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FACULDADE DE DIREITO
TURMA NOITE
Matrícula: 388922
1) No texto “ O Direito à Literatura”, Antonio Cândido diz que a fabulação constitui uma
dimensão importante da vida humana. Tendo isso em vista, como você acha que ela se
manifesta no Direito ?
No texto “no começo era o juiz”, François Ost inicia sua argumentação discorrendo sobre a
figura do juiz perante o Direito, apresentando-o brevemente como um protagonista da relação
jurídica que tem como missão dizer o Direito. No entanto, nota-se que o autor não
necessariamente constrói a figura do juiz em si de forma cronológica, mas sim, apresenta os
elementos inerentes à construção do Direito baseado na vingança e justiça, “encaixando” a
figura do juiz ao longo da narrativa. Desta forma, o texto nos apresenta uma espécie de
antologia do Direito que evidencia o papel do juiz em cada narrativa e ocasião, com o intuito
de demonstrar que a figura do juiz pode ser um reflexo da concepção de justiça de cada
período e contexto. Assim, ao apresentar um conjunto de obras e situações que invocam a
noção de justiça, o autor traça um paralelo com a inserção da figura do juiz, o que de certo
modo pode ser caracterizado como um modelo evolutivo do magistrado. No entanto, mais
parece que o autor elaborou um modelo histórico-evolutivo da justiça e deu protagonismo ao
juiz, já que o mesmo é tido como o coração do sistema pelo autor.
Vale ressaltar ainda que na fase juvenil de Bentinho, Capitu era retratada como uma menina
dotada de inigualável beleza, inteligência e olhar único; características evidenciadas por um
olhar apaixonado do narrador, evidenciando mais uma vez suas idealizações e conjecturas
sobre Capitu.
Ademais, Machado de Assis também apresenta Dona Glória, mãe de Bentinho. A personagem
é representada como uma dona de casa que tenta seguir a vida normalmente após a viuvez, de
forma natural, demonstrando diversas vezes ( pelo ponto de vista do autor) que somente o
matrimônio fora capaz de definir as boas memórias de sua mãe, que era nada mais que um
modelo feminino de mãe, esposa que se dedica a vida familiar com prazer, delineando um
determinado perfil social da época. Por fim, tem-se a Dona Fortunata, mãe de Capitu, que
assim como Dona Glória, também é definida como uma dona de casa dedicada, porém com
uma postura mais determinada e altiva, o que contrasta com seu marido, que assume uma
personalidade mais pacífica.
A personagem Dona Glória, como é destacado no livro, representa a mulher, dona de casa,
que tenta seguir a vida normalmente, mesmo após o falecimento do marido. Podemos inferir,
que essa mulher, ao seguir sua vida de forma natural, demonstra que o matrimônio lhe deixou
boas memórias, o que é confirmado por Bentinho, no trecho em que ele menciona uma
fotografia em que seus pais estavam juntos e felizes. Logo, Dona Glória também figura um
modelo feminino real, o de mãe, esposa, e, posteriormente, viúva, que se dedica a vida
familiar, e de alguém que cumpre a rotina com prazer.
No entanto, em razão da narrativa assumir uma postura falocêntrica, observa-se que as figuras
femininas em Dom Casmurro acabam tendo sua voz tolhida, já que o livro retrata a verdade
para Bentinho, de acordo com sua insegurança e imaginação. A ausência do direito à voz é o
que relega imagens negativas às mulheres na obra, sobretudo a Capitu, que sequer foi ouvida
a respeito de seu suposto relacionamento com Escobar. Além disso, é demonstrado que a
figura feminina não possui direitos intelectuais nivelados com o homem, tendo em vista que
para Bentinho, o homem possui uma superioridade intelectual em razão à mulher, decerto por
frequentarem ambientes voltados a estímulos intelectuais masculinos.
4) È correto dizer que a narrativa de Kafka no livro Na colônia penal testa os limites do
direito e da civilização ?
Inicialmente, na Colônia Penal retratada no texto, era inimaginável a noção do acusado dispor
de princípios como contraditório e ampla defesa, visto que foi demonstrado que o acusado do
desvio de conduta não tinha qualquer domínio sobre as razões de sua sentença.