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outubro de 2022
INSTITUTO UNIVERSITÁRIO EGAS MONIZ
outubro de 2022
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer ao Instituto Universitário Egas Moniz por ter sido a minha
segunda casa durante tantos anos e a todos os professores pela educação, aprendizagem
e valores transmitidos.
Ao meu orientador, Prof Doutor Ignacio Barbero, pela sua paciência, disponibilidade,
confiança e dedicação para fazer este projeto possível.
Aos meus pais, Jaime Navarro e Matilde Martínez, por todo o esforço que fizeram para
que eu pudesse realizar o meu sonho, fico-lhes especialmente grata, sem eles nada disto
teria sido possível.
Um agradecimento especial a minha mãe, obrigada pelos teus abraços nos momentos
mais necessários e por me dar forças para continuar e nunca desistir diante de nada.
Obrigada por ter me ensinado a ser uma mulher lutadora, tive o melhor exemplo.
Ao Juan, meu namorado, obrigada pelo teu apoio incondicional, tens sido o pilar mais
importante para mim, obrigada pela tua paciência, por lutares comigo e por nunca me
largares a mão. Agora começa a fase mais gira, finalmente juntos.
Ao Juan Pedro pelos valores que me incutiste durante toda a minha vida, pelos teus
conselhos e por acreditar em mim quando eu nem sequer acreditava.
Às minhas irmãs, Laura e Paula, pela vossa força e amor apesar da distância.
À Lucía, obrigada por me teres acompanhado durante estes 6 anos, por ensinares tanto,
por cuidares de mim como ninguém e pela tua sincera amizade. Faltam-me palavras
para te agradecer por tudo. Tens sido a minha grande luz neste caminho.
A todas as minhas amigas, obrigada pelo acompanhamento nesta etapa da minha vida e
por encherem o meu coração de alegria e felicidade. Vocês são tudo para mim.
RESUMO
Muitos dos tratamentos realizados na clínica dentária são a causa de patologias que
prejudicam a polpa e o periápice.
Antes de realizar qualquer tratamento, é importante conhecer a anatomia dental e
saber correlacionar os sintomas apresentados pelo paciente com as diferentes patologias
pulpares e periapicais existentes.
Para poder identificar qual é a patologia apresentada, é necessário realizar uma boa
história clínica, exames clínicos extra e intraorais, testes de vitalidade e/ou sensibilidade,
testes perirradiculares e a realização de raios X para finalmente obter um diagnóstico
endodôntico correto.
Com base na revisão bibliográfica existente, o objetivo deste projeto foi expor a
classificação diagnóstica universal de patologias pulpares e periapicais aprovada pela
American Association of Endodontics e abordar os diferentes testes diagnósticos existentes
incluindo novos possíveis mecanismos diagnósticos em endodontia.
Para a realização desta monografia foi feita uma pesquisa bibliográfica nas bases de
dados PubMed, Google Scholar e Scielo. Para os critérios de inclusão, irão constar artigos
com texto disponível em inglês, espanhol e português e com datas de publicação dos últimos
10 anos, dando prioridade aos artigos mais atuais.
1
2
ABSTRACT
Many of the treatments performed in the dental clinic are the cause of pathologies
that damage the pulp and periapex.
Before performing any treatment, it is important to know the dental anatomy and to
know how to correlate the symptoms presented by the patient with the different pulp and
periapical pathologies that exist.
To be able to identify which pathology is presented, it is necessary to carry out a
good clinical history, extra and intraoral clinical exams, vitality and/or sensitivity tests,
periradicular tests and the performance of X-rays to finally obtain a correct endodontic
diagnosis.
Based on the review of the existing bibliography, the objective of this project was to
expose the universal diagnostic classification of pulp and periapical pathologies approved
by the American Association of Endodontics and to address the different existing diagnostic
tests including the new possible diagnostic mechanisms in endodontics.
In order to carry out this monograph, a bibliographic search was carried out in the
PubMed, Google Scholar and Scielo databases. For the inclusion criteria, there will be
articles with text available in English, Spanish and Portuguese and with publication dates of
the last 10 years, giving priority to the most current articles.
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4
ÍNDICE
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2.3.5. Exames radiográficos....................................................................................................... 35
2.3.5.1. Radiografias periapicais ........................................................................................ 35
2.3.5.2. Tomografia computadorizada de feixe cônico ..................................................... 36
2.3.5.3. Radiografia panorâmica ........................................................................................ 36
2.3.5.4. Bitewings ................................................................................................................. 36
2.3.6. Novos métodos de diagnóstico ......................................................................................... 36
2.3.6.1. Microrrobótica e nanopartículas .......................................................................... 36
2.3.6.2. Termografia infravermelha ................................................................................... 37
2.3.6.3. Biomarcadores ........................................................................................................ 38
2.4. URGÊNCIAS ENDODÔNTICAS ..................................................................... 38
III. CONCLUSÃO .............................................................................................. 43
IV. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 45
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Trato sinusal com cone de guta-percha (Varghese et al., 2020).
Figura 2: Mecanismo de oximetria de pulso (Gopikrishna & Grossman, 2021).
Figura 3: Fluxometria Laser Doppler (Todea et al., 2016).
Figura 4: Teste ao quente com guta-percha aquecida (Torabinejad et al., 2021).
Figura 5: Teste elétrico pulpar (Gopikrishna & Grossman, 2021).
Figura 6: Scanner de termografía guiado por perfil (Aboushady et al., 2021).
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Resumo da classificação diagnóstica das patologias pulpares.
Tabela 2: Resumo da classificação diagnóstica das patologias periapicais.
Tabela 3: Indicações para antibióticos adjuvantes (Adaptado de American Association
of Endodontists [AAE], 2019).
Tabela 4: Condições que não requerem antibióticos adjuvantes (Adaptado de American
Association of Endodontists [AAE], 2019).
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LISTA DE ABREVIATURAS
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Introdução
I. INTRODUÇÃO
1.1 COMPLEXO DENTINO PULPAR
A polpa e a dentina formam o complexo dentino-pulpar, os dois tecidos constituem
estrutural e funcionalmente uma verdadeira unidade biológica. Possuem propriedades
histológicas diferentes, porém, possuem a mesma origem embriológica, são formados como
resultado da papila dentária do germe dentário durante a embriogênese. A polpa mantém a
vitalidade da dentina e esta por sua vez protege-a. Os odontoblastos estão presentes e
colaboram para defender e manter o complexo dentino-pulpar contra qualquer agente
patogénico (Leite et al., 2020; Barzuna Ulloa et al., 2014; Li et al., 2021).
1.1.1 Dentina
A dentina é um tecido conjuntivo especializado de origem ectomesenquimal, é o
tecido mineralizado que forma o maior volume do dente. A sua porção coronal é recoberta
por esmalte e a porção radicular é recoberta por cemento. Internamente é limitado pela
câmara pulpar onde está localizada a polpa dentária. É composta por 70% de matéria
inorgânica, 20% de matriz orgânica e 10% de água. A matriz orgânica, produzida pelos
odontoblastos, contém 90% de fibras colágenas do tipo I, enquanto 10% correspondem a
proteínas não colágenas (Sloan, 2015; Alano Díaz et al., 2018).
Três tipos de dentina são reconhecidos, a dentina primária compõe a maior parte do
dente e antes que a formação da raiz esteja completa é segregada; inclui a dentina do manto
e a dentina circumpulpar. Após a conclusão da raiz, a dentina secundária é segregada e a
dentina terciária também conhecida como dentina reativa ou reparadora é produzida apenas
por causa das células que são afetadas por um estímulo. Histologicamente, a matriz
dentinária contém túbulos com fluido tubular e o processo odontoblástico. A dentina
peritubular circunda os túbulos dentinários e será produzida quando a mineralização da
dentina intertubular, que corresponde ao maior elemento da dentina, estiver acabada (Alano
Díaz et al., 2018).
1.1.2 Polpa
1.1.2.1 Anatomia
A polpa dentária encontra-se na câmara pulpar da coroa, chamada de polpa coronária
e também está presente no canal radicular da raiz, a polpa radicular. Na polpa coronária
encontramos o teto, as superfícies mesial, distal, vestibular, lingual, o assoalho e os cornos
da polpa que se desdobram em direção às cúspides da coroa. A polpa radicular estende-se da
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
região cervical da coroa até ao ápice radicular. As partes radiculares da polpa entram em
contato com os tecidos conjuntivos periapicais através do forame apical (Kumar, 2015).
1.1.2.2 Histologia e composição
A polpa dentária é um tecido conjuntivo não mineralizado que se encontra apenas no
interior da cavidade dentária (Nagata et al., 2021), é de origem mesodérmica, altamente
inervada e vascularizada e é revestida por esmalte, dentina e cemento. É composta por 75%
de água e 25% de matéria orgânica. A referida matéria orgânica é composta por células e
matriz extracelular caracterizada por fibras e substância fundamental (Miquet Vega & Báez
Ayala, 2019). Inclui diferentes populações de células com diferentes funções para a
produção e manutenção dos dentes (Quispe-Salcedo & Ohshima, 2021).
A matriz extracelular da polpa, é uma estrutura tridimensional, é abundante em
hialuronano, glicosaminoglicanos e proteoglicanos que são mantidos juntos por uma rede de
fibrilas tênues de colágeno, fibrilas reticulares e fibronectina (Nowwarote et al., 2022).
Nas fibras pulpares são detectados vários tipos de fibras, entre as quais estão as
fibras colágenas que são compostas de colágeno tipo I. Também existem fibras reticulares,
onde o colágeno tipo III é encontrado junto com a fibronectina e por ultimo as fibras
elásticas que se localizam nos vasos sanguíneos aferentes, a elastina e as fibras oxitalânicas
estão localizadas como elemento predominante (Miquet Vega & Báez Ayala, 2019).
Os odontoblastos, também chamados de dentinoblastos, são encontrados na periferia
da polpa dentária e possuem características morfológicas únicas, razão pela qual estendem
processos citoplasmáticos denominados processos odontoblásticos direcionados aos túbulos
dentinários dentro da dentina (Kawashima & Okiji, 2016). Os odontoblastos são células
pós-mitóticas que são mantidas ao longo da vida de um dente até que a morte celular ocorra
por trauma, doença ou apoptose. Têm a sua origem nas células dentárias da crista neural
craniana do ectomesênquima. Sua principal função é depositar a dentina primária,
secundária e terciária nos dentes, embora também desempenhem um papel importante na
manutenção fisiológica da polpa e em caso de lesão, têm capacidade para originar uma
resposta imune defensiva que ajudará a recuperar o dente (Rajan et al., 2020).
Os fibroblastos são as células mais numerosas da polpa dentária, participam na
síntese e remodelação da matriz extracelular da polpa. Para manter a homeostase, podem
segregar e responder a citocinas, quimiocinas e fatores de crescimento e, portanto, são
essenciais para a renovação tecidual (Tsai et al., 2022).
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Introdução
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
1.1.2.5 Inervação
O tecido pulpar é inervado por fibras dos sistemas simpático, parassimpático e
somatossensorial. O sistema nervoso simpático causará vasoconstrição, ou seja, reduzirá o
fluxo sanguíneo pulpar devido à liberação de neurotransmissores, ao contrário das fibras
parassimpáticas que produzem vasodilatação; por outro lado, as fibras somatossensoriais são
responsáveis pela produção de neuropeptídeos que regulam o fluxo sanguíneo pulpar
(Caviedes-Bucheli et al., 2017).
A polpa é inervada por fibras nervosas, que geralmente acessam através do forame
apical e 80-90% das fibras encontradas na polpa são fibras nervosas não mielinizadas (fibras
C), que causam dor contínua e de difícil localização. Também estão presentes na polpa
fibras nervosas finamente mielinizadas A delta (Ad) que são as fibras que comunicam a dor
aguda; em menor quantidade, as fibras densamente mielinizadas A beta (Ab) e as células de
Schwann que formarão a mielina dessas fibras mielinizadas (Kim et al., 2017; Zhan et al.,
2021).
1.1.2.6 Vascularização
A vascularização na polpa dentária, auxilia na resposta à inflamação e na sua
posterior recuperação, sendo também responsável pelo fornecimento de nutrientes e
eliminação de detritos. A polpa é altamente vascularizada e encontra-se em ambiente firme,
circundada por paredes rígidas de dentina, sendo a única entrada o forame apical (Rombouts
et al., 2017).
As funções da polpa são regularizadas pela sua microcirculação pulpar e é assim
chamada pela ausência de veias ou artérias. Vênulas e arteríolas são os maiores vasos
encontrados na polpa. As arteríolas são o principal local de resistência ao fluxo sanguíneo e
as vênulas são as que primeiro recebem o fluxo sanguíneo que deriva do leito capilar
(Brenes Fallas & Castro Mora, 2020).
De acordo com Wiśniewska et al. (2021) o sistema linfático da polpa dentária é
menos desenvolvido em comparação com outros tecidos, embora muitos investigadores
confirmem sua existência, razão pela qual é questionável se vasos linfáticos são ou não
encontrados na polpa.
1.2 TECIDOS PERIRRADICULARES
1.2.1 Cemento
O cemento ou cemento radicular é um tecido mineralizado que cobre toda a
superfície da raiz. A sua principal função é o suporte dentário juntamente com as principais
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Introdução
fibras periodontais e o osso alveolar. Não contém vasos sanguíneos, não sofre remodelação
contínua e expande o seu crescimento ao longo da vida (Yamamoto et al., 2016). O cemento
é composto por 46% de matéria inorgânica, 22% de matéria orgânica e 32% de água. A
matéria inorgânica contém cristais de hidroxiapatita e a matéria orgânica contém colágeno
tipo I e proteínas não-colágenas (Canalda Sahli & Brau Aguadé, 2019).
Segundo Yamamoto et al. (2016) em relação à composição da matriz orgânica do
cemento, não descrevemos um cemento específico. A matriz orgânica do cemento é
representada principalmente por colágenos. O único tipo parece ser o colágeno tipo I. O
colágeno forma fibrilas estriadas no cemento e estimula a mineralização biológica
auxiliando os cristais minerais durante a mineralização e depois para manter toda a estrutura
estrutural do cemento. A sialoproteína óssea e a osteopontina destacam-se como as
principais proteínas não colágenas. Elas se ligam ao colágeno e à hidroxiapatita e, portanto,
são importantes para o processo de mineralização. Após a mineralização também serve para
manter a integridade estrutural do cemento.
Segundo Foster (2017) o cemento é classificado em cemento acelular e cemento
celular. O primeiro fixa as fibras do ligamento periodontal à superfície da raiz cervical e é
importante para a integração dentária e função periodontal e o segundo reveste a parte apical
da raiz e é importante para a preservação oclusal do dente.
De acordo com Aboulfadl e Hulliger (2015) existem quatro tipos de cementos:
O cemento acelular afibrilar que cobre áreas menores do esmalte e, devido à falta de
fibrilas de colágeno, não tem papel na inserção dos dentes.
As fibras extrínsecas acelulares encontradas principalmente nas porções cervical e
radicular média e são baseadas em uma banda densa de fibras colágenas curtas que são
direcionadas perpendicularmente à superfície radicular. Crescerão lenta e continuamente em
espessura, e colaborarão na fixação dentária.
As fibras celulares intrínsecas são mais finas e abundantes, sendo encontradas em
diferentes locais. Elas têm linhas de crescimento incrementais e são orientadas
aproximadamente paralelas à superfície do cemento e de forma circular ao redor da raiz. O
crescimento, sendo mais rápido, do que nas fibras extrínsecas acelulares, será capaz de
restaurar um defeito de reabsorção radicular em uma duração mais compreensível.
No cemento de fibra misto, as camadas de cemento acelular e celular revezam-se
aleatoriamente. É um cemento celular que insere as fibras periodontais à medida que se
continuam a desenvolver.
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
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Introdução
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
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Desenvolvimento
II. DESENVOLVIMENTO
2.1 ETIOPATOGENIA
A principal causa etiológica da inflamação pulpar, necrose, periodontite periapical e
formação de abcesso é a colonização de bactérias na polpa dentária através da cárie e do seu
deslocamento para os tecidos periapicais (Gutmann & Manjarrés, 2018).
Segundo vários estudos, quando a cárie danifica a dentina primária, a resposta pulpar
é apreciável e devido a isso, bactérias e subprodutos nocivos podem ou não atuar como
irritantes antigênicos e entrar pelos túbulos dentinários causando respostas inflamatórias. A
dentina reativa ou reparadora também pode ser produzida pela polpa para dificultar a
entrada de bactérias na dentina. Contudo, se a cárie não for tratada, as bactérias continuarão
a entrar e a danificar a polpa, causando inflamação ou formação de abcesso (Lin et al.,
2020).
Há vários tipos de agentes que afetam ao tecido pulpar, nomeadamente:
Agentes químicos, caracterizados por materiais dentários. Quando um material é
aplicado sem se considerar que o complexo dentino pulpar deve ser protegido, pode causar
inflamação no tecido pulpar desencadeada como fator irritante para o tecido.
Agentes biológicos, caracterizados pelas bactérias que estão presentes na cárie ou em
patologias periapicais. Quando a cárie dentária não é tratada, as bactérias através dos
túbulos dentinários danificam o tecido pulpar. A fratura de um dente, deixando a dentina ou
polpa exposta a bactérias, também é um fator biológico.
Agentes físicos, caracterizados pelo uso de brocas sem adequada refrigeração e alta
rotação durante o preparo de uma restauração. A eletricidade produzida pelo contato de dois
metais, como é o caso das restaurações metálicas, também afeta o tecido pulpar. O
bruxismo, a erosão, a abrasão e o atrito também exercem influência desfavorável como
agente físico (Leonardi et al., 2011).
Embora o principal fator etiológico das patologias periapicais seja a cárie, existem
outros fatores que podem levar a essa patologia, incluindo traumas agudos e crônicos,
fatores iatrogênicos e doenças como a diabetes mellitus, levando a alterações patológicas na
polpa, armazenando substâncias irritantes nos canais radiculares e posteriormente ocupando
os tecidos periapicais, iniciando-se assim, a lesão periapical (Furzan & Jiménez, 2016).
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
22
Desenvolvimento
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
Polpa normal +
Pulpite + -
irreversível Dor mantida durante
sintomática aproximadamente 30
segundos após retirado o
estimulo
Pulpite + -
irreversível
assintomática
Necrose - - Normalmente sem
Necrose asociada a alterações
patología periapical: + periapicais
Anteriormente - Endodontia feita
tratado previamente
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Desenvolvimento
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
Figura 1: Trato sinusal com cone de guta-percha. Na imagem A, trato sinusal com ponta de guta-
percha. Na imagem B, radiografia com ponta de guta-percha (Varghese et al., 2020).
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Desenvolvimento
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
2.3.DIAGNÓSTICO ENDODÔNTICO
O diagnóstico é muitas vezes tanto uma arte quanto uma ciência. Os médicos
dentistas devem combinar os resultados de seu exame clínico, achados radiográficos,
história clínica dentária relatada e experiência clínica para chegar a um diagnóstico preciso
(Jespersen et al., 2014).
Segundo Gopikrishna e Grossman (2021) o tratamento correto começa com um
diagnóstico correto, por isso os procedimentos diagnósticos devem seguir uma ordem lógica
e consistente que inclua uma história médica e dental completa, exame radiográfico, exame
clínico extraoral e intraoral, incluindo exame histopatológico, para chegar ao diagnóstico
final quando necessário.
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Desenvolvimento
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
30
Desenvolvimento
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
uma luz que passará de um diodo fotoelétrico por uma parte do corpo até um recetor, a
partir da qual é possível calcular, num microprocessador, a diferença entre a luz emitida e a
recebida obtendo-se a leitura de batimentos por minuto e a saturação de oxigênio. Para
encontrar a Hb oxigenada e a Hb desoxigenada, o diodo fotoelétrico retransmitirá dois
comprimentos de onda de luz. É fornecida a percentagem da oxigenação do sangue,
indicando a absorbância dos comprimentos de onda e, portanto, através da vascularização e
do transporte de Hb, são identificados dados mais exatos da oxigenação do tecido (De la
Rosa-Reyes et al., 2021).
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Desenvolvimento
Figura 3: Fluxometria Laser Doppler. Colocação intraoral do suporte de silicone junto com a fibra
óptica estabilizada (Todea et al., 2016).
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
De acordo com Sui et al. (2021) para realizar o HPT o dente é isolado e seco com
rolos de algodão, seguindo-se a aplicação de uma fina camada de lubrificante na superfície
do dente e uma guta-percha aquecida é colocada no terço médio da superfície vestibular da
coroa do dente por 2 segundos.
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Desenvolvimento
ausência de vitalidade pulpar, embora não seja possível obter informações sobre o estado de
saúde da polpa.
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
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Desenvolvimento
2.3.6.2.Termografia infravermelha
A termografia infravermelha (TIR) surgiu em meados do século XX e tem-se
desenvolvido em áreas como as ciências militares, a engenharia e a medicina. É uma técnica
não invasiva, sem contato e indolor que não causa danos colaterais.
A TIR é um método que permite mostrar e registrar, com uma câmara em tempo
real, imagens bidimensionais da temperatura de um corpo. É feito com base na radiação
infravermelha que é emitida e dispensa a luz visível (Becerra López et al., 2022).
As imagens termográficas podem calcular a temperatura da superfície através do
calor que é produzido quando há inflamação, facilitando a avaliação da microcirculação em
numa área específica. A termografia pode ser utilizada para diagnosticar lesões
inflamatórias periapicais, facilitando o diagnóstico precoce (Aboushady et al., 2021).
O uso da TIR pode contribuir para a avaliação da vitalidade pulpar, mas serão
necessários mais estudos para demonstrar a sua especificidade e sensibilidade (Mendes et
al., 2020).
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
Figura 6: Scanner de termografia guiado por perfil mostrando: 1.Câmara infravermelha, 2. Ângulos
de ajuste, 3. Mecanismo de tesoura, 4. Caixa de rolamento, 5. Perfil de guiamento, 6. Flange de fixação, 7.
Suportes de guia, 8. Suporte de apoio de queixo, 9. Apoio de queixo, 10. Rolamento superior, 11. Rolamentos
inferiores, 12. Rolamentos laterais (Aboushady et al., 2021).
2.3.6.3.Biomarcadores
Os biomarcadores são componentes funcionais a nível celular ou molecular
importantes para o processo de identificação de patologias e seu diagnóstico. No complexo
dentino-pulpar existem vários biomarcadores em diferentes estágios de desenvolvimento e a
sua ausência deles produz alterações no desenvolvimento (Ali Hassan et al., 2020).
De acordo com Brizuela et al. (2020) a diferenciação entre uma pulpite irreversível
sintomática e uma pulpite reversível foi possível graças à combinação de vários
biomarcadores combinados, como ácido FGF + IL-6 + IL-1α, + TIMP-1. Estas moléculas
podem ser biomarcadores potenciais eficazes para testes diagnósticos.
O fluido dentinário tem potencial para o diagnóstico molecular do estado pulpar e é
um método promissor por não ser invasivo, embora segundo Zanini et al. (2017) a
dificuldade de obter fluido dentinário suficiente torna sua utilidade clínica impraticável.
O teste Elisa, comparado a outros métodos de imunoensaio, parece ser o teste mais
específico e sensível para a avaliação molecular da inflamação pulpar. É evidente que novos
métodos diagnósticos são cada vez mais necessários e o diagnóstico molecular é promissor e
pode ser de grande importância para estabelecer as indicações clínicas adequadas.
2.4.URGÊNCIAS ENDODÔNTICAS
Uma emergência endodôntica ocorre quando um paciente apresenta dor associada à
inflamação da polpa e/ou tecidos perirradiculares ou quando apresenta dor acompanhada ou
38
Desenvolvimento
não de edema causado por uma infeção dos canais radiculares e/ou tecidos perirradiculares.
Para lidar com emergências endodônticas, é necessário seguir os princípios do 3D
(Diagnóstico, tratamento odontológico definitivo e medicamentos). Um bom diagnóstico
deve ser feito direcionando ao médico dentista para o tratamento adequado. A endodontia
nem sempre será necessária, pois alguns casos podem ser resolvidos de forma conservadora
e a administração de medicamentos dependerá do diagnóstico e tratamento. As opções
perante uma emergência endodôntica incluem tratamento conservador da polpa, tratamento
do canal radicular, retratamento do canal radicular e extração (Abbott, 2022).
As emergências endodônticas podem ocorrer antes, durante ou após o tratamento
endodôntico, embora as mais comuns sejam aquelas anteriores ao início do tratamento
endodôntico (González, s.d.).
A pulpite irreversível sintomática e o abcesso apical agudo estão entre as
emergências endodônticas mais frequentes. A periodontite apical sintomática pode progredir
para um abcesso. Nas fases iniciais do abcesso apical agudo, o desbridamento deve ser
realizado para tentativa de drenagem através do canal, mas quando o abcesso apresenta
tumefação submucosa, a drenagem será realizada através de incisão na mucosa. Deve ser
colocado um medicamento antisséptico e a realização do selamento de acesso à cavidade. A
medicação analgésica/anti-inflamatória é indicada (Vilas Navós, 2020).
A maioria das emergências endodônticas (53,13%) deve-se à dor causada pela
pulpite irreversível sintomática. Para tratar a dor de uma pulpite, é necessário o tratamento
imediato de uma pulpectomia, embora em alguns casos não seja possível realizá-la
imediatamente e os corticosteróides sejam indicados para reduzir a dor pré-operatória. Em
muitas ocasiões, a dor pós-operatória aparece após a realização do desbridamento e para o
controle da dor, os AINEs são os fármacos de escolha (Mamani Usecca et al., 2022).
A American Association of Endodontists (AAE, 2019) afirmou que a prescrição de
antibióticos no tratamento de infeções endodônticas deve ser indicada para tratar abcessos
apicais agudos em pacientes imunocompetentes quando a realização do tratamento não é
possível, abcessos apicais agudos em pacientes imunocomprometidos, abcessos apicais
agudos com envolvimento sistêmico, infeções progressivas e infeções persistentes e que as
condições que não requerem antibióticos são a pulpite irreversível sintomática, necrose
pulpar, periodontite apical sintomática, abcessos apicais crônicos e abcessos apicais agudos
em pacientes imunocompetentes quando é possível realizar o tratamento.
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
Tabela 4: Condições que não requerem antibióticos adjuvantes (Adaptado de AAE, 2019).
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Desenvolvimento
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Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
42
Conclusão
III. CONCLUSÃO
Com base na revisão efetuada, é possível concluir que muitos dos tratamentos, sejam
de rotina ou de emergência, se devem à sintomatologia dolorosa apresentada pelo paciente à
chegada ao consultório e uma grande parte deles é devida a lesões pulpares e/ou periapicais.
Com base nesta revisão, é possível afirmar que a principal causa das patologias da
polpa, que causarão a sua inflamação, deve-se aos microrganismos que provocam cáries
dentárias, que invadem a polpa e que, se não forem tratados, podem posteriormente afetar os
tecidos periapicais, causando infeções do canal radicular.
É importante que o medico dentista saiba distinguir as diferentes patologias pulpares
e periapicais e a sintomatologia que cada uma delas apresenta. Assim, para que possa fazer
um diagnóstico correto, devem seguir uma ordem lógica e consistente de forma a chegar a
um diagnóstico correto. Deve ser realizado um completo historial médico e dentário,
analisando a razão pela qual o paciente veio à consulta, exames extra e intra-orais, avaliar a
existência de assimetrias faciais, de lesões mucosas, de fístulas e/ou edemas, examinar os
tecidos duros e moles e o estado de higiene oral do paciente. Posteriormente, são efetuados
testes periradiculares, incluindo testes de percussão, de palpação, de mordida e de
mobilidade dentária, se a resposta for dolorosa conclui-se pela existência de inflamação
periapical.
O gold standard para avaliar o estado da polpa seria a realização de um exame
histopatológico, mas não é recomendado devido à sua invasividade. Os testes de
sensibilidade, incluindo os testes térmicos, o teste da cavidade e o teste elétrico, avaliam o
estado neural da polpa e os resultados apenas indicam a probabilidade de a polpa ser ou não
vital, com a possibilidade de ter respostas falsas positivas e falsas negativas. Os testes de
vitalidade, incluindo a fluxometria laser doppler e a oximetria de pulso, fornecem
informações sobre o fluxo sanguíneo. No entanto, estes testes baseiam-se na resposta
subjetiva do paciente e a dor pode ser variável entre pacientes, embora se estes testes forem
utilizados corretamente, os resultados podem fornecer ao médico dentista importantes
informações para chegar a um correto diagnóstico.
Os exames radiográficos são também utilizados na obtenção de um diagnóstico
correto. A radiografia periapical é a técnica radiográfica mais comummente utilizada na
endodontia. Por outro lado, verificou-se que a tomografia computorizada de feixe cónico
tem uma maior radiação do que a radiografia periapical, logo, só é indicada nos casos em
43
Diagnóstico clínico de patologias pulpares e periapicais: revisão bibliográfica
que é necessária uma avaliação tridimensional e nos casos em que a radiografia periapical
não foi conclusiva. As radiografias panorâmicas também podem ser úteis para avaliar lesões
periapicais e o bitewing também pode ser usado para avaliar patologias ou irregularidades
formativas.
Existem novos métodos de diagnóstico, incluindo a termografia infravermelha que
embora possa contribuir para a avaliação da vitalidade da polpa necessita de mais estudos
para demonstrar a sua especificidade e sensibilidade.
Os biomarcadores são um método de diagnóstico promissor e podem ser importantes
para estabelecer indicações clínicas apropriadas, embora sejam necessários mais estudos.
A microrobótica e as nanopartículas estão a facilitar novas formas de diagnóstico na
área da medicina dentária, embora também sejam necessários mais estudos antes de
poderem ser postas em prática.
Finalmente pode concluir-se que o diagnóstico clínico para determinar patologias
pulpares e periapicais é importante, bem como correlacionar a sintomatologia de cada uma
delas. Embora os testes pulpares e os testes periapicais sejam testes subjetivos, fornecem
uma grande quantidade de informação e juntamente com os exames radiográficos podem
levar o médico dentista a um diagnóstico correto. Os novos métodos de diagnóstico são
promissores, mas como referido, a escassez de estudos condicionam a sua utilização na área
da medicina dentária.
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