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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA

VIRMOND - PARANÁ

100 ANOS DA COLÔNIA AMOLA FACA – 1921/2021


MUNICÍPIO DE VIRMOND RUMO AO CENTENÁRIO

Geraldo Zapahowski

Os 100 anos a que se faz referência no título dizem respeito à data de 27 de maio de 1921,
quando Ladislau Radecki e outros membros da Sociedade Colonizadora do Paraná, assinaram
contrato de compra e venda com o fazendeiro proprietário da Fazenda Amola Faca, Coronel
Ernesto Frederico de Queiroz, casado com Carolina Virmond, genro de Frederico Guilherme
Virmond Júnior.

No dia 3 de março de 1921 (Jornal Świt), começam aparecer as primeiras publicações de


propagandas para colonizar a Fazenda Amola Faca.

Jornal Świt nº 14 − p. 5 − dia 3 de março de 1921

Terra a escolher
com erva-mate e para plantação

Terra à venda
em Guarapuava
Informações: Ladislau Radecki, Guarapuava - Paraná

Loteamento de fazenda
18.000 alqueires

Assim foram chegando as primeiras famílias dos pioneiros, originárias em sua maioria do próprio
Estado do Paraná, sendo: Curitiba, São Mateus do Sul (Colônia Água Branca), Prudentópolis, Irati
e em menor número de algumas colônias do Estado do Rio Grande do Sul.

De acordo com o jornal Lud nº43 – página 6 do dia 15 de junho de 1937, no artigo “História da
colônia polonesa Amola Faca – Dificuldades iniciais. Hoje uma florescente e rica colônia”,
os primeiros colonizadores a chegarem em Virmond foram: no dia 25-5-1921 Adão Wasiak, de
Treze de Maio – RS; seguem os seus passos os senhores Francisco e Valentim Mierzwa, da
colônia Nova Polônia – Campo Largo - PR, Paulo Jagas de Prudentópolis - PR, que depois são
acompanhados por toda uma falange, e em breve toda a colônia começou a povoar-se.

Famílias essas que haviam se desfeito de suas terras por um motivo ou outro, pois as vinham de
colônias formadas no final do século XIX, com 50 anos de existência, as quais já estavam
povoadas, não tendo mais terras para os filhos e netos dos colonizadores. Os poloneses por
natureza sempre estão em busca de maior e melhores propriedades e fazendas.

Radecki como bravo herói engenheiro colonizador foi demarcando e entregando os lotes aos
primeiros que iam chegando à Colônia Amola Faca ou Coronel Queiroz.

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O cônsul Głuchowski (1928, p. 88) escreveu: “Por longos anos seguirão as carroças de nossos
colonos das regiões mais povoadas até a mais distante Amola Faca, ou até Laranjeiras”.

A respeito da saída dos colonos poloneses da Colônia Água Branca de São Mateus do Sul – Pr,
Głuchowski anotou (1928, p. 67): “Mesmo na mais distante colônia polonesa do Paraná, em
Amola Faca, além de Guarapuava, econtram-se cerca de 20 famílias polonesas de Água Branca”.

Com relação à saída dos poloneses de Prudentópolis, o cônsul (1928, p.87) escreveu: “Diversas
famílias de Prudentópolis já se mudaram para Amola Faca, uma colônia polonesa além de
Guarapuava.”

Głuchowski cita Amola Faca como “O amanhã da colonização”, descreve a geografia e a


paisagem do caminho que leva a mais nova colônia polonesa do Paraná (1928, p. 95):

“Quando passa a serra da Esperança e, galgando os seus cumes alterosos,


atravessa alguns quilômetros de mata que cobrem essa serrania, de repente abre-
se diante do viajante o mar dos campos de Guarapuava, onde avultam pitorescos
bosques escuros semelhando enormes navios”. E continua: “Além daqueles que
vêm vindo do lado do mar, já existem alguns que foram bem adiante. Estou falando
de Amola Faca e daqueles que estão fincando balizas para o patrimônio polonês
nos confins da civilização”.

Głuchowski com relação à colonização privada polonesa cita mais uma vez a colônia Amola Faca
e também o engenheiro agrimensor Ladislau Radecki (1928, p. 107):

“O agrimensor Ladislau Radecki contratou com o Coronel Queirós a fazenda Amola


Faca e deu início ao seu loteamento entre os colonos. Até 1923 assentou 100
famílias, entre as quais mais de 20 do Rio Grande do Sul, dando início assim ao
movimento migratório em direção ao Paraná e, por outro lado, criando nos confins
ocidentais do Estado um núcleo polonês, em volta do qual vão gravitar os colonos
poloneses que se espalharam pelos matos de Guarapuava.”

Até meados de 1925, Radecki colonizou toda fazenda, formando a Colônia Amola Faca ou
Coronel Queiroz, estando satisfeito, pois mesmo com todos os contratempos conseguiu concluir
seu trabalho, podendo finalmente se dedicar mais a sua família a sua propriedade.

Noventa e nove anos já se passaram, desde a chegada daqueles que foram os desbravadores de
Virmond. Muita coisa mudou na antiga “Colônia Amola Faca”, nossas casas já não são mais
ranchos de madeira lascada, cobertos com tabuinhas, estamos na fase das casas de alvenaria,
pouco restou da arquitetura dos colonizadores.

Virmond, em 2020 comemorará 30 anos de emancipação política, a composição étnica dos seus
habitantes mudou bastante, hoje também temos em nosso meio, descendentes de: ucranianos,
italianos, alemães, russos, africanos, etc. Mas ainda somos em maioria descendentes de
poloneses, filhos, netos e bisnetos da antiga “Colônia Amola Faca”, frutos da semente lançada
em 1921 pelo “Pai da colonização polonesa em Virmond”, o Engenheiro Agrimensor Ladislau
Radecki e dos que aqui primeiro chegaram.
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O núcleo colonizatório cresceu, hoje temos em Virmond toda uma estrutura administrativa
montada. O trabalho do Radecki e dos pioneiros deu bons frutos, agora nos resta honrar suas
memórias e preservar o patrimônio e o legado deixando por eles. Também temos que deixar
nossas marcas para o horizonte das futuras gerações.

Referências:
GLUCHOWSKI, Kazimierz. Os poloneses no Brasil: subsídios para o problema da colonização polonesa
no Brasil. Porto Alegre: Rodycz & Ordakowski, 2005.
Emigracja polska w Brazylii – 100 lat osadnictwa. Warszawa: Ludowa Spóldzielnia Wydawnicza, 1971, p.
115-118.
Jornal LUD, Nº27, 1921. Curitiba – Pr.
Jornal LUD, Nº43, 1937. Curitiba – Pr.

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100 ANOS DE COLONIZAÇÃO DA FAZENDA AMOLA FACA


MUNICÍPIO DE VIRMOND – PR
COLONIZAÇÃO POLONESA NO ESTADO DO PARANÁ

Geraldo Zapahowski

O Município de Virmond localiza-se no Centro-Oeste do Paraná, na microrregião de Guarapuava,


distante 345km de Curitiba.

Etimologicamente a origem do nome do Município vem do sobrenome Virmond, dado em


homenagem a família do coronel Frederico Guilherme Virmond (nascido em 1791 e morto em
1876), prussiano que estudou medicina em Berlim e contribuiu para a construção da Cadeia
Velha e da Fundação da Sociedade Harmonia Lapoense da cidade da Lapa. O médico e pintor
Virmond comprou a fazenda Amola Faca em 1852, no então município de Guarapuava, embora
continuasse a morar na Lapa.

O significado do nome “Virmond” vem da forma afrancesada do germânico “Wemund” ou


“Warmund”, significando proteção ou protetor. Ou do francês de origem geográfica “Vermond”,
monte verde.

Embora possua como denominação um sobrenome de origem alemã-francesa, o Município é uma


forte concentração de famílias de origem polonesa. A maioria de sua população descende dos
imigrantes poloneses da Colônia Amola Faca ou Coronel Queiroz, com uma pequena mescla
de ucranianos.

Em 1920 o primeiro cônsul da República da Polônia, Kazimierz Głuchowski, deu início à


formação de uma sociedade colonizadora no Paraná. Numa reunião realizada em Curitiba, as
pessoas reunidas chegaram a um entendimento sem restrições. Para a colonização, estavam
previstas áreas no planalto de Guarapuava, e a missão de explorador foi confiada a Władysław
Radecki.

Władysław Radecki viajou a Guarapuava com uma carta do ex-presidente do Paraná Afonso
Camargo e realizou as negociações preliminares.

Foram-lhe propostas para escolha áreas em Chagu, Candói e Catanduvas, bem como entre os
rios Cantavi e Iguaçu (no ponto onde o rio Iguaçu desemboca no rio Paraná).

Das áreas que lhe haviam sido oferecidas, Władysław Radecki escolheu a última, situada 75 a 90
quilômetros de Guarapuava. As terras ali eram boas, e havia abundância de rios e riachos.

A respeito da escolha feita foi avisado Kazimierz Głuchowski, que em breve viajou a Guarapuava
juntamente com Franciszek Łyp. Eles visitaram a área e aceitaram a escolha, após o que foi
assinado o contrato com o proprietário Coronel Ernesto Frederico de Queiroz, genro de
Frederico Guilherme Virmond Júnior.

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De acordo com o Jornal Lud nº43 – página 6 do dia 15 de junho de 1937, no artigo “História da
colônia polonesa Amola Faca – Dificuldades iniciais. Hoje uma florescente e rica colônia”,
o fazendeiro Coronel Queiroz entregou a fazenda para revenda, contando 18.000 alqueires de
terra, ao preço de 30-45$000 (trinta a 45 mil réis) por alqueire. A sociedade aprovou esse projeto
e começou rapidamente a pôr mãos à obra elaborando um contrato oficial. De todo o complexo
de terra, os agrimensores encontraram apenas 8.600 alqueires.

O jornal Lud começa a fazer uma intensa propaganda a respeito das novas e férteis terras no
distante oeste. Graças a essas notícias, vêm os primeiros destemidos pioneiros da selva do
Rio Grande do Sul: no dia 25-5-1921 o Sr. Adão Wasiak, de Treze de Maio; seguem os seus
passos os senhores Francisco e Valentim Mierzwa, da colônia Nova Polônia – Campo Largo -
PR, Paulo Jagas de Prudentópolis - PR, que depois são acompanhados por toda uma falange, e
em breve toda a colônia começou a povoar-se.

O contrato foi assinado no dia 27 de maio de 1921 por Radecki. Além dele, isso devia ser
feito por mais um membro da sociedade.

Ainda de acordo com o mesmo artigo do Jornal Lud, o Sr. Queiroz ressalvou que a sociedade
pagaria as medições, todas as estradas e pontes e, além disso, que seu filho, o engenheiro
Aristides Virmond de Queiroz, faria o perímetro. E para isso havia necessidade de dinheiro. No
início o Senhor Głuchowski contribuiu com a importância de 500$000 nessa crise financeira, o
Senhor Ladislau Kaminski prometeu entrar com 20 mil-réis, mas na hora agá ele depositou
apenas 10 mil para a assinatura do Senhor Radecki e a garantia de Głuchowski, com a condição
de que ele seria o caixa. Utilizou todo esse capital para o início dos trabalhos. No entanto, na
medida em que os migrantes iam afluindo, o caixa inchava ou diminuía. Em todo o caso, por uma
estranha coincidência, sempre havia dinheiro suficiente para a colonização ir adiante.

O Senhor Radecki prosseguiu com a colonização até 1929, apenas com base na palavra de
honra que havia dado ao Senho Queiroz. Foram expedidas 258 escrituras para os lotes.

Os agrimensores da colônia foram Ricardo Szoebek, que, tendo aprendido a profissão sob a
enérgica supervisão do Senhor Radecki, atormentado pela vida, algum tempo depois encerrou a
vida num dos cafés curitibanos.

O outro foi Guilherme Miller, que prestou à colônia excelentes serviços. Por algum tempo
trabalhou também Miecislau Nostitz-Jackowski, sargento do exército polonês, mas em breve
seguiu os passos do seu colega e combatente na guerra, suicidou-se com um tiro no coração no
dia 24 de junho de 1926, estando sepultado no Cemitério Municipal de Virmond.

O primeiro médico da colônia foi o Dr. Józef Czaki (tem biografia e fotografia na Casa da
Memória), e o primeiro comerciante − Alexandre Majewski Filho.

O último parágrafo do artigo de 1937 do jornal Lud, encerra com:

“Hoje, após 16 anos de trabalho, a colônia se encontra em estado florescente. Em geral todos os
moradores são bravos e bem estabelecidos cidadãos, aos quais não falta nada, além de uma
comunicação mais próxima com a estrada de ferro. A respeito da opulência deles testemunham as
grandes propriedades, uma bela e grande igreja, a Sociedade Agrícola e a escola, que a partir do Ano-
Novo será dirigida pelas Irmãs da Caridade. Na realidade a colônia se encontra por enquanto num lugar

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pouco apropriado, mas, se Deus quiser, em breve estará numa posição melhor, mais digna e adequada a
Amola Faca”.

O artigo é assinado apenas com as inicias de: Pe. L. B. (com certeza foi escrito pelo padre Ludovico
Bronny).

A função de diretor da colonização, e ao mesmo tempo administrador, construtor de estradas e


pontes, contador, secretário, etc. era exercida na área contratada por uma única pessoa, a saber,
novamente Władysław Radecki. Além disso, ele devia ainda fazer a propaganda ou enviar a
Kazimierz Głuchowski, em Curitiba, o material necessário para isso. A propaganda em Curitiba
era dirigida por Kazimierz Głuchowski, juntamente com Franciszek Łyp.

A colônia foi formada por famílias de imigrantes poloneses que estavam espalhados pelo Brasil,
que haviam se desfeito de suas terras por um motivo ou outro, que eram originárias de Curitiba,
São Mateus do Sul (Água Branca), Prudentópolis, Irati e do Estado Rio Grande do Sul.

Władysław Radecki emprestou do guarapuavano Władysław Kamiński 10 mil-réis e iniciou o


trabalho com tanto entusiasmo que até o final de 1923 colonizou quase 4 mil hectares, nos quais
se estabeleceram 43 famílias. Ele conseguiu isso graças à posição favorável a essa causa
demonstrada pela imprensa polonesa em Curitiba.

Radecki era auxiliado por sua esposa Gabriela Burtz Radecki, oriunda da Alsácia – França, da
família Burtz, que dominava bem diversas línguas – francês, alemão, polonês e português. Era
uma mulher instruída e bem educada. Se não fosse a ajuda dela, Władysław Radecki não teria
aguentado na colônia, visto que a situação era difícil – em 1924 eclodiu uma revolução, os índios
promoveram um ataque contra as colônias ucranianas nas proximidades de Pitanga e, além
disso, algumas pessoas desencadearam uma forte contrapropaganda contra a colonização por
ele realizada. Ajudou também nos trabalhos da colonização toda a família de W. Radecki, seus
pais e irmãos que vieram morar na colônia em 1921, seu pai, Henryk Radecki era professor de
polonês, Guilherme Miller entrou como ajudante na medição junto com o Dr. Aristides de
Queiroz, que veio para medir o perímetro da Fazenda “Amola Faca”, pois até então ninguém
sabia ao certo quantos alqueires a fazenda possuía. Dr. Aristides, na qualidade de filho do
Coronel Ernesto de Queiroz, fez o serviço de medição da fazenda do início ao fim. Enquanto
Władysław Radecki, morava em Guarapuava, até 1922, deixou Guilherme Miller como engenheiro
responsável pela venda e medição dos lotes da fazenda, já que este tinha noção sobre medição.

Algum tempo depois Kazimierz Głuchowski e Franciszek Łyp viajaram à Polônia, e Władysław
Radecki ficou sozinho. Sobreviveu à revolução e aos ataques e, quando tudo se acalmou, levou
adiante o seu trabalho. O médico Józef Czaki foi contratado para atender num ambulatório
construído pela sociedade colonizadora.

Na área colonizada surgiu uma paróquia polonesa e algumas escolas polonesas. A primeira
escola surgiu em 1923 e a primeira igreja em 1927, período em que chegou à localidade o padre
Paulo Schneider, juntamente com irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, que
chegaram em 1937.

No início da colonização da Fazenda Amola Faca, na Polônia, as terras permaneciam nas mãos
de latifundiários, nas fábricas pertencentes a pessoas de diversas nacionalidades os operários

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eram explorados sem escrúpulos ou era reduzida a produção. Veio a estagnação, faltava
trabalho. Decidiu-se então enviar grandes contingentes de pessoas para além do oceano. Com
esse objetivo, a fim de examinar o terreno, vieram ao Paraná o Conde Gawronski e o Duque
Lubomirski. Juntamente com o Cônsul Zbigniew Miszke, eles viajaram depois a Guarapuava, e
dali à Colônia Amola Faca – Virmond. Esses senhores gostaram da organização da colônia, por
isso convenceram Władysław Radecki a elaborar um projeto adequado e a apresentá-lo à
Sociedade Emigratória, dirigida então por B. Gilczynski, bem como a algumas pessoas influentes.

Estas foram as primeiras pessoas a comprar os primeiros lotes de terra na Colônia de Amola
Faca ou Colônia Coronel Queiroz, em 1921:
1 - Władysław Radecki, 2 - Piotr Walicki, 3 - Józef Jasiński, 4 - Władysław Jasiński, 5 - Walenty
Jasiński, 6 - Franciszek Mierzwa, 7 - Walenty Mierzwa, 8 - Józef Warchoł, 9 - Jakób Szychta, 10 -
Marcin Belinowski, 11 - Józef Telasko, 12 - Józef Grzyszczyszyn, 13 - Józef Wasiak, 14 -
Katarzyna Chmielowska, 15 – Dr. Józef Czaki, 16 - Walenty Jasiński, 17 - Jan Jasiński, 18 -
Szczepan Jagas, 19 - Michał Lisowski, 20 - Adam Wasiak, 21 - Adam Frydryszewski, 22 - Walenty
Mierzwa, 23 - Franciszek Wojdyła, 24 - Paweł Leniewicz, 25 - Andrzej Frydryszewski, 26 -
Franciszek Kochanowski, 27 - Józef Miński, 28 - Sylwester Wojdyła, 29 - Franciszek Karmański,
30 - Władysław Karmański, 31 - K. Kasan, 32 - Aleksander Rabel, 33 - Bernard Gurkowski, 34 - J.
Półchołopek, 35 - Jakob Michałowicz, 36 - Wawrzyniec Michałowicz, 37 - Jan Chruściński, 38 -
Kazimierz Kochanowski, 39 - Stanisław Dąbrowski, 40 - Aleksander Malinowski, 41 - A. Paliński,
42 - Paweł Paliński, 43 - Michał Radłowski, 44 - Józef Rolak, 45 - Stefan Chociaj, 46 - Stanisław
Zawadzki, 47 - Michał Zimbros, 48 - Jan Wojciechowski, 49 - Adam Frydrych, 50 - Józef Grad, 51
- Józef Kłaczyk, 52 - Klara Rolakowa, 53 - Dr. Arystydes Queiroz, 54 - Adam Frydrych, 55 - Paweł
Pietrzak, 56 - Jan Pilarski, 57 - Aleksander Radecki, 58 - Henryk Radecki, 59 - Dr. Józef Czaki e
A. Kawecki, 60 - Celuśniak, 61 - A. Łukasiewicz, 62 - Michał Józwiak, 63 - Władysław
Buszkiewicz, 64 - Józef Pietrzak e 65 - Marcin Krakowski. (Os números correspondem aos
primeiros lotes vendidos da Fazenda Amola Faca).

Referências de pesquisa:

Emigracja polska w Brazylii – 100 lat osadnictwa. Warszawa: Ludowa Spóldzielnia Wydawnicza, 1971, p. 115-118.
http://citybrazil.uol.com.br/pr/virmond/historia-da-cidade
http://iarochinski.blogspot.com/2008/05/inaugurada-casa-da-memria-em-virmond.htm
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WŁADYSŁAW RADECKI
“PAI DA COLONIZAÇÃO POLONESA EM VIRMOND”

Geraldo ZAPAHOWSKI

LADISLAU RADECKI

Navio “Alcantra” que trouxe Ladislau para o Brasil Ladislau Radecki

A biografia de Ladislau Radecki foi escrita por sua filha, Alice Radecki Lima, conforme o texto
abaixo:
“Ladislau Radecki nasceu no dia 27 de maio de 1889, em Varsóvia, Polônia. Sendo filho de
Henryk Radecki e Isabel Olchowski Radecki.
Em sua Terra Natal, formou-se em engenharia arquitetônica e antes da Primeira Guerra Mundial,
usando uniforme russo, ultrapassou a fronteira da Rússia, passou pela França e Portugal, em
1909, desembarcou em terras brasileiras no Porto da Ilha das Flores no Rio de Janeiro. De lá veio
para Curitiba, fixando residência no Bairro Afonso Pena. Depois de ter arrumado emprego,
Ladislau trouxe ao Brasil seus pais Henryk e Isabel, também seus irmãos Estefano, Henryk, José,
Sofia, Alexandre e Tadeu, esse com dois anos de idade.
A família de Henryk Radecki desembarcou no Porto de Santos, dali deslocaram-se para Curitiba
no Bairro Afonso Pena, adquirindo uma chácara próxima a família do Senhor Gustavo Alberto
Burtz.

Família Radecki no Brasil, pais e irmãos de Ladislau.

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Em Curitiba, Ladislau continuou trabalhando na área de engenharia, quando o Governo do


Estado do Paraná fez licitação para construção da Universidade Federal do Paraná, o desenho
da planta de Ladislau foi escolhido, mas como ele era um estrangeiro, não era permitido assinar
projetos, foi aí que ele vendeu a planta da Universidade para seu amigo Francisco Beltrão. Existe
um artigo escrito por Maria Luiza Merkle, no Jornal Gazeta do Povo, sobre o assunto. Com o
dinheiro ganho pela planta da universidade, Ladislau constitui família, casando-se com Gabriela
Maria Josefina Burtz, filha de seu vizinho Gustavo Arberto Burtz e Maria Ana Josefina Burtz,
imigrantes franceses da localidade de Alsacia, que vieram ao Brasil também no ano de 1909, com
desembarque no Porto da Ilha das Flores, Rio de Janeiro.

Ladislau e outros Engenheiros que participaram na Licitação do Desenho da Planta da Universidade Federal do Paraná.

Ladislau e Gabriela casaram-se no dia 20 de setembro de 1917, moraram durante um ano em


Curitiba, depois foram trabalhar em Santa Catarina, na ferrovia que ligava o Estado do Paraná ao
Estado de Santa Catarina, morando em Cruzeiro do Oeste, nesse lugar conheceram o
Engenheiro Dr. João Rysycz e vieram a Guarapuava no ano de 1920, onde Ladislau morou até
1922, nesse meio tempo foi procurado pelo consulado Geral da Polônia, com o qual ele mantinha
relacionamento constante para saber de seus familiares que ficaram na Polônia. O cônsul
Casemiro Gluchowski pediu a Ladislau para procurar terras boas para colocar os imigrantes
poloneses que estavam dispersos pelo Sul do Brasil. Ladislau conhecia as famílias de Aníbal
Virmond e do Coronel Ernesto Frederico de Queiroz e de comum acordo comprou a fazenda
Amola Faca, uma das muitas que possuíam. Como a fazenda era herança de sua esposa Dona
Carolina Virmond, foi dado o nome de “Colônia Amola ou Coronel Queiroz” para a Colônia como
um todo. Ao centro da colônia, chamado de Vila, deu-se o nome de “Virmond”, em homenagem a
Carolina Virmond e aos antecessores.
Hoje, a Colônia Amola Faca ou Coronel Queiroz é o Município de Virmond, apenas permanece
com o nome de “Colônia Coronel Queiroz”, uma de suas comunidades no no interior do Município
e “Amola Faca” é o nome de um rio com nascente na propriedade do Senhor Pedro Wasiak, o
qual desce e desagua no Rio Taperinha. Na colonização, nasceram as comunidades de Linha
Cavernoso, Lagoa Bonita, Restinga, Amola Faca, Rio Tapera e Campo das Crianças.
Em 1921 os pais de Ladislau Radecki e seus irmãos vieram para Colônia Coronel Queiroz, seu
pai, Henryk Radecki era professor de polonês, sua irmã, Sofia Radecki, casada com Guilherme
Müller, entrou como ajudante na medição junto com o Dr. Aristides de Queiroz, que veio para
medir o perímetro da Fazenda “Amola Faca”, pois até então ninguém sabia ao certo quantos
alqueires a fazenda possuía. Dr. Aristides, na qualidade de filho do Coronel Ernesto de Queiroz,
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fez o serviço de medição da fazenda do início ao fim. Depois Ladislau Radecki deixou Guilherme
Miller como responsável pela fazenda, já que ele tinha noção sobre medição.

Ladislau, sua esposa Gabriela e seu filho primogênito.

Ladislau continuou morando em Guarapuava até maio de 1922, depois veio também para Colônia
Amola Faca ou Coronel Queiroz, fixando sua propriedade nas margens do Rio Cantagalo, que
mais tarde montou uma serraria, com a qual não teve êxito, pois os colonos gastavam todo
dinheiro na compra de terras e construíam suas casas com tábuas de madeira lascada de
pinheiro.
Construindo-a com seus recursos, a madeira para construção da escola veio de Guarapuava,
trazida por carroça de cavalos.
O terreno do cemitério foi doado em parceria pela família Virmond e Queiroz. O Coronel Queiroz,
sendo ateu, não permitiu a escritura deste local para ninguém, ali todos tinham direito ao
descanso eterno, não separando classes e religiões.

Serraria em Virmond, 1926. Um dos muitos pinheiros que existiam


na propriedade de Ladislau Radecki.

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Quando a documentação da colonização de Virmond estava concluída, foi encaminhado para o


devido registro na cidade de Guarapuava, na travessia do Rio Coitinho, que na época não tinha
ponte, só balsa, o carro que levava os documentos caiu no rio, perdendo-se todos os
documentos, mas como os colonos proprietários tinham suas cópias o problema foi resolvido.
Como o passar dos tempos teve pessoas na Colônia de Virmond, que pediram nova medição
judicial, todos os colonos que tinham a documentação legal ficaram muito revoltados por terem de
pagar essa medição.
Ladislau, juntamente com sua esposa Gabriela vieram morar na Colônia Amola Faca ou Coronel
Queiroz, com três filhos, Dagmar com 04 anos, nascida em 05 de agosto de 1918, Polan Casimiro
com 02 anos, nascido em 04 de abril de 1920 e Renê Vitoldo com 03 meses, nascido em 03 de
fevereiro de 1922. Na Colônia nasceram Iracema Vanda, em 06 de novembro de 1926, Silvia
Gabriela, em 04 de janeiro de 1936 e Alice, em 1º de outubro de 1939.
Ladislau levava uma vida simples ao lado de sua esposa e filhos, liam bastante, tinha uma vasta
biblioteca em vários idiomas, polonês, francês, alemão, russo, suiço e português. Houve uma
grande mistura de idiomas, pois Gabriela nasceu na França, mas como os alemães tinham
domínio da região da França onde morava, ela teve que aprender alemão. Quando veio ao Brasil
teve que aprender o português; como casou-se com um polonês, aprendeu também o idioma
polonês, o qual após seis anos de casamento já dominava fluentemente. Seu pai Gustavo Alberto
Burtz, em seu segundo casamento, casou-se com uma suíça, assim Gabriela acabou aprendendo
mais uma língua, falando, lendo e escrevendo em 05 idiomas. Meu pai Ladislau, por sua vez,
sendo polonês, aprendeu também a Língua Russa, devido ao domínio que a Rússia tenha no
território polonês. Ele sempre era a favor do progresso, seu maior sonho era ver a geração
polonesa tendo melhor nível de instrução.

Casa de Ladislau na década de 1930.

Alice sobre seu pai revelou: “Meu pai se sentiria muito feliz e compensado em ver agora os filhos
dos colonos poloneses de Virmond, formando em diversas profissões, médicos, odontólogos,
técnicos, advogados, veterinários, professores, etc.”

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Continua Alice: “Minha mãe falava que a vizinha Waszak, não sabia ler e nem escrever, mas ao
vender ovos, feijão e outros mantimentos, ela fazia a conta de cabeça mais rápido que qualquer
calculadora e se tivesse oportunidade de estudar, seria um verdadeiro gênio”.
Diz Alice: “Meu pai tinha muito apreço e respeito com muitas famílias de colonos, que embora de
camadas sociais menos favorecidas, eram justas, honestas, dignas e muito sábias nas decisões
da vida, coisas que muitas vezes gente estudada não tem. Eles honravam com sua palavra”!

Família de Ladislau Radecki em 1942.

Ladislau era conhecedor da História das Religiões, os padres freqüentavam sua casa e eram
muito amigos dele, mas ele não ia na igreja, não era adepto a religião específica.
Conta Alice: “Para meu pai, Deus era uma força maior que rege o mundo, Deus está em toda
parte, inclusive em cada pessoa, em cada coração, conforme o amor a Deus é o seu modo de
reagir ao cotidiano da vida”.
“Meu pai sempre dizia que precisa fazer um exame de consciência antes de praticar as coisas, se
elas foram nocivas a você, não os faça ao seu próximo. Ele era muito justo na sua vivência,
achava no seu ego que ir confessar-se com o padre e voltar a praticar os mesmos erros, não
seria o ideal na vida”.
“O seu dia de maior respeito era a Sexta-feira Santa e o Natal, minha mãe um mês antes do Natal
já começava os preparativos, fazia bolos de mel e enfeitava o pinheirinho na véspera de 25 de
dezembro, ficava um perfume no ar da casa, tudo era feito com muito requinte. Meu pai há 50
anos já protegia a natureza, os pinheirinhos só eram cortados as árvores que estivessem em
duplas ou por outro motivo. No Natal cantavam “Noite Feliz” em Polonês, a avó Isabel fazia
questão de entoar os cantos natalinos. O dizer mais frequente do meu pai era: “Iluminemos a
geração presente para a grandeza do futuro”, inclusive ele deixou um quadro que do meio da
escuridão surge um ser iluminando o caminho de uma criança, ler e estudar era o seu lema,
elevar seu conhecimento ao máximo possível.

Primeiro carro de propriedade de Ladislau em 1923.

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A família de Ladislau ainda guarda muitos objetos deixados por ele, como: seu estojo de
engenheiro, uma cápsula de bala de canhão, estojo de afiar navalhas, uma tela de um quadro
que comprou na França e muitos outros objetos.

Alice Radecki de Lima, filha de Ladislau Radecki, com o estojo


de engenharia do seu pai, datado de 1917, adquirido de
segunda mão.

A comida predileta de Ladislau era Kluszki, ou seja, nhoque em português, repolho e pepino
azedos, tainha assada, polenta com leite e salada de ovos cozidos.
Gabriela, sua esposa, dedicou-se aos filhos e aos afazeres da casa, nunca trabalhou na lavoura,
gostava muito de criar vacas de alta linhagem, porcos, galinhas, tinham um vasto pomar, o qual
sofria com o ataque de formigas, pois na época não havia inseticidas para o controle.
Contribuiram também para o progresso de Virmond, Ricardo Schelbeck, que trabalhou como
engenheiro, Matuchewski, era um excelente marceneiro, Kwiatkowski, que suicidou-se por
problemas mentais, alucinações devido as guerra sofrida na Polônia. Tiveram participação
Sluczanowski, Henrique Gonsiorkiewicz e João Bieniek Szewczyk”.

A família Radecki teve grande participação no início da colonização da antiga


“Colônia Amola Faca ou Coronel Queiroz”, atual Município de Virmond,
principalmente com relação à educação e cultura. Henryk Radecki, pai de Ladislau
foi um dos primeiros professores de Língua Polonesa na época da colonização de
Virmond. (Geraldo Zapahowski)

Referência e imagens: Alice Radecki de Lima

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KAZIMIERZ GŁUCHOWSKI – Primeiro Cônsul da Polônia em Curitiba


Geraldo Zapahowski

Kazimierz Głuchowski (Casemiro Gluchowski) nasceu em 1885 em


Kamienna, na Polônia, e faleceu no dia 15/11/1941 em Windsor, no
Canadá.
Frequentou a escola secundária em Chyzow e graduou-se na Escola
Politécnica de Lwów (cidade que hoje faz parte da Ucrânia). Destacou-se
como jornalista, historiador da emigração polonesa e diplomata.
Em 1906, com a idade de 21 anos, migrou para os Estados Unidos, onde
entre 1908 e 1914 foi redator de vários jornais poloneses no Estado de
Massachusetts e posteriormente em Chicago, Cleveland e Detroit.
Em 1914 voltou à Europa para se juntar às “Legiões” polonesas, exército
formado por destacamentos de voluntários que lutavam pela
independência da Polônia, sob o comando de Józef Pilsudski. Ainda nos
Estados Unidos, Głuchowski estava envolvido na formação dessa força
militar. Com o fim da guerra e a independência da Polônia, voltou aos
Estados Unidos e continuou a sua atividade de jornalista.
No final de 1919 foi nomeado cônsul da Polônia em Curitiba, com jurisdição para todo o Sul do Brasil.
Tomou posse desse cargo no dia 01/01/1920, assumindo do consulado da Áustria a documentação
referente aos poloneses e organizando o consulado da Polônia.
A vinda do cônsul Głuchowski a Curitiba foi uma grande festa. Na estação ferroviária ele foi recepcionado
por uma multidão de quatro mil pessoas. O discurso de saudação foi pronunciado pelo Dr. Simão
Kossobudzki.
Como titular do consulado, Głuchowski realizou uma série de viagens pelos Estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul a fim de familiarizar-se com as condições de vida dos colonos poloneses ali
residentes. Conheceu de perto a realidade das colônias polonesas no Brasil. Logo após tomar posse em
1921, formou uma sociedade de colonização no Paraná junto com Franciszek Łyp e Władysław Radecki.
Mesma colonizadora responsável pela venda dos lotes da antiga Fazenda Amola Faca. O Cônsul
Głuchowski juntamente com Franciszek Łyp, visitaram Virmond antes mesmo de Radecki dar início a
venda dos lotes, para verificar a área e aceitar a escolha, após foi assinado o contrato de venda da
Fazenda Amola Faca com o proprietário Coronel Ernesto Frederico de Queiroz e família Virmond.
Após deixar a chefia do consulado no dia 21/05/1922, dedicou-se à redação de seu trabalho sobre os
poloneses no Brasil.
Quando voltou à Polônia, em 1928, Głuchowski desenvolveu vários projetos, escrevendo sobre as colônias
polonesas espalhadas além do mar.
Durante a Segunda Guerra Mundial transferiu-se ao Canadá, onde faleceu em 1941.

Referências:
GLUCHOWSKI, Kazimierz. Os poloneses no Brasil – Subsídios para o problema da colonização polonesa
no Brasil; tradução de Mariano Kawka
Porto Alegre: Rodycz & Ordakowski Editores, 2005.
Fotografia: Kalendarz Ludu, 1937, p. 35 da biblioteca particular de Mariano Kawka

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PRIMEIRO MÉDICO DA COLÔNIA AMOLA FACA


Dr. JÓZEF CZAKI
Geraldo Zapahowski

Józef Czaki nasceu a 21 de dezembro do ano de 1857 em Sanniki, a


aproximadamente 79km de Varsóvia. Os seus pais Jan e Joanna (da família
Noskowski), obrigados a abandonar o país na época do levante do ano de 1863,
entregaram o sexto filho aos cuidados da família mais próxima. Foi criado na
aldeia “Rokitnica pod Brodnica”, na casa dos seus tios Niemojewski, juntamente
com o filho Andrzej.
Graduou-se em medicina pela Universidade de Varsóvia, em 1879, aos 21 anos
de idade. Na época, a Polônia estava dominada pela Rússia, Prússia e Império
Austro-Húngaro. Varsóvia, onde ele residia, estava sob o domínio da Rússia. Por
esse motivo, em 1904, foi convocado a participar da guerra entre Rússia e
Japão, como coronel médico do exército imperial russo. O então pároco de
Araucária, padre Józef Anusz enviou-lhe uma carta relatando que os cidadãos araucarienses
necessitavam de cuidados médicos. Atendendo ao chamado de Anusz, viajou ao Brasil e fixou residência
em Araucária.
Józef era o médico da colonizadora que comprou as terrenas da Fazenda Amola Faca da família Virmond.
Ele não chegou a morar em Virmond, mas foi proprietário de um dos lotes no início da colonização.
Proprietário do Lote N.º15.
Segundo depoimentos de algumas pessoas de Virmond, o Dr. Czaki, orientava a população de Virmond
com medicamentos e se preocupava muito com picadas de animais peçonhentos, como cobras e
escorpiões, quando vinha à colônia sempre trazia gaiolas para os colonos capturar cobras e levava as
cobras capturadas para pesquisa.
De suas viagens pelo Paraná e pelas colônias, conseguiu rico acervo de zoologia e geologia, que enviava
aos museus polacos. Mantinha contatos com vários países, assinava várias revistas médicas e por esse
motivo recebia os novos remédios lançados nos países europeus.
Várias clínicas curitibanas apelavam freqüentemente aos seus serviços, para conseguir esses remédios de
última geração. Dentre os vários setores de seus interesses científicos, destaca-se a sua tendência em
estudar os répteis brasileiros, notadamente as serpentes. Sabe-se que a incidência de mortes por
mordidas de cobras naquela época era enorme. Mantinha sólidos contatos com cientistas brasileiros do
Rio de Janeiro e São Paulo, notadamente com o Dr. Vital Brasil, descobridor da vacina antiofídica.
Possuía uma extensa e rica biblioteca. Tinha um moderno laboratório em seu consultório onde preparava
os remédios que prescrevia. Faleceu no dia 22 de maio de 1946 e está enterrado no Cemitério Municipal
de Araucária - Paraná.

Referências:
Mário José Gondek e Dominika Mierzwa, pesquisadores da vida do Dr. Józef Czaki Fotografia e biografia
publicada no Blog do Jornalista Ulisses Iarochinski, doutorando na Uniwersytet Jagielloński, de Cracóvia,
na Polônia.

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CELEIRO AGRÍCOLA DA CASA DA MEMÓRIA DE VIRMOND


Geraldo Zapahowski

Os imigrantes poloneses transformaram o Sul do Brasil,


notadamente no Paraná, outrora incultas terras de matas
em celeiros agrícolas. Introduziram novas técnicas de
cultivo, novos instrumentos, novos produtos e mentalidade
agrícola nova para a época. O que mais caracterizou a
imigração polonesa no Paraná e no resto do Brasil foi a
difusão da carroça (wóz ou furmanka), como meio de
transporte. O seu uso gerou o que poderia se chamar de “ciclo da carroça”. Foi a forma abruta da
era do muar e do transporte em lombo de mulas e burros, das tropas, para a era dos transportes
ferroviários. As carroças das quais os poloneses se utilizavam eram parecidas com carroções
russos; o modelo utilizado diferenciava em alguns aspectos típicos poloneses, artisticamente
entalhadas e pintadas em várias cores fortes. Em Virmond predominava as cores verdes com
vermelho.
Primeiramente para dois e posteriormente para um cavalo. A carroça polonesa era bem mais leve
que os carroções que eram pesados e com toldo, proteção para o sol e chuva e em geral
requeriam mais de uma dupla de animais.
A carroça possuía um cabeçalho, na ponta do qual era atrelado o arreamento do cavalo. As rodas
da carroça possuíam uma chapa de aço e raios de madeira. Os fueiros seguravam as paredes. A
carroça podia ser usada para transportar pessoas, quando eram colocados assentos de mola, ou
para transportar cargas de até meia tonelada. Em dias de festa, eram colocados os guizos na
coleira dos cavalos.
Antes da introdução do carroção russo e da carroça polonesa, o meio de transporte usado era o
cargueiro feito no lombo dos muares e cavalos e o carro do boi, com duas rodas altas, cujo
transporte era bem mais lento.
Até pode parecer nostálgico ou pitoresco para os mais jovens, mas para os mais antigos de
qualquer região de descendentes dos imigrantes poloneses a carroça fez parte de todos os
momentos mais importantes da vida desses polacos. A carroça da época significava muito mais
que hoje o automóvel ou o caminhão e os mais jovens ficam sem acreditar que a carroça tinha
sua placa como os automóveis têm hoje (veja carteira de carroceiro de Francisco Trocki na Sala

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dos Pioneiros na Casa da Memória, ótimo exemplo de documentário). As cores variavam de ano
para ano. E pagava-se pelo emplacamento ou como se dizia: "o imposto da carroça".
Os pioneiros de Virmond fizeram muitas e muitas viagens de carroças a cidades maiores como
Guarapuava e Ponta Grossa, levando produtos da lavoura e trazendo produtos necessários à
subsistência das famílias, como querosene, sal, açúcar, tecidos e outros.
Além da carroça, várias outras ferramentas agrícolas inovaram e aperfeiçoaram o trabalho na
agricultura. Os poloneses foram os principais responsáveis pela introdução dessas ferramentas,
entre as quais encontramos: arado (pług), aradinho de três lâminas (radło), grade retangular
(brona), grade triangular (bronka), carrinho sem rodas puxado por cavalo (sanie), ventilador para
cereais (młynek), foicinha (sierp), costurador de pele curtida (szydło), gadanha (kosa), moedor de
milho (żarna), cambal e picador de palha (sieczkarnia). Construíram tantos instrumentos que com
o passar do tempo foram desenvolvidos em grandes escalas para atender e suprir a necessidade
da população em geral. Os imigrantes de todas as etnias foram verdadeiros engenheiros,
desenvolveram e criaram vários meios para trabalhar e se locomover.
Na casa e no paiol sempre havia o sótão, onde era possível guardar sementes ou feno para o
inverno.
Alguns utensílios domésticos eram típicos: fazedor de manteiga (maslanka), azedador de repolho
(beczka). O krzan, raiz branca amarga usada na Święconka (Cesta para benção dos alimentos
no Sábado Santo), até hoje não possui um termo equivalente em português. No final do verão, o
feno ou papuã era secado e empilhado ao redor de um tronco (klopa) para servir de alimento para
o gado no período do inverno.
Os imigrantes poloneses introduziram sadios hábitos alimentares com o uso do centeio, trigo,
batata, arroz, soja e outros. Plantavam batata-doce, repolho, ervilha, centeio, linhaça, cebola,
alho, beterraba... Mas, ao mesmo tempo, adotaram o modo de cultivo e os produtos típicos da
população local, como o milho, feijão e a erva mate.
Para malhar o trigo ou para descascar o milho no paiol, havia mutirão (pucherão); o qual acabava
em baile. Quando um lavrador, passando pela estrada, enxergava um colega a capinar a lavoura,
levantando o chapéu, bradava: "Deus te ajude!" (Boże pomagai!), ao que o outro respondia:
"Deus te pague!" (Bóg zapłać).
Em cada propriedade, era costume haver uma criação de animais que incluía vaca de leite, touro
e porco para a carne, galos e galinhas para produção de ovos, cavalos para a tração animal. Por
isso, sempre havia estábulo (stajnia), chiqueiro (chlew), galinheiro (kurnik); incluindo residência e

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paiol para depósito e garagens, em cada propriedade rural havia no mínimo cinco construções
cobertas com telhas de tabuinha e de barro. Os animais criados para a defesa da propriedade
eram os cachorros; os gatos moravam no paiol para caçarem os ratos. De vez em quando, no
leilão da festa da igreja, era interessante arrematar um cachaço para poder melhorar a raça da
criação de porcos. O mesmo podia acontecer ao arrematar uma abóbora, um casal de marrecos
ou gansos - para produzir penas para a coberta (pierzyna).
Os poloneses raramente se ocupavam do comércio de uma forma profissional, mas a
necessidade de troca dos produtos agrícolas por outros bens, os levava aos contatos com a
sociedade, exigia a aprendizagem da língua, dos costumes e do sistema das medidas local.
Apesar de sujeita às transformações e processos de assimilação, a família era uma comunidade
de base dos imigrantes poloneses, que geralmente chegavam em famílias.
Os imigrantes poloneses dedicaram-se principalmente à agricultura. O apego e a valorização
dados a terra, levaram os imigrantes e seus descendentes a um processo de compra das próprias
terras, construindo belas propriedades. A contribuição da imigração polonesa no Brasil contribuiu
de forma importante para a modernização da sociedade sul brasileira. Proporcionou o surgimento
de uma classe média rural e urbana, desenvolveu o ciclo rodoviário próprio com o uso da carroça,
apresentando vantagens e contribuindo para a dignidade do trabalho braçal. Os primeiros
colonizadores de Virmond e do Brasil desbravaram as matas com machado, foice e facão. A mata
ia desaparecendo aos poucos e em seu lugar eram construídas casas de tábuas lascadas,
cobertas com folhas de palmeira, capim e com tabuinha lascada.
Os descendentes dos poloneses fixados na região de Virmond e outras cidades do Brasil
abrasileiraram-se, mas preservaram muitos traços culturais. Com a mecanização da lavoura e a
crescente urbanização, a família polonesa foi abandonando o modelo rural tradicional para
assumir as novas tecnologias. Hoje, ainda há muitos filhos, netos, bisnetos e tataranetos dos
imigrantes poloneses morando e tirando o sustento a terra, a mesma terra que nossos
antepassados tiveram que trabalhar o solo bruto que hoje se encontra ainda muito fértil e
mecanizada.

Referências Bibliográficas:
WACHOWICZ, Ruy Christovam. O Camponês Polonês no Brasil, Curitiba - PR, Fundação Cultural, Casa
Romário Martins, 1981
MIKA, Lourenço. http://www.maikol.com.br/subpages/artigo7.htm

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