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Planos e composição visual

Tatalina Oliveira
Processo de produção de um filme de animação

● Etapas (Winder, 2011):

Desenvolvimento, preparação, pré-produção, produção,


pós-produção e entrega.

● Estrutura de produção, roteiro, desenvolvimento visual,


áudio, subcontratos de estúdio, plano de produção e
relacionamento com os compradores.
Etapa de pré-produção

● Mazza (2009):

Roteiro, definição de personagens, cenários, concept art,


design de produção, sonoplastia, esculturas, rigging,
storyboard e animatics.
Concept art

Usado para identificar a


representação visual da
animação, ilustrando a aparência
dos personagens, as cores, e
elementos que irão compor o
conceito visual.
Rigging

Técnica de animação em 3D que


adiciona movimento a um
personagem simulando
articulações própria de sua
natureza estrutural (esqueleto)
e linguagem corporal.
Animatic

Storyboard animado, que além


das imagens do storyboard,
também pode utilizar as músicas
já selecionadas para animação e
vozes.

https://youtu.be/ATSnfe1T5Xc
Planos
O planejamento dos planos em uma produção de animação é
um passo fundamental quando se trata de obter a melhor
forma de expressão de uma cena, levando em conta o efeito
visual e a continuidade das sequências.
O conceito de plano – ou shots – é amplo de tal forma que
compreende todo o espaço o qual o espectador visualiza o
filme.

Càmara (2005) define plano como a unidade básica


cinematográfica.

Briselance e Morin (2011, p. 298) dizem que “se a literatura se


escreve com palavras, o cinema escreve-se com planos”.
Plano é o recorte da imagem, a redução
do campo de visão que o “olho da
câmera” (objetiva) vê, de acordo com
aquilo que se quer mostrar, ou seja, o seu
campo óptico.
Isso significa que quando um plano é
cortado pelo processo de montagem do
filme e se passa ao plano seguinte, muda
a posição da câmera e as dimensões do
plano.
A cena define o local onde se passa a trama, e pode ser
constituída de um ou vários planos. Já a sequência é formada
por uma série de cenas. Portanto, a sequência é formada por
cenas, que são formadas por planos.
No universo do cinema é fundamental promover
o entendimento de cena em uma sequência
lógica para não causar estranheza ao espectador.
Todos os elementos em cena necessitam ser
quadrados em um plano, de maneira com que a
limitação do quadro não interfira na compreensão
da obra como um todo. Essa composição é o que
dita o formato do filme.
Planos Fixos
Primeiro plano (close up)
Planos que se situam próximo do objeto e tem o corte abaixo
dos ombros (COMPARATO, 1995).

Evidencia detalhes, pelo fato de promover a aproximação de


objetos ou partes do corpo.

A expressão do personagem é evidenciada neste plano, e


consequentemente aumenta a intensidade do momento.
Características faciais são bem visíveis, assim como a direção
do olhar e expressões emocionais, o rosto do personagem é o
único recurso dramático que aparece na cena.

Este plano “elimina o cenário por trás da personagem, que fica


então suspenso, como se estivesse dentro de uma bolha que o
isolasse do mundo” (BRISELANCE; MORIN, 2011, p. 302).
Plano detalhe + Primeiríssimo plano
Também chamado big close ou very close up.

Ressaltam detalhes de olhos e boca ou ainda detalhes de


objetos em cena.

Detalhes emocionais são extremamente perceptíveis, por isso


são usados para acentuar a dramaticidade em determinadas
situações.
O Plano Detalhe isola partes do corpo ou objeto da ação, que
possui valor dramático ou narrativo intenso, como, por
exemplo, um olho, boca, chave na ignição ou arma.

Este recurso registra apenas uma pequena parcela do objeto


representado e é utilizado, em geral, para valorizar um
determinado aspecto da mensagem visual.
Plano médio
Corta o personagem na altura da cintura e o enquadramento
aproxima-se do personagem, expondo seu rosto e expressões
faciais.

Uma vez que nesse plano os personagens estão em maior


evidência, principalmente por serem visualizados da cintura à
cabeça, as informações sobre o cenário tornam-se
secundárias.
O personagem, então, é a figura proeminente da cena. O plano
médio admite também o ângulo de corte à altura do peito.

Neste caso, denomina-se Plano Médio Curto. É ideal para


realçar a expressividade, mas busca evitar o impacto
psicológico que oferece no primeiro plano (CÀMARA, 2005,
p.40).
Plano americano
É uma variação um pouco maior do plano médio e corta o
personagem na altura dos joelhos.

Esse plano é muito utilizado para realçar a expressividade


corporal, visto que restringe partes menos expressivas do
corpo.
Segundo Padilha e Munhoz (2010) o nome “americano”
remete ao grande uso que Hollywood fez dessa técnica com o
surgimento do cinema sonoro.

Popularizou-se nas cenas de duelo dos faroestes


norte-americanos, em que, além do rosto do personagem,
interessava aos realizadores mostrar a arma em sua
cartucheira, prestes a ser sacada.

É um intermédio entre o Plano Geral e o Primeiro Plano, o que


sugere mobilidade e aproximação ao mesmo tempo.
Plano geral - long shot ou full shot
Dá ênfase ao ambiente e mostra a amplitude do espaço em
que os personagens estão inseridos, apresentando-os em sua
totalidade, ou seja, corpo inteiro.

Este plano descreve, de forma geral, onde a ação vai se passar,


e permite ao espectador situar-se automaticamente.
Grande plano geral

Oferece uma visão ampla do terreno onde desenvolve a ação,


dando o máximo de informação visual e do ambiente geral das
personagens.

É muito utilizado para plano de introdução, situando a ação


global do filme.
Observa-se que a percepção dos
espectadores de um filme está
ligada à utilização dos planos
selecionados na fase de pré-produção, e
que é determinada pelos elementos a
serem enquadrados nele.
A escolha do tipo de plano está
associada à percepção de clareza
da narrativa. Não existe regra fixa para
utilização dos planos, mas cada
um deles torna-se mais ou menos
adequado para um determinado
momento ao se construir uma narrativa.
“A diferença é que num plano
muito geral o dramatismo é dado pela
imensidão, desenho ou
composição do cenário, enquanto nos
planos próximos transmitimos este
dramatismo através da expressão da
personagem” (CÀMARA, 2005, p.
40).
Narrativa visual em animações
O termo “narrativa" é compreendido como o ato de contar
uma história, que é formada pelo conjunto dos
acontecimentos narrados.

Pode ser expressa em palavras por meio da linguagem verbal,


oral e escrita, ou pela linguagem visual por meio de imagens
(DONDIS, 2007).

“Gramática visual”.
A compreensão da imagem requer experiência, ou seja, para
ela ser compreendida é necessário que o leitor tenha
repertório para tal, pois essas imagens são oriundas tanto da
mente do artista quanto da mente do leitor.

A partir dela, agrega-se o valor emocional, os personagens


podem expressar o que estão sentindo, sem a necessidade do
uso do diálogo, permitindo que o público tenha sua impressão
pessoal sobre a cena.
Componentes visuais básicos

Segundo Block (2008), os componentes visuais básicos são:


espaço, linha, forma, tom, cor, movimento e ritmo.
Espaço

Dentro do espaço, existe a ilusão


do mundo tridimensional, onde o
público tem a experiência visual
de altura, largura e profundidade.

Perspectiva.
Regra dos terços

Divide-se o campo de visão em


nove retângulos iguais (ou em três
colunas e três linhas, assim como
um jogo da velha) e os pontos de
cruzamento dessas linhas são
onde o foco da cena deve estar,
são os pólos de atração da
imagem.
Càmara (2005) diz que a regra dos
terços é recomendável, do ponto
de vista dramático, pois consegue
imprimir na imagem efeitos
psicológicos.

Ao deslocar o objeto do centro do


enquadramento, visualiza-se uma
imagem mais interessante, pois
“uma imagem que procura focar
seu tema no centro do quadro
tende a perder a ideia do
movimento.”
Atividade de fixação

https://www.youtube.com/watch?v=ulde8n7cC68
● Assistir à animação e, em equipes (4/5 pessoas), montar
um arquivo (word, pdf, ppt) com capturas de tela para
cada plano abordado na aula:

Primeiro plano, primeiríssimo plano, plano detalhes,


plano médio, plano americano, plano geral.

● Selecionar uma cena, cortar em terços (de acordo com as


regras dos terços) e analisar onde se encontram os
objetos de acordo com o enquadramento.
https://www.eduardo-monica.com/new-blog/regras-composicao-fotografica

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