autores consagrados. Por isso, o melhor
conselho relativo a silepses, no caso de autores iniciantes, é: fuja delas!
Exemplos:
A equipe não venceu todas as partidas, mas conquistaram a taça.

O povo vencemos mais essa batalha.

V. Exª. está perdido em seus pensamentos.

Nesta foto, a atual diretoria da Associação de Esposas de Servidores do Estado, reunidas em solene
assembleia para deliberar sobre as festividades de fim de ano.

Exercícios
Redija cinco frases relacionadas ao tema de seu artigo de opinião, empregando as figuras de estilo sintático
apresentadas nesta lição.

Resumo da lição
O mundo é injusto com os autores iniciantes, por isso, todo cuidado é pouco na hora de empregar figuras de estilo
sintático.
Curso Online de
Redação

Lição 93 − Figuras de estilo: ideias


Além da manipulação de palavras e da sintaxe, também existem figuras estilo que são criadas a partir das
ideias do próprio texto. Esta categoria de figuras de estilo, quando empregadas sem excessos, constituem
excelentes ferramentas para que o escritor enriqueça a exposição de suas opiniões sem expor-se a grandes
riscos.

Antítese
A antítese é o confronto, ou a superposição, de ideias opostas.
Exemplo:
No coração das trevas, dormita a luz, à espera seu triunfo inevitável.

O preço da liberdade é a eterna vigilância.

Eufemismo
O eufemismo é a substituição de uma palavra desagradável, grosseira ou indecente por outra mais suave:
Exemplo:
O ministro faltou com a verdade em sua fala. (Evitando dizer que ele “mentiu”).

É uma cidade sem grandes atrativos. (Evita-se dizer que a cidade em questão é “feia” ou “desinteressante”).

Hipérbole
A hipérbole nada mais é do que o velho e bom “exagero”:
Regina tem saúde para dar e vender.

Tenho milhões de motivos para não votar nesse candidato.

Foi preciso dar a volta ao mundo para encontrar sua casa.

Personificação (prosopopeia)
A personificação − também chamada de “prosopopeia” − é a atribuição de pensamentos, sentimentos ou ações
tipicamente humanas a seres inanimados ou irracionais.
Exemplos:
O asfalto gemia com o excesso de calor.

Até as pedras da calçada sabem que aquele político é um ladrão.

A floresta devastada grita por socorro.

A lua clamou às nuvens que a cobrissem em sua vergonha.


Alexei Gonçalves de
Oliveira

Onomatopeia
Uma onomatopeia é uma palavra que imita algum som específico.
O tique-taque do relógio de parede anunciava a proximidade do confronto.

A porta deslizante abriu-se com um “zim” assustador.

Exercício
Redija cinco frases relacionadas ao tema de seu artigo de opinião, empregando as figuras de estilo sintático
apresentadas nesta lição.

Resumo da lição

As figuras de estilo que brotam das ideias do próprio texto constituem excelentes ferramentas para que o escritor enriqueça
a exposição de suas opiniões sem expor-se a grandes riscos.
Curso Online de
Redação

Lição 94 − Aplicação das figuras de estilo a seu artigo


opinativo
Como você pôde ver nas últimas 3 lições, o escritor dispõe de um amplo arsenal de figuras estilísticas para
expressar suas ideias, sendo desnecessário recorrer aos famosos “chavões”, isto é, aquelas frases escritas por
outros autores e que, de tão repetidas, ninguém aguenta mais vê-las citadas ainda mais uma vez em ainda outro
contexto por ainda outro inábil escritor.
Por outro lado, a menos que você esteja redigindo um exercício para uma oficina de literatura – objetivo
avançado demais para os propósitos deste curso – deveria limitar o recurso às figuras de estilo, em um artigo
opinativo, às seguintes situações:
1. Realce de ideias-chaves. A figura de estilo pode funcionar como um holofote, que joga luz e brilho
sobre um conjunto de ideias de seu texto. Escolha quais são as ideias que merecem realce e destaque-
as com figuras de estilo.
2. Quebra de monotonia. Um texto mais longo do que o usual sobre tema delicado ou complexo pode
se tornar cansativo tanto para o leitor quanto para o escritor. Se você “salpicar” algumas figuras de
linguagem nos parágrafos mais áridos de seu texto, talvez possa reduzir o sofrimento do leitor
disposto a acompanhar sua exposição.
O uso de figuras de estilo fora dessas situações pode tornar pernóstico o seu artigo opinativo. Registremos aqui
o significado número 3 do dicionário Aulete para a palavra “pernóstico”:
“3. Bras. Que gosta de usar termos incomuns, que às vezes desconhece, para aparentar cultura;
DOUTORAL; SENTENCIOSO” (Fonte: http://www.aulete.com.br/pernóstico).

Sem dúvida, você não deseja escrever um artigo opinativo pernóstico. Como sempre, use as figuras de estilo
com inteligência e você não errará.

Exercício
Selecione, nos exercícios das lições 91, 92 e 93, as 6 melhores frases segundo o critério de seu potencial para
inclusão no primeiro rascunho de seu artigo opinativo, que você redigirá na próxima lição.

Resumo da lição

O uso inteligente de figuras de estilo em artigos opinativos costuma ser limitado ao realce de ideias-chaves e à quebra de
monotonia, evitando os excessos que podem tornar pernóstico o seu texto.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 95 − Primeiro rascunho do artigo opinativo


Chegou o momento de juntar as peças e redigir o primeiro rascunho de seu primeiro artigo opinativo. Seguindo
a estrutura que você mesmo criou na lição 88, registre os seus pensamentos, informações e ideias, inicialmente
sem se preocupar em “escrever bonito”. Depois que você tiver redigido todos os parágrafos planejados, volte
ao início e comece a trabalhar nas melhorias do texto. Lembrando:
1. Substitua palavras de sentido impreciso ou ambíguo por outras mais precisas.

2. Melhore a sonoridade de frases e parágrafos substituindo palavras por sinônimos ou antônimos, ou


efetuando inversões.

3. Se necessário, redija definições ou esclareça o sentido das palavras-chaves.

4. Verifique se não está faltando Sensatez ao seu raciocínio.

5. Avalie se algumas frases não poderiam resultar mais precisas, sonoras ou elegantes optando pela
subordinação em vez da coordenação.

6. Corrija os problemas de pontuação.

7. Avalie criticamente os seus parágrafos e confira se é possível melhorar o destaque das ideias-chaves, a
frase de abertura, a frase de encerramento, o desenvolvimento de ideias, as transições entre parágrafos.

8. Verifique se é possível e conveniente incluir em seu texto referências culturais (lição 90) e figuras de
estilo (lições 91, 92 e 93).

9. Examine as informações de pesquisa apresentadas em seu texto e, caso estejam superficiais, mal
explicadas ou mal fundamentadas, decida se é melhor (a) incluir algumas frases ou parágrafos com
explicações adicionais, (b) ampliar a pesquisa ou (c) cortar essas informações do seu texto.

10. Escreva mais do que o necessário, pois a experiência demonstra que é muito mais fácil cortar os
excessos de um texto longo do que “espichar” um texto curto demais. Assim, redija um artigo com
1200 a 2000 palavras, consciente de que poderá reduzi-lo facilmente a dois terços ou até à metade do
tamanho, se for necessário.

Após fazer todas essas alterações, seu artigo ainda não estará “pronto”. Nas próximas lições, você aprenderá a
usar diversos recursos visuais e editoriais para finalizá-lo, deixando-o com qualidade profissional e pronto para
publicação.

Resumo da lição

O seu primeiro artigo opinativo é a melhor oportunidade de aplicar todas as habilidades que exercitou desde a primeira
lição deste curso. Aproveite-a!
Curso Online de
Redação

Lição 96 − Títulos de seções


Agora que já tem em mãos o primeiro rascunho revisado de seu artigo opinativo, você tem a oportunidade de
aperfeiçoá-lo incluindo diversos tipos de conteúdo que o tornarão mais atraente, informativo e agradável.
Observe que todos os itens de conteúdo que você estudará a partir de agora até a lição 103 são opcionais. Não
há dúvida de que você pode publicar o seu imenso bloco de texto com 1200 a 2000 palavras sem nenhum
atrativo adicional. O problema é que, a menos que você seja um autor consagrado, respeitado em sua área de
atuação, um artigo desse tipo provavelmente terá baixo índice de leitura. Esse fato leva muitas pessoas,
equivocadamente, à conclusão de que “ninguém lê textos longos”, aconselhando a publicação apenas de
“textos curtos”.
Ora, é subjetiva a definição do que é “curto” ou “longo”. Na verdade, as pessoas leem tudo o que as interessa,
não importando a extensão do texto: se o assunto não interessa à pessoa, ela não passará do título. Se o assunto
for muito interessante, a pessoa lerá até a última linha. Se o interesse for mediano, a pessoa provavelmente,
lerá apenas as partes do texto que a interessam, ignorando as demais.
Para aumentar o índice de leitura de um artigo mais extenso do que a média, devemos orientar o leitor quanto
ao conteúdo de cada parte do bloco de texto que tem em mãos, de modo que possa selecionar facilmente as
partes que deseja ler, ignorando as demais, caso esse seja seu desejo. A técnica dos “títulos de seções” cumpre
com perfeição essa tarefa: dividimos o texto longo em trechos menores, mais “palatáveis” pelo leitor e
acrescentamos um subtítulo em destaque para cada um desses trechos.
À redação dos títulos de seções são aplicáveis todos os princípios discutidos na lição 72 sobre a redação de
títulos. Aconselham-se, especialmente, o seguinte:
1. Pequeno número de palavras não muito longas. Em caso de dúvida, tente limitar o tamanho do
título de seção à metade da largura da página em que estiver digitando o texto.

2. Única linha. Ainda que seja necessário ultrapassar a metade da página, limite-o a apenas uma linha.

3. Divisão temática, não apenas visual. Os seus títulos de seção devem refletir o desenvolvimento dos
assuntos em seu texto, permitindo que o leitor localize rapidamente o conteúdo que deseja.

4. Informativos, mas não reveladores. O texto do título de seção deve revelar ao leitor que informação
é apresentada naquele trecho do texto, porém sem “estragar a surpresa” com a exposição precoce das
informações-chaves ou de maior impacto.

Visualmente, os títulos de seções devem se destacar do restante do texto, normalmente usando uma fonte de
tamanho maior ou algum outro tipo de destaque visual, como negritos ou itálicos. Uma forma bastante
cômoda é o usar os formatos pré-definidos de seu processador de textos favorito.
Em geral, uso o formato “Título 1” para o título dos artigos que estou redigindo, reservando o formato “Título
2” para alguns raros casos especiais. Para os títulos de seções, uso o formato “Título 3”. Quando preciso
dividir uma seção relativamente extensa em várias subseções, uso o formato “Título 4”. Jamais precisei usar
outros formatos, embora os processadores de texto modernos incluam opções pré-definidas até o “Título 10”!

Os blogs também possibilitam a fácil formatação de títulos de seção, dispondo de uma caixa de seleção de
estilos bem semelhante à dos editores de textos.

Caso as opções oferecidas pelos sistemas dos blogs pareçam insuficientes para você, a solução é clicar no
botão “Editar HTML” do seu editor de blogs e aplicar diretamente o código formatação aos seus títulos de
seção. A linguagem HTML oferece 6 opções padronizadas para esse formato:

<h1>Título 1</h1>

<h2>Título 2</h2>
Alexei Gonçalves de
Oliveira
<h3>Título 3</h3>

<h4>Título 4</h4>

<h5>Título 5</h5>

<h6>Título 6</h6>

Como pode ver, você não deixará de incluir títulos de seção em seu artigo opinativo por falta de opções
tecnológicas. Procure apenas evitar os excessos, usando sempre como critério a conveniência do seu leitor
(lembra-se da lição 1?).

Exercício
Analise o conteúdo do primeiro rascunho de seu artigo opinativo e inclua títulos de seções.

Resumo da lição
Os títulos de seção, quando usados com inteligência, aumentam os índices de leitura até mesmo de artigos opinativos
bastante extensos.
Curso Online de
Redação

Lição 97 − Elementos visuais (1): Tabelas


Um artigo opinativo não precisa ser composto apenas de palavras, mas pode incluir elementos visuais como
desenhos, fotos, gráficos, infográficos, além de gravações de áudio, animações, vídeos e apresentações de
slides. Considerando o espírito dos tempos e a disponibilidade tecnológica da atualidade, aconselhamos que
você procure incluir pelo menos alguns elementos visuais em seus artigos opinativos para torná-los mais
atraentes.
Comecemos nosso estudo pelas tabelas. Uma tabela é, rigorosamente, uma representação visual das relações
matemáticas entre duas ou mais variáveis numéricas.

As tabelas oferecem um rápido


resumo visual até mesmo de relações
bastante complexas, como
resultados de pesquisas e outros.
Usando editores de planilhas
eletrônicas como o LibreOffice Calc,
você não precisará limitar-se a uma
tabela simples, em Figura 18: Tabela criada pela empresa em que trabalho para ilustrar o preto e branco, mas
terá acesso a uma artigo "Pesquisa B2B: marketing industrial e marketing de conteúdo", de ampla galeria de
opções pré- Géssica Hellmann. Disponível em formatadas para
http://www.gessicahellmann.com/pesquisa-b2b-marketing-industrial-
criar tabelas com marketing-de-conteudo/, acesso em 06 de janeiro de 2016.
aspecto mais
atraente.

Enfim, quando o seu artigo opinativo incluir variáveis


numéricas, considere a opção de concatená-las em uma tabela
visualmente atraente.

Exercício
Figura 19: Galeria de opções de
Caso seja possível enriquecer o formatação automática de tabelas no conteúdo de seu artigo ilustrando a
relação matemática entre variáveis LibreOffice Calc. numéricas, crie uma ou mais tabelas
para atender a essa finalidade. Se não for esse o caso, sugiro que você
exercite a criação de tabelas visualmente atraentes no seu editor de planilhas favorito a partir de tabelas de
“dados crus” como, por exemplo, as disponíveis sites de órgãos públicos como o IBGE, Banco Central, CVM
e outros. O importante é que você pratique agora para que esteja pronto caso um dia venha a precisar!

Resumo da lição

Uma tabela é uma representação visual das relações matemáticas entre duas ou mais variáveis numéricas.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 98 − Elementos visuais (2): Gráficos


Se você criou uma ou mais tabelas para ilustrar seu artigo opinativo, avalie se os dados de, pelo menos, uma
dessas tabelas não seriam mais bem visualizados sob a forma de um gráfico. Um gráfico, para efeito desta
lição, é uma representação visual dos dados numéricos expressos em uma tabela.
Todos os editores de planilhas eletrônicas incluem a funcionalidade de geração automática de diversos tipos de
gráficos para representar os dados de uma tabela. Apresentaremos a seguir alguns tipos de gráficos, ressaltando
quando você deveria preferir um tipo a outro.

Todos os exemplos de gráficos desta lição foram criados com o LibreOffice Calc, a partir da seguinte tabela:

Figura 20: Tabela com os dados de origem dos gráficos que


ilustram esta lição.

Gráficos de barras ou colunas

Os gráficos de barras ou de colunas são convenientes para


comparar visualmente os valores assumidos por diferentes
fatores sob ação de diferentes variáveis.
Figura 22: Gráfico "de torta" ou de

Gráficos de “torta” ou de “pizza”


Figura 21: Gráfico de colunas Os gráficos de pizza são adequados quando se quer mostrar
a participação percentual de cada variável sobre o conjunto
representado pela soma de todas as variáveis.

Gráficos de área
Os gráficos de área são úteis para mostrar o efeito cumulativo de
diferentes variáveis sobre os fatores Figura 23: Gráfico "de torta" ou de em estudo.
"pizza".

Gráficos de linhas
Os gráficos de linhas são ótimos para indicar mudanças nos valores
numéricos ao longo do tempo.

Figura 24: Gráfico de área.

Figura 25: Gráfico de linhas.


Curso Online de
Redação

Gráficos de dispersão
Os gráficos de dispersão indicam ao leitor o quanto os valores assumidos pelas variáveis, expressos por pontos,
se aproximam ou se distanciam de um valor principal.

Efeitos 3D e outros tipos de gráficos


O seu editor de planilhas eletrônicas provavelmente oferece um
“cardápio” de opções de gráficos muito mais amplo do que
pudemos apresentar neste capítulo, inclusive com efeitos
tridimensionais tão ou mais Figura 26: Gráfico de dispersão.
sofisticados do que os da
figura 29.

A melhor sugestão é reservar algum tempo para “brincar” com as


diferentes opções de gráficos de seu editor de planilhas, experimentando
diversas configurações e avaliando o efeito de cada uma. O importante,
mais uma vez, é que o seu gráfico atenda à sua intenção de dizer
alguma coisa ao seu leitor.
Figura 27: Exemplo de gráfico de
rosca “explodida” com efeito 3D.
Elementos textuais
Todos os elementos visuais de seu artigo opinativo devem incluir alguns elementos textuais, sendo que o mais
importante deles é a legenda. A legenda é aquele texto em fonte diferente que explica de forma resumidíssima
o conteúdo da imagem. A ideia por trás da legenda é o fato de que nem sempre a simples exposição dos
elementos visuais basta para que todos os leitores consigam entender o que autor quis dizer através da imagem.
Assim, a legenda oferece a você a oportunidade de explicar ao leitor o que deseja que ele enxergue no
elemento visual!
Além das legendas, os gráficos completos podem exigir a redação de títulos, subtítulos, fontes, legendas de
valores, títulos para os eixos X e Y, créditos de autoria e observações metodológicas. Veja um exemplo na
figura 30.

Exercícios

Figura 29: Gráfico de barras. Figura 28: Exemplo de funil de vendas em Crie diversas opções de gráficos a
loja online – Gráfico por Géssica Hellmann partir das tabelas da lição 97. Não
se esqueça de incluir legendas & Cia(2014). Disponível em explicativas e outros elementos
textuais! http://www.gessicahellmann.com/como-
evitar-vazamentos-funil-de-vendas-parte-1-
diagnostico-inicial/ Acesso em 06 de janeiro
de 2016.

Resumo da lição
Um gráfico pode oferecer um resumo visual de absorção mais rápida e eficaz do conteúdo de uma tabela.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 99 − Elementos visuais (3): Quadros


Usando a função de criação de “tabelas” em seu editor de textos ou, até mesmo, formatando adequadamente o
seu editor de planilhas eletrônicas, você pode articular visualmente não apenas dados numéricos, mas qualquer
tipo de dados. Assim, chamamos de “quadro” a toda articulação de dados não-numéricos usando o formato de
tabela. Veja um exemplo na figura 31.

Os quadros representam uma


excelente maneira de articular
visualmente ideias, pessoas, ações,
organizações e outras variáveis
não numéricas, expondo os
resultados de seu relacionamento.

Exercício
Crie um quadro a partir das
informações que Figura 30: Mapa estratégico do marketing em mídias sociais. Fonte: você expôs em seu
McKinsey Quarterly. Tradução e adaptação: Géssica Hellmann & Cia.
primeiro artigo Disponível em http://www.gessicahellmann.com/midias-sociais-estrutura-
opinativo.
estrategica-mckinsey/. Acesso em 06 de janeiro de 2016.
Resumo da lição
Use quadros para expor as relações entre variáveis não numéricas.
Curso Online de
Redação

Lição 100 − Elementos visuais (4): Fotos e ilustrações


Não é preciso dizer muita coisa sobre o valor do uso de imagens nos artigos opinativos: dão graça ao texto,
oferecem sínteses visuais, comprovam fatos, demonstram verdades, explicam conceitos, descrevem detalhes.
Um artigo opinativo ilustrado com boas imagens sempre será mais lido e atrairá a atenção de mais pessoas do
que um artigo ao estilo “somente texto”, um motivo pelo qual praticamente todas as publicações da atualidade
incluem fotos e ilustrações no conteúdo que publicam.
Por outro lado, este não é um curso de Fotografia e Ilustração, mas de Redação. Nosso objetivo aqui é formar
escritores. Assim, sintetizaremos nesta lição o mínimo que você, como escritor, precisa saber sobre o uso de
fotos e ilustrações: o respeito aos direitos autorais e editoriais.

Direitos autorais e editoriais


Sim, fotos e ilustrações são criações protegidas pela legislação de direitos autorais e editoriais − para saber
todos os detalhes, confira a lei 9.160, de 19 de fevereiro de 1998, disponível na internet sob o endereço
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9610.htm. O mínimo que você entenderá após estudar essa lei é
que só pode publicar livremente fotos e ilustrações que você mesmo tenha criado ou de que você detenha os
direitos de publicação.
Nem todo mundo sabe como produzir fotos ou ilustrações com qualidade mínima para publicação − eu próprio
sou uma negação nesse campo. Assim, a primeira tentação é fazer uma pesquisa de imagens em seu motor de
buscas favorito, copiar e colar a imagem no artigo e dar o assunto por encerrado. Essa é uma péssima ideia. O
detentor dos direitos da foto ou ilustração pode exigir que você a exclua de seu artigo ou, ainda pior, cobrar
uma indenização pelo uso indevido de sua criação. Apresentaremos a seguir quatro opções perfeitamente legais
e éticas para o uso de imagens criadas por terceiros.

Autorização direta do autor


Uma regra universalmente válida para o uso de imagens de terceiros é a seguinte: sempre entre em contato
com o detentor dos direitos e obtenha sua autorização por escrito. Enquanto não obtiver autorização
explícita, simplesmente não use!

Licença Creative Commons


Caso não obtenha autorização do autor para usar as imagens que pretendia inicialmente, mas deseje ilustrar seu
artigo com belas fotos produzidas com qualidade profissional, uma opção é pesquisar imagens cujo autor já
tenha autorizado explícita e publicamente o seu uso, por exemplo, através de uma licença “Creative
Commons” − para saber mais, visite o site https://creativecommons.org/. O “Creative Commons” é uma
organização internacional que permite que os proprietários de direitos autorais definam publicamente quais os
usos permitidos de suas obras, incluindo um “selo” com link para um “contrato de licença” de reconhecido
valor jurídico.
Alguns motores de busca permitem que você pesquise exclusivamente imagens liberadas para cópia através de
uma licença Creative Commons. Verifique nas configurações de seu motor de buscas favorito se ele dispõe
dessa funcionalidade.

Domínio público
Outra opção é buscar por imagens que estejam em “domínio público”, isto é, cujo direito autoral tenha
expirado, sendo livre o seu uso para qualquer finalidade. Uma busca em seu motor de pesquisas favorito pela
expressão “imagens em domínio público” (ou, em inglês, “public domain images”) revelará uma grande
quantidade sites que dizem oferecer imagens em domínio público. Mas lembre-se de verificar a idoneidade e
confiabilidade do site antes de usar as imagens disponibilizadas!
Note que a ideia de “domínio público” não significa que você pode fingir que a imagem é criação sua: sempre
Alexei Gonçalves de
Oliveira
cite o nome do autor!

Bancos de imagens
Outra opção viável é o uso de “bancos de imagens”, isto é, sites de internet que contêm um imenso acervo de
fotos e ilustrações que você pode usar em seu artigo mediante pagamento de uma quantia em dinheiro. Alguns
bancos de imagens disponibilizam versões para download gratuito desde que você cumpra certas condições,
como a inclusão de créditos ao autor e à empresa.
Atenção: certifique-se de ler cuidadosamente todas as condições, direitos e obrigações do contrato antes de
baixar ou pagar por uma imagem, pois é comum que esse tipo de contrato inclua restrições capazes de
inviabilizar o uso que você deseja fazer!

Exercícios
Produza − ou pesquise na internet, cuidando de respeitar os direitos autorais e editoriais! − imagens ilustrativas
para uso em seu artigo opinativo.

Resumo da lição
Prefira criar suas próprias imagens para ilustrar seus textos. Caso não seja possível, suas opções são as seguintes:
1. Obter autorização por escrito do(s) detentor(es) dos direitos autorais e editoriais
2. Usar imagens disponíveis sob uma licença Creative Commons adequada ao uso que você pretende fazer.
3. Pesquisar imagens em domínio público.
4. Recorrer aos bancos de imagens, submetendo-se a seus preços e condições contratuais.
Curso Online de
Redação

Lição 101 − Elementos visuais (5): Esquemas


Os esquemas visuais são representações gráficas da relação entre variáveis numéricas ou não numéricas,
pessoas, organizações e ações, normalmente representando uma estrutura, um processo, um conjunto de
procedimentos, uma tarefa em andamento, e assim por diante. Se os gráficos são uma representação visual
sintética do conteúdo de uma tabela, podemos dizer que, de certa forma, os esquemas são representações
visuais sintéticas do conteúdo de quadros.

Os esquemas devem ser usados


sempre que a explicação verbal
das relações entre múltiplos fatores
se alongar por um número excessivo
de parágrafos, tornando-se
confusa ou Figura 31: Modelo esquemático do processo de compra. Imagem por complexa.
Géssica Hellmann & Cia. Disponível em
Em artigos http://www.gessicahellmann.com/retargetting-como-a-corel-aumentou- opinativos, você é
livre para suas-vendas-em-106/. Acesso em 06 de janeiro de 2016. representar
visualmente os fatores abordados
usando esquemas da forma que bem desejar. Dê asas à sua criatividade!

Exercício
Crie pelo menos um esquema explicativo relacionado ao tema de seu artigo opinativo.

Resumo da lição
Crie esquemas explicativos sempre que uma explicação verbal se tornar excessivamente longa, confusa ou complexa.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 102 − Elementos visuais (6): Infográficos


“Infográfico” é um nome genérico para uma imensa variedade de elementos visuais que se caracterizam por
sua função explicativa. Através de um infográfico, é possível representar ideias, conceitos, ações, quantidades,
relações de causa e efeito, sequências e simultaneidades, e assim por diante. Uma característica importante dos
infográficos é a forte presença do trabalho artístico, em que são muito frequentes os desenhos, gráficos
tridimensionais, ícones especiais, cores, efeitos 3D, entre muitos outros.

A criação de infográficos complexos e visualmente atraentes requer amplos


conhecimentos de design e planejamento gráfico. Porém, existem serviços web que
possibilitam até mesmo a um leigo a criação de infográficos simples
apresentáveis.

Exercício
Opção 1: Caso você seja designer ou tenha muita habilidade com ferramentas
de criação visual, crie você mesmo pelo menos um infográfico relacionado ao
tema do seu artigo opinativo.
Opção 2: Mesmo que você não seja designer, é conveniente conhecer algumas
ferramentas de criação de infográficos. Faça uma pesquisa em seu motor de
buscas preferido pelas expressões “criar infográfico grátis” e “free infographic
maker”. Experimente algumas das ferramentas sugeridas pelos resultados da
pesquisa e crie vários infográficos relacionados ao tema de seu artigo
opinativo. Figura 32: Exemplo de
infográfico simples
gerado pela ferramenta
online Infogram.
Disponível em
Resumo da lição http://www.gessicahellm
ann.com/geracao-
Um infográfico é uma explicação visual milenio-troca- atraente, sofisticada e artística de um tema
complexo. privacidade-web-por-
beneficios/. Acesso em
07 de janeiro de 2016.
Curso Online de
Redação

Lição 103 − Elementos visuais (7): Slides e outros elementos


multimídia
A criação de conteúdo multimídia já faz parte da vida de toda a geração atual, habituadíssima a combinações
de texto com áudio, slides, vídeos e animações, algo impossível há poucas décadas. De fato, o escritor
contemporâneo precisa, cada vez mais, considerar a hipótese de usar esse tipo de mídia para ampliar o alcance
e reforçar o interesse e a compreensão de suas ideias por parte dos leitores.
A criação de apresentações de slides é um processo relativamente simples e barato, usando ferramentas como o
LibreOffice Impress. Caso você prefira trabalhar na internet, ferramentas como o Google Docs também
possibilitam a criação simples e rápida de apresentações de slides apresentáveis a partir de ligeiras adaptações
de modelos prontos.
Para fazer uma boa apresentação de slides, você deve se lembrar dos seguintes pontos:

Pequeno número de palavras curtas em cada slide. É muito difícil estabelecer um “número ideal de
palavras”, mas lembre-se de que o conteúdo do slide inteiro deve ser absorvido pelo observador em
não mais do que 5 segundos − de preferência, menos!

Equilíbrio de elementos visuais. Distribua os diversos


elementos do slide de forma coerente e equilibrada.

Divisão do tema. Não seja pão-duro: não há motivos


para “economizar” no Figura 33: Exemplo de slide com excesso número de slides! Divida os
trechos mais difíceis em de palavras. mais de um slide, tantos quantos
forem necessários!

Não abuse dos Figura 34: Exemplo de slide visualmente “efeitos especiais”,
desequilibrado. transições de slides. Você
especialmente das
quer produzir uma apresentação de slides, não
uma crise de enjoo nos seus leitores. Reduza os
“movimentos” da tela ao mínimo
indispensável para tornar interessante a sua
apresentação.
Use sempre o layout mais adequado a
cada finalidade. O seu software de criação de
slides tem diversas Figura 35: Não há motivo para economizar slides! opções de layout. Escolha
sempre o mais adequado para o conteúdo
que você deseja exibir.
Atenção à legibilidade. A melhor combinação de cores para facilitar a leitura continua sendo o texto
escuro sobre fundo claro. Os planos de fundo complexos, com grande número de cores, texturas e
variações de iluminação sempre prejudicarão a legibilidade.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Áudio, vídeo e outros elementos multimídia


É praticamente impossível cobrir em uma única lição todos os
elementos multimídia, inclusive porque novos recursos e
tecnologias são inventados todos os dias. Mas podemos lembrar a
você alguns princípios gerais que resistem à prova do tempo:

Princípio geral
O segredo do áudio e Figura 36: Um exemplo exagerado de
do vídeo bem-feitos se chama
“edição”. Os plano de fundo que impossibilita a leitura. apressadinhos acreditam que
basta ligar a câmera ou o Use planos de fundo homogêneos, que microfone e começar a falar sem
parar. O resultado, em façam contraste com a cor do texto. 99% dos casos, é um arquivo de
áudio ou de vídeo tosco, desinteressante, repleto de
defeitos. Para evitar esse problema, grave o vídeo ou o áudio em trechos curtos (chamados “takes”)
com duração de 30 a 60 segundos e, depois, monte-os em sequência.

Áudio
Cuidado com o ruído ambiente. A gravação de um vídeo ou áudio deve ocorrer em ambiente
silencioso, usando microfone direcional. A gravação em ambientes abertos requer microfone especial,
capaz de resistir ao ruído do vento.
Não aproxime demais o microfone da boca. As consoantes explosivas [t], [d], [k], [g], [p] e [b]
soam verdadeiramente como “explosões” quando o microfone está muito perto da boca.
Voz. É preciso achar o tom de voz certo, ou você poderá arruinar uma ótima exposição ao distorcer
toda a saída de áudio. Faça diversos testes combinando sua voz com diferentes ajustes do microfone
antes de começar a gravação “oficial”.
Música. É preciso lembrar que toda composição musical é protegida pela lei de direitos autorais.
Além disso, o direito do intérprete também é protegido, de modo que é uma violação de direitos usar
em seu vídeo um registro de composição musical que esteja em domínio público mas executada por
um intérprete ainda em plena atividade. Em caso de dúvida, entre em contato diretamente com o
artista, com seu representante legal ou com o ECAD (Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição), que se autodefine como “uma instituição privada, sem fins lucrativos, instituída pela lei
5.988/73 e mantida pelas leis federais 9.610/98 e 12.853/13” cujo principal objetivo é “centralizar a
arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical” 20. Saiba mais visitando
http://www.ecad.org.br.
Sonoridade do texto. A oratória de improviso é um talento que requer intenso treinamento sob
supervisão profissional. O ideal é que todas as falas do apresentador sejam redigidas com
antecedência, para evitar problemas de sonoridade, hesitações quanto ao que dizer em seguida, frases
incompletas e eventos cacofônicos, que soam muito pior ditos do que escritos.

Vídeo e animação
Cuidado com a iluminação. Vídeos escuros ou com excesso de luz são desagradáveis. Gaste algum
tempo estudando a melhor posição da câmera em relação à fonte de luz.
Planeje o cenário. Retire do campo visual do espectador todos os objetos que não contribuam para
esclarecer sua mensagem.
Aparência do apresentador. Cuide para que o apresentador esteja com aparência “apresentável”
diante da câmera: roupas, cabelos, unhas, barba, maquiagem, tudo deve ser testado em função de

20 Fonte: http://www.ecad.org.br/pt/o-ecad/quem-somos/Paginas/default.aspx. Acesso em 21/07/2018.


Curso Online de
Redação
como aparecerá no vídeo. Por exemplo, é uma péssima ideia usar roupas listradas em um vídeo, por
criar um efeito visual desagradável chamado “Moiré”, decorrente da superposição de linhas e espaços.
Movimentos de câmera. Reduza ao mínimo os movimentos de câmera: sempre use um tripé ou outro
tipo de apoio. Especialmente, evite usar o recurso de zoom. Se precisar dar um “close” num objeto,
grave o “close” em outro momento e inclua-o no vídeo principal usando um programa de edição de
vídeo.
Movimentação e gestos do apresentador. O apresentador deve evitar gestos e movimentos bruscos
na frente da câmera e jamais deve levar as mãos ao rosto ou aos cabelos. Por exemplo, caso você sinta
vontade de coçar o nariz, corte a gravação.
Em resumo, o uso de elementos multimídia, da mesma forma que todo o seu texto, deve seguir princípios
básicos de bom senso e inteligência. O seu norte, em todas as decisões relativas a seus artigos, sempre deve ser
sua intenção de dizer alguma coisa a um leitor. Se você se orientar por esse princípio, jamais cometerá um erro
imperdoável, seja em seu texto ou em seus recursos multimídia.

Exercício
Crie uma apresentação de slides, trilha de áudio ou vídeo para explicar ao leitor as principais ideias de seu
artigo opinativo.

Resumo da lição

As apresentações de slides, bem como os demais elementos multimídia, devem estar sempre a serviço de sua intenção de
dizer alguma coisa a um leitor específico.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 104 − Redação final e apresentação para publicação


Ao chegar nesta lição, você terá produzido um versão semipronta de seu artigo opinativo, além de diversas
opções de elementos visuais. É lógico que você não poderá incluir todos os elementos visuais, por isso, escolha
apenas os dois ou três melhores, mais bem-feitos e mais relevantes para o seu leitor e inclua-os no texto.
Embora você provavelmente já tenha ouvido o contrário, o fato é que uma imagem não vale mil palavras.
Alguns de seus leitores serão ótimos intérpretes dos elementos visuais que você incluir no artigo, captando a
mensagem numa única rápida olhada. Muitos leitores, porém, não são tão ágeis na interpretação de
informações visuais, de modo que talvez não entendam qual a finalidade daquela imagem no meio seu texto!
Essas pessoas somente conseguirão enxergar o que você quis mostrar em sua imagem após ler sua explicação!
Por isso, você deve planejar cuidadosamente os pontos do artigo onde vai inserir os elementos visuais, não se
esquecendo de referir-se a eles em algum ponto do texto. Por exemplo:
“Na figura 1, mostramos um gráfico que articula a variável X em cor azul com o fator Y em cor vermelha.
Observe como a linha verde mostra um aumento progressivo no fator Y a cada redução na variável X, o que
reforça nossa opinião de que é preciso reduzir a variável X ao mínimo para obter o máximo rendimento do
fator Y”.

Ou seja, você está escrevendo para um leitor que consegue visualizar melhor as ideias expressas numa imagem
a partir de uma descrição dessa mesma imagem!
Seu desafio, agora, é redigir e “enxertar” no seu texto essas descrições. Talvez você precise incluir ou
modificar alguns parágrafos ou frases do texto original, para não quebrar o ritmo da exposição. Por isso,
recomendamos que faça este exercício sem pressa.

Submetendo o artigo para publicação


Após incluir os elementos visuais no texto, sua descrição e explicação, você estará com o artigo pronto para ser
publicado. Que tal submetê-lo ao editor daquela publicação-modelo que você selecionou na lição 87? O pior
que pode acontecer é não ser publicado, o que não alteraria em nada a situação atual de seu artigo!
Caso ele não seja selecionado na publicação-modelo, envie-o também para outras publicações. Se necessário,
faça as alterações necessárias no conteúdo para adaptar-se melhor à linha editorial dessas outras publicações.
Em suma, lute pela publicação de seu artigo: afinal, se você fez um trabalho honesto de pesquisa e se esforçou
de verdade para criar um artigo de alto nível, você merece vê-lo publicado!
Mas, como já vimos na lição 92, o mundo costuma ser injusto com autores iniciantes. Não desanime caso
ninguém queira publicar este seu primeiro artigo. Publique-o em seu blog e em diretórios de artigos na
internet, onde ele terá maior probabilidade de ser lido e contribuir para a construção de sua reputação como
autor. Continue escrevendo, aperfeiçoando, submetendo seus artigos para publicação e publicando-os onde
puder. Só assim você conseguirá vencer a barreira da indiferença e obter, no devido tempo, o justo
reconhecimento pelos seus esforços.

Resumo da lição
Quando o artigo estiver pronto, publique-o!
Curso Online de
Redação

Lição 105 − Resumo da parte 5


Nesta parte do curso, em que abordamos a redação de artigos opinativos, você aprendeu a usar diversos
recursos para redigir suas opiniões de forma fundamentada. Você adquiriu experiência no manejo de técnicas
expressivas avançadas e domina as noções básicas mais importantes que devem nortear o uso de recursos
visuais e multimídia. Finalmente, você aprendeu que uma obra resultante de um trabalho honesto não deve
ficar escondida no disco rígido de seu computador. Envie seus artigos opinativos ao mundo: lute por sua
publicação!
Veja a seguir a lista completa dos “resumos das lições” desta parte do curso:
Comece um blog para manter afiada sua habilidade como escritor.

A opinião é um direito que se conquista somente após adquirir amplo conhecimento sobre um
assunto. A opinião expressa por uma pessoa com limitado conhecimento não tem valor nenhum.

É muito mais fácil cortar do que “espichar”: sempre pesquise mais informações do que usará em
seu artigo.

Um passo importante na formação de um escritor é seguir bons modelos: imite bons escritores e
tenha sempre uma boa publicação em mente como alvo para redigir seus artigos opinativos.

A arte da opinião consiste, justamente, em “entrelaçar” todas as ideias de cada um dos parágrafos de
tal forma que conduzam o leitor ao pleno entendimento de seu ponto de vista.

O humor, a ironia e o sarcasmo podem ser empregados para tornar mais interessante um artigo
opinativo, mas recomenda-se muito cuidado.

Use à vontade referências artísticas e literárias em seus artigos opinativos, mas certifique-se de que
o leitor as entenderá.

O uso inteligente das figuras de estilo requer do escritor bom gosto e bom senso aliados a uma fértil
imaginação para estimular o leitor a evocar o sentido desejado.

O mundo é injusto com os autores iniciantes, por isso, todo cuidado é pouco na hora de empregar
figuras de estilo sintático.

As figuras de estilo que brotam das ideias do próprio texto constituem excelentes ferramentas para
que o escritor enriqueça a exposição de suas opiniões sem expor-se a grandes riscos.

O uso inteligente de figuras de estilo em artigos opinativos costuma ser limitado ao realce de ideias-
chaves e à quebra de monotonia, evitando os excessos que podem tornar pernóstico o seu texto.

O seu primeiro artigo opinativo é a melhor oportunidade que você tem de aplicar todas as
habilidades que exercitou desde a primeira lição deste curso. Aproveite-a!

Os títulos de seção, quando usados com inteligência, aumentam os índices de leitura até mesmo de
artigos opinativos bastante extensos.

Uma tabela é uma representação visual das relações matemáticas entre duas ou mais variáveis
numéricas.

Um gráfico pode oferecer um resumo visual de absorção mais rápida e eficaz do conteúdo de uma
tabela.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Use quadros para expor as relações entre variáveis não numéricas.

Prefira criar suas próprias imagens para ilustrar seus textos. Caso não seja possível, suas opções são as
seguintes:

1. Obter autorização por escrito do(s) detentor(es) dos direitos autorais e editoriais

2. Usar imagens disponíveis sob uma licença Creative Commons adequada ao uso que você pretende
fazer.

3. Pesquisar imagens em domínio público.

4. Recorrer aos bancos de imagens, submetendo-se a seus preços e condições contratuais.

Crie esquemas explicativos sempre que uma explicação verbal se tornar excessivamente longa,
confusa ou complexa.

Um infográfico é uma explicação visual atraente, sofisticada e artística de um tema complexo.

As apresentações de slides, bem como os demais elementos multimídia, devem estar sempre a serviço
de sua intenção de dizer alguma coisa a um leitor específico.

Quando o artigo estiver pronto, publique-o!


Curso Online de
Redação

Parte 6 − Redação de Manual de Treinamento


Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 106 − Redação de manual de treinamento


Uma vez que você já tenha adquirido competência em redações simples e artigos opinativos, é hora de dar um
passo mais ousado, para ganhar autoconfiança, redigindo um texto mais extenso, subdividido em diversos
capítulos. Ao completar esta última parte do curso, você terá exercitado praticamente todas as habilidades
elementares para redigir qualquer tipo de texto não-literário e não-especializado21.
Para simplificar a tarefa de aprender a escrever um texto longo, optamos pelo “manual de treinamento”, devido
ao caráter mais informal desse tipo de documento. Livre das amarras de normas e exigências formais, você
poderá concentrar-se integralmente na produção do texto. Após esta primeira experiência, porém, você estará
plenamente capacitado a escrever textos longos e formais, tais como livros, artigos científicos, monografias,
dissertações e teses, bastando, para isso, estudar as normas e exigências específicas da empresa, editora,
universidade ou outra instituição para a qual você esteja produzindo o seu texto.

O que é um manual de treinamento?


Um manual de treinamento, para efeito deste curso, é um documento em forma de livrete ou apostila que se
destina a ensinar alguém a fazer alguma coisa, isto é, executar uma tarefa ou adquirir uma habilidade. O
objetivo do autor do manual de treinamento é redigi-lo de forma tão clara e objetiva que até mesmo um leigo
estudando sozinho seja capaz de aprender a fazer o que o manual se dispõe a ensinar.
A redação de um manual de treinamento envolve, necessariamente, a adoção de um estilo “explicativo” e
“descritivo”: você “explicará” em detalhes ao seu leitor como fazer alguma coisa “descrevendo” também
detalhadamente cada etapa da execução da tarefa ou aquisição da habilidade. Em um manual de treinamento,
há reduzida necessidade de “argumentar”, “persuadir” ou “opinar”: você usará verbos no modo imperativo
durante boa parte do tempo, pois sua posição, ao redigir um manual de treinamento, é a de um mestre
ensinando algo a um aluno. Você deve partir do princípio de que o seu leitor reconhece suas superiores
habilidade e experiência no tema em questão e está disposto a aprender com você.
Mais do que em todos os outros estilos de redação, o princípio “não diga, mostre” (lição 75) assume
importância central na redação de um manual de treinamento. Esse tipo de texto não é um lugar para
discussões subjetivas ou análises brilhantes, mas para mostrar e demonstrar como se faz. Quando se sentir
tentado a “filosofar” no seu manual de treinamento, descreva em detalhes o que pode acontecer caso o leitor
não siga suas instruções.

Exercício
Escolha uma tarefa ou habilidade que você domine tão bem que esteja apto a ensinar a outra pessoa como
dominá-la. Pode ser uma tarefa/habilidade tão prosaica como passar roupas, organizar armários, jogar futebol
de botão, empinar pipas, completar um videogame até a última fase, vestir-se para uma festa de casamento,
arrumar malas de viagem ou qualquer outra. O importante é que seja uma tarefa relativamente complexa,
demandando explicações detalhadas passo a passo totalizando cerca de 10 páginas, mas não complexa demais,
que exija de você a redação de um livro!

Resumo da lição

Um manual de treinamento, para efeito deste curso, é um documento em forma de livrete ou apostila que se destina a
ensinar alguém a fazer alguma coisa, isto é, executar uma tarefa ou adquirir uma habilidade.

21 Exemplos de textos especializados não abrangidos por este curso: roteiros de vídeo, TV ou cinema; textos publicitários;
jurídicos e legislativos; discursos políticos e eleitorais; correspondência diplomática; notícias e reportagens; contos, crônicas,
romances e poemas; entre muitos outros.
Curso Online de
Redação

Lição 107 − Qualificação do leitor


Para não variar, mais uma vez retornamos à lição 1, com a diferença de que, desta vez, a qualificação do leitor
tem importância ainda mais crítica. Antes de mais nada, você precisa saber que nível de conhecimento prévio
tem o leitor do seu manual de treinamento sobre o assunto que você deseja ensinar.
Consideremos o exemplo mais elementar possível, o de uma receita culinária. Um cozinheiro com um mínimo
de experiência não terá dificuldade em entender instruções como “Separe a clara das gemas, reserve as gemas
e bata as claras em neve”. Já uma pessoa absolutamente iniciante em cozinha, diante de um texto como esse,
ficará estupefata: “Mas como ‘separo’ as claras das gemas? O que é ‘reservar’ as gemas? O que é bater uma
clara ‘em neve’?”.
Assim, um livro de receitas redigido para um absoluto iniciante em cozinha terá de, forçosamente, incluir
explicações sobre técnicas básicas de cozinha: como separar as claras das gemas, o que significa “reservar” as
gemas e o sentido da expressão “clara em neve”, entre muitas outras!
Nossa sugestão para que você extraia o melhor da experiência de redigir um manual de treinamento é ter em
mente um absoluto iniciante no assunto escolhido. Parta do princípio de que o seu leitor não sabe nada sobre
nenhum aspecto do tema. Se você escolher um tema vinculado à sua vida profissional, por exemplo, imagine
que seu leitor será um estagiário recém-contratado. Caso se trate de uma habilidade prática, imagine que seu
leitor chegou ontem do planeta Marte e, portanto, jamais viu ou ouviu falar nessa habilidade.
Ao escolher como leitor ideal uma pessoa absolutamente novata no assunto, você se verá forçado a pensar em
virtualmente todos os detalhes importantes da habilidade/tarefa. Você se obrigará a organizar seu pensamento e
seu conhecimento até o nível daquelas minúcias em que nunca parou para pensar. Nesse processo, você
efetivamente conquistará um conhecimento completo do tema escolhido.
De fato, ao ensinar para um absoluto iniciante, você ensinará a habilidade/tarefa a si mesmo em um nível de
profundidade e controle muito superior ao que você tem hoje.
Em palavras simples: ao ensinar a um iniciante, você aprende melhor o que já sabia antes!

Exercício
Imagine que você está explicando a habilidade ou tarefa de seu manual a um absoluto iniciante e faça uma lista
de todos os detalhes que precisará explicar a esse leitor para que, apenas lendo o seu texto, ele consiga
aprender a fazer o que você deseja ensinar.

Resumo da lição

Ao redigir um manual de treinamento tendo em mente um absoluto iniciante, você ensinará a habilidade/tarefa a si mesmo
em um nível superior de profundidade e controle.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 108 − Estrutura do trabalho: divisão em capítulos e


subcapítulos
Após obter uma lista tão completa quanto possível de tudo o que você precisa explicar ao iniciante sobre a
tarefa, é hora de organizar essa informação em capítulos e subcapítulos, de uma maneira que faça sentido. Uma
estrutura básica para esse trabalho poderia incluir as seguintes divisões temáticas:
Introdução (1-2 páginas)
I. O que é a T/H (lição 109)
A. Definição
B. Origem histórica
C. Necessidades que satisfaz
II. Benefícios de aprender a T/H
III. Método de ensino (lição 111)
A. O que esperar do manual: o que o leitor vai aprender
B. Limitações: o que o leitor não vai aprender
C. Como aproveitar ao máximo o manual: rotina de estudos, treino, solução de dúvidas
IV. Plano da obra: resumo do que o leitor aprenderá em cada capítulo.
Capítulo 1 – Preparação para o aprendizado (2-3 páginas)
1.1 Listas de materiais, recursos e preparativos (Lição 110)
1.2 Exercícios preparatórios
1.3 Instruções prévias
1.4 Advertências de segurança, precauções (Lição 114)

Capítulo 2 – Aprendizagem da tarefa (4-5 páginas)


2.1 Divisão da tarefa em etapas amplamente definidas. (Lição 112)
2.2 As instruções propriamente ditas (Lição 113)
2.3 Elementos visuais: “boxes”, “splashes” e ícones (Lição 115)
2.4 Elementos visuais (2): vídeos e sequências de fotos (Lição 116)
Capítulo 3 − Finalização (2-3 páginas)
3.1. Detalhes e acabamentos (Lição 117)
3.2. Listas de verificação
3.3. Correção de defeitos
3.4. Aperfeiçoamentos e aplicações especiais
3.5. Demonstração do resultado final desejado (Lição 118)
Conclusão (1-2 páginas).
Revise as linhas gerais dos temas abordados e o que o leitor deve ter aprendido após ter seguido as
instruções do manual.
Aponte caminhos para aprofundamento e aperfeiçoamento da habilidade recém-adquirida, por
Curso Online de
Redação
exemplo, indicando livros, cursos e outros recursos didáticos.
Apêndices (opcionais, quantas páginas quantas forem necessárias)
Glossário: definições dos principais termos constantes no trabalho, em ordem alfabética
Lista de livros e fontes bibliográficas consultadas.
Outras informações importantes: tabelas, especificações, etc.
No plano sugerido, o seu manual de treinamento terá entre 10 e 15 páginas usando a configuração especificada
na lição 65. Esse tamanho oferece espaço suficiente para explicações bastante detalhadas ao mesmo tempo em
que o força a produzir um texto objetivo, evitando explicações excessivamente minuciosas ou digressões sobre
temas irrelevantes.
A esta altura do curso, deveria ser desnecessário dizer que a estrutura sugerida neste capítulo pode ser alterada,
ampliada ou condensada conforme a necessidade e o caso, servindo apenas para sua orientação inicial.

Exercício
Planeje a estrutura de capítulos e subcapítulos de seu manual de treinamento, ordenando segundo uma
sequência lógica os tópicos que você listou na lição 107.

Resumo da lição

A estrutura de capítulos e subcapítulos deve seguir a ordem lógica dos temas que precisam ser explicados ao leitor
iniciante.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 109 − Relevância da habilidade


Os primeiros passos na redação de um manual de treinamento para um absoluto iniciante envolvem,
necessariamente, uma definição formal da tarefa/habilidade, explicações adicionais a partir da definição. O
objetivo deste trecho do texto é situar o leitor no contexto da tarefa/habilidade que aprenderá:
Importância. Convença o leitor da importância pessoal, profissional, empresarial, social, artística ou
cultural da habilidade.
Utilidade. Esclareça as aplicações práticas da tarefa/habilidade, demonstrando o quanto ela é útil para
as pessoas, para a sociedade, para a cultura, etc.
Benefícios. Realce os benefícios que o leitor auferirá após aprender a tarefa/habilidade. Podem ser
objetivos profissionais ou pessoais, por exemplo, “maior facilidade de conquistar um emprego” ou
“um corpo mais saudável”.
Sua tarefa neste trecho é motivar o leitor a investir o seu tempo na aquisição da habilidade, uma tarefa em cuja
execução você terá maior probabilidade de sucesso se mobilizar a imaginação do leitor. Este é o momento de
contar um pouco da história da habilidade realçando as dificuldades que lhe deram origem e alguns eventos
curiosos dos “primeiros tempos heroicos”. Também há lugar, nesta etapa, para o relato histórias de sucesso,
anedotas, casos exemplares, exemplos pessoais e curiosidades.

Exercício
Redija alguns parágrafos sobre a relevância da tarefa/habilidade que você pretende ensinar em seu manual.
Procure estimular a imaginação do leitor com exemplos e histórias interessantes.

Resumo da lição

Convença o leitor de que adquirir a habilidade/aprender a executar a tarefa é um objetivo importante que trará benefícios à
sua vida.
Curso Online de
Redação

Lição 110 − Listas de materiais, recursos, preparativos


Um elemento vital em todo manual de treinamento é o conjunto de instruções preparatórias. É normal que o
aprendiz de uma atividade, especialmente após você tê-lo convencido da importância da habilidade e dos
benefícios de adquiri-la (lição 109), esteja ansioso para “arregaçar as mangas e botar a mão na massa”. Mas, na
posição de “mestre da habilidade”, você precisa saber que 90% do sucesso na execução de qualquer tarefa
depende de preparação:
Preparação do ambiente. Procure prever os locais onde o leitor tentará aprender a tarefa: dentro de
casa, no quintal, na garagem? O local precisa ser ventilado ou, ao contrário, protegido contra o vento?
Que tipo de iluminação é a mais adequada? A atividade gera ruídos que podem incomodar outras
pessoas na casa ou na vizinhança − ou, ao contrário, é sensível aos ruídos de outras partes da casa ou
da vizinhança? É necessária instalação elétrica ou hidráulica especial?
Preparação da bancada ou outro espaço de trabalho. Quanto espaço é necessário para executar a
atividade? É necessário remover objetos ou obstáculos? Limpeza é um aspecto crítico? É preciso
forrar ou proteger de outra forma a bancada, os pisos ou as paredes?
Preparação dos materiais. A atividade exige lubrificação, afiamento, tratamento químico, colagem
ou substituição de partes do material ou das ferramentas?
Preparação pessoal. É preciso usar avental, luvas, máscaras ou óculos de proteção? A tarefa pode ser
cumprida imediatamente após uma refeição − ou, inversamente, após um jejum prolongado? É preciso
exercitar algum tipo de “exercício de aquecimento” para execução da tarefa? A atividade envolve
riscos à saúde ou recomendações especiais de segurança?
O conjunto de instruções preparatórias mais fundamental é a lista de materiais/ingredientes/ferramentas que o
leitor deve reunir para executar a tarefa. Como o seu desafio é ensinar a um leitor iniciante absoluto, você não
deve se limitar à simples lista, mas incluir esclarecimentos rápidos sobre os tipos mais adequados/inadequados
de materiais ou ferramentas. Por exemplo, especifique se a melhor ferramenta para a execução da tarefa deve
ter um cabo longo, um bico fino, uma empunhadura emborrachada, um revestimento isolante, uma superfície
antiaderente, um suporte antiderrapante ou um formato anatômico. Esclareça ao leitor quais são os itens que
definem padrão mínimo de qualidade necessário à execução bem-sucedida da tarefa.

Você poderá facilitar muito a vida do leitor se, por exemplo, incluir exemplos de modelos, marcas e
fabricantes, redes de varejo ou sites de comércio eletrônico onde é possível adquirir os materiais, ingredientes
ou ferramentas com o nível de qualidade mínimo exigido para o aprendizado por um iniciante.

Exercício
Redija a lista de materiais e as medidas preparatórias essenciais à execução da tarefa do seu material de
treinamento.

Resumo da lição

A preparação é 90% do sucesso.


Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 111 − Metodologia e plano da obra


Após convencer o leitor de que é importante aprender a tarefa, seu objetivo agora é convencê-lo a estudar com
você, usando seu método! Explique as linhas gerais do seu método de ensino, as principais etapas e as
vantagens em relação a outros métodos.
Esta seção do texto é indispensável, inclusive para honestamente filtrar os leitores que poderiam não se
beneficiar do seu método. Por exemplo, como o seu método será orientado ao leitor iniciante, provavelmente
não será útil para o leitor experiente, em busca de aperfeiçoamento e técnicas avançadas. Uma obra com
informação genérica não serve para o leitor especializado, da mesma forma que uma obra especializada não
serve para o leitor em busca de informação genérica. Outro exemplo: talvez o seu método não seja aplicável a
pessoas que tenham alguma doença, limitação motora ou outra dificuldade física, de modo que pode ser
importante uma descrição rápida das capacidades físicas exigidas do aprendiz.
Outro aspecto importante nesta seção é a delimitação precisa do que o leitor aprenderá no seu método,
deixando claro o que ele não vai aprender. Todo método tem limitações, serve bem a um objetivo e não a
outro, ensina algumas coisas deixando de ensinar outras tantas. Não decepcione o seu leitor prometendo o que
não cumprirá!
Em seguida, é importante incluir dicas sobre como aproveitar ao máximo o seu manual, explicando ao leitor
como ele deverá proceder para uma aprendizagem mais eficiente. Por exemplo, você pode sugerir diversas
opções de plano de estudos, conforme o tempo livre de seus leitores seja maior ou menor. Conforme o tema,
você pode sugerir que o leitor adote uma rotina de estudos ou treinos, uma planilha de horários, um diário de
anotações, um registro fotográfico ou em vídeo, entre outros.
Finalmente, apresente ao leitor o “plano da obra”, isto é, a lista de capítulos acompanhada de um resumo do
que o leitor aprenderá em cada um deles. O plano da obra informa e envolve o leitor no seu método, fazendo
com que ele se sinta mais convencido da utilidade de seu método… E ansioso para começar!

Exercício
Redija a seção de “Metodologia e Plano da Obra” de seu manual de treinamento

Resumo da lição

Uma competente explicação sobre a metodologia e o plano da obra aumenta a confiança e o entusiasmo do leitor.
Curso Online de
Redação

Lição 112 − Divisão da tarefa/habilidade em passos


sequenciais
Esta é a etapa mais fundamental do trabalho de preparação para o ensino: a análise da tarefa. Retomando os
conceitos que estudamos na lição 60, o primeiro passo é desmembrar a tarefa em suas partes mais simples, de
modo que o leitor possa reproduzi-las facilmente apenas seguindo suas instruções, passo a passo.
É importante também, ainda nos referindo à lição 60, lembrar-se de incluir, onde necessário, esclarecimentos
sobre as conexões entre os passos. Por exemplo, digamos que o passo 1 seja reunir o material e cortá-lo, e que
o passo 2 seja amarrar as partes cortadas com um barbante. A conexão entre as partes 1 e 2 poderia incluir
explicações extras e “dicas” sobre o tipo de faca utilizada, o método de corte, a melhor maneira de segurar a
faca, os diferentes tipos de barbante, cuidados no manuseio do material cortado durante o processo de
amarração, e assim por diante.
Algumas dicas para obter sucesso nesta etapa:
Faça você mesmo a tarefa e tome nota de cada pequeno cuidado, detalhe ou dificuldade que você
enfrentar durante a execução.
Explique em voz alta, para si mesmo, cada detalhe do que está fazendo.
Grave um vídeo de si mesmo executando a tarefa e observe os detalhes que talvez tenha deixado de
lado em suas anotações ou explicações em voz alta.
Caso você consiga um voluntário para seguir suas explicações, observe quais são as dificuldades que
ele enfrenta e reformule suas instruções.
Procure lembrar-se de suas próprias dificuldades quando ainda estava aprendendo a habilidade/tarefa
e pense em como você poderia tê-las evitado. Caso tenha aprendido a tarefa em uma turma com
vários alunos, tente se lembrar também das dificuldades dos outros alunos.
Caso você tenha alguma experiência como instrutor, gerente ou professor da tarefa, puxe pela
memória e tente se lembrar das dificuldades mais comuns de seus próprios alunos, estagiários ou
aprendizes.
Após mapear as partes da execução da tarefa, você só precisa organizá-las de acordo com a sequência que
leitor terá de seguir, ordenando-as em “passos”. Mais uma vez, a forma mais simples de formular essa
estrutura é usar listas. Por exemplo
Passo 1…
Passo 2…
◦ Explicação adicional (conexão com o passo 3)
Passo 3…
Passo 4…
◦ Advertência de segurança
Passo 5…
◦ Método alternativo de executar o passo 5
Passo 6…
◦ Dica para simplificar a execução do passo 6.
Passo 7: …
Caso você esteja abordando em seu manual uma tarefa mais complexa, voltada para objetivos profissionais ou
empresariais, talvez seja necessário usar recursos visuais como fluxogramas, esquemas, cronogramas,
Alexei Gonçalves de
Oliveira
infográficos e outros. Confira na parte 5 nossas dicas para uso adequado de recursos visuais.

Exercício
Mapeie as partes da execução da tarefa que pretende ensinar em seu manual e organize-as em uma sequência
de passos, prevendo os pontos de inserção de conexões ou informações adicionais.

Resumo da lição

Analise a tarefa dividindo-a em passos sequenciais, não se esquecendo de esclarecer as conexões, quando necessário.
Curso Online de
Redação

Lição 113 − As instruções propriamente ditas


Após montar o “esqueleto” das instruções na lição 112, é chegada a hora de, sem mais delongas, efetivamente
redigir a explicação passo a passo. Algumas dicas:
Apresente as explicações em tom de “conversa com o leitor”, usando vocabulário preciso, mas tão
informal quanto possível.
Sinta-se à vontade para incluir pequenos elementos de humor para aliviar a tensão nas instruções mais
críticas, aquelas que o leitor não pode esquecer de nenhuma maneira.
Uma opção aos verbos no imperativo é o futuro do presente no modo indicativo. Por exemplo, em vez
de dizer “redija as instruções”, você pode dizer “agora você redigirá as instruções”, suavizando algum
eventual “excesso de mandonismo” no estilo de redação.
Esta não é a hora de exibir suas habilidades sintáticas: redija frases curtas e claras.
Separe visualmente os passos usando listas, negritos, subtítulos, tabelas, linhas separadoras ou outro
tipo de recurso que ajude o leitor a entender num rápida olhada o momento em que cada passo começa
e termina.
O estilo predominante do texto nesta etapa será o explicativo com um forte elemento descritivo. Se
necessário, volte às lições 79, 80 e 81 para rever as técnicas da descrição panorâmica, em zoom in e
em zoom out.
Todas as suas decisões relativas à redação das instruções devem ser julgadas, acima de tudo, em função de sua
utilidade para o esclarecimento do leitor. Complicou? Corte!
Em outras palavras: você não quer “escrever bonito”. Seu objetivo é que o leitor entenda como deve cumprir a
tarefa. Assim, todo o seu esforço deve ser orientado no sentido da simplificação e da clareza, cortando todos os
excessos ou complexidades desnecessárias.
Como sempre, se faltar inspiração, retorne à lição 1: Pense no seu leitor!

Exercício
Redija as instruções propriamente ditas, seguindo esqueleto definido na lição 112.

Resumo da lição

Todas as decisões relativas à redação das instruções devem ser julgadas sob critério de utilidade para o entendimento das
instruções pelo leitor. Complicou? Corte!
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 114 − Advertências de segurança e precauções


Praticamente toda atividade, até mesmo as mais simples, envolvem algum aspecto de segurança. Veja, a seguir,
uma lista não-exaustiva de aspectos que podem demandar a inclusão, no texto do seu manual, de alertas de
segurança e precauções.
Conservação dos materiais e ferramentas. Alguns materiais podem se deteriorar ao ponto de se
tornarem imprestáveis caso não recebam os devidos cuidados de conservação, manutenção ou
manuseio.
Segurança no manuseio dos materiais e ferramentas. Certos materiais e ferramentas podem ser
perigosos ou nocivos caso não sejam manuseados com o devido cuidado, ou com equipamentos de
proteção como luvas, botas, aventais, máscaras ou óculos de proteção.
Cuidados na execução. Verifique se algumas etapas da execução da tarefa podem exigir cuidados
especiais para não causar lesões à pessoa que executará o serviço nem arruinar o material utilizado.
Tenha especial atenção às situações em que é necessário o uso de força física − por exemplo, encaixes
sob pressão ou com uso de martelo ou marreta − ou precisão − por exemplo, desbastar, lixar, perfurar
ou esculpir.
Segurança e conservação do ambiente. Alguns materiais podem danificar bancadas, pisos, pinturas e
tecidos. Também é bom verificar se a atividade não envolve risco de incêndio, vazamentos,
contaminação, intoxicação, curtos-circuitos ou outros danos ao ambiente em que será realizada a
tarefa.
Em todas as situações da execução da tarefa em que houver o risco de dano à pessoa, ao ambiente ou aos
materiais e ferramentas, você deve incluir um alerta, de preferência usando os recursos de destaque visual que
abordaremos na lição 115.
Caso a atividade descrita no manual envolva muitos aspectos relativos à segurança pessoal ou ambiental,
considere a hipótese de incluir um capítulo específico para tratar desse assunto, de preferência, antes do
capítulo que contém as instruções de execução. Em caso de dúvida, consulte as normas técnicas aplicáveis.

Exercício
Faça um levantamento dos procedimentos de segurança e precauções necessárias à execução do trabalho e
redija os alertas para inserção no manual.

Resumo da lição

Ensine o seu leitor a se proteger, explicando os riscos da tarefa e apresentando as precauções de segurança pessoal e
ambiental indispensáveis à realização bem-sucedida da tarefa. Em caso de dúvida, consulte as normas técnicas aplicáveis.
Curso Online de
Redação

Lição 115 − Elementos visuais (1): “boxes”, “splashes” e


ícones
Os alertas de segurança e as instruções de seu manual podem se tornar mais interessantes e atrativos se você
usar elementos visuais especiais para destacá-los.
Este é um caso em que mostrar é muito melhor do que explicar. Confira!

Explicações adicionais? Use um box!

A palavra inglesa “box”, significa, literalmente “caixa”. Em um


artigo, notícia, livro ou outro produto editorial, um “box” é um
pequeno texto completo, com ou sem título, destacado visualmente
do texto principal por uma moldura e, em muitos casos, em fonte e
plano de fundo em cores diferentes do restante do texto. O box é
útil para acrescentar informações extras: detalhes técnicos,
referências históricas ou literárias, um caso prático, uma anedota,
uma advertência, listas de verificação ou qualquer outra informação
que amplie o entendimento do tema abordado no restante do texto.

Use splashes
para GRITAR
mensagens
curtas!

Além dos “boxes” e “splashes”, você pode pontuar visualmente certos trechos do texto de seu manual de
treinamento incluindo ícones diversos. Por exemplo:

Notas técnicas
Cuidado!

Atenção!

Dica especial

Pare e pense

Confira

Além dos ícones que provavelmente vêm instalados em seu editor de textos, há muitas opções de bibliotecas
de ícones de livre utilização disponíveis para download gratuito na internet. Usando programas de desenho
como o LibreOffice Draw, você poderá até modificá-los e personalizá-los, criando seus próprios outros
elementos visuais para destacar partes de seu texto.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Exercício
Planeje e crie alguns elementos visuais − pelo menos 1 box e alguns ícones − para incluir em seu manual.

Resumo da lição

Use elementos visuais para destacar partes importantes do seu texto.


Curso Online de
Redação

Lição 116 − Elementos visuais (2): vídeos, sequências de fotos


ou ilustrações
O elemento visual mais característico dos manuais de treinamento é a sequência de fotos ou desenhos que
mostram como executar cada passo ou, pelo menos, as etapas mais complicadas da execução. Com o
barateamento cada vez maior da tecnologia − hoje, qualquer aparelho celular tem uma câmera fotográfica de
alta resolução e capacidade para produzir vídeos de qualidade decente − não há desculpas para não incluir pelo
menos algumas fotos em seu manual de treinamento.
É importante lembrar que as fotos, ilustrações e vídeos, em um manual de treinamento, não têm finalidade
“decorativa”, mas “informativa”. Não inclua fotos apenas porque “ficaram lindas”: selecione as fotos mais
bem-sucedidas em explicar ao leitor como ele pode ter sucesso na execução de uma etapa da tarefa.
Algumas dicas para produzir boas fotos ou tomadas de vídeo:
Organize o “cenário”. Remova da bancada todos os objetos não essenciais, mantendo no campo
visual da câmera apenas os objetos que você manipulará na foto específica.
Planeje a iluminação. Lembre-se de que você deve iluminar o objeto, não a lente da câmera. Se você
fotografar/filmar um objeto, por exemplo, diante de uma janela, o excesso de luz externo invadirá a
lente e, como resultado, o objeto aparecerá “escuro” sobre um fundo excessivamente iluminado. Se
necessário, inclua luminárias direcionais focalizadas diretamente sobre o objeto ou sobre painéis de
cartolina ou tecido branco, para evitar reflexos e sombras indesejáveis.
Contraste entre figura e fundo. Objetos escuros serão mais bem visualizados sobre fundo claro, e
vice-versa. Se você for fotografar objetos com tonalidades diversas, será útil ter à mão toalhas de mesa
em cores diferentes (por exemplo, azul-escuro, cinza médio e amarelo claro) para forrar a bancada de
modo a otimizar a visualização do objeto que você fotografará.
Se possível, use um tripé. A produção de fotos em “close”, especialmente quando é necessário usar o
recurso de “macro” (“close” extremo), é extremamente sensível até aos mínimos tremores na câmera.
Assim, é fundamental contar com um tripé para produzir esse tipo de fotos.
Fotografe em mais de um ângulo. Experimente diversas posições de câmera para registrar a
execução de cada passo, pois cada um desses ângulos revelará algumas coisas e esconderá outras.
Depois, bastará selecionar a foto produzida com o ângulo mais “informativo” para o leitor.
Teste diferentes ajustes da câmera. Até as câmeras dos celulares mais simples têm opções que
permitem produzir fotos de qualidade aceitável. Explore e experimente essas opções.
Fotografe mais do que o necessário. Como sempre, é melhor escolher uma foto excelente entre
diversas fotos muito boas do que ser forçado a escolher entre uma foto ruim e outra ainda pior.
Use programas de edição para montagem das tomadas de seu vídeo. Resista à tentação de “filmar
tudo de uma vez”. Faça diversas “tomadas” (em inglês, “takes”), isto é, pequenos trechos de filmagem
com alguns poucos segundos para cada etapa que for registrar e, em seguida, monte as melhores em
sequência usando um programa de edição de vídeo.

Fios, setas e legendas numeradas


Alguns objetos ou ferramentas podem ser compostos de diversas partes com nomes especializados que o seu
leitor precisa saber identificar com uma única olhada. Para facilitar essa tarefa, você pode incluir, usando um
programa de digitalização de imagens, alguns sinais identificadores – por exemplo, letras ou números – em sua
foto e explicá-los em uma legenda.
Quando os elementos são muito pequenos ou numerosos, pode ser inviável incluir sinais identificadores em
todos eles. Nesses casos, a solução pode ser o uso de “fios”, isto é, linhas que conectam uma parte da imagem
ao nome da parte identificada.
Alexei Gonçalves de
Oliveira
Finalmente, quando você quiser atrair a atenção do leitor para uma parte ou detalhe específico da foto, poderá
realçá-la com um círculo de cor vibrante ou incluir uma seta visualmente apelativa que aponte diretamente
para o item que deseja destacar.

Exercício
Produza uma sequência de fotos, ilustrações ou um vídeo demonstrativo para seu manual de treinamento.

Resumo da lição
As fotos, ilustrações e vídeos, em um manual de treinamento, não têm finalidade decorativa, mas informativa.
Curso Online de
Redação

Lição 117 − Detalhes e acabamentos


É muito comum que, após a conclusão da parte mais “bruta” de uma tarefa, siga-se uma etapa final em que é
preciso cuidar de uma miríade de detalhes finais, os famosos “acabamentos” ou “arremates”. Não raro, os
acabamentos consomem tanto tempo quanto o trabalho principal porque, de fato, são eles que conferem ao
produto dos seus esforços a aparência profissional, a aura de capricho, o esmero na execução. Um produto
bem-acabado arranca elogios, atrai cumprimentos e conquista a admiração dos observadores como justa
recompensa por um trabalho bem realizado.
Se você tiver alguma dúvida sobre esse conceito, visite uma loja e compare os produtos mais caros com os
mais baratos. Você notará que, muitas vezes, a diferença de qualidade é mínima diante da enorme diferença de
preço, que se justifica por não mais do que pelo esmero em um reduzido número de detalhes.
É por isso mesmo que você também deve apurar ao máximo suas explicações sobre os detalhes e a finalização
da tarefa que você deseja ensinar em seu manual de treinamento. Demonstre formas alternativas de
acabamento, ensine técnicas para obter o melhor resultado nos detalhes, ofereça dicas para uma melhor
aparência do produto final. Esteja atento a todos os truques e métodos que podem ser usados para causar o
maior impacto na pessoa que terá um contato com o resultado da tarefa e apresente-os a seu leitor, se
necessário, em um capítulo a parte.

Exercício
Redija, com o máximo de esmero, o conjunto de instruções para o melhor resultado nos detalhes e
acabamentos.

Resumo da lição
O cuidado com os detalhes revela o grau de esmero com que o trabalho foi realizado. Incentive o seu leitor a caprichar nos
acabamentos!
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 118 − Demonstração do resultado final desejado


Após as últimas instruções relativas aos acabamentos e detalhes (lição 117), será útil mostrar ao leitor, com
palavras, fotos e, se for o caso, vídeos, o resultado final do trabalho, a tarefa completada com pleno sucesso;
por exemplo, o produto pronto e acabado em pleno funcionamento. O objetivo desta parte é oferecer ao leitor
uma referência de qualidade superior com a qual ele possa comparar o próprio trabalho e entender em que
acertou, em que errou, o que precisa melhorar e como poderia fazer melhor da próxima vez.

Nesta seção do seu manual, você explicará ao leitor quais detalhes e qualidades ele deve observar no resultado
do próprio trabalho. Ofereça critérios para que ele avalie sua própria obra com justiça, sem excesso de
autocrítica nem de autolouvor. Indique caminhos para aperfeiçoamento da habilidade na execução da tarefa,
como exercícios, livros e cursos.
E não se esqueça de congratular o leitor por ter seguido suas instruções até o final, com disciplina e dedicação,
duas palavras que devemos sempre incentivar nas pessoas à nossa volta.

Exercício
Redija um capítulo de demonstração do resultado final desejado. Se necessária, inclua fotos, ilustrações ou
vídeos.

Resumo da lição
Ofereça ao leitor uma referência de qualidade superior com a qual ele possa comparar o próprio trabalho.
Curso Online de
Redação

Lição 119 − Revisão e Redação Final


Ao chegar a esta lição, seu manual estará 90% pronto e redigido. Sua tarefa final é cuidar dos “detalhes e
acabamentos” do seu próprio manual de treinamento:
Montagem. Reúna os trechos que você já redigiu e organize-os em função dos capítulos e
subcapítulos do seu plano inicial.
Cortes e fusões. Verifique se alguns blocos de texto não farão mais sentido se movidos para outros
pontos da explicação ou fundidos com outras seções. Confira também se algumas seções acabaram
resultando desnecessárias ou repetitivas… E corte-as!
Vocabulário, frases e parágrafos. Revise o texto em função de todos os princípios relativos ao uso
de vocabulário, bem como à redação de frases e parágrafos, estudados neste curso.
Elementos visuais. Inclua as fotos, ilustrações, vídeos, ícones, boxes, splashes, fios, setas, destaques e
demais elementos visuais, cuidando para não “poluir” as páginas com excesso de elementos visuais.
Não se esqueça de redigir legendas para todos os elementos visuais de maior destaque!
Conexões entre subcapítulos. Verifique a ocorrência de lacunas de informação entre os subcapítulos,
que necessitem ser preenchidas com alguns parágrafos adicionais.
Os elementos a seguir aumentarão o número de páginas total de seu manual, mas você não deve incluí-las na
contagem:
Crie uma capa. No mínimo, a capa do seu manual deve conter um título informativo e o nome do
autor – o seu nome!
Elementos editoriais. Você certamente ajudará o seu leitor se incluir alguns elementos editoriais
extras no seu manual:
◦ Sumário: no mínimo, o seu sumário deve conter a lista dos capítulos e a página inicial de cada
um.
◦ Glossário: uma lista das principais palavras, gírias, jargões e termos técnicos empregados em seu
manual, acompanhada de uma rápida definição.
◦ Apêndices. Qualquer informação adicional mais extensa ou detalhada − por exemplo, texto de
normas técnicas ou tabelas de valores e especificações − que possa ser útil ao seu leitor, mas que
complicaria excessivamente a explicação, pode ser incluída em apêndices.
Após finalizar o trabalho, você terá uma obra de utilidade indiscutível. Não a guarde em uma gaveta: imprima
uma cópia e ofereça-a de presente a um amigo! Quanto à versão eletrônica, salve-a em formato PDF e
divulgue na internet, disponibilizando-o para download gratuito em seu blog!

Exercício
Chegou a hora de finalizar o seu manual. Cuide de todos os detalhes e acabamentos para causar uma excelente
impressão em todos os que entrarem em contato com sua obra!

Resumo da lição

Dedique à redação final do seu manual de treinamento o mesmo esmero que você espera de seu leitor na execução da
tarefa que você pretende ensinar.
Alexei Gonçalves de
Oliveira

Lição 120 − Resumo da Parte 6 − Conclusão do Curso


Ao chegar a este ponto do curso, você já adquiriu um domínio tão completo das técnicas de redação que já
pode voar por conta própria. Você está pronto para escrever seus próprios livros, teses, dissertações, relatórios,
manuais, artigos, seja em estilo dissertativo-argumentativo, opinativo, descritivo ou explicativo. Seu desafio
agora é usar constantemente essas habilidades para mantê-las sempre “afiadas” e, assim, realizar seus objetivos
pessoais e profissionais.
Você também está pronto para adquirir proficiência na escrita de outros tipos de textos, sejam contos,
romances, peças de teatro ou roteiros de cinema e TV. Continue estudando e aperfeiçoando seus
conhecimentos e sua técnica. O curso acaba aqui, mas a sua trajetória como escritor está apenas no início!

Para encerrar, registro a seguir os “resumos das lições” desta parte do curso, desejando muito sucesso e um
futuro brilhante para seus escritos.
Um manual de treinamento, para efeito deste curso, é um documento em forma de livrete ou apostila
que se destina a ensinar alguém a fazer alguma coisa, isto é, executar uma tarefa ou adquirir uma
habilidade.
Ao redigir um manual de treinamento tendo em mente um absoluto iniciante, você ensinará a
habilidade/tarefa a si mesmo em um nível superior de profundidade e controle.
A estrutura de capítulos e subcapítulos deve seguir a ordem lógica dos temas que precisam ser
explicados ao leitor iniciante.
Convença o leitor de que adquirir a habilidade/aprender a executar a tarefa é um objetivo importante
que trará benefícios à sua vida.
A preparação é 90% do sucesso.
Uma competente explicação sobre a metodologia e o plano da obra aumenta a confiança e o
entusiasmo do leitor.
Analise a tarefa dividindo-a em passos sequenciais, não se esquecendo de esclarecer as conexões,
quando necessário.
Todas as decisões relativas à redação das instruções devem ser julgadas sob critério de utilidade para o
entendimento das instruções pelo leitor. Complicou? Corte!
Ensine o seu leitor a se proteger, explicando os riscos da tarefa e apresentando as precauções de
segurança pessoal e ambiental indispensáveis à realização bem-sucedida da tarefa. Em caso de dúvida,
consulte as normas técnicas aplicáveis.
Use elementos visuais para destacar partes importantes do seu texto.
As fotos, ilustrações e vídeos, em um manual de treinamento, não têm finalidade decorativa, mas
informativa.
O cuidado com os detalhes revela o grau de esmero com que o trabalho foi realizado. Incentive o seu
leitor a caprichar nos acabamentos!
Ofereça ao leitor uma referência de qualidade superior com a qual ele possa comparar o próprio
trabalho.
Dedique à redação final do seu manual de treinamento o mesmo esmero que você espera de seu leitor
na execução da tarefa que você pretende ensinar.

Você também pode gostar