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Oô...

Trem de Ferro (Manuel Bandeira)


Vou depressa
Café com pão Vou correndo
Café com pão Vou na toda
Café com pão Que só levo
(flashes do comboio e flashes das memórias) Pouca gente
Virge Maria que foi isto maquinista? Pouca gente
(como se houvesse um balanço no comboio, interrompe a Pouca gente...
entoada rítmica do poema)
Remete para a ideia do “pouca terra”
associado ao comboio
Agora sim
Café com pão
 Manuel Carneiro de Sousa
Agora sim
Bandeira Filho foi um poeta,
Voa, fumaça
crítico literário e de arte,
Corre, cerca
professor de literatura e
Ai seu foguista
tradutor brasileiro.
Bota fogo
 Harmonia imitativa, ritmo
Na fornalha
binário, o poema é lido como se
Que eu preciso
fosse uma música (neste caso é o
Muita força
barulho do comboio)
Muita força
 O sujeito poético é um
Muita força
passageiro do comboio e pela
forma que escreve mostra que é
Oô...
alguém iletrado, provavelmente
Foge, bicho
relacionado com a agricultura e
Foge, povo
que foi preso (era um escravo).
Passa ponte
A penúltima estrofe dá a
Passa poste
entender que está fora do seu
Passa pasto
ambiente.
Passa boi
 Encontra-se com pressa e
Passa boiada
ansioso para chegar ao seu
Passa galho
De ingazeira destino, provavelmente a sua
terra.
Debruçada
 É um poema de flashes visuais e
No riacho
de memória- ao mesmo tempo é
Que vontade
um grito de libertação.
De cantar!

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá

Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
uma parte da frase, Não há ninguém que te chame)
Cantiga Partindo-se
(João Ruiz de Castelo Branco) (Camilo Pessanha, Clepsydra)

Senhora, partem tão tristes


meus olhos por vós, meu bem,  É sobre um soldado que está
que nunca tão tristes vistes a marchar, por isso o poema
outros nenhuns por ninguém. é lido com ritmo de marca
militar, transmitindo alegria
Tão tristes, tão saudosos, e energia.
tão doentes da partida,  Os versos são de 5 sílabas
tão cansados, tão chorosos, métricas.
da morte mais desejosos  Toda esta sugestão de força,
cem mil vezes que da vida. vitória e até amor, a certa
Partem tão tristes, os tristes, altura se interrompe (sem,
tão fora de esperar bem contundo, se interromper o
que nunca tão tristes vistes ritmo binário do texto).
outros nenhuns por ninguém.  As duas últimas estrofes
transmitem a ideia de solidão
através da repetição do
advérbio “Ninguém”.
Rufando apressado,  Nos últimos dois versos está
E bamboleado, presente um paralelismo
Boné posto ao lado, perfeito.
(as sílabas “né” e “la” são tónicas)  Há um contraste entre a
Garboso, o tambor alegria inicial e a solidão no
Avança em redor final do poema, mas
Do campo de amor... prevalece a ideia da solidão.
(a palavra “amor” parece estar fora de
contexto)
Com força, soldado!
A passo dobrado!
Bem bamboleado!
Amores te bafejem.
Que as moças te beijem.
Que os moços te invejem.
Mas ai, ó soldado!
(adversativa que marca a interrupção da alegria
inicial)
Ó triste alienado! (iludido, enganado)
Por mais exaltado
Que o toque reclame,
Ninguém que te chame...
Ninguém que te ame... (Elipse- omissão de
Um Sonho. (Eugénio de Castro)

Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...


O sol, o celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...

As estrelas em seus halos


Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Cítolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves.

Flor! enquanto na messe estremece a quermesse


E o sol, o celestial girassol esmorece,
Deixemos estes sons tão serenos e amenos,
Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...

Soam vesperais as Vésperas...


Uns com brilhos de alabastros,
Outros louros como nêsperas,
No céu pardo ardem os astros...

Como aqui se está bem! Além freme a quermesse...


– Não sentes um gemer dolente que esmorece?
São os amantes delirantes que em amenos
Beijos se beijam, Flor! à flor dos frescos fenos...
[...]

As estrelas em seus halos


Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crotalos,
Citolas, cítaras, sistros,
Soam suaves, sonolentos,
Sonolentos e suaves,
Em suaves,
Suaves, lentos lamentos
De acentos
Graves,
Suaves...

Três da manhã. Desperto incerto... E essa quermesse?


E a Flor que sonho? e o sonho? Ah! tudo isso esmorece!
No meu quarto uma luz luz com lumes amenos,
Chora o vento lá fora, à flor dos flóreos fenos...
 Há um convite para que a mulher (representada pela flor) fuja com o sujeito poético.
 Há uma enorme repetição de sons (assonância e aliteração) e de palavras (anáfora)
 Em alguns casos a anáfora pode provocar o paralelismo (estrutura gramatical que se
repete com pequenas alterações)

Poema de Carlos Drummond de Andrade

~
 Carlos Drummond de Andrade foi um poeta brasileiro modernista que revolucionou a
língua portuguesa.
 O sujeito poético dirige-se a um interlocutor imaginário.
 O tema é o amor, no aspeto doloroso, porque é passageiro e faz sofrer.
 Este poema pode funcionar como uma consolação de desgosto amoroso, mas, no final
percebemos que não há consolação possível e toda a gente passou por isso ou vai passar.
 Existe uma certa brincadeira com a grafia das palavras, que trata a escrita de maneira
original. A palavra “desesperado” está escrita ao contrário para dar ênfase ao sentimento
de desespero. A frase “porque amou” está escrita em maiúsculas, é uma pergunta
retórica dirigida a todos os leitores porque amar é uma tolice. Na 3ª estrofe, as letras
encontram-se espaçadas dando uma ideia de lentidão.
 Ao nível da morfologia das palavras: “o/a” - precisão masculino/feminino. Estão em
parênteses porque não se usa na poesia e sim na carta. Para percebermos que o
destinatário pode ser tanto homem como mulher.
 Jogo de morfologia com a palavra “consolo”: não vale a pena chorar e sofrer por amor.
 O título “Amar-Amaro” em latim significa “amargo”.

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