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Aceroleira,

romãzeira,
caramboleira…
Conheça as frutíferas
indicadas para o cultivo
em áreas enxutas

Adubação foliar
Sem segredos, o processo
garante plantas vistosas
e saudáveis

Lajes contemplativas
4 ideias com espécies adequadas
convidam à admiração da natureza

Grama-são-carlos
Versatilidade e resistência
são as marcas registradas
da espécie

Estrelítzia
De coloração laranja,
a planta chama a
atenção pelo formato
que lembra uma ave

Escultura no jardim
Leve obras de arte para o exterior
e tenha uma área incrível
editorial

[2]

[3]

Da mesma maneira que a cor da água do mar muda sob o sol, as plantas estão em constante muta-
ção: ganham formatos diferentes, exalam perfumes durante o ano e florescem na Primavera. Como um
[1
espetáculo da natureza, elas oferecem surpresas diárias. Cada transformação vale ser admirada pelos
moradores da casa. Nada pode passar despercebido. Com essa ideia mais que válida, a Paisagismo
& Jardinagem descobriu quatro superlajes transformadas em áreas contemplativas. Além de observar
Fotos [1] Acervo pessoal, [2] Alessandro Guimarães e [3] Divulgação/Denise Leão

de camarote as espécies ali próximas, é possível visualizar todo o verde ao redor. Vá até a página 28
e se jogue no verde. O difícil é sair de lá!
Frutíferas colorem os jardins, garantem aromas particulares e agregam ares nostálgicos – quem nunca
pegou uma fruta direto do pé quando era criança? Pois bem. Para desfrutar de todas essas sensações,
vai uma ótima notícia: algumas delas podem ser cultivadas em áreas enxutas. Exemplos são as acerolas, [1]

as laranjinhas e as jabuticabas. Veja em Pomar em casa (página 36) sugestões de espécies de pequeno
porte e facilidade de adaptação e cultivo. Em seguida, eleja a sua preferida e aprecie os sabores.
A inovação não para por aí. Os apaixonados por arte vão amar a edição. Nos projetos dos paisagistas
Marcelo Faisal (página 56) e Paula Bergamin (página 62) as esculturas chamam a atenção no exterior.
Cada vez mais presentes nos jardins – nós adoramos ver essas obras de arte em perfeita sintonia com
o verde –, elas levam bossa aos espaços. Preparamos uma reportagem com ideias e inspirações para
ter um recanto digno de colecionador. Confira na página 90 e invista na ideia. Todos vão amar!
Marcelo Faisal,
Paula Bergamin, Cida Cutait
e Anna Avorio Saraceni
Editora-Chefe
assinam projetos
paisagismo@casadois.com.br deslumbrantes
índice
SEÇÕES
10 espaço do leitor 42 meio ambiente 84 pelo mundo
Moradores e associações Cores e formatos
12 você sabia que… adotam jardins públicos marcam os jardins
e prezam pelo convívio canadenses do Hatley Park
26 ideias da PJ em meio à natureza

28 88 secos e molhados
plante uma ideia 46 meu jardim Verde abundante é a marca
O recanto particular registrada da piscina da
32 flores e frutos de Maria Lúcia e designer Maria di Pace
Veja as espécies do bimestre Felipe Alalou

34 tapete verde 52 planta da edição REPORTAGENS


A versatilidade e a resistência Encante-se pela beleza 90 ESCULTURAS
da grama-são-carlos ímpar da estrelítzia Obras de arte dão o
tom aos jardins
36 horta e pomar 78 perfil
Frutíferas ideais O paisagismo despertou
interesse e conquistou
97 contatos
para áreas enxutas
de vez Renata Fanti 98 opinião
40 jardinagem 82 lá fora
Conheça os benefícios Com mais de 140 anos,
oferecidos pela aprecie a árvore
adubação foliar japonesa glicínia

PROJETOS
56 MARCELO FAISAL 62 PAULA BERGAMIM

70 CIDA CUTAIT 74 ANNA AVORIO SARACENI


Editora-Chefe Ana Luísa Lage
Repórteres Carolina Pera, Cristina Tavelin, Janaína Silva, Rafaela Rebouças e Vanessa Barcellini
Arte Marina Nami Takahashi e Vivian Cristina Silva (coordenação)
Tratamento de Imagem Cleber Alves (coordenação) e Juliana Jacinto
Publicidade Kilma Lima
Executivos de Negócios Camila Ruth
Marketing Cynthia General (coordenação) e Juliana Anjos
Digital Anderson Almeida e Pérsio Vieira (coordenação)
Administrativo Cleber Santos
Assinaturas, Atendimento ao Leitor e Revenda Danielle França

Colaboradores Alessandro Guimarães, Antonio Di Ciommo, Bruno Carvalho,


Carlos Edler, Evelyn Müller, Gui Morelli, Hamilton Penna, Tarso Figueira e Tatiana Villa

Impressão D’ARTHY Editora e Gráfica Ltda. | Distribuição Dinap SA

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Paisagismo e Jardinagem, ISSN 1518-0646, registrada no 1º RTD sob o nº 219.299 é uma publicação da
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Bonecos de Feltro, Capitonê, Cupcake, E.V.A., Feltro, Fuxico, Fuxico com Feltro, Panos de Prato, Ponto Cruz e
Crochê, Tapeçaria, Tricô Bebê, Unhas Decoradas, Arte e Artesanato, Decoração de Natal Especial, Fuxico Passo
a Passo, Guia Arte com as Mãos, Guia Arte e Artesanato, Guia da Pintura e Tela Passo a Passo.
ARQUITETURA E DECORAÇÃO: Construir, Construir Especial Banheiros, Construir Especial Cozinhas, Construir
Especial Quartos, Construir Especial Salas, Construir Rústicas, Decoração de Interiores Varandas e Espaços
Gourmets, Guia de Modelos de Piscinas e Piscinas & Churrasqueiras.
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Orquídeas para Iniciantes, Guia da Jardinagem, Guia de Orquídeas, Guia Sítio & Cia - Horta & Pomar, Jardins
em Pequenos Espaços e Paisagismo & Jardinagem.
PROJETO E CONSTRUÇÃO: Casas de 50 a 90 m², Construção do Começo ao Fim, Guia de Projetos para
Construir, Manual da Piscina, Melhores Projetos e Projetos de 100 a 200 m².
espaço do leitor
ORQUIDÁRIO PARTICULAR
ORÇAMENTO

Samuel Di Paula
"Sou estudante recém-formado em paisagis-
mo e gostaria de obter algumas dicas sobre
como definir o orçamento para cada trabalho."
Erik Degasperi, pela fanpage da
Paisagismo & Jardinagem

Erik,

Acervo pessoal
A paisagista Kátia Neves, do Rio de Janeiro, RJ dá
as dicas necessárias para quem está ingressan-
do no mercado. "Deve-se visitar o local para que
todas as medidas sejam tiradas e o croqui ou pro- CUIDADOS ESPECIAIS
jeto seja desenhado. A partir do desenho pronto, "Estou com um problema com minha palmei-
iniciam-se os cálculos de área para os quantitati- ra-azul (Bismarckia nobilis). Há um ano plan-
vos de plantas e o cálculo de volume para terra. tamos a espécie e a folha que estava nas-
"Gostaria de saber qual a quantidade máxima Com as quantidades calculadas, define-se umas cendo parou de crescer. Agora, está saindo
de orquídeas (Orchidaceae) indicada para cul- três cotações em hortos de confiança para avaliar pela lateral junto a outras com defeito."
tivo em casa." o melhor preço e até negociar algum desconto, Marcia Avanzi, pela fanpage da
Ana Maria, via Portal CasaDois dependendo da forma de pagamento. A remune- Paisagismo & Jardinagem
ração do paisagista varia bastante. Algumas tabe-
Ana, las adotadas pelos profissionais consideram o Marcia,
Conversamos com o professor René Rocha, de tamanho da área a ser trabalhada, mas muitos A paisagista carioca Kátia Neves dá algumas dicas
Areado, MG, para obter orientações sobre cultivo acabam cobrando com base nas horas estimadas sobre quais procedimentos devem ser tomados.
de orquídeas em ambiente domiciliar. "Tudo depen- de dedicação. É importante que o profissional tenha "Primeiramente, precisa-se analisar a situação do
derá de um espaço disponível e possuidor de inso- em mente o valor que deseja cobrar por hora para, terreno em que a espécie foi plantada. Ela me
lação mínima na casa, além do investimento finan- em seguida, calcular quanto tempo dedicará àque- parece sufocada por tantas pedras, confinada,
ceiro direcionado à aquisição das espécies e do le projeto. Outro ponto importante é considerar alguns mas é difícil saber ao certo o que está aconte-
tempo disponível. Com duas horas livres por sema- itens no custo, como deslocamentos, telefone, ali- cendo. Sugiro que um jardineiro cave em volta da
na, é possível dedicar os cuidados básicos às orquí- mentação e gastos com escritório. Coloque tudo espécie e libere um pouco de espaço para ver o
deas, tais como adubação, regras, inspeções fitos- em uma planilha e analise cuidadosamente cada tamanho da cova, faça uma adubação com terra
sanitárias, etc. Com esse tempo disponível, con- item até fechar o valor. Se houver emissão de nota boa e esterco de galinha - mas atenção à quanti-
sigo cuidar de mil espécies em espaço de 120 m²." fiscal, os impostos devem ser considerados." dade, siga as instruções da embalagem para não
prejudicar a planta com o excesso."

VERDE NO INTERIOR

Acervo pessoal
A leitora assídua da Paisagismo & Jardinagem,
Rosa D'Ambrosio, compartilhou conosco
alguns de seus trabalhos na área. Nesse
ambiente, a paisagista utilizou pleomele
(Dracaena reflexa) para dar cor ao jardim de
inverno, o qual recebeu também as folhas
em verde escuro do pacová (Heliconia hirsu-
ta). O outro ambiente conta com a discrição
da camadórea (Chamaedorea) e pedriscos
brancos. Para quem quiser conhecer melhor
o trabalho da profissional, basta acessar
rosadambrosio.blogspot.com.br.

*fale com a redação:


Se você tem dúvidas, críticas ou sugestões, entre em contato com a revista Paisagismo & Jardinagem. Visite-nos em
www.casadois.com.br e em nossa fanpage www.facebook.com/revistapaisagismo. Escreva para o Departamento de Jornalismo,
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pleto, endereço e telefone.
10*Paisagismo & Jardinagem
você sabia que...

Lá vem
o pato...
Orquídea rara parece
uma ave em pleno vôo
Texto Janaína Silva
Fotos Divulgação/Jaime Plaza - Royal Botanic Garden, Sidney

Formatos curiosos despertam a atenção no fantástico universo das


orquidáceas. Apesar de mais de 25 mil espécies catalogadas, há ainda
várias desconhecidas e, muitas vezes, surgem plantas intrigantes pela seme-
lhança dos formatos com figuras humanas ou até mesmo animais, como
é o caso da australiana Caleana major, chamada popularmente de orquí-
dea pato-voador.
A planta floresce na Primavera-Verão, despontando de duas a quatro
flores com cerca de 15 a 20 mm e tonalidades vermelho-marrom e verde
brilhantes, em uma haste longa e ereta.
Originária do sul e leste da Austrália, onde cresce em áreas pantano-
sas, a espécie foi catalogada pelo botânico inglês George Caley, ainda no
século 19. De pequeno porte e cores chamativas, a pato-voador, assim
denominada por lembrar a ave planando, é rara na natureza e seu culti-
vo em viveiro não foi possível, pois as raízes possuem relação simbiótica
com um fungo que só cresce no seu habitat. Assim, a solução é apreciá-
la em fotografias!

12*Paisagismo & Jardinagem


ideias da PJ Reportagem Vanessa Barcellini
Fotos [1] Alessandro Guimarães, [2] Evelyn Müller, [3] Gui Morelli e [4] Tarso Figueira

SOMBRA E ÁGUA FRESCA


No projeto do arquiteto André Oliva e paisagismo do engenheiro agrô-
nomo e paisagista Alex Sá Gomes, ambos de Salvador, BA, o sossego é
garantido com a presença de redes amarradas no coqueiro (Cocos nucife-
ra). Para entrar em contato com a natureza, alpínias (Alpinia purpurata)
estão presentes logo ao lado da rede.

[2] Projeto Marcella Garcez


[4] Projeto André Oliva e Aléx Sá Gomes

ACONCHEGO GARANTIDO
Como a sombra sob as árvores era muito convidativa, o paisagista italia-
no Ulisse Baggi, de Porto Seguro, BA, e a arquiteta Marcella Garcez, de
Barueri, SP, colocou a rede para que os moradores pudessem relaxar e
curtir a área verde em meio à nativa palmeira (Arecaceae).

26*Paisagismo & Jardinagem


[1] Projeto Christiane Roy
CANTO DO SOSSEGO HORA DO DESCANSO
Um cantinho ideal para o descanso. Assim pode ser definido o espaço pro- Assinado pela arquiteta Karina Trofa, o recanto é formado por diversas
jetado pela arquiteta Christiane Roy, de São Paulo, SP, que chama atenção redes fixadas em palmeiras (Arecaceae). Para decorar o espaço, foram
pelo redário em meio ao verde. É possível encontrar coqueiros (Cocos nuci- selecionados deques de madeira que entram em perfeita sintonia com
fera), moréia (Dietes iridioides) e helicônias (Heliconia rostrata). os seixos. Junto ao muro, destacam-se alpínias (Alpinia purpurata).

[3] Projeto Karina Trofa

Paisagismo & Jardinagem*27


plante uma ideia Texto Vanessa Barcellini e Carolina Pera

Um toque a mais
Aproveite todos os detalhes e aposte nos jardins
nas lajes para deixar o paisagismo mais encantador

28*Paisagismo & Jardinagem


VISTA DA PISCINA
Em um sítio localizado em São Roque, SP, o paisagista Alexandre Fang,
Que tal deixar a laje mais convidativa e ter um jardim pra de São Paulo, SP, criou um jardim sobre a laje com traçado sinuoso para
lá de aconchegante? Se essa é a ideia, invista em áreas verdes quebrar as linhas retas da construção. O local é visto da piscina, já que situa-
nas alturas e com diferentes tipos de espécies com fácil manu- se em um patamar acima. “O cliente não queria olhar para a laje nua”, con-
tenção e que chamam atenção por sua diversidade e cor. Além ta Fang. A suíte dos hospedes, que conta com mezanino, é o acesso para o
disso, aposte em banquinhos e cadeiras para relaxar e apre- espaço. “A sensação é a de se estar em um jardim plantado em solo”. Com
ciar o visual encantador que a laje oferece. profundidade de 6 cm, o local abriga maciços de diversas bromélias
A revista Paisagismo & Jardinagem selecionou quatro (Bromeliaceae) acomodadas sobre a laje devidamente preparada para rece-
projetos na laje para se ser fonte de inspiração. Confira! ber os seixos e os pedriscos, em meio a eles, luminárias. “A noite, como fica
tudo escuro no entorno, o jardim iluminado parece flutuar no espaço”.
O local já estava preparado com pontos de elétrica e dreno, o paisagis-
ta verificou com o engenheiro qual era a capacidade de carga antes do pro-

Tarso Figueira
jeto. “O dia em que a nova impermeabilização for necessária, desmonta-se
tudo, ensaca-se os seixos e pedriscos, finaliza a obra e monta o jardim nova-
mente”, explica. Fang ensina que são necessárias regas semanais, remoção
de folhas secas, adubação adequada e eventual substituição de mudas para
manter a saúde do jardim e, ainda, no caso das bromélias, produtos espe-
cíficos para controle de larvas de mosquito. “Afinal, hoje a dengue é uma
realidade. Isso, no entanto, não é motivo para não usá-las”.

RELAX TOTAL
O pedido dos proprietários era de um jardim limpo, amplo, de baixa
manutenção e com fácil acesso. Assim, os arquitetos Ana Patricia Azambuja
Divulgação/Alexandre Fang

e Tadeu Prosdocimi, da Raiô Casa e Jardim, de Porto Seguro, BA, criaram


uma área verde com um nível acima para valorizar a vista e aproveitar a área
do terreno. Os profissionais apostaram em grama-esmeralda (Zoysia japo-
nica) no piso, agave (Agave americana) e bromélia (Bromeliaceae) para limi-
tar o acesso à borda, onde há guarda-corpo e abacaxi-roxo (Tradescantia
spathacea) para dar tons diferentes. Já nos canteiros, foi usado areia bran-
ca como forração para destacar os tons das plantas e dar um “ar de praia”.
Os principais desafios foram garantir uma boa drenagem com pouca
profundidade, pois o peso não poderia ultrapassar o suportado pela laje,
fazer drenagem e escolher espécies que tenham sistema radicular pouco
profundo. “É necessário tomar muito cuidado com a impermeabilização
da laje, o cálculo estrutural para suportar o peso, um sistema de drena-
gem eficiente, composto orgânico a ser adicionado na terra (geralmente
temos pouca profundidade), as espécies que devem ter raízes pouco agres-
sivas e, principalmente respeitar as características do local”, afirma Tadeu.

Paisagismo & Jardinagem*29


Divulgação/Gustavo Sóter
IDEAL PARA CONTEMPLAR
Nesta casa situada em um condomínio fechado em Recife, o pro-
jeto realizado pela Santos & Santos Escritório de Arquitetura, da mes-
ma cidade, em parceria com Atmosphera Plantas e Paisagismo, de
Igarassu, PE, tem o objetivo de aproveitar a vista privilegiada que a
laje possuí. “Por isso fizemos desse terraço um solário, onde é possí-
vel contemplar a vista e aproveitar o sol”, afirmam os arquitetos do
escritório Zezinho e Turíbio dos Santos.
O paisagista Paulo Ferreira, da Atmosphera, explica que além de
embelezar o local que é visto da piscina, a laje proporciona frescor ao
ambiente de baixo. “O verde serve para diminuir a radiação de calor. A
região é quente, e com o jardim na parte superior a sensação de calor dimi-
nui na parte de baixo”. Para compor a área foram utilizadas alamandas-
amarela (Allamanda cathartica), que na época de floração trazem cor ao
local; e cheflera-pequena (Schefflera arboricola). Um banco torna o local
ideal para relaxar.

30*Paisagismo & Jardinagem


NAS ALTURAS
Para tornar a cobertura do edifício localizado na avenida Paulista um
local agradável, foi criada uma praça de convívio para funcionários e visi-
tantes do prédio que abriga a Gazeta e a Fundação Cásper Líbero. Nos
700 m² de telhado verde a proposta foi resgatar a vegetação original da
região. “Foram plantadas somente espécies nativas da Mata Atlântica,
incluindo exemplares raros no Parque Siqueira Campos, como a canela
(Costaceae) e jacarandá-bico-de-pato (Machaerium nyctitans) e, também,
a vegetação de Cerrado, essa quase extinta hoje na metrópole e que anti-
gamente nomeou a cidade de 'São Paulo dos Campos de Piratininga'”,
explica o botânico Ricardo Cardim.
“A ideia é levar para cima do prédio a paisagem que existia ali na
região cerca de 150 anos atrás”, completa. Isso foi possível com mudas
provenientes de viveiro próprio da empresa e substrato de tecnologia japo-
nesa SkyGarden, mais leve e fino. “A espessura média usada foi de 7 cm
nas forrações de arbustos e 20 cm nas árvores. Se fosse usada terra/subs-
trato normal precisaria de 30 e 100 cm, respectivamente. Outro fator é o
peso, que com SkyGarden fica entre 60 e 200 kg por m² e com terra/subs-
trato convencional, 350 a 1200 kg por m²”, explica Cardim.
Divulgação/SkyGarden
flores e frutos
Agora é
Reportagem Vanessa Barcellini
Fotos [1] Antonio Di Ciommo, [2] Evelyn Müller,
[3] Gui Morelli, [4] Hamilton Penna e [5] Tatiana Villa

Conhecer o período de florescimento e frutificação é importante

tempo de...
para avaliar como está o desenvolvimento das plantas. Segue abaixo
uma lista das flores que vão colorir o jardim e dos frutos que poderão
ser colhidos neste bimestre, lembrando que pequenos adiantamentos
e atrasos são comuns dependendo da região do País. Bom cultivo!

DEZEMBRO
[1] [2]

Gérbera (Gerbera jamesonii) Phalaenopsis


[1]

Uva (Vitis vinifera)

[1]

Pera (Pyrus communis)

[1]
Abacaxi (Ananas comosus)

[1]

Melancia (Citrullus lanatus) [1]

Pêssego (Prunus persica)

32*Paisagismo & Jardinagem


JANEIRO
[5] [4] [3]

Antúrio (Anthurium andraeanum) Orquídea Cymbidium Rosa (Rosa x grandiflora)

[5]

Cala-amarela (Zantedeschia elliottiana)

Limão
[1]

[1]

Melão (Cucumis melo)

[1]

Fruta-do-conde (Annona squamosa)

Paisagismo & Jardinagem*33


tapete verde

A equipe do escritório paulistano Saspadini


& Schiavon Arquitetos Associados definiu
a grama para forrar toda a área externa da
casa, realçando a arquitetura e as graduações
do verde da composição paisagística

[2]

Verdejante e uniforme
34*Paisagismo & Jardinagem
Para atender o pedido dos proprietários
que desejavam um extenso tapete verde, a
engenheira agrônoma e paisagista Daniela
Infante, da Arteiro, de Petrópolis, RJ, apostou
na espécie para dar homogeneidade ao projeto

[1]

Versátil, a grama-são-carlos tolera baixas


temperaturas, meia-sombra e até pleno-sol Texto Janaína Silva
Fotos [1] Bruno Carvalho e [2] Gui Morelli

De tonalidade intensa e originária da América do Sul, incluindo o A professora indica a adubação de cobertura duas vezes por ano, uma
Brasil, a grama-são-carlos (Axonopus compressus) adapta-se muito bem completa no início da Primavera, época das chuvas, constituída por uma
às condições climáticas do país. “Ela é muito usada na região sul por mistura de matéria orgânica, calcário e nutrientes, nitrogênio (N), fósfo-
suportar baixas temperaturas e umidade”, explica Aline Chagas Fini, ro (P), potássio (K), e outra apenas química (N-P-K), que deve ser reali-
engenheira agrônoma e professora do Instituto Brasileiro de Paisagismo zada no final do Verão e início do Outono, que coincide com o fim do
(IBRAP), de São Paulo, SP. Segundo ela, outra característica favorável período chuvoso. Além disso, mesmo sendo resistente a pragas e doen-
para o plantio da gramínea nos jardins é o sucesso obtido no cultivo em ças, é importante observar e monitorar o estado do gramado regularmente
ambientes de meia-sombra e pleno-sol. para evitar ataques.
Conhecida popularmente como grama-missioneira, grama-tapete e Por não ser resistente à seca, a grama-são-carlos necessita de irriga-
grama-sempre-verde, a espécie apresenta tom verde-escuro, folhas mais ções periódicas para se manter uniforme. Uma solução eficiente é a auto-
grossas e levemente mais duras quando comparadas à esmeralda (Zoysia matização para garantir o cultivo saudável e a manutenção em dia. “Por
japonica), a preferida atualmente para revestir as áreas gramadas. “Possuem meio de temporizador, válvulas e aspersores especialmente desenvolvi-
um pouco de pelos nas folhas e podem causar coceiras em pessoas mais dos, o gramado recebe água na frequência, quantidade e horário apro-
sensíveis”, alerta a engenheira agrônoma. priados”, esclarece Frederico Maia Haun, gerente de serviços da Rain
Tem crescimento pouco intenso para o alto e forma um gramado bas- Bird, de Uberlândia, MG.
tante denso, sendo indicada para casas de campo. O solo para o plantio De acordo com o especialista, o período ideal é o noturno, quando
deve ser fértil e bem preparado e as ceifas devem ser frequentes para con- não há tráfego de pessoas e a evaporação é baixa. “Aconselha-se, sempre
servar o bom aspecto o ano todo. “Entre os cuidados, a gramínea neces- que possível, um intervalo maior entre irrigações, chamado turno de rega,
sita de 10 a 12 cortes anuais, de acordo com as condições climáticas e da que pode variar entre dois e cinco dias. Assim, evita-se problemas devi-
manutenção”, orienta Aline. do ao excesso de umidade, como a ocorrência de fungos”, finaliza.

Paisagismo & Jardinagem*35


horta e pomar

[3]

36*Paisagismo & Jardinagem


Pomar em casa
Conheça as espécies mais
indicadas para áreas enxutas
Texto Carolina Pera e Vanessa Barcellini
Fotos [1] Alessandro Guimarães, [2] Bruno Carvalho,
[3] Evelyn Müller, [4] Gimenez e [5] Tarso Figueira

[4]

Se o espaço é pequeno, mas o do solo, temperatura local, distân-


sonho de criar um jardim cheio de cia entre as mudas – para não fica-
frutíferas é maior, a ideia é colocar rem sufocadas -, controle de pragas
os planos em prática. Em muitos e doenças, necessidades nutricionais
casos, a paixão pelo cultivo de ali- de cada planta, tipos de vaso e dimen-
mentos vai além da cozinha, por sões. Além disso, cada região possui
isso, sempre é possível conciliar uma espécie específica. “O maracu-
plantas frutíferas no paisagismo. já, (Passiflora sp) por exemplo, vai
Com um bom planejamento o cul- muito bem nos pergolados e cerca-
tivo pode ser prazeroso. viva e embelezam as áreas com suas
As frutíferas mais recomenda- flores e frutos”, diz Gomes.
das por serem mais podáveis, pelo No paisagismo, não é neces-
porte pequeno e por se adaptarem sário seguir uma medida mínima.
com mais facilidade são: acerola O importante é escolher a planta
(Malpighia glabra), romã (Punica certa para cada espaço. “Uma man-
granatum), laranjinha (Citrus spp), gueira (Mangifera indica) vai pre-
pitanga (Eugenia uniflora) e jabu- cisar de um espaço maior do que
ticaba (Myrciaria cauliflora). Porém, a jabuticaba ou acerola”, exem-
elas precisam ser corretamente adu- plifica Gomes.
badas. Segundo o engenheiro agrô-
nomo e paisagista Alex Sá Gomes, VALE A DICA
a jabuticaba, pitanga, acerola e “É sempre muito importante
romã, embora sejam árvores de para o meio ambiente introduzir-
porte médio, podem ser cultiva- mos plantas frutíferas nos projetos
das em vasos, com uma boa irri- paisagísticos”, diz Gomes. Para ele,
gação e adubação. os frutos ajudam na manutenção da
fauna, atraem pássaros e propiciam
PRIMEIROS PASSOS um convívio maior entre o homem
É preciso ficar atento com alguns e a paisagem.
cuidados específicos. “As plantas Outro detalhe importante que
frutíferas necessitam de sol, algumas deve ser levado em consideração é
mais do que as outras. Esse é o pri- plantar árvores maiores no fundo,
meiro item para tornar uma planta as médias em seguida e as menores
saudável e cheia de frutas”, com- um pouco mais à frente. Dessa for-
pleta Gomes. Segundo o engenhei- ma, existe espaço suficiente para
ro agrônomo e paisagista Alexandre todas receberem sol.
Galhego, de Campinas, SP, vale lem- A revista Paisagismo & Jardina-
brar também alguns pontos impor- gem separou algumas plantas que
tantes, como a irrigação, drenagem rendem bons frutos. Confira! [3]

Paisagismo & Jardinagem*37


A Laranjinha Kinkan Variegata (Fortunella margarita) necessi-
ta de solo fértil e deve ser bem irrigada. Pode ser usada em trechos
do jardim ou pequenos pomares. Prefere meia-sombra mas tolera
sol pleno. Recomenda-se limpar a copa após a frutificação.

[3] Projeto paisagístico Maria Eugenia Prada


[1] Projeto paisagístico Alalou Paisagismo

A romãzeira (Punica granatum ) é mais rústica e suporta varie-


dade de solos, apesar de preferir os mais profundos. Pode ser cul-
tivada em grandes vasos e tolera moderadamente a salinidade, as
secas e o encharcamento. Resiste a temperaturas baixas de Inverno
e é sensível a geadas tardias de Primavera.

[4]

A aceroleira (Malpighia glabra) é de fácil cultivação - que deve


ser feita sob sol pleno em solo fértil, profundo, drenável, enrique-
cido com matéria orgânica e irrigado regularmente. Não tolera estia-
gem prolongada ou encharcamento. Se estiver em clima tropical
pode frutificar o ano todo, já em tropical de altitude e regiões tem-
peradas, apenas na Primavera e Verão.

38*Paisagismo & Jardinagem


Uma boa opção para jardins é a caramboleira (Verrhoa caram-
bola), com seu frutos que são quase ornamentais. Deve ser cultiva-
da sob sol pleno ou meia-sombra, em solo fértil e enriquecido com
matéria orgânica. Necessita de regas regulares. Por ser tipicamente
tropical, não tolera geadas.

[3]

A Jaboticabeira (Myrciaria cauliflora) deve ser cultivada sob sol


pleno, em solos férteis, profundos e ricos em matéria orgânica. Ela
requer irrigação regular, principalmente durante a floração e fruti-
ficação. É pouco tolerante às secas ou geadas

[2] Projeto paisagístico Luiz Vieira


[3] Projeto paisagístico Rodolfo Geiser

Se optar pela mangueira (Mangifera indica ), saiba que esta plan-


ta deve ser cultivada sob sol pleno, em solo fértil, profundo e irri-
gado em intervalos periódicos. Planta tipicamente tropical, não tole-
ra frio excessivo, ventos ou geadas. Pode ser plantada em vasos de
capacidade adequada.

Paisagismo & Jardinagem*39


jardinagem

[1] Projeto paisagístico Evelise Vontobe

1, 2, 3 e pronto!
[2] Projeto paisagístico Alalou Paisagismo

Com passos simples é possível suprir


as necessidades nutricionais das plantas
Texto Janaína Silva
Fotos [1] Carlos Edler e [2] Gui Morelli

Manter flores e folhagens belas e vistosas nas áreas ajardinadas é uma As substâncias se dividem em macronutrientes primários – o Nitrogênio
atividade que exige cuidados constantes, além de depender de fatores que atua no crescimento, o Fósforo no enraizamento e o Potássio, duran-
variáveis, como a localização, a iluminação, o tipo de solo, o substrato e te a fase de florescimento e frutificação – e os secundários, entre eles o Cálcio
também a adubação. Por vezes, a falta de nutrientes pode comprometer que é o responsável pela saúde celular, o Magnésio está ligado a fotossínte-
o desenvolvimento dos exemplares. se e o Enxofre age diretamente no metabolismo da planta. “Há também os
Assim, para corrigir eventuais deficiências de fósforo (P), nitrogênio micronutrientes que são absorvidos em menor escala com atividades espe-
(N), potássio (K) e cálcio (Ca), entre outras substâncias, com distribuição ciais dentro da planta. A ausência não mata, porém prejudica a saúde e o
uniforme e sem depender da umidade do solo, aplicá-las diretamente nas crescimento”, ensina Gurgel. Nessa categoria, estão o Ferro, o Cloro e o
folhas é uma solução prática que apresenta resultados rápidos para dei- Manganês que participam ativamente da fotossíntese, o Zinco e o Boro na
xar as espécies sempre com boa aparência e sadias. sanidade e boa formação de raízes, folhas, flores, frutos, sementes e brota-
“A planta apresenta melhor absorção pela parte de baixo das folhas, mento das plantas, o Cobre e o Níquel que estão associados à resistência
graças a aberturas chamadas estômatos, que consistem em pequenos poros de doenças e adversidades climáticas, o Molibdênio e o Cobalto, na fixa-
pelos quais ocorre a transpiração”, explica o engenheiro agrônomo Marcos ção do nitrogênio pelos microrganismos do solo e disponibilização para
Estevão Feliciano, da Tecnutri do Brasil, de Tietê, interior paulista. absorção radicular e o Silício para maior resistência ao ataque de pragas.
Os nutrientes possuem funções específicas e a assimilação completa “As quantidades dos nutrientes dependem de cada espécie e fase de
propicia plantas mais saudáveis, bonitas e produtivas. “A carência pro- desenvolvimento, mas a forma de aplicação é sempre a mesma, usando
voca amarelecimento e queimadura foliar, má formação de caules, bro- borrifador para pulverizar as folhas”, esclarece o especialista Pedro Maicá
tos, raízes, folhas, frutos e sementes, maior suscetibilidade a pragas e dos Santos da Isla Tecnutri, de Porto Alegre, RS.
doenças e, em muitos casos, a morte da planta”, esclarece o engenheiro Os fabricantes oferecem fórmulas específicas para cada fase de desen-
agrônomo e responsável técnico Rafael Lucas da Silva Gurgel da Terral volvimento, seja crescimento, reprodução ou floração, e também para
Biofert, de Belo Horizonte, MG. cada tipo, como hortaliças, flores e até orquídeas.

40*Paisagismo & Jardinagem


MODO DE APLICAÇÃO FÓRMULAS PRONTAS
Santos chama a atenção para que a adubação foliar seja feita em horá-
rios de temperatura mais amena, evitando o sol forte. “Quanto mais tem- UM PARA CADA SITUAÇÃO
po a folha ficar molhada, mais substâncias absorverá. Assim, prefira adu- Para todas os tipos de problemas, a linha de fertilizantes foliares da
bar nas horas mais frescas do dia, no início da manhã ou no final da tar- Forth apresenta uma solução específica para gramados, flores e frutas,
de”, ensina Feliciano. entre outros, com as concentrações ideais para resolver a carência nutri-
Além de suprir carências nutricionais, o método pode ser usado no cional. Mais informações: (15) 3282-3444 e www.forthjardim.com.br
combate às doenças pela rápida resposta.
Acompanhe as etapas:
1. Horário
Sempre no início do dia ou fim da tarde para que as folhas permane-
çam molhadas por mais tempo e ampliar a absorção

Divulgação/Tecnutri
2. Produto e preparo
a) Se o fertilizante for concentrado, deve-se diluí-lo em água de acor-
do com a recomendação da embalagem. Em seguida, coloque a mistura
em um pulverizador.
b) As embalagens com gatilho estão prontas para uso e não necessi-
tam ser manuseadas.
c) Se fizer compostagem em casa, o líquido produzido no processo CUIDADO INTENSIVO
de decomposição é rico em nutrientes e pode ser pulverizado nas plan- O Biofert Universal é o alimento completo
tas, como adubo e pesticida, dissolvido na proporção um para dez. para as plantas, pois possui os nutrientes neces-
É importante seguir a dosagem corretamente, pois o excesso de subs- sários para um desenvolvimento saudável, seja
tâncias pode prejudicar as espécies. crescimento, florescimento e frutificação, tanto
3. Aplicação em hortaliças, ornamentais, frutíferas, quanto
Borrife o líquido nas folhas tanto na parte de cima como na parte em plantas de interior, como bonsais, jardins

Divulgação Terral Biofert


de baixo. Atenção para dosar a quantidade exata para que não escor- verticais, flores, folhagens e frutíferas envasa-
ra e também não deixar que atinjam flores e botões para não secá-los das. O produto pode ser encontrado nas opções
e nem manchá-los. concentrado e pronto uso. Mais informações:
(31) 3428-2723 e www.terral.agr.br
[2] Projeto paisagístico Alalou Paisagismo

PRONTO PARA USO


A Isla indica a linha Multiuso que regula o meta-
bolismo vegetal e corrige as deficiências nutricio-
nais. É indicada para todos os tipos de plantas. O
Divulgação/Isla Sementes

uso deve ser feito a cada dez dias. Mais informa-


ções: (51) 2136-6600 e www.isla.com.br

PARA ORQUÍDEAS
Da Terral, o Biofert Orquídeas possui 15
nutrientes essenciais para todos os gêneros e
espécies de orquídeas. O produto regula o
metabolismo vegetal e protege contra defi-
ciências nutricionais. É rapidamente absorvi-
Divulgação Terral Biofert

do pelas folhas e raízes. É encontrado nas ver-


sões concentrada e pronto uso. Mais infor-
mações: (31) 3428-2723 e www.terral.agr.br
meio ambiente

Se essa praça
fosse minha...
Moradores, associações de bairro e
iniciativa privada adotam jardins públicos
para intensificar o verde na cidade
Texto Janaína Silva
Fotos Hamilton Penna

42*Paisagismo & Jardinagem


Passeando pelos bairros, é comum nos depa- Aguiar há caminho, calçada e grama-amendoim
rarmos com áreas verdes. Umas chamam a aten- (Arachis repens) plantada”, relata. Os investi-
ção pela conservação com gramado aparado e mentos e valores com manutenção são custea-
caminhos bem demarcados e agradáveis em meio dos pelos próprios moradores. Na Praça
a árvores frondosas. Em algumas, encontra-se Imigrante do Leste Europeu, na Vila Prudente,
até playgrounds para as crianças, além de pes- em São Paulo, SP, a Associação dos Moradores,
soas caminhando com animais de estimação e Comerciantes, Empresários e Amigos da Vila
descansando nos bancos. Mas, existe também Zelina (Amoviza) cuida do local há cerca de três
o outro lado, a falta de manutenção e o lixo. anos e chega a gastar R$ 1 mil em média por
Quem mantém os locais organizados ou qual o mês. Entre as melhorias implantadas estão a
motivo do abandono são perguntas frequentes. revitalização do espaço, a nomeação do cantei-
Na capital paulista, existem cerca de 17 milhões ro, a restauração e instalação de três luminárias
de metro quadrado de espaços públicos ajardi- estilo colonial, o paisagismo e a manutenção.
nados, totalizando 5 mil praças e canteiros. Para Segundo dados da coordenação das sub-
colaborar com a preservação dos jardins, mui- prefeituras da administração paulistana, apenas
tos moradores erguem as mangas e se respon- 10% do total de espaços verdes, que corresponde
sabilizam por praças e canteiros. a 530 praças, está sob os cuidados de cidadãos
A moradora do Mandaqui, na zona norte e empresas, sendo 107 por moradores, de for-
paulistana, Regina Célia dos Santos Souza há ma individual ou por meio de associações de
nove anos decidiu adotar o terreno que existia bairros. Os 80% restantes estão a cargo de esta-
ao lado de sua casa. “Era apenas terra batida belecimentos comerciais, como escolas, bancos
com árvores. Hoje, na praça Conceição de Souza e até hospitais.

Paisagismo & Jardinagem*43


EM DEFESA DOS “JARDINS”
Na zona oeste paulistana, região que con-
centra mais da metade dos locais adotados (54%),
a Associação dos Moradores dos Jardins América,
Europa, Paulista e Paulistano (Ame Jardins) man-
tém a Praça Guilherme Kawall, no Jardim
Paulistano, desde janeiro de 2013. “O local esta-
va degradado. A iluminação foi reestruturada e
postes foram instalados abaixo da copa das árvo-
res. A praça recebeu lixeiras de concreto e supor-
tes com sacos para recolhimento de fezes dos
cães, além de passeio público e rampas de aces-
sibilidade, novo paisagismo e espaço infantil”,
relata o advogado e presidente Fernando José
da Costa. De acordo com ele, os recursos para
a manutenção são extraídos da contribuição men-
sal dos associados da entidade, que adotou ain-
da a Praça Gastão Vidigal e aguarda a cessão da
Morungaba. Além disso, realizam a conscienti-
zação sobre a importância de se conservar as áreas
verdes e os reflexos positivos no dia a dia do bair-
ro. “Na manutenção dos jardins, gastamos em
média R$ 3 mil mensais, com a equipe diária de
limpeza e materiais. Para outras melhorias, bus-
camos parcerias com empresas e pessoas físi-
cas”, finaliza.

Fernando José da Costa, presidente da Ame


Jardins, na Praça Guilherme Kawall

44*Paisagismo & Jardinagem


AMOR PELA NATUREZA
Apaixonado desde criança pelo canto das
aves, o engenheiro industrial, ornitólogo e autor
de diversos livros sobre o tema Johan Dalgas Frisch
mantém há quatro anos a praça cujo nome reme-
te à espécie de canto melodioso, símbolo da sor-
te, do amor e da felicidade, que possui diversas
lendas a respeito, entre elas a que relata ser um
deus em forma de ave e que tem sob sua prote-
ção os demais animais plumados, o Uirapuru,
no Morumbi. Ele relata que os demais morado-
res colaboram com a manutenção do espaço. “A
preocupação é plantar árvores e espécies que
atraiam pássaros, como sabiá, bem-te-vi, pica-
pau e beija-flor”, afirma. Entre as plantadas por
Dalgas, estão a escova de garrafa (Callistemon
spp ) e a flama-da-floresta (Mucuna bennettii).

UM JARDIM PARA CHAMAR DE NOSSO


Na cidade de São Paulo, SP, para adotar uma
área ajardinada, o interessado deve apresentar
à subprefeitura uma carta de intenção e um pro-
jeto de intervenção e conservação do local. Além
disso, precisa entregar cópias de documentos
de identificação – para pessoas físicas – e rela-
cionados à atividade comercial – no caso de pes-
soa jurídica.
A carta é publicada em Diário Oficial e a
proposta é avaliada pela Prefeitura. Após a aná-
lise, se a sugestão for aceita, o cidadão ou a orga-
nização fica responsável pela manutenção do
espaço e pode implantar uma ou mais placas –
a quantidade varia de acordo como o tamanho
da área adotada - com seu nome, associando com
uma ação positiva.
O período de vigência da adoção é definido
pelo cooperante e pode variar entre 12 a 36 meses Na Praça Uirapuru, Johan Dalgas Frisch
e, inclusive, ser prorrogado. planta espécies para atrair pássaros

Paisagismo & Jardinagem*45


meu jardim

Jardim
em família
Mãe e filho realizam
projeto paisagístico
com inspiração italiana
Texto Carolina Pera
Foto Raphael Criscuolo

“O que nunca nos faltou


foi a natureza a nossa volta”

46*Paisagismo & Jardinagem


Paisagismo & Jardinagem*47
Há aproximadamente 17 anos, a arquiteta Maria Lucia Alalou, de
São Paulo, SP, adquiriu sua casa no bairro Cidade Jardim, na mesma
cidade, e realizou uma grande reforma. Na época, seu filho Felipe
Alalou, engenheiro civil, começava a trabalhar em conjunto com a mãe
e era o começo de uma parceria que perdura até hoje, agora ambos
são sócios na Alalou Paisagismo. “Quando mudei para esta casa os
meninos (três) eram pequenos. Eles tiveram campo de futebol, árvo-
res para subirem, jabuticabeiras para colherem frutos, horta e cachor-
ro. Aproveitaram a beça nosso jardim”, relembra a arquiteta. “Como
diz meu filho mais novo 'valeu'”, brinca.
“O jardim não estava conectado com a casa, tínhamos que dar toda
a volta para ir à piscina. Na churrasqueira fiz um acesso com pisadas e
dois tipos de pedriscos com iluminação, para focar a nova entrada e dar
maior integração ao ambiente”, conta Maria Lucia. Ao redor do lazer há
vasos terracota, banco, cadeiras, mesas e espreguiçadeiras, recursos ideais
para quem deseja relaxar e admirar a área verde. “As plantas dos vasos
foram escolhidas de forma a causar uma grande diversidade, gerando flo-
res em todas as épocas do ano”, diz Alalou.
Quando começaram a modificar a área externa, eles queriam algo sim-
ples e de fácil manutenção, sem perder o estilo seguido na residência. “O
espaço foi elaborado pensando em complementar a linguagem da casa
inteira de cor terracota. A inspiração foram os jardins italianos, em espe-
cial os da região da Toscana”, explica o profissional.

48*Paisagismo & Jardinagem


“O jardim foi elaborado pensando em complementar a linguagem da casa inteira”

Paisagismo & Jardinagem*49


50*Paisagismo & Jardinagem
*o jardim
ganhou
vida com:

Rabo-de-gato

Orquídea

Orquídea chuva-de-ouro

Alpínia

Apesar da inspiração vir de fora, foram utilizadas muitas espécies nia (Wisteria sp). O toque toscano fica por conta da falsa-vinha
nativas brasileiras devido ao clima. “Algumas foram podadas em topia- (Parthenocissus tricuspidata), que fecha parte da parede. O jardim con-
ria, acompanhadas de outras plantas mais naturais, livres”, esclarece. ta, ainda, com uma fonte ao fundo. Na entrada o convite fica por con-
ta de vasos com licuala (Licuala grandis ), flor-de-leopardo (Belamcanda
CORES DO JARDIM chinensis), dionela (Dianella tasmanica) e um pândano (Pandanus veit-
Para dar sombra e poder almoçar ao ar livre, foi utilizada a árvore chii) grande que se destaca.
flamboyant (Delonix regia). A pata-de-vaca (Bauhinia variegata) faz muro Para Alalou, o projeto aproveitou a grande área verde e a deixou con-
com o vizinho e ainda produz flores. Jabuticabeiras (Myrciaria cauliflo- vidativa. “O local deixa todos a vontade para festas e eventos”. Um jar-
ra) trazem beleza ímpar ao espaço, além de dar frutos. Na composição dim feito em família e para a família e que se faz presente na vida da pro-
com a frutífera, exemplares de palmeira-fênix (Phoenix roebelenii) foram prietária, já que Maria Lucia nunca teve cortinas nas salas de estar e jan-
plantados. Os buxos (Buxus sempervirens) e as caliandras (Calliandra tar para ter a sensação de continuidade entre a morada e o espaço verde.
tweedii) podados em bola dão forma ao jardim. Já nas áreas com som- “Como as portas externas são amplas, estou sempre dentro do meu jar-
bra foram cultivadas barba-de-serpente (Ophiopogon jaburan) e alpínia dim. Dentro e fora, rodeada de verde. O que nunca nos faltou foi a natu-
(Alpinia purpurata). Sobre o pergolado de ferro sobe a trepadeira glici- reza a nossa volta”, conclui Maria Lucia.

Paisagismo & Jardinagem*51


planta da edição

[3]

52*Paisagismo & Jardinagem


Como uma ave
Texto Vanessa Barcellini
Fotos [1] Bruno Carvalho, [2] Evelyn Müller e [3] Gui Morelli

[1] Projeto paisagístico Adriana Fonseca


A estrelítzia é
uma planta rústica
e chama atenção
pelo charme da
coloração laranja

Uma planta herbácea muito popular e tra-


dicional. A estrelítzia (Strelitzia reginae) tam-
bém conhecida como ave-do-paraíso é originá-
ria da África do Sul e desenvolve-se melhor em
regiões de clima subtropical ou tropical. Seu nome
científico é uma homenagem à rainha Sofia
Carlota de Mecklenburg-Strelitz, esposa do rei
Jorge III, do Reino Unido. Ela é entouceirada,
rizomatosa e apresenta folhas firmes e coriáceas,
de coloração verde-azulada, muito ornamen-
tais, grandes e ovoladas com pecíolos bastante
compridos. A altura chega, aproximadamente,
a 1,20 e1,50 m.
As inflorescências da estrelítzia são forma-
das durante o ano todo, mas principalmente no
Verão. A espata é o bico e serve de bainha para
as flores que emergem de coloração laranja, com
anteras e estigmas azuis, em forma de flecha.
São muito duráveis e largamente utilizadas como
flor de corte. É uma planta muito rústica, ade-
quada para o plantio isolado ou em grupos,
como maciços, renques ou bordaduras. É indi-
cada para jardins tropicais e para o litoral por
tolerar os ventos e a salinidade do solo. Também
tolera geadas fracas.

Paisagismo & Jardinagem*53


SEMPRE BELAS
As estrelítzias devem ser cultivadas a pleno
sol em solo fértil, bem drenado, enriquecido
com matéria orgânica e regado regularmente.
Multiplica-se por sementes e também por divi-
são das touceiras.
Não há segredos especiais para a manuten-
ção. Com o solo úmido, a irrigação deve ser rea-
lizada nas horas mais frescas do dia. É impor-
tante realizar podas de limpeza para retirar as
folhas e flores quebradas ou doentes. Com todos
esses cuidados, a espécie é a aposta para levar
cores e formas aos jardins.

ESTRELÍTZIA
NOME CIENTÍFICO: Strelitzia reginae
NOME POPULAR: Estrelítzia, ave-do-paraíso,
flor-ave-do-paraíso e flor-rainha
ORIGEM: África do Sul
PORTE: De 1,20 a 1,50 m
FOLHAS: firmes e coriáceas (espessas,
consistentes e mais flexíveis)
FLORES: alaranjadas e muito duráveis,
que se abrem dentro de uma espata em
forma de barco, com antera e estigma
azuis em forma de flecha
CULTIVO: Isolamento, em canteiros e
formando renques ou conjuntos
CLIMA: Subtropical e Tropical
SOLO: fértil e úmido
LUMINOSIDADE: sol pleno
DIFICULDADE DE CULTIVO: não há segredos.
Basta realizar podas de limpeza
IRRIGAÇÃO: com frequência para manter
o solo sempre umedecido
MULTIPLICAÇÃO: por sementes e divisão
de touceira
CURIOSIDADE: muito utilizada
como flor de corte

[2]

54*Paisagismo & Jardinagem


[2] [2]

Paisagismo & Jardinagem*55


Imponência imperial
O estilo neotropical com traçado clássico e
simétrico está em sintonia com a construção colonial Texto Janaína Silva
Fotos Gui Morelli

56*Paisagismo & Jardinagem


Projeto paisagístico Marcelo Faisal

Paisagismo & Jardinagem*57


A arquitetura da morada é impactante e o
paisagismo promove boas-vindas com elegância,
simetria e formalidade. “As linhas retas e orto-
gonais definem o conceito do jardim”, contex-
tualiza o arquiteto paisagista Marcelo Faisal, de
São Paulo, SP.
Para ele, o grande desafio foi vencer a altu-
ra e a grande fachada da construção localizada
no interior paulista. “O rigor e a escala da edi-
ficação balizaram a disposição vertical das espé-
cies, com destaque para a palmeira-imperial
(Roystonea oleracea)”, afirma.
O profissional apostou no estilo que defi-
ne como neotropical, que utiliza traçados clás-
sicos e simétricos, para dialogar de maneira har-
mônica com a arquitetura açoriana, com refe-
rência imediata à colonial Paraty, cidade no lito-
ral sul fluminense.

ACESSOS VERDEJANTES
Após a definição da tendência a ser empre-
gada no projeto paisagístico, Faisal relata que
criou o traçado para os carros e as alamedas para
a circulação dos pedestres, executados com para-
lelepípedos que remetem às lembranças de outro-
ra, com encanto e charme rústico em composi-
ção equilibrada com o entorno. “O próximo pas-
so foi delimitar e definir as espécies para com-
por e colorir as diversas áreas verdes”, relata.
Na escolha das plantas para a composição “A grande estrela e alegria do jardim
dos canteiros alinhados entre os troncos das pal- é a escultura construtiva de ferro do
meiras-imperiais, que acompanham toda a exten- artista plástico brasileiro Amilcar de Castro”
são frontal da morada, o arquiteto paisagista
apostou nos buxos (Buxus sempervirens) topia-
dos no formato quadrado que dão um toque
moderno ao antigo. “Os buxos redondos foram
muito banalizados”, comenta ele.
Na fachada, para garantir uma vegetação
mais próxima, as grumixamas (Eugenia brasi-
liensis), típicas da Mata Atlântica, produzem fru-
tos arroxeados que podem ser degustados, além
de atraírem pássaros, foram escolhidas para sepa-
rar a região.
O profissional utilizou ainda tumbérgia
(Thunbergia erecta) em cercas-vivas que colo-
rem os entornos e barba-de-serpente (Ophiopogon
jaburan) em touceiras que alegram com contraste
de tons.
Outro destaque no projeto é o uso da sibi-
puruna (Caesalpinia pluviosa), espécie nativa do
País, que floresce especialmente a partir do mês
de agosto.

58*Paisagismo & Jardinagem


Paisagismo & Jardinagem*59
*o jardim ganhou vida com: Palmeira-imperial
Evelyn Müller

Washingtônia-de-saia Barba-de-serpente Tumbérgia Buxinhos Jabuticaba

60*Paisagismo & Jardinagem


REFINAMENTO estrela e alegria do jardim é a escultura cons- marcam o trabalho que levam a assinatura de
As ornamentais washingtônias-de-saia trutiva de ferro do artista plástico brasileiro Marcelo Faisal.
(Washingtonia filifera) enfileiradas destacam-se Amilcar de Castro”, enfatiza. Para integrar a edícula e a casa, o profissio-
nos ambientes social e de lazer pelo porte e exu- Do pátio é possível apreciar toda a bela nal projetou pergolado perfilado por jabutica-
berância de suas folhas em formato de leque e paisagem dos campos e ainda usufruir de mer- beiras (Plinia cauliflora) durante todo o percur-
presenteiam os proprietários e seus convidados gulhos e relaxamento em generosa piscina reves- so que adicionam comodidade, frescor e atraem
com aprazível sombra. Para Faisal, o encanto tida de pedra hijau equipada com convidativa aves que enlevam com seu canto. O conjunto une
do setor é ampliado pela presença marcante de prainha e agradável spa. Tudo projetado com com maestria os estilos e formas tornando o local
obra assinada por artista mineiro. “A grande o bom gosto e o cuidado com os detalhes que uma deferência aos tempos remotos e atuais.

Paisagismo & Jardinagem*61


62*Paisagismo & Jardinagem
Verde privativo
Graças ao paisagismo da residência localizada
no Rio de Janeiro, o barulho da cidade
é amenizado pelo som dos pássaros
Texto Vanessa Barcellini
Fotos Alessandro Guimarães

Projeto paisagístico Paula Bergamin

Paisagismo & Jardinagem*63


64*Paisagismo & Jardinagem
Por estar localizada em meio à metrópole, a morada ganhou um jar-
dim tropical com proporções urbanas, exigindo a criação de um muro
para isolar o visual da rua e das fachadas dos vizinhos. Assim, a paisagis-
ta Paula Bergamin, do Rio de Janeiro, RJ, responsável pelo projeto pai-
sagístico, apostou em espécies de crescimento rápido e com boa altura
para criar uma barreira verde e deixar a área mais privativa.

OBRAS DE ARTE
Esculturas pontuam os espaços ajardinados para apreciação, enri-
quecendo o local com cores, materiais e formas. Pelo passeio, é possível
se deparar com estrutura diagonal de aço pintada de amarelo, da coleção
do artista austríaco radicado no Brasil Franz Weissmann. Além de outras
em bronze, como a Donzela, assinada pela artista gaúcha Sônia Ebling.

CADA ESPÉCIE, UMA FUNÇÃO


O terreno foi modelado por meio do aterro. “Na lateral, onde tem a
varanda, foi retirada uma escada. Dessa maneira, conseguimos aumentar
a parte plana e o gramado”, completa. Nessa área, a paisagista criou um
canteiro para receber jasmim-manga (Plumeria rubra) que foi transplan-
tada, enquanto a palmeira-washingtônia (Washingtonia robusta) foi man-
tida no mesmo lugar.
Para elaborar o muro na frente da área da piscina, foram usadas pal-
meiras do tipo areca-bambu (Dypsis lutescens), árvore-do-viajante (Ravenala
madagascariensis), cheflera (Schefflera actinophylla) e palmeira-de-macart-
hur (Ptychosperma macarthurii). A paisagista também se preocupou em adi-
cionar espécies com flores perenes. “Em um jardim de proporções meno-
res, é importante ter sempre flores”, diz. Por isso, apostou na alpínia (Alpinia
purpurata), ixora (Ixora coccinea), helicônia-papagaio (Heliconia psittaco-
rum) e primavera (Bougainvillea spectabilis). Logo na entrada, como uma
divisória para a piscina, usou azaléia (Rhododendron simsii). “Apesar de ser
uma espécie que floresce apenas uma vez por ano, é muito bonita e sem flo-
res, funciona como um arbusto neutro”, frisa. Logo ao lado da porta de
entrada, a palmeira-laca (Cyrtostachys renda) dá as boas-vindas com sua
beleza. “Para escolher os exemplares, a minha maior preocupação era de
que cumprissem a função de bloqueio de vistas indesejadas, que fossem
resistentes e de crescimento rápido”, conta a paisagista.

Paisagismo & Jardinagem*65


TOQUE DE CHARME
A partir dos azulejos portugueses já existentes na deco-
ração da porta de entrada, a profissional teve ideia de
criar um painel na parede lateral com o mesmo material,
servindo de fundo para um elemento aquático compos-
to por um tanque com três bicas e vasos azuis vietnami-
tas. Paula destaca que a intenção é fazer com que eles se
encham e derramem a água lentamente, criando um efei-
to visual e sonoro agradável. “O uso da água no jardim
sempre enriquece o projeto, tanto pelo caráter exclusi-
vo como original. A visão de um passarinho tomando
banho ou bebendo água, emociona as pessoas. O som
manso da água trás um bem-estar imediato”, enfatiza.
Além disso, para ela, o uso de obras de arte acrescenta
um caráter sofisticado e diferente.
“O jardim valorizou a arquitetura clássica da casa,
deu ênfase à entrada e portas. A piscina ainda foi emol-
durada por um painel com orquídeas (Orchidaceae) e
bromélias (Bromeliaceae), pois não havia espaço para
plantar no local sem atrapalhar a circulação”, finaliza.

*o jardim
ganhou
vida com:

Azaléia Ixora

Alpínia Hortelã

Manjericão Pimenta

66*Paisagismo & Jardinagem


“O uso da água
no jardim sempre
enriquece o projeto
paisagístico, tanto
pelo caráter exclusivo
como original”

Paisagismo & Jardinagem*67


À beira-mar
Caminhos e escadas facilitam o acesso aos espaços
de lazer e à praia em meio às folhagens tropicais
Texto Janaína Silva
Fotos Tarso Figueira

68*Paisagismo & Jardinagem


Projeto paisagístico Cida Cutait

Paisagismo & Jardinagem*69


“Adotei a vegetação tropical pois se adapta melhor às condições litorâneas”

Com localização privilegiada em frente ao mar, no litoral sul baiano,


a morada é ideal para os momentos de diversão e relaxamento. Com arqui-
tetura assinada pelo escritório Saraiva + Associados, de São Paulo, SP, o
projeto paisagístico foi solicitado à arquiteta paisagista Cida Cutait, da
capital paulista. “A proposta do paisagismo entrou em sintonia com a
arquitetura e o cenário ao redor”, explica a profissional.
O desejo do proprietário era uma área gourmet e acessos facilita-
dos tanto para as estruturas comuns do local quanto à praia. Assim,
as condições do terreno foram preservadas, criando-se escadas para
permitir o ir e vir e uma contenção próxima à churrasqueira em semi-
círculo executada em pedra para tornar ainda mais convidativos os
ambientes ao ar livre.
A arquiteta paisagista apostou em materiais mais rústicos e garantiu
a harmonia com o estilo arquitetônico da residência. “Os caminhos e as
escadas são de madeira de demolição e suavizam os desníveis”, afirma ela.
O ambiente gourmet ganhou um pergolado de madeira com telhas
translúcidas e forro de biriba, coberto com as delicadas florescências azuis
da tumbérgia (Thunbergia erecta), que atraem com o perfume beija-flo-
res, mamangavas e borboletas, alegrando o local.

70*Paisagismo & Jardinagem


Paisagismo & Jardinagem*71
PROFUSÃO DE NUANCES
Entre as espécies já existentes no lote, os cajueiros (Anacardium occi-

*o jardim dentale) foram preservados, pois, de acordo com a profissional, não tole-
ram o transplante após atingirem a fase adulta. Assim, as formas irregu-

ganhou lares das copas e caules levaram charme ao setor combinadas às folhagens

vida com:
e cores intensas das plantas selecionadas para compor o jardim.
Por estar na praia e bastante exposta à maresia, o critério para a esco-
lha da vegetação considerou a adaptação das plantas às condições climá-
ticas e ao tipo de solo, colorindo a ampla área verde ao redor da casa, com
os tons das exuberantes flores e folhagens tropicais, como bromélias
(Bromeliaceae), primavera (Bougainvillea glabra), bulbine (Bulbine fru-
tescens), clúsia (Clusia fluminensis), guaimbê (Philodendron bipinnatifi-
dum), helicônia (Heliconia rostrata) e orquídea-bambu (Arundina bam-
busifolia). “Adotei a vegetação tropical pois se adapta melhor às condi-
Guaimbê Primavera
ções litorâneas”, fala Cida.
O porte das plantas contribuiu ainda para levar privacidade à pis-
cina e preservar a vista privilegiada, como as folhas recordadas e de ver-
de intenso da guaimbê. A estrutura de concreto armado possui 45 m2
e ao redor, com decoração da designer de interiores Silvia Guedes
Moraes, de São Paulo, SP, confortáveis espreguiçadeiras e cadeiras con-
vidam para admirar a paisagem litorânea e usufruir de amplo descan-
Orquídea-bambu Tumbérgia
so ao ritmo das ondas.

72*Paisagismo & Jardinagem


Paisagismo & Jardinagem*73
Um toque de cor
Com mistura de espécies, o paisagismo de estilo
tropical deixou o ambiente mais encantador
Texto Vanessa Barcellini
Fotos Alessandro Guimarães

74*Paisagismo & Jardinagem


Projeto paisagístico Anna Avorio Lellis Saraceni

Paisagismo & Jardinagem*75


Uma casa com um jardim para ser contemplado durante o ano inteiro.
Essa é a definição da arquiteta paisagista Anna Avorio Lellis Saraceni, de
Florianópolis, SC, responsável pelo projeto paisagístico da morada. Seguindo
o estilo tropical, a área verde foi elaborada de acordo com a arquitetura da
casa, insolação local e proximidade do mar. Para deixar o local ainda mais
bonito, a profissional apostou em espécies perenes, pois não precisam ser
substituídas com frequência, além de plantas com diferentes texturas, cores
e volumes. “Fizemos isso para criar contrastes impactantes nos canteiros
principais”, afirma. Anna apostou na palmeira-garrafa (Hyophorbe lageni-
caulis) como protagonista do espaço. Como a casa já estava pronta duran-
te a implantação do projeto, o relevo original do terreno foi preservado.

ESCOLHIDAS A DEDO
Com a intenção de valorizar a entrada principal, a ideia foi investir
em um jardim contemporâneo. Os clientes escolheram espécies tropicais
com diferentes tons e que dialogam com a arquitetura da casa.
Para decorar o jardim, diferentes exemplares marcam presença. Na área
da piscina, a escolha foi por palmeira-garrafa (Hyophorbe lagenicaulis) e
bromélias do tipo porto-seguro (Aechmea blanchetiana) e bromélia-verme-
lha (Neoregelia fireball). Já a entrada social ganhou vida com pata-de-ele-
fante (Beaucarnea recurvata) e bromélia-imperial (Alcantarea imperialis).
Árvore-do-viajante (Ravenala madagascariensis), bola-de-neve-mexi-
cana (Echeveria elegans), fórmio rubro (Phormium rubro) e agapanto
(Agapanthus africanus) foram utilizado na parte posterior do terreno. Com
a intenção de dar mais privacidade, já que o condomínio não possui muros,
a opção foi por pinheiro-de-buda (Podocarpus macrophyllus).
O paisagismo se destaca pelo jardim jovem e ampla utilização de espé-
cies vegetais com cores fortes. “É um projeto paisagístico que respeitou
a arquitetura contemporânea e incorporou espécies vegetais que valori-
zaram o local. Além disso, por meio do colorido, a área transmite o alto
astral dos clientes”, afirma a profissional.
O resultado ficou bastante satisfatório e alcançou o objetivo que
era a valorização da residência e convívio familiar, respeitando o per-
fil dos proprietários.

“É um projeto paisagístico que respeitou a arquitetura contemporânea


da residência e incorporou espécies vegetais que valorizaram o local.”

76*Paisagismo & Jardinagem


*o jardim
ganhou
vida com: Mini-bromélia-fireball

Dragoeiro Estrelítzia-de-lança Pinheiro-de-buda

Barba-de-serpente Bola-de-neve Bromélia-imperial

Fórmio Rubro Grama-esmeralda Pata-de-elefante

Paisagismo & Jardinagem*77


perfil

[2]

Os caminhos a
levaram ao paisagismo
O setor não estava em seus planos, agora com experiência,
Renata quer aprofundar-se em sustentabilidade
Texto Carolina Pera
Fotos [1] Alessandro Guimarães, [2] Evelyn Müller e [3] Gui Morelli

78*Paisagismo & Jardinagem


[3]

[2]

Aos seis anos de idade Renata Mourão Fanti ingressou no mundo da


escrita com um termo com o qual ela teria muito contato. “Conta minha
mãe que a primeira palavra que escrevi foi arquitetura”. O destino dela
já estava grafado ali. Renata se formou em arquitetura e urbanismo pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1996. “Foi muito fácil esco-
lher por arquitetura, pois sua abrangência é tão ampla em nossas vidas
que incluía assuntos que muito me interessavam, de arte a física, de his-
tória de países, cidades e populações a matemática, de meio ambiente a
tecnologia”, diz.
Já a área de paisagismo foi penetrando em sua vida com o tempo. Ela
chegou a desenvolver projetos na área de urbanismo e não pensava no
paisagismo como profissão, mas durante a faculdade, estagiou com a pai-
sagista Isabel Duprat, esse foi seu primeiro contato com o campo paisa-
gístico, e desde então sua visão mudou. “Eu não cogitava o paisagismo
como profissão e sim como complemento à arquitetura. De qualquer for-
ma gostava do assunto e quando compreendi que o paisagismo era a arqui-
tetura do espaço vazio e que relacionava a paisagem com o construtivo,
me encantei”.
Assim que se formou, a profissional passou a atuar no setor de paisa-
gismo de A Estufa, estúdio de paisagismo de Leo Laniado, em São Paulo,
SP, por lá ficou dez anos como arquiteta e coordenadora de equipe. “Adquiri
vasta experiência profissional na área. Paralelamente aos projetos de pai-
sagismo, também desenvolvi com Leo Laniado, projetos selecionados
de arquitetura, ente eles o Txai Resort de Itacaré, BA”, relembra.

Paisagismo & Jardinagem*79


[1]

[2] [1]

80*Paisagismo & Jardinagem


No ano de 2006, Renata decidiu abrir seu próprio escritório, hoje loca-
lizado no bairro de Pinheiros, em São Paulo, SP, no qual ela atua em pro-
jetos residenciais, hoteleiros, comerciais, de paisagismo em loteamentos
e intervenções urbanas. Ela conta que suas inspirações provém de dife-
rentes fontes, como exposições, obras de arte, livros e que até mesmo um
espetáculo de ballet já trouxe composições a sua mente. Ela explica que
ao provocar o olhar e o pensar, surgem desde paletas de cores a modo de
percebermos nossa ocupação no espaço. “Viajar também é uma enorme
fonte de inspiração, porque vivenciamos uma nova paisagem, temos uma
percepção mais abrangente e intensa dos espaços e elementos urbanos ou
naturais”, completa.
“O paisagismo não foi uma busca específica, e sim uma oportunida-
de de aprendizado que se transformou em uma descoberta de sua real
importância”, explica. Hoje usa a paisagem como ponto de partida para
seus projetos de arquitetura. “Não desvencilho esses dois temas, acredi-
to que essa interação é o aspecto mais relevante. Confere real significa-
do ao projeto e melhor satisfaz e surpreende ao usuário”, complementa.
A profissional está realizada em sua área, mas sente que quer trilhar
um caminho mais específico. “Uma direção que exige mais estudo, ape-
sar do desgaste da palavra. Quero explorar mais os aspectos da sustenta-
bilidade do paisagismo, a sua capacidade de integrar espaços”, finaliza. [3]

"Quero explorar mais os aspectos da sustentabilidade do paisagismo"


[1]

Paisagismo & Jardinagem*81


lá fora

A fantástica
árvore de 144 anos
Localizada em parque japonês, glicínia mais
antiga se tornou a principal atração turística Texto Rafaela Rebouças e Vanessa Barcellini
Divulgação/KPG Payless2

Quem passeia pelo parque Ashikaga Flower Park, em Tochigi, no maio – Primavera no Japão. No parque o efeito é possível porque a árvo-
Japão, se impressiona com a beleza da centenária árvore glicínia. Imagine- re está apoiada sobre estruturas metálicas que, além do suporte, dese-
se andando sob as coloridas flores em tons de rosa, com um misto de luz nham caminhos encantados.
e sombra, que formam um tipo de guarda-chuva de flor e permite ao visi- Datada de 1870, a árvore de 144 anos é a mais antiga e a maior da sua
tante momentos mágicos e encantadores. espécie localizada no arquipélago asiático. Há uma década, ocupava ape-
De grande valor ornamental, com inflorescências longas, pendulares nas uma área de 72 m² do parque. Hoje ela segue por uma área de mil m²
e carregadas de delicadas e numerosas flores, a glicínia tem uma beleza e é considerada um espetáculo à parte por quem visita o local. Pode ser
quase hipnótica quando floresce totalmente, entre os meses de abril e definida como um pedaço de paraíso no Japão.

82*Paisagismo & Jardinagem


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e 14 espécies
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ímpar, as orquídeas desper-
tam a curiosidade e enfeitam
os espaços. Para adentrar o
universo desta planta, o livro
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para contar as particularida-
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QR-CODE AO LADO UTILIZANDO SEU SMARTPHONE
pelo mundo Texto Carolina Pera
Fotos Divulgação/Barrie Agar

Um parque,
diversos jardins
Os centenários jardins do Hatley Park trazem
beleza à Royal Roads University, no Canadá

84*Paisagismo & Jardinagem


Para firmar sua posição como um dos homens mais ricos da Colúmbia
Britânica – uma das províncias do Canadá -, James Dunsmuir comprou
o Hatley Park em 1908, construiu o castelo e contratou Brett e Hall, alu-
nos de Frederick Law Olmstead- conhecido por seus projetos em par-
ques urbanos, como o Central Park, em Nova Iorque-, para projetarem
os jardins que circundam a morada. Com mais de cem anos de idade, os
jardins se tornaram parte da história do Canadá.
Com árvores antigas notáveis, o local possui 200 hectares de floresta.
De frente para a lagoa está o Santuário Federal de Pássaros, onde há diver-
sas aves migratórias.Perto do castelo há uma fonte com uma estátua de
Netuno, duas faias-europeias de cor púrpura (Fagus sylvatica purpurea)
e dois cedros-do-líbano (Cedrus libani)

Paisagismo & Jardinagem*85


ESTILOS DE DIFERENTES NACIONALIDADES
De frente ao oceano está o Terrace, um jardim de estilo francês,
com buxos (Buxaceae) em topiaria e lavanda (Lavandula sp). Às vezes
há ovinos e bovinos pastando pelo local. O jardim italiano encontra-
se no lado oeste do castelo, tem layout em forma de cruz, é cercado
por um muro e possui um alpendre coberto de glicínia (Wisteria sp)
em uma das extremidades. Com tulipas e narcisos que enchem a pai-
sagem na Primavera e meses de Verão, este é um local muito procu-
rado para realização de casamentos.
Abaixo do jardim italiano fica o campo de croquet. Na década de 1980,
foram adicionadas uma cobertura e fronteiras perenes, com base na teo-
ria de cor da britânica Gertrude Jekyll . Um lado contém cores frias, como
branco, rosa e violeta claro; já do outro ficam as cores quentes, como ama-
relo, laranja e vermelho.

UM JARDIM DE HISTÓRIA
O primeiro jardim da propriedade foi o Japonês, um dos primeiros
da América do Norte, projetado por Isaburo Kishida. Na parte inferior
há um pântano com muitas plantas típicas e notáveis prímulas (Primulaceae).
Na continuação deste jardim, há o Rose, que conta com mais de 300 rosas,
inclusive as de David Austin.
Há uma região próxima a este jardim que foi área de produção de ali-
mentos, na qual havia árvores frutíferas, hortas, um conservatório (demo-
lido em 1950) e uma estufa – utilizada até hoje. A propriedade foi vendi-
da para o governo canadense em 1939 e foi um colégio militar até 1995.
Atualmente abriga a Royal Roads University.

86*Paisagismo & Jardinagem


H A T L E Y P A R K E
H A T L E Y G A R D E N S
C A N A D Á
HORÁRIO
Diariamente, das 10 às 17 horas
ENTRADA
C$ 5 (cerca de R$ 12)
MAIS INFORMAÇÕES
hwww.royalroads.ca

Paisagismo & Jardinagem*87


secos e molhados

Mix
de cores
A área de lazer ganhou
destaque com a piscina
cercada pelo muro colorido
e presença constante de verde
Texto Vanessa Barcellini
Fotos Gui Morelli

88*Paisagismo & Jardinagem


Em São Paulo, SP, o projeto da designer de interiores Maria Di Pace ganhou
ainda mais vida com a presença do verde que cerca a piscina. Para fugir do caos
da cidade grande, a profissional apostou em uma área de lazer tranquila e cheia
de vida, ideal para chegar em casa e relaxar.
Para receber amigos e familiares, os proprietários apostaram na piscina com
43 m² e 1,50 m de profundidade na parte funda e prainha com 0,50 m, garantin-
do a diversão. O charme fica para a parede lateral, com azulejos queimados e
coloridos, feitos pela arquiteta Bruna Albuquerque, dona da Lurca Azulejos.
O setor de lazer fica ainda mais bonito com a mistura de espécies. O jasmim-
do-cabo (Gardenia jasminoides) ficou responsável por levar perfume ao local.
Na outra extremidade, estão palmeira-fênix (Phoenix robellinii), jabuticabeira
(Myrciaria cauliflora), agapanto (Agapanthus africanus) e filodendros (Philodendron
sp). O paisagismo leva a assinatura da paisagista Mariana Castilho Barbosa, de
São Paulo, SP.
Arte no Jardim
Paisagistas investem em obras artísticas ao ar livre
para trazer sofisticação e requinte à residência
Texto Rafaela Rebouças
Fotos [1] Bruno Carvalho,
[2] Evelyn Müller e [3] Gui Morelli

90*Paisagismo & Jardinagem


Desenvolver o paisagismo de um jardim é sempre um processo bas-
tante criterioso. Além de se atendar ao gosto do cliente, aos tipos de espé-
cies adequadas e a composição como um todo, os paisagistas investem em
esculturas como um outro elemento para trazer ainda mais exclusivida-
de e sofisticação aos projetos. “As peças são obras de arte que podem ser
colocadas tanto em ambientes internos ou externos; Nos jardins, por
exemplo, é utilizada para agregar valor e beleza aos espaços”, afirma o
paisagista e engenheiro agrônomo Marcelo Bellotto, de São Paulo, SP.
Ainda de acordo com Bellotto, muitas vezes o cliente já possui a escul-
tura e cabe ao profissional ter a sensibilidade de escolher o local mais ade-
quado. “Mesmo quando escolhemos a escultura, devemos levar em con-
sideração o estilo da residência e a relação entre a obra e o observador.
Outros pontos importantes são a dimensão, a forma, a tonalidade da peça
em relação ao plano onde irá se contrapor e o local de importância para
expressar ao máximo sua essência”, ressalta.
Realizadas as etapas, os proprietários ainda precisam ficar atentos para
o quesito manutenção, pois a maresia, a umidade e a poluição podem afe-
tar a superfície das obras e até mesmo danificá-las. Peças de bronze, por
exemplo, exigem menos atenção se comparadas às de madeira que pre-
cisam de vernizes protetores para suportar as intempéries. O ideal é que
as esculturas sejam colocadas em locais secos e afastados do mar. “Para o
jardim, normalmente indicamos obras em bronze, mármore ou fiberglass”,
sugere a artista plástica Bia Doria, de Pinhalzinho, SC.
Desejadas para dar requinte, as esculturas podem ser adquiridas tan-
to em galerias de arte, quanto em antiquários, leilões e ateliês. A revista
Paisagismo & Jardinagem selecionou algumas peças incríveis para serem
colocadas no jardim. Inspire-se!

[1]

INTEGRAÇÃO COM A NATUREZA


Quando assumiu o projeto de uma residência no bairro da Gávea, na capi-
tal do Rio de Janeiro, a paisagista Paula Bergamin, da mesma região, foi
contemplada com um terreno extremamente arborizado. Para deixar o jar-
dim natural, sem perder a sofisticação, a profissional inseriu uma escul-
tura de bronze, assinada pelo artista plástico Saint Clair Cemin, entre os
exemplares de crossandra (Crossandra infundibuliformis), aspargo-samam-
baia (Asparagus setaceus), camarão-amarelo (Pachystachys lutea) e pal-
meira-de-macarthur (Ptychosperma macarthurii).

Paisagismo & Jardinagem*91


[2]

[2]
EM PERFEITA HARMONIA
Assinada pela escultor e artista plástico Renato
Primi, a obra de arte feita de aço corten é o des-
taque do jardim composto por samambaia-ame-
ricana (Nephrolepis exaltata), jabuticabeira
(Myrciaria cauliflora) e grama-esmeralda (Zoysia
japonica). Segundo o paisagista e engenheiro
agrônomo Marcelo Bellotto, de São Paulo, SP, a
escolha da peça foi devido a sua forma que se
integra naturalmente à paisagem local.

FUTURISTA
O jardim situado em um condomínio em Embu das
Artes, SP, ganhou um toque futurista no projeto do
paisagista e engenheiro agrônomo Marcelo Bellotto,
de São Paulo, SP. A escultura feita de aço pelo escul-
tor e artista plástico Renato Primi insere-se na vege-
ração do entorno composta por arvore-do-viajante
(Ravenala madagascariensis), liríope (Liriope spica-
ta) e grama-esmeralda (Zoysia japonica) dando exclu-
sividade. “Sua tonalidade e forma permitem um
destaque natural ao meio de uma paisagem mono-
cromática”, revela Bellotto.

92*Paisagismo & Jardinagem


CONTEMPORÂNEA
Em meio à atmosfera italiana representada por grandes kaizukas (Juniperus
chinensis ‘Torulosa’) e pela grama-esmeralda (Zoysia japonica), a escultu-
ra de mármore cinza, datada de 2011 e assinada pela artista plástica
catarinense Bia Doria, é destaque na entrada principal da residência loca-
lizada em um condomínio de luxo em Itu, interior de São Paulo. O projeto
é do arquiteto e paisagista Roberto Riscala, de São Paulo, SP.

[3]

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1971. Mais informações: (81) 3271-2466 e www.brennand.com.br
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duais e coletivas, encontros com curadores, críticos, colecionado-
res e artistas convidados. Mais informações: (21) 2540-6446 e
www.anitaschwartz.com.br
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tes que fizeram e fazem a história da arte no Brasil. Mais infor-
mações: (61) 3322-3569
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te exposições individuais e coletivas de renomados artistas nacio-
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Paisagismo & Jardinagem*93


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São Paulo/SP www.marcelofaisal.com.br (48) 9615-7700/(17) 99975-7700
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Petrópolis/RJ www.montana.com.br Salvador/BA
(24) 2222-3013 (71) 3012-0494/8811-0494
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Uberlândia/MG
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Empresários e Amigos do Bairro de Vila Zelina www.rainbird.com Artista plástica
São Paulo/SP (Amoviza) São Paulo/SP
www.amoviza.org.br Raiô Casa e Jardim (11) 3063-0577
Porto Seguro/BA www.biadoria.com.br
Associação dos Moradores dos Jardins América, (73) 3575-2251
Europa, Paulista e Paulistano (Ame Jardins) www.raiocasa.wix.com/casaejardim Christiane Roy
São Paulo/SP Arquiteta
Santos & Santos Arquitetura
(11) 3097-0911 São Paulo/SP
Recife/PE
www.amejardins.com.br (81) 3081-5900 (11) 3343-5061
www.santosesantosarquitetura.com.br www.christianeroy.com.br
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Igarassu/PE Shopping Garden Johan Dalgas Frisch
(81) 3543-0222 São Paulo/SP Engenheiro químico e ornitólogo
www.atmosphera-pe.com.br (11) 2227-8500/5591-5555 São Paulo/SP
www.shopgarden.com.br (11) 3814-8000
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São Paulo/SP
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São Paulo/SP São Paulo/SP www.karinatrofa.com.br
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Várzea Paulista/SP Petropólis/RJ (81) 3466-5812
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(71) 3354-4469 (11) 3021-9077
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São Paulo/SP São Paulo/SP
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www.isla.com.br Alexandre Galhego Roberto Riscala
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0800-7708181 (19) 3294-9836 (11) 3044-4049
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Paisagismo & Jardinagem*97


opinião

Acervo Pessoal
“Espécies exóticas
invasoras configuram
a segunda causa
de perda de
biodiversidade
em todo o mundo”
Jane Pilotto é arquiteta paisagista e Dra.
em Gestão Ambiental, de Florianópolis, SC.
Contatos: (48) 3234-4238 e jane@pilotto.com.br

Quem poderia imaginar que em tempos de conscientização ambien- quilibrado, já que no continente de origem, a maria-sem-vergonha tinha
tal o slogan “plante uma árvore” seria um vilão? Isso mesmo. Hoje a ciên- predadores inexistentes em nosso País e outros fatores limitantes, como
cia comprova que algumas plantas, e aí incluímos também determinadas condições climáticas e geográficas.
árvores, correm o risco de se transformar em uma tragédia ambiental, Espécies exóticas invasoras configuram a segunda causa de perda de
gerando um expressivo impacto negativo ao meio ambiente. biodiversidade em todo o mundo. A falta de conhecimento público do
Na natureza, cada habitat possui uma dinâmica própria. Nas flores- assunto contribui para o agravamento do problema. O uso de tipos ina-
tas brasileiras encontram-se algumas árvores diferentes das espécies nati- dequados na arborização causa prejuízos em diversos aspectos. Outro
vas das áreas verdes do norte dos Estados Unidos, por exemplo, e cada exemplo são as coníferas do gênero Pinus que não ameaçam as demais
uma delas com sua biodiversidade. Apesar da dinâmica ser similar, exis- espécies encontradas no Hemisfério Norte, mas nos demais locais se carac-
tem diferenças fundamentais na forma de reprodução dos animais e vege- terizam como o maior contaminante das áreas de dunas, restingas, cam-
tais, com estratégias peculiares para garantir a preservação. pos abertos e matas em geral.
Uma planta como a maria-sem-vergonha (Impatiens sultanii) é ori- A presença de áreas verdes e a arborização de vias nas malhas urba-
ginária da África e chegou ao Brasil, por ser considerada bonitinha e nas são consideradas importantes no planejamento das cidades, na ten-
apresentar cores variadas e fácil reprodução. Quem já andou pela tativa de uma convivência harmônica entre o espaço natural e o espaço
Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, RJ, deve ter admirado sua bele- construído. Porém, a seleção adequada de tipos para evitar impactos nega-
za e exuberância. Pois é, a aparentemente inofensiva florzinha, que já tivos em ambientes naturais próximos às cidades é um conceito ainda ino-
colore as bordas dos riachos do País, é uma peste! Encontra aqui a vador. Paisagistas, arquitetos, comerciantes e produtores de plantas orna-
capacidade de se reproduzir de forma impressionante, ocupando o mentais são lideranças na incorporação desses conceitos e iniciativas para
lugar de endêmicas, matando e até exterminando muitas delas. Agora, conscientização estão em desenvolvimento.
imagine que alguns animais ou insetos dependiam para se alimentar Portanto, temos que mudar o slogan para “Plante a árvore certa!”. Só
daquelas espécies que foram eliminadas e acabam também morrendo assim realmente contribuiremos com a preservação do Planeta e para a
por falta de comida. Assim, todo o ciclo natural fica ameaçado e dese- melhoria da qualidade de vida de todos nós.

98*Paisagismo & Jardinagem

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