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A Evolução Das Formas Farmaceuticas
A Evolução Das Formas Farmaceuticas
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Os medicamentos são apresentados ao público com uma determinada
forma. Para se chegar a esse formato, a essa forma final, designada
habitualmente, por forma farmacêutica há um longo processo de
investigação e um rigoroso processo de produção. Essa forma final é
designada por forma farmacêutica. Pode definir-se forma farmacêutica do
seguinte modo: “Estado final que as substâncias ativas ou excipientes
apresentam depois de submetidas às operações farmacêuticas necessárias,
a fim de facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico
desejado” (Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto).
“Estado final que as substâncias ativas ou excipientes apresentam depois de submetidas às operações
farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua administração e obter o maior efeito terapêutico desejado”
(Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto).
Substância ativa é “qualquer substância ou mistura de substâncias destinada a ser utilizada no fabrico de um
medicamento e que, quando utilizada no seu fabrico, se torna um princípio ativo desse medicamento, destinado a
exercer uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica com vista a restaurar, corrigir ou modificar funções
fisiológicas ou a estabelecer um diagnóstico médico” (Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto).
Excipiente é “qualquer componente de um medicamento, que não a substância ativa e o material da embalagem”
(Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto).
As operações farmacêuticas são operações de transformação dos constituintes do medicamento na forma final.
Há medicamentos que podem ser obtidos artesanalmente (medicamentos manipulados), mas a maioria é obtida
industrialmente (medicamentos industrializados ou especialidades farmacêuticas).
Pode definir-se medicamento como: “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como
possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que
possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo
uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”
(Decreto-Lei nº 176/2006 de 30 de Agosto).
Também há medicamentos para plantas e todos os outros animais para além do homem. Por isso os
medicamentos para aplicação nos humanos designam-se por medicamentos de uso humano.
Os medicamentos têm uma longa história e as formas farmacêuticas têm-se alterado ao longo do tempo. Há
formas farmacêuticas que se extinguiram, outras que se têm modificado, outras recentes e outras absolutamente
contemporâneas.
A atual farmacopeia oficial portuguesa Farmacopeia Portuguesa IX (2008) apresenta as seguintes formas
farmacêuticas:
—Adesivos transdérmicos;
—Espumas medicamentosas;
—Pós cutâneos;
—Pós orais;
—Preparações bucais (soluções para gargarejar, soluções para lavagem da boca, soluções gengivais, soluções
bucais e suspensões bucais, preparações bucais semi-sólidas, preparações líquidas para instilação bucal ou
pulverização sub-lingual, pastilhas e pastilhas moles, comprimidos para chupar, comprimidos sub-linguais e
comprimidos bucais, cápsulas bucais, preparações muco-adesivas);
—Preparações líquidas orais (soluções, emulsões e suspensões orais; pós e granulados para soluções ou
suspensões orais; pós para gotas orais; xaropes; pós e granulados para xaropes);
—Preparações nasais (preparações líquidas para instilação ou pulverização nasal; pós nasais; preparações
nasais semi-sólidas; soluções para lavagem nasal);
—Preparações oftálmicas (colírios; soluções para lavagem oftálmica; pós para colírios e pós para soluções para
lavagem oftálmica; preparações oftálmicas semi-sólidas; insertos oftálmicos);
—Preparações para inalação (preparações líquidas para inalação; pós para inalação);
—Preparações parentéricas (preparações injetáveis; preparações para perfusão; preparações para injeção ou
para perfusão após diluição; pós para injeção ou para perfusão; geles injetáveis; implantes);
—Preparações retais (supositórios; cápsulas retais; soluções, emulsões e suspensões retais; pós e comprimidos
para soluções e suspensões retais; preparações retais semi-sólidas; espumas retais; tampões retais);
—Preparações vaginais (óvulos; comprimidos vaginais; cápsulas vaginais; soluções, emulsões e suspensões
vaginais; comprimidos para soluções ou suspensões vaginais; preparações vaginais semi-sólidas; espumas
vaginais; tampões vaginais medicamentosos);
—Tampões medicamentosos.
Etapas da história da farmácia e do medicamento
A história dos medicamentos é longa e é coincidente com a história da farmácia e das artes de curar. Podemos
dividi-la em várias etapas.
O período mágico-religioso
Há milhares de anos o homem, para curar doenças e ferimentos, tirava partido de práticas mágico-religiosas e
preparava mezinhas com produtos naturais. Misturava produtos vegetais, animais e minerais para preparar as
mezinhas – era o primórdio do medicamento.
O mais antigo documento escrito que faz referência à preparação de medicamentos são as tábuas (de argila de
Nippur) na antiga Mesopotâmia (c. 3000 a.C.).
Os testemunhos do Antigo Egito chegaram sobretudo através de papiros sendo um dos mais relevantes o Papiro
de Ebers (1500 a.C.). Os egípcios também se dedicaram muito às práticas cosméticas e higiénicas e à
mumificação.
Quando alguém sofria de prisão de ventre basta-lhe trincar algumas sementes e engoli-las com cerveja para
expulsar as fezes do corpo (Papiro de Ebers).
O rícino favorecia o crescimento do cabelo às mulheres. Indicava-se esmagar a planta, amassá-la e misturá-la
com gordura. A mulher devia aplicá-la, ela mesma, sobre a sua cabeça (Papiro de Ebers).
O óleo de rícino, extraído das sementes, servia para ungir as feridas que segregavam um líquido nauseabundo
(Papiro de Ebers).
Recipiente de acondicionamento de formas medicamentosas pastosas e cosméticas
Galeno descreveu perto de 500 fármacos vegetais e outros da natureza animal e mineral. Estudou as suas
propriedades terapêuticas, classificou-os e sistematizou-os.
Exemplos de formas farmacêuticas utilizadas por Galeno: Cozimentos, Infusões, Pastilhas, Pílulas, Electuários,
Pós, Supositórios, Enemas, Cataplasmas, Clisteres, Clisteres vaginais, Linimentos, Cosméticos, Colutórios, Etc.
Teriaga: foi um medicamento que ficou famoso e que terá sido fabricada inicialmente pelo rei Mitrídades VI, rei do
Ponto, com o seu médico pessoal. A fórmula terá chegado a Roma e um dos médicos de Nero, Andrómaco,
melhorou a fórmula e a teriaga tomou o nome de “Teriaga de Andrómaco”. Era composta por 64 constituintes
sendo o mais importante carne de víbora. Era muito usada para o tratamento da mordeduras de cobra.
Gradualmente foi ganhando popularidade e foi muito usada até final do século XVIII. Em muitas cidades como
Veneza, Montpellier e Toulouse era preparada na rua à vista de todos.
Farmácia árabe
Neste período, com frequência havia a mistura do mágico-religioso na preparação e aplicação dos medicamentos.
Amuletos, talismãs e plantas consideradas mágicas também eram aplicados para prevenir ou curar doenças.
Macerados, infusões, electuários, elixires, emplastros, fumigações (muito utilizadas no período da peste) eram
algumas das formas farmacêuticas utilizadas e muitas vezes sujeitas a benzeduras antes da sua aplicação.
Pedro Hispano (1215-1277), o Papa João XXI, português, na obra Tesouro dos Pobres inscreve inúmeros
medicamentos utilizados na época.
Aplicação de medicamentos
Botica medieval e selo dos CTT alusivo a Pedro Hispano, onde se podem ver medicamentos
acondicionados e Pedro Hispano a fazer um tratamento ocular
Entre finais do século XV e finais do século XVIII, os medicamentos eram preparados: de acordo com a tradição
galénica clássica, com novas drogas provenientes do continente americano e do Oriente e de acordo com os
novos parâmetros da farmácia química.
Selo dos CTT alusivo à obra de Garcia d’Orta, Colóquios dos Simples e recipiente de acondicionamento de
medicamentos e representação da obra de Monardes (século XVI)
onde se abordam as drogas americanas
No final do século XIX, começam a surgir e consolidam-se indústrias farmacêuticas de grandes dimensões.
Assiste-se à industrialização do medicamento.
Surgem as primeiras indústrias, por exemplo: Merck, Bayer, Parke-Davis, Sandoz, Ciba, etc.
Aparecem novas formas farmacêuticas como comprimidos, drageias, injetáveis e melhoria das cápsulas.
Surgem novos excipientes, como é caso dos derivados do petróleo: vaselina, parafina, etc.
Surgem novos aparelhos para a produção artesanal e industrial dos medicamentos. O modo de produção e a
descoberta de princípios ativos condicionam as formas e os formatos dos medicamentos.
As tradicionais formas farmacêuticas, milenares, vão chegando ao seu termo. Algumas extinguiram-se como foi o
caso dos ceratos, dos cerotos, das espécies, dos electuários, dos ripos, das confeições, dos bolos, dos
chocolates, dos cigarros, dos vinhos, dos vinagres, etc.
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Outras renovaram-se, como foi o caso das pomadas, dos elixires, das emulsões, dos linimentos, dos colírios, dos
xaropes, dos enemas, etc. Outras passaram a ter pouca representatividade: caso das pílulas, das poções, etc.
Surgem outras ao longo do século XIX e consolidam-se no século XX, resultado das inovações científicas e
tecnológicas: foi o caso dos comprimidos, das cápsulas, dos injetáveis e de todas as variantes destas formas
farmacêuticas.
Publicidade a duas formas farmacêuticas que hoje não são usadas: cigarros medicinais e vinhos
medicinais (A Medicina Contemporânea, 1915 e 1921)
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O medicamento é um produto que foi sujeito a um longo tempo de investigação, baseado em rigorosos critérios
científicos e de segurança, tutelado por normas jurídicas e regulamentos, e normas éticas, que obedece a controlo
económico, que contribui para o bem-estar individual e cujos efeitos na sociedade são evidentes.
Os medicamentos têm aumentado a esperança de vida da população. Graças aos medicamentos muitas doenças
incuráveis hoje têm cura. Os medicamentos apresentam além da função terapêutica curativa, funções preventivas
e de diagnóstico. A sua introdução no organismo e os seus efeitos estão relacionados com as suas formas e os
seus formatos, adequados a cada via de administração, à finalidade a obter e ao efeito terapêutico pretendido.
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Aerossoles
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Cápsulas
Exemplos de cápsulas
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Colírios
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Comprimidos
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Elixir
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Emulsão
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Enema
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Injetáveis
Soro fisiológico
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Novas formas farmacêuticas
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Os óvulos são formas farmacêuticas de forma
ovóide para serem introduzidos na cavidade
vaginal. Na literatura estrangeira também se
designam por supositórios vaginais, bolas
vaginais, cones vaginais, pessários e pessi. São
ovóides, de consistência firme com peso que varia
entre os 2 e 16 g.
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A palavra pastilha tem origem no latim pastillus
cujo significado é pequeno bolo. Habitualmente a
designação de pastilhas era dada às formas
farmacêuticas de forma cilíndrica achatada,
obtidas a partir de uma massa relativamente
consistente resultante da mistura de pós com
vinhos ou vinagres medicinais.
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Pílulas
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Poção
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Pomadas
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Supositórios
Exemplos de supositórios
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Teriaga
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Xaropes
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