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Ellen G.

White e a Interpretação de Daniel


e Apocalipse
Instituto de Pesquisas Bíblicas da
Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia
O estudo das profecias de Daniel e Apocalipse é importante para a
dinâmica espiritual da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Segundo Ellen
White:

“Os ministros devem apresentar a firme palavra da profecia como o


fundamento da fé dos adventistas do sétimo dia. As profecias de Daniel e
Apocalipse devem ser cuidadosamente estudadas e, em ligação com elas,
as palavras: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo”. Obreiros Evangélicos, pág. 148.
“Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendidos,
terão os crentes uma experiência religiosa inteiramente diferente. Ser-lhes-
ão dados tais vislumbres das portas abertas do Céu que o coração e a
mente se impressionarão com o caráter que todos devem desenvolver a
fim de alcançar a bem-aventurança que deve ser a recompensa dos puros
de coração”. Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág.
114.

Método Historicista de Interpretação


Como todo leitor da Bíblia sabe, os livros de Daniel e Apocalipse são na
maior parte escritos em símbolos. Os estudantes da Bíblia,
consequentemente, os descrevem como profecias apocalípticas, para
distinguir das profecias diretamente clássicas, tais como as que
encontramos nos profetas maiores e menores do Velho Testamento.
Nesses dois livros apocalípticos, Deus revela toda a extensão da
controvérsia moral que convulsionou nosso planeta dando ênfase na
derradeira vitória de Sua causa, e na final condenação das forças do mal.

Desde o início, os Adventistas do Sétimo Dia seguiram o método


histórico de interpretação profética para explicar os símbolos e seu
significado. Algumas vezes esse método é chamado de historicismo,
oumétodo histórico contínuo.
O método histórico aceita o conceito de que as profecias de Daniel e
Apocalipse destinam-se a ser reveladas e cumpridas no tempo histórico,
isto é, no período decorrido entre os profetas Daniel e João
respectivamente, e o estabelecimento final do reino eterno de Deus. O
princípio de dia/ano (um dia simbólico = um ano literal) é parte integral
deste método, desde que ele sirva para revelar os períodos de tempo
simbólico para que possamos localizar os eventos preditos ao longo da
História.

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Jesus usou o método histórico para interpretar Daniel quando Ele
anunciou: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo (Mar
1:15). Nessa afirmação de cumprimento profético Ele se referiu à profecia
de Daniel das 70 semanas (Dan 9:24-27) que predisse o aparecimento do
Messias. Perto do final de Sua vida, Jesus novamente se referiu à mesma
profecia. Dessa vez, porém, Ele apontou para outro aspecto – para “o
príncipe que (há) de vir e (há) de destruir a cidade e o santuário” (v. 26).
Ver Mat. 24:15; Luc 21:20. Esses eventos deveriam ocorrer depois de Sua
morte e ascensão. Seu cumprimento histórico ocorreu na destruição de
Jerusalém e do templo pelos romanos em 70 A.D.

Os reformadores protestantes (de cujas raízes nós derivamos)


empregaram da mesma forma o método histórico. Nessa base concluíram
que o Papado era o foco de várias das profecias de Daniel e Apocalipse.
Seguindo esse método, os pioneiros do início da obra Adventista do Sétimo
Dia puderam perceber nosso próprio tempo, o ministério duplo de Cristo no
santuário celestial, nossa identidade como um povo, e nossa missão.
Nossa compreensão de Daniel e Apocalipse tornou-se a estrutura distinta
para manter estável e para enfatizar as verdades bíblicas que ensinamos
como Igreja.

Métodos Preteristas e Futuristas de Interpretação


As interpretações protestantes de Daniel e Apocalipse no século XVI
abalaram a Igreja Católica Romana. Em contrapartida, o Concílio
Reformatório Católico introduziu os argumentos iniciais para dois sistemas
diferentes de interpretação profética: preterismo e futurismo. Essas
posições serviram para desviar o dedo acusador da profecia contra o
sistema papal.
Preterismo (do latim praeter, significando “passado”) argumenta que
esses livros proféticos encontraram seu cumprimento no passado pré-
cristão, ou nos primeiros séculos da era cristã. O preterismo eventualmente
penetrou no pensamento protestante no final do século XVIII e tornou-se o
ponto de vista do protestantismo liberal. Os ensinos da linha histórico-
crítica hoje situam a obra de Daniel no II século a.C. e interpreta as
profecias como se referindo a pessoa e tempos de Antíoco IV Epífanes, o
rei selêucida da Síria. O livro de Apocalipse é restrito ao estado Romano
nos primeiros séculos da era cristã.
O futurismo penetrou na linha Protestante no primeiro quarto do século
XIX. A forma mais proeminente de interpretação futurista hoje coloca o
cumprimento do conteúdo do Apocalipse (excetuando os capítulos 1-3)
num período de tribulação de 3 anos e meio, no final dos tempos, como um
arrebatamento secreto da Igreja para o céu. A 70.ª semana da profecia
das setenta semanas de Daniel 9:24-27 é desconectada do todo e
recolocada nos últimos sete anos do mundo. Muitos protestantes

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conservadores adotaram o futurismo (com acréscimos e variações) como
seu sistema padrão para interpretar as profecias de Daniel e Apocalipse.

Roma astutamente sabia que uma mudança no método de interpretar


Daniel e Apocalipse levaria inevitavelmente a uma alteração nas
conclusões. É fácil ver que tanto o preterismo como o futurismo desviam o
enfoque profético de Roma e de suas atividades. O preterismo e os
estudos histórico-críticos atuais colocam todos os cumprimentos no
passado. O futurismo coloca o cumprimento do conteúdo do Apocalipse
num ponto futuro – no final do mundo, após um pretendido arrebatamento
secreto. (Os estudiosos histórico/críticos também vêem Daniel 11:40-45
como uma profecia que não se materializou).

Atualmente, os Adventistas do Sétimo Dia permanecem virtualmente


sozinhos como proponentes do método historicista de interpretar Daniel e
Apocalipse, o método de Cristo, Paulo e dos Reformadores.

A Contra-Reforma “Bate” à Porta Adventista


De maneira muito real, o espírito da Contra-Reforma está batendo hoje
à porta da Igreja Adventista e pressionando com urgência para entrar!

Alguns estudiosos adventistas da bíblia propõem que a igreja considere


seriamente as posições preteristas e histórico-críticas que compreendem
esses livros proféticos como já cumpridos ou fracassados no passado.
Diferentes abordagens são então adotadas para tornar tais profecias
significativas e relevantes para a igreja hoje.

Variações Preteristas
Por exemplo, alguns sugerem que uma profecia pode
ter múltiplos cumprimentos. Esse método iria assim sugerir que o pequeno
chifre de Daniel 8 poderia ter vários cumprimentos (em diferentes épocas)
em Antíoco IV, Roma pagã, Roma papal, e mesmo (um pouco antes do
fim) em Satanás, quando ele personificar Cristo.
Outra teoria afirma que as profecias de Daniel não são uma revelação
da presciência de Deus. Ao invés disto, teriam sido dadas como uma
definição de Seu propósito e eram condicionais à obediência de Israel.
Quando Israel falhou em aceitar o Messias e foi rejeitado por Deus como
Seu agente, a intenção original das profecias de Daniel falhou.
Consequentemente, Daniel não significa nada para a igreja hoje, a não ser
que escritores inspirados surgissem posteriormente para fazer uma
reaplicação da profecia dada. Nessa base, a cena do juízo pré-
advento registrada em Daniel 7:9, 10, 13, 14 forçosamente se tornaria a
cena do juízo executivo de apocalipse 20:11-15, porque o segundo texto é
considerado areaplicação joanina de Daniel 7!

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Um terceiro produto da posição proterista é fazer com que alguns
assumam uma visão idealista de Daniel e Apocalipse. Essa posição
defende que os livros devem ser vistos como ilustrando (de forma
simbólica) o grande conflito entre o bem e o mal – entre Deus e satanás,
do qual podem ser extraídos apenas princípios espirituais. Enquanto tal
batalha é evidente, o idealista escolhe não ir além; é incapaz de fazer
aplicações específicas dos símbolos para as realidades históricas.

Variações Futuristas
Outros estudantes adventistas da Bíblia (pastores e da mesma forma
leigos) estão assumindo uma posição orientadamente mais futurista.
Geralmente declaram lealdade às interpretações historicistas de Daniel e
Apocalipse, que nos mantém como um povo. Há, porém, uma influência
profundamente arraigada para tornar essas profecias relevantes para os
acontecimentos atuais. Enquanto alguns situam certas profecias depois do
encerramento da perseguição para seu cumprimento primário (como as 7
trombetas), é mais comum optar por um cumprimento duplo no tempo do
fim de certas profeciasselecionadas de Daniel e Apocalipse. A única
maneira de firmar na posição historicista da igreja, segundo eles, e ao
mesmo tornar relevantes algumas profecias, é empregar o plano de
cumprimento duplo.
Não á qualquer consistência nisso. Apenas alguns capítulos são
reaplicados. Por exemplo, alguns estão ensinando que as bestas de Daniel
7 e 8 estão atualmente encontrando seu cumprimento nas atividades dos
Estados Unidos, Rússia, Iraque e irã. Alguns argumentam que o período
dos 1260 anos terá outro cumprimento no futuro, numa base de dia/dia,
enquanto outros chegam mesmo a sugerir um duplo cumprimento para a
profecia das 70 semanas.
Essas pessoas bem intencionadas, que estão atualmente defendendo
um duplo cumprimentos de profecias seletas em Daniel e Apocalipse, têm
um coisa em comum: todas creem que Ellen White apoia a teoria do
cumprimento duplo para o livros de Daniel e Apocalipse.
Adventistas do Sétimo Dia sempre reconheceram através dos registros
bíblicos que algumas profecias clássicas (nos profetas maiores e menores)
dão clara evidência em seu contexto que pode ser esperado um mais
completo cumprimento, após uma aplicação parcial, por exemplo, a
profecia sobre o derramamento de Espírito Santo (Joel 2:28-32) e a
profecia de Malaquias sobre a mensagem de Elias (Mal 4:5, 6).

Contudo, nunca assumimos tal posição referente às profecias de Daniel


e Apocalipse. Atribuir duplos e múltiplos cumprimentos a essas grandiosas
revelações da presciência divina é dar à face da profecia um nariz de cera,
que pode ser voltado para esse ou aquele lado. Duplos e múltiplos
cumprimentos privam de real significado essas grandes profecias e anulam
sua contribuição para nossa convicção religiosa.

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Os eventos das sete igrejas são únicos (Apoc 1-3). Quando escritas no
princípio, essas mensagens tinham aparentemente uma aplicação direta
para a situação local (1:11), e continuam a conter lições para a igreja em
cada época. Mas mesmo nesse caso especial o Espírito parece ter
pretendido somente um verdadeiro cumprimento profético.

“Os nomes das sete igrejas são símbolos da Igreja em diferentes


períodos da era cristã. O número sete indica plenitude, e simboliza o fato
de que as mensagens se estendem até o fim do tempo, enquanto que os
símbolos usados revelam o estado da Igreja nos diversos períodos da
história do mundo.” Atos dos Apóstolos, pág. 585.
Será, porém, verdadeira a alegação de que se pode encontrar nos
escritos de Ellen White as sementes de um novo método de interpretação
de Daniel e Apocalipse, o método do cumprimento duplo? É possível que
Ellen White realmente tenha ensinado e ratificado o método historicista de
interpretar Daniel e Apocalipse, e ao mesmo tempo embutido aqui e ali
frases das quais a igreja mais tarde formalizasse um novo método de
interpretação profética? Não nos esqueçamos da verdade sólida que Roma
reconheceu completamente quando seus teólogos jesuítas propuseram
novos métodos para interpretar Daniel e Apocalipse: uma mudança de
método inevitavelmente leva a uma alteração nas conclusões.
Em termos de interpretação profética, a Igreja Adventista está numa
encruzilhada. O espírito da Contra-Reforma bate à porta Adventista. A
decisão de abrir a porta e seguir o caminho que o protestantismo primitivo
seguiu, é uma opção. A tentação de acompanhar a tendência ecumênica
atual é extremamente atraente. Há, porém, razões poderosas porque
deveríamos permanecer leais à fé profética de nossos pais pioneiros.

Posição Historicista de Ellen G. White


Não há a menor evidência que Ellen White tenha pretendido que a
igreja seguisse algum outro método de interpretar as profecias de Daniel e
Apocalipse, além do método historicista. Seus comentários do livro de
Apocalipse apresentam da maneira mais clara possível, a compreensão
historicista do que as profecias de Daniel e Apocalipse revelam na história,
desde os tempos de Daniel e João até o estabelecimento do reino eterno
de Deus.

Observe o seguinte:

“O livro de Apocalipse revela ao mundo o que foi, o que é e o que


será; destina-se para nossa instrução sobre como serão os fins dos
tempos. Deveria ser estudado com reverente respeito. Somos privilegiados
em conhecer o que é para nossa compreensão…” Ellen G. White
Comments, SDABC, vol. 7, pág. 954, grifo acrescentado.
“No Apocalipse são pintadas as coisas profundas de Deus… Suas
verdades são dirigidas aos que vivem nos últimos dias da história da Terra,

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como o foram os que viviam nos dias de João. Algumas das cenas
descritas nesta profecia estão no passado e algumas estão agora tendo
lugar: algumas apresentam-nos o fim do grande conflito entre os poderes
das trevas e o Príncipe do Céu, e algumas revelam os triunfos e o regozijo
dos remidos na Terra renovada.” Atos dos Apóstolos, pág. 584; grifo
acrescentado.
Nessas declarações compreensíveis, Ellen White demonstra como a
profecia apocalíptica foi designada por Deus para encontrar cumprimento
seqüencial ao longo da história. (1) Algumas dessas profecias se
cumpriram em épocas passadas; (2) algumas das profecias estão se
cumprindo agora. (3) algumas enfocam o conflito final na controvérsia e
não se cumpriram ainda; finalmente, (4) algumas porções das profecias se
relacionam com a Nova Terra, e somente então se cumprirão.

Ellen White observa que o livro de Apocalipse é tão importante para os


cristãos dos últimos dias como era para os cristãos nos dias de João.
“Suas verdades são destinadas para os que vivem nos últimos dias da
história da terra.” Isso não é porque ele propõe duplos cumprimentos
daquelas porções das profecias que já se cumpriram. As implicações de
suas palavras são claras. O livro permanece relevante porque o
cumprimento de algumas dessas profecias “estão ocorrendo agora” e
outras logo irão se cumprir no “encerramento do grande conflito entre os
poderes das trevas e o Príncipe do céu.” Além disso, o adventista de hoje
pode continuar a extrair lições espirituais da história passada e do
cumprimento profético. Desse modo as profecias de Daniel e Apocalipse
continuam a trazer encorajamento, confiança e motivação aos cristãos do
tempo do fim, mesmo que grande parte desses livros tenha encontrado
cumprimento em épocas passadas.

Ellen White não aborda cada parte de Daniel e Apocalipse em seus


escritos. Suas apresentações mais detalhadas se encontram no bem
conhecido livro, O Grande Conflito. Por exemplo, ela apresenta uma clara
interpretação do chifre pequeno (Dan 7); do dragão (Apoc 12); da besta
semelhante a um leopardo (Apoc 13); e os períodos de tempo respectivos
(3 ½ tempos = 1260 dias = 42 meses = 1260 anos de supremacia papal,
539-1798 A.D.) bem como da besta dos dois chifres (Apoc 13) e o conflito
final acerca do Sábado, e a Lei de Deus simbolizada pela obrigação da
“marca da besta” imposta pela “imagem da besta”. (Ver O Grande
Conflito, Págs. 438-450). Esses trechos apóiam completamente o método
historicista e as principais conclusões e posições adotadas pelos nossos
pioneiros que adotaram esse sistema. Seus escritos divinamente
inspirados confirmam o fundamento profético (derivado de Daniel e
Apocalipse) no qual a Igreja Adventista do Sétimo Dia se baseia hoje.

Ensinam os Escritos de Ellen G. White algum outro


método de Interpretação Profética?

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Aqueles Adventistas que defendem uma aplicação do cumprimento
duplo para determinadas profecias de Daniel e Apocalipse, geralmente
argumentam que encontram o endosso desse método disfarçado em certas
frases de Ellen White. Esses pontos alegados para um novo sistema de
interpretação profética são descartados através de seu grande volume de
escritos e obras, e têm sido trazidos à tona apenas recentemente. A seguir
examinaremos citações que são comumente usadas, tentando não ser
exaustivo:

Exposição 1
“O inundo está extremamente afetado com o espírito de guerra. As
profecias de Daniel 11 quase atingiram seu cumprimento final”. Review and
Herald, 24 de novembro de 1904.
Argumento: a ênfase é colocada sobre a expressão o “cumprimente
final”. Deduz-se que se a profecia tem um cumprimento final, deve ter tido
cumprimentos prévios.
Resposta: não está embutido aqui o princípio do cumprimento duplo ou
múltiplo. Ellen White está simplesmente mencionando que a última
parte desta grande profecia, Daniel 11, está quase se cumprindo. Que esse
é o verdadeiro sentido da passagem que pode ser verificado quando
comparada com a sua reafirmação do mesmo ponto cinco anos mais tarde
no artigo intitulado, “A Última Crise”. Lemos: “O mundo está agitado pelo
espírito de guerra. A profecia do capítulo 11 de Daniel está bem próxima de
Seu completo cumprimento”. Testimonies, vol. 9, pág. 14 (publicado em
1909); grifo acrescentado.

Exposição 2
“Estamos no limiar de grandes e solenes acontecimentos. Muitas das
profecias estão prestes a se cumprir em rápida sucessão. Cada elemento
de energia está prestes a ser posto em ação. Repetir-se-á a história
passada. Antigas controvérsias serão revividas, e perigos rodearão de
todos os lados o povo de Deus. A tensão está se apoderando da família
humana. Está permeando tudo na Terra…“Estudai o Apocalipse em ligação
com Daniel; pois a história se repetirá…” Testemunhos para Ministros e
Obreiros Evangélicos, pág. 116; grifos acrescentados.
“A profecia do capítulo 11 de Daniel está próxima de seu completo
cumprimento. Muito da história que tem acorrido no cumprimento desta
profecia se repetirá.” Carta 103, 1904; Manuscrito 489, 1077; grifos
acrescentados.
Argumento: Uma repetição dos eventos históricos que cumpriram
determinada profecia indica que a profecia por si mesma tem um
cumprimento duplo.
Resposta: Ellen White usa a expressão “a história se repetirá” muitas
vezes. Porém, história e profecia são duas questões diferentes. Não

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implica que uma repetição de experiência histórica também signifique uma
repetição da mesma profecia. Tal conclusão distorce o que ela quis dizer
com tal frase.
Ellen White nos aconselha a estudarmos o cumprimento profético
passado – estudas os princípios envolvidos – porque situações similares
surgirão novamente e o povo de Deus terá que enfrentá-las. “Velhas
controvérsias despertarão novamente.” Preparemo-nos para tais questões
através da compreensão dos desafios envolvidos naqueles eventos
passados. A História irá, sem dúvida, se repetir, mas não a mesma
específica profecia que já se cumpriu no passado.
Por exemplo, Daniel 7:25 e Apocalipse 13:7 são duas profecias que se
referem à perseguição do povo de Deus durante os 1260 anos de domínio
papal na Europa. Sabemos que a perseguição contra o povo de Deus se
repetirá nos tempos finais da história humana, porque outra profecia diz
que será assim (Apoc 13:15-17). Essa repetição de perseguição, porém,
(história repetida) não envolve a repetição das profecias de Daniel 7:25 e
Apocalipse 13:7. Estudar a vida dos fiéis e os problemas que enfrentaram
em sua época – e como os encararam – pode nos fortalecer para enfrentar
a perseguição que teremos em nosso próprio tempo.

Exposição 3
“A luz que Daniel recebeu de Deus foi dada especialmente para estes
últimos dias. As visões que ele teve às margens do Ulai e do Hidequel, os
grandes rios de Sinear, estão agora em processo de cumprimento e logo
ocorrerão todos os acontecimentos preditos.” Testemunhos para Ministros
e Obreiros Evangélicos, pág. 113; grifos acrescentados.
Essa afirmação se relaciona com a explanação do anjo Gabriel a Daniel
após receber a visão do capítulo 8. “Entende, filho do homem, pois esta
visão se refere ao tempo do fim.” (vol. 17)
Argumento: Ellen White morreu no início do século XX. Como Gabriel,
ela está evidentemente nos mostrando um evento futuro, além do seu
tempo.
Resposta: As citar isoladamente esse parágrafo (tirando-o do contexto
dos escritos e das evidentes crenças dela), pode parecer que Ellen White
está aqui apoiando um cumprimento duplo de Daniel 8. No capítulo,
Gabriel menciona especificamente os reinos da Medo-Pérsia e da Grécia,
como o cumprimento respectivo do carneiro e bode simbólicos (Dan 8:20,
21). Isso é agora história passada. Embora Ellen White pareça declarar
que as visões que Daniel teve no capítulo 8 “estão agora em processo de
cumprimento”, e visto que Gabriel também disse que o cumprimento se
daria no “tempo do fim”, pareceria que deveria ser esperado um
cumprimento atual ou duplo de Daniel 8. Contudo, tal conclusão ignora o
contexto histórico no qual Ellen White escreveu o texto acima, bem como
o aspecto particular da visão ao qual ela se referiu quando disse que
estava “agora em processo de cumprimento.”

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Ellen White, juntamente com a Igreja Adventista em geral, cria que o
período de opressão papal, os 1260 anos, se estendeu de 538 até 1798
A.D. Esse período profético é mencionado tanto em Daniel como em
Apocalipse, sob três diferentes símbolos de tempo: (1) três tempos e
metade de um tempo (Dan 7:25; 12:7; Apoc 12:14); (2) 1260 dias (Apoc
11:3, 12:6); (3). 42 meses (Apoc 11:2; 13:5). Em conformidade com
isso, Ellen White e os pioneiros criam que o período de tempo transcorrido
desde 1798 até o final do sofrimento humano seria o que foi designado
como “o tempo do fim”, o período anunciado pelo anjo Gabriel. O Juízo pré-
advento, ou investigativo, ocorreria nesse período e seria anunciado na
terra pela mensagem do primeiro anjo (Dan 7:9,10,13,14; Apoc 14:6,7).
Note como Ellen é clara sobre o assunto:
1. “Daniel ficou na sua sorte para dar seu testemunho, que foi selado até
o tempo do fim, quando deveria ser proclamada ao mundo a
mensagem do primeiro anjo…” Testemunhos para Ministros e Obreiros
Evangélicos, pág. 115; grifos acrescentados.
2. “…Desde 1798, porém, o livro de Daniel foi descerrado, aumentou-se
o conhecimento das profecias, e muitos têm proclamado a mensagem
solene do juízo próximo”. O Grande Conflito, pág. 356.
3. “A mensagem de Apocalipse 14, proclamando que é vinda a hora do
juízo de Deus, é dada no tempo do fim”. Mensagens Escolhidas, vol. II,
pág. 107; grifos acrescentados.
4. “As visões proféticas de Daniel e João predizem um período de
escuridão e declínio moral; mas no tempo do fim, o tempo no qual
estamos agora vivendo, a visão deveria falar e não se
esconder.”Testimonies, vol. 5, págs. 9-10; grifos acrescentados.
À luz das citações acima, é evidente que quando Ellen White declarou
que as visões que Daniel teve (cap. 8) “estão agora em processo de
cumprimento”, ela estava se referindo ao grande juízo investigativo, antes
da vinda de Cristo (Dan. 7,8) que estava acontecendo no céu em seus
dias, e que continuaria até o final da história humana. Ela não estava
desvendando um princípio oculto para levar a igreja a interpretar um
cumprimento duplo para o carneiro, o bode, os quatro chifres e o chifre
pequeno. O aspecto da visão que Daniel viu junto ao rio Ulai, que ainda
está em processo, de cumprimento, refere-se ao ministério de Cristo no
Santíssimo, anterior à Sua recepção do reino eterno e Sua segunda vinda.
Na Terra as mensagens dos três anjos (Apoc 14:6-14) continuam a
anunciar aos povos a urgência da hora: “É chegada a hora de Seu (de
Deus) juízo” (Apoc 14:7).

Exposição 4
“A questão do Sábado será ainda assunto de grande controvérsia, no
qual todo o mundo tomará parte (Apoc 13:4-8, 10). Esse capítulo todo é
uma reelação do que certamente irá ocorrer (Apoc 13:11; 15-17).” Ellen G.
White Comments, SDABC, vol. 7, pág. 979; grifos acrescentados.

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Argumento: Essa passagem é mencionada como “decisiva” para provar
que Ellen White ratificou um duplo cumprimento das profecias, e, como
exemplo, uma repetição da profecia de 1260 anos como 1260 dias literais.
O leitor é solicitado a observar que Ellen menciona Apoc 13:4-8, 10 no
texto acima. O texto retrata o poder papal sob o símbolo da besta leopardo,
com sete cabeças e dez chifres com coroas. A passagem também inclui o
elemento tempo de sua supremacia antes de ser ferida: 42 meses
proféticos ou 1260 dias proféticos. A atenção é então dirigida para a
declaração após a passagem das Escrituras: “Essecapítulo todo é uma
revelação do que certamente irá ocorrer” (grifos acrescentados).
Desses dois pontos segue-se o seguinte raciocínio: O período de 1260
anos do reinado papal é passado. Mas agora Ellen White nos diz que esse
“capítulo todo” – incluindo o elemento de tempo dos 42 meses – irá (futuro)
certamente ocorrer. Aqui está uma prova irrefutável para adoção do
princípio do duplo cumprimento para interpretar Daniel e Apocalipse, e
torná-lo relevante para o nosso tempo.
Resposta: essa declaração de Ellen White precisa apenas ser lida em
seu contexto para se verificar que não provê base alguma para um
cumprimento duplo de Apocalipse 13:1-10, ou seu período de tempo. Se o
volume do SDABC estiver disponível, o leitor está convidado a
acompanhar, à medida que estudamos o conteúdo desses dois parágrafos
selecionados, o comentário de Apocalipse 14:9-12.
O contexto “decisivo” começa num parágrafo anterior, onde Ellen White
cita primeiramente Apocalipse 14:9-10, a advertência do terceiro anjo
contra a marca da besta e sua imagem. Ela então faz uma observação: “É
do interesse de todos compreender o que é o sinal da besta, e como
poderão escapar dos terríveis castigos de Deus. Por que os homens não
estão interessados em conhecer o que constitui o sinal da besta e sua
imagem? [grifos acrescentados]. Está em contraste direto como o sinal de
Deus”. Ela então cita Êxodo 31:12-17, que estabelece o sábado como
“sinal” ou marca de Deus, implicando portanto que o “sinal da besta” é algo
que está em oposição ao sábado. Ela continua: “Aquestão do Sábado será
o ponto do grande conflito onde todo o mundo irá participar” (grifos
acrescentados). Nesse ponto ela cita Apocalipse 13:4-8, 10. Essa
passagem dá a informação de como se pode identificar a besta: sua
origem e poder derivados do dragão; seu domínio de 42 meses proféticos;
sua perseguição aos santos naquele tempo; sua blasfêmia contra o Céu;
seu cativeiro; e o fato de que o mundo irá adorá-la e segui-la novamente.
Com base nesses dados, pode-se determinar que a besta é o poder papal.
Isso coloca o leitor em posição de identificar o sinal e a imagem da besta,
como ela convidou a fazer no primeiro parágrafo de seu escrito.
Depois de citar Apocalipse 13:4-8, 10 (dando as informações para se
identificar a besta), Ellen White diz: “O capítulo todo é uma revelação do
que certamente irá ocorrer.” Ela então cita imediatamente (para fins de
explanação) Apocalipse 13:11, 15-17. Esses versos predizem o surgimento
da besta de dois chifres (v.11) e a instituição da imagem da besta e a
obrigatoriedade do sinal da besta, sob pena de perseguição e morte.

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Portanto, é bem claro que quando Ellen White diz: “O capítulo todo é
uma revelação do que certamente irá ocorrer” ela não está dizendo que
Apocalipse 13:4-8, 10 terá um duplo cumprimento. Forçar essa
interpretação é extrair violentamente a declaração de seu contexto.

Seu ponto não é um cumprimento duplo de Apocalipse 13:1-10, nem do


período de tempo correspondente. Ao invés disso, seu assunto é “o sinal
da besta” e sua imposição no tempo do fim. Essa é a ênfase de ambos os
parágrafos nessa seleção. O único propósito ao citar Apocalipse 13:4-8,10
é que o leitor identifique a besta. Se ele puder identificá-la, está em posição
de identificar o seu sinal, o qual, diz ela, é exatamente o oposto do sinal de
Deus. Assim, com a besta e seu sinal identificados, ela aponta para a
predição profética relacionada com a imagem da besta, e a obrigatoriedade
do sinal, ou a crise que irá envolver esse ponto o futuro.

Exposição 5
Quanto a declarações concernentes ao discurso de Cristo em Mateus
24, os itens seguintes são geralmente mencionados:

“Ao referir-se à destruição de Jerusalém, Suas palavras proféticas


estenderam-se, para além daquele acontecimento, à conflagração
final…” O Desejado de Todas as Nações, pág. 628.
“Mas esta profecia foi dada também para os últimos dias.” Ibidem, pág.
631.
“Esta profecia terá outra vez seu cumprimento.” Ibidem, pág. 633.
“As profecias que tiveram seu parcial cumprimento na queda de
Jerusalém, têm mais direta aplicação aos derradeiros dias.” O Maior
Discurso de Cristo, págs. 120, 121.
Argumento: Conclui-se desses textos que a profecia de Cristo referente
à destruição de Jerusalém irá ter um segundo cumprimento na destruição
do mundo. Assim, é colocado, de acordo com a exposição, que Ellen White
na realidade ensinou o cumprimento duplo da profecia apocalíptica.
Resposta:A seguir, o contexto das várias citações do Desejado e
do Maior Discurso de Cristo sobre o sermão do monte das Oliveiras
(Mateus 24):
“Jesus não respondeu aos discípulos falando em separado da
destruição de Jerusalém e do grande dia de Sua vinda. Misturou a
descrição dos dois acontecimentos. Houvesse desenrolado perante os
discípulos os eventos futuros segundo Ele os via, e não teriam podido
suportar esse espetáculo. Por misericórdia com eles, Jesus misturou a
descrição das duas grandes crises, deixando aos discípulos o procurar por
si mesmos a significação. Ao se referir à destruição de Jerusalém, Suas
palavras proféticas estenderam-se para além daquele acontecimento, à
conflagração final do dia em que o Senhor Se levantará do Seu lugar para
punir o mundo por sua iniquidade, quando a Terra descobrirá seu sangue,
e não mais encobrirá seus mortos. Todo esse discurso foi dado, não para

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os discípulos somente, mas para os que haveriam de viver nas últimas
cenas da história terrestre.” O Desejado de Todas as Nações, pág. 628;
grifo acrescentado. Ver também a pág. 631.
Deveria se notado também no início que Ellen White entendeu
claramente que, em Seu sermão, Jesus falava de dois eventos distintos.
Um evento tinha a ver com a destruição de Jerusalém, e outro se referia à
Segunda Vinda e ao final do mundo. Ele combinou a descrição de ambos,
porque os dois tinham semelhanças. Porque esses dois eventos estão
misturados em um sermão, a profecia é válida para nós no tempo do fim do
mundo, bem como o foi para os discípulos na ocasião. Não há o princípio
de cumprimentos repetidos sendo enunciado aqui. Cada evento abordado
por nosso Senhor tem o seu próprio tempo de cumprimento: a queda de
Jerusalém, e, bem depois, no final dos tempos, a queda do mundo.
Portanto, podemos dizer que ambos os pontos do discurso de nosso
Senhor e os comentários de Ellen White no Desejado de Todas as
Nações e no Maior Discurso de Cristo indicam claramente que Mateus 24
não é uma profecia única com duplo cumprimento. É,isso sim, uma
profecia com duas faces, relacionada a dois eventos distintos (um evento
visto como símbolo do outro, devido a certas semelhanças), cada evento
se cumprindo no seu tempo respectivo. Consequentemente, nem Mateus
24 nem os comentários de Ellen White se constituem bases distintas das
quais se induzir um princípio de duplo cumprimento para as profecias
apocalípticas de Daniel e Apocalipse.

Exposição 6
“A grande obra do Evangelho não deverá encerrar-se com menor
manifestação do poder de Deus do que a que assinalou o seu início. As
profecias que se cumpriram no derramamento da chuva temporã no início
do evangelho, devem novamente se cumprir na chuva serôdia, no final do
mesmo.” O Grande Conflito, pág. 617.
Argumento: A profecia da chuva temporã (pentecostes) teria um
segundo cumprimento no derramamento da chuva serôdia.
Resposta: Os comentários de Ellen White sobre o derramamento do
Espírito Santo são parecidos com seus comentários sobre Mateus 24.
Imediatamente antes de escrever o parágrafo acima, ela menciona Oséias
6:3 e Joel 2:23. Ambas as passagens predizem dois eventos; uma chuva
temporã e uma chuva serôdia, da mesma forma como costumava ocorrer
em Israel nas estações naturais de chuva, de onde foi extraída a figura
bíblica. Assim, essas profecias que ela cita tiveram seu cumprimento no
Pentecostes (chuva temporã) e irão naturalmente ter outro cumprimento
(chuva serôdia) quando a obra do evangelho for terminada.

Sumário

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Essas seis exposições dão um consistente exemplo do tipo de
argumento que alguns estudantes adventistas da Bíblia estão empregando
na tentativa de encontrar suporte na Sra. White para o princípio do duplo
cumprimento profético. Honestidade e senso de justiça deveriam nos
prevenir de deturpar os escritos de alguém que permanece como forte
defensora do método historicista, com uma teoria contrária de dois ou mais
cumprimentos. Como vimos, quando os argumentos apresentados são
devidamente analisados, somos forçados a admitir que não há qualquer
princípio de duplo ou múltiplo cumprimento que seja usado como
ferramenta para explicar as profecias apocalípticas de Daniel e Apocalipse.

Ellen White e os Defensores do Duplo Cumprimento


Na última década do século passado,alguns adventistas chegaram a
sugerir cumprimentos futuros das Mensagens dos três Anjos (Apoc 14).
Ellen White reprovou tais tentativas e considerou seus defensores como
enganados.

“Em nossos dias, como no tempo de Cristo, pode haver uma leitura ou
interpretação errônea das Escrituras…

“Alguns há que estão investigando as Escrituras em busca de provas


de que essas mensagens estão ainda no futuro. Eles concluem pela
veracidade cumulativa das mensagens, mas deixam de assinalar-lhes o
devido o devido lugar na história profética..Portanto, essas pessoas
acham-se em perigo de transviar o povo quanto a localizar as mensagens.
Não vêem nem entendem o tempo do fim, nem o tempo a que devem
aplicar essas mensagens.” Evangelismo, págs. 612, 613; grifos
acrescentados.
“Não consegui dormir depois de uma e meia da madrugada. Eu estava
levando ao irmão T uma mensagem que o Senhor me dera para ele. Os
pontos de vista particulares que ele mantém são uma mistura de verdade e
erro… Os grandes sinais demarcadores da verdade, mostrando-nos a
direção da história profética, devem ser cuidadosamente observados, para
que não sejam derribados, e substituídos por teorias que trariam confusão
em vez de genuíno arrependimento…”
“Tem havido uns e outros que, estudando a Bíblia, julgaram descobrir
grande luz, e teorias novas, mas não têm sido corretas. As Escrituras são
todas verdade, mas por aplicarem-nas mal, homens chegam a erradas
conclusões… Alguns tomarão a verdade aplicável a seu tempo, e pô-lá-ão
no futuro.Acontecimentos na sequencia da profecia, que tiveram seu
cumprimento no distante passado, são considerados futuros, e assim, por
essas teorias, a fé de alguns é solapada.
“Segundo a luz que o Senhor houve por bem conceder-me, estais em
risco de fazer a mesma obra, apresentando perante outros verdades que
tiveram seu lugar e fizeram sua obra específica para o tempo, na história
da fé do povo de Deus. Reconheceis como verdadeiros esses fatos na

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história bíblica, mas os aplicais no futuro. Eles têm sua força ainda em seu
devido lugar, na cadeia dos acontecimentos que nos tornaram, como um
povo, o que somos hoje, e como tal, eles devem ser apresentados àqueles
que se encontram nas trevas do erro.
“As direções do Senhor foram assinaladas, e maravilhosissimas Suas
revelações do que era a verdade. Ponto após ponto foi estabelecido pelo
Senhor Deus do Céu. Aquilo que era verdade então[ênfase da autora], é
verdadeiro hoje. Não cessam, porém, de ouvirem-se as vozes: ‘Isto é
verdade. Eu tenho novo esclarecimento.’ Mas esses novos
esclarecimentos em sentidos proféticos são manifestos em aplicar mal a
Palavra e levar o povo de Deus ao sabor das ondas sem uma âncora que
os segure…”Mensagens Escolhidas,vol. II, págs. 101-104; grifos
acrescentados.

Conclusões
Desta pesquisa sobre Ellen White e a interpretação das profecias de
Daniel e Apocalipse, destacam-se três aspectos:

1. Ellen White claramente endossa o método historicista para interpretar


as profecias desses dois importantes livros.
2. Os escritos de Ellen White não contêm qualquer princípio de duplo
cumprimento oculto em parágrafos por acaso, que apoie a prática de
reaplicar certas profecias em Daniel e Apocalipse ao Cenário atual.
3. Ellen White rejeita tentativas de dar a tais profecias um duplo
cumprimento.
“Acontecimentos, na sequencia da profecia, que tiveram seu
cumprimento no distante passado, são considerados futuros, e assim, por
essas teorias, a fé de alguns é solapada.” Mensagens Escolhidas, vol. II,
pág. 102.
Os Adventistas do Sétimo Dia reconhecem que estamos vivendo “no
tempo do fim”, a era final da experiência humana. Em harmonia com o
método historicista, nós, juntamente com Ellen White, traçamos a
revelação dos documentos proféticos de Daniel e Apocalipse. As profecias
que se cumpriram no passado nos dão a plena certeza de que Deus irá
fazer cumprir as poucas partes que ainda permanecem, e que se referem
primordialmente ao conflito final entre o Céu e os poderes das trevas, em
torno do selo de Deus e do sinal da besta.

Que zelo errôneo nos constrangeria agora a alterar nosso método de


interpretação profética? Qual a natureza do impulso que leva alguns dentre
nós a especular como certas profecias devem se cumprir novamente,
considerando esse “segundo” cumprimento mais importante que o
“primeiro”, pessoas essas que prosseguem em tal despropósito? Cremos
que tal especulação é enganosa, e se continuar, irá finalmente deixar “o

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povo de Deus ao sabor das ondas sem uma âncora que os
segure.” Ibidem, pág. 104.
À luz desta pesquisa podemos ter certeza de que, se a irmã White
estivesse viva hoje, ela deploraria as correntes de interpretação que estão
pressionando a Igreja, como resultado de se levantar o conceito do duplo
cumprimento. Acrescentando, podemos estar certos de que ela pediria que
seus escritos não fossem usados para apoiar tal erro. Provavelmente ela
acrescentaria: “Se vocês desejam saber o que o Senhor me revelou sobre
a profecia Bíblica, não tentem deduzir princípios isolados de um parágrafo
aqui, de uma linha acolá. Ao invés disso, leiam minha obra, O Grande
Conflito, onde são consideradas as partes principais de Daniel e
Apocalipse. Essa é a verdade profética para nosso tempo.”

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