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Umberto Eco não desenvolveu uma teoria estética em sentido amplo, mas tratou de
assuntos estéticos ao longo de toda sua obra. A partir da visão de Luigi Pareyson
sobre a concepção da estética da formatividade, a concepção de arte como visão
passou a ser relacionada ao conceito de “forma”, no qual significa “organismo,
fisicidade formada, dotada de vida autônoma, harmonicamente dimensionada e
regida por leis próprias; e também a um conceito de expressão, onde opõe o de
produção, ação formante”. Para Eco a arte está relacionada ao conceito de
formatividade (produção de formas) diferentemente de outras atividades humanas,
como por exemplo, a artística apresenta uma tendência autônoma que se estrutura
não só a partir de sentimentos, pensamentos, realidades físicas, mas a partir
também de suas leis próprias, acaba criando um novo espaço, um novo sentido.
Levando em consideração o texto que foi passado acima e o trecho que foi retirado
dele, podemos fazer uma correlação com o pensamento de Eco, pois para ele o
significado da arte é diferente no mundo real e no mundo artístico. No trecho, Paul
Schrader disse “O fato de haver personagens que refletem aspectos do ser humano
não significa que você concorde com eles.” e que de fato faz muito sentido pois os
espectadores acabam criando um vínculo sentimental, seja ele qual for, com a
história e acabam pegando as dores do personagem para si. Se eles são pessoas
más que fazem coisas ruins a outras pessoas, consequentemente as pessoas que
estão assistindo ao filme vão vincular essas características ao ator que fez o filme
pois não conseguem não associar o fato de que ali ele é um personagem, que não
necessariamente concorda e toma aquelas atitudes. Ainda mais quando a violência
contra a mulher é um assunto que de uns anos pra cá tem se tornado cada vez mais
falado e debatido na sociedade, já se foi tempos em que atos contra a mulher
passam impune.
De fato as pessoas deveriam ter essa consciência de que o personagem não é a
mesma pessoa que o ator, que ele esta ali pra interpretar um papel, um
personagem, uma vida que não é a dele, não é com os valores que ele concorda,
segue e apoia. Eco já dizia isso antes que a arte esta relacionada ao conceito da
formatividade que não são as mesmas atividades humanas. A arte tem sua própria
realidade.
Irresistível foi um filme bastante polêmico por conter uma cena de estupro longa e
muito cruel de se ver, além de agressão fisica. Um texto literário pode ser
interpretado de diversas formas, e o filme é um exemplo disso. Quando há a
reestreia e nova montagem do filme irresistível, o público estava em outro momento
onde esse assunto sobre agressão contra a mulher é muito abordado na maior parte
da nossa sociedade. O público tem um olhar muito mais preocupado e sensível a
esse tipo de assunto pois atualmente não é algo que se passa mais batido, impune,
é considerado um crime em muitos países.
Estamos inseridos em uma sociedade que está levando cada vez mais a agressão
contra a mulher e o feminicídio a sério. Mesmo que seja uma história ficcional,
assistir cenas brutas e injustas contra uma mulher não é algo que seja fácil de ver,
certamente vai causar um desconforto, revolta, incômodo.
3. Leia os trechos:
“Um livro não é, de maneira alguma, moral ou imoral.
Isso é tudo.”
Oscar Wilde
uma ou outra vez seu “non serviam”. Tratando, desde sempre, da condição
humana,
Para Platão a poesia era entendida como intervenção divina, uma das principais
características era a aproximação entre o filósofo e o poeta. Quando Platão fala
sobre o encontro da poesia e a filosofia, ele fala que o entusiasmo neutraliza a
participação efetiva no processo de criação do poeta pois acaba interferindo no que
é realmente importante.
5.
Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e
cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em
como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as
conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.
O conto é caracterizado por um enredo que parece ser bem tradicional por causa
da forma que a história se inicia, com um narrador observador que constrói
uma narrativa baseada na história dessa mesma princesa que vive em um
reino muito muito distante e apenas com dois personagens em cena, a
princesa e o sapo. Logo de início temos a impressão de que essa será mais
uma história tradicional de conto de fadas onde a princesa acaba esbarrando
com um sapo que na verdade é seu príncipe encantado, mas temos uma
grande surpresa quando, depois do sapo falar inúmeros motivos pelos quais
ela deveria beijá-lo e depois se casar com ele. A surpresa vem quando a
princesa retruca como se todos os motivos que ele tinha dado eram
realmente bons e vantajosos a ela, e não extremamente machistas e
antiquados.
Leia apenas o conto intitulado No seu pescoço, que começa na página 129.
Depois responda:
“Seu tio lhe mostrou como se candidatar a uma vaga de operadora de caixa no
posto de gasolina da rua principal e matriculou você numa faculdade
comunitária, onde as garotas tinham coxas grossas, usavam esmalte vermelho
vivo e bronzeador artificial que as deixava com a pele laranaja” (página 126)
“Ninguém sabia aonde você estava, pois você não contou. Às vezes, você se sentia
invisível e tentava atravessar a parede entre seu quarto e o corredor e , quando
batia na parede, ficava com marcas roxas nos braços.” (página 129)
O enredo fala sobre a história de uma menina que morava na Nigéria e vai para a
casa de seus tios nos Estados Unidos tentar fazer uma faculdade e conseguir
um emprego. Os elementos apresentados no conto que revelam crítica a
elementos similares são as cenas de preconceito citadas no texto. Desde o início
ela é julgada como uma garota que vem da África e por isso não deve conhecer
muito o que os Estados Unidos pode oferece-la. Em diversos momentos vimos
esses acontecimentos, mas principalmente no momento em que ela conhece as
garotas da universidade de sua cidade e que ficam fazendo perguntas absurdas
sobre seu estilo de vida no país em que morava e seus cabelos.
d) Quais são as personagens principais e seus conflitos no conto?
Os personagens principais do conto são compostos pela Akunna, pelo seu tio que
não tem o nome citado, pelo gerente Juan e pelo homem que ela se relaciona
que também não tem o nome citado. Akunna sai da Nigéria para os Estados
Unidos em busca de uma vida melhor e com mais oportunidades, onde ela ia
conseguir trabalhar de operadora de caixa no posto de gasolina e fazer uma
faculdade comunitária. Entretanto, ao chegar na casa de seus tios onde iria
morar, ela sofreu um assédio e quase foi abusada pelo seu próprio tio e resolveu
sair da casa deles e tentar a vida em outra cidade. Quando chegou lá conseguiu
um emprego em um restaurante em Connecticut e começou a trabalhar como
garçonete, e no mesmo restaurante foi onde conheceu o homem que passou a
se relacionar. Algumas questões como o fato dele ser branco e ela negra fizeram
ela a se questionar de algumas coisas, e também o fato dele ter uma condição
financeira melhor do que a dele. No final da história, depois de muito pensar em
mandar uma carta para sua família e contar como estavam as coisas pois não
estavam acontecendo como deveriam, ela finalmente enviou e recebeu a
resposta de que seu pai havia falecido.
Remete ao fato de que muitas pessoas migram para outros países em busca de
uma vida melhor e muitas vezes abrem mão de muitas coisas para estar
morando ali. Independente de ser algo que te deixa confortável ou não, as
pessoas sempre vão tentar se adaptar à nova realidade e a agradar quem está
ao seu redor. É dando que se recebe porque por mais que você se doe e tente
se adaptar a uma realidade totalmente diferente da sua, você será
recompensado por isso em algum momento. Você pode trabalhar muito, mas vai
receber para ter um salário para se sustentar.
A literatura nos afasta da xenofobia pois com ela nós temos a oportunidade de
aprender e conhecer outras culturas que não temos contato. Com ela somos
capazes de quebrar esse preconceito enrustido que temos por conta das
tradições que implantaram nas nossas cabeças que são vindas a seculos.
A relação de Akanna com os homens que surgiram na sua vida era um pouco
distante e fria pois ela não confiava neles de início por já ter passado por
algumas situações que a fizeram duvidar da índole deles.
“Até que seu tio entrou no porão apertado que você dormia ao lado de caixas e
embalagens velhas e puxou-a com força para perto delem apertando sua bunda,
soltando gemidos. Ele não era seu tio de verdade; na verdade ele era irmão do
marido da irmã de seu pai, não parente de sangue. Depois que você empurrou
para longe, ele se sentou na sua cama - a casa era dele afinal de contas - sorriu
e disse que não era mais criança, já tinha vinte e dois anos. Se você deixasse
ele faria muitas coisas por você. As mulheres faziam isso o tempo todo” (página
127)
“Por isso, quando ele lhe perguntou, na meia luz do restaurante, depois de você
listar os especiais do dia, de que país africano viera, voce disse Nigéria e esperou
que ele dissesse que tinha doado dinheiro para a luta contra a aids o Botsuna. Mas
ele perguntou se você era iorubá ou igbo, pois não tinha cara de fulani. Você ficou
surpresa - achou que ele deveria ser professor de antropologia na universidade
estadual. “ (página 130)
Na minha opinião Chimamanda não quis mencionar o nome da jovem no conto para
termos uma interpretação do conto como se fosse nós mesmos vivenciando tudo
o que foi descrito. O efeito que essa escolha pode gerar para o texto é direcionar
o conto totalmente ao leitor, como se ele mesmo tivesse vivendo todos os
acontecimentos expostos.