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CURITIBA
2020
1
CURITIBA
2
2020
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________
Professor 1(Titulação e nome completo)
Instituição 1
_____________________________________
Professor 2 (Titulação e nome completo)
Instituição 2
_____________________________________
Professor 3 (Titulação e nome completo)
Instituição 3
RESUMO
ABSTRACT
This article aims to analyze three letters by Marcellin Champagnat, dating from his
last year of life,(1840), in order to extract representations about the Marist Institute in
an attempt to articulate its legalization. In other words, questions such as: What are
your goals? To whom is the education provided by the Institute intended? How does
Champagnat articulate the legalization of the institute in his letters? An analysis of
the content of the letters was made in which we sought to understand the main
characteristics of the discourse employed and with what objective this discourse is
used. In the end it is concluded that, although we are limited by the size of the
sources, they bring indications that the argumentation used to convince
Champagnat's interlocutors is based on the purposes of the Institute, and that it
appears in the letters as an institution that benefits those who need it most.
1
Graduando do Curso de Licenciatura em História da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
2
Breve crriculo
4
1 INTRODUÇÃO
Marcelino Champagnat é um santo da igreja católica e atualmente é tido
como o padroeiro da educação, seu trabalho deu origem a Congregação dos
Pequenos Irmãos de Maria, instituição a partir da qual surgem importantes empresas
em países como o Brasil.
Seu trabalho se insere em um contexto de profundas transformações sociais,
o das revoluções e das várias trocas de regime na França. Champagnat se dedica a
formação de irmãos professores para que esses ocupassem escolas em locais antes
não atendidos. Essas escolas por sua vez tinham sobretudo o objetivo de formar os
mais pobres, tendo um custo muito reduzido, e por vezes gratuito para esses
sujeitos e suas famílias.
Para Champagnat o sujeito deveria ter conhecimentos básicos para uma vida
plena, sobretudo no que diz respeito aos preceitos da fé, assim, tendo os
conhecimentos básicos para a salvação.3
Os professores agiam em nome da congregação, trabalhando nas várias
escolas e vivendo uma vida religiosa. Um problema, no entanto, passa existir com as
leis de serviço militar, que obrigariam os homens a servirem por alguns anos, o que
faria com que os quadros da congregação diminuíssem substancialmente. Estariam
liberados desse serviço -entre algumas outras categorias- os religiosos membros de
congregações legalizadas pelo estado e por isso muitos esforços são feitos a fim de
obter a legalização do instituto; a escrita de cartas para algumas personalidades ou
pessoas de importante posição é um desses esforços, especialmente produzidas
nos últimos anos de vida de Champagnat.
Serão analisados os diferentes discursos nas cartas, considerando quem as
produz, a quem se destinam, local e contexto de produção, sendo que os
significados das cartas são produzidos a partir dessas condições.
As cartas escolhidas são as do último ano de vida de Champagnat, pois
nesse último ano ocorre um aumento da produção dessas cartas sendo esse
3
Os biógrafos de Champagnat indicam que para ele nada era mais importante do que o acesso do
sujeito a salvação pela fé. A educação era um meio de alcançar isso.
5
4
É tanto a data quanto o nome do feriado em comemoração ao evento revolucionário, todos os anos
acontecem grandes comoções na pais.
5
HOBSBAWN, 2012, passim
6
6
Essa participação foi mais uma batalha contra a Inglaterra, e ainda, contraditória ao passo em que
a França participava de uma guerra que tentava empreender a independência de uma metrópole
absolutista, e que pretendia instalar uma república. A França por sua vez era uma monarquia que
possuía uma serie de colônias por todo o mundo.
7
Idem, 2012, p. 105
8
No Antigo Regime essas assembleias era uma espécie de grupo de aconselhamento para o rei,
com representantes de todos os três estados. A última havia sido convocada em 1614.
7
documento advogava pera igualdade de todos perante a lei, pelo fim do privilégio de
nascimento e pela garantia da propriedade privada, etc.
A igreja, por exemplo, passa por uma situação curiosa, e muito desfavorável,
o que ocorreu foi que a partir de 1790 seus terrenos começaram a ser secularizados
e vendidos, o que, enfraquecia o clero, fortalecia os empresários rurais e ainda
recompensava o camponês que participava da Revolução enquanto massa.9
A partir daí são muitos os acontecimentos que desestabilizam a França, a
exemplo da Constituição Civil do Clero, promulgada por Luís XVI, que só fez
desestabilizar ainda mais a relação entre estado e igreja, e ainda mobilizar parte da
população contra a já frágil monarquia, o que culmina na tentativa de fuga do rei,
que é capturado em 1791.10
A partir de então o republicanismo passa a tomar conta do ideário francês,
essa mudança de paradigma somada às políticas de livre empresa por parte dos
moderados franceses causou uma flutuação nos preços dos alimentos, o que
tensionava a já frágil situação social francesa.
Nesse contexto tanto ações e ideias da esquerda moderada quando as da
extrema direita levaram a França a guerra, os primeiros, dos quais faziam parte os
liberais moderados, que também eram belicosos, acreditavam que o caso da França
era apenas o primeiro passo para o triunfo universal da liberdade. Os segundos
acreditavam que apenas a intervenção externa poderia salvar a França e devolver
ao rei seu lugar devido.11
Em uma situação de guerra, e com girondinos perdendo suas posições, um
rápido golpe derruba o que havia de governo, e, em dois de junho de 1793 chega a
República Jacobina, provavelmente o período mais conhecido da Revolução, no
qual acontecem os episódios mais famosos envolvendo a guilhotina. São
personagens marcantes desse período, Robespierre, Danton, Marat, Saint-Just bem
como Mirabeau e Lafayette.12
Essa república não dura muito, por volta de abril de 1794 tanto direitistas
quanto esquerdistas já haviam ido para a guilhotina, e era somente a crise causada
9
Hobsbawn, 2012, p.114
10
Idem, 2012, p. 114-115.
11
Hobsbawn, 2012, p.116-117.
12
Idem, 2012, p. 119.
8
pela constante guerra promovida pela França contra quase todo o resto da Europa
que mantinha os seguidores de Robespierre no poder.
A estabilidade política no pais iria demorar muito tempo para começar a dar
sinais de vida, a partir da revolução a França alterna rapidamente entre regimes, são
eles: O Diretório (1795-1799), Consulado (1799-1804), Império (1804-1814),
Restauração Bourbon (1815-1830), Monarquia Constitucional (1830-1848), a
República (1848-1851), Império (1852-1870), sendo que aqui nos interessa
especialmente o período que vai do início da Revolução até meados da Monarquia
Constitucional.
São Marcelino Champagnat, cujo nome de batismo é José Bento Marcelino
Champagnat13, nasceu em 20 de maio de 1779, em Marlhes, que é uma paróquia
situada nas montanhas de Pilat, que por sua vez se encontra no cantão 14 de Saint-
Genest-Malifaux, no departamento de Loire.
Estudou, a partir de 1805, no seminário menor de Verriéres, sendo que à
época de seu ingresso tinha muita dificuldade tanto na leitura quanto na escrita.
Depois das séries iniciais entrou no seminário maior de Lião, em outubro de 1812.
Por volta de 1815 termina então, o curso de Teologia.
Ao que tudo indica é no mesmo ano de 1815 que se encontram as raízes da
história da Sociedade de Maria. À época Champagnat se associava a pares a fim de
pregar, exercitar a fé etc., desses se destacam juntamente com Champagnat o
Padre Colin e o Padre Courvelle, que juntamente com o fundador tem (de acordo
com seus principais biógrafos) importante papel na fundação da Sociedade de
Maria.
É já no ano de 1814, no dia 6 de janeiro, que Champagnat recebe a tonsura
clerical15, bem como as quatro ordens menores e o subdiaconato. E acaba por
receber o presbiterado em 22 de julho de 1816, sendo que a maior parte dos
colegas de Marcelino se ordenam nessa mesma data.
Ao que indicam algumas de suas biografias, em especial a escrita por
(FURET, 1999), já durante o que seria a “proto ordem” dos irmãos de maria,
13
O nome pode ser encontrado em diferentes ordens, isso se deve aos diferentes registros como o
de nascimento e a assinatura do próprio padre. (FURET, 1999)
14
Unidade político-administrativa.
15
Cerimônia em que o clérigo tem os cabelos cortados pelo bispo (poderia ser o cabelo todo ou o
topo da cabeça).
9
Champagnat parecia querer que essa ordem tivesse o objetivo de levar a educação
aos mais necessitados, e, em especial, que essa educação fosse levada por irmãos.
Aliás, a respeito do que seria uma ordem, o direito canônico atual não difere ordem,
congregação e instituto, e na realidade a instrução 16 “ORIENTAÇÕES SOBRE A
FORMAÇÃO NOS INSTITUTOS RELIGIOSOS”, se refere apenas aos institutos. A
respeito da finalidade de um instituto ou ordem a orientação diz o seguinte:
“A finalidade primordial da formação é permitir aos candidatos
à vida religiosa e aos jovens professos descobrir, em primeiro
lugar, assimilar e aprofundar depois, em que consiste a
identidade do religioso. Somente nessas condições, a pessoa
consagrada a Deus se inserirá no mundo como uma
testemunha significativa, eficaz e fiel.1 É conveniente pois
recordar, desde o começo de um documento sobre a formação,
o que significa para a Igreja a graça da consagração religiosa.”
(Vaticano, 1990).
Nesse sentido um instituto seria uma organização que poderia contar com
leigos e religiosos como membros, e teria como finalidade uma vida devocional que
em teria como finalidade a descoberta de vocações. No caso do instituto que
Champagnat viria a fundar, a principal intenção era formar religiosos que pudessem,
alfabetizar e dar os conhecimentos básicos da fé, sobretudo para crianças, sendo
que isso já é demonstrado no segundo artigo dos votos escritos por Champagnat,
que foram emitidos em 1826.
“2.º) comprometer-nos a dar ensino gratuito a todos os meninos
indigentes, apresentados pelo pároco da Paróquia, ensinar-
lhes, assim como a todos os demais meninos que nos forem
confiados, o catecismo, a oração, a leitura, a escrita e os outros
conteúdos do ensino primário, segundo as necessidades
deles;” (Furet, 1999)
Através desse artigo Champagnat expressa qual o caráter do instituto que iria
fundar, em especial a educação voltada para conteúdos básicos, sobretudo os da fé,
se mostram expressivas na biografia do padre. Aliás nos cabe pensar os objetivos
16
No direito canônico, uma espécie de recomendação que existe para orientar acerca das leis e
normas da Igreja.
10
era, então, o da pouca formação dos recém unidos irmãos, e para resolver tal
problema um professor de primeiras letras 19 foi chamado para que instruísse os
irmãos no tocante aos métodos de ensino, e também para que alfabetizasse as
crianças da paróquia.
Se passa cerca de um ano e Champagnat despede o professor, e confia a um
dos irmãos a direção da escola. O número de estudantes crescia e em pouco tempo
Champagnat aumenta o número de salas para duas, ainda crescendo o padre
decide por restaurar um antigo prédio escolar, acolhendo crianças da região para
que pernoitassem, isso pelas grandes distancias da residência de alguns, o que
impedia a ida e a vinda no mesmo dia. Também se ‘começou a acolher e instruir
crianças órfãs.
Outro acontecimento importante na história de Champagnat foi a construção
da primeira casa-mãe realmente construída com a finalidade de ser sede do
instituto, ela se deu em L’Hermitage, comuna francesa que fica na região
administrativa da Bretanha, no departamento de Ille-et-Vilaine. A construção começa
apenas dois anos depois dos irmãos assumirem sua primeira escola, ou seja, em
1824, foi um empreendimento ambicioso, diga-se de passagem, somente o terreno
custou 12.000, quantia extraordinária para a época, e ainda, o total da construção
custou por volta de 60.000. Não foi sem resistência que a casa-mãe foi construída,
os biógrafos consultados20 nos contam que em grande medida Champagnat sofreu
duras críticas, muito por conta do alto valor da empreitada. A comunidade, composta
por irmãos, estudantes, e voluntários, se instalou na nova casa já em 1825.
A construção da casa mãe é o começo de uma fase nova para o instituto, a
partir daí várias são as escolas instaladas nas várias regiões da França. Tudo
funcionava razoavelmente bem no instituto, apesar dos poucos recursos, contudo
ainda faltava a legalização do instituto. Essa legalização era necessária pois
resolveria dentre várias questões legais a do serviço militar, que obrigava os irmãos
a saírem da vida religiosa para servir ao governo. O caso era que estavam salvos
desse serviço tanto os professores que tinham registro junto ao governo quanto os
membros de congregações reconhecidas pelo estado, o que muitas vezes não era o
caso dos irmãos, então, o que muito se fez foi mandar irmãos membros do instituto
19
Uma espécie de alfabetizador.
20
Furet 1999, e Silvestre 2014.
12
21
Idem, 1999, passim.
22
Furet, 1999, p. 105-114.
23
Idem, 1999, passim.
24
Uma complicação infecciosa que causa fortes dores de cabeça, no abdômen etc.
13
disponíveis em português 261 são dos seus últimos três anos e meio de vida. 25 Na
madrugada do dia 6 de junho de 1840 o padre vem a falecer em decorrência de seu
já grave estado de saúde.
3 A FONTE: APRESENTAÇÃO E MÉTODO DE ANÁLISE
Como fonte histórica este trabalho terá as cartas de Marcelino Champagnat,
em especial as de seu último ano de vida, 1840. 26 Os assuntos das cartas estão
entre discussões acerca da situação da congregação, passando por normas e
regras, ou necessidades, até a questão a qual esse trabalho tem como objetivo
analisar; a legalização do instituto. Para a presente analise o total de cartas é de X.
A fim de obter intercessão de membros influentes, tanto da Igreja quanto do
governo, Marcelino Champagnat escrevia para esses, geralmente falando a respeito
de algum assunto ou feito daquela pessoa, e em seguida apresentando e
defendendo a causa da congregação, geralmente pedindo diretamente pela
intervenção no processo de legalização do instituto.
É nesse sentido que a análise dessa fonte será feita, buscando identificar as
representações emanadas por meio das cartas, para esses sujeitos, dos quais
Champagnat buscava suporte em sua busca pela legalização.
Essas fontes serão analisadas a partir do conceito de representação, na
compreensão de que o objeto, nesse caso a instituição, tem seu lugar tomado por
um representante. Nessa perspectiva o objeto não tem sua existência enquanto ente
independente, mas a partir dos significados produzidos na relação entre sujeito-
objeto, por intermédio de um significante.
A respeito da relação entre sujeito leitor e escrita, Chartier apresenta duas
hipóteses, não excludentes, mas complementares entre si:
A primeira hipótese sustenta a operação de construção de
sentido efetuada na leitura (ou na escuta) como um processo
historicamente determinado cujos modos e modelos variam de
acordo com os tempos, os lugares, as comunidades. A
segunda considera que as significações múltiplas e móveis de
um texto dependem das formas por meio das quais é recebido
por seus leitores (ou ouvintes). (Chartier, 1991)
25
SIMAR, 1999.
26
Disponível em: http://bit.ly/2C7UswQ. Acesso em: 02/11/2019.
14
27
Silva e Silva, 2009.
15
“Senhor Prefeito,
Na primeira visita que tive a honra de lhe fazer, o senhor bondosamente me
ofereceu seus préstimos, para mim muito gratificantes. Aproveitando a oferta,
atrevo-me a solicitar de V. Excia. o favor de se informar junto ao Ministro da
Instrução Pública a quantas anda o processo da autorização dos Irmãozinhos de
Maria e quais os trâmites que ainda deveremos seguir para garantir o bom resultado
do pedido.
Desejosos de trabalhar sob a proteção e conforme as diretrizes do governo,
em prol da autêntica instrução dos meninos, estamos dispostos a tomar todas as
medidas que nos indicar para sintonizarmos com ele, até a adotar os estatutos de
uma sociedade já reconhecida, como nos mandou dizer o senhor Salvandy, ministro
da Instrução Pública, por intermédio do senhor bispo de Belley. Aceitaremos até
isso, embora nossos estatutos tenham sido aprovados pelo Conselho Real na
sessão de 28 de fevereiro de 1834.
Confio, senhor Prefeito, que fazendo uso de sua gentileza, o senhor
acrescente algumas palavras de apreço em nosso favor. A boa acolhida com que o
senhor me honrou, a distinta proteção que em toda parte concede às obras de
16
utilidade pública, inspiram-me a reconfortante confiança de que terei para com sua
pessoa novos motivos de unir minhas felicitações às de todo o Departamento pela
acertada escolha que o trouxe até nós.
Apoiando-me, pois, tanto em sua bondade como em seu crédito poderoso,
rogo-lhe aceitar a homenagem do profundo respeito e da respeitosa atenção com
que ...
Champagnat”
É notavel a posição de subordinação em que Champagnat vai se colocar ao
escrever para pedir a intersessão desses suejtios, usando expressões como “atrevo-
me a solicitar” ou ainda “Desejosos de trabalhar sob a proteção e conforme as
diretrizes do governo” que denotam o anseio pela legalização do instituto, inclusive
aceitando condições adversas como o uso de um estatuto de uma outra instituição já
reconhecida. Aqui o Instituto Marista aparece como uma instituição preocupada com
o bem estar social, provedora de uma verdadeira educação, como visto no trecho
“em prol da autêntica instrução dos meninos”.
4.2 CARTA 314, A DOM LOUIS JACQUES MAURICE DE BONALD, ARCEBISPO
DESIGNADO DE LIÃO. 16 DE JANEIRO DE 1840.
Essa carta foi endereçada para o recém nomeado Arcebispo de Lião, que na
ocasião do envio se encontrava em paris. Novamente Champagnat vai a uma
autoridade pedir pela interseção da autoridade no processo de regularização da
ordem.
"Excia. Revma.,
O Superior dos Irmãozinhos de Maria se atreve a antecipar o feliz momento
em que V. Excia. virá cumular nossos votos e desejos, para oferecer-lhe a
homenagem de seu profundo respeito e de suas muito humildes felicitações. Todos
nós experimentamos a mais viva alegria ao saber da feliz escolha pela qual V. Excia.
é convocado ao governo da célebre igreja de Lião. Replenos de gratidão, unimo-nos
a todos os fiéis da diocese para agradecer a Deus por nos ter dado em sua augusta
pessoa um Prelado tão digno e tão santo, um Pontífice tão zeloso e caritativo.
Foi o Senhor, Exmo. senhor Bispo, que nos acolheu e protegeu na diocese de
Puy. Pudemos assim, sob vossos auspícios, erigir naquela região nossos primeiros
estabelecimentos. O que não deveremos então esperar agora de sua paternal
bondade, agora que seremos seus filhos, de uma maneira muito particular!?
17
Interessante notar que nessa carta em especial o padre se estende na escrita a fim
de advogar pelo instituto.
“Excia. Revma.,
O Superior dos Pequenos Irmãos de Maria, estabelecidos em N. D. de
l'Hermitage, em Saint-Chamond (Loire), ousa apresentar-se de joelhos diante de V.
Excia. para lhe pedir aceite a homenagem de profundo respeito e muito humildes
felicitações pela nova dignidade que o Soberano Pontífice acaba de conceder a seus
méritos e virtudes. Nós nos regozijamos vivamente e conosco toda a França e toda
a cristandade, por vermos um Pontífice tão zeloso e caritativo tornar-se um dos
primeiros pastores da Igreja universal. Que Deus seja bendito mil vezes por este
acontecimento e conceda a V. Excia. dias tão longos e felizes quantos julgar úteis à
religião, cheios de obras de zelo e de santidade.
Animado pela bondade realmente paternal com que V. Excia. se dignou
honrar nossos caros Irmãos de Saint-Pol, compenetrado tanto quanto eles dá mais
viva gratidão pelo nobre incentivo que os Irmãos devem à vossa bondade
verdadeiramente pastoral, atrevo-me também a suplicar-lhe o favor de estender a
toda a Sociedade dos Irmãos de Maria a salutar influência de sua elevada e
poderosa proteção.
Como nos sentiríamos felizes, Excia. se neste momento em que tratamos de
fazer sancionar nossa autorização por meio de um Decreto Real, V. Excia. se
dignasse apoiar nosso pedido. Não duvidamos nada de que uma simples
recomendação de V. Excia. nos seria de grande auxílio junto a Sua Majestade.
Nossa instituição, Excia., é inteiramente em benefício dos meninos pobres
das zonas rurais e cidades pequenas. Ao menor custo possível queremos
proporcionar a eles a instrução cristã e religiosa que os Irmãos das Escolas Cristãs
ministram com tão bons resultados aos alunos das grandes cidades.
Deus e a Santíssima Virgem nos abençoaram de um modo todo particular até
hoje. Em poucos anos, apesar da escassez de recursos, a Sociedade reuniu mais
ou menos 300 Irmãos. Foram erigidos cinqüenta estabelecimentos que continuam a
se desenvolver nos nove Departamentos do Rhône, do Loire, de Isère, de Ardèche,
de Saône-et-Loire, do Drôme e de Pas-de-Calais, além das Missões da Oceânia
Oriental, para a qual onze de nossos Irmãos partiram nesses três últimos anos.
19
28
Champagat (1840).
22
6 REFERENCIAS
CHARTIER, Roger. O mundo como representação. In: Estudos Avançados, Rio de
Janeiro, n.11(5), 1991.
FURET, J.-B. Vida de São Marcelino José Bento Champagnat. São Paulo: Loyola,
1999.
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2012.
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SECRETÁRIADO INTERPROVINCIAL MARISTA - SIMAR. Cartas de Marcelino
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FUNDADOR DO INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. 1. ed. Brasília: UMBRASIL,
2019. p. 739-807.