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Deixando de lado a análise mais estrutural partimos então para uma mais aprofundada do
conto, com foco nos aspectos interpretativos. Do ponto de vista existencialista, a escritora
constrói uma dualidade entre o ovo e a galinha, caracterizando-os como seres
dissociáveis. Ao ovo podemos associar tanto a própria existência humana quanto as obras
literárias, já a galinha pode ser comparada tanto a nós seres humanos quanto ao escritor
enquanto profissional (“a galinha dos ovos de ouro” que só possui valor quando produz
obras rentáveis).
Além disso, têm-se bem marcada no conto uma espécie de dicotomia entre ser “em-si" e
o “para-si”, sem que o ovo pertença a primeira, pois trata-se de um objeto que não tem
noção de sua existência no espaço, não reflete sobre si, ele apenas é. Já a galinha, Clarice
trata como um ser para si, que tem consciência da sua existência, que tem sentimentos,
frustrações e etc, como o próprio ser humano.