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DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO EM UMA INSTALAÇÃO INDUSTRIAL E AUMENTO


DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Conference Paper · August 2014

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Elton Gimenez Rossini José de Souza


Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brazil Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha (FETLSVC) - Novo Ham…
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João Peixoto Gabriel Luís Krumenauer


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Faculdades Integradas de Taquara
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DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO EM UMA INSTALAÇÃO
INDUSTRIAL E AUMENTO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Elton Gimenez Gimenez Rossini1
José de Souza2
João Alvarez Peixoto3,
Cássio Parisotto4,
Gabriel Luís Krumenauer5

Resumo
A importância da energia elétrica na vida dos seres humanos na sociedade atual é crucial
para a sua sobrevivência, para a sustentação da produção industrial e para a prestação
de serviços. Da mesma forma, a geração de energia através das mais variadas fontes de
recursos naturais é uma preocupação para a sociedade brasileira, pois essa geração
provém, predominantemente, de usinas hidrelétricas, onde há forte dependência de
variações naturais. Esse trabalho tem como objetivo realizar um estudo de caso sobre a
situação energética em uma indústria de bebidas de grande porte localizada em Igrejinha-
RS, onde foi realizado um levantamento e análise de dados sobre diagrama elétrico da
indústria, fator de potência e estudo do histórico da demanda contratada comparada ao
consumo real, verificando possíveis desperdícios e oportunidades de redução de custos.
Foi verificado que havia a necessidade de elevar o fator de potência da planta,
melhorando o aproveitamento energético e aumentando a vida útil dos equipamentos.
Com o estudo, foi alterado o horário de partida semanal de uma linha de produção,
obtendo-se uma redução nos custos de taxas excedentes por consumo além da demanda
contratada.

Palavras-chave: Eficiência energética, fator de potência, demanda contratada.

Abstract

1
UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS – Brasil
eee2007r@gmail.com
2e3
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Porto Alegre – RS – Brasil
josesouza@liberato.com.br, joao.alvarez.peixoto@gmail.com
4e5
FACCAT – Faculdades Integradas de Taquara – Taquara – RS – Brasil – cassio@aluno.faccat.br,
gabriellk@hotmail.com

1
The importance of electric energy in the lives of the human beings in our society is crucial
for it survival and to sustain the industrial production and to bring services. Likewise, the
generation of energy through the most varied natural resources is a concern for the
Brazilian society because that generation of energy comes from, mainly from hydroelectric
power plants where are a strong reliance on climate variations. This work has the goal to
conduct a case of study about the energetic situation in a beverage industry large situated
in Igrejinha-RS. A survey and an analysis of data was made in this industry about the
electric diagram and the power factor, and about the historical hired demand, compared to
real consume, it was verified that it was a need to increase the power factor of the plant,
improving that the use of energy and increasing the durability of equipment. With this study
was amended of the start time in the production line, obtaining a reduction on the exciding
rates, besides the hired demand.

Key-words: Energy efficiency, power factor, demand contracted.

1 Introdução
É notória a necessidade de aparelhos e máquinas que funcionem através de
sistemas energéticos na atualidade.A crescente demanda por diversificação de
atividades, sejam elas de lazer ou profissionais, e a incessante busca por conforto do ser
humano, criaram novas formas de utilização de energia. Através de inovações e
descobertas nas áreas da matemática, engenharia e geometria, tornou-se possível a
criação de dispositivos complexos capazes de satisfazer os anseios do homem (PIERRE
apud FARIAS e SELLITTO, 2011). Farias e Sellitto (2011) afirmam que através da
transformação de fontes de energia primárias, tais como os ventos, a luz solar e a força
das águas, a energia elétrica é obtida e denominada energia secundária, e chega aos
usuários finais através das redes de distribuição. Conforme Salazar (2012), a quantidade
do consumo desses sistemas energéticos serve como medidor de nível das atividades
industriais, comerciais, e de serviços, e também reflete o poder aquisitivo da população
em relação a produtos como, por exemplo, automóveis, eletrodomésticos e
eletroeletrônicos.
De acordo com Lira et al. (2009) a consideração dada ao tema eficiência
energética no meio industrial é bastante grande, uma vez que as empresas dependem
diretamente das energias, principalmente a elétrica, para manterem sua produção. Sellitto
e Verdum (2009) afirmam que um desempenho energético satisfatório e eficiente tem
ligação direta com benefícios econômicos e ambientais, e para que tais benefícios sejam

2
alcançados é necessário o planejamento de políticas energéticas. Sendo assim, conforme
essa afirmação, o presente artigo visa o estudo da maneira de aplicação da energia
elétrica em uma indústria de grande porte, se há controle de consumo, buscando a
identificação de possíveis falhas de dimensionamento e desperdícios.
Com base na fundamentação teórica realizada, foi verificada a situação da
produção de energia elétrica no Brasil, seu uso na indústria, a importância da eficiência
energética. Foi realizado um estudo de caso em uma empresa de bebidas no Vale do
Paranhana, no estado do Rio Grande do Sul sobre a distribuição elétrica da indústria,
levantamento do consumo de eletricidade, identificação de oportunidades de melhoria, a
fim de definir os pontos que seriam trabalhados com o intuito de evitar desperdícios e
reduzir custos em energia elétrica.
Ao final de toda a pesquisa de campo realizada, foram observados desperdícios
financeiros na unidade fabril devido a consumos de energia além da demanda contratada.
A importância da energia elétrica para um país atualmente é tão grande, que o
desenvolvimento de uma população pode ser medido através do consumo desse recurso
(TEIXEIRA apud BARDELIN, 2004). Assim sendo, percebe-se que é fundamental para a
sobrevivência do modo de vida que se conhece a existência de energia elétrica, por isso
sua produção e utilização conscientes são de crucial importância.
Avaliando a produção, ao se verificar a participação das fontes fornecedoras de
energia elétrica do Brasil no ano de 2011, a Figura 1 apresenta a quase totalidade da
utilização de hidrelétricas para geração de eletricidade, com participação de 81,9%, a
seguir, em escala bem menor de utilização tem-se a biomassa (6,6%), gás natural (4,4%),
energia nuclear (2,7%), derivados de petróleo (2,5%), e com representação mínima para o
cenário energético brasileiro de fontes geradoras de energia elétrica, aparecem carvão e
derivados (1,4%) e energia eólica (0,5%). É notória a necessidade de aparelhos e
máquinas que funcionam através de sistemas energéticos na atualidade.

3
Figura 1: Gráfico da oferta interna de energia elétrica por fonte

De acordo com dados do Balanço Energético Nacional – BEN 2011 (MME, 2011),
o Brasil apresentou no ano de 2011, aumento de 3,1% na geração de energia elétrica em
relação ao ano de 2010, sendo que, segundo pesquisas da Empresa de Pesquisa
Energética - EPE, o setor industrial do Brasil responde por um consumo de 39,4% do total
de energia elétrica produzida, sendo também o maior desperdiçador desse recurso.
A utilização de energia elétrica é vital para o funcionamento das indústrias de um
país. No Brasil, 97% da utilização de eletricidade nas indústrias é para a geração de força
motriz, segundo Garcia (2003). Isso torna ainda mais importante as boas práticas no
consumo de energia elétrica para que sejam evitados problemas fabris de produção.
Conforme Alves (2007 apud Salazar, 2012), o termo eficiência energética pode
ser tratado como a utilização da menor parte dos insumos energéticos para a constituição
de um produto ou serviço. Na obra o autor usa o termo eficiência energética relacionando-
o com qualquer forma de obtenção de energia, e qualquer espécie de energia obtida.
Citando Capelli (2010), eficiência energética enquadra-se como uma filosofia de trabalho
que requer estudos sobre recursos humanos, materiais e econômicos, que possam
favorecer a mitigação de custos desnecessários à obtenção de resultados produtivos
positivos relacionados ao uso direto da energia elétrica.
Ainda segundo Capelli (2010) “Os projetos de eficiência energética são aqueles
que resultam em economia e benefícios diretos para o consumidor, com ações de
combate ao desperdício de energia elétrica, modernização de instalações e processos”.

4
Baseando a atividade de uma planta produtiva em ações para alcançar eficiência
energética e otimização na utilização de eletricidade, consegue-se que os custos de
produção diminuam, maximizando, dessa forma, o lucro.
Os conceitos de fator de potência, demanda, horário de ponta, consumo e
tarifação merecem atenção especial das empresas quando se trata de estabelecer um
plano para aplicação de melhorias com relação à baixar os custos de utilização da energia
elétrica.
Segundo Resolução ANEEL nº 414, de 9 de setembro de 2010 (Diário Oficial, de
09 de set. 2010, seção 4, p. 85), o fator de potência dos equipamentos deve ser de no
mínimo 0,92, causando multa para a empresa descumpridora da legislação por excesso
de energia reativa.
Garcia (2003), transcreve que “A relação entre a potência transferida (ou ativa) e
a disponível (ou aparente) é chamada de “fator de potência”. O autor relata que com um
alto fator de potência a empresa passa a utilizar a energia de forma mais correta e
econômica, eliminado o acréscimo cobrado nas contas de energia e melhorando o
aproveitamento da energia elétrica.
Conforme Resolução ANEEL n° 456, de 29 de novembro de 2000 (Diário Oficial,
de 30 de nov. 2000, seção 1, p. 35), demanda pode ser descrita de acordo com o
seguinte texto: “Média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema
elétrico pela parcela da carga instalada em operação na unidade consumidora, durante
um intervalo de tempo especificado”. No Brasil, de acordo com Lira et al. (2009), esse
tempo especificado é de 15 minutos.
Em um período de 30 dias, como exemplo, têm-se 2.880 intervalos de tempo de
15 minutos, valores que são utilizados nos cálculos de parte da fatura da conta de energia
elétrica, assim sendo, existe demanda apenas enquanto há a duração desse intervalo de
tempo, de acordo com Capelli (2010).
Segundo Achão (2003), compreende um período de três horas consecutivas
definidos, entre 17h e 22h, exclusivamente de segunda à sexta-feira, conforme a região.
Na área da concessionária de energia Rio Grande Energia - (RGE), no Rio Grande do
Sul, no Vale do Paranhana, por exemplo, esse horário fica entre às 18h e 21h no horário
brasileiro de inverno, e entre às 19h e 22h no horário brasileiro de verão.
Esse período é chamado de “ponta”, pois é o tempo em que há maior consumo de
energia elétrica por causa da iluminação noturna, tanto pública quanto residencial, do
funcionamento de indústrias 24h e do alto consumo de eletricidade por parte dos
eletrodomésticos e eletrônicos residenciais.

5
O conceito de consumo de energia elétrica segundo Capelli (2010), “é a energia
gasta durante o tempo de utilização”. Sua unidade de medida é W/h (Watt/hora).
Conforme o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (2001)
existem duas modalidades tarifárias, sendo que os consumidores do Grupo B (baixa
tensão) tem tarifa monômia, isto é, são cobrados apenas pela energia que consomem.
Enquanto os consumidores do Grupo A tem tarifa binômia, isto é, são cobrados tanto pela
demanda quanto pela energia que consomem. Estes consumidores podem enquadrar-se
em uma de três alternativas tarifárias:
Tarifação Convencional;
Tarifação horo-sazonal Verde;
Tarifação horo-sazonal Azul.
A indústria estudada é atendida com tensão de 138 kV, o que faz com que a
empresa se enquadre na tarifa horo-sazonal azul, dentro do subgrupo A2.
Dentro desta modalidade, exige-se que a empresa tenha um contrato com a
concessionária, definindo o valor de demanda pretendida tanto para horários de ponta
quanto para horários fora de ponta. Para fechamento da conta de energia elétrica dos
consumidores desta modalidade se considera a soma das parcelas referentes ao
consumo, demanda e ultrapassagem, havendo diferenciação entre horário de ponta e fora
de ponta. No caso de ultrapassagem, o valor de tarifa considerado é três vezes maior do
que o valor normal de demanda (PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2001).

2 Materiais e Métodos
2.1 Estudo do diagrama elétrico da planta
Foi realizado um estudo da distribuição elétrica da indústria para definir os pontos
que seriam trabalhados a fim de evitar desperdícios e reduzir custos em energia elétrica.
Neste estudo, foi editado um diagrama elétrico conforme mostrado na Figura 2.

6
1 1

2 2 2 2 2

Figura 2: Diagrama Elétrico da Subestação: 1 - Transformadores (de 138kV para 13,8kV), 2 -


Transformadores (de 13,8kV para 380 V).

A subestação da unidade fabril recebe alimentação da linha de transmissão a


uma tensão de 138 kV. Essa tensão é rebaixada para 13,8 kV através de dois
transformadores[1] a óleo com potência de 5 MVA. Depois de rebaixada a tensão, a
alimentação é distribuída para cinco áreas da indústria onde outros transformadores[2]
irão reduzir a tensão de entrada da área para 380 V. As cinco áreas da indústria são:
- Envase: área responsável pelo envase das cervejas, refrigerantes e águas
sendo composta por uma linha de retornáveis (garrafas de vidro), duas linhas de garrafas
de Poli tereftalato de Etileno - PET e uma linha de latas;
- CCM 1 e 2: centro de controle dos motores de ar comprimido e refrigeração;
- CCM 3 / Processos: área de processos é responsável pela produção de cervejas
e refrigerantes e o CCM 3 é o centro de controle dos motores utilizados na captação do
CO2 gerado na produção da cerveja;
- ETA/ETDI e Caldeiras: a ETA é responsável pelo tratamento de água para
produção e a ETDI é responsável pelo tratamento dos efluentes industriais. As caldeiras
são responsáveis pela geração de vapor utilizado no processo de produção das cervejas.
- ADM / INJETORA: área administrativa da planta e a área de injeção, onde são
produzidas peças em forma de tubo com rosca, chamadas de pré-formas, que serão
posteriormente sopradas para chegar ao formato final da garrafa.

7
2.2 Estudo do fator de potência
Na indústria existe uma grande quantidade de cargas indutivas instaladas em
máquinas e motores, o que faz com que uma parte da energia fornecida seja
desperdiçada. Isso fica evidenciado quando o fator de potência está abaixo de 1, o que
caracteriza perda de energia.
Foi realizada a verificação do fator de potência na planta onde, através do
supervisório, foi constatado que a empresa estava trabalhando com o fator de potência
em 0,94. O histórico do fator de potência da indústria foi consultado e verificou-se que
este valor vem caindo nos últimos meses. Logo, assumiu-se a hipótese de que algum dos
bancos de capacitores estava trabalhando fora da sua condição ideal.
Nesta indústria, existem cinco bancos de capacitores, um para cada área
mostrada no diagrama elétrico da planta. Para verificar o funcionamento de cada um
deles, foram realizadas medições de corrente nas três fases de cada um desses bancos.
Nessas medições, constatou-se que 4 áreas estavam trabalhando com algum tipo de
defasagem no banco de capacitores. Foi realizada a medição individual em cada
capacitor para identificar a quantidade necessária para reposição em cada área, conforme
pode ser verificado na Tabela 1.

Tabela 1: Mapeamento de capacitores danificados por área


Capacitores
Área da Indústria
Danificados
Envase 1
CCM 1 e 2 13
CCM 3 7
ETA/ETDI e Caldeiras 1
ADM / Injetora 0

Os capacitores utilizados em todos os bancos possuem carga capacitiva de 18


kVAr, tensão de 380 V e frequência de 60 Hz. Foi realizada a compra de 22 capacitores
com essas características para reposição dos capacitores danificados. O total investido foi
de aproximadamente R$ 7.300,00.
Após a troca dos capacitores, verificou-se que o fator de potência elevou-se,
ficando entre 0,98 e 0,99, conforme mostrado na Figura 3.

8
Figura 3: Tela do supervisório

2.3 Estudo da Demanda x Consumo


A empresa estudada tem como valores contratados junto a concessionária de
energia elétrica 3.900 kVA para horário de ponta e 4.100 kVA para horário fora de ponta.
Em horários fora de ponta a tarifa aplicada é de R$ 4,11 por kVA, enquanto no horário de
ponta essa mesma tarifa chega a R$ 29,00 por kVA. Verificou-se o histórico das contas de
energia elétrica da empresa onde foi constatado um pagamento constante de
ultrapassagem de demanda em horários de ponta, sendo que, conforme o contrato
fechado com a concessionária, ao ultrapassar o valor da demanda a empresa paga três
vezes mais pelo kVA excedente, fazendo com que a tarifa chegue a R$ 87,00 por kVA.
Os valores mensais excedentes de demanda e o valor monetário adicionado à conta
estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2: Pagamentos por demanda ultrapassada (Contas de Energia 2012 e 2013)


Mês kVA Ultrapassados Valor adicional
Janeiro/2012 494 R$ 42.978,00
Fevereiro/2012 495 R$ 43.065,00
Março/2012 0 R$ -
Abril/2012 524 R$ 45.588,00
Maio/2012 0 R$ -
Junho/2012 0 R$ -
Julho/2012 0 R$ -
Agosto/2012 0 R$ -
Setembro/2012 0 R$ -
Outubro/2012 256 R$ 22.272,00
Novembro/2012 240 R$ 20.880,00
Dezembro/2012 210 R$ 18.270,00
Janeiro/2013 350 R$ 30.450,00
Fevereiro/2013 300 R$ 26.100,00
TOTAL 2.869 R$ 249.603,00

Com o levantamento dos dados, percebeu-se um grande desperdício financeiro


no pagamento de taxas excedentes na conta de energia elétrica.

9
Foram verificados os horários e dias da semana em que o valor de demanda para
horário de ponta foi ultrapassado e constatou-se que todos os casos ocorreram em
segundas-feiras, entre as 19h30 e 20h30. Analisando a situação, percebeu-se que a
partida semanal da linha de envase de refrigerantes PET, ocorre exatamente nestes
horários em segundas-feiras.
A partir dessa informação, foi levantado o consumo por equipamento da linha de
envase em produção e durante a partida de produção onde se percebeu que durante a
partida a linha consome em torno de 110 kW/h a mais do que em produção continua. Os
dados levantados estão apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 – Consumo dos Equipamentos da Linha de Pet
Consumo em Produção
Equipamento Consumo em Partida (kW/h)
(kW/h)
Enchedora 15 20
Misturador 22 29,5
Rotuladora 9 12
Embaladora 15 20
Paletizadora 12 16
Envolvedora 3 4
Trp. Aéreo 30 41
Trp. De garrafas 15 20
Sopradora 118,5 160
Forno 70 95
Trp. de paletes 5 7
TOTAL 314,5 424,5

Como a linha de produção em questão tem, em média, quatro partidas de


produção por mês, percebe-se que os valores excedidos de demanda realmente são
devidos a essas partidas.
Como citado anteriormente, a empresa possui demanda contratada junto a
concessionária de energia elétrica de 3.900 kW para horário de ponta e de 4.100 kW para
horário fora de ponta, o que permite que ocorra a partida da linha de produção sem
exceder a demanda contratada.
Foi elaborado um relatório com os valores de consumo da linha e uma proposta
de alteração do horário de partida, para que a mesma ocorra fora do horário de ponta
evitando o pagamento de taxas excedentes devido à ultrapassagem da demanda
contratada para o horário.

3 Considerações Finais
Com base nos estudos realizados observou-se que a empresa possui grande
desperdício de energia elétrica, chegando a ter pagamentos mensais de R$ 45.588,00 por
exceder a demanda contratada. A indústria estudada teve seu projeto primando pela
busca o melhor dimensionamento de máquinas e motores elétricos e, além disso, possui

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vários controles de consumo de energia, porém pode-se perceber que existem várias
oportunidades de redução com grande impacto financeiro.
O trabalho realizado com relação à elevação do fator de potência proporcionou
um melhor aproveitamento da energia elétrica para geração de trabalho útil, diminuindo
variações de tensão, aumentando a vida útil dos equipamentos e afastando a
possibilidade de pagamento de multas devido ao fator de potência ficar abaixo de 0,92,
valor estipulado pela ANEEL.
Para evitar novos pagamentos de taxas excedentes, foi encaminhado ao setor de
PCP – Planejamento e Controle de Produção um relatório contendo as informações
levantadas e solicitando a troca do horário de partida da linha de PET para fora do horário
de ponta. Neste relatório, também foi solicitado a inclusão da atividade de início de
produção fora do horário de ponta, como requisito para programação da linha, ou seja,
não devem ser programados inícios de produção para o horário entre 18h e 21h no
horário de inverno e entre 19h e 22h no horário de verão. É importante salientar que a
análise desenvolvida quanto às taxas de demanda ultrapassada em horário de ponta e as
ações sugeridas neste trabalho irão evitar valores consideráveis de taxas excedentes de
consumo para a empresa, o que se tornará um ganho monetário considerável visto que
em pouco mais de um ano a empresa havia gasto aproximadamente R$ 250.000,00 em
taxas excedentes.

4. Referências
ACHÃO, C. C. L. Análise da estrutura de consumo de energia pelo setor residencial
brasileiro. 2003. 122 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Planejamento Energético)
– Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL. Estabelece as Condições
Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica de forma atualizada e consolidada.
Resolução n. 414, de 9 de setembro de 2010.
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL. Estabelece, de forma
atualizada e consolidada, as Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica.
Resolução n. 456, de 29 de novembro de 2000.
BARDELIN, C. E. A. Os efeitos do Racionamento de Energia Elétrica ocorrido no
Brasil em 2001 e 2002 com ênfase no Consumo de Energia Elétrica. 2004. 113 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo,
São Paulo.

11
CAPELLI, A. Energia Elétrica para Sistemas Automáticos da Produção. 2. ed. São
Paulo: Érica, 2010.
FARIAS, L. M.; SELLITTO, M. F. Uso da energia ao longo da história: evolução e
perspectivas futuras. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 12, n. 17, p. 01-106, jan./jun.
2011.
GARCIA, A. G. P. Impacto da lei de eficiência energética para motores elétricos no
potencial de conservação de energia na indústria. 2003. 139 f. Dissertação (Mestrado
em Planejamento Energético) – Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de
Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
LIRA, L.; NETO, M. J. F.; ARAÚJO, J. A. J.; ARAÚJO, A. D. J. Estudo de melhoria de
eficiência energética em uma instalação industrial: auditoria energética e análises
econômicas. Anais. IV CONNEPI – Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e
Nordeste de Educação Tecnológica. Belém, 2009.
MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA. Balanço Energético Nacional 2012: Ano Base
2011. Brasília, dez.2012. Disponível em: http://www.mme.gov.br. Acesso em: 28.abr.2013.
PROGRAMA NACIONAL DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - PROCEL.
Manual de Tarifação de Energia Elétrica. 1ª Edição, 2001.
SALAZAR, M. B. Demanda de energia na indústria brasileira: efeitos da eficiência
energética. 2012. 97 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba.
VERDUM, V.; SELLITTO, M. F. Avaliação de desempenho energético em uma instituição
de ensino. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 10, n. 13, p. 15-33, jan./jun. 2009.

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