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Por muitos anos a ênfase no estudo da mecânica tem sido no formalismo e na estrutura,

culminando com o desenvolvimento da mecânica Lagrangiana e Hamiltoniana. As soluções


para problemas de dinâmica não acompanharam as formulações, principalmente por causa de
métodos inadequados para tratar fenômenos não lineares. Embora tenha havido certas soluções,
como a solução clássica de Lagrange para o problema restrito dos três corpos, não existe
nenhum método geral para a integração direta das equações diferenciais de movimento. A
introdução de coordenadas generalizadas por Lagrange levou a dinâmica de um mundo físico
para um domínio analítico mais abstrato e, ao mesmo tempo, abriu as portas para uma nova
abordagem do problema de integração, nomeadamente, a abordagem indireta baseada em
transformações de coordenadas. O método consiste em descobrir as primeiras integrais de
movimento por meio de uma transformação de coordenadas produzindo coordenadas
ignoráveis. Hamilton deu um novo impulso à ideia e, substituindo o conjunto de n equações
Lagrangianas de segunda ordem por 2n equações hamiltonianas de primeira ordem, ampliou o
conceito de transformações ao considerar as coordenadas generalizadas e os momentos como
variáveis canônicas independentes. As transformações, conhecidas como transformações de
contato, abriram novas possibilidades para a produção de integrais de movimento pela
abordagem indireta. Coube a Jacobi seguir a ideia de Hamilton e desenvolver uma teoria de
transformação viável.
No último século, o interesse em soluções para problemas não lineares da mecânica
levou a progressos substanciais neste campo. Esses desenvolvimentos passaram a ser
conhecidos como mecânica não linear, e os métodos de soluções podem ser divididos em duas
grandes classes, analítica e geométrica. A abordagem analítica foi motivada por problemas de
mecânica celeste. Esta é a conhecida teoria das perturbações, que consiste em buscar uma
solução analítica válida na vizinhança de uma solução conhecida. A solução está na forma de
uma série de potências em um parâmetro pequeno, onde o parâmetro reflete um efeito
perturbativo, e se reduz à solução conhecida na ausência da perturbação. A segunda abordagem
preocupa-se com o comportamento qualitativo da solução no espaço de fase, nomeadamente, o
espaço 2n-dimensional definido pelas variáveis canónicas de Hamilton, e não faz nenhuma
tentativa de obter uma solução explícita do problema. O principal interesse reside nas
características de estabilidade da solução na vizinhança de um ponto de equilíbrio ou de um
movimento estacionário.
Os livros sobre dinâmica tendem tradicionalmente a acompanhar o desenvolvimento do
assunto. Como resultado, muitos livros preocupam-se principalmente com o formalismo e a
estrutura, e outros concentram-se em métodos de soluções, cada um tratando o outro aspecto de
forma um tanto levianamente. Este livro foi escrito com a premissa de que uma melhor
compreensão do assunto é alcançada apresentando um equilíbrio entre ambos os aspectos da
dinâmica analítica. A abordagem permite não apenas uma visão mais ampla, mas também mais
profunda do assunto, e é tão natural quanto lógica. O livro contém material normalmente
abordado em cursos de pós-graduação em dinâmica e mecânica não linear, além de algumas
aplicações modernas. A organização é tal que o livro pode servir como um texto sobre dinâmica
analítica ministrado como um curso integrado ou em cursos separados. Se o último caminho
for escolhido, maiores benefícios serão obtidos com o uso deste livro. Muito recentemente, o
autor ensinou o material de forma integrada, com notável melhoria na motivação e compreensão
dos alunos, em oposição à abordagem mais tradicional de ensinar o material em cursos
separados. Espera-se que o livro acabe por levar a uma reorganização do ensino de pós-
graduação em dinâmica analítica. Os dinamicistas da indústria com grande interesse em
aplicações deveriam considerar a abordagem integrada como natural.
Talvez o livro possa ser melhor discutido por meio de uma breve revisão de seu
conteúdo. O Capítulo 1 apresenta os conceitos fundamentais da dinâmica, seguindo um
levantamento histórico do desenvolvimento da mecânica. As ideias básicas da mecânica
newtoniana são apresentadas com ênfase nos aspectos físicos da dinâmica. Com a introdução
das coordenadas generalizadas de Lagrange no Cap. 2, a ênfase muda para a mecânica analítica
mais abstrata. Aqui, os princípios variacionais mostram-se não apenas de valor estético, mas
também ferramentas importantes na formulação de problemas de dinâmica. O princípio de
Hamilton é apresentado e então usado para derivar Equações de movimento de Lagrange. Tendo
em vista o problema de integração, são discutidas certas leis de conservação e introduzidas as
equações canônicas de Hamilton. Os Capítulos 3 e 4 tratam de problemas de movimento
rotacional e dinâmica de corpo rígido, usando notação vetorial e matricial. Devido à sua
importância, o tema do movimento giroscópico recebe atenção especial.
Finalmente, o problema do movimento geral de um corpo rígido é formulado por meio
das equações de Lagrange em termos de quase-coordenadas. Com o Cap.5 a atenção se volta
das formulações para o comportamento dos sistemas dinâmicos.
Para tanto, é discutida a representação geométrica no espaço de fases e introduzidos
conceitos como equilíbrio e estabilidade de movimento. Outras considerações estão confinadas
ao plano de fase. O Capítulo 6 trata da solução de conjuntos de equações diferenciais ordinárias
de primeira ordem, com ênfase nas características de estabilidade de sistemas autônomos.
Sistemas gerais, bem como sistemas canônicos, são discutidos. O assunto é ampliado no Cap.
7 aos sistemas não autônomos, dando especial atenção aos sistemas com coeficientes
periódicos. Os Capítulos 6 e 7 preocupam-se principalmente com a forma e a qualidade da
solução. Em contrapartida, no Cap. São discutidas 8 soluções de forma fechada por técnicas de
perturbação. No cap. 9 o interesse passa de métodos de integração diretos para métodos de
integração indiretos. Neste capítulo, através de uma discussão da teoria da transformação e do
método Hamilton-Jacobi, é feita uma tentativa de fornecer uma visão mais profunda da
mecânica hamiltoniana. Um método de perturbação baseado na teoria de Hamilton-Jacobi
também é apresentado. Os últimos três capítulos são dedicados principalmente a aplicações nas
quais métodos de dinâmica analítica podem ser ilustrados. O Capítulo 10 é inteiramente
dedicado ao movimento giroscópico. Vários tipos de instrumentos giroscópicos, muitos deles
usados como dispositivos de navegação, são discutidos. Nenhum livro sobre dinâmica analítica
está completo sem alguns dos problemas clássicos da mecânica celeste. Com efeito, no Cap. 11
o célebre problema dos três corpos recebe consideração especial. Também são discutidas a
libração de um corpo rígido sob o efeito de torques gravitacionais e as mudanças orbitais
causadas por forças perturbadoras de natureza geral. Apesar da sua antiguidade, estes problemas
mantêm um carácter surpreendentemente moderno. O Capítulo 12 apresenta aplicações
modernas na área de dinâmica de espaçonaves. Os tópicos discutidos são o movimento orbital
dos satélites e o movimento rotacional dos satélites em torno do seu próprio centro de massa.
Finalmente, são introduzidos os temas de sistemas de massa variável e dinâmica de foguetes.
Dois apêndices apresentam elementos de dinâmicas e topologia, respectivamente, para
benefício de quem não está familiarizado com o assunto.
Se o livro for usado em cursos separados de dinâmica e mecânica não linear, os caps. 1
a 4 podem ser usados para o primeiro e o Cap. 5 a 8 para o segundo. O Capítulo 9 poderá ser
incluído em qualquer um dos cursos, enquanto as aplicações dos três últimos capítulos poderão
ser apresentadas conforme o interesse.
O autor deseja agradecer os muitos comentários valiosos de colegas e alunos.
Agradecimentos especiais são devidos a Peter W. Likins, Robert
H. Tolson e Kyle T. Alfriend pela revisão cuidadosa do manuscrito e sugestões úteis.
Agradecimentos também são devidos a Ralph Pringle, Jr., William
R. Wells e Ronald L. Huston pela revisão de uma versão inicial do manuscrito, bem
como a Robert A. Calico e John Bankovskis pela ajuda na revisão e plotagem dos diagramas.
Finalmente, o autor expressa seu agradecimento a Joyce Helton e Rose Ann Butler pela
digitação especializada do manuscrito.

Leonard Meirovitch
Fundamentos da
mecânica newtoniana
A parte mais antiga e fundamental da física preocupa-se com o equilíbrio e o
movimento dos corpos materiais. Os problemas da mecânica atraíram a atenção de pioneiros
da física como Aristóteles e Arquimedes. Embora o campo da mecânica clássica se baseie
apenas em algumas ideias fundamentais, ele inspirou a criação de uma grande e elegante
porção de análise matemática. Os conceitos básicos da mecânica são espaço, tempo e massa
(ou, alternativamente, força). Esses conceitos são familiares de encontros anteriores com o
tema da dinâmica, mas tentaremos trazer o seu significado para um foco mais nítido. Para este
fim, um relato histórico do desenvolvimento da mecânica será gratificante.

1.1 PESQUISA HISTÓRICA DA MECÂNICA


O desenvolvimento da mecânica pode ser atribuído ao desenvolvimento da geometria,
cinemática e dinâmica. De longe, a geometria mais simples e mais utilizada é a geometria de
Euclides. Um espaço euclidiano é um espaço no qual o comprimento de um vetor é definido
pelo teorema de Pitágoras, segundo o qual o comprimento do vetor ao quadrado é igual à soma
das componentes do vetor ao quadrado. Os postulados da paralela e da congruência são válidos,
de modo que a geometria euclidiana é idealmente adequada para o estudo do movimento de um
corpo rígido. A estrutura métrica do espaço euclidiano é homogênea e isotrópica, portanto
independente da distribuição da matéria no espaço. Como resultado, existe uma relatividade
completa de posição ou orientação nesse espaço. Uma geometria mais geral, ainda consistente
com o conceito de congruência, é a geometria de Riemann, que representa uma extensão da
geometria bidimensional de superfícies curvas desenvolvida por Gauss. Em contraste com a
geometria euclidiana, na geometria Riemanniana as propriedades do espaço, refletidas pelos
coeficientes métricos, podem variar de ponto para ponto. Em tal geometria não existe mais
relatividade de posição. A geometria euclidiana foi geralmente aceita como a estrutura da
mecânica newtoniana. Por meio de uma certa transformação, os conceitos da geometria
euclidiana puderam ser estendidos para acomodar a teoria da relatividade especial de Einstein,
e foi somente com o desenvolvimento da teoria da relatividade geral, ou gravitacional, de
Einstein que a geometria euclidiana foi abandonada em favor de uma teoria mais geometria
Riemanniana geral.
A cinemática preocupa-se com o movimento dos corpos materiais e, por esta razão, é
por vezes referida como geometria do movimento. Mas o movimento só tem significado quando
medido em relação a um sistema de referência, o que requer um sistema de coordenadas bem
definido e um dispositivo de medição de tempo. Na mecânica newtoniana assume-se que existe
um espaço absoluto que é euclidiano e um tempo absoluto cujo fluxo é independente do espaço.
Como o espaço euclidiano é homogêneo e isotrópico, devemos concluir que não existe uma
posição ou orientação preferencial e, portanto, nenhum sistema de coordenadas preferencial.
Para medir o tempo em um determinado ponto, um observador pode escolher qualquer
fenômeno periódico, como a vibração de um diapasão. Com o que é geralmente chamado de
relógio, permanece a questão de sincronizar o relógio com observadores em outros pontos. A
hora local pode ser estendida a outros observadores por meio de sinais de velocidade infinita,
desde que tais sinais existam.
O estudo da dinâmica considera o movimento dos corpos materiais sob a influência do
ambiente. A questão pode ser colocada se, na ausência de um ambiente interativo, existe um
estado natural de movimento para um corpo. Aristóteles explorou a ideia de que existe um
referencial tal que o estado natural de qualquer corpo é um estado de repouso em relação a esse
referencial. Na verdade, ele acreditava que existia um lugar natural, nomeadamente o centro da
terra, para o qual cada corpo se esforçava e do qual se aproximava se não encontrasse
obstáculos. O movimento era considerado como partindo do repouso sob a influência de "causas
eficientes" e determinado por "causas finais", o que implica que, uma vez iniciado o
movimento, o corpo tinha tendência a atingir o local natural. Aristóteles acreditava que onde
quer que houvesse movimento deveria haver uma força, com exceção dos corpos que se
moviam sozinhos. Isto parece implicar que a lei do movimento que ele considerou pode ser
expressa em termos de conceitos modernos na forma massa × velocidade = força. Contudo, ele
ainda ficou intrigado com a observação de que o movimento de um corpo continuava mesmo
quando a fonte do movimento não estava mais em contato com o corpo. Embora a noção de
lugar natural possa ter tido um certo apelo intuitivo na Grécia antiga, quando se acreditava que
a Terra era o centro das coisas, com os planetas movendo-se em órbitas circulares à sua volta,
esta ideia tornou-se questionável quando Copérnico mostrou que os planetas eram realmente se
movendo em torno do sol e não da terra, colocando assim o sol no centro. Naturalmente, mais
tarde tornou-se evidente que o Sol também não ocupava essa posição preferencial, pois poderia
ser considerado apenas uma estrela entre muitas no universo. Neste ponto devemos lembrar que
a ideia de posição natural está em conflito com o conceito de espaço euclidiano. As pesquisas
de Aristóteles sobre o movimento dos corpos devem ser consideradas um fracasso completo,
pois não é possível nenhum referencial único para a velocidade.
O primeiro passo para colocar o estudo da dinâmica numa base verdadeiramente
científica foi dado por Galileu. Ele colocou o estudo do movimento dos corpos no caminho
certo ao desenvolver o conceito de aceleração. A investigação de Galileu sobre objetos em
queda levou-o à observação de que é uma falácia supor que onde quer que haja movimento
deve haver uma força. Na verdade, ele concluiu que a força causa uma mudança na velocidade,
mas nenhuma força é necessária para manter um movimento no qual a magnitude e a direção
da velocidade não mudam. Esta é basicamente a afirmação da lei da inércia de Galileu. A
medida da tendência de um corpo em resistir a uma mudança em seu movimento uniforme é
conhecida como massa ou inércia do corpo. Galileu também observou que embora a aceleração
seja constante, a velocidade varia com o tempo para corpos em queda livre, de modo que os
desvios de um estado de repouso ou de movimento uniforme devem ser atribuídos à influência
de outros corpos. Ele reconheceu que as leis do movimento não são afetadas pelo movimento
uniforme, de modo que não apenas não havia posição natural no espaço, mas também não havia
velocidade favorecida do referencial. Assim, Galileu mostrou que realmente existem sistemas
de referência preferenciais nos quais um corpo se moverá com velocidade uniforme ou
permanecerá em estado de repouso, a menos que seja influenciado por forças externas. Esse
referencial homogêneo e isotrópico é denominado espaço inercial ou referencial galileano. O
sistema inercial está em repouso ou translada com velocidade uniforme em relação a um espaço
fixo. Se dois sistemas se movem uniformemente um em relação ao outro e se um dos sistemas
é inercial, então o outro sistema também é inercial. Na verdade, existe uma infinidade de
referenciais inerciais que se transladam uniformemente uns em relação aos outros. As
propriedades do espaço e do tempo são as mesmas e as leis da mecânica são idênticas em todos
esses referenciais. Esta é a essência do princípio da relatividade de Galileu. É impossível, a
partir de observações de fenômenos mecânicos, detectar um movimento uniforme em relação a
um espaço inercial. As relações entre os movimentos expressos em termos de dois sistemas
inerciais são conhecidas como transformações galileanas.
Newton expandiu as ideias de Galileu e, no final do século XVII, formulou o que veio
a ser conhecido como leis do movimento de Newton. Na verdade, a primeira lei de Newton é
simplesmente a lei da inércia de Galileu. Reconhecendo que os resultados de Galileu refletiam
o facto de a força da gravidade ser constante nas proximidades da superfície da Terra, Newton
generalizou estes resultados admitindo também forças variáveis. Além disso, Newton aplicou
suas leis ao movimento dos corpos celestes. No processo, ele desenvolveu sua lei da gravitação,
auxiliado por sua interpretação correta das leis planetárias de Kepler. As leis do movimento de
Newton assumem a forma mais simples quando referidas a um sistema inercial e, para esse fim,
Newton introduziu a noção de espaço absoluto em relação ao qual todo movimento deveria ser
medido. Ele propôs como espaço absoluto um sistema de coordenadas ligado às distantes
"estrelas fixas". As equações fundamentais de Newton são invariantes nas transformações
galileanas, mas esta invariância não se aplica às transformações que envolvem referenciais
acelerados. Se insistirmos em tratar fenômenos mecânicos em sistemas acelerados, devemos
introduzir forças fictícias, como as forças centrífugas e de Coriolis. Estas forças fictícias são
estritamente de natureza cinemática e aparecem quando o movimento é expresso em termos de
sistemas de coordenadas rotativas. Segundo Newton, o tempo é absoluto e independente do
espaço, o que é outra forma de dizer que o tempo é o mesmo em quaisquer dois sistemas
inerciais. Além disso, se houver forças exercidas por um corpo sobre outro que dependam
apenas das posições relativas dos corpos, presume-se que essas forças se propagam
instantaneamente. Como o tempo é o mesmo para todos os referenciais inerciais, o conceito de
simultaneidade não apresenta dificuldade; isto é, se dois eventos ocorrem simultaneamente por
um observador viajando com um referencial inercial, então os eventos ocorrem
simultaneamente para todos os outros observadores inerciais.
Portanto, para esse observador, as ondas não parecem esféricas. Isto, no entanto, está
em contradição com a evidência experimental. Na verdade, as célebres experiências realizadas
por Michelson e Morley mostraram que a velocidade da luz é a mesma em todas as direções e
não depende do movimento relativo do observador e da fonte. Portanto, devemos concluir que
a transformação galileana não pode ser correta e deve ser substituída por uma transformação
que preserve a constância da velocidade da luz em todos os sistemas. Tal transformação,
conhecida como transformação de Lorentz, é aplicável tanto a fenômenos mecânicos quanto
eletromagnéticos.
Na última parte do século XIX, a teoria ondulatória da luz foi estabelecida em bases
sólidas pelas pesquisas de Faraday, Maxwell e Hertz na teoria do campo eletromagnético. De
acordo com esta teoria, as ondas de luz são simplesmente ondas eletromagnéticas que se
propagam com velocidade constante em relação a um espaço absoluto. Mas, em contraste com
as equações da mecânica newtoniana, as equações de Maxwell revelaram-se não invariantes
sob as transformações galileanas. Na verdade, Maxwell insistiu que as equações fundamentais
da eletrodinâmica eram válidas apenas num referencial único e privilegiado, conhecido como
"luminiferous ether". Por analogia com as ondas em gases e sólidos elásticos, acreditava-se que
as ondas eletromagnéticas também precisavam de um meio para se propagarem. O ether,
imaginado como um meio elástico que permeia todos os corpos transparentes, era considerado
o portador de todos os fenômenos ópticos e eletromagnéticos. Supunha-se que esse meio
elástico fornecia um referencial absoluto para os fenômenos eletromagnéticos, da mesma forma
que o espaço absoluto de Newton fornecia um referencial para os fenômenos mecânicos. Como
o ether era apenas uma hipótese, permaneceu a necessidade de produzir provas conclusivas de
sua existência. Como se presumia que a Terra se movia em relação ao ether a uma certa
velocidade, e como a velocidade da luz c em relação ao ether deveria ser constante, previu-se
que pelo menos em algum momento durante o ano a velocidade da luz em relação ao ether a
terra deve ser diferente de c. Se um raio de luz é refletido em um espelho a uma distância L de
uma fonte de luz, e se a fonte e o espelho estão alinhados com a direção do movimento da Terra
em relação ao ether, então o tempo necessário para o raio retornar para a fonte tem o valor

Portanto, para demonstrar o movimento da Terra em relação ao ether, um aparelho capaz

de detectar quantidades da ordem é necessário. Em 1881, Michelson realizou um


experimento por meio de um interferômetro capaz de detectar um efeito muito menor do que o
previsto, mas não conseguiu encontrar tal efeito. Em 1887, Michelson e Morley repetiram a
experiência, utilizando um aparelho mais preciso, mas a experiência novamente não conseguiu
detectar a existência do ether. No entanto, demonstrou com grande grau de precisão que a
velocidade da luz é a mesma em todas as direções, independentemente do movimento da fonte.
Numa tentativa de explicar o fracasso da experiência em detectar o movimento da Terra em
relação ao ether, Fitzgerald apresentou uma hipótese segundo a qual um corpo se contrai na
direção do movimento. Para uma haste cujo comprimento original na direção do movimento é

l0 o comprimento se contrai para durante o movimento. Esta contração


A hipótese foi adotada por Lorentz, que a generalizou introduzindo um conjunto de
transformações que tornam os fenômenos eletromagnéticos e ópticos independentes do
movimento uniforme do sistema. Em particular, ele introduziu um horário variável, conhecido
como horário local porque difere de sistema para sistema. Isto equivalia a uma dilatação da
escala de tempo. A diferença entre as transformações Lorentziana e Galileana é da ordem

. Embora Lorentz percebesse que para explicar a constância da velocidade da luz era
necessária uma nova cinemática, nomeadamente a cinemática Lorentziana, ele não questionou
a validade do princípio clássico da relatividade, nem abandonou a teoria do ether. Na verdade,
todo o propósito de suas transformações era salvar o conceito do ether, fornecendo uma
explicação para o fracasso dos experimentos em detectar movimento uniforme através do ether.
Quase ao mesmo tempo, Poincaré também desenvolveu um conjunto de transformações
semelhantes à transformação de Lorentz e alcançando o mesmo propósito, nomeadamente,
tornar os fenómenos electromagnéticos e ópticos independentes do movimento uniforme do
referencial. Tanto Lorentz como Poincaré perceberam que, como resultado destas
transformações, as equações de Maxwell poderiam ser expressas num número infinito de
sistemas inerciais, mas Lorentz continuou a acreditar que um destes sistemas representava o
ether em repouso. Poincaré, porém, deu um passo além ao reconhecer que a equivalência
matemática dos sistemas de referência inerciais para os fenômenos eletromagnéticos
representava um novo princípio da relatividade. Na verdade, ele propôs este princípio como
uma lei geral da natureza e sugeriu que os princípios da mecânica fossem modificados para se
conformarem a esta lei. No entanto, ele nunca compreendeu todas as implicações físicas deste
princípio da relatividade e considerou a transformação puramente como um dispositivo
matemático. Ele não deu o importante passo de tornar o princípio da relatividade independente
da sua derivação das equações de Maxwell.
Lorentz e Poincaré deram um passo gigantesco no sentido de fornecer uma nova
descrição do mundo físico, baseando essa descrição em factos sólidos observados através de
experiências fiáveis, em vez de baseá-la em hipóteses não comprovadas. No entanto, ambos
não conseguiram avaliar as implicações de longo alcance das suas transformações. Coube a
Einstein demonstrar que o princípio da relatividade e a transformação de Lorentz levantavam
questões sobre os conceitos fundamentais, como o ether e o espaço absoluto, que estavam a ser
assumidos. Einstein propôs em 1905 construir novos princípios baseados em evidências
experimentais. Ele apresentou dois postulados:
1. As leis da natureza (incluindo as leis da mecânica e da eletrodinâmica) são as
mesmas em todos os referenciais inerciais.
2. A velocidade da luz tem o mesmo valor para todos os sistemas inerciais,
independente da velocidade da fonte de luz.
Os dois postulados formam a base da teoria da relatividade especial de Einstein. Embora os
dois postulados pareçam contraditórios, Einstein mostrou que eles podem coexistir se o
conceito de tempo absoluto for descartado e o tempo for adicionado como uma quarta
coordenada às três coordenadas espaciais euclidianas. Einstein manteve a transformação de
Lorentz, mas deve ser salientado que ele derivou as equações correspondentes do ponto de
vista geral do princípio da relatividade. Mais tarde, Minkowski concluiu que a nova
cinemática einsteiniana, na qual o espaço e o tempo são inseparáveis, leva a uma nova
estrutura geométrica que consiste num espaço quadridimensional formado pelo espaço e
tempo comuns. Este mundo espaço-tempo é referido como espaço mundial ou espaço
Minkowski. Acontece que a transformação de Lorentz é simplesmente a transformação
ortogonal do espaço de Minkowski. O princípio da nova relatividade não elimina os
referenciais inerciais galileanos. Por outro lado, ao revisar o conceito de tempo e relacionar os
referenciais inerciais por meio das transformações de Lorentz, Einstein conseguiu fornecer
uma base comum para o tratamento dos fenômenos mecânicos e eletromagnéticos. Evidências
experimentais esmagadoras corroboram as conclusões da relatividade especial.
Na mecânica relativística de Einstein, o conceito de simultaneidade requer um exame
mais aprofundado. Suponha que desejemos elaborar um experimento para medir a velocidade
da luz. Consideramos dois pontos A e B em um determinado sistema inercial, de modo que
um sinal luminoso emitido em A em um determinado instante 4 seja recebido em B no
instante t2. A velocidade da luz é simplesmente a razão entre a distância de A a B e o
intervalo de tempo 12 - 1. Enquanto a medição da distância de A a B não apresenta
problemas, a medição do intervalo de tempo só é possível se houver perfeitamente
sincronizados relógios em A e B. Um dos melhores métodos de sincronização de relógios é
por meio de sinais luminosos. Mas a velocidade da luz é precisamente a quantidade que
propusemos medir em primeiro lugar, de modo que nos encontramos num círculo vicioso. O
problema de sincronizar os relógios surge, é claro, porque a velocidade do sinal luminoso é
finita. Mas não existe nenhum sinal conhecido que viaje mais rápido que a luz, de modo que a
experiência proposta é a melhor que podemos produzir. Além disso, a menos que a velocidade
do sinal seja infinita, qualquer sinal de velocidade finita será afetado pelo mesmo problema. A
conclusão é que o conceito de simultaneidade absoluta entre dois eventos que ocorrem em
dois lugares diferentes não tem significado real, pois não existe uma forma experimental de
determinar a simultaneidade. Acontece que, em virtude do facto de a velocidade da luz ser
finita, embora constante, dois acontecimentos que ocorrem simultaneamente para um
observador num sistema inercial geralmente não ocorrem simultaneamente para um
observador noutro sistema inercial. Einstein mostrou que é possível definir uma
simultaneidade relativa para dois eventos que ocorrem em pontos diferentes de um
determinado sistema inercial.
Na mecânica newtoniana, a massa é uma propriedade constante inerente do corpo. É
independente do movimento relativo a um espaço inercial ou do fluxo do tempo e representa
uma medida da tendência de um corpo em preservar seu movimento uniforme em relação a
um referencial galileu, onde essa tendência é chamada de inércia. Na mecânica relativística o
conceito de massa constante também deve ser revisto, como resultado da nova cinemática. Em
particular, obtém-se uma massa relativística dependendo da velocidade.
As leis da mecânica são válidas em sua forma clássica mais simples quando referidas a
um sistema inercial. Um observador não inercial viajando com um referencial giratório sentirá
as chamadas forças de Coriolis e centrífugas. Estas forças, que são diretamente proporcionais
à massa, são cinemáticas e podem ser eliminadas referindo-se a um sistema galileu. Mas
algumas forças muito importantes na mecânica clássica, nomeadamente as forças
gravitacionais, também são proporcionais à massa. Em contraste, porém, as forças
gravitacionais não podem ser eliminadas por uma transformação cinemática que retenha o
conceito euclidiano de espaço, como na relatividade especial. Além disso, na presença da
gravidade, a constância da velocidade da luz não pode ser mantida. Einstein estava igualmente
descontente com o primeiro postulado da relatividade especial que restringia a classe de
sistemas de referência aceitáveis aos sistemas galileanos. Num outro golpe de génio, Einstein
abandonou o espaço mundial de Minkowski em favor de um espaço Riemanniano
quadridimensional no qual as forças gravitacionais desaparecem. O espaço possui curvatura
em dimensões finitas e é Minkowskiano apenas nas pequenas. Os coeficientes métricos do
espaço Riemanniano estão relacionados com a massa gravitacional em cada ponto, de modo
que o novo mundo geométrico compreende espaço, tempo e matéria. A nova teoria, conhecida
como teoria da relatividade geral de Einstein ou teoria gravitacional de Einstein, foi capaz de
explicar o movimento anômalo do periélio de Mercúrio.
A natureza dos problemas dinâmicos com os quais nos ocuparemos não pode justificar
o abandono da conveniência do espaço euclidiano para eliminar as forças gravitacionais.
Além disso, apontamos que a diferença entre as transformações Galileana e Lorentziana é da
ordem v/c2, onde v é a velocidade do corpo em movimento e c é a velocidade da luz. Segue-se
que para problemas dinâmicos envolvendo velocidades que são muito pequenas em
comparação com a velocidade da luz ou quando permitimos que a velocidade da luz se torne
infinita, as transformações Lorentzianas reduzem-se às transformações Galileanas e o tempo
torna-se independente do espaço. Consequentemente, os resultados da mecânica clássica
envolvendo fenômenos terrestres e os resultados da mecânica celeste estão corretos em um
alto grau de aproximação, o que explica porque a mecânica newtoniana permaneceu
incontestada durante dois séculos.
Tornou-se comum considerar a mecânica clássica como o ramo da física preocupado
com o comportamento de sistemas macroscópicos, enquanto o estudo de sistemas de tamanho
atômico é referido como mecânica quântica. Estaremos preocupados apenas com o primeiro e,
em particular, com a mecânica não relativística.

1.2 LEIS DE NEWTON

A mecânica newtoniana é baseada em três leis declaradas pela primeira vez por Sir Isaac
Newton em seu Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (Os Princípios
Matemáticos das Ciências Naturais), publicado em 1687. Alguns cientistas notáveis
precederam Newton no campo da mecânica, e ele se beneficiou consideravelmente de seu
trabalho, especialmente o de Galileu e Kepler. Embora as duas primeiras leis fossem
conhecidas por Galileu, Newton foi o primeiro a enunciá-las claramente. As leis foram
formuladas para partículas únicas e postulam a existência de referenciais nos quais são
válidas. Esses referenciais, chamados de sistemas de referência inerciais ou galileanos,
representam uma classe de sistemas de referência preferenciais em repouso ou movendo-
se com velocidade uniforme em relação uns aos outros. Na mecânica newtoniana, um
sistema inercial é definido como aquele que está em repouso ou se move com velocidade
uniforme em relação a uma posição média das "estrelas fixas" distantes. Para muitos
efeitos práticos, contudo, pode ser possível assumir um sistema inercial que se move
através do espaço com o sistema solar, ou talvez um sistema cuja origem coincida com o
centro da Terra. Podemos até achar razoável considerar um sistema de coordenadas ligado
à superfície da Terra como inercial, desde que as acelerações resultantes da translação e
rotação do sistema sejam insignificantes em comparação com a aceleração do corpo em
consideração. Newton chama suas leis do movimento de axiomas. Eles podem ser
declarados da seguinte forma:

Primeira Lei Se não houver forças agindo sobre uma partícula, a partícula se moverá em
linha reta com velocidade constante.

Uma partícula é uma idealização de um corpo material cujas dimensões são muito
pequenas comparadas com a distância de outros corpos e cujo movimento interno não
afeta o movimento do corpo como um todo. Matematicamente é representado por um
ponto de massa sem extensão no espaço. Denotando por F o vetor força e por v o vetor
velocidade medido em relação a um espaço inercial, a primeira lei pode ser declarada
matematicamente:
Se F = 0, então v = const. (1.1)

Segunda Lei Uma partícula sob a ação de uma força se move de modo que o vetor força
seja igual à taxa de variação temporal do vetor momento linear.
O momento linear é definido como o produto da massa pela velocidade da partícula, p =
mv, de modo que a segunda lei pode ser escrita

A massa m da partícula é definida como uma quantidade positiva cujo valor não depende
do tempo.
Terceira Lei Quando duas partículas exercem forças uma sobre a outra, as forças situam-
se ao longo da linha que une as partículas e os vetores de força correspondentes são
negativos um do outro.
Esta lei também é conhecida como lei da ação e reação. Denotando por F12 (F21) a força
exercida pela partícula 2 (1) sobre a partícula 1 (2), a lei pode ser declarada
matematicamente

onde os vetores F1 e F21 são claramente colineares. Deve-se notar que a primeira lei, que
é a lei inercial de Galileu, é um caso especial da segunda lei. Uma exceção notável à
terceira lei são as forças eletromagnéticas entre partículas em movimento.
Talvez os conceitos possam ser ainda mais esclarecidos examinando o movimento de uma
partícula de massa m ao longo da curva s, conforme ilustrado na Figura 1.1. Os eixos x, y,
z representam um espaço inercial, e nos referiremos ao movimento em relação a tal
sistema como absoluto. O vetor raio r, (r) denota a posição absoluta de m no tempo 11
(12). Por definição, o vetor velocidade absoluta é dado por
e deve-se observar que v é um vetor tangente à curva em qualquer instante t. De forma
semelhante, podemos escrever a expressão para o vetor aceleração absoluta da partícula

Como a massa da partícula é considerada constante no tempo, a segunda lei de Newton se


reduz a

Denotando por F, T e L as unidades de força, tempo e comprimento, respectivamente,


segue-se que as unidades de massa são FT 2 L−1 .
A lei de Newton fornece uma formulação completa do problema dinâmico associado
à única partícula livre. O problema consiste na integração de um conjunto de três equações
diferenciais de segunda ordem simultâneas. Supondo que os três componentes Fx, Fy, Fz.
do vetor de força F são da classe C1† em um domínio D de valores de x, y, z, x_ponto,
y_ponto, z_ponto, t, onde os pontos denotam diferenciações em relação a 1, e que os valores
iniciais x0, y0, z0, x_ponto0, y_ponto0, z_ponto0 no tempo t = t0 são dados, então, por
exemplo. (1.6) pode ser integrado para obter os valores de x, y, z no tempo t.
Além das três leis do movimento, Newton formulou a lei da gravitação universal,
com base nas três leis do movimento planetário enunciadas por Kepler, que, por sua vez,
derivou as leis a partir das observações do movimento dos planetas feitas por seu professor
Tycho. Brahe. A lei da gravitação afirma que duas partículas de massa mg e m2 se atraem
com uma força de magnitude

enquanto a direção da força está ao longo da linha que une as duas partículas. Por
exemplo. (1.7) r denota a distância entre as partículas e G é a constante gravitacional
universal. A lei é comumente conhecida como lei do inverso do quadrado.
Juntas, a lei da gravitação e as leis do movimento formam a base da mecânica
celeste.
Na maior parte, a mecânica newtoniana prevê muito bem o movimento dos planetas.
Uma exceção notável é o comportamento anômalo do periélio de Mercúrio. Muitas
tentativas foram feitas para explicar a discrepância entre o movimento observado de
Mercúrio e a previsão baseada na lei da gravitação de Newton, mas sem sucesso, até que a
discrepância foi finalmente explicada pela teoria geral da relatividade de Einstein.

Obs - † Diz-se que uma função / de diversas variáveis é de classe C em um domínio D das variáveis se
todas as derivadas parciais em relação às variáveis através da ordem k existem e são contínuas em D.

1.3 IMPULSO E MOVIMENTO


Vamos multiplicar a Eq. (1.2) através de dt e integre em relação ao tempo entre os tempos 4 e tz para
obter

t2
A integral ∫t1 F dt é chamada de impulso linear, e p = mv foi definido como o momento
linear, de modo que a diferença P2 – P1 = (mv)2 - (mv)1 = Δp = Δ(mv) é simplesmente a
mudança no momento linear associado ao intervalo de tempo entre t1 e t2.
Consequentemente, o impulso linear (ou simplesmente impulso) é igual à mudança
incremental no momento linear. Nunca devemos esquecer que o impulso, assim como o
momento, é uma grandeza vetorial.
Na ausência de qualquer força agindo sobre a partícula, F = 0, Eq. (1.8) rendimentos
o que implica que o momento nos momentos t1 e t2, ou em qualquer momento arbitrário t, tem
o mesmo valor. A equação (1.9) é a afirmação matemática do teorema da conservação do
momento linear.

1.4 MOVIMENTO DE FORÇA E MOVIMENTO ANGULAR


Considere um sistema inercial x, y, z fixado no espaço e uma partícula de massa m a uma
distância r da origem O (Fig. 1.2), e denote por i a velocidade de m em relação ao espaço
inercial, onde o ponto indica diferenciação em relação ao tempo. O momento do momento, ou
momento angular, de m em relação ao ponto O é definido como o produto vetorial (produto
vetorial) do vetor raio r e o momento linear p. Denotando o momento angular por
L, temos

A taxa de variação do momento angular, para m constante, é

Por definição, porém, o momento da força é

Portanto, o momento de uma força em relação a um ponto fixo é igual à taxa de variação
temporal do momento angular em torno desse ponto.
Deve-se notar que o momento, ou torque, N é um vetor normal ao plano definido por r
e F, enquanto o momento angular L é um vetor normal ao plano que contém r e r_ponto.
De maneira análoga à do momento linear, é fácil mostrar que

onde a integral do lado esquerdo representa o impulso angular e ΔL é a mudança


incremental no momento angular associada ao intervalo de tempo t = t2 – t1.
Quando o torque em relação ao ponto O é zero, segue da Eq. (1.12) que

que é o enunciado do teorema da conservação do momento angular.

1.5 TRABALHO E ENERGIA


Consideremos uma partícula de massa m movendo-se ao longo de curvas enquanto sofre a
ação de uma determinada força F (Fig. 1.3). Por definição, o incremento de trabalho associado
ao deslocamento de m da posição r para a posição r + dr é dado pelo produto escalar (produto
escalar)

onde a barra indica que ����


dw não deve ser considerado como o verdadeiro diferencial de uma
função W, mas simplesmente como uma expressão infinitesimal.
Pela segunda lei de Newton, entretanto, temos F = mi, de modo que, substituindo esta
equação na Eq. (1.15), podemos escrever

Em contraste com ����


dw, a quantidade no lado direito da Eq. (1.16) representa o diferencial de
uma função, nomeadamente, a energia cinética T dada pela expressão

em que r_ponto é a velocidade da partícula. Se a partícula se move da posição r1 para a


posição r2 sob a força F, o trabalho correspondente é simplesmente

onde os subscritos 1 e 2 são usados para denotar quantidades avaliadas nas posições r1 e r2,
respectivamente. Portanto, a Eq. (1.18) implica que o trabalho
feito ao mover a partícula da posição r1 para r2 é responsável por um aumento na energia
cinética de T1 para T2.
Em muitos problemas físicos a força dada depende apenas da posição, F = F(r), e a
quantidade F• dr pode ser expressa na forma de um diferencial perfeito

onde a função V(r) depende apenas do vetor posição r e não depende explicitamente da
velocidade r_ponto ou do tempo t. Diz-se que tal campo de força é conservativo e a função
V(r) é conhecida como energia potencial. Supondo que os componentes de F pertencem à
classe C1, num dado domínio de valores das variáveis x, y, z, segue-se que V pertence à classe
C2. Da Eq. (1.19) podemos expressar a energia potencial na forma da integral

que não depende do caminho de integração, mas apenas das posições inicial e final. A posição
inicial r0 serve como posição de referência e, como em muitos casos estamos preocupados
apenas com mudanças na energia potencial, esta posição é em sua maior parte irrelevante. É
claro que a integral sobre um caminho fechado é zero,
o que é uma maneira diferente de dizer que o campo de força é conservativo. Do ponto de
vista matemático, devemos concluir que as forças para as quais a expressão F • dr não muda
de sinal ao longo de todo o caminho não podem ser conservativas porque a integral não
desapareceria. Fisicamente, quaisquer forças dissipativas, como as forças de atrito, devem ser
descartadas como conservadoras.
A Equação (1.21) envolve uma integral de linha e pode não ser muito conveniente para
testar se um campo de força é conservativo ou não. Usando o teorema de Stokes, Eq. (1.21)
leva a

como condição para que um campo de força seja conservativo, onde é um operador
diferencial denominado del ou nabla. O operador pode ser escrito em termos dos componentes
cartesianos x, y, z na forma

onde i, j e k são os vetores unitários correspondentes. A Equação (1.22) envolve diferenciação


em vez de integração e é mais simples de usar do que Eq. (1.21). Muitas vezes, porém, é
possível decidir se um campo de força é conservativo ou não por motivos físicos.
Mas a curvatura de F desaparece se e somente se F for o gradiente de alguma função
escalar. Denotando esta função por - V, temos

onde V é a mesma função de energia potencial definida pela Eq. (1.19). A Equação (1.24) nos
fornece uma maneira de derivar os componentes conservativos da força se a energia potencial
for conhecida. Esses componentes são simplesmente

Deve-se afirmar que usamos a notação - V para a função escalar na Eq. (1.24) em antecipação
ao resultado, pois a equação pode ser demonstrada de uma maneira diferente. Para isso,
voltamos à Eq. (1.19) e escreva como
Da Eq. (1.26) concluímos que a função V da Eq. (1.24) é de fato igual ao da Eq. (1.19).
Portanto, o vetor de força conservativo é o negativo do gradiente da energia potencial.
A seguir, consideremos a derivada temporal de T, que pode ser obtida a partir da Eq.
(1.16) na forma

Por outro lado, da Eq. (1.26), temos para um campo de forças conservativo

de modo que, adicionando as Eqs. (1.27) e (1.28), chegamos a

que pode ser integrado para produzir

onde a constante de integração E é referida como a energia total. A Equação (1.30) é a


afirmação do princípio da conservação da energia, o que explica porque o campo de força
definido pela Eq. (1.19) é chamada de conservadora.
���� pode ser expresso como um diferencial perfeito,
Quando o incremento de trabalho dw
também é comum denotar esse diferencial por dW (sem barra), onde W = - V é referido como
função de trabalho ou função potencial. A vantagem de usar o negativo da energia potencial
em vez da função trabalho é óbvia tendo em vista a Eq. (1.30) com sua implicação física.
Se a força F depende não apenas de r, mas também do tempo t, ainda existe a
possibilidade de que F · dr possa ser escrito na forma de um diferencial perfeito. Neste caso a
contrapartida da Eq. (1.19) é

Consequentemente, o vetor F pode ser escrito novamente como o gradiente de uma função
escalar. Diz-se que tal campo vetorial é irrotacional ou lamelar e se reduz a um campo
conservativo se F for independente do tempo. Da Eq. (1.31) concluímos que

de modo que uma integral de energia na forma clássica, Eq. (1.30), não existe para um campo
lamelar que não é conservativo.
Em geral, um campo de força consiste em uma força Fp que é derivável de uma função
potencial - V e uma força Fnp que não o é, de modo que F = Fp + Fnp. Na visão das Eqs. (1.31)
e (1.32), Eq. (1.27) leva a

No caso frequente em que a energia potencial V não depende explicitamente do tempo, a


força potencial pode ser identificada como a força conservativa Fc e a força não potencial
como a força não conservativa Fnc. Neste caso, a Eq. (1.33) reduz-se a

que afirma que a taxa de trabalho realizado pela força não conservativa é igual à taxa de
variação da energia total do sistema.

1.6 DIAGRAMAS DE ENERGIA

Uma análise qualitativa de um problema dinâmico às vezes pode ser realizada por meio de
diagramas de energia. Este parece ser o caso da harmônica
oscilador representado na Fig. 1.4a. O oscilador consiste em uma massa m apoiada por uma
mola de rigidez k. O problema é unidimensional, pois a posição de m é dada pelo
deslocamento x da posição de equilíbrio, onde x é um escalar. Neste caso particular, a posição
de equilíbrio corresponde fisicamente à posição em que a mola não está esticada. Deve ser
mencionado de passagem que para uma mola vertical com a massa pendurada desobstruída, a
posição de equilíbrio difere da posição da mola não esticada por uma quantidade δstatic =
mg/k, onde g é a aceleração da gravidade. Sob a suposição de pequenos deslocamentos, g é
considerado constante.
Denote por i a velocidade de translação da massa quando na posição x, de modo que
neste ponto a energia cinética é

Para uma mola linear, existe uma força restauradora agindo sobre a massa que é proporcional
ao deslocamento. Para qualquer posição intermediária ζ,0 < ζ < x, a força restauradora é

e, usando como posição de referência o ponto x = 0, a energia potencial correspondente à


posição x é

Como não existem forças não conservativas presentes, a energia total 1 é uma constante,
tendo o valor

que é igual à energia total transmitida inicialmente ao sistema.


O diagrama de energia (Fig. 1.4b) consiste em um gráfico das diversas energias em
função de x. No deslocamento máximo, x = ± a, a energia potencial atinge seu valor máximo
e a energia cinética é zero. Segue que

Nos pontos x = ± a a velocidade reduz a zero e a massa está pronta para reverter seu
movimento. A velocidade em qualquer outro ponto x é obtida por meio das Eqs. (1,38) e
(1,39)
O sinal antes do radical indica apenas a direção do movimento.
Observe que o valor de a depende da posição inicial e da velocidade.
Mais informações podem ser obtidas examinando a equação de movimento do
oscilador. Usando o segundo 1aw de Newton, obtemos

e quando deixamos

onde ω é a frequência natural do oscilador, Eq. (1.41) torna-se

que é a equação diferencial bem conhecida de um oscilador harmônico. O período da


oscilação é simplesmente

onde f é a frequência natural do oscilador medida em ciclos por segundo, em contraste com ω,
que é medido em radianos por segundo.
Outra ilustração de um diagrama de energia é fornecida por uma bola movendo-se
sobre uma pista sem atrito em um plano vertical. A única força que atua sobre a bola é a força
da gravidade
como mostrado na Figura 1.5. O movimento está confinado à vizinhança da superfície da
Terra, de modo que g é assumido como constante.
Usando como posição de referência o ponto em que a altura do ball é zero, a energia
potencial na altura y = h1 é

Se a bola for solta do repouso nesse ponto, então

Em qualquer outra altura y temos

onde s é a velocidade da bola paralela à pista.


Se qualquer outro ponto à direita do ponto 1 for tal que y < h1, então s_ponto > 0 em
todos os momentos e o ball continuará a descer a inclinação e nunca mais retornará. Se, por
outro lado, a bola for largada do repouso no ponto 2, então

e em qualquer outro ponto y temos

Combinando as Eqs. (1.49) e (1.50), obtemos a velocidade

O movimento é restrito à região y < h2, pois em y = h2 = h3 a velocidade reduz a zero e a bola
inverte seu movimento. Portanto, o movimento consiste em uma oscilação entre os pontos 2 e
3 com a velocidade máxima atingida no ponto mais baixo da pista entre esses dois pontos.
Embora a utilidade dos diagramas de energia seja limitada a sistemas de segunda
ordem, os conceitos podem ser estendidos a sistemas de ordem superior. Faremos uso de
diagramas de energia mais adiante neste capítulo e, de forma mais geral, no Cap. 5.

1.7 SISTEMAS DE PARTICULAS

As leis do movimento de Newton foram formuladas para partículas únicas. Contudo, podem
ser estendidos sem dificuldade a sistemas de partículas e corpos de dimensões finitas. Ao
estender os conceitos das seções anteriores a sistemas de partículas, devemos distinguir entre
forças externas e internas.
As primeiras são devidas a fontes externas ao sistema, e as últimas são devidas à interação
entre as partículas.
Consideremos um sistema de n partículas de massa mf (j = 1, 2, ... , n), conforme
mostrado na Figura 1.6. A posição do centro de massa do sistema é definida por

onde é a massa total do sistema. Fisicamente, o centro de massa pode ser


interpretado como uma posição média ponderada do sistema de partículas. No caso especial de
um campo gravitacional uniforme, o centro de massa coincide com o centro de gravidade.

Seja Fj a força externa que atua sobre a partícula j e seja fjk a força interna que
representa a ação da partícula k sobre j. A segunda lei de Newton aplicada à partícula j produz

onde é um delta de Kronecker complementar definido por


em que δjk é o delta de Kronecker comum (ver Seção 3.1). O símbolo , da maneira usada
na Eq. (1.53), leva automaticamente em conta o fato de que não existem forças de interação
entre uma partícula e ela mesma. Resumindo todo o sistema de partículas, obtemos

Em virtude da terceira lei de Newton, no entanto,

de modo que a soma dupla na Eq. (1.55) reduz a zero. Além disso, sendo F a resultante de
todas as externas! forças que atuam sobre o sistema,

e relembrando a definição (1.52) do centro de massa, obtemos

Introdução das Eqs. (1,56) a (1,58) em (1,55) rendimentos

Onde
é o vetor momento linear do sistema de partículas. A Equação (1.59) indica que o movimento
do centro de massa do sistema é o mesmo que o movimento de um corpo fictício igual em
massa à massa do sistema, concentrado no centro de massa e influenciado pela resultante de
todas as forças externas.
Parece que as forças internas não afetam o movimento do centro de massa. Por
exemplo, o centro de massa de um projétil explodindo livre de energia externa! forças, como a
resistência do ar e as forças gravitacionais, continuarão após a explosão a se mover ao longo
da trajetória original. Esta afirmação pode ser colocada numa base mais formal: na ausência
de quaisquer forças externas agindo sobre um sistema de partículas, F = 0, o momento linear

do sistema é conservado, . Este é o teorema da conservação do


momento linear para um sistema de partículas e assume que a massa total do sistema não
muda com o tempo.
O momento angular do sistema de partículas em relação a qualquer ponto móvel A é
definido1 como

Diferenciação através da Eq. (1.61) em relação aos rendimentos no tempo

onde, é claro, assume-se que as massas mj não variam com o tempo. Mas da Fig. 1.6 temos

onde rAC é o vetor raio do ponto A ao centro de massa C e pj é o vetor de C à partícula j, de


modo que a introdução das Eqs. (1.53) e (1.63) em (1.62) e relembrando a Eq. (1.56) e o fato
dessas forças serem colineares, obtemos

porque, a partir da definição do centro de massa, . Além disso, NA é


reconhecido como o torque produzido pelas forças externas em relação ao ponto A.
No ponto de evento A coincide com a origem fixa O, rAC = R, Eq. (1.64) reduz à forma
simples

e quando o ponto A coincide com o centro de massa móvel C, rAC = 0, Eq. (1.64) torna-se

Outra definição comum é Como é a velocidade de mf relativa ao ponto A e

não a velocidade absoluta , as duas definições representam em geral momentos angulares


diferentes.
Portanto, a taxa temporal de variação do momento angular em relação à origem fixa O ou em
relação ao centro de massa móvel C é igual à resultante dos torques externos em torno de O
ou C, respectivamente.
Da Eq. (1.65) concluímos que se o torque externo em torno de um ponto fixo O for
zero, o momento angular do sistema de partículas em torno de O é conservado. A equação
(1.66) leva a uma conclusão semelhante a respeito do momento angular em torno do centro de
massa móvel C. Esses dois estados representam a conservação do momento angular para um
sistema de partículas em torno de um ponto fixo e do centro de massa móvel,
respectivamente.
A seguir, retornemos à Eq. (1.61) e escreva o momento angular em relação a A na
forma

Onde
é o momento angular do movimento em torno do centro de massa, que às vezes é chamado de
momento angular aparente. Este é o momento angular visto por um observador estacionado
no centro de massa e desconhecendo a translação do sistema como um todo em relação ao
espaço inercial. No caso especial em que o ponto A coincide com C, os momentos angulares
reais e aparentes são iguais entre si, e a Eq. (1.66) pode ser reescrito como

Portanto, se a natureza do problema exige que as equações de momento sejam escritas


em relação a um ponto móvel, a vantagem de escolher esse ponto como centro de massa é
bastante evidente. As equações de momento em relação ao centro de massa do sistema
mantêm a mesma fórmula simples de um ponto fixo. Embora existam outras situações
especiais que levam a esta forma simples, elas não são suficientemente importantes para
serem elaboradas.
A energia cinética de um sistema de partículas merece atenção especial. Claro, a
energia cinética tem a expressão simples
mas será interessante derivar uma expressão em termos do centro de massa do sistema. Para
conseguir isso, introduza a segunda das Eqs. (1.63)
em (1.70) e escreva

Assim, a energia cinética de um sistema de partículas é igual à energia cinética obtida


considerando toda a massa do sistema concentrada no centro de massa mais a energia cinética
do movimento em torno do centro de massa.
A vantagem de trabalhar com o centro de massa será amplamente demonstrada
posteriormente.

1.8 O PROBLEMA DA FORÇA CENTRAL DE DOIS CORPOS

Um problema recorrente frequentemente na mecânica é o de duas partículas que são livres


para se moverem no espaço sob a influência de forças exercidas pelas partículas uma sobre a
outra ao longo da linha que as une. O movimento de um planeta em torno do Sol ou de um
satélite artificial em torno da Terra pode ser descrito em grande parte pela teoria dos dois
corpos. Numa escala consideravelmente menor, o electrão num átomo presta-se a tal
tratamento. Acontece que o problema de duas partículas interagindo é redutível a um
problema equivalente de uma única partícula livre sob a ação de uma força central.
Consideremos o sistema de dois corpos da Figura 1.7. As partículas 1 e 2 são
atuadas pelas forças mútuas f 12 e f21 ao longo da linha que conecta as partículas, bem como
pelas forças externas F1 e F2, respectivamente. Se C denota o centro de massa do sistema e r o
vetor raio de m2 a m1, então os vetores de raio de C a rn1 e m2 são [m2/(m1 + rn2)]r e -[rn1/(m1
+ m2)] r, respectivamente, e segue-se que as posições absolutas das partículas são

As equações de movimento das duas partículas são simplesmente

A seguir, examinemos o caso em que não há forças externas agindo sobre o sistema e
as únicas forças presentes são as forças mútuas. Adicionando as duas equações de movimento,
as Eqs. (1.73), e lembrando que pela terceira lei de Newton f12 = -f21, obtemos

ou o centro de massa se move com velocidade uniforme ou está estacionário. É claro que
poderíamos ter chegado à mesma conclusão a partir da Eq. (1,59). Por outro lado, qualquer
uma das Eqs. (1.73) rendimentos

que pode ser interpretado como a descrição do movimento de um único corpo de massa
equivalente m = m1m2/(m1 + m2). Porque, pelas Eqs. (1.74), o centro de massa C não está
acelerado, podemos assumir sem perda de generalidade que ele está em repouso. Portanto, o
problema dos dois corpos pode ser tratado como o de um único corpo de massa m movendo-se
com aceleração r em relação ao centro fixo de força C.
Acontece que muitas das características de movimento de um sistema de dois corpos
não dependem da lei da força, mas simplesmente do fato de a força ser central. Denotando a
magnitude da força f por f e o vetor unitário na direção radial por ur, a força central assume a
forma

Além disso, o vetor raio tem a expressão

onde r é a distância radial.


Como a força F passa pelo centro C, o momento da força em relação a esse ponto é
zero

daí se segue que o momento angular em relação a C é conservado

implicando que tanto a magnitude quanto a direção de L são constantes. Como L não muda de
direção em um espaço inercial, o movimento de m deve ocorrer em um plano, ou seja, o plano
cuja normal é paralela a L. Isso reduz o problema a um problema bidimensional.
A escolha das coordenadas é muitas vezes de importância crítica, pois a escolha certa
pode acelerar a solução do problema. Neste caso particular, a utilização de coordenadas polares
parece justificada. Pode-se mostrar que o vetor velocidade em coordenadas polares tem a
expressão

onde ur e uθ são vetores unitários nas direções radial e transversal. A direção desses vetores
unitários muda continuamente, de modo que não podem ser considerados vetores constantes.
O vetor momento angular é

onde un é um vetor unitário constante normal ao plano de movimento. Mas a magnitude de L é


constante, de modo que a Eq. (1.81) leva a

A equação (1.82) tem algumas interpretações geométricas notáveis. Da Fig. 1.8 concluímos que
um elemento de área em coordenadas polares tem a forma
Dividindo a Eq. (1.83) através de dt, obtemos

que é precisamente a afirmação matemática da segunda lei de Kepler para o movimento


planetário: todo planeta se move de tal maneira que seu vetor raio se estende por áreas iguais
em tempos iguais. Deve-se notar que esta afirmação é verdadeira independentemente da forma
da função f.
Em geral, o campo de força central não precisa ser conservador. Contudo, se o campo
de forças for conservativo, então a força central f deve depender apenas da distância radial r.
Para mostrar isso, usamos as Eqs. (1.24) e (1.76) e obtenha as componentes radiais e

transversais de na forma

A segunda das Eqs. (1.85) indica que f não pode depender de 0 e deve depender apenas de r, f
= f(r). Por outro lado, a primeira das Eqs. (1.85) pode ser integrado para produzir

Portanto, a condição necessária e suficiente para que a força f seja conservativa é que ela
dependa apenas de r.
Neste ponto, voltemos a nossa atenção para a derivação e integração das equações de
movimento. Para tanto precisamos de expressões para as componentes radial e transversal da
aceleração, que podem ser obtidas diferenciando a Eq. (1.80). Como os vetores unitários ur e
uθ não são constantes, devemos primeiro obter suas derivadas no tempo. A Figura 1.9a mostra
a posição de m após um incremento de tempo Δt, e a Figura 1.9b mostra os vetores unitários

associado à mudança de ângulo correspondente a esse incremento de tempo. Da Figura 1.9b


concluímos que

levando a

Com isso em mente, uma diferenciação da Eq. (1.80) produz a aceleração

de modo que as equações de movimento correspondentes às direções radial e transversal são

A segunda das Eqs. (1.90) pode ser mostrado para levar à Eq. (1,82). Por outro lado,
introduzindo a Eq. (1.82) na primeira das Eqs. (1.90), obtemos
Uma manipulação algébrica simples mostra que , de modo que a Eq. (1.91)
pode ser integrado em relação a r para obter

Os dois primeiros termos da Eq. (1.92) são reconhecidas como as componentes da energia
cinética, enquanto o negativo da integral representa a energia potencial, como pode ser visto
na Eq. (1,86). Portanto, a Eq. (1.92) expressa a conservação da energia total

o que é de se esperar.
Da Eq. (1.93) obtemos a componente radial da velocidade

de modo que a velocidade total da partícula seja

que depende apenas da distância radial.


Eliminando o tempo das Eqs. (1.82) e (1.94), chegamos a

onde o sinal positivo na Eq. (1.94) foi usado. Uma integração da Eq. (1.96) produz a equação
da órbita

em que r0 e θ0 representam uma posição de referência. É costume fazer a substituição r = u-1,


dr = - u-2 du, de modo que a Eq. (1.97) torna-se

De particular interesse é o caso em que a força é proporcional a uma dada potência da


distância radial, nomeadamente,
para o qual a energia potencial se torna

ou, em termos de u,

A integral na Eq. (1.98) assume a forma geral

e pode ser mostrado que quando n = + l, - 2, - 3 integral (1.102) produz funções trigonométricas,
enquanto quando n = + 5, + 3, 0, -4, - 5, - 7, funções elípticas são obtidas .

1.9 A LEI DO QUADRADO INVERSO. ÓRBITAS DE PLANETAS E SATÉLITES

O tratamento do sistema de dois corpos na Seç. 1.8 é perfeitamente geral no sentido de que é
válido para qualquer força central f(r). Como casos especiais, mostramos que se f(r) é
proporcional a certas potências da distância radial, então soluções na forma de funções
trigonométricas ou elípticas devem ser antecipadas. De longe, a mais importante das leis de
força central é a lei do inverso do quadrado. Precisamos apenas lembrar que a lei gravitacional
de Newton e a lei de Coulomb, que descrevem a força de duas partículas eletricamente
carregadas, são deste tipo. No primeiro caso as partículas se atraem e no segundo caso se
repelem.
Quando corpos finitos possuem distribuição de massa esfericamente simétrica, ou
quando a distância entre os corpos é muito grande comparada com suas dimensões, os corpos
finitos se comportam como partículas (ver Seção 11.7). Isto permite-nos utilizar a teoria dos
dois corpos, em conjunto com a lei gravitacional de Newton, para derivar as equações que
descrevem a órbita dos planetas em torno do Sol ou a órbita dos satélites artificiais em torno de
um planeta. O último caso, é claro, proporciona uma maior variedade de órbitas e representa
um assunto de interesse atual.
Deixe o movimento no campo de força central ser governado pela lei do inverso do
quadrado de Newton [ver Eq. (1.7)]
onde o sinal menos indica que esta é uma força atrativa. Talvez consideremos proveitoso
derivar a equação da órbita de uma maneira diferente da Sec. 1.8. Lembramos a definição da
massa equivalente m e escrevemos as Eqs. (l.90) na forma

A segunda das Eqs. (1.104) pode ser facilmente verificada como sendo equivalente à segunda
das Eqs. (1.90). Nós deixamos

e Eqs. (1.104) leva a

onde k é uma constante que representa o momento angular por unidade de massa.
Para derivar a equação da órbita, devemos primeiro eliminar a dependência do tempo
da primeira das Eqs. (1.106). Mas

onde a substituição r = u-1 foi feita. Segue-se também que

Introdução da segunda das Eqs. (l.106) e Eq. (1.108) na primeira das Eqs. (1. 106) produz a
equação diferencial

que não contém a hora explicitamente. Sua solução é simplesmente

onde C e θ0 são constantes de integração, cuja determinação segue.


Por analogia com a Eq. (l.86), definimos a energia potencial por unidade de massa
Onde ζ é uma variável dummy de integração. Observe que por conveniência o ponto de
referência para a energia potencial foi escolhido no infinito. A energia cinética por unidade de
massa é simplesmente

de modo que a energia total por unidade de massa seja

O uso da segunda das Eqs. (1.106) e Eqs. (1.107) e (1.110) leva a

do que se segue que

Onde
Apresentando as Eqs. (1.115) e (1.116) na Eq. (1.110) e relembrando a definição de u,
obtemos

que representa a equação de uma seção cônica. A constante é reconhecida como a


excentricidade da órbita. Um ponto onde dr/dθ = 0 é chamado de apsis. Para uma órbita
aberta, como uma parábola ou uma hipérbole, existe apenas uma apsis, enquanto que para
uma elipse existem duas apsides. Para órbitas em torno de qualquer centro de força, a apsis
mais curta é chamada de pericentron, e a mais longa é chamada de apocentron. Para as órbitas
ao redor do Sol, esses pontos são chamados de periélio e afélio, e para as órbitas ao redor da
Terra são chamados de perigeu e apogeu, respectivamente. Se 0 for medido a partir do
pericentron, θ0 = 0. Assumiremos que este é o caso aqui; no entanto, na Seç. 11.1 relaxamos
essa suposição e de fato examinamos o significado físico do ângulo θ0.
O tipo de cônica depende matematicamente da excentricidade e fisicamente da energia
total. As diversas possibilidades são:
As várias órbitas estão ilustradas na Figura 1.10. Denotando por rp e ra o pericentron e o
apocentron, respectivamente, obtemos

onde θ é considerado medido a partir do pericentron.

O comportamento do sistema pode ser apresentado na forma de um diagrama de


energia tendo a distância radial r como variável espacial. Isto ocorre porque o problema é
redutível a um problema de segunda ordem. Na verdade, podemos usar a integral do momento
angular, ou seja, a segunda das Eqs. (1.106), para eliminar θ_ponto da integral de energia, a
Eq. (1.113), e obter

Coordenadas como θ, que podem ser eliminadas da formulação do problema, são


consideradas ignoráveis. Na seg. 2.10 forneceremos a definição matemática de coordenadas
ignoráveis e discutiremos a implicação física de uma coordenada ser ignorável. É costume
definir uma energia potencial equivalente na forma

que inclui, além da energia potencial gravitacional verdadeira -µ,/r, o termo k2/2r2, que é
chamado de potencial centrífugo por ser devido à força centrífuga decorrente do movimento
curvilíneo. É claro que isto foi feito às custas da energia cinética, que agora inclui apenas o
termo devido ao movimento radial. Este procedimento leva a um problema unidimensional
equivalente, com o eixo de movimento r sendo não inercial, pois gira no plano orbital com a
velocidade angular θ_ponto = k/r2. Introdução da Eq. (1.120) em (1.119) leva à expressão
para a velocidade radial

que é semelhante em estrutura à Eq. (1.40).


Um gráfico de V' versus r nos permite obter o diagrama de energia representado na
Figura 1.11, que, juntamente com a Figura 1.10, completa a descrição do movimento. As duas
curvas tracejadas na Figura 1.11 representam a componente -µ/r, que é devida à energia
potencial verdadeira, e a componente k2/2r2, que corresponde à energia potencial centrífuga.
A curva sólida, representando a energia potencial equivalente V', é a soma das duas curvas
tracejadas.
A seguir está uma breve discussão de algumas das órbitas.
1. Hyperbola: E > 0. A partícula vem do infinito à direita, atinge o pericentron rp,
onde inverte seu movimento e retorna ao infinito. Como não há limite superior
para r, esta é uma órbita aberta. A velocidade radial máxima é alcançada em r = r0,
onde a energia potencial equivalente tem um mínimo e, portanto, a energia cinética
equivalente tem um máximo. No infinito existe uma velocidade residual.
2. Parabola: E = 0. As afirmações feitas em relação à hipérbole são válidas para a
parábola, exceto que as velocidades são

menor e no infinito a velocidade se reduz a zero. A parábola é a órbita aberta com


menor necessidade de energia.
No caso de um satélite terrestre lançado no perigeu, rp = R + h, onde R é o
raio da Terra e h a altura do perigee, a energia total pode ser escrita como

já que a velocidade radial é zero nesse ponto. Denotando a velocidade tangencial por
υe = rpθ_ponto, segue que

onde υe é conhecido como velocidade de escape; é a velocidade mínima para a qual uma
órbita aberta é alcançada.
3. Ellipse: -µ2/2k2 < E< 0. O movimento é periódico e a distância radial varia entre rp
e ra correspondendo à intersecção da linha horizontal E com a curva sólida
correspondente a V'.
Neste ponto pode ser interessante calcular o período de oscilação que define o
intervalo de tempo entre duas passagens sucessivas por um determinado ponto da
órbita. Vamos denotar por a o semieixo maior da elipse de modo que

onde a Eq. (1.116) foi usado. O período é obtido usando a Eq. (1.117), com θ0 = 0,
e a segunda das Eqs. (1.106). Ao integrar e subsequentemente usar as Eqs. (1.116)
e (1.124), temos

A equação (1.125) é o enunciado matemático da terceira lei de Kepler: Os


quadrados dos tempos periódicos dos planetas são proporcionais aos cubos dos
semieixos maiores das elipses. Na verdade, a lei declarada por Kepler implica que
a constante de proporcionalidade é a mesma para todos os planetas do sistema
solar, o que é apenas aproximadamente verdadeiro. Da Eq. (1.125), representando
o período de um planeta obtido a partir de um sistema de dois corpos
compreendendo o planeta em questão e o sol, e a Eq. (1.105) concluímos que a

constante de proporcionalidade é . Se m1 denota a


massa do planeta e m2 a massa do Sol, então, assumindo que m1 é muito menor

que m2, a constante pode ser aproximada por , que é a mesma para
todos os planetas.
A velocidade total em qualquer ponto da elipse pode ser calculada a partir
de

se o semieixo maior for conhecido.


4. Circle: E = - µ2/2k2. A distância radial constante corresponde ao ponto r0 na Fig.
1.11. O círculo pode ser considerado o caso especial de uma elípse com
excentricidade zero. Numa órbita circular as forças gravitacional e centrífuga se
equilibram, de modo que a velocidade radial é zero e a velocidade circular tem
apenas a transversal, tangente à componente da órbita. A velocidade circular é
facilmente calculada deixando r = a = r0 na Eq. (1.126) com o resultado

Notamos que para um satélite lançado tangencialmente a partir de uma

órbita circular a velocidade de escape é vezes maior que a velocidade


circular.

1.10 DISPERSÃO POR UMA FORÇA CENTRAL REPULSIVA

As forças centrais podem ocorrer não apenas na mecânica celeste, mas também na física
atômica e nuclear. Embora na escala atómica possamos esperar que os efeitos quânticos sejam
grandes, verifica-se que em muitos casos a abordagem clássica conduz a resultados
satisfatórios. Este parece ser o caso das partículas alfa de material naturalmente radioativo
espalhadas por um núcleo de ouro ou prata.
Estaremos preocupados com o problema do corpo único, no qual uma partícula de
massa m é impelida para um campo de força central repulsivo com centro de força fixo em F
(Fig. 1.12). Em problemas de espalhamento, os detalhes da órbita não têm tanto interesse
quanto os elementos iniciais e finais. Mesmo estes são observados estatisticamente, em sua
maior parte, na forma da probabilidade de ocorrer espalhamento em um determinado ângulo.
Deixe a partícula ser impelida para um campo de força do inverso do quadrado do tipo
Coulomb com uma velocidade inicial v0 em um ponto relativamente distante do
centro de força. O parâmetro de impacto s é definido como a distância de aproximação mais
próxima ao centro F na qual a partícula passaria na ausência da força central. Como o sistema
é conservativo, a energia total E é constante, e como o campo de força é central, o momento
angular L é conservado. Supondo que υ0 seja a velocidade no infinito, onde a energia
potencial é zero, temos

Se o campo de força é descrito por f(r) = αr -2, onde a é uma constante positiva, segue
da Eq. (1.101) que V(u) = αu, em que u é o inverso da distância radial r. Introduzindo esta
expressão na Eq. (1.98) e integrando, obtemos

em que a excentricidade e tem a forma

A equação (1.129) representa uma seção cônica e, como e > 1, a cônica é uma hipérbole. Mas,
por definição, a distância radial r é uma quantidade positiva, assim como o seu inverso u.
Segue-se que θ está restrito aos valores

Deixando na Eq. (1.129), obtemos as assíntotas


A hipérbole e as assíntotas são mostradas na Figura 1.12. Notamos que enquanto para o campo
de forças atrac tivo o centro de força coincide com o foco interior, para o campo de forças

repulsivo coincide com o exterior. O ângulo é conhecido como ângulo de espalhamento.


Enquanto na mecânica clássica este ângulo é determinado exclusivamente pelas condições
iniciais E e s, na mecânica quântica ele é dado apenas na forma de uma distribuição de
probabilidade.
É habitual expressar a solução do problema em termos de uma seção transversal e, para
espalhamento em uma determinada direção. Se houver um fluxo de N partículas por unidade
de área em direção ao centro de força F, e se n dessas partículas forem espalhadas no ângulo
sólido unitário correspondente por unidade de tempo, então podemos escrever a definição de σ
na forma

O fluxo incidente total para um anel de largura ds a uma distância s do eixo de


simetria (ver Fig. 1.13) é dado por

e se as partículas são desviadas para uma região anular de largura angular , como
mostrado na Fig. 1.13, o ângulo sólido correspondente a esta região tem o valor
Como o número de partículas espalhadas no ângulo sólido dΩ deve ser igual ao número de
partículas incidentes correspondentes ao anel de largura ds, segue-se que

onde o sinal negativo explica o fato de que um aumento em s provoca uma diminuição em θ.
A equação (1.136) produz

Mas a partir das Eqs. (1.130) e (1.132) temos

de modo que, introduzindo a Eq. (1.138) em (1.137), obtemos

que é a conhecida fórmula de dispersão de Rutherford. Equação (1.139)


foi verificado em uma ampla gama de ângulos, fornecendo assim fortes evidências para o
modelo nuclear do átomo.
A seção transversal de espalhamento total é obtida integrando a Eq. (l.137) sobre o
ângulo sólido completo em torno de O

Apresentando a Eq. (1.139) em (1.140) e integrando, concluímos que para este processo de
espalhamento específico a seção transversal total diverge. A razão é que o potencial de
Coulomb diminui lentamente com o aumento da distância do centro de força, de modo que o
seu efeito se estende até o infinito. Esta é outra maneira de dizer que todas as partículas num
feixe incidente de seção transversal infinita serão espalhadas até certo ponto.
Na discussão anterior consideramos o problema de espalhamento como um problema
de corpo único com centro de espalhamento fixo. Na realidade temos um sistema de dois
corpos que está sujeito apenas às forças repulsivas mútuas e no qual a partícula espalhada
também se move. Mostramos na Sec. 1.8 que um problema de dois corpos pode ser reduzido a
um problema de um corpo, no qual estamos preocupados com o movimento do centro de
massa e o movimento de uma partícula em relação à outra. Como o problema equivalente de
um corpo forneceu apenas o movimento relativo, devemos distinguir entre o movimento no
referencial fixo do laboratório e o movimento relativo entre as duas partículas vistas do centro
de massa móvel do sistema. Enquanto o ângulo de espalhamento nas coordenadas de

laboratório, denotado por , é o ângulo entre as direções final e incidente da partícula

espalhada, no problema equivalente de um corpo o ângulo é o ângulo entre as direções


final e inicial da partícula relativa. vetor entre as duas partículas. É claro que, quando a
partícula espalhada é muito grande em comparação com a espalhada, de modo que a primeira
pode ser considerada em repouso, os dois ângulos são iguais. Isto acontece no caso da
partícula alfa e do núcleo de ouro ou prata. Neste caso, a massa do núcleo é tão grande
comparada com a massa da partícula espalhada que os sistemas de referência do laboratório e
do centro de massa podem ser considerados coincidentes.

PROBLEMAS

1.1 Uma partícula está em repouso no topo de uma esfera lisa de raio R. Se a partícula
começar a deslizar a partir do repouso sob a ação da gravidade, encontre o ponto em que
ela sai da esfera e sua velocidade nesse ponto. O campo gravitacional é uniforme e
paralelo ao eixo vertical da esfera.
1.2 Encontre o alcance R de um projétil disparado contra o plano inclinado mostrado na
Figura 1.14. Qual é o alcance máximo para uma determinada velocidade inicial u? O
campo gravitacional é uniforme.

1.3 Uma partícula m é lançada verticalmente para cima com uma velocidade inicial υ.
Assumindo um meio resistente proporcional à velocidade, onde o fator de
proporcionalidade é e, calcule a velocidade com que a partícula atingirá o solo ao retornar
se houver um campo gravitacional uniforme .
1.4 Duas partículas idênticas são deixadas cair do repouso em um campo gravitacional e em
um meio resistente como no Prob. 1.3. Se a segunda partícula for liberada T segundos
depois da primeira, trace a distância entre as partículas em função do tempo. Qual é a
distância limite?
1.5 Um homem de massa m1 está na popa de um barco de massa m2, cuja proa toca o cais. Se
ele decidir caminhar em direção ao píer, qual será sua posição em relação ao píer quando
chegar à proa? O barco tem comprimento L e está sempre perpendicular ao cais. Despreze
o atrito.
1.6 Uma plataforma horizontal em forma de disco é suportada apenas no seu centro. Um
homem de massa m, originalmente em repouso a uma distância D do centro, começa a
caminhar com velocidade uniforme υ na direção circunferencial, parando após um
intervalo de tempo T. Faça um gráfico do torque exercido no suporte em função do tempo.
1.7 Considere um campo de força no qual a força é inversamente proporcional à distância ao
quadrado e direcionada em direção a um ponto fixo C. Use os resultados da Seção. 1.5 e
deduza expressões para a energia potencial e para as componentes cartesianas da força.
1.8 Considere o sistema da Fig. 1.15 e trace o diagrama de energia correspondente. A massa é
liberada do repouso na posição x = -L/4 e não há perda de energia no sistema.

1.9 Uma partícula se move sob uma força central inversamente proporcional ao cubo da
distância do centro de força. Determine a equação da órbita e discuta os possíveis tipos de
órbitas.
1.10 Calcule a energia necessária para colocar um satélite em uma órbita circular a uma
altitude h acima da superfície da Terra.
1.11 Derive uma expressão que relacione o momento angular de um sistema de partículas
em torno de um ponto em movimento A com o momento angular em torno do centro de
massa C.
1.12 Um haltere é atingido por uma força impulsiva , como mostrado na Figura 1.16.
Derive expressões para o movimento resultante.

1.13 Considere um sistema de três corpos girando com velocidade angular w em torno do
centro de massa comum C. Os três corpos estão sempre alinhados em uma linha, como
mostrado na Figura 1.17. Se a massa m0 é tão pequena comparada com 1 - m e m que não
afeta o movimento dos dois últimos, encontre a equação para a distância p entre m0 e m
correspondente a uma posição de equilíbrio de m0 entre as massas 1 - m e m .

1.14 Duas partículas se repelem com forças inversamente proporcionais ao quadrado da


distância entre as partículas. Derive a equação da órbita integrando as equações
diferenciais (Seção 1.8).
1.15 Considere uma órbita elíptica e defina o movimento angular médio por n = 2π/P, onde
P é o período. O ângulo M = nt, onde ti é o tempo medido a partir do pericentron, é
chamado de anomalia média, e o ângulo w (ver Fig. 1.18) é conhecido como anomalia
excêntrica. Derive uma expressão relacionando M e w.

1.16 Considere o problema de dois corpos em um campo de força central repulsivo do


quadrado inverso para o caso em que as duas partículas têm massa comparável. Deixe a
partícula espalhada estar inicialmente em repouso e derive uma expressão relacionando o

ângulo entre as direções final e incidente da partícula espalhada em relação a um

sistema laboratorial fixo de coordenadas e o ângulo entre as direções final e inicial do


vetor relativo entre as duas partículas.

REFERÊNCIAS SUGERIDAS

1. Corben, H. C., and P. Stehle: Classical Mechanics, John Wiley & Sons, lnc., New
York, 1960.
2. Goldstein, H.: Classical Mechanics, Addison-Wesley Publishing Company, Inc.,
Reading, Mass., 1950.
3. Lanczos, C.: The Variational Principies of Mechanics, University of Toronto Press,
Toronto, 1962.
4. Leech, J. W.: Classkal Mechanics, John Wiley & Sons, Inc., New York, 1965.
5. Robertson, H. P.: in L. N. Ridenour (ed.), Modern Physics for the Engineer, McGraw-
Hill Book Company, New York, 1954.

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