Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Elaboração de
PROJETOS
Apostila
Elaboração de
PROJETOS
Abril de 2021
© 2021 Deutsche Gesellschaft für Texto
Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
Miriam Prochnow
Todos os direitos reservados. Permitida a
Wigold Schaeffer
reprodução desde que citada a fonte. A
responsabilidade pelos direitos autorais de
textos e imagens desta obra é do autor. Textos adicionais
Marcos Roberto Pinheiro
Verena Almeida
1ª edição. Ano 2021, Brasíla
Apoio
Projeto gráfico e diagramação
Ministério Federal do Meio Ambiente,
Anelise Stumpf (www.finotraco.com.br)
Proteção da Natureza e Segurança
Nuclear (BMU) da Alemanha, por meio da
Deutsche Gesellschaft für Internationale Imagens
Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. Alexander Rose
Studio Lumix/GIZ
Natiê Melo/Instituto Yandê
Flickr do TerraMar
https://www.flickr.com/photos/redeterramar
Flickr do Mercados Verdes
https://www.flickr.com/photos/
sociobioamazonia
Sumário
NOÇÕES GERAIS 08
1. Introdução 09
2. O que é o projeto? 09
ETAPA 1
A definição do projeto:
o que queremos fazer? 12
ETAPA 2
1. Metodologia 24
2. Cronograma 25
3. Controle de riscos 26
ETAPA 3
1. Sustentabilidade 29
2. Disseminação dos resultados 30
3. Monitoramento e avaliação 30
3.1. Por que monitorar o projeto? 30
3.2. Monitoramento 31
3.3. Avaliação 31
6
Apostila | Elaboração de Projetos
3.4. Cadeia de Impactos 31
3.5. Indicadores 34
ETAPA 4
O orçamento: quanto vai custar o projeto? 37
1. Orçamento 38
2. Memória de cálculo 38
ETAPA 5
40
O toque final
41
1. Referências bibliográficas
41
2. Resumo executivo
41
3. Anexos
42
FONTES DE FINANCIAMENTO
43
1. Editais
45
2. Financiamento coletivo
DADOS BIBLIOGRAFICOS
56
7
Apostila | Elaboração de Projetos
NOÇÕES GERAIS
Um projeto é um empreendimento planejado que consiste
num conjunto de atividades interrelacionadas e coordenadas,
com o fim de alcançar objetivos específicos dentro dos limites
de um orçamento e de um período de tempo dados.
(ONU, 1984)
9
Apostila | Elaboração de Projetos
O documento chamado PROJETO é o re- balho em etapas a serem cumpridas,
sultado obtido ao se “projetar”, desenhar compartilhar a imagem do que se quer
em um papel, tudo o que é necessário alcançar, identificar as principais defi-
para o desenvolvimento de um conjunto ciências a superar e apontar possíveis
de atividades a serem executadas. Neste falhas durante a execução das ativida-
projeto, apresenta-se quais são os objeti- des previstas.
vos, quais os meios e quanto de recurso
são necessários; onde serão obtidos e Um bom projeto escrito tem que mos-
como serão avaliados os resultados. trar-se capaz de comunicar todas as in-
formações necessárias e é por isso que,
A organização do projeto em um docu- em geral, existem elementos básicos
mento nos auxilia a sistematizar o tra- que compõem sua apresentação:
Apoio
Avaliação Disseminação institucional
Como, quando e
do projeto para o Quem apoia o que
por quem será
ambiente o projeto propõe e
avaliado o projeto
quais as instituições
dispostas a participar
das atividades
10
Apostila | Elaboração de Projetos
Se o seu projeto se transformar numa sua importância e as possibilidades de
proposta de financiamento e se for apro- êxito. Em outras palavras, o financiador
vada por algum financiador, significa que deve acreditar nas metas de sua entida-
ele compreendeu o programa que a sua de, se identificar com seus objetivos e vi-
entidade pretende realizar, percebeu sualizar as chances de sucesso.
11
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 1
A definição
do projeto: o que
queremos fazer?
1. Como começar a 1.2. Quem deve participar?
elaboração de um projeto?
Todas as pessoas envolvidas com o
tema, especialmente as interessadas em
O trabalho começa pelo “coração” do elaborar o projeto escrito e depois parti-
projeto: a definição concreta do objeto cipar de sua realização.
de trabalho, os propósitos, os objetivos
existentes e uma visão clara do proble-
ma que se quer resolver com a execução
1.3. Como fazer a reunião?
dessa ideia. É importante discutir a ideia
central da proposta desde o início com
É importante estabelecer uma progra-
todas as pessoas interessadas, pois seu
mação para conduzir o debate sobre o
envolvimento futuro nos trabalhos será
motivado pelas visões compartilhadas projeto a ser definido;
nesta primeira etapa.
• Recomenda-se que o grupo defina
Para isso serão necessários encontros ou uma pessoa para guiar a conversa e
reuniões com a comunidade e as pesso- fazer anotações e registros;
as envolvidas, para definir de forma par-
• Se o grupo ou a comunidade ainda
ticipativa o problema que o grupo ou a
não definiu qual seria o tema do pro-
comunidade pretende resolver.
jeto, é bom começar a reunião com a
identificação do problema;
13
Apostila | Elaboração de Projetos
• Durante o debate em grupo, é inte- buir e a ideia ficar mais completa, mais re-
ressante solicitar para que todas as conhecida e mais apropriada por todos.
pessoas deem ideias concretas sobre
como trabalhar o tema do projeto,
quais atividades desenvolver, quem 1.4. Qual deve ser o
envolver, quais aspectos considerar produto da reunião
etc. Essas ideias serão anotadas mes-
mo sem ter todos os detalhes. É im-
Ao final do processo, deve-se ter al-
portante incentivar todas as pesso-
cançado:
as presentes a expressarem as suas
ideias, inclusive aos mais tímidos ou • Um quadro com a definição do pro-
àqueles que não se acham prepara- jeto, preenchido com o tema do pro-
dos para ajudar; jeto, o problema, possíveis ativida-
des a serem desenvolvidos, possíveis
• A pessoa que ficou responsável pelo pessoas e parceiros a serem envolvi-
registro deve assumir a tarefa de or- dos e outros fatores do contexto que
ganizar as ideias no quadro, tendo o merecem atenção;
cuidado de ouvir a todos e estimular
• A consolidação da equipe de pesso-
a participação.
as que de fato vai se responsabilizar
pela redação do projeto;
14
Apostila | Elaboração de Projetos
A ferramenta da
“Árvore de problemas”
A construção da “árvore de problemas” Na copa da árvore, são colocadas tarje-
em plenária possibilita uma melhor ca- tas com as consequências e efeitos deri-
pacidade de visualização da realida- vados desse problema central.
de e maior compreensão das causas e
consequências do problema central. Em Nas raízes da árvore, são escritos os fato-
uma reunião, a construção da “árvore de res que causam o problema. Geralmen-
problemas” propicia uma dinâmica visual te, é possível identificar várias causas, e
que ajuda a descrever o problema de for- mais outras causas para estas causas.
ma coletiva e compartilhada, integrando Quando tivermos identificados o pro-
as diferentes visões sobre o assunto. blema, causas e consequências, pode-
Para começar a reflexão, desenha-se mos agrupar as tarjetas e ligá-las com
uma árvore num cartaz grande, com um linhas, para deixar suas relações causais
tronco, raízes e galhos. Nesse desenho, mais nítidas e estabelecer as ligações
o tronco representa o problema, as mais importantes. A dinâmica visa redu-
raízes representam as causas e os ga- zir a complexidade da realidade e iden-
lhos as consequências do problema. tificar qual foi o motivo que originou o
problema (a raiz do problema).
O primeiro passo é identificar o “proble-
ma”, ou seja, o obstáculo que dificulta a De forma geral, esse processo facilita a
mudança da situação existente para a delimitação do tema que queremos em-
situação desejada. É a insatisfação de preender por meio de ações transfor-
quem está planejando, frente à realida- madoras. Essa reflexão será um conteú-
de que deseja ser modificada. Esse pro- do fundamental para subsidiar o tópico
blema pode ser identificado por meio de “justificativa” do seu projeto.
uma dinâmica de chuva de ideias com o
grupo ou comunidade, registrando to-
das as ideias em tarjetas. Se o número de É muito importante termos
problemas apontados for muito grande, clareza dos raízes e das cau-
deve-se priorizar e focar num problema sas do nosso problema. Pois é
central ou mais significativo na opinião justamente para elas que de-
da comunidade. Esse problema central vemos direcionar as ativida-
será escrito no tronco da árvore. des do nosso projeto!
15
Apostila | Elaboração de Projetos
Exemplo
Resultados
financeiros
negativos Perda de Queda nas
clientes vendas
Menos produtos
disponíveis
CONSEQUÊNCIAS
CAUSAS
Insatisfação das
famílias cooperadas Outros
com a cooperativa compradores na
regiçao oferecem
condições mais
Cooperativa não favoráveis
tem capital de giro
para financiar a safra Cooperadas sentem
falta de assistência
técnica
16
Apostila | Elaboração de Projetos
A ferramenta “FOFA”
A ferramenta “Fofa” é muito utilizada para auxiliar nos diagnósticos de uma organiza-
ção. Ela tem esse nome porque é o acrônimo para Forças, Oportunidades, Fragilida-
des e Ameaças que envolvem a gestão de um projeto, descritas a seguir:
A matriz Fofa é uma ferramenta simples trando nas oportunidades. Você pode
que organiza o pensamento de forma utilizá-la em uma dinâmica com sua equi-
prática e permite às organizações um pe para ajudá-los a visualizar os fatores
melhor entendimento sobre o panorama que favorecem e os que dificultam o
em que se inserem, ajudando a nortear bom desempenho da instituição ou de
a tomada de decisão. O detalhamento um projeto específico. E o resultado des-
dos quatro elementos Fofa facilita uma sa dinâmica pode, por exemplo, embasar
análise estratégica, qualificada e fun- a definição de prioridades de captação
damentada para elaborar um plane- de recursos e gerar um projeto mais con-
jamento, diminuindo riscos e concen- sensual e participativo.
17
Apostila | Elaboração de Projetos
Vamos ver um exemplo dessa cooperativa:
Fatores
Negativos FRAQUEZAS AMEAÇAS
Elimine-as Neutralize-as
Na hora de construir o nosso projeto, de- ças. Também podemos pensar em ações
vemos focar em atividades que eliminam para melhor aproveitar as oportunidades,
as fragilidades ou neutralizam as amea- usando as nossas forças!
18
Apostila | Elaboração de Projetos
2. O que um projeto 2.3. Histórico de experiência da
precisa conter? instituição proponente/
executora
Os principais itens que compõem um Deve conter uma descrição sucinta dos
projeto devem se relacionar de forma trabalhos que vêm sendo realizados pela
bastante orgânica, de modo que o de- organização, exemplos de projetos que
senvolvimento de uma etapa leve ne- já foram executados ou propostos e em
cessariamente à outra. que região, localidade ou comunidade. É
importante indicar a experiência e a apti-
dão da instituição em desenvolver traba-
2.1. Identificação do projeto lhos semelhantes ao proposto e demons-
trar porque o projeto irá obter sucesso.
19
Apostila | Elaboração de Projetos
No caso de órgão público, mostre tam- projeto, condição de saúde e educação,
bém a experiência e os resultados alcan- formas e meio de transporte, problemas
çados por gestões/direções anteriores ambientais e econômicos, organizações
nas áreas de interesse do projeto. potencialmente existentes etc.
Aqui deve ficar claro que o projeto é uma • Qual é a possível relação e atividades
resposta a um determinado problema semelhantes ou complementares en-
percebido e identificado pela comunida- tre eles e o projeto proposto?
de ou pela entidade proponente. Quais são os benefícios econômicos,
•
Após a caracterização do problema/situ- sociais e ambientais a serem alcança-
ação, podemos justificar a necessidade dos pela comunidade e os resultados
da intervenção. Esclarecimentos sobre a para a região?
importância de sua realização a nível so-
cioeconômico-ambiental, evidências da
sua viabilidade e outras informações que 2.5. Objetivo geral
possam auxiliar o financiador na tomada
de decisões devem ser enfatizadas.
Tem-se empregado o termo objetivo
Deve descrever com detalhes a região geral para a situação ideal almejada, em
onde vai ser implantado o projeto; situa- poucas palavras, o objetivo geral deve
ção ambiental (como os recursos naturais expressar o que se quer alcançar na re-
foram e estão sendo usados), principais gião em longo prazo, ultrapassando in-
atividades econômicas, número de famí- clusive o tempo de duração do projeto.
lias/pessoas direta e indiretamente envol- Geralmente o objetivo geral está vincula-
vidas/beneficiadas com os resultados do do à estratégia global da instituição.
20
Apostila | Elaboração de Projetos
2.6. Objetivos específicos Quando a meta se refere a um determi-
nado setor da população ou a um deter-
minado tipo de organização, devemos
Os objetivos específicos também podem descrevê-los adequadamente. Por exem-
ser chamados de resultados esperados. plo, devemos informar a quantidade de
São os efeitos diretos das atividades ou pessoas que queremos atingir, o sexo, a
ações do projeto. Ao contrário dos objeti- idade e outras informações que esclare-
vos gerais, que nem sempre poderão ser çam a quem estamos nos referindo.
plenamente atingidos durante o prazo de
execução do projeto, os objetivos específi-
cos devem se realizar até o final do projeto.
2.7. Metas
Cada objetivo
específico deve ter uma
As metas, que muitas vezes são confun-
ou mais metas. Quanto
didas com os objetivos específicos, são
melhor dimensionada
os resultados parciais a serem atingidos
estiver uma meta,
e neste caso podem e devem ser bastan-
mais fácil será definir
te concretos. A definição de metas com
os indicadores que
elementos quantitativos e qualitativos é
permitirão evidenciar
conveniente para avaliar os avanços. Ao
seu alcance.
escrevermos uma meta, devemos nos
perguntar: o que queremos? Para que o
queremos? Quando o queremos?
21
Apostila | Elaboração de Projetos
Nem todas as instituições financiadoras 2.8. Benefícios e beneficiários
exigem a descrição de objetivos especí-
ficos e metas separadamente. Algumas
Na proposta, deve ser descrito detalha-
exigem uma ou outra forma.
damente quem será beneficiado com
a realização do projeto. Nessa parte da
proposta, podemos nos guiar pelas se-
2.8. Atividades guintes perguntas:
22
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 2
A lógica do
projeto é o Plano
de trabalho:
Como vamos agir
para chegar no
nosso objetivo? 23
Apostila | Elaboração de Projetos
Os objetivos do projeto que foram defini- 1. Metodologia
dos na etapa anterior devem conter seus
respectivos procedimentos de trabalho. O A metodologia deve descrever as for-
ideal é verificar se para cada objetivo, há mas e técnicas que serão utilizadas para
executar as atividades previstas, deven-
um procedimento claro, ou se não é um
do explicar passo a passo a realização
objetivo “morto”. A ideia central é sempre
de cada atividade.
que possível justificar os métodos de
trabalho escolhidos para garantir uma A proposta de metodologia do projeto
maior coerência e consistência ao projeto. deve responder às seguintes questões:
Quais as
Como serão
Como o projeto tarefas são de
coordenadas e
vai atingir seus responsabilidade
gerenciadas as
objetivos? da organização e
atividades?
do grupo alvo?
24
Apostila | Elaboração de Projetos
Um projeto pode ser considerado bem cançados. Portanto, este item deve me-
elaborado quando tem uma metodolo- recer atenção especial por parte das ins-
gia bem definida. É a metodologia que tituições que elaborarem projetos.
vai dar aos avaliadores/pareceristas, a
certeza de que os objetivos do projeto Uma boa metodologia prevê três pontos
realmente têm condições de serem al- fundamentais:
Desenvolvimento de
ações de disseminação
Gestão Acompanhamento de informações e de
participativa técnico sistemático conhecimentos entre
e continuado a população envolvida
(capacitação)
2. Cronograma
Os projetos são considerados ciclica- período predefinido de tempo. O crono-
mente bem definidos quando possuem grama é a disposição gráfica das épocas
datas de início e de término previamente em que as atividades serão realizadas, e
estabelecidas. As atividades que serão permite uma rápida visualização da se-
desenvolvidas devem se inserir neste quência em que devem acontecer.
Cronograma
Etapa Meta Atividade Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Plano de trabalho
Kick-off/ reunião inicial
validado
Monitoramento
Reuniões de monotoramento
realizado
25
Apostila | Elaboração de Projetos
3. Controle de riscos
• Infraestrutura instalada e
• Baixo grau de organização e
experiência técnica da proponente
articulação do grupo alvo do
comprovada em atividades
projeto
semelhantes
• Mulheres são excluídas dos
• Alto grau de aceitação da entidade
processos e na tomada de
executora do projeto perante a
decisão
comunidade
26
Apostila | Elaboração de Projetos
Depois de mapear os riscos do seu • Garantir cotas de participação das
projeto, é importante esclarecer para o mulheres e criar estruturas para facili-
financiador quais são as estratégias para tar a participação delas em capacita-
mitigá-los ou, ao menos, minimizá-los. ções, incentivando a maior represen-
tatividade nos processos (exemplo:
Para o exemplo de risco interno: “Ex- oferecer apoio para cuidado com
clusão das mulheres nos processos e na crianças ou horários flexíveis)
tomada de decisão”, poderíamos sugerir
as seguintes ações:
27
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 3
O andamento
do projeto:
como vamos avaliar,
tirar conclusões e
disseminar resultados
28
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Sustentabilidade Primeiro, o projeto deve demostrar que
a estratégia de fomentar a comercializa-
ção de um novo produto foi construída
Muitos financiadores exigem que uma em cima de informações robustas. Isso
proposta de projeto demostre em que pode ser feito, por exemplo, mediante
forma a entidade executora pretende a elaboração de um estudo de mercado
garantir a sustentabilidade dos impac- e de um plano de negócios que levante
tos do projeto. e sistematize as seguintes informações:
29
Apostila | Elaboração de Projetos
• A organização pretende dar prosse-
guimento ao projeto após o fim do Definição das atividades de di-
financiamento? Explique como. vulgação (palestras, reuniões);
3. Monitoramento
e avaliação
Definição do que será objeto de
divulgação (metodologias, téc-
nicas, experiências); 3.1. Por que monitorar o projeto?
30
Apostila | Elaboração de Projetos
tados obtidos. Com isso, um sistema de informações levantadas servem para ana-
monitoramento e avaliação serve para lisar a eficiência do projeto e para detec-
nortear e apoiar a tomada de decisão tar se os seus objetivos foram alcançados.
e indicar se os objetivos traçados foram
É a hora de responder à pergunta: afinal,
atingidos - parcial ou integralmente - e
o projeto conseguiu provocar a mudança
se há eventualmente a necessidade de
almejada? Por um momento estratégico
revisar ou ajustar a estratégia do projeto.
para o projeto, pode ser interessante tam-
bém a contratação de consultoria externa
para esta etapa, o que permite um olhar
3.2. Monitoramento isento, experiente e profissionalizado.
31
Apostila | Elaboração de Projetos
Capacitar
Assessorar Aplicação do Efeitos
Construir conhecimento indiretos
32
Apostila | Elaboração de Projetos
Na prática, isso poderia ficar assim:
Estratégia do projeto
Objetivo geral Melhorar a qualidade de vida das mulheres da rede.
33
Apostila | Elaboração de Projetos
3.5. Indicadores
S
Concreto, bem focado e fácil de
e S pecífico compreender. Deve deixar claro o
que exatamente queremos atingir.
M
Deve ser fácil de medir, da forma que
M ensurável ele nos ajuda a saber se atingimos o
que nos propusemos.
34
Apostila | Elaboração de Projetos
Para um bom projeto, é importante É possível identificarmos indica-
definir indicadores de impacto dores para cada nível da nossa
relacionados aos objetivos. Mas, cadeia de impactos, sendo que
atenção! Para medir os indicadores, nem sempre isso é exigido pelo
é preciso realizar análises da financiador.
situação tanto no início quanto ao
final do projeto. Afinal, somente Vamos ver como poderiam ser es-
saberemos se algo avançou se ses indicadores no nosso exemplo
soubermos de onde saímos.
da rede de mulheres pescadoras:
35
Apostila | Elaboração de Projetos
Como podemos • MEDIR os resultados e administrar o desempenho
ver no exemplo das metas;
acima, os
• APOIAR na análise crítica dos resultados obtidos e
indicadores no processo de tomada de decisão;
ajudam a:
• FACILITAR o planejamento e gerenciamento do
projeto; e
36
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 4
O orçamento:
quanto vai custar
o projeto?
37
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Orçamento
Material de Equipe
consumo permanente
Custos Serviços
administrativos de terceiros
38
Apostila | Elaboração de Projetos
Diárias e
hospedagem
Veículos, máquinas
e equipamentos
Obras e
instalações
39
Apostila | Elaboração de Projetos
ETAPA 5
O toque final
40
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Referências bibliográficas pais integrantes da equipe, um histórico
mais detalhado, cartas de recomenda-
ção de algumas pessoas relacionadas
Insira na escrita do projeto referências à instituição financiadora, um relato do
bibliográficas que possam conceituar o desempenho de sua organização e de
problema, ou servir de base para a ação, seu envolvimento com outras institui-
podem e devem ser apresentadas. Cer- ções atuantes na área etc.
tamente darão ao financiador uma no-
ção de quanto o autor está inteirado ao
assunto, pelo menos ao nível conceitual/
teórico.
3. Anexos
41
Apostila | Elaboração de Projetos
Fontes de
financiamento
42
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Como fazer captação Na maioria das vezes, o aporte de recur-
sos se dá por meio de um edital, que é
de recursos?
uma convocação formal para um proces-
so seletivo. A instituição financiadora ela-
bora um documento escrito contendo in-
Editais
formações detalhadas sobre o contexto
e as condições necessárias para a partici-
Uma estratégia muito disseminada e utili- pação dos proponentes. Esse documen-
zada pelas organizações sociais tem sido to é publicado e divulgado aos poten-
a submissão de projetos a editais. É im- ciais interessados que submetem suas
portante refletir sobre o tipo de apoio que propostas de projeto para concorrerem
seu projeto precisa e entender como fun- ao edital. Os projetos devem ser escritos
cionam essas fontes de recursos. O apoio seguindo o roteiro ou formulário dispo-
a projetos geralmente está associado a nibilizado pela chamada e encaminhado
alguma linha temática, como meio am- dentro do prazo estabelecido2.
biente, saúde, educação, gênero, direitos
humanos, juventude, desenvolvimento Plataformas que indicam editais abertos
socioambiental, água, biodiversidade, e disponíveis podem ser fonte de inspira-
geração de renda, entre outros1. ção para sua estratégia de captação:
2
ISPN, (2014).
43
Apostila | Elaboração de Projetos
Prosas Preste atenção!
44
Apostila | Elaboração de Projetos
2. Financiamento coletivo
Uma alternativa interessante para o fi- do projeto pelo site e, uma vez aprova-
nanciamento de projetos, surgida no do, você terá que definir a sua meta fi-
início dos anos 2000 e que já se tornou nanceira (valor total a ser arrecadado),
popular no Brasil, são as plataformas o prazo de captação (período em que
colaborativas. Inspiradas na tradicional sua campanha ficará ativa) e as contra-
“vaquinha”, agora transposta ao modelo partidas aos doadores (recompensas –
virtual, elas possibilitam a arrecadação por exemplo cartas de agradecimento,
de fundos por meio da cooperação de brindes, produtos ou serviços – que as
um grande grupo de pessoas dispostas pessoas recebem em troca, variando
a apoiar determinada iniciativa. As va- conforme o montante aportado).
quinhas virtuais (no inglês, conhecidas
como crowdfunding) permitem que o Plataformas de financiamento coletivo:
esforço de financiamento extrapole limi-
Benfeitoria
tes geográficos e se espalhe com uma
https://benfeitoria.com/
escala e agilidade muito maiores do que
aquela que os braços e pernas de orga- Catarse
nizações locais conseguiriam alcançar. http://www.catarse.me
Você pode iniciar uma campanha de fi- Kickante
nanciamento coletivo em alguma des-
http://www.kickante.com.br
tas plataformas (ver lista a seguir) para
alavancar uma ação. Geralmente é feita Vakinha
uma curadoria para avaliar a aceitação http://www.vakinha.com.br
45
Apostila | Elaboração de Projetos
Aspectos
importantes
que precisamos
considerar
46
Apostila | Elaboração de Projetos
1. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
47
Apostila | Elaboração de Projetos
O desafio de agir localmente
e pensar globalmente
Um bom projeto é aquele que busca forma, o objetivo é tornar as paisa-
transformar a realidade local por meio gens mais aptas para a agricultura e a
da resolução de problemas, em alinha- produção de serviços ambientais4.
mento aos grandes desafios da humani-
dade e aos atuais paradigmas da socie- • Conservação e sustentabilidade dos
dade. Por isso, é importante conhecer as oceanos: A “Década da Ciência Oce-
tendências e os desafios mundiais para ânica para o Desenvolvimento Sus-
justificar e valorizar seu projeto. Além tentável”, proposta no calendário das
dos Objetivos de Desenvolvimento Sus- Nações Unidas para os anos 2021
tentável (ODS), a Organização das Na- a 2030, é um chamado a governos,
ções Unidas (ONU) definiu outras metas empresas, cientistas e sociedade ci-
para a próxima década: vil para um pacto pela conservação
e sustentabilidade dos oceanos. O
• Restauração florestal: a Assembleia apelo surge da necessidade de dimi-
Geral das Nações Unidas declarou o nuir a pressão da humanidade sobre
período entre 2021 e 2030 como a os mares e reverter o ciclo de declínio
“Década sobre Restauração de Ecos- na saúde dos oceanos, que sofre com
sistemas”. Ao reconhecer a importân- a poluição e a escassez de recursos
cia da atividade para combater a crise decorrente da sobrepesca. A ONU
climática global e melhorar a seguran- destaca o papel dos oceanos como
ça alimentar, o fornecimento de água “pulmões” da Terra e sua importância
e a biodiversidade, a organização es- para a estabilidade climática global.
timula lideranças políticas, do setor Cobrindo 70% do planeta, as águas
privado e da sociedade civil a refor- oceânicas são fonte vital de bens e
çarem suas atenções aos dois bilhões serviços, retêm o aquecimento glo-
de hectares de áreas degradadas no bal ao absorver 1/3 do gás carbônico
mundo com potencial de restaura- produzido por atividades humanas, e
ção3. A proposta prevê a recuperação contribuem para alimentação, meio
e conservação de solos produtivos, a de subsistência, transporte e comér-
integração de sistemas agrícolas e a cio. Ao pautar a temática, as Nações
recuperação das funções e processos Unidas pretendem incentivar a gera-
ecológicos (conservação e recupera- ção, a divulgação e a inovação da ci-
ção de biodiversidade, recursos hídri- ência relacionada ao oceano. É preci-
cos, ciclos biogeoquímicos e solos), so conhecer mais para cuidar melhor.
por meio da integração entre lavou-
ras, pecuária e floresta com práticas 3
WRI Brasil, (2019).
sustentáveis de uso da terra. Desta 4
Mapa, (2016).
48
Apostila | Elaboração de Projetos
2. A temática de gênero no contexto de projetos
Atualmente, muitos doadores têm es- o que iremos abordar nesta seção. Mas
timulado as organizações a considerar antes é importante conhecer algumas
a questão de gênero em seus projetos. definições sobre o assunto para com-
Saber o motivo desse estímulo e como preender a questão de gênero e ade-
podemos responder a essa questão é quá-la aos projetos.
Gênero
49
Apostila | Elaboração de Projetos
Por que é importante integrar
gênero para a construção de
Os países que promovem
um projeto?
os direitos das mulheres e
aumentam o acesso delas
Os direitos das mulheres e a igualdade de aos recursos e ao ensino
gênero possuem como principais marcos têm taxas de pobreza
as seguintes convenções e tratados:
mais baixas, crescimento
econômico mais rápido e
menos corrupção do que os
Declaração Universal dos Direi- países onde isso não ocorre.
tos Humanos (DUDH, 1948).
(BANCO MUNDIAL, 2012)
Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discri-
minação contra a Mulher (CE-
DAW, 1979). O ODS 5 traz seis objeti-
vos específicos voltados
Convenção Sobre os Direitos
para alcançar a igualda-
das Crianças (CDC, 1990).
de de gênero e empo-
derar todas as mulheres
e meninas. Destacamos:
50
Apostila | Elaboração de Projetos
Combater a desigualdade de gênero
possibilita:
Geração
51
Apostila | Elaboração de Projetos
Como integrar gênero em um
projeto de forma prática? Dica
52
Apostila | Elaboração de Projetos
• São dadas aos homens e às mulheres É recomendável fazer uma análise de
as mesmas oportunidades para parti- gênero mais profunda com foco na
cipar de capacitações? cadeia de valor ou no ambiente organi-
zacional. No caso da cadeia de valor, é
importante observar e analisar como
funciona a participação das mulheres
nas atividades envolvidas em cada elo
Muita atenção! da cadeia, como na seleção de semen-
tes, na limpeza do terreno, no plantio,
É importante verificar se os pro- nos cuidados até a colheita, no processa-
mento e na venda. No ambiente da orga-
jetos implementados na comuni-
nização, é importante observar como as
dade não trazem prejuízo às mu-
mulheres participam na direção, gestão
lheres. Uma análise de risco dos
e como público associado, entre outras
componentes e atividades do pro-
funções e papéis, e se há mecanismos
jeto pode ser realizada de forma
para estimular e garantir sua liderança e
participativa para discutir possí-
participação em tomadas de decisão.
veis impactos negativos e gerar
soluções alternativas viáveis.
53
Apostila | Elaboração de Projetos
Com o objetivo de trazer análises organização, e a identificar lacunas
sensíveis a gênero para os estu- e restrições que as impedem de
dos de cadeias de valor, propor- avançar em suas carreiras. A apli-
cionando ferramentas práticas, a cação desses métodos pode bene-
“Caixa de ferramentas de gênero ficiar e empoderar mais mulheres
– Ferramentas para o desenvolvi- em seus trabalhos no campo ou
mento de cadeias de valor sensí- nas organizações.
veis ao gênero” (Fair & Sustainable
Consulting, 2019), foi desenvolvi-
da pela Fair & Sustainable Consul-
ting, em 2019, com versão brasi-
leira adaptada em colaboração
com o Projeto Mercados Verdes e
Consumo Sustentável (GIZ/Mapa
com o apoio do Consórcio Eco
Consult/IPAM).
54
Apostila | Elaboração de Projetos
Lista de presença da oficina de “Elaboração de projetos”
Nome do Organização / Contato/
Gênero Idade Assinatura
participante Comunidade email
As cooperadas
Exemplo 2: Entrevistas com um número
aumentam sua renda
Geração de renda representativo de mulheres
média mensal baseada
para as mulheres cooperadas. Levantamento
na cadeia do pescado
da cadeia do da renda e fontes de renda
em 30% em 3 anos
pescado e/ou (atualmente/antes do
(situação inicial: 800,00
mariscos projeto e depois de 3 anos)
reais/mês)
30 jovens de 18 a 25
Exemplo 3: Criar anos atuam ativamente
oportunidades no programa para
Registro das cooperativas,
profissionais aprendizes voltado para
entrevistas com diretorias
para jovens na a comercialização da
comercialização cooperativa em um ano
(situação inicial: 2 jovens)
55
Apostila | Elaboração de Projetos
DADOS BIBLIOGRÁFICOS
CDC. 1980. Convenção Sobre os Direitos das Crianças. Disponível em: https://
www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca#:~:text=A%20
Conven%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20os%20Direitos,Foi%20ratificado%20
por%20196%20pa%C3%ADses.
DUDH. 1948. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: https://
brasil.un.org/pt-br/91601-declaracao-universal-dos-direitos-humanos.
56
Apostila | Elaboração de Projetos
KELLEY, Daniel Q. - Dinheiro para Sua Causa - TEXTONOVO. 1995
McKinsey & Co. 2015. The power of parity: How advancing women’s equality can
add US$ 12 trillion to global growth. Disponível em: https://www.mckinsey.com/~/
media/mckinsey/featured%20insights/employment%20and%20growth/how%20
advancing%20womens%20equality%20can%20add%2012%20trillion%20to%20
global%20growth/mgi%20power%20of%20parity_full%20report_september%20
2015.pdf.
57
Apostila | Elaboração de Projetos
Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal - 1998
ONU News. ONU apoia ação para plantar 1 trilhão de árvores no mundo e restaurar
Mata Atlântica no Brasil. Disponível em https://news.un.org/pt/tags/decada-da-
restauracao-dos-ecossistemas.
ONU News. ONU apoia ação para plantar 1 trilhão de árvores no mundo e restaurar
Mata Atlântica no Brasil. Disponível em https://news.un.org/pt/tags/decada-da-
restauracao-dos-ecossistemas.
SILVA, Elisa Marie Sette; PENEIREIRO, Fabiana Mongeli; STRABELI, José; CARRAZZA,
Luis Roberto; Guia de Elaboração de Pequenos Projetos Socioambientais para
Organizações de Base Comunitária – Brasília -DF; Instituto Sociedade, População e
Natureza (ISPN), 1a edição, 2014.
WRI – World Resources Institute Brasil. ONU declara a Década sobre Restauração
de Ecossistemas. 2019. Disponível em https://wribrasil.org.br/pt/blog/2019/03/
onu-declara-dacada-sobre-restauracao-de-ecossistemas#:~:text=Ao%20
reconhecer%20a%20import%C3%A2ncia%20da,hectares%20de%20
%C3%A1reas%20degradadas%20com.
58
Apostila | Elaboração de Projetos
Por meio da: