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Apostila

Elaboração de
PROJETOS
Apostila

Elaboração de
PROJETOS

Abril de 2021
© 2021 Deutsche Gesellschaft für Texto
Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
Miriam Prochnow
Todos os direitos reservados. Permitida a
Wigold Schaeffer
reprodução desde que citada a fonte. A
responsabilidade pelos direitos autorais de
textos e imagens desta obra é do autor. Textos adicionais
Marcos Roberto Pinheiro
Verena Almeida
1ª edição. Ano 2021, Brasíla

Organização e revisão técnica


Doerte Segebart
Elaboração
Elisa Malta
Deutsche Gesellschaft für Internationale
Fabiana Cava
Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, através
Katharina Bohl
do projeto “Produção Sustentável e
Regularização Ambiental em três Regiões Mariana Santos
da Amazônia”, uma parceria com Natura e
Symrise no âmbito do programa DeveloPPP Contribuição
do Ministério para a Cooperação Isabela de Lima Santos
Internacional da República Federal da
Alemanha (BMZ).
Revisão ortográfica
Viviane Pasko

Apoio
Projeto gráfico e diagramação
Ministério Federal do Meio Ambiente,
Anelise Stumpf (www.finotraco.com.br)
Proteção da Natureza e Segurança
Nuclear (BMU) da Alemanha, por meio da
Deutsche Gesellschaft für Internationale Imagens
Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. Alexander Rose
Studio Lumix/GIZ
Natiê Melo/Instituto Yandê
Flickr do TerraMar
https://www.flickr.com/photos/redeterramar
Flickr do Mercados Verdes
https://www.flickr.com/photos/
sociobioamazonia
Sumário
NOÇÕES GERAIS 08
1. Introdução 09
2. O que é o projeto? 09

ETAPA 1

A definição do projeto:
o que queremos fazer? 12

1. Como começar a elaboração de um Projeto? 13


1.1. Por que definir o projeto em reunião? 13
1.2. Por que definir em reunião? 13
1.3. Quem deve participar? 13
1.4. Qual deve ser o produto das reuniões? 14
1.5. Como definir o “problema” do seu projeto? 14

2. O que um projeto precisa conter? 19


2.1. Identificação do Projeto 19
2.2. Identificação do Proponente 19
2.3. Histórico de experiência da instituição
proponente/executora 19
2.4. Caracterização do problema e justificativa 20
2.5. Objetivo geral 20
2.6. Objetivos específicos 21
2.7. Metas 21
2.8. Atividades 22
2.9. Benefícios e beneficiários 22

ETAPA 2

A lógica do projeto é o plano de trabalho:


como vamos agir para chegar no nosso objetivo? 23

1. Metodologia 24
2. Cronograma 25
3. Controle de riscos 26

ETAPA 3

O andamento do projeto: como vamos avaliar,


tirar conclusões e disseminar resultados 28

1. Sustentabilidade 29
2. Disseminação dos resultados 30
3. Monitoramento e avaliação 30
3.1. Por que monitorar o projeto? 30
3.2. Monitoramento 31
3.3. Avaliação 31

6
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3.4. Cadeia de Impactos 31
3.5. Indicadores 34

ETAPA 4
O orçamento: quanto vai custar o projeto? 37

1. Orçamento 38
2. Memória de cálculo 38

ETAPA 5
40
O toque final

41
1. Referências bibliográficas
41
2. Resumo executivo
41
3. Anexos

42
FONTES DE FINANCIAMENTO
43
1. Editais
45
2. Financiamento coletivo

ASPECTOS IMPORTANTES QUE PRECISAMOS CONSIDERAR 46


1. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 47
2. A temática de gênero no contexto de projetos 49

DADOS BIBLIOGRAFICOS
56

7
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NOÇÕES GERAIS
Um projeto é um empreendimento planejado que consiste
num conjunto de atividades interrelacionadas e coordenadas,
com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites
de um orçamento e de um período de tempo dados.

(ONU, 1984)

1. Introdução se não há competência para desenvol-


ver uma boa estratégia de como mate-
A elaboração de um projeto requer an- rializá-la.
tes de tudo um ambiente adequado
Muitas vezes nossas instituições não
para o desenvolvimento das ideias do
contam com especialistas em diferentes
grupo, tempo e paciência para que se
áreas, portanto será necessário buscar
possa trabalhar em conjunto, exercitan-
apoio junto aos colegas, a outras institui-
do o respeito e o dom de ouvir o outro.
ções ou junto ao próprio financiador.
A concentração e o espírito de grupo
E, por fim, a criatividade e o compro-
são dois elementos essenciais para se
metimento são virtudes para que se
materializar boas ideias.
tenham, ao mesmo tempo, caminhos
Além disso, algumas variáveis tornam- criativos para a realização das atividades
-se muito importantes neste processo, propostas e, comprometimento com o
como a distinção do papel da liderança processo que se está criando.
no grupo, descobrindo que o real líder
reconhece os “talentos” individuais de
cada participante, ajudando no desen-
volvimento da criatividade e participa- 2. O que é um Projeto?
ção de todos, criando assim um ambien-
te de comprometimento com a missão
Um projeto surge em resposta a um
coletiva e um processo descentralizado.
problema concreto. Elaborar um pro-
A capacidade técnica é outro fator fun- jeto é, antes de tudo, contribuir para a
damental para se obter resultados posi- solução de problemas, transformando
tivos. Não adianta ter excelentes ideias IDEIAS em AÇÕES.

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O documento chamado PROJETO é o re- balho em etapas a serem cumpridas,
sultado obtido ao se “projetar”, desenhar compartilhar a imagem do que se quer
em um papel, tudo o que é necessário alcançar, identificar as principais defi-
para o desenvolvimento de um conjunto ciências a superar e apontar possíveis
de atividades a serem executadas. Neste falhas durante a execução das ativida-
projeto, apresenta-se quais são os objeti- des previstas.
vos, quais os meios e quanto de recurso
são necessários; onde serão obtidos e Um bom projeto escrito tem que mos-
como serão avaliados os resultados. trar-se capaz de comunicar todas as in-
formações necessárias e é por isso que,
A organização do projeto em um docu- em geral, existem elementos básicos
mento nos auxilia a sistematizar o tra- que compõem sua apresentação:

Título Equipe Justificativa


Pessoas Definição clara do
Reflete o conteúdo
responsáveis problema a ser
da proposta
pela ideia e sua tratado
execução

Objetivos Procedimentos Cronograma


Definição clara dos Descrição de Datas de
objetivos gerais e todas as atividades implementação
específicos e como serão das atividades
implementadas

Apoio
Avaliação Disseminação institucional
Como, quando e
do projeto para o Quem apoia o que
por quem será
ambiente o projeto propõe e
avaliado o projeto
quais as instituições
dispostas a participar
das atividades

10
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Se o seu projeto se transformar numa sua importância e as possibilidades de
proposta de financiamento e se for apro- êxito. Em outras palavras, o financiador
vada por algum financiador, significa que deve acreditar nas metas de sua entida-
ele compreendeu o programa que a sua de, se identificar com seus objetivos e vi-
entidade pretende realizar, percebeu sualizar as chances de sucesso.

Elaborar projetos é uma forma de independência. É uma


abordagem para explorar a criatividade humana, a mágica
das ideias e o potencial das organizações. É dar vazão para a
energia de um grupo, compartilhar a busca da evolução.

(Kisil R., 2001)

11
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 1
A definição
do projeto: o que
queremos fazer?
1. Como começar a 1.2. Quem deve participar?
elaboração de um projeto?
Todas as pessoas envolvidas com o
tema, especialmente as interessadas em
O trabalho começa pelo “coração” do elaborar o projeto escrito e depois parti-
projeto: a definição concreta do objeto cipar de sua realização.
de trabalho, os propósitos, os objetivos
existentes e uma visão clara do proble-
ma que se quer resolver com a execução
1.3. Como fazer a reunião?
dessa ideia. É importante discutir a ideia
central da proposta desde o início com
É importante estabelecer uma progra-
todas as pessoas interessadas, pois seu
mação para conduzir o debate sobre o
envolvimento futuro nos trabalhos será
motivado pelas visões compartilhadas projeto a ser definido;
nesta primeira etapa.
• Recomenda-se que o grupo defina
Para isso serão necessários encontros ou uma pessoa para guiar a conversa e
reuniões com a comunidade e as pesso- fazer anotações e registros;
as envolvidas, para definir de forma par-
• Se o grupo ou a comunidade ainda
ticipativa o problema que o grupo ou a
não definiu qual seria o tema do pro-
comunidade pretende resolver.
jeto, é bom começar a reunião com a
identificação do problema;

1.1. Por que definir em reunião? • No box na página 15, apresentamos


duas dinâmicas que podem ajudar
• Para ver a expectativa de todos, es- nessa definição: a Árvore de Proble-
clarecer as ideias e objetivos do gru- mas e a FOFA;
po, a fim de “recortar” o escopo do
projeto e definir o público-alvo que • Uma forma bem produtiva para or-
se pretende trabalhar; ganizar as ideias é desenhar um
quadro de definição do projeto na
• Motivar todos os presentes para a
lousa ou usar papel-cartaz e pincel
ação;
atômico. Este quadro auxilia a visua-
• Reunir as informações necessárias
lizar em um mapa geral, o contexto
para escrever o projeto;
em que se quer trabalhar no projeto,
• Procurar informações sobre as fontes começando pelo problema a resol-
de recursos; ver, analisando o conjunto de coisas
• Criar corresponsabilidade entre a e pessoas que cercam e influenciam
equipe do projeto. o alvo do seu projeto;

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• Durante o debate em grupo, é inte- buir e a ideia ficar mais completa, mais re-
ressante solicitar para que todas as conhecida e mais apropriada por todos.
pessoas deem ideias concretas sobre
como trabalhar o tema do projeto,
quais atividades desenvolver, quem 1.4. Qual deve ser o
envolver, quais aspectos considerar produto da reunião
etc. Essas ideias serão anotadas mes-
mo sem ter todos os detalhes. É im-
Ao final do processo, deve-se ter al-
portante incentivar todas as pesso-
cançado:
as presentes a expressarem as suas
ideias, inclusive aos mais tímidos ou • Um quadro com a definição do pro-
àqueles que não se acham prepara- jeto, preenchido com o tema do pro-
dos para ajudar; jeto, o problema, possíveis ativida-
des a serem desenvolvidos, possíveis
• A pessoa que ficou responsável pelo pessoas e parceiros a serem envolvi-
registro deve assumir a tarefa de or- dos e outros fatores do contexto que
ganizar as ideias no quadro, tendo o merecem atenção;
cuidado de ouvir a todos e estimular
• A consolidação da equipe de pesso-
a participação.
as que de fato vai se responsabilizar
pela redação do projeto;

• A indicação de um grupo responsá-


vel para pesquisar fonte de recursos,
caso não haja uma fonte de recurso
O organizador da reunião (um financiador) definida;
deve valorizar todas as
ideias e não só as que fa- • Uma previsão de data para a próxima
zem sentido para ele, pois reunião.
no final quase tudo pode
ser aproveitado, e ele pode
não estar vendo o que ou- 1.5. Como definir o “problema”
tros estão vendo do seu projeto?
Existem diversas ferramentas e dinâmi-
cas de planejamento que podem ser
utilizadas para evidenciar o problema
Para este papel, dá-se o nome de facili- central de um projeto. Nesta cartilha,
tador. A função desta pessoa é facilitar são apresentadas duas ferramentas: a
a reunião para que todos possam contri- “Árvore de problemas” e a FOFA.

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A ferramenta da
“Árvore de problemas”
A construção da “árvore de problemas” Na copa da árvore, são colocadas tarje-
em plenária possibilita uma melhor ca- tas com as consequências e efeitos deri-
pacidade de visualização da realida- vados desse problema central.
de e maior compreensão das causas e
consequências do problema central. Em Nas raízes da árvore, são escritos os fato-
uma reunião, a construção da “árvore de res que causam o problema. Geralmen-
problemas” propicia uma dinâmica visual te, é possível identificar várias causas, e
que ajuda a descrever o problema de for- mais outras causas para estas causas.
ma coletiva e compartilhada, integrando Quando tivermos identificados o pro-
as diferentes visões sobre o assunto. blema, causas e consequências, pode-
Para começar a reflexão, desenha-se mos agrupar as tarjetas e ligá-las com
uma árvore num cartaz grande, com um linhas, para deixar suas relações causais
tronco, raízes e galhos. Nesse desenho, mais nítidas e estabelecer as ligações
o tronco representa o problema, as mais importantes. A dinâmica visa redu-
raízes representam as causas e os ga- zir a complexidade da realidade e iden-
lhos as consequências do problema. tificar qual foi o motivo que originou o
problema (a raiz do problema).
O primeiro passo é identificar o “proble-
ma”, ou seja, o obstáculo que dificulta a De forma geral, esse processo facilita a
mudança da situação existente para a delimitação do tema que queremos em-
situação desejada. É a insatisfação de preender por meio de ações transfor-
quem está planejando, frente à realida- madoras. Essa reflexão será um conteú-
de que deseja ser modificada. Esse pro- do fundamental para subsidiar o tópico
blema pode ser identificado por meio de “justificativa” do seu projeto.
uma dinâmica de chuva de ideias com o
grupo ou comunidade, registrando to-
das as ideias em tarjetas. Se o número de É muito importante termos
problemas apontados for muito grande, clareza dos raízes e das cau-
deve-se priorizar e focar num problema sas do nosso problema. Pois é
central ou mais significativo na opinião justamente para elas que de-
da comunidade. Esse problema central vemos direcionar as ativida-
será escrito no tronco da árvore. des do nosso projeto!

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Apostila | Elaboração de Projetos
Exemplo

Resultados
financeiros
negativos Perda de Queda nas
clientes vendas

Menos produtos
disponíveis

CONSEQUÊNCIAS

FAMÍLIAS COOPERADAS DESMOTIVADAS PROBLEMA


SAINDO DA COOPERATIVA

CAUSAS

Insatisfação das
famílias cooperadas Outros
com a cooperativa compradores na
regiçao oferecem
condições mais
Cooperativa não favoráveis
tem capital de giro
para financiar a safra Cooperadas sentem
falta de assistência
técnica

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Apostila | Elaboração de Projetos
A ferramenta “FOFA”
A ferramenta “Fofa” é muito utilizada para auxiliar nos diagnósticos de uma organiza-
ção. Ela tem esse nome porque é o acrônimo para Forças, Oportunidades, Fragilida-
des e Ameaças que envolvem a gestão de um projeto, descritas a seguir:

F Forças são aspectos positivos internos (pontos


fortes de dentro da organização);

O Oportunidades são fatores positivos externos (pontos


fortes de fora da organização);

F Fragilidades são as questões negativas internas (de-


safios de dentro da organização); e

A Ameaças são as questões negativas internas (de-


safios de dentro da organização); e

A matriz Fofa é uma ferramenta simples trando nas oportunidades. Você pode
que organiza o pensamento de forma utilizá-la em uma dinâmica com sua equi-
prática e permite às organizações um pe para ajudá-los a visualizar os fatores
melhor entendimento sobre o panorama que favorecem e os que dificultam o
em que se inserem, ajudando a nortear bom desempenho da instituição ou de
a tomada de decisão. O detalhamento um projeto específico. E o resultado des-
dos quatro elementos Fofa facilita uma sa dinâmica pode, por exemplo, embasar
análise estratégica, qualificada e fun- a definição de prioridades de captação
damentada para elaborar um plane- de recursos e gerar um projeto mais con-
jamento, diminuindo riscos e concen- sensual e participativo.

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Apostila | Elaboração de Projetos
Vamos ver um exemplo dessa cooperativa:

Fatores Internos (controláveis) Fatores Externos (não controláveis)


Fatores
Positivos FORÇAS OPORTUNIDADES
Use-as Aproveite-as

• Demanda do mercado crescente


• Tem um produto de alta qualidade
• Editais de compras públicas no
• Tem uma boa estrutura (patrimônio)
município

Fatores
Negativos FRAQUEZAS AMEAÇAS
Elimine-as Neutralize-as

• Diretores não dividem as tarefas • Novos concorrentes

• Falta de capital de giro • Demanda decrescente

• Associados não pagam as • Crises econômicas


mensalidades • Fatores climáticos ou políticos

Na hora de construir o nosso projeto, de- ças. Também podemos pensar em ações
vemos focar em atividades que eliminam para melhor aproveitar as oportunidades,
as fragilidades ou neutralizam as amea- usando as nossas forças!

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Apostila | Elaboração de Projetos
2. O que um projeto 2.3. Histórico de experiência da
precisa conter? instituição proponente/
executora

Os principais itens que compõem um Deve conter uma descrição sucinta dos
projeto devem se relacionar de forma trabalhos que vêm sendo realizados pela
bastante orgânica, de modo que o de- organização, exemplos de projetos que
senvolvimento de uma etapa leve ne- já foram executados ou propostos e em
cessariamente à outra. que região, localidade ou comunidade. É
importante indicar a experiência e a apti-
dão da instituição em desenvolver traba-
2.1. Identificação do projeto lhos semelhantes ao proposto e demons-
trar porque o projeto irá obter sucesso.

Deve conter o título do projeto, o local Pode-se seguir o seguinte roteiro:


em que será implementado, a data da
• Nome ou tipo dos trabalhos/projetos/
elaboração, a duração do projeto e a
campanhas executados;
previsão de início.
• Data ou período dos trabalhos/proje-
tos/campanhas executados;
2.2. Identificação do proponente • Fontes financiadoras e valor do orça-
mento (se for o caso);
Deve conter algumas informações sobre
• Principais resultados e conquistas al-
o proponente do projeto, ou seja, sobre
cançados;
quem qual grupo o propõe: nome, ende-
reço completo, forma jurídica, data do re- • Parcerias desenvolvidas com entida-
gistro jurídico, CNPJ, representante legal des financiadoras e outros órgãos
e ato que lhe atribui competência, coor- (governamentais ou não).
denador do projeto e seu endereço.
Se a organização tiver muitos trabalhos já
É importante não se esquecer de mencio- desenvolvidos, descreva os mais impor-
nar todos os parceiros do projeto, indican- tantes e/ou os que foram desenvolvidos,
do com transparência quem é o propo- pelo menos, nos últimos três anos. Nesse
nente e quem participará da execução. caso, anexe o portfólio, com publicações,
vídeos ou outros produtos desenvolvidos
pela organização.

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Apostila | Elaboração de Projetos
No caso de órgão público, mostre tam- projeto, condição de saúde e educação,
bém a experiência e os resultados alcan- formas e meio de transporte, problemas
çados por gestões/direções anteriores ambientais e econômicos, organizações
nas áreas de interesse do projeto. potencialmente existentes etc.

A justificativa é uma parte muito impor-


tante em um projeto, ela deve responder:
2.4. Caracterização do problema Por que executar o projeto? Por que ele
e justificativa deve ser aprovado e implementado?

Algumas perguntas que podem ajudar a


A elaboração de um projeto se dá intro- responder esta questão:
duzindo o que pretendemos resolver ou
transformar. Este problema deve ser de- • Qual a importância desse problema/
limitado e caracterizado para conhecer- questão para a comunidade? E para a
mos suas dimensões, origens, histórico, conservação dos recursos naturais da
implicações e outras informações. Esta região?
prática nos dará maior intimidade com
o tema, permitindo um diagnóstico mais • Existem outros projetos semelhantes
fiel e definindo estratégias mais precisas sendo desenvolvidos nessa região ou
para sua resolução. nessa área temática?

Aqui deve ficar claro que o projeto é uma • Qual é a possível relação e atividades
resposta a um determinado problema semelhantes ou complementares en-
percebido e identificado pela comunida- tre eles e o projeto proposto?
de ou pela entidade proponente. Quais são os benefícios econômicos,

Após a caracterização do problema/situ- sociais e ambientais a serem alcança-
ação, podemos justificar a necessidade dos pela comunidade e os resultados
da intervenção. Esclarecimentos sobre a para a região?
importância de sua realização a nível so-
cioeconômico-ambiental, evidências da
sua viabilidade e outras informações que 2.5. Objetivo geral
possam auxiliar o financiador na tomada
de decisões devem ser enfatizadas.
Tem-se empregado o termo objetivo
Deve descrever com detalhes a região geral para a situação ideal almejada, em
onde vai ser implantado o projeto; situa- poucas palavras, o objetivo geral deve
ção ambiental (como os recursos naturais expressar o que se quer alcançar na re-
foram e estão sendo usados), principais gião em longo prazo, ultrapassando in-
atividades econômicas, número de famí- clusive o tempo de duração do projeto.
lias/pessoas direta e indiretamente envol- Geralmente o objetivo geral está vincula-
vidas/beneficiadas com os resultados do do à estratégia global da instituição.

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Apostila | Elaboração de Projetos
2.6. Objetivos específicos Quando a meta se refere a um determi-
nado setor da população ou a um deter-
minado tipo de organização, devemos
Os objetivos específicos também podem descrevê-los adequadamente. Por exem-
ser chamados de resultados esperados. plo, devemos informar a quantidade de
São os efeitos diretos das atividades ou pessoas que queremos atingir, o sexo, a
ações do projeto. Ao contrário dos objeti- idade e outras informações que esclare-
vos gerais, que nem sempre poderão ser çam a quem estamos nos referindo.
plenamente atingidos durante o prazo de
execução do projeto, os objetivos específi-
cos devem se realizar até o final do projeto.

2.7. Metas
Cada objetivo
específico deve ter uma
As metas, que muitas vezes são confun-
ou mais metas. Quanto
didas com os objetivos específicos, são
melhor dimensionada
os resultados parciais a serem atingidos
estiver uma meta,
e neste caso podem e devem ser bastan-
mais fácil será definir
te concretos. A definição de metas com
os indicadores que
elementos quantitativos e qualitativos é
permitirão evidenciar
conveniente para avaliar os avanços. Ao
seu alcance.
escrevermos uma meta, devemos nos
perguntar: o que queremos? Para que o
queremos? Quando o queremos?

21
Apostila | Elaboração de Projetos
Nem todas as instituições financiadoras 2.8. Benefícios e beneficiários
exigem a descrição de objetivos especí-
ficos e metas separadamente. Algumas
Na proposta, deve ser descrito detalha-
exigem uma ou outra forma.
damente quem será beneficiado com
a realização do projeto. Nessa parte da
proposta, podemos nos guiar pelas se-
2.8. Atividades guintes perguntas:

• De quem partiu a iniciativa de elabo-


São as ações previstas para a realiza- rar o projeto? Foram realizados en-
ção do projeto, devendo ser claramente contros com os beneficiários? Quan-
descritas e relacionadas aos objetivos tas pessoas participaram? Faça uma
específicos. breve descrição do processo de ela-
boração da proposta.
Devem ser numeradas em ordem cro-
nológica de execução e indicar, quando • Como se dará a participação dos be-
couber, unidades de medida (ex. me- neficiários na execução do projeto?
tros, kg, dúzia, litros etc.) e quantidade. Como a comunidade será beneficia-

da com o projeto? Através de quais
É importante que as atividades sempre
benefícios?
sejam relacionadas com os objetivos es-
pecíficos ou com as metas, pois é atra- • Quantas pessoas exatamente serão
vés da soma das atividades que se avalia beneficiadas de forma direta e indi-
a possibilidade do projeto atingir seu reta? Quantas delas são mulheres
objetivo geral. e jovens?

22
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 2
A lógica do
projeto é o Plano
de trabalho:
Como vamos agir
para chegar no
nosso objetivo? 23
Apostila | Elaboração de Projetos
Os objetivos do projeto que foram defini- 1. Metodologia
dos na etapa anterior devem conter seus
respectivos procedimentos de trabalho. O A metodologia deve descrever as for-
ideal é verificar se para cada objetivo, há mas e técnicas que serão utilizadas para
executar as atividades previstas, deven-
um procedimento claro, ou se não é um
do explicar passo a passo a realização
objetivo “morto”. A ideia central é sempre
de cada atividade.
que possível justificar os métodos de
trabalho escolhidos para garantir uma A proposta de metodologia do projeto
maior coerência e consistência ao projeto. deve responder às seguintes questões:

Quais as
Como serão
Como o projeto tarefas são de
coordenadas e
vai atingir seus responsabilidade
gerenciadas as
objetivos? da organização e
atividades?
do grupo alvo?

Quais são os tipos de atividades a serem desenvolvidas?


(ex: pesquisas, diagnósticos, assessorias, treinamentos, capacitações...);

Como irá funcionar Como, quando


Como o projeto e por quem
a comunicação e
irá acompanhar serão feitas as
a divulgação das
o avanço das avaliações sobre
informações do
atividades? o andamento do
projeto?
projeto?

Quais são as atividades de


Como e em que momentos haverá
capacitação e treinamento?
a participação e o envolvimento
Seus conteúdos programáticos e
direto do grupo beneficiado?
beneficiários?

Deve se descrever o tipo de atuação a É importante pesquisar metodologias


ser desenvolvida, quais e procedimen- que foram empregadas em projetos se-
tos (métodos, técnicas e instrumentos melhantes, verificando sua aplicabilida-
etc.) serão adotados e como será sua de e deficiências, e é sempre oportuno
avaliação e divulgação. mencionar as referências bibliográficas.

24
Apostila | Elaboração de Projetos
Um projeto pode ser considerado bem cançados. Portanto, este item deve me-
elaborado quando tem uma metodolo- recer atenção especial por parte das ins-
gia bem definida. É a metodologia que tituições que elaborarem projetos.
vai dar aos avaliadores/pareceristas, a
certeza de que os objetivos do projeto Uma boa metodologia prevê três pontos
realmente têm condições de serem al- fundamentais:

Desenvolvimento de
ações de disseminação
Gestão Acompanhamento de informações e de
participativa técnico sistemático conhecimentos entre
e continuado a população envolvida
(capacitação)

2. Cronograma
Os projetos são considerados ciclica- período predefinido de tempo. O crono-
mente bem definidos quando possuem grama é a disposição gráfica das épocas
datas de início e de término previamente em que as atividades serão realizadas, e
estabelecidas. As atividades que serão permite uma rápida visualização da se-
desenvolvidas devem se inserir neste quência em que devem acontecer.

Cronograma
Etapa Meta Atividade Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Plano de trabalho
Kick-off/ reunião inicial
validado

Línha de base Levantar as prioridades de


Gestão
elaborada capacitação nas comuidades.

Monitoramento
Reuniões de monotoramento
realizado

Material de Elaborar cartilhas de


treinamento elaborado capacitação
Implementação
150 pessoas Realizar 5 capacitações de 3
capacitadas dias em 10 comunidades

Avaliação final Estudo de avaliação final


Encerramento
realizada Relatoria e prestação de contas

25
Apostila | Elaboração de Projetos
3. Controle de riscos

Condições internas e externas Alguns dos fatores desfavoráveis podem


até se tornar um risco para o alcance dos
Algumas fontes financiadoras pedem objetivos do projeto. Depois de mapear
que sejam avaliadas e descritas as con- estes riscos, devemos pensar em pos-
dições ou fatos internos e externos que síveis atividades para mitigá-los. Nes-
podem favorecer ou desfavorecer o an- te momento da elaboração do projeto,
damento do projeto. você provavelmente vai identificar novas
atividades a serem incluídas no plano de
Por esse motivo, é fundamental analisar
ação e no cronograma, bem como in-
estes fatores a apresentar sugestões e
corporar novas metodologias alinhadas
procedimentos para fortalecer as condi-
com as preocupações apontadas.
ções favoráveis e para afastar e/ou mo-
dificar as desfavoráveis. Vamos ver um exemplo:

Condições internas no contexto do projeto


Favoráveis Desfavoráveis

• Infraestrutura instalada e
• Baixo grau de organização e
experiência técnica da proponente
articulação do grupo alvo do
comprovada em atividades
projeto
semelhantes
• Mulheres são excluídas dos
• Alto grau de aceitação da entidade
processos e na tomada de
executora do projeto perante a
decisão
comunidade

Condições externas no contexto do projeto


Favoráveis Desfavoráveis

• Oscilação do mercado com


• Possibilidade de abertura de
preços desfavoráveis aos
exportação dos produtos a serem
produtos a serem fabricados/
fabricados/produzidos;
produzidos;

26
Apostila | Elaboração de Projetos
Depois de mapear os riscos do seu • Garantir cotas de participação das
projeto, é importante esclarecer para o mulheres e criar estruturas para facili-
financiador quais são as estratégias para tar a participação delas em capacita-
mitigá-los ou, ao menos, minimizá-los. ções, incentivando a maior represen-
tatividade nos processos (exemplo:
Para o exemplo de risco interno: “Ex- oferecer apoio para cuidado com
clusão das mulheres nos processos e na crianças ou horários flexíveis)
tomada de decisão”, poderíamos sugerir
as seguintes ações:

• Preparar materiais e promover ofici-


nas de formação especialmente diri-
gidas às mulheres;

• Organizar encontros de aprendiza-


gem com todo o grupo para abordar
as questões de gênero;

27
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 3
O andamento
do projeto:
como vamos avaliar,
tirar conclusões e
disseminar resultados
28
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Sustentabilidade Primeiro, o projeto deve demostrar que
a estratégia de fomentar a comercializa-
ção de um novo produto foi construída
Muitos financiadores exigem que uma em cima de informações robustas. Isso
proposta de projeto demostre em que pode ser feito, por exemplo, mediante
forma a entidade executora pretende a elaboração de um estudo de mercado
garantir a sustentabilidade dos impac- e de um plano de negócios que levante
tos do projeto. e sistematize as seguintes informações:

Isso significa que, na metodologia do • quantidade de produção no início


projeto, deve-se garantir que os resul- das atividades;
tados positivos se estendam para além quantidade de produção prevista ao

do fim do projeto. final das atividades;

É interessante que todo projeto tenha • custo de produção;


a perspectiva de atingir a autossuten-
tabilidade (ecológica e econômica), • preço de mercado;
durante e após o término do repasse
• mercado alvo;
dos recursos. Neste sentido, deve-se
descrever com que meios e de que • condições de escoamento da pro-
forma a organização e a comunidade dução;
envolvida planejam continuar as ati-
• produtos concorrentes;
vidades após o término dos recursos.
• condições de armazenagem;

Exemplo: • incremento de renda previsto com o


projeto, etc.
Um projeto que pretende me-
lhorar a geração de renda de Além disso, o projeto deve ter mecanis-
uma comunidade, mediante a mos para garantir a sustentabilidade de
comercialização de novos pro- seus impactos. Para isso, podemos nos
dutos, deve estabelecer uma guiar pelas seguintes perguntas:
estratégia para garantir que
esse novo negócio tenha viabi- • É possível estimar a durabilidade
lidade econômica e que a co- dos resultados e dos impactos do
munidade consiga gerenciá-lo projeto?
de forma independente após o Quais são os mecanismos e fatores

término do projeto. que possam contribuir para a dura-
bilidade desses impactos?

29
Apostila | Elaboração de Projetos
• A organização pretende dar prosse-
guimento ao projeto após o fim do Definição das atividades de di-
financiamento? Explique como. vulgação (palestras, reuniões);

• Os beneficiários ou outras institui-


ções (comunidades, famílias, prefei-
turas, ONGs) pretendem dar conti- Definição da abrangência da di-
nuidade ao trabalho após o término vulgação (local ou regional);
do financiamento?

Definição do público que se pre-


tende atingir (outras populações
2. Disseminação com características semelhantes
dos Resultados às dos beneficiários do projeto,
órgãos públicos, setores acadê-
A divulgação das experiências bem-su- micos, organizações não gover-
cedidas é de fundamental importância, namentais, etc).
tanto para a continuidade do projeto,
quanto para o impacto positivo que o
projeto pretende deixar na comunida-
Como podemos ver, disseminar é mais
de. As ações de disseminação dos resul-
do que divulgar, é tornar o projeto pal-
tados também precisam ser pensadas
pável. Deste modo, disseminar torna-se
dentro de cada projeto.
uma atividade constante durante todo o
As propostas de divulgação poderão ser período de trabalho.
planejadas em nível local ou regional, in-
cluindo os seguintes itens:

3. Monitoramento
e avaliação
Definição do que será objeto de
divulgação (metodologias, téc-
nicas, experiências); 3.1. Por que monitorar o projeto?

Definição dos produtos por É importante que todo projeto tenha


meio dos quais será feita a divul- um sistema de monitoramento e ava-
gação (livros, artigos para revis- liação, que são procedimentos de aná-
tas/jornais, vídeos, seminários, lise e acompanhamento. Ambos visam
propriedades piloto); refletir sobre o andamento do projeto e
produzir conhecimento sobre os resul-

30
Apostila | Elaboração de Projetos
tados obtidos. Com isso, um sistema de informações levantadas servem para ana-
monitoramento e avaliação serve para lisar a eficiência do projeto e para detec-
nortear e apoiar a tomada de decisão tar se os seus objetivos foram alcançados.
e indicar se os objetivos traçados foram
É a hora de responder à pergunta: afinal,
atingidos - parcial ou integralmente - e
o projeto conseguiu provocar a mudança
se há eventualmente a necessidade de
almejada? Por um momento estratégico
revisar ou ajustar a estratégia do projeto.
para o projeto, pode ser interessante tam-
bém a contratação de consultoria externa
para esta etapa, o que permite um olhar
3.2. Monitoramento isento, experiente e profissionalizado.

Realizado de forma mais rotineira, o


monitoramento acontece ao longo da 3.4. Cadeia de impactos
implementação do projeto. Consiste no
acompanhamento sistemático e contí-
A cadeia de impactos é como chama-
nuo das ações e das mudanças provoca-
mos a relação entre as atividades reali-
das por um projeto.
zadas no âmbito de um projeto e o seu
Durante o monitoramento, efetua-se a objetivo geral. Com isso, ela explica na
observação e a coleta de dados impor- lógica de causa e efeito, como o proje-
tantes para o bom desempenho do pro- to vai alcançar estes resultados e com
jeto. Isso pode ser feito, por exemplo, quais meios vamos chegar a um deter-
em encontros e reuniões periódicas – se- minado fim.
manais, quinzenais ou mensais – as quais Dessa forma, a cadeia de impactos resume
a equipe implementadora compartilha o coração da estratégia do nosso projeto!
o avanço das atividades planejadas,
identifica desafios ou atrasos, e propõe Nessa lógica, partimos da ideia de que
ações necessárias para contornar os de- temos certos RECURSOS, que são mo-
safios encontrados. bilizados para realizar determinadas
ATIVIDADES. Essas ATIVIDADES geram
certos PRODUTOS ou RESULTADOS.
Quando esses PRODUTOS são utiliza-
3.3. Avaliação
dos pelo grupo alvo do projeto, elas
geram efeitos e nos levam aos objetivos
Já a avaliação ocorre em momentos de- do nosso projeto.
terminados, pontuais, seja ao fim de um
ciclo de realização do projeto, seja após
um período predeterminado de tempo
(um ano, por exemplo). Na avaliação, as

31
Apostila | Elaboração de Projetos
Capacitar
Assessorar Aplicação do Efeitos
Construir conhecimento indiretos

RESULTADOS USO DOS OBJETIVOS OBJETIVO


RECURSOS ATIVIDADES
E PRODUTOS PRODUTOS ESPECÍFICOS GERAL

Financeiros Informação gerada Efeitos


Humanos Pessoas capacitadas diretos
Infraestrutura instalada

Vamos ver um exemplo:

Imaginemos um projeto a ser desenvol- temporadas de férias, quando os turistas


vido com uma rede de mulheres pesca- visitam as praias da região.
doras. Esse grupo identificou como pro-
Vamos então ver os elementos que com-
blema a forte dependência de um único
põem a estratégia desse projeto:
produto, o pescado, e a necessidade de
criar fontes alternativas de renda. Assim, • O objetivo geral desse projeto é
a rede de mulheres analisou as oportu- melhorar a qualidade de vida das
nidades de mercado, a matéria-prima mulheres da rede de pescadores;
e a infraestrutura necessária e definiu
• Os objetivos específicos são diversi-
um projeto com o objetivo de melhorar
ficar as fontes de renda e fomentar as
a qualidade de vida das mulheres por
cadeias de valor sustentáveis;
meio da diversificação das fontes de ren-
da sustentáveis, no caso, a produção de • Para chegar nesses objetivos, o pro-
biocosméticos. Para elas, a produção de jeto deve desenvolver várias ativida-
sabonetes, cremes e pomadas utilizan- des, como capacitações, cursos, ou
do algas marinhas, plantas medicinais e estudos de mercados. Para cada ativi-
copaíba poderia oferecer uma fonte de dade, o projeto estabelece metas ou
receita complementar, em especial nas resultados esperados.

32
Apostila | Elaboração de Projetos
Na prática, isso poderia ficar assim:

Estratégia do projeto
Objetivo geral Melhorar a qualidade de vida das mulheres da rede.

Objetivo específico Diversificar as fontes de renda das mulheres da rede;


Promover novas cadeias de valor sustentáveis.

Resultados ou metas Plano de negócio com estudo de mercado desenvolvido;


Formulações para cosméticos desenvolvidas;
Espaço de produção estruturado e aprovado pela
vigilância sanitária;
Material didático disponível;
40 mulheres capacitadas;
Aplicação do conhecimento;
Instalações em funcionamento.

Atividades Conduzir um estudo de mercado sobre biocosméticos;


Contratar consultoria para desenvolver formulações para
sabonetes e pomadas;
Estruturar o espaço da associação para fabricação dos
biocosméticos;
Preparar e imprimir material didático;
Realizar capacitações sobre produção e comercialização
para 40 mulheres.

33
Apostila | Elaboração de Projetos
3.5. Indicadores

Os indicadores de um projeto são ins- mática se todas as atividades planeja-


trumentos utilizados para levantar da- das foram realizadas da forma prevista,
e se as metas e objetivos do projeto
dos e compará-los, como uma forma de
foram alcançados.
medir a eficiência e eficácia daquilo que
o projeto se propôs a alcançar. Por meio Na hora de definir os indicadores do
dos indicadores, é possível acompanhar projeto, devemos considerar algumas
a evolução do projeto ao longo do tem- características para que o indicador re-
po de execução e, consequentemente, almente cumpra bem sua função. Uma
os seus resultados. ferramenta bastante útil para definir um
indicador é o sistema SMART (pelas si-
Nesse sentido, os indicadores são uma glas em inglês), que define cinco crité-
ferramenta para analisar de forma siste- rios principais:

S
Concreto, bem focado e fácil de
e S pecífico compreender. Deve deixar claro o
que exatamente queremos atingir.

M
Deve ser fácil de medir, da forma que
M ensurável ele nos ajuda a saber se atingimos o
que nos propusemos.

A tingível A Deve ser dentro do nosso


alcance atingi-lo

R elevante R Deve ser importante para o


contexto do projeto.

Temporal T Deve ter um prazo definido.

34
Apostila | Elaboração de Projetos
Para um bom projeto, é importante É possível identificarmos indica-
definir indicadores de impacto dores para cada nível da nossa
relacionados aos objetivos. Mas, cadeia de impactos, sendo que
atenção! Para medir os indicadores, nem sempre isso é exigido pelo
é preciso realizar análises da financiador.
situação tanto no início quanto ao
final do projeto. Afinal, somente Vamos ver como poderiam ser es-
saberemos se algo avançou se ses indicadores no nosso exemplo
soubermos de onde saímos.
da rede de mulheres pescadoras:

Estratégia do projeto Indicadores


Objetivo geral Melhorar a qualidade Aumento da renda média
de vida das mulheres das mulheres em 30% em
da rede. três anos.

Objetivo específico Diversificar as fontes 5 novos produtos cosméticos


de renda das mulheres baseados na biodiversidade
da rede; local desenvolvidos e sendo
comercializados em três anos;
Promover novas cadeias
de valor sustentáveis. 30 mulheres ativamente
envolvidas na produção,
processamento ou
comercialização nas novas
cadeias de valor.

Resultados ou metas Plano de negócio com Plano de negócio digital ou


estudo de mercado impresso disponível depois
desenvolvido; de 6 meses;

Espaço de produção 01 galpão de produção de


estruturado e aprovado biocosméticos equipado, para
pela vigilância sanitária; produzir 500 unidades/mês de
sabonetes, cremes e pomadas
Material didático
depois de 6 meses;
desenvolvido;
Número de cartilhas produzidas;
40 mulheres capacitadas.
Número de mulheres que
participaram das capacitações.

35
Apostila | Elaboração de Projetos
Como podemos • MEDIR os resultados e administrar o desempenho
ver no exemplo das metas;
acima, os
• APOIAR na análise crítica dos resultados obtidos e
indicadores no processo de tomada de decisão;
ajudam a:
• FACILITAR o planejamento e gerenciamento do
projeto; e

• CONTRIBUIR para a melhoria contínua dos


processos, auxiliando no controle do desempenho.

36
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 4
O orçamento:
quanto vai custar
o projeto?

37
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Orçamento

Após um planejamento detalhado das no orçamento. No entanto, as organiza-


atividades, o próximo passo é pergun- ções financiadoras exigem que se faça
tar quanto custará o projeto, quando se uma descrição detalhada de todos os
darão as despesas e quando os recursos custos, a chamada memória de cálculo.
deverão estar disponíveis. O orçamento
é um resumo ou cronograma financeiro
do projeto, no qual se indica com o que 2. Memória de Cálculo
e quando serão gastos os recursos e de
que fontes virão os mesmos.
Na memória de cálculo, devem ser des-
Existem diferentes tipos de despesas que critos todos os itens de despesa indivi-
devem ser descritas de forma agrupada dualmente, conforme exemplo:

Material de Equipe
consumo permanente

É a equipe de técnicos e outras pesso-


São materiais como papel, lápis,
as que estarão envolvidas durante a im-
embalagens para mudas, peque-
plementação do projeto. Indique téc-
nas ferramentas, combustível
nicos e outros profissionais que serão
etc. Dê a especificação do mate-
contratados para a execução do proje-
rial (papel, lápis etc.), unidade de
to, dando nome (se conhecido previa-
medida (metros, kg etc.), marca
mente), horas que irá trabalhar, quanti-
(quando couber), quantidade,
dade e custo de cada contratação.
custo unitário e custo total.

Custos Serviços
administrativos de terceiros

São despesas correntes necessá- São os serviços temporários presta-


rias ao funcionamento das enti- dos ao projeto, por pessoas físicas ou
dades, como aluguel, contas de jurídicas. Especifique o serviço (servi-
luz, telefone, material de escritó- ços de medição de áreas, serviços de
rio etc. Normalmente se faz uma engenharia florestal etc.) unidade de
proporção do uso destes serviços medida (horas, dias, meses) quanti-
para cada projeto. dade, custos.

38
Apostila | Elaboração de Projetos
Diárias e
hospedagem

São despesas frequentes de viagem e es-


tadias de pessoas da equipe em função
de atividades previstas no projeto (visto-
ria em campo, cursos, seminários) ou de
consultores de outras instituições solicita-
dos para tarefas específicas. Especifique a
atividade (curso, seminário, reunião etc.)
para qual serão necessárias as diárias e/
ou hospedagens.

Veículos, máquinas
e equipamentos

Dimensione bem a aquisição de veículos,


máquinas e equipamentos e especifique
o tipo de veículo (utilitário pick up, auto-
móvel etc.) ou do bem a ser adquirido
(fax, TV, vídeo etc.), quantidade, marca/
modelo e o custo.

Obras e
instalações

Relacione o tipo (casa, galpão, depósito


etc.) de obras e instalações necessárias à
implantação do projeto. Indique a unidade
de medida (m2), quantidade e custo. Anexe
projeto ou croqui detalhado da obra: tipo
de construção, prazo de execução, áreas e
dependências a serem construídas ou am-
pliadas, cronograma financeiro da obra,
documentação comprobatória de proprie-
dade ou cessão de posse do terreno.

39
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 5
O toque final

40
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Referências bibliográficas pais integrantes da equipe, um histórico
mais detalhado, cartas de recomenda-
ção de algumas pessoas relacionadas
Insira na escrita do projeto referências à instituição financiadora, um relato do
bibliográficas que possam conceituar o desempenho de sua organização e de
problema, ou servir de base para a ação, seu envolvimento com outras institui-
podem e devem ser apresentadas. Cer- ções atuantes na área etc.
tamente darão ao financiador uma no-
ção de quanto o autor está inteirado ao
assunto, pelo menos ao nível conceitual/
teórico.

É importante ressaltar que


nem todos os revisores
2. Resumo executivo se interessarão por tantas
informações quanto foram
O Resumo Executivo é uma seção geral- sugeridas e, portanto, é
mente de uma página onde é feita uma aconselhável restringir
síntese do projeto. Sua função é dar uma às realmente necessárias
ideia geral do que se trata seus objeti- para contextualização de
vos, duração e custo, dentre outros. Es-
sua proposta.
crever um bom resumo é extremamente
importante, pois este tem que cativar o
leitor a aprofundar-se no projeto e des-
cobrir o quanto ele é importante, bem-in-
tencionado e efetivo. O resumo deverá
ser uma das últimas seções a ser redigi-
da, pois então teremos maior intimidade
com o projeto.

3. Anexos

Muitas informações que não são pos-


síveis inserir em nenhuma das seções
anteriores podem ser, desde que im-
prescindíveis, transformadas em anexos.
Como um mapa localizando a região ou
município, o curriculum vitae dos princi-

41
Apostila | Elaboração de Projetos
Fontes de
financiamento

42
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Como fazer captação Na maioria das vezes, o aporte de recur-
sos se dá por meio de um edital, que é
de recursos?
uma convocação formal para um proces-
so seletivo. A instituição financiadora ela-
bora um documento escrito contendo in-
Editais
formações detalhadas sobre o contexto
e as condições necessárias para a partici-
Uma estratégia muito disseminada e utili- pação dos proponentes. Esse documen-
zada pelas organizações sociais tem sido to é publicado e divulgado aos poten-
a submissão de projetos a editais. É im- ciais interessados que submetem suas
portante refletir sobre o tipo de apoio que propostas de projeto para concorrerem
seu projeto precisa e entender como fun- ao edital. Os projetos devem ser escritos
cionam essas fontes de recursos. O apoio seguindo o roteiro ou formulário dispo-
a projetos geralmente está associado a nibilizado pela chamada e encaminhado
alguma linha temática, como meio am- dentro do prazo estabelecido2.
biente, saúde, educação, gênero, direitos
humanos, juventude, desenvolvimento Plataformas que indicam editais abertos
socioambiental, água, biodiversidade, e disponíveis podem ser fonte de inspira-
geração de renda, entre outros1. ção para sua estratégia de captação:

Revista Eletrônica Associação Brasileira


do Terceiro Setor de Captadores de
(RETS) Recursos (ABCR)

É um dos primeiros espaços da Reúne e representa os profissio-


internet brasileira exclusivamen- nais de captação, mobilização
te dedicado a assuntos relacio- de recursos e desenvolvimento
nados aos temas de interesse institucional que atuam para as
das organizações da sociedade organizações da sociedade civil
civil, como a promoção da cida- no Brasil. Uma página do site é
dania, dos direitos humanos e destinada à divulgação de edi-
do desenvolvimento sustentá- tais abertos. ► captadores.org.
vel. No site, há uma página vol- br/category/c40-editais-abertos/
tada aos editais abertos e opor-
tunidades de contratação em
organizações da sociedade civil.
► rets.org.br/forum. ISPN, (2014).
1

2
ISPN, (2014).

43
Apostila | Elaboração de Projetos
Prosas Preste atenção!

Busca conectar quem patrocina


Antes de elaborar sua proposta de
e quem executa projetos sociais.
projeto, é muito importante verificar:
Você pode pesquisar as fontes
de recursos nessa plataforma, • se a sua organização é elegível
que tem como foco projetos so- para o edital em questão (avalie
ciais e culturais. ► prosas.com.br as exigências referentes à forma
jurídica, pré-requisitos adminis-
trativos, tamanho, volume de in-
gressos financeiros etc.)

• prazos: nenhum doador aceita


Capta uma proposta fora do prazo, in-
dependentemente dos motivos!

• valor da proposta: o edital es-


Esta página, elaborada pelo tabelece um valor mínimo e/ou
Instituto Sociedade, População máximo?
e Natureza (ISPN), apresenta o
• idioma: o edital orienta sobre a
passo a passo para a elaboração
língua a ser utilizada na redação
de pequenos projetos socioam-
da proposta?
bientais e lista os editais que es-
tão abertos e disponíveis. O site • documentação requerida: é im-
é voltado, principalmente, para prescindível entregar, junto com
as organizações de base comu- a proposta, todos os documen-
nitária formadas por agricultores tos adicionais exigidos.
familiares, povos e comunidades
tradicionais que buscam melho- • prazo de execução: atente para
rar a qualidade de vida das pes- o período de duração do projeto.
soas por meio da conservação e
• ler, detalhadamente, todas as
do uso sustentável da biodiversi-
demais informações constan-
dade. ► capta.org.br/fontes-de-
tes no edital!
-financiamento/oportunidades/

44
Apostila | Elaboração de Projetos
2. Financiamento coletivo

Uma alternativa interessante para o fi- do projeto pelo site e, uma vez aprova-
nanciamento de projetos, surgida no do, você terá que definir a sua meta fi-
início dos anos 2000 e que já se tornou nanceira (valor total a ser arrecadado),
popular no Brasil, são as plataformas o prazo de captação (período em que
colaborativas. Inspiradas na tradicional sua campanha ficará ativa) e as contra-
“vaquinha”, agora transposta ao modelo partidas aos doadores (recompensas –
virtual, elas possibilitam a arrecadação por exemplo cartas de agradecimento,
de fundos por meio da cooperação de brindes, produtos ou serviços – que as
um grande grupo de pessoas dispostas pessoas recebem em troca, variando
a apoiar determinada iniciativa. As va- conforme o montante aportado).
quinhas virtuais (no inglês, conhecidas
como crowdfunding) permitem que o Plataformas de financiamento coletivo:
esforço de financiamento extrapole limi-
Benfeitoria
tes geográficos e se espalhe com uma
https://benfeitoria.com/
escala e agilidade muito maiores do que
aquela que os braços e pernas de orga- Catarse
nizações locais conseguiriam alcançar. http://www.catarse.me
Você pode iniciar uma campanha de fi- Kickante
nanciamento coletivo em alguma des-
http://www.kickante.com.br
tas plataformas (ver lista a seguir) para
alavancar uma ação. Geralmente é feita Vakinha
uma curadoria para avaliar a aceitação http://www.vakinha.com.br

45
Apostila | Elaboração de Projetos
Aspectos
importantes
que precisamos
considerar
46
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Algumas fontes de recursos visam in- to Sustentável (ONU), em realizada em


centivar projetos e iniciativas alinha- setembro de 2015. Com o intuito de
das aos Objetivos de Desenvolvimento orientar políticas nacionais e atividades
Sustentável (ODS), que constituem uma de cooperação internacional, ela é com-
agenda mundial criada na Cúpula das posta por 17 objetivos e 169 metas a se-
Nações Unidas sobre o Desenvolvimen- rem atingidas até 2030.

Para saber mais sobre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,


visite o site da ONU para o Brasil: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs

Não esqueça de fazer menção a um dos ODS quando escre-


ver a justificativa de um projeto e deixe claro quais temas es-
tão relacionados a cada um dos objetivos e metas. Citar os
ODS pode valorizar ainda mais sua proposta e conectar seu
projeto ao apelo global pela promoção de ações para acabar
com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, e garan-
tir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de
paz e prosperidade.

47
Apostila | Elaboração de Projetos
O desafio de agir localmente
e pensar globalmente
Um bom projeto é aquele que busca forma, o objetivo é tornar as paisa-
transformar a realidade local por meio gens mais aptas para a agricultura e a
da resolução de problemas, em alinha- produção de serviços ambientais4.
mento aos grandes desafios da humani-
dade e aos atuais paradigmas da socie- • Conservação e sustentabilidade dos
dade. Por isso, é importante conhecer as oceanos: A “Década da Ciência Oce-
tendências e os desafios mundiais para ânica para o Desenvolvimento Sus-
justificar e valorizar seu projeto. Além tentável”, proposta no calendário das
dos Objetivos de Desenvolvimento Sus- Nações Unidas para os anos 2021
tentável (ODS), a Organização das Na- a 2030, é um chamado a governos,
ções Unidas (ONU) definiu outras metas empresas, cientistas e sociedade ci-
para a próxima década: vil para um pacto pela conservação
e sustentabilidade dos oceanos. O
• Restauração florestal: a Assembleia apelo surge da necessidade de dimi-
Geral das Nações Unidas declarou o nuir a pressão da humanidade sobre
período entre 2021 e 2030 como a os mares e reverter o ciclo de declínio
“Década sobre Restauração de Ecos- na saúde dos oceanos, que sofre com
sistemas”. Ao reconhecer a importân- a poluição e a escassez de recursos
cia da atividade para combater a crise decorrente da sobrepesca. A ONU
climática global e melhorar a seguran- destaca o papel dos oceanos como
ça alimentar, o fornecimento de água “pulmões” da Terra e sua importância
e a biodiversidade, a organização es- para a estabilidade climática global.
timula lideranças políticas, do setor Cobrindo 70% do planeta, as águas
privado e da sociedade civil a refor- oceânicas são fonte vital de bens e
çarem suas atenções aos dois bilhões serviços, retêm o aquecimento glo-
de hectares de áreas degradadas no bal ao absorver 1/3 do gás carbônico
mundo com potencial de restaura- produzido por atividades humanas, e
ção3. A proposta prevê a recuperação contribuem para alimentação, meio
e conservação de solos produtivos, a de subsistência, transporte e comér-
integração de sistemas agrícolas e a cio. Ao pautar a temática, as Nações
recuperação das funções e processos Unidas pretendem incentivar a gera-
ecológicos (conservação e recupera- ção, a divulgação e a inovação da ci-
ção de biodiversidade, recursos hídri- ência relacionada ao oceano. É preci-
cos, ciclos biogeoquímicos e solos), so conhecer mais para cuidar melhor.
por meio da integração entre lavou-
ras, pecuária e floresta com práticas 3
WRI Brasil, (2019).
sustentáveis de uso da terra. Desta 4
Mapa, (2016).

48
Apostila | Elaboração de Projetos
2. A temática de gênero no contexto de projetos

Atualmente, muitos doadores têm es- o que iremos abordar nesta seção. Mas
timulado as organizações a considerar antes é importante conhecer algumas
a questão de gênero em seus projetos. definições sobre o assunto para com-
Saber o motivo desse estímulo e como preender a questão de gênero e ade-
podemos responder a essa questão é quá-la aos projetos.

Gênero

Refere-se ao conjunto de caracterís- zados e favorecidos


ticas sociais e culturais atribuídas às equitativamente. Que
pessoas, geralmente em função do os seus direitos, respon-
seu sexo biológico. É uma identida- sabilidades e oportunidades não
de adquirida que é aprendida, muda são determinados pelo seu gênero.
ao longo do tempo e varia dentro e
entre as culturas. Trata dos compor- Equidade de gênero: significa que
tamentos, valores e atitudes que a as mulheres e os homens são trata-
sociedade define como sendo pró- dos de forma justa de acordo com
prios de homens ou de mulheres. suas respectivas necessidades e
privilégios. O tratamento pode ser
Igualdade de gênero: refere-se ao igual ou diferenciado, entretanto,
conceito de que todos os seres hu- considerado equivalente em ter-
manos, sem diferenciação de sexo mos de direitos, benefícios, obriga-
ou gênero, são livres para desenvol- ções e oportunidades. No contexto
ver as suas capacidades pessoais e do desenvolvimento, um objetivo
tomar decisões sem as limitações de equidade de gênero requer fre-
impostas por papéis rigidamente quentemente medidas integradas
atribuídos a um gênero. A igualda- para compensar as desvantagens
de de gênero significa que os dife- históricas e sociais das mulheres.
rentes comportamentos, aspirações
e necessidades das mulheres e dos Fonte: ONU Mulheres Brasil e a Rede
homens são considerados, valori- Brasil do Pacto Global (2017).

49
Apostila | Elaboração de Projetos
Por que é importante integrar
gênero para a construção de
Os países que promovem
um projeto?
os direitos das mulheres e
aumentam o acesso delas
Os direitos das mulheres e a igualdade de aos recursos e ao ensino
gênero possuem como principais marcos têm taxas de pobreza
as seguintes convenções e tratados:
mais baixas, crescimento
econômico mais rápido e
menos corrupção do que os
Declaração Universal dos Direi- países onde isso não ocorre.
tos Humanos (DUDH, 1948).
(BANCO MUNDIAL, 2012)
Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discri-
minação contra a Mulher (CE-
DAW, 1979). O ODS 5 traz seis objeti-
vos específicos voltados
Convenção Sobre os Direitos
para alcançar a igualda-
das Crianças (CDC, 1990).
de de gênero e empo-
derar todas as mulheres
e meninas. Destacamos:

Essas convenções fundamentam as le- • Acabar com a discriminação de mu-


gislações e ajudam a moldar valores co- lheres e meninas;
muns, adotados por instituições de todo Reconhecer e valorizar o trabalho de

o mundo. Promover direitos das mulhe- assistência e doméstico não remune-
res, igualdade e equidade de gênero é rado;
essencial para construir economias for-
tes, estabelecer sociedades mais está- • Garantir a participação das mulhe-
veis e justas e melhorar a qualidade de res e a igualdade de oportunidades
vida para mulheres, homens, famílias e para a liderança em todos os níveis
comunidades (ONU Mulheres, 2017). de tomada de decisão na vida políti-
Dessa forma, contribui-se para uma so- ca, econômica e pública.
ciedade mais justa e próspera.
Importante ressaltar que a questão de gê-
A igualdade de gênero é um dos Ob- nero vai além do ODS 5, pois dialoga com
jetivos do Desenvolvimento Sustentá- os demais ODS, promovendo um efeito
vel (ODS). multiplicador do alcance das metas.

50
Apostila | Elaboração de Projetos
Combater a desigualdade de gênero
possibilita:

• DIMINUIR as desigualdades sociais;

Conheça as metas dos ODS • ESTIMULAR a cultura de igualdade


de gênero;
através da Plataforma Agenda 2030
(www.agenda2030.com.br/) e analise • INTEGRAR novos olhares e experi-
como elas dialogam com o seu projeto. ências para a solução de problemas;
Indique na sua justificativa a coerência
do projeto com o(s) ODSs e avalie • AMPLIAR as possibilidades de ino-
vação tecnológica;
incorporar no seu projeto as metas
adotadas no Brasil. • MELHORAR as condições de bem-
-estar da sociedade.

Geração

Outro tema importante para os fi- sitivos, agregando valores sociais,


nanciadores é geração, que faz refe- culturais, ambientais, entre outros.
rência a um grupo de pessoas que
nascem no mesmo ano ou período Integrar a questão geracional nos
- crianças, adolescentes, adultos ou projetos pode promover impactos
terceira idade. positivos a curto e médio prazo,
além de ser estruturante a longo pra-
Como premissa do desenvolvimen- zo em relação à liderança e gestão
to sustentável, as novas gerações organizacional, ao fortalecimento de
são parte diretamente interessada cadeias de valor e a sustentabilida-
na conservação do meio ambiente de nos negócios. Como exemplos
para o bem-estar e a perpetuação de atividades: intercâmbio entre
da vida. Os jovens são abertos e cria- jovens e idosos para promover a di-
tivos e apoiar o desenvolvimento e fusão de ideias e fortalecer valores;
aperfeiçoamento de suas habilida- jovens apoiando a inclusão digital
des é investir no presente e no futu- dos mais velhos através de uma ‘as-
ro. Por outro lado, a transmissão de sessoria tecnológica’; ações de edu-
conhecimentos e saberes dos mais comunicação desenvolvidas pela
velhos pode orientar a manutenção juventude para ampliar seu protago-
de práticas que geram impactos po- nismo junto da comunidade.

51
Apostila | Elaboração de Projetos
Como integrar gênero em um
projeto de forma prática? Dica

Observe se os doadores e finan-


Vimos que alcançar o desenvolvimento
ciadores possuem políticas vol-
sustentável com inclusão de gênero re-
tadas às questões de gênero, se
quer eliminar as barreiras que impedem
valorizam e solicitam sua abor-
o pleno desenvolvimento e exercício
dagem nos editais e nos proje-
das capacidades das mulheres. Um dos
tos financiados.
focos para a promoção da igualdade
entre homens e mulheres é através de
uma maior inclusão das mulheres nos
sistemas produtivos e com condições A partir de um processo de escuta e
de participar ativamente das tomadas diálogo com os grupos alvo é possível
de decisão em todos os níveis. obter uma série de informações que aju-
dam a compor projetos sensíveis a essas
temáticas.

Duas perguntas podem ajudar a nortear


Exemplo: o diálogo:

• Como fazer com que toda a comuni-


O Fundo Amazônia promo- dade (mulheres, homens, meninas,
veu a equidade de gênero meninos, jovens e adultos) tenha
como um critério de sele- acesso igual aos recursos e benefí-
ção de projetos (2012, 2014, cios dos projetos?
2017). Os projetos de produ-
• Como identificar e superar barreiras
ção sustentável selecionados que impedem a participação das mu-
introduziram indicadores lheres e/ou jovens?
para verificar em que medi-
Importante perceber as diferenças de
da as mulheres: participaram
gênero a partir de como as tarefas, os
das atividades, participaram
recursos e as oportunidades estão di-
dos processos de tomada
vididos entre os diferentes grupos da
de decisão, foram capacita- comunidade:
das em novas tecnologias de
produção sustentável e apli- • Para quais atividades as mulheres e
os homens dedicam o seu tempo?
caram seus novos conheci-
mentos adquiridos. • Quem tem acesso ao atendimento
técnico?

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Apostila | Elaboração de Projetos
• São dadas aos homens e às mulheres É recomendável fazer uma análise de
as mesmas oportunidades para parti- gênero mais profunda com foco na
cipar de capacitações? cadeia de valor ou no ambiente organi-
zacional. No caso da cadeia de valor, é
importante observar e analisar como
funciona a participação das mulheres
nas atividades envolvidas em cada elo
Muita atenção! da cadeia, como na seleção de semen-
tes, na limpeza do terreno, no plantio,
É importante verificar se os pro- nos cuidados até a colheita, no processa-
mento e na venda. No ambiente da orga-
jetos implementados na comuni-
nização, é importante observar como as
dade não trazem prejuízo às mu-
mulheres participam na direção, gestão
lheres. Uma análise de risco dos
e como público associado, entre outras
componentes e atividades do pro-
funções e papéis, e se há mecanismos
jeto pode ser realizada de forma
para estimular e garantir sua liderança e
participativa para discutir possí-
participação em tomadas de decisão.
veis impactos negativos e gerar
soluções alternativas viáveis.

• Exemplo 1: a instalação de uma


despolpadeira poderia substi-
tuir muitas mulheres do proces-
samento, tirando seu trabalho e
renda; porém outras atividades
econômicas novas e/ou alterna-
tivas podem e devem ser gera-
das para substituir o emprego
eliminado pela máquina.

• Exemplo 2: capacitações rea-


lizadas no período diurno po-
deriam restringir o acesso das
mulheres que cuidam de filhos
e parentes; porém, oferecer su-
pervisão de crianças durante o
evento pode ser uma das alter-
nativas para atingir a participa-
ção desejada das mulheres.

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Apostila | Elaboração de Projetos
Com o objetivo de trazer análises organização, e a identificar lacunas
sensíveis a gênero para os estu- e restrições que as impedem de
dos de cadeias de valor, propor- avançar em suas carreiras. A apli-
cionando ferramentas práticas, a cação desses métodos pode bene-
“Caixa de ferramentas de gênero ficiar e empoderar mais mulheres
– Ferramentas para o desenvolvi- em seus trabalhos no campo ou
mento de cadeias de valor sensí- nas organizações.
veis ao gênero” (Fair & Sustainable
Consulting, 2019), foi desenvolvi-
da pela Fair & Sustainable Consul-
ting, em 2019, com versão brasi-
leira adaptada em colaboração
com o Projeto Mercados Verdes e
Consumo Sustentável (GIZ/Mapa
com o apoio do Consórcio Eco
Consult/IPAM).

O material apresenta metodolo-


gias que ajudam a tornar o traba-
lho das mulheres mais visíveis ao
longo de uma cadeia de valor e/ou

No caso de um projeto com um objeti-


vo expressamente voltado para o tema Dica
gênero e/ ou o fortalecimento das mu-
lheres, deve haver indicador específico
que demonstre se o objetivo foi atingido
ou não. Se o objetivo do projeto não for Incorpore nas listas de pre-
relacionado ao tema gênero, mas busca sença um campo para que
garantir que as mulheres tenham igual os participantes indiquem
oportunidade de participação e decisão seu gênero e idade.
durante o processo, isso pode ser de-
mostrado através das listas de presen-
ças, atas ou outros registros.

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Apostila | Elaboração de Projetos
Lista de presença da oficina de “Elaboração de projetos”
Nome do Organização / Contato/
Gênero Idade Assinatura
participante Comunidade email

Mesmo que o projeto não traga gênero adequando as metodologias e horários


e geração em seu objetivo geral ou es- para a realidade das mulheres, forne-
pecífico, é sempre importante garantir cendo apoio de cuidador de crianças,
que as mulheres tenham espaço para levantando dados desagregados sobre
mulheres e homens, entre outros.
participar e acessar recursos e benefí-
cios de forma igualitária. Todo o apoio é bem-vindo!

Como podemos garantir isso? Abrin- Sugestões de objetivos e indicadores


do espaço e cotas para as capacitações, para projetos:

Lista de presença da oficina de “Elaboração de projetos”


Nome do participante Gênero Idade

Exemplo 1: 40% dos cargos na


Fortalecimento diretoria estão ocupados
Número ou percentual de
da liderança das por mulheres nas
mulheres na diretoria
mulheres da próximas eleições
cooperativa (situação inicial: 10%)

As cooperadas
Exemplo 2: Entrevistas com um número
aumentam sua renda
Geração de renda representativo de mulheres
média mensal baseada
para as mulheres cooperadas. Levantamento
na cadeia do pescado
da cadeia do da renda e fontes de renda
em 30% em 3 anos
pescado e/ou (atualmente/antes do
(situação inicial: 800,00
mariscos projeto e depois de 3 anos)
reais/mês)

30 jovens de 18 a 25
Exemplo 3: Criar anos atuam ativamente
oportunidades no programa para
Registro das cooperativas,
profissionais aprendizes voltado para
entrevistas com diretorias
para jovens na a comercialização da
comercialização cooperativa em um ano
(situação inicial: 2 jovens)

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Apostila | Elaboração de Projetos
DADOS BIBLIOGRÁFICOS

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www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca#:~:text=A%20
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por%20196%20pa%C3%ADses.

CEDAW. 1979. Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


contra a Mulher. Disponível em: https://www.onumulheres.org.br/wp-content/
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DUDH. 1948. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: https://
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para o desenvolvimento de cadeias de valor sensíveis ao gênero. Projeto
Mercados Verdes e Consumo Sustentável. Disponível em: https://www.gov.br/
agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-familiar/publicacoes/projeto-mercados-
verdes-e-consumo-sustentavel/outras-publicacoes/caixa-de-ferramentas-
capgestao-genero/@@download/file/5%20Caixa%20de%20Ferramentas%20
CapGesta%CC%83o%20Ge%CC%82nero.pdf.

GIZ e BNDES. 2019. Igualdade entre homens e mulheres em projetos de atividades


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www.fundoamazonia.gov.br/export/sites/default/pt/.galleries/documentos/
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KELLEY, Daniel Q. - Dinheiro para Sua Causa - TEXTONOVO. 1995

KISIL, Rosana – Elaboração de Projetos e Propostas para Organizações da


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KISIL, Rosana - Manual de Elaboração de Projetos e Propostas - Universidade de São


Paulo, l995.

KELLEY, Daniel Q. - Dinheiro para Sua Causa - TEXTONOVO. 1995

LOVATO, Flora. Transformar esforço em resultados. In: _____. Caminhos para o


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o Desenvolvimento Social, 2012.

MALTA, Cyra e outros - Elaboração de Projetos em meio Ambiente - INSTITUTO


ECOAR,1995.

..........., Um Guia para Elaboração de Propostas – WWF, 1991.

..........., Manual de Projetos do PDA - Projetos Demonstrativos PPG7 - Ministério do


Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - 1998

...........,Manual Operativo e Formulário para Apresentação de Projetos do FNMA -


1999 - Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal

..........., Práticas para o Sucesso de ONGs Ambientalistas. SPVS/TNC/Unibanco – 1997

MALTA, Cyra e outros - Elaboração de Projetos em meio Ambiente - INSTITUTO


ECOAR,1995.

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ao Desafio de Bonn e à Iniciativa 20x20. 2016. Disponível em https://www.gov.
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57
Apostila | Elaboração de Projetos
Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - 1998

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Mata Atlântica no Brasil. Disponível em https://news.un.org/pt/tags/decada-da-
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brasil.un.org/pt-br/sdgs.

SILVA, Elisa Marie Sette; PENEIREIRO, Fabiana Mongeli; STRABELI, José; CARRAZZA,
Luis Roberto; Guia de Elaboração de Pequenos Projetos Socioambientais para
Organizações de Base Comunitária – Brasília -DF; Instituto Sociedade, População e
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WRI – World Resources Institute Brasil. ONU declara a Década sobre Restauração
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onu-declara-dacada-sobre-restauracao-de-ecossistemas#:~:text=Ao%20
reconhecer%20a%20import%C3%A2ncia%20da,hectares%20de%20
%C3%A1reas%20degradadas%20com.

Dica Quer entender melhor sobre


a elaboração de projetos?
Assista aos vídeos que
contam esse passo a passo.
http://bit.ly/develoPPP_Amazonia

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Apostila | Elaboração de Projetos
Por meio da:

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