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C2017 Anlisedopotencialdegeraodeenergiasolaremresidnciasdepassofundo RS
C2017 Anlisedopotencialdegeraodeenergiasolaremresidnciasdepassofundo RS
net/publication/323783492
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All content following this page was uploaded by Grace Tibério Cardoso on 15 March 2018.
1. INTRODUÇÃO
A crescente demanda de energia no mundo pós moderno, trouxe a nós, questionamentos sobre a
utilização e a produção de energia elétrica. Um dos principais focos está na busca de novas fontes
renováveis de energia elétrica, utilizando-se de recursos não fósseis para que então seja possível
restringir a produção de gás carbônico, diminuindo assim, as emissões deste gás que é um dos
principais causadores do efeito estufa (ENERGIA, 2015; MATHEWS, 2014; SILVA, 2015).
Com o intuito de diversificar a matriz energética e suprir a demanda, o Brasil vem investindo em
diferentes fontes de geração de energias renováveis. Uma das alternativas de geração é a Energia
Solar Fotovoltaica, na qual a energia elétrica é obtida por meio da conversão da energia luminosa
do Sol em eletricidade. A matriz energética brasileira é baseada principalmente em hidrelétricas e
termoelétricas que infligem diversos impactos ao meio ambiente.
O Brasil possuía no final do segundo semestre de 2016 cerca de 81 MWp de energia solar
fotovoltaica instalados, distribuídas em todo o território brasileiro. Da capacidade total de produção
de energia fotovoltaica do Brasil, 24 MWp correspondiam à geração centralizada e 57 MWp à
geração distribuída. A utilização do potencial de energia solar do Brasil é pouco explorado levando
em consideração os altos níveis de insolação que o país possui. Segundo o plano decenal de
expansão de energia (PDE-2024), a expectativa é que em 2024 a capacidade de geração de energia
de painéis fotovoltaicos chegue a 8.300 MW. Apesar deste aumento, a proporção de geração solar
deve chegar a somente 1% do total da matriz energética. Há potencial para a instalação de 23,5 GW
até 2030 (MMA, 2016).
Apesar da pouco utilização do potencial energético no território brasileiro, o Brasil possui alguns
incentivos para a aceleração da produção de energia fotovoltaica, sendo eles: Programa de
Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD); Isenção de ICMS; Inclusão
no programa Mais Alimentos e Plano Inova Energia.
Segundo a ANEEL (2005), o aproveitamento da energia solar pode ser realizado diretamente para
iluminação, aquecimento de fluídos e ambientes ou ainda para geração de potência mecânica ou
elétrica, como fonte de energia térmica. A energia solar pode ainda ser convertida diretamente em
energia elétrica por meio de efeitos sobre materiais, dentre os quais o termoelétrico e fotovoltaico.
A geração de energia elétrica a partir da radiação solar é obtida pelos efeitos fotovoltaicos ou pela
heliotermia.
No caso do efeito fotovoltaico, é uma energia elétrica produzida a partir de luz solar, graças a foto-
detecção quântica de um dispositivo que permite gerar redes de energia para abastecer residências.
A radiação solar incide sobre materiais semicondutores e é transformada diretamente em corrente
contínua. Essa corrente contínua, a partir de aparelhos inversores, se transfora em corrente
alternada. Os painéis fotovoltaicos são formados por um conjunto de células fotovoltaicas, que se
interconectados permitem a montagem de arranjos modulares, onde podem aumentar a capacidade
de geração de energia elétrica.
Segundo Treble (1991) e Markvart (2000), existem duas principais categorias de sistemas
fotovoltaicos: os sistemas isolados, ou não conectados à rede elétrica, e os sistemas conectados à
rede elétrica. A escolha dos componentes que serão integrados aos módulos dependerá em qual
categoria os sistemas são enquadrados (MARKVART, 2000). A principal diferença entre os tipos
de sistemas fotovoltaicos é há ou não um sistema que acumula energia, isto é, baterias. Esses
sistemas são confinados a quatro principais aplicações, onde duas delas são sistemas fotovoltaicos
isolados, como sistemas domésticos e não domésticos; e as outras duas aplicações são de sistemas
conectados à rede, como sistemas distribuídos e centralizados. O foco deste trabalho serão sistemas
distribuídos conectados a rede.
Os sistemas fotovoltaicos distribuídos conectados à rede tem como função fornecer energia ao
consumidor. Caso seja necessária uma demanda maior do consumo de energia, o consumidor pode
utilizar a rede elétrica convencional para complementar a quantidade de energia que precisa. De
acordo com a Resolução Normativa RN 482/12 da ANEEL (2012), também conhecida como "lei
de incentivo à energia solar", que estabelece as regras de microgeração e minigeração de energia, e
a compensação de energia elétrica com as redes distribuidoras, o consumidor pode “trocar” o
excedente gerado pelo sistema com a distribuidora, ou seja, o que não for consumido pela
edificação é repassado por meio do "crédito" de energia, com validade de 60 meses. O tipo de
sistema, que interliga a microgeração por painéis fotovoltaicos e a rede de distribuição, pode ser
instalado de forma integrada a uma edificação, no telhado ou na fachada de um prédio e, portanto,
junto ao ponto de consumo (MAYCOCK, 1981; MARKVART, 2000; RÜTHER et al., 2005; IEA-
PVPS, 2006).
Algumas vantagens são exaltadas em caso de instalação dos sistemas distribuídos: não se faz
necessário área extra, podendo ser utilizado em meio urbano, em proximidade do local de consumo,
o que faz com que seja eliminado perdas por Transmissão e Distribuição (T&D) da energia elétrica,
como ocorre com usinas geradoras centralizadas, além de não requererem instalações de infra-
estrutura adicionais. Os módulos fotovoltaicos, no caso de instalações em prédios e casas, podem
ser também considerados como um material de revestimento arquitetônico, o que reduz os custos e
dá à edificação uma aparência estética inovadora e high tech (FRAINDENRAICH & LYRA, 1995;
RÜTHER et al., 2005). A seguir será apresentada a metodologia utilizada para realização deste
estudo.
2. METODOLOGIA
O local para a análise do presente artigo é a zona ZR2 (Zona Residencial 2), no Bairro Vera Cruz,
um dos principais bairros da cidade de Passo Fundo – RS. A ZR2 foi escolhida por ser a única
região com limitação na verticalização dos edifícios, permitindo apenas a construção de residências
unifamiliares e multifamiliares horizontais (Figura 1) (PREFEITURA MUNICIPAL DE PASSO
FUNDO, 2006).
De acordo com a Carta Solar para Passo Fundo - RS (Figura 2), as melhores orientações solares são
Norte, Leste e Oeste, principalmente durante os meses de verão. A fachada Norte recebe insolação
das 9:30 às 14:30 horas no verão, e no inverno das 6:45 às 17:15 horas. A Leste tem insolação das
5:00 às 12:00 horas no verão, e das 6:45 às 12:00 horas no inverno. Já a fachada Oeste possui
insolação de verão das 12:00 às 19:00 horas, e no inverno das 12:00 às 17:15 horas. A fachada Sul
não foi considerada para a análise pois, apesar de possuir insolação das 5:00 às 9:30 horas, e das
14:30 às 19:00 horas no período de verão, no inverno não recebe radiação solar direta (LABEEE,
2017).
Figura 2: Carta Solar para Passo Fundo-RS, com indicação das melhores condições de insolação.
para conforto térmico dos usuários. Fonte: Software Analysis SOL-AR (LABEEE, 2017).
Calculo do potencial
de geração de
energia do SFV
3. RESULTADOS
As análises do local de estudo se concentraram na captação de informações com o apoio do Google
Maps, e a partir disso foi possível criar a morfologia dos telhados da área de estudo (Figura 4).
Para a estimativa de geração de energia na ZR2, foram somadas as áreas dos telhados, sem levar em
consideração a inclinação. No total a região apresenta uma área de 16.308,73 m² para colocação do
sistema fotovoltaicos nas orientações Norte, Leste e Oeste.
De acordo com a metodologia utilizada por Signorini, Vianna e Salamoni (2014), que avaliaram o
potencial de geração de energia solar fotovoltaica no campus porto da Universidade Federal de
Pelotas, a irradiação direta nos painéis fotovoltaicos (Tabela 1) foram realizados os cálculos do
potencial de geração de energia. A partir dos dados de radiação e da área de cobertura foi realizada
uma estimativa do potencial de geração de energia solar fotovoltaica considerando a Equação 1:
Eq.1
Onde:
R = rendimento do sistema e %
Tabela 2: Análise de potencial de geração de energia da zona estudada conforme a equação apresentada.
EFICIÊNCIA
RADIAÇÃO DESEMPENHO ÁREA G (ENERGIA SOLAR
MÊS DIAS/MÊS DO SILÍCIO
GLOBAL DO SISTEMA (m²) GERADA EM KWh)
CRSITALINO
Janeiro 5,55 31 80% 16% 16.308,73 359157,4
Fevereiro 5,9 28 80% 16% 16.308,73 344857,9
Março 6,05 31 80% 16% 16.308,73 391513,9
Abril 5,89 30 80% 16% 16.308,73 368864,3
Maio 5 31 80% 16% 16.308,73 323565,2
Junho 3,95 30 80% 16% 16.308,73 247370,8
Julho 4,26 31 80% 16% 16.308,73 275677,6
Agosto 5,5 31 80% 16% 16.308,73 355921,7
Setembro 5,52 30 80% 16% 16.308,73 345692,9
Outubro 5,78 31 80% 16% 16.308,73 374041,4
Novembro 5,78 30 80% 16% 16.308,73 361975,5
Dezembro 5,89 31 80% 16% 16.308,73 381159,8
Total: 4129798,4
Na Tabela 2 pode-se verificar em função da área estudada, eficiência das placas fotovoltaicas,
desempenho do sistema e radiação global nos diferentes meses do ano para a região, qual seria o
potencial de geração de energia solar fotovoltaica se fossem instalados painéis nas coberturas
propostas. Assim, acredita-se que poderiam ser gerados cerca de quatro mil MWh/ano através da
utilização de placas fotovoltaicas nesta região da cidade de Passo Fundo.
4. CONCLUSÕES
A energia solar está demonstrando crescimento de capacidade instalada ao redor do mundo e vários
países estão empreendendo esforços para que esta fonte energética cada vez mais esteja presente em
suas cidades. O ambiente urbano possui diversos locais que poderiam ser utilizados por placas
solares fotovoltaicas para suprir a demanda e diversificar a matriz energética.
Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar o potencial de geração de energia
fotovoltaica em uma área com predomínio de residências na cidade de Passo Fundo. Como
resultado verificou-se que a zona ZR2 de Passo Fundo tem grande potencial solar, podendo gerar o
equivalente de 4129,79 MWh/ano através da utilização de placas fotovoltaicas.
No Brasil, a energia fotovoltaica ainda é pouco explorada, apesar do país possuir bastante potencial
para geração desse tipo de energia. Acredita-se que com incentivos públicos esse número pode
aumentar, pois diminui gradativamente o custo, já que os sistemas fotovoltaicos ainda apresentam
um investimento inicial alto para a maior parte da população.
Como sugestão para trabalhos futuros, poderia ser estudado se a implantação desses sistemas é
viável financeiramente nesta zona, levando em consideração as condições de localização e radiação
solar anuais. Também poderiam ser estudados diferentes cenários, conforme a eficiência de
conversão energética das placas fotovoltaicas.
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
________________________________________. Resolução Normativa Nº 482, de 17 de Abril
de 2012. Brasília – DF, 2012.
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Atlas da Energia Elétrica do Brasil. Brasília –
DF, 2005. 2ª Edição.
CRESESB. Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito. Energia Solar:
Princípios e Aplicações. Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br>. Acesso em: 10 de
setembro de 2017.
IEA – Internacional Energy Agency. Acessado em: http://www.iea.org/ ONS - Operador Nacional
do Sistema. Disponível em: <www.ons.gov.br>. Acesso em: 10 de setembro de 2017.
TREBLE, F.C. Generating electricity from the sun. Oxford : Pergamon. 293 p. 1991.