LÍNGUA PORTUGUESA: CRIAÇÃO DE UM FINAL PARA UM CONTO
POR: LETÍCIA DE LIMA SILVA -- 2ºB (E.M.)
Aproximou-se; seu semblante parecia de uma amarga angústia,
combinada com desdém e maldade, enquanto sua feiura sobrenatural tornava-o quase horrível demais para olhos humanos. Mas eu mal observei isso; no início, raiva e ódio me privaram de expressão. Percebi, no entanto, um lampejo de humanidade nos olhos da criatura, lançando dúvidas sobre sua verdadeira natureza. O que aconteceria a seguir, eu não podia prever, em meio aquela profunda floresta escura e densa, perto do final do dia,o ser começou a contorcer-se, meu corpo se arrepiava a cada estalar de ossos se quebrando. “Como?”, “Por que?”, essas eram as perguntas que rondavam na minha mente, em todos os contextos possíveis. Estava completamente presa em meus pensamentos, tentando me convencer de que aquilo não era real, meus olhos intercalavam entre a criatura e o cadáver de minha mãe estirado no chão, a marca da enorme mordida em seu pescoço, a causa de sua morte. Quando finalmente tomei coragem para encarar o grande e horrível lobo negro em minha frente, tal fera que tinha acabado de tirar a vida de minha amada mãe, não pude acreditar. Eu não podia crer em meus próprios olhos, quaisquer crenças que eu tivera até aquele momento foram destruídas. Se eu conseguisse escapar daquela mata, para quem eu contaria? E pior, quem iria acreditar que o enorme lobo negro que estava bem diante de mim assumira a forma de um homem? Aquilo era algum tipo de pesadelo? Eu tinha finalmente enlouquecido? Não, era vívida a visão que tive do lobo coberto de sangue com o pescoço de minha progenitora entre seus dentes. Nada que eu conhecia poderia explicar a figura alta e corpulenta que ali estava. meu estado era de completo choque. Meu corpo não reagia, foram tantos acontecimentos de uma só vez, lembro-me de ir para a floresta buscar algumas ervas com minha mãe e de repente, seu corpo estava já sem vida. O lobo a destroçou sem hesitação. Maior foi o meu pavor quando o lobo, agora homem, se aproximou de mim. Sua mão tocou meu rosto, esta que apresentavam enormes garras, muito maiores do que as unhas das damas da cidade. Foi então que senti algo molhado escorrendo pelo meu rosto, lágrimas; a figura continuava parada e também não tive coragem o suficiente para mover nenhum músculo. “Não chore criança” a voz do ser alcançou meus ouvidos,esta era aveludada, existia um toque de compaixão. Mas meu coração, tomado pelo medo, somente via perigo naquele ser. Não pode segurar-me ao questioná-lo. “O que é você?” “O que acha que eu sou?” Em um lapso, meus olhos foram em direção ao cadáver da mulher que eu chamava de mãe. O homem igualmente moveu seus olhos para a cena. Pude ouvir um suspiro vindo do mesmo. “Você matou a minha mãe” no momento que esta frase saiu de minha garganta, soluços profundos me impediam de falar qualquer outra coisa. O que seria de mim? Acreditava fielmente que seria a próxima refeição do ser meio homem, meio lobo à minha frente. O Sol começava a se pôr, a mata se tornara vermelha como o inferno. Meu desespero tomava conta de todo o meu ser e a criatura diante de mim somente me encarava em silêncio. Deviam ter passado minutos, ou horas, eu não poderia distinguir de qualquer maneira. O ser tinha aparência de homem, mas com orelhas enormes de lobo no topo de sua cabeça e uma cauda felpuda no final de suas costas que ia até acima de seu tornozelo. Seus olhos eram carmesins como rubis, mesmo que estivesse terrivelmente assustada, não poderia negar a beleza enigmática a qual ele possuía. “Sou um licantropo, criança, metade humano, metade lobo.” Antes que eu pudesse ter alguma reação, um barulho se fez presente na mata, rapidamente movi minhas íris em direção ao som e pude ver outro grande lobo, mas ao contrário do primeiro que era completamente negro, este era acinzentado. Se antes estava assustada, agora poderia facilmente ter uma convulsão. O que aconteceria a seguir? eles me dividiriam como um pão? metade para cada um. Esses pensamentos não me ajudavam. Os dois seres se olhavam, como se estivessem tendo uma séria conversa, mas suas bocas não se mexiam. Foi quando o licantropo desviou seu olhar para mim, e logo após veio em minha direção. “Sua mãe foi morta por que matou um dos meus. Uma vida por outra. meu plano era também te matar, criança. Mas acho que você pode me ser útil no futuro.” O homem pegou meu pulso em sua mão, pressionou sua garra e pude sentir o tecido da minha pele se rompendo. “Não se preocupe, querida. O veneno em minhas garras somente te fará dormir.” Ele não soltou meu pulso, eu já não sentia sua unha dentro de minha pele, e poucos segundos depois, minha visão começou a escurecer, meu corpo pesava uma tonelada. Foi quando senti um braço ser passado pelas minhas costas e outro por trás das minhas pernas. Eu ainda não tinha adormecido completamente, foquei minha visão o máximo que pude e percebi que o homem tinha me pego em seus braços. minha cabeça apoiada em seu peitoral “Alfa Daemon, por que está deixando essa humana viva?” Quando ouvi essa pergunta, fiz o máximo de esforço que consegui para ficar acordada. “Dois motivos Conan: Ela realmente pode ser útil, ter uma humana do nosso lado pode facilitar muitas coisas e o outro…” o sono já me dominava, meus olhos já tinham se fechado “... ela é bonita demais para morrer assim.” Foi a última coisa que ouvi antes de me entregar ao mundo dos sonhos. O que aconteceria comigo a partir dali era um mistério, medo e angústia era tudo que tinha em minha mente. Uma humana em meio à licantropos, o que poderia dar errado?