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FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM AUDIOVISUAL – Profª.

Ana Lúcia Andrade (EBA/UFMG) – 2023

DECUPAGEM CLÁSSICA: o filme é dividido em PLANOS (partes filmadas – Tomadas – delimitadas por sua duração:
até que se dê o corte ou a transição para o próximo plano) que são unidos através da MONTAGEM, formando
SEQUÊNCIAS (partes dramáticas), propiciando uma narração que se apresente de forma lógica, clara, contínua, coerente e
linear; análoga ao olhar de um observador, mas potencializando-o. O corte torna-se “invisível”, de modo a que o espectador
não perceba a mudança de enquadramento – o que permite envolvimento emocional na história narrada.
ENQUADRAMENTO: referencial para classificação e composição de planos, dado pelo tamanho da figura humana dentro
do quadro. Os tipos mais comumente utilizados e as funções narrativas que podem geralmente oferecer são:
Plano geral: apresentação do espaço; um grande panorama, normalmente descritivo da paisagem ou de uma localidade, em
que a figura humana mal é percebida no quadro. Ex: imagens do desertos; de planícies; florestas; cidades.
Plano de conjunto: um espaço mais aproximado, também com caráter descritivo, em que já se percebe a figura humana
inserida na paisagem, embora nem sempre esta possa ser reconhecida no quadro. Ex: rua; praça; estação de trem etc.
Plano médio: a figura humana (uma ou várias pessoas em cena) enquadrada em toda a sua altura, dos pés à cabeça. Como
os pormenores do cenário ou da paisagem não necessariamente estão em evidência (como pano de fundo), tem a função
narrativa de destacar personagens, normalmente em ação. Ex: uma pessoa andando; lutando etc..
Plano americano: a figura humana enquadrada da cabeça até a altura dos joelhos ou dos quadris. Como função narrativa,
privilegia ações com os braços ou do quadril para cima. Ex: cenas de duelo em westerns; pessoa cozinhando.
Primeiro plano ou Close-up: o rosto enfatizado do personagem ou mesmo de dois personagens (Ex: cenas de beijo;
diálogos). Pode ter a função narrativa de aproximar o espectador da emoção e dos sentimentos dos personagens.
*Meio primeiro plano (termo pouco usual): busto, enquadramento até altura dos ombros.
Plano-detalhe: um objeto destacado ou uma ação sutil de um personagem (Ex: mão no bolso do casaco pegando um
revólver). Pode destacar um pormenor do rosto – o que resulta em uma imagem de impacto visual e emocional para o
espectador. Ex: os olhos vidrados de alguém que acaba de levar um tiro.
* Alguns denominam o destaque de uma parte do rosto do personagem (como, por exemplo, olhos, boca, nariz ou
orelha) de primeiríssimo plano ou mesmo de Close-up; sendo plano-detalhe o termo mais usual.

MOVIMENTOS DE CÂMERA (direcionam o olhar do espectador para o que se move ou se detém em cena):
Panorâmica: a câmera se desloca em um eixo, procurando imitar o olhar humano. Descreve cenas, revela detalhes.
Travelling: a câmera se desloca em relação a um ponto do solo; normalmente usado para acompanhar pessoas e objetos em
movimento. *Movimentos podem ser feitos através de dolly (carro sobre trilhos), grua, steadicam, na mão etc.
Câmera na mão: ao contrário da câmera fixa (em tripé), desestabiliza o quadro; aproxima-se de um olhar mais
„documental‟; cria desconforto e tensão.
* Câmera subjetiva: quando assume o olhar de um personagem da cena na ação diegética (dentro da trama).
Zoom-in: aproximação (causada por um efeito na lente) – no mesmo plano, passa-se de um enquadramento mais aberto para
um mais fechado. Revela um detalhe específico na cena, direcionando o olhar do espectador, dentro do todo.
Zoom-out: afastamento (causado por um efeito na lente) – no mesmo plano, passa-se de um enquadramento mais fechado
para um mais aberto. Pode ir revelando elementos no cenário fundamentais para a ação.
Ângulos de Câmera: câmera alta (plongée=mergulho): filma-se de cima para baixo; e baixa (contra-plongée): o oposto.
Câmera inclinada (“ângulo holandês”): sugere desequilíbrio; instabilidade; tensão.

EFEITOS VISUAIS E DE TRANSIÇÃO DE PLANOS:


Corte seco: mudança direta de um plano para outro, sem qualquer efeito de transição (muito comum).
Fusão: quando uma imagem vai desaparecendo, sendo sobreposta por outra que vai surgindo. Pode demonstrar passagem de
tempo e/ou de espaço; pode estabelecer relações entre planos; pode sugerir relações entre planos distintos.
Fade in: aparecimento gradual da imagem a partir de uma tela escura. Normalmente, inicia uma sequência.
Fade out: escurecimento da imagem até desaparecer. Costuma finalizar sequências, sugerindo noção de tempo transcorrido.
Sobreposição: imagens fundidas no mesmo plano, aparecendo simultaneamente. * Split-screen (tela dividida em planos).
Câmera lenta ou slow motion: efeito de montagem – pode intensificar a ação dramática, mostrando a cena em detalhes.
Câmera rápida ou quick motion: efeito de montagem – aceleração da ação em cena. Normalmente, com efeito cômico.
Congelamento ou freeze: interrupção brusca do movimento, chamando atenção para certo detalhe; pode provocar choque.

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