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HEWIG, Tutz Culmey. A filha do pioneiro/ Tutz Culmey; por Ilga K. Knorr; trad.

Por Ricardo
Meyer. São Carlos: Prefeitura Municipal de São Carlos, 1987.

p. 14: Carlos Culmey, meu pai, nasceu em 19 de junho de 1879, em Neuwied, na Rhenania,
como filho de um militar graduado. Foi ótimo aluno. Aos 15 anos foi confirmado na Igreja
Evangélica de Neuwied. Sua madrinha foi a princesa Elisabeth de Wied, mais tarde rainha da
Rumenia, conhecida como escritora e poetisa sob o pseudônimo Carmen Sylva. Ela admirava o
m eu avô pelos feitos heroicos durante a guerra conta a França no ano de 1870

Carlos Culmey recebeu seu diploma de Engenheiro Civil aos vinte anos, estudando após
mineralogia. Depois da conclusão deste curso, conheceu Luise von Michaelis, de antiga
nobreza alemã. Apesar da resistência de ambas as famílias, os jovens noivaram. Culmey, fiel ao
seu proposito de emigrar, resolveu viajar ao Brasil. Após conhecer de perto este país, voltou
rapidamente a sua pátria, convencendo sua noiva de segui-lo ao novo mundo. Viajou e um
pouco mais tarde, na companhia de um casal conhecido, minha mae chegava a Porto Alegre,
onde meus pais se casaram no Consulado Alemão.

Na sua índole altruísta não se deu conta de que havia agido com pouca responsabilidade.
Deveria pensar em primeiro lugar em sua família.

P. 17

Cito aqui em ordem cronologia todas as colônias fundadas por meu pai, Carlos Culmey,
durante sua longa atividade de colonizador.

No Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, 1901.

Serro Azul – hoje Cerro Largo

Boa Vista (Santo Cristo)

Sete de Setembro – entre 1916 e 1918

Missiones, Argentina, 1919

San Alberto

Cunha Porã

Puerto Rico

Capiovy

Monte Carlo

Santa Catarina, Brasil, 1926

Palmitos

São Carlos

São Domingos

Iracema (hoje Riqueza)

Aguinhas

Cunha Porã
Saudades

Pinhalzinho

Maravilha

p. 54

Papai não era amigo do latifúndio. Seu interesse era voltado aos pequenos agricultores. Quase
todas as colônias que fundou, tinham entre 25 e 27 hectares. Organizava-as de tal forma, que
cada uma tinha seu abastecimento de agua. Isto garantia satisfação e progresso.

Às mulheres dos pioneiros seja aqui consignado um voto de louvor. (paragrafo para isso)

p. 59

Desta vez foi para Santa Catarina, onde iniciou em Cascalhos, como novo alento e disposição.
Neste gigantesco país, poderia desempenhar bem sua tarefa. Quando assumiu a nova
colonização, em junho de 1926, era novamente o grande, seguro conquistador de uma terra
virgem, a ser lavrada e cultivada.

Em seu diário escreveu, como sempre, apenas algumas poucas palavras, profundamente
impressionado. Foram as seguintes: “a primeira noite em Cascalhos, no dia 16 de junho. Tive
um pesadelo. Vi um esquife”. Nada mais. No dia 16 de maio de 1939 morreu num acidente
naquele lugar.

P66

O castelinho no rio Uruguai.

Durante os anos em que papai fundou as colônias Palmitos, São Domingos, Iracema e São
Carlos, resolveu mudar a sede para Passarinhos, onde estaria menos envolvido com os outros
e teria mais liberdade de ação.

Foi assim que o seu antigo sonho, de ter o castelinho no Rheno, tornou-se realidade em solo
brasileiro. Lá estava ele, no alto do morro, às margens do Rio Uruguai, dominando a
encantadora paisagem. A moradia, em estilo de castelo, tinha 20 quartos, todos em cedro. As
colunas de mármore qu sua filhinha queria construir em Monte Carlo, papai mandou fazer em
madeira, chamada “pau-de-ferro”. A casa era cercada por terraços, adornados de roseiras, que
davam até o rio. O acesso do porto até a casa, chamada pelos habitantes da redondeza de
“castelo”, era moldurado dos dois lados por ameixeiras. Mamãe havia plantados os caroços ao
retornar da nossa famosa lua-de-mel. Eram das ameixas que saboreamos durante a viagem. Já
os havia plantado em Cascalhos, e por ocasião da construção da nova casa, transplantou as
mudas ao longo do caminho.

P83

Passaram-se 3 dias até que chegasse a noticia arrasadora.

Papai foi encontrado morto as margens do ri Uruguai, perto da fronteira com a Argentina.

Walter foi resgatado em Porto Feliz.

p. 86
uma das maiores decepções da minha vida foi o que se seguiu à venda do “castelinho”.
Consenti na venda após receber a promessa de que tudo ficaria como papai o tinha idealizado,
os terrações, os jardins e tudo o mais. Só assim me convenceram de desfazer-me do meu
amado “castelo”. E qual foi minha supresa após a vneda? Vendi por um preço irrisório , porque
confiava na promessa do comprador, que além do mais não podia pagar o preço
anteriormente estabelecido. Logo após a escritura fiquei sabendo que o comprador vendeu a
propriedade por uma preço muitas vezes superior. Mas, como tanta coisa na vida, tive que
superar também esse desgosto, esquecendo o quanto antes, o que nçao tinha outra solução.

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