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REFLEXÕES SOBRE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Ficha catalográfica elaborada pelas Bibliotecárias, Caroline Santos de Cisne CRB14/1109, Gyance Carpes CRB14/843 e Vanessa Aline
Schveitzer Souza CRB14/1283
CADERNO
REFLEXÕES SOBRE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA
2022
S231 Santa Catarina. Governo do Estado. Secretaria de Estado da Educação.
Caderno reflexões sobre eficiência energética / Governo de Santa
Catarina, Secretaria de Estado da Educação. Florianópolis : Secretaria
de Estado da Educação, 2022.
110 p. : color.
ISBN 978-65-996330-4-1
CDD 372.357
Secretária Adjunta
Maria Tereza Paulo Hermes Cobra
Consultora Jurídica
Jéssica Campos Savi
Assessor de Comunicaçã o
Gabriel Duwe de Lima
Diretora de Infraestrutura
Vivian da Silva Freitas
Diretora de Ensino
Letícia Vieira
EQUIPE CELESC
Diretor Presidente da CELESC
Clesio Poleto Martins
Equipe do Projeto
André Fabiano Bertozzo
Camila de O liveira Galvagni
Letícia Vieira
Luis Duarte Vieira
Marise Souza Conceição
Revisão de Conteúdo
André Fabiano Bertozzo
Arnaldo Haas Junior
Li l ian Maia Rod rigues
Luis Duarte Veira
Marilete Gasparin
Michely Salum Pontes
Priscila de Souza Godoi de Andrade
Rodrigo José Hoffmann
Diagramação
Marco Antônio Garcia Gava
SUMÁRIO
01 05
ENERGIA EÓLICA: UMA
VISÃO GERAL E SUA
APRESENTAÇÃO
APLICAÇÃO NO ENSINO
PÁGINA 08
PÁGINA 56
02 06
TRAJETÓRIA DO CAPITAL ENERGIA FOTOVOLTAICA
E DO SUJEITO NO ESTADO DO MATO
CAPITALISTA DIANTE DO GROSSO: SEQUÊNCIA
DESAFIO DA ALTERIDADE DIDÁTICA PARA UM
ESTUDO DA REALIDADE
PÁGINA 12
PÁGINA 76
03 07
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: UM PANORAMA DA MATRIZ
UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO ENERGÉTICA NUCLEAR
PARA A REDUÇÃO DO BRASILEIRA
EFEITO ESTUFA NO
CONTEXTO DA PANDEMIA PÁGINA 94
PÁGINA 28
04
AS CORRENTES DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
COMO SUBSÍDIO
EPISTEMOLÓGICO PARA A
PRÁTICA DOCENTE SOBRE
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
PÁGINA 40
01 APRESENTAÇÃO
legais a ela vinculados, tem por princípio a flexibilização curricular, definida a partir de
uma divisão da matriz curricular em uma parte de Formação Geral Básica e uma parte
de Santa Catarina, a composição dos Itinerários Formativos por quatro principais partes:
Projeto de Vida, uma Segunda Língua Estrangeira, Trilhas de Aprofundamento e os
básica nos chamados Temas Contemporâneos Transversais, dos quais fazem parte duas
temáticas ligadas ao meio ambiente: Educação Ambiental e Educação para o Consumo.
central para os desafios vivenciados no mundo contemporâneo, no qual, cada vez mais,
busca-se um desenvolvimento social compatível com a sustentabilidade ambiental.
8|Página
O trabalho aqui apresentado é resultado das reflexões de pesquisadores de
intuito que as reflexões aqui contidas permitam contribuir para a promoção, junto aos
estudantes da Rede Estadual, do desenvolvimento de habilidades voltadas ao uso
partir das demandas locais, para que, finalmente, se alcance uma mudança cultural por
meio do uso eficiente de energia.
Letícia Vieira
Diretora de Ensino
9|P ágina
TRAJETÓRIA DO CAPITAL E DO SUJEITO
02 CAPITALISTA
ALTERIDADE
DIANTE DO DESAFIO DA
INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais remotos da nossa história, as relações se constituíram em
torno das tecnologias e de seus impactos na vida humana, o que determinou a
constituição das relações de trabalho e a iminência de um modelo de sociedade baseado
caminho possível para a instituição de uma ecologia integral, que vise ao cuidado com o
outro e com a natureza, inclusive com práticas conscientes para o uso dos recursos
Energética.
1
Mestre e Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Ciências da Educação
(PPGE/CED) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em Mídias na Educação pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em Práticas Pedagógicas
Interdisciplinares pelo Centro Universitário (FACVEST), licenciado em Filosofia pela Universidade Federal de
Santa Catariana (UFSC). Assistente Técnico na Secretaria de Estado da Educação. E-mail:
laurorl@sed.sc.gov.br.
2
Doutorando em Desenvolvimento, pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional pela
Universidade Regional de Blumenau, (FURB); Mestre em Educação pela Universidade Regional de
Blumenau (FURB), especialista em Mídias e Educação pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG),
Filosofia pela Universidade Regional de Blumenau (FURB) e Gestão Escolar pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC); Graduado em Filosofia pelo Centro Universitário de Brusque (Unifebe).
Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES), 2019-2023. E-
mail: albio.melchioretto@gmail.com.
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
civil operou-se por meio de uma espécie de pacto social estabelecido com a finalidade
de possibilitar um convívio pacífico entre os membros de um determinado
e somente um Estado forte e grande poderia alcançar tal empreendimento. Para John
Locke (1994), por exemplo, a propriedade privada é concebida como toda espécie de
bens adquiridos, mas também como nosso próprio corpo, propriedade natural e
primaz, e, desta maneira, submeter a vontade e a liberdade natural às definições do
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TRAJETÓRIA DO CAPITAL E DO SUJEITO CAPITALISTA
DIANTE DO DESAFIO DA ALTERIDADE
eficiente para o escoamento dos produtos e pessoas por todos os cantos possíveis.
Esse cenário promoveu a consolidação de uma nova relação baseada
Martinho Lutero, cuja principal contribuição foi a de tornar livre a interpretação das
sagradas escrituras. O feito acaba rompendo radicalmente com a exegese cristã
medieval, permitindo uma ruptura com o pensamento da época e, desta forma,
utilitaristas, profissionalizantes, por assim dizer, disciplinadores. Como nos diz Foucault
(2008, p. 196), “o hospital, primeiro, depois a escola, mais tarde a oficina (...) foram
3 https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
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TRAJETÓRIA DO CAPITAL E DO SUJEITO CAPITALISTA
DIANTE DO DESAFIO DA ALTERIDADE
conformação das massas aos interesses das elites. Assim, devido aos movimentos
persistentes em defesa do trabalhador, assistimos ao desenvolvimento de instrumentos
cada vez mais complexos para a manutenção das relações de dominação até então
constituídas. É o que podemos verificar com a configuração de instituições como a
por um agrupamento de pessoas, para lembrar que o poder foi fundado pelo próprio
povo, com vistas à sua segurança e à de sua propriedade. Na mão direita o Leviatã
segura uma espada, como símbolo de força. Na mão esquerda, por sua vez, podemos
ver um cetro, que simboliza o poder soberano, inclusive aquele relacionado ao controle
social.
O homem, preterido na Idade Média por Deus, passa a ser o centro das
ideia de que o homem se faz por si mesmo e para si mesmo: “Deus é excluído do
destino do homem e as ações humanas deixam de ser explicadas em função de uma
finalidade divina; o homem passa a ser o dono do seu destino e, como tal, criador da
própria sociedade” (ALVARENGA, et al, 2011, p. 11). O homem passa a ser medido,
então, não apenas pela influência de seu sangue ou família, como antes, mas também
pelos frutos de seu trabalho, fazendo com que o espírito humano não tenha mais o
ímpeto de apenas contemplar a natureza, mas intervir radicalmente sobre ela, surgindo,
A nova ciência passou a ser uma lei evolutiva que suplanta as etapas anteriores
do progresso humano (COMTE, 1988) e, desta forma, Deus é excluído do destino do
tornaram-se um remédio sem a bula moral e ética que regule o seu uso e previna seus
efeitos colaterais”.
melhor convir às tramas do capital. Acontece que, sem uma bula moral e ética
(FERNANDES, 2008) que oriente as relações sociais e destes com a natureza, a
irreversível (ALTVATER, 1993). Essa crise caracteriza-se por uma ruptura entre a
humanidade e a natureza, distanciando os humanos dos processos ecológicos em vista
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TRAJETÓRIA DO CAPITAL E DO SUJEITO CAPITALISTA
DIANTE DO DESAFIO DA ALTERIDADE
da Amazônia Legal, por exemplo, a taxa consolidada de desmatamento por corte raso
em 2020 foi de 10.851 quilômetros quadrados, o que resulta em inegáveis impactos ao
ecossistema não somente local, mas também global, causando toda uma preocupação
boa parte das chuvas no país (AMORIM, et al, 2019). O resultado dessa mudança é o
aumento do nível de precipitação em algumas regiões, enquanto que em outras têm-se
esse nível reduzido, impactando diretamente nas atividades tradicionais das regiões,
exigindo grande adaptação das populações locais que veem seus meios de subsistência
biodiversidade, o Brasil baseou sua produção energética nas hidrelétricas, fazendo com
que atualmente 68% de toda energia utilizada no país seja proveniente de fontes
hidráulicas. Devido ao fato dos reservatórios estarem cada vez mais baixos, a
capacidade de produção vem diminuindo gradativamente. Segundo o Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS, 2021), a escassez de chuvas no país para a geração
de energia é a pior em 91 anos. Em 2021, as hidrelétricas diminuíram sua participação
a ativação de usinas termelétricas, modal que teve uma participação aumentada no país
de 10,6% em 2020 para 28,5% em 2021 (ONS, 2021).
O antropoceno resultou numa consciência tal que tornou-se cada vez mais difícil
conciliar os interesses diversos em torno de um ideal de sustentabilidade, baseado no
conceito de que todo o ser humano interage e é interdependente do outro (alteridade)
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TRAJETÓRIA DO CAPITAL E DO SUJEITO CAPITALISTA
DIANTE DO DESAFIO DA ALTERIDADE
e do ambiente natural no qual se insere (ecologia integral), o que nos direciona para a
necessidade de um novo contrato social, alicerçado na ética do cuidado, que vise não
somente a sobrevivência das espécies, inclusive, a humana, como também a proposição
meios empregados por vários países para reduzir o consumo de energia e as emissões
de gases de efeito estufa. O Brasil, por exemplo, teve suas primeiras legislações de
de Energia Elétrica (Procel), cuja missão seria promover o uso racional de energia elétrica
em todo país. Em 1990 surgiu o Programa Nacional da Racionalização do Uso de
renováveis. Em 1997 foi lançada a Política Energética Nacional (PEN) e criados o Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Em 2000
ação complementar, foi instituído o Plano Nacional de Energia 2030 e o Plano Nacional
de Eficiência Energética, que constituem importantes instrumentos para a aplicação de
medidas de eficiência energética em todo o país ao longo da próxima década.
de projetos de vida que caminhem lado a lado com os meios naturais, para além da
antigo modelo de sociedade baseado no capital e no progresso das ciências, em que é
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cuidado sobre a Terra conduz a uma reflexão que supere o fetiche econômico.
O desenvolvimento econômico resultante da Revolução Industrial produziu formas de
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TRAJETÓRIA DO CAPITAL E DO SUJEITO CAPITALISTA
DIANTE DO DESAFIO DA ALTERIDADE
cuidado do outro. As condições sociais se dão a partir do momento que há uma ética
do cuidado, primeiro para consigo e depois para com o outro. E por último a ecologia
ambiental, que se une com as outras variáveis para regular as intervenções humanas, a
fim de evitar desequilíbrios ambientais. A ecosofia propõe um paradigma de geração e
diferentes setores da humanidade. Uma outra economia surge como necessidade para
se repensar a manutenção dos espaços verdes. A isto soma-se a criação de uma
agenda de políticas públicas de ordem social, com o combate a pobreza, a fome, com
condições melhores de acesso à saúde e à educação. Na junção, forma-se uma agenda
tecnocrática. Uma razão integral que valorize a humanidade na relação que ela
estabelece com o ambiente. Não é uma discussão antropocêntrica, nem mesmo
biocêntrica, mas um olhar que perceba o humano e a natureza como entes dotados de
direitos, onde o primeiro deles é a vida. A condição de manutenção da vida no planeta
Tanto a ecosofia, que aborda a perspectiva de rede, quanto a ecologia integral que
aborda a ideia do comum como superação da instrumentalização da técnica,
cuidam, em certo grau, das crias. Por exemplo, é fácil observar os pássaros alimentarem
seus filhotes no ninho, ou a reação ríspida de uma gata que defende a ninhada quando
outro ser se aproxima deles. Sem o cuidado a vida não desabrocha. Os gregos antigos
defendiam o cuidado como prerrogativa necessária para a administração da pólis.
a pluralidade das formas, não apenas dos animais humanos, mas da totalidade
planetária como um espaço integral, interconectado em rede. O que revela um novo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo Civil: Ensaio Sobre a Origem, Os Limites e
os Fins Verdadeiros do Governo Civil. Petrópolis: Vozes, 1994.
MONTESQUIEU, Barão de. Do Espírito das Leis. São Paulo: Martin Claret, 2007.
ONS. Operador Nacional do Sistema Elétrico, 2021. Página inicial. Disponível em: http://
www.ons.org.br/. Acesso em: 30 de setembro de 2021.
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: uma possível solução
4
Emanuel de Oliveira Dias
5
Erica da Silva Schardosim
6
Maria Carla dos Santos Nogueira
7
Aline Locatelli
INTRODUÇÃO
qual serviços manuais são substituídos pelo uso de plataformas e tecnologias digitais.
Além disso, o acesso aos recursos digitais foi intensificado entre os anos de 2020 e
4
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática na Universidade de
Passo Fundo. E-mail: 190467@upf.br.
5
Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática na Universidade de Passo
Fundo. E-mail: 190450@upf.br
6
Mestre em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida. E-mail: 190716@upf.br.
7
Doutora em Química Inorgânica. Professora permanente no Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências e Matemática. E-mail: alinelocatelli@upf.br.
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Destarte, faz-se pertinente refletir sobre esses novos desafios e ativar hábitos
que busquem a preservação dos recursos naturais, ou teremos que responder ao
seguinte questionamento: qual será o legado deixado pela maior crise sanitária vivida
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
foi constatado que o consumo de energia por equipamentos eletrônicos aumentou 15%
comparando o ano de 2005 com o ano de 2019. Esse é um valor expressivo e pode ser
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA A REDUÇÃO DO
EFEITO ESTUFA NO CONTEXTO DA PANDEMIA
nº. 10.295, Lei de Eficiência Energética. Nesse momento, o Inmetro passa a ser
responsável por avaliar o desempenho energético dos aparelhos elétricos e a emitir um
selo oficial pautado nessa avaliação. Dessa forma, inicia, aqui no Brasil, a era da
Mas o que é eficiência energética? Onde e como pode ser aplicada? Segundo a
EPE (2010), a expressão eficiência energética se dá a partir da relação entre a
à quantidade necessária para realizar um dado serviço. Essa expressão ainda se remete
à capacidade de equipamentos que operam em ciclos ou processos produzirem os
resultados almejados.
Dessa forma, o objetivo da eficiência energética é otimizar o consumo e reduzir
setor industrial é o que mais consome energia, utilizando a eletricidade como principal
fonte energética.
Nesse setor, muitas são as estratégias aplicadas para que a energia seja utilizada
de modo eficiente (ABDELAZIZ et al., 2011). Uma delas se dá por meio de um programa
citar: acordos com indústrias com metas de eficiência energética; alcance de índices
mínimos de eficiência energética; incentivos fiscais e crédito para financiamento;
estufa que são capazes de reter a radiação proveniente do sol. Embora existam
emissões desses gases por vias naturais, como ocorre nos vulcões, sabemos que as
longe do ideal. No Brasil, as emissões vêm crescendo nos últimos anos, e tendem a
acelerar no futuro.
de combustíveis fósseis de modo geral, para obter energia. Em uma análise mais
energia.
No entanto, reduzir os avanços de um setor isolado não tem sido visto como
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
equipamentos de alta eficiência. Esses modelos novos, além de altos níveis de eficiência,
também apresentam maior vida útil em comparação aos demais equipamentos (WEG,
2015).
emissões de CO2. Contudo, essas medidas não ocorrerão espontaneamente sem uma
política estruturada e na ausência de recursos financeiros que alavanquem essas
iniciativas.
apoiem inovações que buscam reduzir o consumo de energia. Não é admissível, por
exemplo, que equipamentos projetados em décadas passadas não sofram nenhuma
causando sequelas. A pandemia causada pelo Covid-19, além disso, trouxe uma
sensação ainda não experimentada pela atual geração, o medo na sua mais cruel
Vivemos também algo que seria impensável nessa era, uma desaceleração
progressiva no consumo de produtos, e, nesse cenário, por um lado, alguns serviços
antes essenciais passam a ser considerados supérfluos, e, por outro, algumas empresas
precisaram se reinventar e, com isso, firmaram seu lugar no mercado, inclusive
anunciaram que ainda não havia mecanismos para se combater de maneira direta a
propagação. Contudo, havia algo que não necessitava de investimento financeiro
algum, muito menos estudo, já que o comércio eletrônico era conhecido por todos.
Segundo o 42º relatório da Ebit/Nielsen (2020), as vendas pela internet no Brasil no
contato humanos, o que levava à óbvia percepção deque seria necessário diminuir a
circulação de pessoas o máximo possível. Instaurou-se, então, o isolamento social,
lotados, como grandes pontos turísticos, agora vazios. Na sequência, devido a não
circulação de pessoas, foi possível notar uma diminuição sistemática de fumaça e
2020).
Estava declarada a abertura de novos tempos. Sem as indústrias, o comércio e os
serviços em geral estarem a “plenos pulmões”, o planeta experimentou uma diminuição
violenta na emissão de gases poluentes e pôde dar uma breve e significativa respirada.
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
CLIMA, 2020).
Conforme o ClimateWatch, a ordem dos seis primeiros países que mais emitem
dióxido de carbono são: China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Indonésia e Brasil.
Trazendo a problemática para o Brasil, o Observatório do Clima (2020, p. 2) afirma que
o país “é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa no planeta, mas com um perfil
diferente, no qual o uso da terra responde por mais de dois terços das emissões”.
como o maior vilão nesse cenário. Até seria possível o Brasil seguir a tendência global
de diminuição na emissão de gases e consequentemente do efeito estufa, não fosse
eletricidade ou até mesmo propulsão humana. De acordo com Le Quéréet al. (2020),
lockdown, foi possível observar, nas grandes cidades, uma queda nas concentrações de
gás NO2, principal componente na emissão oriunda de veículos automotores. Conforme
dados, em Milão, a presença desse gás na atmosfera foi cerca de 17% mais baixa
durante as duas primeiras semanas do confinamento (AGÊNCIA INTERNACIONAL DE
ENERGIA, 2020).
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA A REDUÇÃO DO
EFEITO ESTUFA NO CONTEXTO DA PANDEMIA
Em virtude de grande parte das pessoas não poderem sair para trabalhar, ou
passear, observou-se uma queda no volume da comercialização de combustíveis
utilizados no transporte, com exceção do óleo diesel, que teve aumento de 3% nas
passou a ser feita por meio de entregas a domicílio, o que facilita a circulação de
veículos de grande porte como caminhões e também utilitários. Por comportarem
do que durante qualquer crise econômica anterior ou período de guerra, o que pode
ser visto com bons olhos pelos especialistas. Porém, de acordo com Evans (2020, [s.p.]),
“as emissões globais precisariam cair cerca de 7,6% a cada ano nesta década, para
limitar o aquecimento a menos de 1,5º C acima das temperaturas pré industriais”
(tradução nossa).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
atmosfera. Além disso, o texto propôs-se a apresentar algumas ações atuais que são
capazes de promover a eficiência energética em vários âmbitos.
Foi possível perceber uma redução nas emissões dos gases durante o isolamento
social, porém, essa redução tende a ser temporária, já que, à medida que as contenções
causadas pelo isolamento forem sendo reduzidas, é de se esperar que as indústrias
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
retomem a sua produção em um maior ritmo para tentar suprir o tempo que ficaram
impedidas de trabalhar. Segundo Le Quéré et al. (2020), nos anos de 2008-2009, houve
uma redução em 1,4% na queda de emissões de CO2 devido a uma crise financeira
global, no entanto, após a restauração do mercado financeiro em 2010, se constatou
um aumento de 5,1% acima da média do que era esperado a longo prazo.
Por fim, ficou claro que as emissões dos gases hoje reduzidas tendem a
apresentar uma recuperação em maior escala ao passo em que as medidas de
REFERÊNCIAS BIBLIOFRÁFICAS
BRASIL, Ministério das Minas e Energia - MME. Plano Nacional de Energia - 2030, 2007.
Eficiência Energética (Vol. 11). Brasília: MME/EPE.
BRASIL, Ministério das Minas e Energia - MME. Balanço Energético Nacional, 2021.
Disponível em: https://www.epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes. Acesso
em: 20 set. 2021.
37 | P á g i n a
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO PARA A REDUÇÃO DO
EFEITO ESTUFA NO CONTEXTO DA PANDEMIA
IEA - Agência Internacional de Energia. The Covid-19 Pandemic Has Created a Historic Crisis
for Economies and Energy Markets. Disponível em: //www.iea.org/reports/sustainable
-recovery?mode=overview. Acesso em: 10 set. 2021.
LE QUÉRÉ, C. et al. Temporary Reduction in Daily Global CO2 Emissions During the COVID19
Forced Confinement. Nature Climate Change, v. 10, p. 647-653, 2020.
PINHEIRO, D. A.; FARIAS, L. de; SOUZA, M. C. O. A Pandemia de Covid-19 tem Algo a Nos
Ensinar Sobre Mudanças Climáticas? Boletim Covid-19 - DPCT/IG n.º 12, 2020. Disponível em:
https://www.unicamp.br/unicamp/sites/default/files/2020-06/Boletim%2012%20-
%20pandemia%20e%20mudanc%CC%A7as%20clima%CC%81ticas.pdf. Acesso em: 11 set. 2021.
SOUZA, M. C. O.; CORAZZA, R. I. Do Protocolo Kyoto ao Acordo de Paris: uma análise das
mudanças no regime climático global a partir do estudo da evolução de perfis de emissões
de gases de efeito estufa. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 42, p. 52-80, 2017.
WEG. Motores Elétricos Assíncronos e Síncronos de Média Tensão, 2015. Disponível em:
https://static.weg.net/medias/downloadcenter/h32/hc5/WEG-motores-eletricos-guia-de-
especificacao-50032749-brochure-portuguese-web.pdf . Acesso em: 24 set. 2021.
38 | P á g i n a
AS CORRENTES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
8
Diego Andrade de Jesus Lelis
Daniela Gureski Rodrigues9
Daniele Saheb Pedroso10
INTRODUÇÃO
distribuição dos recursos naturais pelo planeta, bem como a exploração desmedida
desses recursos em níveis nacionais e internacionais, tem gerado demandas sociais e
econômicas como nunca vistas pela sociedade (MORIN, 2015). O advento da primeira,
segunda, terceira e quarta Revolução Industrial foi responsável pela transformação dos
modos de produção, de concepção organizacional das cidades. Com isso transformou-
associada a compreensão do mundo como uma “grande aldeia global” (SANTOS, 2018).
40 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
consumo. Uma das problemáticas que desponta no cenário diz respeito à produção,
distribuição e consumo de energia. A produção de energia em suas diversas formas,
as pessoas estão envolvidas, seja pela forma de acesso ou não a elas, seja pelo preço que
é pago, seja ainda pela garantia de que a sua produção e fornecimento esteja sendo
realizado de modo a não degradar ainda mais o planeta, a grande casa comum.
No Brasil, o Plano Nacional de Eficiência Energética enfatiza a necessidade de
recursos naturais e das diferentes fontes de energia (tais como termoelétrica, hidrelétrica,
eólica e nuclear) em diferentes países (BRASIL, 2018).
responsabilidade de uma única disciplina, antes, trata-se de que a escola como espaço de
formação assuma o compromisso de, a partir das mais diversas áreas do conhecimento,
Compreende-se que
interesses, visões de mundo. Assim, a sua promoção deve ser realizada a partir de
abordagens que “considerem a interface entre a natureza, a sociocultura, a produção, o
desta pesquisa, optou-se pela realizada por Sauvé (2005), em virtude de que essa
classificação corrobora com a ideia de que a prática docente pode estar permeada e
amparada por diversas dessas correntes, visto que elas não se anulam e nem se
excluem. Neste trabalho optou-se por centrar a reflexão nas correntes: naturalista,
DESENVOLVIMENTO
perceber que mesmo com divergências e convergências nessa área do saber, importa
que existem questões comuns e fundamentais em quaisquer que sejam as tendências e
não fecha a possibilidade de que existem outras. “A noção de corrente se refere aqui a
uma maneira geral de conceber e de praticar a educação ambiental” (SAUVÉ, 2005, p. 17).
incomunicáveis, podem estar presentes em outras correntes. “Embora cada uma das
correntes apresente um conjunto de características específicas que a distingue das outras,
Com isso a autora busca seguir a essência da EA, nela cabem as diversas
metodologias e formas de conceber as problemáticas ambientais e a relação ser humano
43 | P á g i n a
AS CORRENTES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO EPISTEMOLÓGICO
PARA A PRÁTICA DOCENTE SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
preocupação com a natureza, segundo a qual é percebida como morada do ser humano.
No âmbito educacional ela possui enfoque cognitivo, experiencial, afetivo, espiritual ou
artístico. (LELIS; PEDROSO, 2021, p. 04). Nesse aspecto, no campo do enfoque cognitivo
“pode se resumir à transmissão de conhecimentos sobre a natureza, levando à
desenvolvida sob a égide de que a produção de energia em suas diversas formas deve
levar em consideração o cuidado com a grande morada do ser humano que é o planeta.
humano e o meio, entre o natural e o criado pelo ser humano. No campo da EA, espera-
Muitas ferramentas digitais possibilitam a visitação a espaços de usinas e aos locais mais
distantes do mundo através da rede mundial de computadores. Outro fator a ser levado
diversas formas de manifestação, seja nas paisagens mais naturais ou ainda nas já
modificadas pelo ser humano.
se amparam “os programas de educação ambiental centrados nos três “R” já clássicos, os
da Redução, da Reutilização e da Reciclagem, ou aqueles centrados em preocupações de
que ela oferece subsídios para que os educadores possam discutir com seus educandos
as fontes de energia renováveis e não renováveis, o modo de distribuição das usinas no
mundo e a sua relação com o capital, bem como a gestão dos recursos, ou a
concentração deles no poderio de um determinado grupo.
45 | P á g i n a
AS CORRENTES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO EPISTEMOLÓGICO
PARA A PRÁTICA DOCENTE SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
dos recursos, sobretudo por países ricos em detrimento dos países pobres que não
dispõem de acesso a esses recursos.
modo que educandos e educadores estejam atentos aos conflitos e divisões econômicas
que constituem o espaço.
Essa corrente concebe que a EA deve ser desenvolvida em vistas à resolução dos
problemas, nesse caso específico, os trabalhos podem ser encaminhados com o intuito
problemática energética.
O trabalho com projetos, a discussão a partir de situações problemas, o
A corrente sistêmica “se apoia, entre outras, nas contribuições da ecologia e tem
como objetivo a superação da visão fragmentada de meio ambiente em prol da
sistêmica” (SAHEB, 2013, p. 16). Amparados nessa corrente os educadores dispõem da
As formas de vida nessa corrente são vistas como interdependentes, assim como
as problemáticas são compartilhadas de algum modo por todos. A percepção de que a
planeta, fazem parte do modo como essa corrente concebe a promoção da EA.
Essa pode ser uma base epistemológica para a reflexão de como o aquecimento
global e o derretimento das geleiras alteram os mais diversos e complexos campos dos
ecossistemas e formas de vida no planeta. Ademais, compreende que tudo está
transdisciplinaridade.
Destaca-se ainda a corrente cientifica da EA. Nessa epistemologia o enfoque das
47 | P á g i n a
AS CORRENTES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO EPISTEMOLÓGICO
PARA A PRÁTICA DOCENTE SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
negacionismo cada vez mais severas, seja dos representantes, seja daqueles que,
desprovido de informações ou mal-intencionados, buscam descredibilizar a ciência e
aqueles que a produz. Frente a essa realidade à escola deve assumir o compromisso de
formar cidadãos comprometidos com a ciência, em prol do bem comum.
formação ética dos indivíduos em vista de transformar o seu modo de agir pensar e agir
em relação ao meio ambiente. Segundo Saheb (2013, p. 16) “considerando que o
48 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
relacionar-se com todas as formas de vida. Inclusive, com a defesa da vida e do direito de
igualdade perante seus semelhantes.
motivos pelos quais o acesso à luz elétrica, a utensílios de qualidade ainda não ser uma
realidade para todos.
Essa corrente sugere que as práticas escolares estejam voltadas para a tomada de
consciência sobre os problemas locais e globais, compreendendo quem são os
responsáveis e o que é possível ser feito para resolvê-los. Nessa perspectiva, a crítica
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa proposição pode levar os educadores a crerem que a sua prática tenha
que estar amparada unicamente nas correntes conservacionista ou de
sustentabilidade. A ideia não está de toda equivocada, dado que o enfoque dessas
correntes possibilita um maior arcabouço reflexivo sobre a temática. Contudo, como
50 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
corrente, antes, deve abranger quais sejam possíveis visando ampliar as experiências
realizadas, bem como as reflexões. Como mencionado já no início deste capítulo, as
âmbito político e social, por exemplo. Levantando problemáticas para que os alunos
reflitam e busquem possíveis soluções. Além disso, percebe-se a possibilidade de
reflexões disciplinas como física e química. A promoção da EA não deve estar distante
do fazer ciência. Ela deve amparar-se na ciência, sobretudo em tempos de tantos
construído paulatinamente.
51 | P á g i n a
AS CORRENTES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO EPISTEMOLÓGICO
PARA A PRÁTICA DOCENTE SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCASTRO, Mario Sergio Cunha; SOUZA-LIMA, José Edmilson De. Educação Ambiental:
Breves Considerações Epistemológicas. Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade,
Curitiba, PR, v. 8, n. 4, p. 20–50, 2015. Disponível em:
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iew/421>. Acesso em: 18 set. 2021.
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BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF, 2018. p.
600. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_
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BRASIL, Ministério de Minas e Energia. Plano Nacional de Eficiência Energética Brasília, DF,
Brasília, DF, 2011. Disponível em: <http://cmsdespoluir.cnt.org.br/Documents/PDFs/Plano_
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<https://periodicos.unifap.br/index.php/planeta>.
GRÜN, Mauro. Ética e Educação Ambiental: A Conexão Necessária. Campinas, SP, 2012.
GUIMARÃES, Mauro. A Dimensão Ambiental na Educação. 12. ed. Campinas, SP: Papirus,
2015.
LELIS, Diego Andrade de Jesus Lelis; EYNG, Ana Maria. Educação Ambiental na Perspectiva
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revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/31703>. Acesso em: 18 set. 2021.
52 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
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MORIN, Edgar. A Via para o Futuro da Humanidade. 2. ed. Rio de Janeiro-RJ: Bertrand
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SAUVÉ, Lucie. Uma Cortografia das Correntes em Educação Ambiental. In: SATO, Michèle;
CARVALHO, Isabel Cristina Moura (Eds.). Educação Ambiental: Pesquisa e Desafios. Porto
Alegre, RS: Artmed, 2005. p. 17–44.
53 | P á g i n a
05 ENERGIA EÓLICA: uma visão geral e sua aplicação
no ensino
INTRODUÇÃO:
Matriz Energética e Elétrica Mundial e do Brasil
A principal delas é o petróleo (35% do total), depois o carvão (23%), o gás natural (22%)
e com cerca de 7% a energia nuclear. As fontes renováveis contribuem com os 13%
fontes renováveis que os demais países. Somando lenha e carvão vegetal, hidráulica,
11
Doutoranda no PPGECM, Universidade de Passo Fundo/RS–Técnica de laboratório na Universidade Federal
da Fronteira Sul. E-mail: cami.deffaci@gmail.com
12
Doutoranda no PPGECM, Universidade de Passo Fundo/RS - Bolsista CNPq. E-mail: 145643@upf.br
13
Mestranda no PPGECM, Universidade de Passo Fundo/RS – Professora da Rede Estadual e Privada do RS. E-
mail: 99699@upf.br
14
Doutora em Engenharia, UFRGS-USC, Universidade de Santiago de Compostela, Espanha – Professora
Universidade de Passo Fundo/RS. E-mail: clovia@upf.br
56 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
57 | P á g i n a
ENERGIA EÓLICA: UMA VISÃO GERAL E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO
fontes eólicas têm despontado como uma das mais interessantes em termos de
produção, segurança de fornecimento e sustentabilidade ambiental (EWEA, 2010).
acionado por uma longa haste presa a ela, movida por homens ou animais caminhando
numa gaiola circular (CRESESB, 2008).
Esse sistema foi aperfeiçoado com a utilização de cursos d’água como força
motriz surgindo, assim, as rodas d’água. Porém, como não se dispunha de rios em
espalhar pelo mundo islâmico sendo utilizado por vários séculos. China (por volta de
2000 A.E.C.) e o Império Babilônico (por volta 1700 A.E.C.) também utilizavam cata-
58 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
energia elétrica.
Um dos primeiros passos para o desenvolvimento de turbinas eólicas de grande
porte para aplicações elétricas foi dado na Rússia em 1931. O aerogerador Balaclava era
de diâmetro, uma torre de 33,5m de altura e duas pás de aço com 16 toneladas. Esse
aerogerador iniciou seu funcionamento em 10 de outubro de 1941 com o término de
uso em março de 1945 (SHEFHERD, 1994).
Na Europa, alguns países se destacaram, como a Dinamarca, no período inicial
da 2ª Guerra Mundial, apresentou um dos mais significativos crescimentos em energia
eólica em toda Europa. A França também se empenhou nas pesquisas de
Fonte: Autoras.
foram instalados no Ceará e em Fernando de Noronha (PE), no início dos anos 1990.
Isso possibilitou a determinação do potencial eólico local e a instalação das primeiras
turbinas eólicas do Brasil (IBICT, 2021), sendo a primeira turbina instalada em junho de
1992, com um gerador assíncrono de 75 kW, rotor de 17 m de diâmetro e torre de 23 m
entrou em operação em 2001. Juntas, as duas turbinas geram até 25% da eletricidade
consumida na ilha (IBICT, 2021).
surge da captação de energia cinética dos ventos. A geração dos ventos ocorre,
principalmente, devido ao aquecimento irregular da superfície da Terra. De forma a
estimar a quantidade da energia total disponível dos ventos. No planeta Terra, pode-se
fazer uma hipótese que, aproximadamente, 2% da energia solar absorvida pela Terra é
60 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
convertida em energia cinética dos ventos. Apesar deste percentual parecer pequeno,
ele representa centenas de vezes a potência instalada nas centrais elétricas do mundo
(CRESESB, 2014).
REGIME DE VENTOS
com que essas regiões se tornem mais quentes que as regiões polares. Sabendo que o
ar é um fluido e que está sujeito às variações de pressão e temperatura, estando nas
regiões tropicais, tende a se expandir, tornando-se menos denso que o ar das regiões
polares. Consequentemente, nas superfícies geladas circula dos polos para o Equador,
para substituir o ar quente que sobe nos trópicos e se move pela atmosfera até os
polos (RIBEIRO, 2013). Assim, o deslocamento das massas de ar indica o modelo da
61 | P á g i n a
ENERGIA EÓLICA: UMA VISÃO GERAL E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO
estações do ano, que geram variações sazonais na intensidade e duração dos ventos.
Como resultado, surgem os ventos continentais ou periódicos que compreendem as
monções e as brisas (CRESESB, 2014). Têm-se também os ventos locais, aqueles que
são originados por outras características específicas. Esses ventos sopram em
determinadas regiões e são resultados das condições locais, como um exemplo, pode
se citar os ventos que ocorrem nos vales e montanhas.
Reconhecer os locais onde ocorrem a formação dos ventos, bem como a sua
velocidade, é fundamental para a instalação de um parque eólico ou de um
aerogerador, visto que o regime de ventos é influenciado por fatores como: variação da
velocidade com a altura; rugosidade do terreno, presença de obstáculos no local e o
relevo. Esses dados podem ser levantados através de mapas topográficos, de uma visita
ao local para se avaliar e modelar a rugosidade e os obstáculos, da análise de imagens
62 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
1
Pd Av 3
2
Segundo Ribeiro (2013), pela equação descrita, podemos notar que a potência
disponível depende dos seguintes fatores: 1) A área de captação da turbina, ou seja, a
como a fração da potência eólica disponível que é extraída pelas pás do rotor
(CRESESB, 2014).
P Av3c
el p
63 | P á g i n a
ENERGIA EÓLICA: UMA VISÃO GERAL E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO
podem ser movidos por forças de sustentação (lift) ou por forças de arrasto (drag)
(CRESESB, 2014). Os principais rotores de eixo vertical são a turbina de Darrieus, turbina
de Savonius e turbinas com torre de vórtices.
eólicos. Esses rotores são movidos por forças aerodinâmicas e sustentação (lift) e forças
de arrasto (drag). As turbinas de eixo horizontal precisam se manter perpendiculares a
permitem liberar muito mais potência do que os que giram sob efeito de forças de
arrasto. Tais rotores podem ser construídos de uma pá e contrapeso, duas, três ou
múltiplas pás. Essas pás podem ser construídas de diferentes materiais (CRESESB, 2014).
Quanto à posição do rotor em relação à torre, temos que o disco varrido pelas
quando está à montante do vento, a sombra das pás provoca esforços vibratórios na
torre (CHAVES, 2018; CRESESB, 2014). “Sistemas a montante do vento necessitam de
64 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
eixo.
65 | P á g i n a
ENERGIA EÓLICA: UMA VISÃO GERAL E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO
para o funcionamento.
direção do vento.
- Mecanismos de controle: São responsáveis pela direção do rotor, controle de
velocidade, controle de carga etc. Os aerogeradores mais modernos utilizam diferentes
princípios de controle aerodinâmico, como o controle stol (Stall) e o controle de passo
(Pitch).
de pequeno, médio e grande porte. Os de pequeno porte, são aqueles que sua
potência de instalação está em até 80kW, os de médio porte possuem uma potência de
66 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
- Conforme o local de aplicação: uma usina eólica pode ser instalada em terra
quanto no mar. Os sistemas eólicos instalados em terra são chamados de Usina eólica
Onshore, e os sistemas eólicos instalados no mar são chamados de Energia Eólica
Offshore. Apesar das instalações offshore serem de maior custo de transporte,
instalação e manutenção, esse tipo de instalação tem crescido a cada ano, devido ao
esgotamento de áreas de grande potencial eólico em terra (CRESESB, 2014).
67 | P á g i n a
ENERGIA EÓLICA: UMA VISÃO GERAL E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO
relevância nociva nos meios social, físico e faunístico (ARAUJO e MOURA, 2017).
Dentre os impactos negativos têm-se: a emissão de ruídos e o impacto visual,
que segundo Peres e Bered (2003) a geração de ruído, sombra e impacto visual podem
vir a ser problemáticos para os moradores que residem próximos aos
vento incidente sobre a turbina eólica (MEYER et al., 2014). Esse problema tem sido um
dos impactos ambientais mais estudados na área de geração eólica.
espécies também é uma desvantagem, pois caso não haja um estudo minucioso das
rotas de migração os acidentes serão inevitáveis (BARBOSA, 2008; MEDEIROS et al.,
2009).
Também têm-se a perda de habitat, de reprodução e alimentação, que segundo
Para isso, existem ferramentas capazes de deixar uma aula atrativa e criativa, como, por
exemplo, o uso de Objetos de Aprendizagem, conhecidos como OAs.
Audino e Nascimento (2010), apontam que os OAs podem ser encarados como
materiais importantes no processo de ensino e aprendizagem, pois fornecem a
Com esta ideia, foi pensado em criar um elo entre o conteúdo de Energia Eólica
e o uso dos OAs, através da criação de um aplicativo do tipo game. Este foi criado pelas
se-á início ao jogo. Na segunda tela apresenta-se o “Menu” dividido em 7 botões, que
direcionam o usuário à parte do conteúdo que gostaria de revisar, como: o conceito de
energia eólica, dados sobre a produção de energia eólica no Brasil e no Mundo,
vantagens e desvantagens dessa energia etc.
Fonte: Autoras.
Sabe-se que existem diversos recursos digitais disponíveis na web, aqui foi
CONSIDERAÇÕES FINAIS
passando pelo desenvolvimento da energia eólica. Contudo esse, não pode acontecer
de forma desordenada, é necessário considerar o estudo e a análise locacional e
tecnológica de cada um dos projetos dos parques eólicos, seus aspectos particulares e
seus impactos ambientais associados ao serem postos em prática.
interdisciplinar, pois muitos assuntos podem ser abordados. Para facilitar a aplicação, e
tornar o aprendizado mais dinâmico, o uso de objetos de aprendizagem podem
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, Amanda A.; MOURA, Geraldo J.B. de. A Literatura Científica Sobre os Impactos
Causados pela Instalação de Parques Eólicos: Análise Cienciométrica. Revista Tecnologia e
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Federal do Paraná Curitiba, Brasil. Disponível em:
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=496654015013. Acesso em 26 de abr. de 2021.
71 | P á g i n a
ENERGIA EÓLICA: UMA VISÃO GERAL E SUA APLICAÇÃO NO ENSINO
BARBOSA, Ana Carolina L. Avaliação Ambiental do Uso da Energia Eólica para Usuários de
Pequeno Porte. Trabalho de conclusão de Curso de graduação apresentado ao
Departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, 2008. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/18065. Acesso em 26 de
abr. de 2021.
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http://www.portal
deperiodicos.unisul.br/index.php/gestao_ambiental/article/view/2536/1843. Acesso em 26
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72 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
MEYER, M.F., SEIXAS, A.S., MELO, I.M.L., CASSIANO, L.J.S., RAPOSO, L.Q. Energia Eólica e
seus Impactos Ambientais. In: 4º Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio
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SHEFHERD, D.G. “Historical Development of the Windmill”. In: Wind Turbine Technology –
Fundamental Concepts of Wind Turbine Engineering, SPERA, S.A, (ed), 1 ed. New York,
ASME Press, pp 1-46, 1994.
73 | P á g i n a
ENERGIA FOTOVOLTAICA NO ESTADO DO
INTRODUÇÃO
matéria prima principal para a produção dos painéis solares utilizados para a
transformação da energia da radiação em eletricidade, a sua localização geográfica e o
clima, propiciam uma radiação solar diária, que na prática possibilitaria uma grande
geração de energia elétrica desta fonte. Em se tratando do estado de Mato Grosso
fazendo que hoje esteja na quarta posição entre os estados do país, na produção deste
tipo de energia.
Nesta perspectiva é primordial inserir essa temática nos currículos escolares, para
76 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
trabalhar com os alunos do terceiro ano do ensino médio, de uma escola estadual do
interior do MT. A sequência propõe o envolvimento dos alunos nos processos que se
Dentre os recursos energéticos renováveis, a energia solar oferece uma fonte limpa para
geração de energia elétrica com emissão zero de gases de efeito estufa para a atmosfera
(Wilberforce et al., 2019; Abdelsalam et al., 2020; Ashok et al., 2017 apud TAWALBEH,
2021; et.al.).
Os raios solares, além de trazerem luz e calor, essenciais para a vida na Terra,
podem ser aproveitados para a geração de energia tanto na forma de calor quanto na de
eletricidade. Essa energia elétrica gerada a partir da luz solar é chamada de energia
fotovoltaica. O termo, fotovoltaica, é formado a partir de duas palavras: foto, que em
grego significa “luz”, e voltaica, que vem da palavra “volt”, unidade de medida do
potencial elétrico. Segundo Dantas e Pompermayer (2018), a energia fotovoltaica consiste
77 | P á g i n a
ENERGIA FOTOVOLTAICA NO ESTADO DO MATO GROSSO:
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA UM ESTUDO DA REALIDADE
quantidade de energia produzida dessa forma ainda não é significativa. O país conta com
cerca de 176 MW de potência centralizada instalada, totalizando 0,1% da potência total”
solar. De fato, o Brasil possui uma das maiores reservas de silício do mundo. Como
divulgado num relatório da Agência de Mapeamento Geológico dos Estados Unidos, o
Brasil concentra uma das maiores reservas desse material, dispersos por toda a crosta
terrestre (VICENTIN). Riqueza que, se bem explorada, pode colocar o país, de vez, na
cadeia de produção tecnológica. Palz (2002) ressalta que, o silício é o semicondutor mais
importante para a conversão da energia solar fotovoltaica e, assim, cerca de 95% de
todas as células fotovoltaicas são fabricadas a partir dele. Isso faz com que o país seja um
Uma outra potencialidade que o Brasil tem para incentivar o uso da energia solar
é que é um país de localização privilegiada. Conforme o Atlas Brasileiro de Energia Solar
(2017), as regiões menos ensolaradas do país ainda apresentam irradiação maior que na
Alemanha, um dos países que possui um dos maiores investimentos em energia
proveniente do sol. O Brasil possui uma irradiação solar diária de 4.444 Wh/m² a 5.483
Wh/m2, que na prática possibilitaria consumirmos grande parte de nossa energia elétrica
desta fonte de produção. Mas, como pontua Dantas e Pompermayer (2018), uma questão
cuja média de incidência solar diária nos municípios do Brasil é de 5,26 kWh/m2.
78 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
salto da 27° posição em 2017 no mundo para a 16° em 2020 (RBE, p. 21, 2021).Atualmente
o boletim de geração de energia fotovoltaicado Operador Nacional do Sistema
Crise energética
Com o descontrole climático que o planeta vem sofrendo devido a ação
humana, o Brasil, segundo o estudo realizado em 2020 pelo MapBiomas, tem sofrido os
impactos da crise hídrica. Várias regiões do país que forneciam umidade e possuíam
em relação a 2019, atingindo 10,7 TWh, fazendo que a participação das energias
renováveis na matriz energética tenha chegado em 2020 a 84,8%. Em decorrência da
consumo e aumento da conta de energia fez com que as pessoas passassem a ver a
energia solar como um investimento que a curto prazo dá retorno e traz benefícios não
população de 3.567.234 pessoas, segundo a estimativa do IBGE (2021), com uma das
menores densidades demográficas e principal atividade econômica o agronegócio. A
aumento de 200% nos pedidos de projetos de inclusão de energia solar de 2020 para
2021 na companhia de energia do estado. (ABSOLAR, 2021)
lançou um sistema que possibilita fazer uma consulta sobre os índices de irradiação
solar com níveis mensais de todos municípios brasileiros. A figura 2 mostra os níveis da
80 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Figura 2: Média total de irradiação no plano inclinado para o município de Nova Mutum/MT (
Wh/m².dia)
Fonte: LABREN
DESENVOLVIMENTO
reais, pode proporcionar maior interação e mobilização dos alunos para a pesquisa, e
sobretudo na formação do espírito investigativo e científico. Desta forma, o trabalho
processos globais. Com esta ideia, trabalhar a ciência na escola e promover uma
aprendizagem significativa com temáticas que estão amplamente sendo alvos de
aprendiz” (MOREIRA, 2012, p.1), estabelece conexões com aprendizagens que são
estruturadas.
contexto real, fazendo uso de processos científicos realizamos a pesquisa descrita neste
texto. Para tal propomos uma abordagem de ensino com metodologias ativas com
Pré-aula (on-line): O professor solicita aos alunos uma pesquisa sobre a crise energética no Brasil e as
fontes renováveis de energia. Solicita que tragam para a aula uma fatura de energia elétrica de sua
residência. Esta proposta é encaminhada via aplicativo de mensagem para o grupo dos alunos da
turma.
1º Momento - 1 hora
Inicialmente, levanta-se o conhecimento prévio dos alunos por meio de uma pesquisa, aplicada de
forma remota, utilizando o aplicativo – mentimeter. Em seguida, explana-se os objetivos das atividades
que seriam realizadas, além dos combinados sobre o tempo de duração de cada uma das rodadas
da estação (20 minutos). Cada grupo passou por no
83 | P á g i n a
ENERGIA FOTOVOLTAICA NO ESTADO DO MATO GROSSO:
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA UM ESTUDO DA REALIDADE
mínimo 3 estações durante a aula, sob a orientação do professor sobre cada atividade que seria
realizada. Nestas atividades devem ser priorizadas o diálogo, e a troca de experiências visando a
resolução dos problemas. Os espaços devem disponibilizar os seguintes materiais: régua, canetão,
post-it, notebook ou celular e conexão com a internet.
2º Momento – 2 horas
Roteiro das estações de aprendizagem
01. Estação Sistematização do grupo para apresentação: Criação de um Portfólio;
Portfólio-
Facilitação O grupo dialoga e propõe a criação de um portfólio que pode ser utilizado na
Gráfica perspectiva de sensibilizar as pessoas sobre a necessidade dos cuidados, o que
fazer para minimizar o desperdício de energia, a importância da
sustentabilidade e a prevenção da crise energética.
Pesquisa: https://americadosol.org/potencial-solar-no-brasil/
02. Estação Sistematização do grupo para apresentação: Criação de um Podcast;
Podcast O grupo ouve e analisa o Podcast, pesquisa sobre o apagão no Brasil no ano
de 2000/2001 e reflete sobre o panorama no Brasil e no MT a respeito da
situação das energias renováveis.
Desafio: que história o grupo pode contar?
Pesquisa: https://youtu.be/ZqaZx2UIMB8
04. Estação Sistematização do grupo para apresentação: Construção de um Post noCanva;
Canva
O grupo conversa sobre os índices de radiação solar no Brasil, especificamente
no MT, buscando compreender a importância da eficiência energética em
nosso país. Reflete sobre as impressões do vídeo e analisa as energias
disponíveis e utilizadas no MT além da emissão de gases de efeito estufa e o
impacto ambiental.
Pesquisa: https://youtu.be/2C13sZNBIDA
Pesquisa: https://youtu.be/JTqz_xzozl0
84 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
3º Momento- 1 hora
Alunos: Apresentação das suas produções e apontamentos das aprendizagens.
4º Momento – 1 hora
Realiza-se a avaliação da aprendizagem pelo aplicativo digital kahoot, por meio de um questionário
contendo 10 questões com alternativas, e posteriormente realiza-se o feedback com os alunos.
Em seguida, o professor explana os conceitos relacionando os assuntos com o contexto e esclarece as
dúvidas e curiosidades após as apresentações (Roda de Conversa). Para finalizar as atividades, aplica-
se uma questão pelo aplicativo mentimeter, para identificar o conhecimento construído pelos alunos
após a sistematização das estações de
aprendizagem.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
85 | P á g i n a
ENERGIA FOTOVOLTAICA NO ESTADO DO MATO GROSSO:
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA UM ESTUDO DA REALIDADE
86 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
produção de jogos on-line com aplicativos digitais, e jogos usando tabuleiros em uma
abordagem com questões e alternativas. A construção do portfólio, facilitação gráfica,
ser algo abstrato, descontextualizado passando a ser uma “aprendizagem mais próxima
da realidade com sentido às informações” (BACICH E MORAN, 2018, p. 364).
88 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
de aulas tradicionais. Nessa pesquisa, ficou evidente que o ensino híbrido poderá
contribuir para a aprendizagem quando não limitado ao uso de recursos e até mesmo
da internet, pois quando os alunos se sentem desafiados, navegam por diversos links
comparando e organizando as informações para sua aprendizagem. Os pontos
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ENERGIA FOTOVOLTAICA NO ESTADO DO MATO GROSSO:
SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA UM ESTUDO DA REALIDADE
alunos para uma prática mais econômica e sustentável, e o que se espera com esta
ação inicial é que surjam muitos outros estudos para a mobilização do conhecimento
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BACICH, Lilian, MORAN, José. Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora: uma
abordagem teórico-prática. / Org., – Porto Alegre: Penso, 2018.
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90 | P á g i n a
REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
MAPBIOMAS. Estudo dos Efeitos das Queimadas no Brasil. Disponível em: <https://
mapbiomas.org/noticias>. Acesso em 09 ago. 2021.
91 | P á g i n a
07 UM PANORAMA
NUCLEAR BRASILEIRA
DA MATRIZ ENERGÉTICA
INTRODUÇÃO
todas as fontes, havendo uma redução das fontes de carvão e derivados, gás natural e
nuclear (EPE, 2021). Os dados desse relatório evidenciam que a redução na oferta de
eletricidade pela fonte de energia nuclear foi ocasionada por períodos em que
permaneceu em manutenção. Nesse sentido, importante observar que a eclosão da
pandemia do Coronavírus em 2020 contribuiu para que houvesse uma renovabilidade
se comparada às demais fontes, entretanto, ela vem recebendo mais atenção pelos
governantes e pelo Ministério de Minas e Energia, com a viabilidade de expansão na
18
Mestre em Agroquímica. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática
da UPF. E-mail: manuel-aguiar@hotmail.com.
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Mestre em Ensino de Ciências e Matemática. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências e Matemática da UPF. E-mail: 128321@upf.br.
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Doutora em Química Inorgânica. Professora permanente no Programa de Pós-Graduação em Ensino de
Ciências e Matemática. E-mail: alinelocatelli@upf.br.
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
trabalho: Quando foi que a energia nuclear começou a ganhar espaço no Brasil? E por
que é importante falar sobre esse tipo de fonte de energia?
Energia nuclear é um assunto sempre atual e sua inserção na educação básica é
renovável e de que ao ser tratada com os estudantes essa temática acaba suscitando
questões muitas vezes polêmicas e controversas, revela-se de grande valia a sua
outras fontes alternativas de geração de energia (BAÚ et al., 2019). Dentre as diversas
fontes de energia renovável e não renovável na matriz elétrica brasileira, neste trabalho,
dar-se-á destaque à energia nuclear.
e em 1945, com o ataque nuclear sobre Hiroshima, que o país passou a criar interesse
sistemático com a energia atômica (NUNES, 2017). Ainda, no ano de 1945, os Estados
Unidos têm o primeiro acordo nuclear assinado com o Brasil. O documento previa a
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UM PANORAMA DA MATRIZ ENERGÉTICA NUCLEAR BRASILEIRA
os Estados Unidos exerciam toda supremacia no setor dessa tecnologia – fez com que
os militares brasileiros (em especial o almirante Álvaro Alberto da Mota e Silva)
negociação, contudo, acaba em fracasso, uma vez que os Estados Unidos descobriram
a artimanha e ordenaram a apreensão das ultracentrífugas (NUNES, 2017).
Mais tarde, em 1959, o governo brasileiro, que tinha Jânio Quadros como
presidente, decidiu ingressar na geração termonuclear com pretensões tecnológicas
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Foi então que, em 1972, deu-se início a construção de Angra I, em Angra dos
Reis -RJ, a qual foi concluída dez anos depois (CABRAL,2011). Um ano após o início da
com a Alemanha em 1978, prevendo que, além da construção dos reatores nucleares,
fosse possibilitada a instalação no país de uma indústria capaz de fabricar os
sociedade, nem da comunidade científica. Um dos itens polêmicos, por exemplo, era
referente ao destino a ser dado ao lixo atômico que resultaria da produção dos reatores
(COSTA, 2020).
A conclusão da obra de construção de Angra I, em 1982, fez com que o Brasil
entrasse no seleto grupo de países que geram energia a partir da fissão nuclear e
permitiu que fosse conectada ao sistema elétrico com a primeira reação em cadeia,
ocorrida em abril do mesmo ano. Porém, a operação comercial não foi possível no
mesmo ano, visto que houve problemas técnicos relacionados ao projeto e que
No ano de 1976, foram iniciadas as obras de Angra II, mas foi somente em 2000
que essa usina entrou em operação comercial (CABRAL, 2011). A exemplo do ocorrido
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UM PANORAMA DA MATRIZ ENERGÉTICA NUCLEAR BRASILEIRA
Fonte: Eletronuclear.
polêmicas, visto que o país tem todo o potencial para conquistar a autonomia na
geração de energia nuclear, porém, ainda não foi capaz de desenvolver sua própria
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
foram utilizadas para abastecer Angra I durante 13 anos, e, em 1995, a unidade encerrou
a extração do minério.
concentração desse elemento encontrada no local. Estima-se que suas reservas girem em
torno de 100 mil toneladas de urânio (INB, 2020).
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UM PANORAMA DA MATRIZ ENERGÉTICA NUCLEAR BRASILEIRA
termos gerais, as etapas de extração de urânio são: britagem e moagem, para reduzir o
minério em partículas menores; lixiviação, em que uma solução ácida ou alcalina é
utilizada para dissolver o urânio; separação da solução de urânio por sólidos lixiviados;
extração, em que o urânio dissolvido é separado por métodos de trocas iônicas ou
extração de solventes; precipitação ou secagem, em que o urânio é precipitado com o
uso de vários produtos químicos. Em seguida, são realizadas etapas de desidratação,
filtração e secagem para completar o processo, que gera como produto final um sólido
De acordo com o INB, o urânio diretamente extraído não pode ser utilizado como
orçamentária que vem se alastrando a partir do Decreto 9.018, de março de 2017, que
estabeleceu um corte de 44% no limite orçamentário, afetando, assim, o planejamento
235 para a fabricação dos combustíveis que abastecem Angra 1 e Angra 2 e, futuramente,
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
desse mesmo ano, com a inauguração da cascata 8, a FCN atingiu a capacidade para
produzir 60% da quantidade média anual de urânio enriquecido necessária para
assim, a descrição concisa das etapas desse processo em trabalhos científicos é escassa.
No Brasil, o processo utilizado para o enriquecimento do urânio é a ultracentrifugação,
única pastilha produz energia suficiente para abastecer uma casa de quatro pessoas por
um mês. Sendo assim, uma etapa adicional no processo de enriquecimento do urânio é
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UM PANORAMA DA MATRIZ ENERGÉTICA NUCLEAR BRASILEIRA
recursos naturais são cada vez mais explorados para garantir uma melhoria na
qualidade de vida e conforto ao ser humano. Com isso, o aumento desenfreado no
adotados para se gerar energia. Nesse contexto, a energia nuclear se tornou um meio
alternativo, apresentando vantagens e desvantagens, sejam elas sociais ou
econômicas.
Uma das vantagens no uso de energia nuclear é seu alto potencial de geração
de eletricidade, sendo que, por meio de uma administração eficiente, a energia extra
produzida em horários de baixo pico de consumo pode ser armazenada para
posterior utilização em horários de pico. Outra vantagem desse tipo de energia é que
ela libera um nível baixo de CO2 para a atmosfera, sendo inclusive considerada por
devem gerar danos à saúde ou degradar o meio ambiente, sendo assim, a emissão
desses poluentes deve estar abaixo dos níveis aceitáveis.
longo período de tempo. O mesmo ocorre com as reservas de urânio no Brasil, sendo
que outra vantagem é que, para produzir esse tipo de energia, não é necessária a
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
encontramos uma nova vantagem, qual seja a de que o custo da energia proveniente
do urânio é mínimo se comparado com as termoelétricas, que necessitam de
biomassa ou de combustíveis fósseis em seu processo de produção.
qualquer tipo de fonte de energia, seja ela renovável ou não renovável. Isso se
justifica em razão de que nenhuma delas está totalmente isenta de impactos
ambientais negativos, contudo, faz-se necessário apresentar aos estudantes, além das
desvantagens, as vantagens do ponto de vista dos aspectos e impactos ambientais
que a geração de eletricidade por fonte nuclear proporciona para a sociedade. Nesse
sentido, mostra-se relevante que os estudantes aprendam que essa energia e seus
Além disso, é importante mencionar que a Eletronuclear, que opera desde 1997
as usinas nucleares no Brasil, destaca que, ainda em 2021, a capacidade das piscinas
Todo esse contexto evidencia, portanto, que esses resíduos apresentam perigo
para praticamente todos os seres vivos e ao meio ambiente, e, por isso, é preciso
encontrar uma maneira correta de realizar o descarte desses materiais, e se mostra
de alta radioatividade, sendo armazenados nas próprias usinas, que possuem um local
adequado para armazenar todo o volume produzido em sua vida útil, até que surja
solução definitiva para o problema. Porém, nas usinas de Angra, além dos rejeitos
classificados como de alta radioatividade, os materiais utilizados na operação das
usinas – como luvas e roupas especiais, dentre outros – são classificados como
rejeitos de baixa radioatividade e passam por um processo de descontaminação para
diminuir seus níveis de radioatividade.
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REFLEXÕES SOBRE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Do mesmo modo, para que o volume de rejeito gerado seja o menor possível,
alguns dos materiais são triturados e prensados, facilitando, assim, o
acondicionamento em recipientes que bloqueiam a passagem da radiação. Em
relação aos resíduos classificados como de média radioatividade, esses são colocados
em uma matriz de cimento e mantidos dentro de apropriados recipientes de aço
(ELETRONUCLEAR).
As usinas nucleares, assim como os demais tipos de geração de energia,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
que refere aos cuidados, aos riscos e aos benefícios do uso dessa fonte de energia.
Por fim, registra-se que o tema abordado no presente texto apresenta respaldo
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UM PANORAMA DA MATRIZ ENERGÉTICA NUCLEAR BRASILEIRA
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