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Aquecimento global leva a dengue a países do Hemisfério Norte e Europa,

dizem estudos
Primo do aedes aegypti, o aedes albopictus está espalhando dengue, zika e chikungunya por regiões de clima mais
ameno e causa preocupação.

Por Jornal Nacional

02/02/2024 20h53 Atualizado há uma semana

O planeta Terra está mais quente do que era - isso já não é novidade para ninguém -, mas
esse aquecimento tem efeitos colaterais e um deles é exatamente que uma doença tropical, como
a dengue, passou a afetar populações que vivem bem acima na linha do Equador.
Este é um velho conhecido de quem vive em países tropicais: o aedes aegypti transmite
dengue, zika e chikungunya. Agora, um primo dele, o aedes albopictus, que espalha as mesmas
doenças, também virou motivo de preocupação em regiões de clima mais ameno.
No ano passado, países como França, Itália e Espanha registraram 128 casos de dengue
desse tipo. Há dez anos, foram apenas quatro - e só na França. São números pequenos se
comparados aos do Brasil, que nas primeiras quatro semanas do ano já registrou mais de 243 mil
casos - o triplo do ano passado no mesmo período.
O aumento de casos na Europa, nos Estados Unidos e até nos países de clima mais frio do
hemisfério sul intriga os cientistas: como um mosquito que gosta de calor se adaptou tão bem em
países de clima frio?
O virilogista William Marciel de Souza, professor da Universidade de Kentucky, nos
Estados Unidos, diz que pode ter relação com o aquecimento global:
"Regiões temperadas têm se tornado - tantos os verões, quantos os invernos - um pouco
mais quente. Devido a essas mudanças climáticas, é muito possível que os mosquitos
sobrevivam melhor, e faz com que tenha transmissões autóctones, como ocorre hoje, tanto na
França quanto Espanha e Itália; bem como aqui no sul das Américas, como no Uruguai e na
Argentina".
A situação também é crítica no Paraguai. Na capital, Assunção, os hospitais estão lotados.
"A epidemia de dengue está aumentando e, nesta área, ficarão os pacientes que
precisarem de internação", diz médico paraguaio.
"Quando a gente fala de população que nunca foi exposta a uma doença, a tendência é
que um maior número de pessoas sejam infectadas. Porque elas nunca foram expostas e elas
podem desenvolver formas relativamente graves, principalmente porque pode acometer um maior
número de pessoas", explica William Marciel de Souza.
Quem pesquisa mosquitos explica que a temperatura tem mesmo influência direta no ciclo
de desenvolvimento deles. Com os termômetros a 25ºC, um ovo leva, em média, duas semanas
para se transformar em mosquitos adultos. Testes feitos em laboratório mostram que esse tempo
cai pela metade quando os termômetros sobem para 28ºC - o que aumenta e muito a quantidade
de mosquitos em circulação e as picadas.
A bióloga Tamara Lima Câmara explica que, aqui no Brasil, a situação tem sido agravada
pelo forte calor e as chuvas de verão, que formam poças d'água - um ambiente perfeito para o
aedes aegypti se reproduzir.
"O aumento da temperatura favorece a proliferação dos mosquitos. Quanto maior a
proliferação de mosquito, maior a quantidade de mosquito, maior é a chance de transmissão de
doenças associadas a eles", afirma a professora da Faculdade de Saúde Pública da USP.

Retirado de : https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/02/02/aquecimento-global-leva-a-dengue-a-
paises-do-hemisferio-norte-e-europa-dizem-estudos.ghtml, acessado em 14/02/2024, às 13:22.

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