Você está na página 1de 4

ALUNOS: LUCAS GARCIA FACCO

QUINTAIS AGROFLORESTAIS

INTRODUÇÃO

Os quintais agroflorestais são representativos de diversos sistemas, baseados em


conhecimentos tradicionais, capazes de promover a diversificação da agricultura e das espécies
arbóreas. Baseada em conhecimentos agroecológicos que abrangem os estilos de vida dos
agricultores, bem como os sistemas agrícolas tradicionais, que incorporam uma variedade de
espécies vegetais e animais utilizadas para a produção de alimentos, serviços sociais e ambientais.
Tradicionalmente, a criação de culturas agrícolas e florestais e de pequena pecuária ou
animais domesticados têm sido inseridas nos quintais da agroflorestais, descrevendo-a como uma
atividade potencial para a aquisição de alimentos e bem-estar para a família. Os quintais
agroflorestais são muito importantes para os agricultores familiares e é necessário entender sua
composição, estrutura e organização social da produção, as quais são ferramentas fundamentais
para o entendimento da dinâmica desses sistemas.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão bibliográfica sobre os quintais agroflorestais
e analisar os artigos escolhidos, avaliando, descrevendo a importância dos quintais agroflorestais
para os mantenedores do terreno e fazendo uma crítica sobre os resultados obtidos.

METODOLOGIA

O trabalho é baseado na análise de três artigos, retirado de diferentes revistas, onde foram
publicadas de 2015 a 2021, que possuem Qualis/CAPES de acordo com a plataforma Sucupira,
com classificação do periódico de quadriênio de 2013-2016, tendo como área de avaliação as
Ciências Agrárias I, sendo classificadas entre B1 a B5. Foram pesquisadas através do Google
Scholar, tendo como palavra-chave temas relacionados aos quintais agroflorestais. Os artigos
utilizados para análise foram:
-"Quintais Agroflorestais: estrutura, composição e organização socioprodutiva", onde foi
publicado em 2021 pela Revista Brasileira de Agroecologia, que possui uma classificação, de
acordo com a área de avaliação Ciências Agrárias I, B5, tendo como área de estudo realizado no
estado do Pará, na cidade de Igarapé-Açu, que possui o bioma Amazônia;
-"Quintais agroflorestais na Amazônia Central: caracterização, importância social e
agrobiodiversidade", onde foi publicado em 2019 pela Revista Ciência Florestal, que possui uma
classificação, de acordo com a área de avaliação Ciências Agrárias I, B1, tendo como área de
estudo realizado no estado do Pará, que possui o bioma Amazônia;
-"Conservação de espécies florestais: um estudo em quintais agroflorestais no município de
Cáceres – MT", onde foi publicado em 2015 pela Revista Eletrônica em Gestão, Educação e
Tecnologia Ambiental (REGET/UFSM), que possui uma classificação, de acordo com a área de
avaliação Ciências Agrárias I, B5, tendo como área de estudo realizado no estado de Mato Grosso,
na cidade de Cáceres, que possui o bioma, em maior parte de seu território, Pantanal;
RESULTADOS E ANÁLISE

No primeiro artigo a composição florística dos quintais estudados constou da identificação


de 121 espécies pertencentes a 47 famílias botânicas. Quanto ao tipo de uso das espécies, tem-se
a seguinte distribuição: alimentar (81 espécies), medicinal (15), ornamental (07), madeireira (07)
e sem uso definido (11 espécies). Neste estudo, verificou-se que as famílias botânicas com maiores
abundâncias foram: Arecaceae com, 11 indivíduos; Fabaceae, com 7; Myrtaceae, com 7; Rutaceae,
com 7; Meliaceae, com 5; e Solanaceae com, 4 indivíduos.
A frequência com que essas espécies são encontradas em todos os quintais se deve ao fato
de que a maioria delas fornece alimento para a família, e também por seu ciclo de cultivo
relativamente curto, tornando-as mais baratas de produzir e gerando renda com a venda das sobras.
Algumas espécies com fins alimentícios são utilizadas comercialmente na região como incentivo
econômico, enquanto outras são atribuídas ao conhecimento tradicional sobre o cultivo de
determinadas culturas.
Os índices de diversidade dos quintais agroflorestais foram feitos através da análise de 10
quintais agroflorestais, onde os resultados foram obtidos analisando o índice de diversidade
Shannon-Wiener, equabilidade de Pielou e densidade absoluta. Neste estudo, a média calculada
para esse índice, levando em consideração o conjunto de quintais, foi de 2,01. A equabilidade
calculada variou entre 0,34 e 0,62, com uma média de 0,48 por quintal. A densidade absoluta teve
uma média de 1,104, variando de 0,48 a 1,94.
Das espécies arbóreas identificadas, o mogno africano é o mais abundante nos quintais. Os
mantenedores de quintais têm demonstrado interesse em cultivar esta espécie devido à fácil
disponibilidade de mudas na região e ao valor econômico da madeira. O interesse pelo cultivo de
espécies exóticas como o mogno africano está atrelado ao seu valor econômico, o que estimula a
expansão do cultivo dessa espécie, o que pode aumentar a rentabilidade das famílias.
Podemos inferir que uma alta densidade de indivíduos de uma espécie pode indicar que
grande parte da produção é destinada à comercialização, ao contrário da destinação da produção
de alimentos de quintais para autossuficiência, que é mais diversificada dessa forma, pois quanto
maior a espécie riqueza no quintal, quanto mais fontes de alimentos você tiver, mais o quintal pode
manter a alimentação e nutrição da família segura.
A composição animal dos quintais agroflorestais é principalmente para autoconsumo, e são
registradas as criações de porcos, galinhas, patos, perus e peixes. A criação de animais domésticos
é verificada por cães e gatos, e os animais domésticos são dadas pela criação de tartarugas. Os
componentes animais nos dez quintais analisados são importantes para as famílias porque são uma
fonte de proteína que pode aumentar a produtividade e melhorar a saúde da família. Dessa forma,
a criação de animais e lavouras de autoconsumo contribui para a segurança alimentar das famílias
e configura a capacidade do quintal para facilitar as necessidades alimentares de curto prazo.
Dessa forma, a criação de animais e lavouras de autoconsumo contribui para a segurança
alimentar das famílias e configura a capacidade do quintal para facilitar as necessidades
alimentares de curto prazo. A oferta de integrantes vegetais para os 10 quintais para
comercialização é considerada baixa, pois a maioria é reservada para uso próprio e subsistência
familiar. Em termos de autoconsumo, a variedade alimentar familiar mais importante em qualquer
quintal é a mandioca. Os investimentos nesse tipo de cultivo ocorrem em função do
autoconsumo das famílias, facilidade de venda e ao conhecimento do manejo da espécie.
No segundo artigo, sobre a composição florística, foram registradas 252 espécies de plantas,
distribuídas em 75 famílias. A riqueza florística variou de 2 a 41 espécies, com média de 15
espécies/quintal. As famílias botânicas com maior riqueza de espécies foram Fabaceae e
Lamiaceae, com 14 espécies cada uma, seguidas de Asteraceae (13 espécies), Arecaceae (10) e
Euphorbiaceae (9), Malvaceae (9) e Rutaceae (9). Os gêneros com maior número de espécies foram
Citrus (8 espécies), Justicia (5), Ocimum (4), Capsicum (4) e Annona (4). A maior parte das plantas
tinham como uso principal a alimentação (41,1%). As espécies usadas para fins medicinais
ocuparam a segunda posição com 29,8%, seguida das ornamentais (23,5%), madeireiras (4,5%) e
artesanais (1,2%).
A grande maioria das espécies é arbórea (62,6%), seguida das herbáceas (33,2%), arbustivas
(2,6%), lianas (1,4%) e epífitas (0,2%). A escolha das espécies arbóreas, principalmente as
frutíferas, está relacionada à disponibilidade de alimentos, à resistência dessas espécies às
adversidades climáticas e ao microclima favorável que proporcionam para outras funções
desempenhadas pelo quintal desenvolvido, como a recreação.
Cerca de 40% dos quintais agroflorestais possuíam algum tipo de criação de animais. Em
quintais localizados em zonas rurais, a frequência de criações (90%) foi maior do que nos quintais
urbanos (15%). Os animais mais frequentes foram: galinha presente em todos os quintais com
criações, seguidas de pato (16,5%), porco (7,6%), galinha-d'angola (3,85%), ganso (2,5%) e peru
(1,26%). A criação de abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae) também foi registrada, porém,
com pouca frequência nos quintais (2,5%). A criação de animais é muito comum na Amazônia,
pois fornece proteína animal na dieta das famílias. Na avaliação da situação dos quintais, as
criações focaram em pequenos animais, principalmente aves, provavelmente por demandarem
menos espaço e serem mais fáceis de manusear. Além disso, a produção de ovos para consumo
doméstico e venda pode ser outro atrativo para a criação desses animais.
Os critérios de seleção de espécies incluíram potencial de uso, formação de sombra e
longevidade. Após esses procedimentos, essas áreas são gradativamente enriquecidas,
principalmente em tipos de alimentos. Outro fator a considerar na hora de escolher as plantas é a
longevidade das espécies, evitando espécies arbóreas de vida curta, pois podem danificar a casa,
bem como outras propriedades da região. Os quintais envolvem técnicas simples, bem como a
prática tradicional de cultivo de plantas.

No terceiro artigo foi coletado dados de 7 quintais agroflorestais, onde registrou-se que em
apenas um quintal o proprietário cultiva para consumo familiar ou necessidade por alimentos,
sendo que os outros 6 (85,7%) cuidam do quintal por lazer e não obrigatoriamente por necessidade.
Os quintais agroflorestais amostrados apresentaram, em média, 1890,5 m²; incluindo
residência e benfeitorias, possuindo a idade média de 35,8 anos. O manejo dos quintais
agroflorestais cacerenses, envolve tecnologias simples e de baixo custo, com práticas tradicionais
de cultivo de plantas. Algumas plantas recebem cuidados especiais, principalmente em períodos
secos, sendo adubadas com esterco bovino e irrigações esporádicas. Com as plantas daninhas
(espontâneas) também não foi diferente, na pesquisa pôde-se constatar que em todos os quintais
as plantas são removidas por conveniência, de acordo com a função ou necessidade.
As espécies mais freqüentes foram Anacardium occidentale (Caju), M. indica (Manga), A.
squamosa (Ata), Cocos nucifera (Coco-da-bahia), Carica papaya (Mamão), M. glabra (Acerola),
Musa paradisiaca (banana e suas variedades), Psidium guajava (Goiaba), entre outras. É importante
ressaltar que não se mensurou a abundância das plantas presentes no quintal, considerou-se
somente a presença ou não da espécie.
Quanto ao tipo de uso das espécies tem-se a seguinte distribuição: alimentar (42), medicinal
(20), ornamental (06), madeireira (04), produção de sombra (08), e para outros usos (01).
Verificou-se, no estudo, a importância do quintal para a alimentação, onde constatou-se que
duas pessoas consideram que os quintais têm “grande” valor na sua alimentação, três consideram
que a importância é “média”, e duas consideram-na “pequena”. Percebe-se, portanto, que os
quintais são pouco utilizados como fonte de renda, mas são de grande importância para a segurança
alimentar das famílias.
A riqueza de espécies vegetais obteve uma média de 18 espécies por quintal agroflorestal,
com um índice de riqueza de 5,69 considerando o tamanho da área disponível para os quintais
agroflorestais. Sendo que, dessas espécies, 56,86% são de espécies nativas e 43,14% são de
espécies exóticas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os quintais agroflorestais fornecem um número considerável de espécies que constituem


uma fonte potencial de nutrição para as famílias, uma alternativa econômica ao consumo de
alimentos saudáveis, além de proporcionar às famílias maior segurança alimentar e melhor
qualidade de vida. Nos países tropicais, eles atuam como sistemas de “jardins”, fornecendo abrigo
a árvores, arbustos, trepadeiras e herbáceas associadas com animais.
Espécies nativas são comuns em quintais, o que pode indicar uso sustentável da
biodiversidade, reduzindo a pressão sobre a vegetação nativa. Essas variedades também são
comuns porque se adaptam melhor ao clima, ao solo e às pragas locais, e são cultivadas sem os
fertilizantes e pesticidas usados em outras variedades.
Os quintais avaliados são um agroecossistema expressivo, rico em flora e fauna, com
espécies vegetais ocupando diferentes estratos, confirmando, assim, a relevância dos papéis
desempenhados por esses ambientes para conservação da agrobiodiversidade. Os quintais
agroflorestais desempenham também um papel essencial para a segurança econômica e alimentar
das famílias que adotam esse sistema, principalmente para as famílias de baixa renda, que possuem
pequenas propriedades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DE OLIVEIRA MOURA¹, Raimunda Rosimere et al. QUINTAIS AGROFLORESTAIS:


ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO E ORGANIZAÇÃO SOCIOPRODUTIVA. Revista Brasileira
de Agroecologia, v. 16, n. 1, p. 61, 2021.

PEREIRA, Paulo Vinícius Miranda; FIGUEIREDO NETO, L. F. Conservação de espécies


florestais: um estudo em quintais agroflorestais no município de Cáceres-MT. Revista Eletrônica
em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 19, n. 3, p. 783-793, 2015.

RAYOL, Breno Pinto; MIRANDA, Izildinha de Souza. Quintais agroflorestais na Amazônia


Central: caracterização, importância social e agrobiodiversidade. Ciência Florestal, v. 29, p.
1614-1629, 2019.

Você também pode gostar