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O Princípio da Relatividade

Funções de Poincaré
(Análise Matemática & Implicações Físicas)

AYNI R. CAPIBERIBE
VOLUME Ѫ
ⓒ 2020 Publicado pela ALRISHA
Todos os direitos reservados
Versão digital
ISBN: 9798634720784

ALRISHA
Campo Grande, Mato Grosso do Sul
www.alrisha.webnode.com

Dados de catalogação na publicação da Biblioteca do Congresso


CAPIBERIBE, AYNI R. (Autor)
O Princípio da Relatividade: Funções de Poincaré
(Análise Matemática & Implicações Físicas) – Volume Ѫ
/Ayni R. Capiberibe. p. 151
Inclui referências bibliográficas e índice.
1. Simultaneidade. 2. Física. 3. Matemática. 4. Relatividade Especial
5. Espaço e tempo. 6. Análise Matemática. 7. Teoria de Grupos 8
Hermann Minkowski. 9 Albert Einstein. 10. Henri Poincaré.
Esta página foi deixada intencionalmente em branco
Aos três mosqueteiros:
Anderson Tibana, André Teren, Carlos Salles,
Homenagem

Gostaria que esse livro fosse uma singela homenagem a dois


professores que em momentos distintos me cativaram a estudar
relatividade: Paulão e Moacir.

Não posso também deixar de agradecer meu amigo e exímio


matemático, Fábio “Padeiro” pelas sugestões e revisão parcial o
texto. Apesar de ser formalista, merece um espaço nesse livro e no
coração dessa convencionalista.

T ambém gostaria que esse livro fosse um convite a todos os


professores da educação básica e superior a cativarem seus alunos
como eu fui cativado.
Unus pro omnibus, omnes pro uno
SUMÁRIO

PREÂMBULO .............................................................................. 10
INTRODUÇÃO ............................................................................ 11

I. O Princípio da Relatividade..................................................... 14
1. Caracterização do Espaço-Tempo Plano .......................... 14
2. O PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE E DA INÉRCIA ................... 18
3. A INTELIGIBILIDADE DO GRUPO DE LORENTZ .................... 31

II. ANÁLISE MATEMÁTICA ............................................................ 33


4. AS FUNÇÕES DE POINCARÉ ................................................... 33
4.1. GEOMETRIA DO ESPAÇO-TEMPO ......................................... 38
5. CÁLCULO-K GENERALIZADO ............................................... 44
6. SUPER GRUPO DE POINCARÉ ................................................ 63
6.1. S-GRUPO DE LORENTZ SO  p, R , 3  i, R  .................... 63
6.2. GERADORES INFINITESIMAIS DO ESPAÇO-TEMPO ............. 69
6.3. CONSTANTES DA ESTRUTURA DO ESPAÇO-TEMPO ............ 72
6.4. ISOMORFISMO COM O GRUPO PSL(2,C) ............................. 77
6.5. 4-VETORES NA VARIEDADE ESPAÇO-TEMPO...................... 79
6.6. S-GRUPO DE POINCARÉ ........................................................ 82
6.7. S-TRANSFORMAÇÕES ORTOCRÔNICAS DE LORENTZ ......... 87
6.8. MATRIZES ORTOCRÔNICAS DO S-GRUPO DE POINCARÉ ... 89
6.9. REPRESENTAÇÃO DO S-GRUPO DE POINCARÉ.................... 95
6.10. SPINORES E REPRESENTAÇÃO SPINORAL ......................... 97
6.11. LINHAS COORDENADAS DO ESPAÇO-TEMPO .................... 98

III. IMPLICAÇÕES FÍSICAS .......................................................... 102


7. TEORIA ELETROMAGNÉTICA.............................................. 102
7.1. GAUGE DE POINCARÉ ......................................................... 110
7.2. OSCILAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS .................................. 116
7.3. OSCILAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS EM VARIEDADES
GALILEANAS E EUCLIDIANAS ........................................................ 118
7.4. A FORMA DA LUZ ................................................................ 121
7.5. DETERMINAÇÃO EMPÍRICA DO ESPAÇO-TEMPO ............. 123
8. ORIENTAÇÃO DO TEMPO E A ENTROPIA ............................ 127
9. O MAR DE DIRAC COMO VARIEDADE EUCLIDIANA ........... 133
9.1. A INÉRCIA DA ENERGIA EM VARIEDADES EUCLIDIANAS 133
9.2. EQUAÇÃO DE DIRAC E A ENERGIA NEGATIVA.................. 141
9.3. PROPULSÃO DE ALCUBIERRE ............................................. 146

REFERÊNCIAS & BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR ........................ 148


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PREÂMBULO
Este livro é uma apresentação detalhada de um programa de
pesquisa sobre o princípio da relatividade a partir das funções de
Poincaré, transformações lineares ortogonais que permitem criar
estruturas unificadas que permitem estudar as propriedades do
espaço-tempo plano como uma única variedade.
O livro é dividido em três partes:
I. O Princípio da Relatividade
II. Análise Matemática
III. Implicações Físicas
Na primeira parte apresentamos o princípio da relatividade de
Poincaré e deduzimos as variedades compatíveis com esse princípio:
e criticamos os argumentos de Minkowski sobre a preferência da
variedade lorentziana, em relação a variedade galileana.
A segunda parte inicia com a apresentação formal das funções de
Poincaré e suas principais propriedades. Usando as funções de
Poincaré unificamos o espaço-tempo em uma única variedade. Para
extrairmos o conteúdo físico-matemático dessa variedade unificada
construímos seu cálculo K e uma teoria de grupos, que chamamos
de super grupos, pois a estrutura condensa três grupos distintos:
SO(3), SO(1,3) e SO(4).
Na terceira parte, discutimos três consequências físicas: (a) uma
interpretação do eletromagnetismo como a manifestação física das
linhas coordenadas da variedade; (b) a relação da entropia, seta do
tempo e a componente zero do s-grupo de Lorentz; (c) o mar de Dirac
como uma variedade euclidiana.
Longe de esgotar as possibilidades, esperamos que esse livro
inspire acadêmicos e pesquisadores a explorar novas consequências
do princípio da relatividade e das funções de Poincaré.
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INTRODUÇÃO
Este trabalho é o resultado de uma ampla pesquisa teórica que
pretendia responder a seguinte questão: como é possível unificar
todos os espaço-tempos planos em uma única estrutura? Por espaço-
tempo plano, doravante chamaremos apenas de espaço-tempo,
entendemos qualquer variedade ou espaço topológico que satisfaça
o princípio da relatividade e as conexões de Riemann-Christofell se
anulem sobre todos os pontos da variedade. Pela topologia de baixa
dimensão, demonstra-se que há apenas três variedades que
satisfazem essas duas condições: o espaço de Galileu, o espaço de
Euclides e o espaço de Lorentz. A motivação dessa pesquisa foi em
desenvolver uma topologia de baixa dimensão unificada que permita
caracterizar todos estes espaços-tempos, como no programa de
Elanger de Félix Klein.
Como as variedades espaço-temporais são espaços topológicos
munidos de métrica, suas propriedades são caracterizadas pelas
álgebras de Clifford em anéis hipercomplexos associativos com
unidade. Esse fato nos levou a procurar um automorfismo interno
que atua como um mapa da variedade e induz a métrica do espaço-
tempo a partir da qualidade (característica) da unidade
hipercomplexa de cada anel. Este automorfismo resultou na criação
de funções geométricas especiais, que chamei de funções de
Poincaré. As funções de Poincaré permitem deduzir propriedades
gerais do espaço-tempo, das geometrias hiperbólicas, parabólicas e
elípticas e dos grupos SO(3), SO(4) e SO(1,3). Também provamos
que as funções de Poincaré correspondem as transformações de
Galileu em uma métrica induzida por um número dual; as
transformações de Lorentz em uma métrica induzida por um número
perplexo e as transformações de Euclides em uma métrica induzida
por um número complexo.
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Portanto, este relatório sintetiza os esforços necessários para se


construir essa topologia. Como toda síntese, ela é uma apresentação
quase-linear de várias etapas que foram organizadas para se tornarem
inteligíveis ao leitor. Obviamente, que o delineamento da pesquisa
não seguiu a ordem dessas etapas e nem foi linear ou acumulativa,
por isso descrever uma metodologia da pesquisa não seria
apropriado. Toda a pesquisa girou ao redor da questão básica, e o
formalismo matemático foi sendo introduzido a partir da necessidade
ou mesmo da curiosidade em se testar outras possibilidades. Portanto
os resultados aqui apresentados são a organização de ideias, após
várias tentativas e várias análises, muitas frustradas e outras bem
sucedidas para unificar o espaço-tempo.
Este livro é foi organizado em três partes:
I. O Princípio da Relatividade
II. Análise Matemática
III. Implicações Físicas
A primeira parte inicia com uma discussão sobre o princípio da
relatividade, proposto por Poincaré em 1899 e que atingiu seu ápice
com os trabalhos de Poincaré (1905), Einstein (1905) e Minkowski
(1908). Mostramos que só existem três variedades compatíveis com
o princípio da relatividade, a saber: (a) galileana; (b) lorentziana;
(c) euclidiana. Também criticamos os argumentos de Minkowski de
que a variedade lorentziana é preferível em relação a variedade
galileana, pois esta exige que a velocidade da luz seja infinita. Ao
induzirmos a variedade galileana por meio de um número dual,
conseguimos recuperar a inteligibilidade desse espaço-tempo, pois a
velocidade da luz não precisa ser mais infinita.
A segunda parte inicia com a apresentação formal das funções de
Poincaré e suas principais propriedades. As funções de Poincaré são
funções hipercomplexas que generalizam as transformações de
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Lorentz e por isso permitem unificar os três espaço-tempos.


Variando sua unidade hipercomplexa, recuperamos cada variedade e
as suas propriedades particulares. Para extrairmos o conteúdo físico-
matemático dessa variedade unificada construímos seu cálculo K,
reiterando nossas críticas à Minkowski, pois fica demonstrado
novamente que as variedades galileana e euclidiana gozam da
mesma inteligibilidade da variedade lorentziana. Encerramos essa
parte com a construção de um grupo, que denominamos de super
grupo (s-grupo) de Poincaré, pois a estrutura condensa três grupos
distintos: SO(3), SO(1,3) e SO(4). Por meio do s-grupo,
determinamos seus diversos elementos como os geradores
infinitesimais, os coeficientes da estrutura, representação spinorial e
as linhas coordenadas. Esse é o capítulo mais extenso do livro.
A terceira parte é reservada para discutir algumas implicações
físicas. Separamos três tópicos: (a) Teoria Eletromagnética.
Fundamentamos uma interpretação do campo eletromagnético como
a manifestação física das linhas coordenadas da variedade.
Mostramos como as transformações do campo elétrico e magnético
permite determinar empiricamente qual é a variedade mais
inteligível; (b) Termodinâmica. Exploramos a relação da entropia,
seta do tempo com a componente zero do s-grupo. Mostramos que
mesmo para um tempo cíclico, a entropia é crescente em todos os
pontos do ciclo (c) O Mar de Dirac. Propomos que o Mar de Dirac
pode ser interpretado como uma variedade euclidiana.
Esse é o conteúdo do livro, esperamos que o leitor possa fazer
bom uso e, quem sabe, dei continuidade a esse esboço de ideias.

Ayni R. Capiberibe Nunes


capiberibe@gmail.com
Instituto de Física / GEPECT
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I. O Princípio da Relatividade

1. Caracterização do Espaço-Tempo Plano


Em 1905, Poincaré e Einstein publicaram, quase
simultaneamente, a síntese de um programa baseado nas
consequências do princípio da relatividade e do princípio da inércia1.
Enquanto Poincaré adotou uma continuidade do modelo
eletrodinâmico de Lorentz, Einstein optou pela ruptura dos
paradigmas vigentes ao rejeitar a existência do éter. Einstein
estrutura sua abordagem em dois postulados: o princípio da
relatividade (e da inércia) e a constância da velocidade da luz.
Enquanto o primeiro postulado era sustentado por diversas
experiências ao longo de dois séculos, o postulado da constância da
velocidade da luz parecia inconsistente com a rejeição do éter
(MARTINS, 2015). Além disso, a constância da velocidade da luz
era uma consequência teórica do comportamento ondulatório da luz
no éter, não existindo evidências experimentais de fontes em alta
velocidade até 1919 (MARTINS, 2015). Paul Langevin, em uma
série de exposições sobre a Teoria da Relatividade Especial para
físicos, matemáticos e filósofos, desenvolveu a tese que o grupo de
Lorentz é uma consequência natural dos dois postulados de Einstein,
e tentou justificar a aceitação do segundo postulado como uma
consequência da teoria eletromagnética e isotropia do espaço.

1
Rigorosamente falando, Einstein não enunciou de maneira explícita o princípio
da inércia. Esse fato foi observado por A. Sommerfeld em 1921, na coletânea de
ensaios O Princípio da Relatividade. Contudo, no decorrer de seu ensaio de 1905,
fica aparente que Einstein estava tacitamente assumindo esse requisito (BROWN,
2017).
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Em sua palestra de 19082, Hermann Minkowski sugeriu que o


espaço-tempo Lorentziano era preferido as demais variedades pela
sua inteligibilidade3.
Fica claro que o grupo completo pertencente à Mecânica
Newtoniana é simplesmente o grupo Gc, com o valor de c = ∞.
Nesse estado de coisas, e como Gc é matematicamente mais
inteligível que G∞, um matemático pode, por um jogo livre de
imaginação, se deparar com o pensamento de que os fenômenos
naturais possuem uma invariância não apenas para o grupo G∞,
mas de fato também para um grupo Gc, em que c é finito, mas
extremamente grande em comparação com as unidades de medição
usuais. Tal preconceito seria um triunfo extraordinário para a
matemática pura. Ao mesmo tempo, observarei qual valor de c,
essa invariância pode ser considerada conclusivamente verdadeira.
Para c, substituiremos a velocidade da luz c no espaço livre. Para
evitar falar do espaço ou do vácuo, podemos tomar essa quantidade
como a razão entre as unidades de eletricidade eletrostática e
eletromagnética. Podemos formar uma ideia do caráter invariável
da expressão para leis naturais para a transformação do grupo Gc
da seguinte maneira. Da totalidade dos fenômenos naturais,
podemos, por aproximações sucessivas mais altas, deduzir um
sistema de coordenadas (x, y, z, t); por meio desse sistema de
coordenadas, podemos representar os fenômenos de acordo com
leis definidas. Este sistema de referência não é de forma alguma
determinado exclusivamente pelos fenômenos. Podemos alterar o
sistema de referência de qualquer maneira possível,
correspondente à transformação de grupo Gc acima mencionada,

2
Publicada no ano seguinte sobre forma de livreto com nome Raum und Zeit
(Espaço e Tempo).
3
Gc, onde c denota a velocidade da luz no vácuo, corresponde ao grupo de Lorentz,
SO(1,3). Enquanto G∞ corresponde ao grupo de Galileu, SO(3), da mecânica
relacional. Minkowski não apresenta o grupo de Euclides, SO(4), que seguindo
sua convenção denotaríamos por Gic.
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mas as expressões para leis naturais não serão alteradas dessa


maneira (MINKOWSKI, 1909, p. 04).
Sobre esta declaração de Minkowski, Brown (2012, s.p.) faz o
seguinte comentário:
Minkowski está aqui sugerindo claramente que a invariância de
Lorentz pode ter sido deduzida a partir de considerações a priori,
apelando à "inteligibilidade" matemática como critério para as leis
da natureza. O próprio Einstein evitou a tentação de deduzir
retroativamente a invariância de Lorentz dos primeiros princípios,
optando por basear sua apresentação original da relatividade
especial em dois princípios empiricamente fundamentados, sendo
o primeiro o que não é outro senão o princípio clássico da
relatividade, e o segundo sendo a proposição de que a velocidade
da luz é a mesma em relação a qualquer sistema de coordenadas
inerciais, independente do movimento da fonte. Esse segundo
princípio costuma parecer arbitrário e injustificado (como o
"quinto postulado" de Euclides), e houve inúmeras tentativas de
deduzi-lo de algum princípio mais fundamental. Por exemplo,
argumenta-se que o postulado da velocidade da luz é realmente
redundante ao próprio princípio da relatividade, pois se
considerarmos as equações de Maxwell como leis fundamentais da
física e considerarmos a permeabilidade µ0 e a permissividade ε0
do vácuo como constantes invariantes dessas leis em qualquer
quadro de referência em movimento uniforme, segue-se que a
velocidade da luz no vácuo é c  1  em relação a todo sistema
0 0

de coordenadas em movimento uniforme. O problema com essa


linha de raciocínio é que as equações de Maxwell não são válidas
quando expressas em termos de um sistema arbitrário de
coordenadas em movimento uniforme. Em particular, eles não são
invariantes sob uma transformação de Galileu - apesar do fato de
que os sistemas de coordenadas relacionadas por essa
transformação estarem se movendo uniformemente entre si. (O
próprio Maxwell reconheceu que as equações do
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eletromagnetismo, diferentemente das equações da mecânica de


Newton, não eram invariantes sob os "boosts" galileanos; na
verdade, ele propôs vários experimentos para explorar essa falta de
invariância, a fim de medir a "velocidade absoluta" da Terra em
relação ao éter luminífero).
Estas objeções levantadas sobre o segundo postulado e a
inteligibilidade do grupo de Lorentz nos levam a diversas questões:
é possível desenvolver um programa baseado no princípio da
relatividade que abdique do postulado da constância da velocidade
da luz? É possível, por meio de experiências físicas identificar a
variedade tangente plana mais adequada para descrever os
fenômenos físicos em uma vizinhança in finitamente pequena do
espaço-tempo? Ao longo desse ensaio responderemos a essas
questões e a outras perguntas que a análise faz com que surjam
naturalmente ao nosso espírito.
Pode-se argumentar que alguma dessas questões se tornaram
inócuas, como a questão da constância da velocidade da luz que
agora é confirmada experimentalmente. A essa objeção respondemos
que ao não postularmos a constância da velocidade da luz, esse
princípio se torna uma previsão da teoria e por isso contribui para
seu conteúdo empírico, além disso, o método que empregamos
também abre novas possibilidades dentro da física-matemática ao
introduzir números hipercomplexos.
Ao responder essas perguntas, também exploramos as conexões
entre o grupo de Lorentz, o princípio da relatividade e a teoria
eletromagnética, que serão discutidos detalhadamente nas próximas
seções.4

4
Registre que esse ensaio é apenas um esboço de uma teoria mais geral e que é
apresentada detalhadamente no livro Princípio da Relatividade Volume 5: Espaço-
Tempo (Programa de Erlanger) (CAPIBERIBE, 2020).
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2. O Princípio da Relatividade e da Inércia


Em 1899, Poincaré enunciou e discutiu claramente o princípio da
relatividade, que na ocasião ele chamou de lei da relatividade:
Considere um sistema material qualquer. Temos que considerar,
por um lado, o "estado" dos vários corpos desse sistema - por
exemplo, sua temperatura, seu potencial elétrico, etc; e, por outro
lado, sua posição no espaço. E entre os dados que nos permitem
definir essa posição, distinguimos as distâncias mútuas desses
corpos que definem suas posições relativas e as condições que
definem a posição absoluta do sistema e sua orientação absoluta
no espaço. A lei dos fenômenos que serão produzidos neste sistema
dependerá do estado desses corpos e de suas distâncias mútuas;
mas, devido à relatividade e à inércia do espaço, elas não
dependerão da posição e orientação absolutas do sistema. Em
outras palavras, o estado dos corpos e suas distâncias mútuas a
qualquer momento dependerão unicamente do estado dos mesmos
corpos e de suas distâncias mútuas no momento inicial, mas de
maneira alguma dependerão da posição inicial absoluta do sistema
e de sua orientação inicial absoluta. Isto é o que chamaremos, por
uma questão de abreviação, a lei da relatividade (POINCARÉ,
1899, p. 267)
E mais à frente, Poincaré refina a sua definição:
Portanto, nossa lei da relatividade pode ser enunciada da seguinte
forma: - As leituras que podemos fazer com nossos instrumentos a
qualquer momento dependerão apenas das leituras que pudemos
fazer nos mesmos instrumentos no momento inicial. Agora, essa
enunciação é independente de toda interpretação por
experimentos. Se a lei é verdadeira na interpretação euclidiana,
também será verdadeira na interpretação não-euclidiana. Permita-
me fazer uma breve digressão sobre este ponto. Eu falei acima dos
dados que definem a posição dos diferentes corpos do sistema. Eu
também poderia ter falado daqueles que definem suas velocidades.
Eu deveria então ter que distinguir a velocidade com a qual as
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distâncias mútuas dos diferentes corpos estão mudando e, por


outro lado, as velocidades de translação e rotação do sistema; isto
é, as velocidades com as quais sua posição e orientação absolutas
estão mudando. Para que a mente seja plenamente satisfeita, a lei
da relatividade deveria ser enunciada da seguinte forma: - O estado
dos corpos e suas distâncias mútuas a qualquer momento, bem
como as velocidades com que essas distâncias estão mudando
naquele momento, serão dependem apenas do estado desses
corpos, de suas distâncias mútuas no momento inicial e das
velocidades com que essas distâncias estavam mudando no
momento inicial. Mas eles não dependerão da posição inicial
absoluta do sistema, nem de sua orientação absoluta, nem das
velocidades com que essa posição e orientação absolutas estavam
mudando no momento inicial. (POINCARÉ, 1899, p. 268-269)
Formalmente o que Poincaré declara as transformações entre as
coordenadas do espaço, que doravante chamaremos de espaço-
tempo plano, devem ser ortogonais (devido ao princípio da inércia)
e especiais (devido ao princípio da relatividade que implica na
isotropia do espaço). Em outras palavras, procuramos
transformações lineares ortogonais que preservem a distância mútua
entre os eventos no espaço-tempo, formem um grupo SO e sejam
planas. Esta condição é equivalente a dizer que buscamos
automorfismos internos do espaço-tempo. Da álgebra sabemos que
um automorfismo interno satisfaz a seguinte condição (NETO,
2014):
 ijij  ij  ij

Tomando o determinante dessa equação,


det   ij  det ij  det   ij   det ij 

det   ij  det   ij   1
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det   j    1
2
 i

Se escolhermos como solução -1, mão poderemos garantir a lei


de homogeneidade e, por conseguinte, o princípio da inércia, pois as
transformações sucessivas não permitirão retornar a configuração
inicial. Essa condição foi demonstrada por Lorentz (1904), por
Poincaré (1905, 1906) usando teoria de grupos, e Einstein (1905),
por argumentos de simetria. Seguindo a tendência de Lorentz e
Poincaré, denotaremos esse determinante pela letra l:
det   ij   l  1

Uma transformação linear ortogonal apresenta a seguinte forma:


4
xj    ij xi
i 1

onde os índices variam de 1 à 4. Convencionando x como a


coordenada paralela ao deslocamento e que y e z são as coordenadas
transversas, as quatro equações lineares ortogonais serão:
x  Ax  Bt
y  y
z  z
t   Cx  Dt
onde a igualdade entre as coordenadas transversais é uma
consequência da homogeneidade do espaço. Para detalhes consultar:
Poincaré (1905, 1906), Einstein (1905), Miller (1997), Martins
(2012) e Brown (2017)5. Portanto, as componentes da matriz de
transformação serão:

5
Parte da dedução que seguiremos é feita de maneira análoga por Brown (2017).
P á g i n a | 21

A 0 0 B
0 1 0 0 
 ij  
0 0 1 0
 
C 0 0 D
Calculando o determinante dessa matriz, obtemos6:

l  AD  BC
AD  BC  1

Portanto, o princípio da relatividade e o princípio da inércia nos


levam as seguintes condições:

 x  Ax  Bt

t   Cx  Dt
 AD  BC  1

Para conseguirmos prosseguir em nossas deduções, vamos obter


a transformação inversa da coordenada x. Para isso basta
multiplicarmos a primeira equação D e a segunda equação por –B:

 Dx  ADx  BDt



 Bt    BCx  BDt

Somando as duas equações,

ADx  BCx  Dx  Bt 

6
https://matrixcalc.org/pt/det.html#determinant-
Gauss%28%7B%7BA,0,0,B%7D,%7B0,1,0,0%7D,%7B0,0,1,0%7D,%7BC,0,0,
D%7D%7D%29
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 AD  BC  x  Dx  Bt 
x  Dx  Bt 

Determinaremos nossos coeficientes em função de A, usando três


equações, a saber:
 x  Ax  Bt

 x  Dx  Bt 
 AD  BC  1

Para determinar os coeficientes A, B, C e D, vamos assumir, sem
perda de generalidade, que na perspectiva do observador O, o
observador O’ se desloca com velocidade constante v.
Reciprocamente, na perspectiva do observador O’, o observador O
se desloca com velocidade constante –v. Suponha que em um
determinado t’ o corpo se encontra na origem de x’, assim teremos:

0  Ax  Bt
Bt  Ax
x
B  A
t
B   Av

Reciprocamente, para o observador O’ teremos que o sistema x se


encontra na origem. Usando a segunda equação, obtemos:

0  Dx  Bt 
Bt   Dx
x
BD
t
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B   Dv

Igualando as duas relações do coeficiente B, alcançamos que:

Dv   Av
D A

Agora, resta apenas determinar o coeficiente C, para isso


usaremos a terceira a equação:

AD  BC  1
AA    Av  C  1

A2   Av  C  1
1  A2
C
Av
Tendo obtido a transformação dos coeficientes em função de A,
vamos rescrever as nossas equações:

 x  Ax  Avt

 1  A2

t  x  At
 Av

Evidenciando A nas duas equações e evidenciando –v na parcela


x da segunda equação:

 x  A  x  vt 

   A2  1  

t  A t   A2 v 2  vx 
    
P á g i n a | 24

Vamos introduzir o fator generalizado de Lorentz, que nós


denominaremos de fator de Poincaré e será definida pela relação:
1
A
 v2 
1  R2  2 
c 

Onde c é um fator de velocidade, que nas variedades lorentzianas


correspondem a velocidade da luz no vácuo e R é uma unidade
hipercomplexa e poder ser: parabólica (dual)7, hiperbólica
(perplexo)8 ou polar (imaginário) que. Por simplicidade,
chamaremos esta unidade de unidade anelar. Escolheremos sempre
um sistema de unidades onde a constante c seja igual a unidade.
Assim, o fator de Poincaré será escrito como:

1
A
1  R 2v 2

O fator de Poincaré apresenta a seguinte propriedade:

7
Para informações mais detalhadas sobre o anel dos números duais e suas
aplicações, o leitor deve consultar: Veldkam (1976), Fischer (1999), Vasantha,
Smarandache (2012), Ozdemir (2018).

8
Para informações mais detalhadas sobre o anel dos números perplexos e suas
aplicações (em particular na relatividade especial), o leitor deve consultar: Fjelstad
(1986), Assis, (1991), Borota, Osler (2002), Khrennikov, Segre (2005), Catoni,
Boccaletti, Cannata, Catoni, Nichelatti, Zampetti (2008), Sabadini, Shapiro,
Sommen, (2009), Poodiack (2009), Sabadini, Sommen (2011), Catoni, Boccaletti,
Cannata, Catoni, Zampetti (2011), Catoni, Zampetti (2012), P Kisil, (2013),
Gargoubi, Kossentini (2016), Amorim, Santos, Carvalho, Massa (2018),
Boccaletti, Catoni, Catoni (2018), Ozdemir (op cit).
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2  1  1 
 1  R 2 v 2    1
 2
 1 R v
2 2

2  1 2 2  1 1  R v 
2 2

2
 1  R v   1  R 2v2 
 
2  1
 R 2v 2
 2

Substituindo essa relação na equação do tempo, obtemos:

  2  1  
t    t   2 2  vx 
 v  
  R 2v 2  
t    t   2  vx 
  v  
t     t  R 2 vx 

Assim as transformações de coordenadas serão:

 x    x  vt 

 y  y
 z  z

t    t  R vx 
 2

Vamos provar que a unidade anelar é um invariante relativístico e


obter a transformação do fator de Poincaré. Para isso, definamos a
velocidade da partícula no sistema O’:
P á g i n a | 26

x   x  vt 
 v
t   v  t  Rv2vx 

x x  vt

t  t  Rv2vx

Essa é a forma fundamental do grupo. Vamos agora construir um


terceiro sistema de coordenadas O’’ e estabelecer as transformações
para o sistema O’ e O.
x x  ut 

t  t   Ru2ux
x v  x  vt   u v  t  Rv2vx 

t  v  t  Rv2vx   Ru2u v  x  vt 

x v  x  vt  u  t  Rv2vx  

t  v t  Rv2vx  Ru2u  x  vt  

x  x  vt  ut  Rv2uvx 

t  t  Rv2vx  Ru2ux  Ru2uvt 

Agora devemos reorganizar os fatores para que eles assumam a


forma fundamental do grupo:

x

1  Rv2uv  x   u  v  t
t  1  Ru2uv  t   Rv2v  Ru2u  x

Evidenciando o primeiro fator do denominador, obtemos a forma


fundamental:
P á g i n a | 27

x
u  v 
t
x

1  Rv2uv 
t  1  Ru2uv   Rv2v  Ru2u 
t x
1  Rv2uv  1  Rv2uv 
x x  wt

t  t  Rw2 wx

Comparando as equações, a primeira parcela no denominador


deve ser a unidade:

1  R uv   1
2
u

1  R uv  2
v

1  Ru2uv  1  Rv2uv

Ru2  Rv2  R 2

A velocidade w é a lei de composição de velocidades


relativísticas:
uv
w
1  R 2uv
Por fim, vamos obter R²w:

R v  R u  R w
2 2
2

1  R uv  2 w

R2
u  v   Rw2 w
1  R uv  2
P á g i n a | 28

R 2 w  Rw2 w

Rw2  R 2

Isso demonstra que o fator anelar R não depende da escolha do


sistema de coordenadas.
Agora veremos como o fator R induz a assinatura métrica da
variedade. Como há três unidades hipercomplexas, portanto existem
três variedades espaço-temporais:

1) Espaço-Tempo de Galileu (R² = 0)

Se R for o número parabólico (dual), que é nilpotente de segunda


ordem, teremos a variedade de Galileu, que se transforma conforme
o grupo SO(3), a lei de composição de velocidades e o fator de
Poincaré são dados por:
w  u  v

  1
As transformações de coordenadas são dadas por:
 x  x  vt
 y  y


 z  z
t   t

Nesse sistema as medidas de comprimento e de período se


mantém invariantes em todos os sistemas de coordenadas. A
velocidade pode ser composta infinitamente, não existe um limite
físico como a velocidade da luz.
P á g i n a | 29

2) Espaço-Tempo de Euclides (R² = -1)

Se R for o número polar (imaginário), que elevado ao quadrado é


igual à -1, teremos a variedade de Euclides, que se transforma
conforme o grupo SO(4), a lei de composição de velocidades e o
fator de Poincaré são dados por:
 uv
 w  1  uv
 1
 
 1  v2
As transformações de coordenadas são dadas por:
  1
 x   x  vt 
 1  v 2

 y  y

 z  z
 1
t    t  vx 
 1  v2
Nesse sistema as medidas os comprimentos se dilatam e os
períodos se contraem na direção do movimento. A velocidade da luz
opera como uma velocidade limite sobre certas condições, porém, é
possível obter velocidades maiores que a da luz por meio da
composição de quadros inerciais.

3) Espaço-Tempo de Euclides (R² = +1)


Se R for o número hiperbólico (perplexo), que elevado ao
quadrado é igual à +1, teremos a variedade de Lorentz, que se
P á g i n a | 30

transforma conforme o grupo SO(1,3), a lei de composição de


velocidades e o fator de Poincaré são dados por:

 uv
 w 
1  uv
 1
 
 1  v2

As transformações de coordenadas são dadas por:

  1
x   x  vt 
 1  v 2

 y  y

 z  z
 1
t    t  vx 
 1  v2

Nesse sistema as medidas os comprimentos se contraem e os


períodos se dilatam na direção do movimento. A velocidade da luz
opera como uma velocidade limite, e é impossível obter velocidades
maiores que a da luz por meio da composição de quadros inerciais.
Essa variedade também tem como consequência a constância da
velocidade da luz, quer a luz seja uma ondulação no éter ou não.

Desta maneira, a escolha da variedade que corresponde ao nosso


espaço-tempo depende da determinação do fator R. Por isso devemos
estudar outras as consequências do princípio da relatividade e do
princípio da inércia e de nossa formulação para obtermos maneiras
em que a experiência nos permita decidir qual é o valor de R.
P á g i n a | 31

3. A Inteligibilidade do Grupo de Lorentz


Essa análise também sugere uma nova perspectiva para se tratar
as variedades galileanas. Como foi exposto por Minkowski, costuma
assumir que o grupo de Galileu, G∞, descreve os fenômenos para
sistemas que a velocidade da luz é infinita (instantânea), é por isso
que fazendo c tender ao infinito o grupo de Lorentz Gc tende à G∞.
Segundo Minkowski, é essa característica que torna o grupo de
Lorentz mais inteligível. Recordemos suas palavras:
Fica claro que o grupo completo pertencente à Mecânica
Newtoniana é simplesmente o grupo Gc, com o valor de c = ∞.
Nesse estado de coisas, e como Gc é matematicamente mais
inteligível que G∞, um matemático pode, por um jogo livre de
imaginação, se deparar com o pensamento de que os fenômenos
naturais possuem uma invariância não apenas para o grupo G∞,
mas de fato também para um grupo Gc, em que c é finito, mas
extremamente grande em comparação com as unidades de medição
usuais. (MINKOWSKI, 1909, p. 04)
Essa análise sugere uma nova perspectiva para se tratar as
variedades galileanas. Como foi exposto por Minkowski, costuma
assumir que o grupo de Galileu, G∞, descreve os fenômenos para
sistemas que a velocidade da luz é infinita (instantânea), é por isso
que fazendo c tender ao infinito o grupo de Lorentz Gc tende à G∞.
Entretanto, em nossa abordagem, o grupo de Galileu é gerado por
SO(3), porque a componente temporal dessa variedade vem
multiplicada por um número nilpotente de segunda ordem, também
chamado de número dual ou parabólico. Em outras palavras, a
nulidade temporal na métrica decorre do caráter nilpotente do tempo
e não porque a velocidade da luz é infinita.
Pode-se dizer que os grupos Gc,, Gic, com c tendendo a infinito, e
Gc são isomorfos à G∞. Nessas condições, Gc,, Gic, Gc são todos
igualmente inteligíveis, já que em todos eles pode-se assumir “que c
P á g i n a | 32

é finito, mas extremamente grande em comparação com as unidades


de medição usuais.” (MINKOWSKI, 1909, p. 04).
lim Gc 
c 

G c  G
lim Gic 
c  

Portanto, o argumento que nos guiou até o momento na escolha


da variedade não, a inteligibilidade, perde sua eficácia, já que
podemos construir uma variedade galileana com a velocidade da luz
finita, além, de uma variedade euclidiana. Nesse caso, somos
obrigados, como Einstein, em buscar formas empíricas de decidir
qual a variedade mais adequada. Porém, ao estudar todas as
variedades tangentes planas, a uma vizinhança infinitamente
pequena do espaço-tempo, que satisfazem o princípio da
relatividade, descobrimos, para nossa sorte, que a qualquer fato
empírico que seja equivalente ao segundo postulado de Einstein, a
constância da velocidade da luz, é um fato empírico que determina
as qualidades da variedade.
Como aponta Langevin (1922), a Teoria da Relatividade surgiu a
partir dos esforços de Larmor, Lorentz, Hertz, Helmholtz e Poincaré
em fornecer uma descrição eletromagnética dos fenômenos físicos,
em substituição da antiga descrição mecânica. Portanto, buscamos
na teoria eletromagnética e na geometria diferencial, a conexão entre
a variedade, a assinatura de sua métrica definida pelo fator R e um
fenômeno físico mensurável que permita decidir qual é a variedade
mais inteligível. Nas próximas seções desenvolveremos essa análise,
mas antes introduziremos um novo tipo de função que depende do
fator R e generaliza as funções trigonométricas: as funções de
Poincaré.
P á g i n a | 33

II. Análise Matemática

4. As Funções de Poincaré
Como o espaço-tempo é uma variedade induzida pela unidade
hipercomplexa R, o espaço e o tempo serão descritos por funções de
classe C∞, que nós chamaremos de funções geométricas ou funções
de Poincaré, em homenagem ao físico-matemático Henri Poincaré.
Tomemos as transformações do espaço e do tempo:

 x    x  vt 

 y  y
 z  z

t    t  R vx 
 2

Chamaremos de função par de Poincaré, a função definida por:


PR  v   

Analogamente, Chamaremos de função ímpar de Poincaré, a


função definida por:
PR  v   v

Nestas condições, as transformações de coordenadas assume a


seguinte forma:
 x  PR  v  x  PR  v  t

 y  y

 z  z

t   PR  v  t  R PR  v  x
 2 
P á g i n a | 34

Pela restrição imposta pela condição de automorfismo, teremos:


AD  BC  1
P  v   P  v   PR  v   R 2  PR  v   1
R

R

 PR  v    R 2  PR  v    1
2 2

Essa é a identidade fundamental da trigonometria da geometria.


Vamos agora definir a função tangente de Poincaré, como a razão
da função ímpar pela função par de Poincaré:
PR  v 
PR  v  
PR  v 
Assim como na variedade de Galileu, a função tangente de
Poincaré determina a velocidade do corpo conforme o ângulo de
inclinação na variedade:
v
PR  v  

PR  v   v

Devido à similaridade da função de Poincaré com as funções


trigonométricas convencionais, somos induzidos a sumir que a
seguinte identidade é válida:
e  Rv  PR  v   RPR  v 

De onde podemos derivar as seguintes identidades:


e Rv  e Rv e Rv  e Rv
P v 
R

, P v 
R

2 2R
Se estas relações são verdadeiras, elas devem satisfazer a equação
fundamental da trigonometria. Para isso, tomemos o seu quadrado:
P á g i n a | 35

2 2
 e Rv  e  Rv   e Rv  e  Rv 
 P  v      P  v    
 2  2
R  R 
 2   2R 
e 2 Rv  2e Rv e  Rv  e 2 Rv e 2 Rv  2e Rv e  Rv  e 2 Rv
 PR  v     PR  v   
2 2

4 4R2
e 2 Rv  2  e 2 Rv e 2 Rv  2  e 2 Rv
 PR  v     PR  v   
2 2

4 4R2
Substituindo na relação fundamental:

 PR  v    R 2  PR  v    1
2 2

e 2 Rv  2  e 2 Rv e 2 Rv  2  e 2 Rv
l  R2
4 4R2
e 2 Rv  2  e 2 Rv  e 2 Rv  2  e 2 Rv
l
4
l  1, Q.E.D.
Agora que conhecemos a forma analítica das funções de
Poincaré, podemos obter as suas expansões em série de Taylor:

1  vR   vR  
n n
 
P  v   1  
R

1  
2  n 1 n ! n 1 n ! 

Vamos separar as duas funções em suas partes pares e ímpares:

1  vR   vR   vR   vR  
2n 2 n 1 2n 2 n 1
   
P  v   2  

   
2  n 1  2n ! n 1  2n  1! n 1  2n ! n 1  2n  1! 
R

Realizando as operações algébricas, obtemos a expansão da


função par de Poincaré:
P á g i n a | 36


v2n
PR  v   1    R 2 
n

n 1  2n  !
Agora, vamos obter a expansão da função ímpar de Poincaré:

1    vR   vR  
n n

P v 
R

  
2 R  n 1 n ! n 1 n! 

1   vR   vR   vR 
2n 2n
 
P v 

2   
n 1  2n  !  2n  1!
R
2 R  n 1

 vR 2 
n

 vR   vR  
2n
 
  
 2n  ! 

n 1 n 1  2n  1! 

1   vR     vR   vR 
2n 2n

P v 

2   
n 1  2n  !  2n  1!
R
2 R  n 1

 vR 2 
n

 vR   vR  
2n
 
  
 2n  ! 

n 1 n 1  2n  1! 

1   vR   vR   vR   vR  
2n 2n 2n 2n
   
P v 

2    vR   vR 
2 R  n1  2n ! n 1  2n  1 ! n 1  2n  ! n 1  2n  1 ! 
R

Vamos separar as duas funções em suas partes pares e ímpares:

1    vR   vR   vR   vR  
2n 2 n 1 2n 2 n 1
  
P v 

    
2 R  n 0  2n ! n 0  2n  1! n 0  2n ! n 0  2n  1! 
R
P á g i n a | 37

1    vR   vR   vR 
2n 2n

P v 

 
2 R  n 0  2n  ! n 0  2n  1 !
R

 vR 2 
n

 vR   vR  
2n
 
  
 2n  ! 

n 0 n 0  2n  1! 

1    vR   vR   vR 
2n 2n

P v 

 
2 R  n 0  2n  ! n 0  2n  1 !
R

 vR 2 
n

 vR   vR  
2n
 
  
 2n  ! 

n 0 n 0  2n  1! 

1    vR   vR 
2n 2 n 1

P v 

  vR 
2 R  n 0  2n ! n  0  2n  1 !
R

 vR   vR   vR  
2n 2 n 1

  
n  0  2n  ! n  0  2n  1 !

Realizando as operações algébricas, obtemos a expansão da
função ímpar de Poincaré:

v 2 n 1
PR  v   v    R 2 
n

n 1  2n  1!
Por meio dessas expressões analíticas, podemos caracterizar as
transformações e as rotações de cada espaço-tempo induzido pela
unidade R.
P á g i n a | 38

4.1. Geometria do Espaço-Tempo


Vamos agora obter a métrica do espaço-tempo plano. Em um
espaço-tempo ortocrônico, teremos quatro versores: três espaciais e
um temporal.
B  êx , êy , êz , êt 

Definimos a métrica como o produto interno dos versores da base:

11  êx , êx  1

22  êy , êy  1

33  êz , êz  1

44  êt , êt  T

ij  0, i  j
Na forma matricial é escrita como:

1 0 0 0
 
0 1 0 0
ij  
0 0 1 0
 
0 0 0 T

A diagonalidade da métrica decorre da ortogonalidade dos


versores. Não conhecemos os versores de t, por essa razão não
conhecemos o valor da norma ao quadrado de t. Para determinar esse
valor, que denotamos por T, usaremos a condição de automorfismo:
 ijij  ij  ij
P á g i n a | 39

  0 0 v  1 0 0 0    0 0  R 2 v  1 0 0 0 
 0 1 0

0  0 1 0 0  0
 0 1 0 0 
 1 0 0 
   
 0 0 1 0  0 0 1 0   0 0 1 0  0 0 1 0 
 2     
  R v 0 0   0 0 0 T   v 0 0   0 0 0 T 

  0 0 vT    0 0  R 2 v  1 0 0 0
 0   
 1 0 0   0 1 0 0  0 1 0 0 

 0 0 1 0  0 0 1 0  0 0 1 0
 2    
  R v 0 0 T   v 0 0   0 0 0 T

  2  v 2 2T 0 0  R 2 v 2  v 2T  1 0 0 0
  
 0 1 0 0   0 1 0 0 
 0 0 1 0  0 0 1 0
 2 2   
  R v  v T 0 R 4v 2  2   2T  0
2
0 0 0 T

Desta relação, extraímos três equações lineares em T:


 2  v 2  2T  a
 2 2
 R v  v T  0
2

 R 4 v 2  2   2T  T

Vamos operar a segunda equação, para obtermos o valor de T.
 R 2  T  v 2  0

T   R
2

Vamos usar as duas equações para retirar a prova real:


P á g i n a | 40

 2  R 2 v 2  2  1  R 4v 2 2   2 R 2   R 2
 2  2 2 2
 1  R v 1  1   R v  1 R   R
2 2 2 2

 
 2 1  2 R2
 2  1  2   R 2
   
1  1 (Q.E.D)  R 2   R 2 (Q.E.D)
Portanto as componentes da métrica serão:
1 0 0 0 
 
0 1 0 0 
ij   det ij   R 2
0 0 1 0 
 
0 0 0 R2 
De forma que cada unidade hipercomplexa induz o valor do
determinante da métrica:
1, espaço  tempo de Lorentz

det ij  0, espaço  tempo deGalileu
1, espaço  tempo de Euclides

O elemento de linha na variedade espaço-tempo é definida a partir
da métrica pela relação:
4 4
ds 2  ij dxi dx j
i 1 j 1

Expandindo as somas, obtemos a forma quadrática fundamental:


ds 2  11dx1dx1  22 dx 2 dx 2  33dx3dx3  44 dx 4 dx 4
ds 2   dx1    dx 2    dx 3   R 2  dx 4 
2 2 2 2

ds 2  dx 2  dy 2  dz 2  R 2 dt 2
P á g i n a | 41

Determinada a métrica geral do espaço-tempo plano, devemos


estudar as expressões das funções de Poincaré para cada número
hipercomplexo e verificar como estes números induzem a métrica da
variedade.

1) Função Parabólica de Poincaré e a Variedade de Galileu


v2n 
v 2 n 1
P  v   1     2  P  v   v     2 
n n

n 0  2n  ! n 1  2n  1!

v 2n 
v 2 n 1
P  v   1    0  P  v   v    0 
n n

n 0  2n  ! n 1  2n  1!

v2n 
v 2 n 1
P  v   1   0  P  v   v   0 
n 0  2n  ! n 1  2n  1!
P  v   1

P  v   v

Na forma matricial, teremos:

 1 0 0 v  1 0 0 v 
 0 1 0 0  0 1 0 0 
 ij    G ij  
 0 0 1 0 0 0 1 0
   
 v
2
0 0 1 0 0 0 1

Essa matriz G corresponde a uma rotação parabólica. A métrica


desse espaço será dado por:

ds 2  dx 2  dy 2  dz 2   2 dt 2
ds 2  dx 2  dy 2  dz 2  0dt 2
ds 2  dx 2  dy 2  dz 2
P á g i n a | 42

2) Função Hiperbólica de Poincaré e a Variedade de Lorentz


v2n 
v 2 n 1
P v  1  h


2 n
P v  v   h


2 n
h
n 0  2n  ! h
n 1  2n  1!

v2n 
v 2 n 1
Ph  v   1   1 Ph  v   v   1
n n

n 0  2n  ! n 1  2n  1!
P  v   cosh  v 
h

P  v   sinh  v 
h

Na forma matricial, teremos:

 cosh  v  0 0  sinh  v    cosh  v  0 0  sinh  v  


 0 1 0 0   0 1 0 0 
 ij     Lij   
 0 0 1 0   0 0 1 0 
   
  sinh  v  h 0 0 cosh  v     sinh  v  0 0 cosh  v  
2

Essa matriz L corresponde a uma rotação hiperbólica. A métrica


desse espaço será dado por:
ds 2  dx 2  dy 2  dz 2  h 2 dt 2
ds 2  dx 2  dy 2  dz 2  dt 2
Se parametrizarmos as coordenadas espaciais como cosseno
hiperbólico e a coordenada temporal como seno hiperbólico,
deduzimos que nesse espaço, o tempo opera como um eixo ortogonal
aos eixos espaciais e as transformações de Lorentz, são rotações
hiperbólicas. As assíntotas da hipérbole são retas de 45º, definidas
pelo produto da velocidade da luz pelo tempo. Dada a isotropia da
velocidade da luz, essas assíntotas definem uma superfície cônica.
Os eventos interiores a superfície são os causais, os eventos sobre a
superfície são os simultâneos e os eventos fora da superfície são
aqueles que as consequências antecedem as causas.
P á g i n a | 43

3) Função Polar de Poincaré e a Variedade de Euclides


v2n 
v 2 n 1
Pi  v   1    i


2 n
Pi  v   v    i


2 n

n 0  2n  ! n 1  2n  1!

v2n 
v 2 n 1
Pi   v   1    1 Pi   v   v    1
n n

n 0  2n  ! n 1  2n  1!
Pi  v   cos  v 

Pi  v   sin  v 

Na forma matricial, teremos:


 cos  v  0 0  sin  v   cos  v  0 0  sin  v  
   
0 1 0 0  0 1 0 0 
j  
i
 Ej  
i
 0 0 1 0   0 0 1 0 
   
  sin  v  i 0 cos  v    sin  v  0 cos  v  
2
0 0

Essa matriz E corresponde a uma rotação elíptica (ou polar). A


métrica desse espaço será dado por:
ds 2  dx 2  dy 2  dz 2  i 2 dt 2
ds 2  dx 2  dy 2  dz 2  dt 2
Se parametrizarmos as coordenadas espaciais como cosseno polar
e a coordenada temporal como seno polar, deduzimos que nesse
espaço, o tempo é uma circunferência (esfera S1) ortogonal aos eixos
espaciais e as transformações de Euclides, são rotações esféricas.
Esse é o espaço onde o tempo apresenta loops fechados, semelhante
as latitudes de um globo. Por estar associado a um número
imaginário, esse tempo é denominado de imaginário ou de tempo
euclidiano.
P á g i n a | 44

5. Cálculo-K Generalizado
Nessa seção apresentaremos uma síntese das ideias de Bondi,
seguindo a abordagem a apresentada por David Bohm (2015, p. 175-
190) e generaliza-la para variedades espaço-temporais planas
arbitrárias, por meio das funções de Poincaré. Para tornar mais
simples as deduções, usaremos os diagramas convencionais de
Minkowski, porém os resultados são válidas para espaços
euclidianos e galielanos, pois a variedade de Lorentz é
homeomórfica as variedades de Galileu e Euclides. Este
homeomorfismo será definido como uma aplicação linear que
preserva as coordenadas t e x, mas transforma as transformações de
Lorentz em funções de Poincaré:
R: R
R  xPp    ktPp     x  PR    ktPR  
R  ktPp    xPp     ktPR    xRPR  

Vamos construir um diagrama de Minkowski. Tomemos dois


segmentos de reta ortogonais OA e OB que representam,
respectivamente, o eixo ct e o eixo x. Cada ponto nesse diagrama
representa um evento que é representado por suas coordenadas
especiais e temporal. Para um observador estacionário S’, todos os
eventos se encontram na linha AO, que denominamos de linha de
mundo de S’. A linha OB representa todos os fenômenos simultâneos
ao observador S’. Suponha que no evento O seja disparado uma onda
esférica luminosa de raio ct. Para o observador a posição desse raio
no eixo OB, devido ao princípio da isotropia, a linha de mundo desse
raio deverá ser descrito, pela seguinte função: x = ±ct, que
correspondem, respectivamente, aos eixos OC (+ct) e OD (–ct). Para
obtermos a inclinação da reta, tomemos o arco-tangente das retas OC
e OA:
P á g i n a | 45

 OC 
  arctan  
 OA 
 ct 
  arctan  
 ct 
   4 (45º)
Portanto os raios OC e OD formam ângulos de 45 graus com os
eixos OA e OB. Como observa Bohm (2015, p. 177) “é claro que em
três dimensões há muitas direções possíveis para um raio de luz, de
modo que todo o conjunto de raios de luz através de O é representado
por um cone. As linhas OC e OD correspondem então à intersecção
deste “cone de luz” com o plano x-ct.” Vamos supor um observador
S se desloca com velocidade constante v em relação ao observador
S’. Do ponto de vista geométrico, o observador S equivale a uma
rotação hiperbólica dos eixos OA e OB com um ângulo . Se
denotarmos por OE e por OF os eixos ct’ e x’, respectivamente, o
diagrama de Minkowski, na perspectiva de S’, apresentará a seguinte
representação:

E as transformações será dada por:


P á g i n a | 46

OE  OAPR    OB  RPR   
OF  OBPR    OAPR  
Se um evento for simultâneo no referencial S isso implica que o
intervalo OE deve ser nulo.
0  OAPR    OBPR  
OAPR    OBR 2 PR  
OA  OBP R  
Portanto os eventos simultâneos de S se localizam na reta OF e
por isso no referencial S’, estes eventos não serão simultâneos. Se
tomarmos a perspectiva do referencial S’, o diagrama de Minkowski
assume o seguinte aspecto:

Suponha que os observadores S e S’ portam relógios idênticos e


síncronos. Vamos supor que em intervalos constantes, o observador
estacionário S’ envia sinais N1, N2, ..., Nn para o observador S. Estes
sinais viajam à velocidade da luz e alcançam o observador S nos
eventos N’1, N’2, ..., N’n.
P á g i n a | 47

Se o observador S’ envia sinais em intervalos regulares To, o


observador S receberá estes sinais em intervalos T devido ao efeito
Doppler-Fizeau. Como já observamos, essa é uma consequência da
própria natureza ondulatória da luz e não do princípio da
relatividade. De qualquer forma, podemos definir uma constante K
que é a razão entre os dois períodos.
T
K
To
Suponha que o pulso é recebido pelo observador em S, ele é
imediatamente refletido para o observador S’. Assim, podemos dizer
que o referencial S emite sinais M1, M2, ..., Mn em intervalos
regulares To e que são recebidos em M’1, M’2, ..., M’n em intervalos
T’. Para este referencial podemos definir uma constante K,
T
K 
To
P á g i n a | 48

Observe que entre os eventos Ni e N’i e os eventos Mj e M’j,


traçamos linhas NiN’i e MjM’j. Como estas linhas representam as
linhas de mundo de raios luminosos trocados entre os referenciais S’
e S, as linhas NiN’ devem ser paralelas ao eixo OC e as linhas MjM’j,
paralelas a OD. Bohm (2015, p. 180) assinala que: “os caminhos dos
sinais de rádio, com uma inclinação de 45°, indicam que em ambos
os sistemas a velocidade da luz tem o mesmo valor, c. É assim que
incorporamos no diagrama de Minkowski o fato observado de que a
velocidade da luz é invariante, a mesma para todos os
observadores.”. Se o espaço a propagação da velocidade da luz é
isotrópica e não existe um referencial privilegiado, isto é, os
referenciais S’ e S são equivalentes, como impõe o princípio da
relatividade, a razão dos períodos não deve depender do referencial
adotado,
K  K
P á g i n a | 49

Devemos nos lembrar, no entanto, que o exposto é verdadeiro


apenas em uma teoria relativista, na qual a luz tem a mesma
velocidade em cada sistema de referência. Assim, na mecânica
newtoniana, os raios de luz seriam representados como linhas a
45 ° dos eixos apenas em um sistema em repouso no éter, de
modo que o raciocínio pelo qual mostramos a igualdade de K e
K’ não seria insustentável. (BOHM, 2015, p. 182).
Após essas considerações, vamos introduzir o cálculo K. Suponha
que na posição O, os observadores em S’ e S troquem sinais
luminosos e sincronizem seus relógios. Como nessa posição, ambos
ocupam o praticamente o mesmo espaço, a troca de sinais luminosos
será praticamente instantânea. Nesse momento, os observadores
ajustam seus relógios para marcar o tempo zero.
t  t  0
No instante To, que corresponde ao evento N, o observador S’
emite um sinal para o observador em S. Esse sinal é recebido no
tempo T, que corresponde à T = KTo, no evento N’. O pulso é
imediatamente refletido e atinge o observador em S’ no instante T1,
que corresponde à T1 = KT, no evento N”. Substituindo o valor de T,
obteremos: T1 = KT²o.
P á g i n a | 50

Observe que no diagrama de Minkowski, o evento S corresponde


ao ponto médio da linha NN”. As linhas N’N” e NN’ formam um
ângulo de 45º com a linha SN’. As linhas SN e SN” formam um
ângulo de 90º com a linha SN’. Isso implica que os triângulos SNN’
e SN’N” são isócesles. Portanto, a medida de NN’ e de SN’ e SN” e
N’N” são iguais. Nestas condições, podemos escrever as seguintes
relações:
NN 
SN  SN   SN  
2
Do triângulo retângulo OSN’, podemos concluir que o ângulo
entre as linhas ON’ e OS é . As retas SN’ e OS se relacionam pela
tangente de Poincaré desse ângulo (registre que estamos em um
“plano hipercomplexo”).
NN 
SN  SN   OSP R   
2
É imediato que o seguimento OS pode ser escrito como a soma
de suas partes:
NN 
OS  ON  NS  ON 
2
O evento N corresponde a emissão do sinal em To. Portanto, o
período entre a sincronização dos relógios e a emissão do sinal por
S’, será:
ON  To
De forma equivalente, o período entre a sincronização dos
relógios e a emissão do sinal pelo observador S, será:
ON '  T
P á g i n a | 51

A diferença entre a emissão e o retorno do sinal em S’, T1 – To,


será o intervalo NN”:
NN   T1  To
NN    K 2  1 To
Usando as duas equações envolvendo OS, podemos determinar o
valor de K.
NN 
OS  ON 
2
NN 
OSP R   
2
Multiplicando a primeira equação pela tangente de Poincaré,

 NN   R
OSP R     ON   P  
 2 
Substituindo esse valor na segunda equação:

NN   NN   R
  ON   P  
2  2 

Isolando ON, obtemos a relação:

ON 
1  P    NN 
R

2 P R  

Substituindo os valores dos segmentos,


P á g i n a | 52

To 
1  P    K
R 2
 1 To
2 P R  
1  P    K
R 2
 1  2 P R  
K 2  K 2 P R    1  P R    2 P R  
K 2 1  P R     1  P R  
1  P R  
K2 
1  P R  

Extraindo a raiz quadrada, concluímos o cálculo de K:

1  P R  
K
1  P R  

A expressão acima pode ser escrita da seguinte forma:

k  Rv
K
k  Rv

O fator K corresponde ao efeito Doppler relativístico. Isso não é


nenhuma surpresa, visto que como o referencial S se desloca em
relação à S’ com velocidade constante, a constância da velocidade da
luz impõe que os pulsos sofram uma transformação de suas
frequências. Vamos usar o cálculo K para achar a transformação do
período. A coordenada t corresponde ao seguimento OS.

NN 
OS  ON  NS  ON 
2
P á g i n a | 53

t  To 
K 2
 1 To
2

t
 K  1To
2

2
No sistema S, o tempo corresponde ao eixo ON’
t   ON '  T  KTo
Dividindo as t por t’:

t  K  1
2


t 2K

Substituindo o valor de K²:

t  1  P    1
R

   1
t   1  P R    2 K

t  1  1  P R  
 
t   1  P R    1  P R  
t 1

t 1  P R 2   
Usando as relações de Poincaré, obtemos: a fórmula da dilatação
do tempo:
t  t  PR 2  
t  t PR    t 
P á g i n a | 54

Agora estudaremos a composição das velocidades relativísticas


usando fator K. Para isso vamos assumir a existência de um terceiro
observador S” descrita pela linha de mundo OG e que se desloca em
relação à S’ com velocidade constante w. No instante To o ocorre um
evento N: o observador S’ emite um sinal na direção do observador
OG que é recebido no evento R no tempo T2. Esses eventos se
relacionam pela equação:
T2  K  w  To

Por outro lado, consideremos que o observador S’ emita no evento


N um sinal para o observador S, que desloca com velocidade
constante v. Este sinal é recebido por S’ no evento N’. Portanto, o
tempo medido pelo observador S, será:
T1  K  v  To

Assim que o observador S recebe o sinal de S’, no evento N’, ele


retransmite esse sinal para o observador S”, que se desloca com
velocidade constante u. O sinal é recebido no instante T2 e marca o
evento R.
P á g i n a | 55

T2  K  u  T1

Usando as três relações que obtivemos, podemos escrever as


equações:
T2  K  w  To  K  u  T1
K  w  To  K  u  K  v  To
K  w  K  u  K  v 
Essa propriedade do cálculo K permite demonstrar que eles
apresentam uma estrutura de grupo, assim como as transformações
de Lorentz. Portanto, existe um importante grupo associado ao
cálculo K que é o grupo de dos fatores K ou grupo de Bondi. Sem
mais delongas, voltemos ao cálculo da composição da velocidade:

K  w  K  u  K  v 
K 2  w  K 2  u  K 2  v 

Abrindo as funções K quadráticas e as tangentes hiperbólicas:

 1  P R w   1  P R u  1  P R v 
  R  R 
 1  P w   1  P u  1  P v 
R

 k  Rw   k  Ru  k  Rv 
   
 k  Rw   k  Ru  k  Rv 
 k  Rw   k  uRk  vRk  R vu 
2 2

 
  2 
 k  Rw   k  uRk  vRk  R vu 
2

Vamos multiplicar os fatores em cruz para evidenciar a


velocidade resultante w.
P á g i n a | 56

 k  Rw  k 2  uRk  vRk  R 2vu    k  Rw   k 2  uRk  vRk  R 2vu 


k 3
 uRk 2  vRk 2  vukR 2  wk 2 R  uwkR 2  vwkR 2  vuwR 4  

k 3
 uRk 2  vRk 2  vukR 2  wk 2 R  uwkR 2  vwkR 2  vuwR 4 

Realizando as implicações algébricas, chegamos a equação:


2wRk 2  2wvuR 4  2uRk 2  2vRk 2
w  k 2  vuR 2  R 2   u  v  R 2 k 2

w
u  v  k 2
k 2
 R 2vu 

Evidenciando a velocidade da luz no denominador e


simplificando com o numerador, obtemos a regra de composição de
velocidades
uv
w
vu
1  R2 2
k
Bohm (2015, p. 186-187), faz uma importante observação sobre
processos de medida:
Como a velocidade da luz é a mesma para todos os observadores,
não precisamos de padrões separados de tempo e distância. Por
esta razão, é suficiente que todos os observadores tenham
relógios equivalentemente construídos. Não é necessário
assumir além disso que eles têm bastões de medida padrão. Isso
torna as fundações lógicas do procedimento de medição muito
simples, porque é possível usar os períodos de vibrações de
átomos ou moléculas como relógios padrão, que podem
depender de funcionar de maneira equivalente para todos os
observadores.
P á g i n a | 57

Por fim, vamos deduzir as transformadas de Lorentz do tempo


usando o método K: Para isso construiremos uma nova linha de
mundo representado pela linha SP, que inicialmente se encontra fora
do cone de luz, mas em um dado instante intercepta a linha OC e
passa a fazer parte da região de vínculos casuais dos observadores S
e S’. Em um instante T1, o observador em S’ inicia um evento M. S’
emite um pulso para o observador S, que é recebido no evento N.
Instantaneamente, o observador S emite um sinal para um
observador S” que registra esse evento P, e reflete o sinal que atinge
o S no evento Q e S’ no evento R, no instante T2.

Pela simetria do problema, o seguimento MR corresponde a


duração T2. Porém esse seguimento é a soma dos seguimentos MP e
P á g i n a | 58

PR. Porém, pelo princípio da reflexão, estes dois seguimentos devem


ter o mesmo comprimento:

MR  MP  PR
MP  PR
MR
MP 
2
O pulso é emitido no evento M, no tempo T1 e retorna no instante
T2, portanto o seguimento MR tem “comprimento” T2 – T1

MR  T2  T1
T2  T1
MP 
2
Queremos determinar em qual instante ocorre o evento P, segundo
o observador no referencial S’. Pela geometria elementar, temos que:
MP  P  M
P  M  PM
O evento M ocorre no instante T1, substituindo na equação:
T2  T1
P  T1 
2
T2  T1
P
2
Se multiplicarmos o segmento MP por k, obtemos o “tempo
próprio”:
T T
 k 2 1
2
P á g i n a | 59

Se multiplicarmos o ponto P por k, obtemos o “espaço próprio”:


T2  T1
sk
2
Portanto existe uma relação simples entre os períodos e as
medidas de comprimento e tempo:
s    kT1 , s    kT2
O princípio da relatividade nos impõe que as mesmas medidas
devem ser realizadas pelo observador em S:
T2  T1 T2  T1
  k , s  k
2 2
s     kT2,  
s    kT1
Mas, segundo o cálculo-K,
T1  K T1 , T2  K T2
que nos conduz a relação:
  1 2
1 2  TT
TT
Substituindo as relações entre os tempos e comprimentos:
 s    s      s    s   
k2 k2
 2  s2    2  s 2 
Essa é a forma “quadrática própria”. As coordenadas próprias e
locais de tempo e espaço se relacionam por meio das relações:
s  x

 R  kt
P á g i n a | 60

Que é a forma quadrática do espaço-tempo. Das relações entre os


dois sistemas inerciais, temos as seguintes relações:
T1
T1  T2  K T2
K
Vamos agora obter a transformação de Lorentz, substituindo a
relação x:
KT2  T1 K 
sk
2
K  kT2    kT1
2

s
2K
K   s      s 
2
 
s
2K

s
 K  1    K 2  1 s
2

2K
Vamos calcular os o valor dos termos nos parêntesis:
1  P R   1  P R  
 K  1  1  P R    1
2
 K 2  1  1  P R  
1

2 P R  
 K  1  1  P R  
2
K 2
 1 
2
1  P R  

Substituindo os valores do fator K:


2s   2 P R   
s
2 K 1  P R   

Agora vamos calcular o fator no denominador:


P á g i n a | 61

 1  P R   
K 1  P     
R
 1  P R   
 1  P   
R
 
K 1  P R      1  P    1  P    
R R

K 1  P R      1  P    
R2

K 1  P R    
1
P  

R

Substituindo na equação,

  PR      sP R   
R  R PR    R 2 sPR  
kt  kt PR    R 2 xPR  
x R
t  t PR    R 2 P  
k
Essa é a transformação da coordenada t. Vamos obter a
transformação do espaço.
KT2  T1 K 
sk
2

s
K 2
 1 s   K 2  1 
2K
s  PR    s  P R   
s  sPR    R PR  
x  xPR    kt PR  
P á g i n a | 62

Para encerrarmos este tópico sobre cálculo K, recorremos as


reflexões de Bohm (2015, p. 190):
É evidente que o cálculo K nos fornece uma maneira muito
direta de obter muitas das relações que foram historicamente
derivadas primeiro com base na transformação de Lorentz. A
vantagem do cálculo de K é que torna muito evidente a conexão
entre essas relações e os princípios e fatos básicos subjacentes à
teoria. De fato, partindo do princípio da relatividade e da
invariância da velocidade da luz, vimos que a própria
transformação de Lorentz se segue simplesmente de certas
características geométricas e estruturais dos padrões de certos
conjuntos de eventos físicos. No entanto, por mais elegante e
direto que seja, o cálculo de K ainda não foi desenvolvido o
suficiente para substituir a transformação de Lorentz em todas
as diferentes relações que são significativas na teoria da
relatividade. Assim, a situação atual é que a abordagem da
transformação de Lorentz e a abordagem do cálculo do K se
complementam, no sentido de que cada uma delas oferece
percepções que não são prontamente obtidas na outra. Além
disso, o cálculo de K é relativamente novo, de modo que a maior
parte da literatura existente é expressa em termos da abordagem
de transformação de Lorentz. Embora seja possível que o cálculo
de K possa eventualmente ser desenvolvido o suficiente para
substituir a transformação de Lorentz como uma fundação da
teoria matemática, parece que por algum tempo, pelo menos, a
transformação de Lorentz continuará a ser o principal modo de
expressar a teoria matemática, enquanto o cálculo K servirá para
fornecer insights adicionais sobre o significado da teoria.

Assim, o cálculo K de Bondi está generalizado para qualquer


variedade Espaço-Tempo e podemos usa-la com a mesma eficiência
no espaço euclidiano e galileano.
P á g i n a | 63

6. Super Grupo de Poincaré

6.1. S-Grupo de Lorentz SO  p, R , 3 + i, R 


Definimos a matriz s-transformação de Lorentz pela aplicação:
 PR  a  PR  a  
 R  a    2 R 
  R P  a  P  a  
R

Vamos agora provar que as s-transformadas de Lorentz formam


um grupo abeliano. Matematicamente, dizemos que um conjunto
GGL munido de uma operação interna que chamaremos por produto,
GGL   R  ai  ,  , é um grupo se para todo elemento do conjunto
verificam-se as quatro primeiras propriedades abaixo:

1.  R  a3    R  a1   R  a2  |  R  a3   GGL   R  ai  , 
2.  R  a1    R  a2   R  a3      R  a1   R  a2    R  a3 
3.  R  I  |  R  I   R  ai    R  ai   R  I    R  ai 
4.  R  a j     R   ai  |  R  a j   R  ai    R  ai   R  a j    R  I 
1

5.  R  a1   R  a2    R  a2   R  a1  |  R  a1   R  a2   GGL   R  ai  ,  

Se grupo satisfaz a quinta propriedade é chamado de comutativo


ou abeliano. Vamos primeiro verificar a propriedade do fechamento:
 R  a3    R  a1   R  a2  |  R  a3   GGL   R  ai  , 

 PR  a1   PR  a1    PR  a2   PR  a2  


  a3    2 R
R
   2 R 
  R P  a1  P  a1     R P  a2  P  a2  
R R
P á g i n a | 64

 PR  a1  PR  a2   R 2 PR  a1  PR  a2   P  a1  P  a2   P  a1  P  a2  


R R R R

  a3    2 R 
R

  R P  a1  P  a2   R P  a1  P  a2  R P  a1  P  a2   P  a1  P  a2  
R 2 R R 2 R R R R


 P a  P a   R P a  P a 
a    
R


R 2


R


R

 P
R
 a  P  a   P  a  P  a  

R


R


R

 a  P  a   R P  a  P  a  
R 1 2 1 2 1 2 1 2

  R  P  a  P  a   P  a  P  a 
3 2 R R R R R R 2 R R

 1  2  1  2
P 1  2  1  2

Usando as regras de soma de arcos, obtemos:

 PR  a1  a2   PR  a1  a2  
  a3    2 R
R

  R P  a1  a2  P  a1  a2  
R

 PR  a3   PR  a3  
  a3    2 R
R

  R P  a3  P  a3  
R

Observe que o lado direito é a definição da transformação de


Lorentz para um ângulo a3, portanto  R  a3   GGL   R  ai  ,  . Por
esta fórmula podemos concluir que:

 R  a3    R  a1   R  a2    R  a1  a2 

Vamos usa-la para demonstrar a associatividade:


 R  a1    R  a2   R  a3      R  a1   R  a2    R  a3 
 R  a1    R  a2  a3      R  a1  a2    R  a3 
 R  a1   a2  a3    R  a1  a2   a3 

como a soma dos ângulos é associativa, a igualdade é verdadeira.


Agora, vamos provar a comutatividade, assim não precisaremos
provar que o elemento neutro e o elemento inverso comutam, já que
a comutatividade é assegurada para todos os ângulos.
P á g i n a | 65

 R  a1   R  a2    R  a1  a2 
 R  a1  a2    R  a2  a1 
 R  a1   R  a2    R  a2   R  a1 
como a soma de ângulos comuta, então a igualdade está garantida.
Agora vamos determinar quem é o elemento identidade das s-
transformações de Lorentz.
 R  I   R  ai    R  ai 
 R  I  ai    R  ai 
I  ai  ai  I  0
como o ângulo zero pertence ao conjunto dos ângulos e é único,
portanto existe um único elemento neutro ou identidade, que é
expresso pela seguinte matriz:

 PR  0   PR  0   1 0
  0    2 R
R
    0   
R

  R P  0  P  0  
R
0 1
Por fim, iremos calcular o elemento inverso:

 R  a j     R  ai   |  R  a j   R  ai    R  ai   R  a j    R  I 
1

 R  a j   R  ai    R  0 
 R  a j  ai    R  0 
a j   ai

Como o domínio dos ângulos são os números reais, então -ai é um


elemento do conjunto e é único, portanto existe um único elemento
inverso. A matriz inversa será dada por:
P á g i n a | 66

 P R  a   PR  ai  
  ai    2 R i 
  R P  ai  P  ai  
R

 PR  ai     PR  ai   
  ai    
  R 2   PR  ai   P R
 a  
    i 
 P R  a  PR  ai  
 1  ai     ai    2 R i 
 R P  ai  P  ai  
R

Portanto, provamos que as transformadas de Lorentz formam um


grupo abeliano. O uso de funções de Poincaré torna a demonstração
extremamente simples e elegante. Agora convém mostrar porque
chamamos esse grupo de SO  p, R , 3 - i, R  .

Da teoria dos quartenions, estabelecemos as seguintes relações de


ortogonalidade:
i , i  1  ,  0 p, p  1
i,   0 i,   0 p, i  0
i, p  0 p,   0 p,   0
Observe que se tomarmos R como a unidade imaginária, teremos
o grupo de rotações no espaço-tempo euclidiano SO(4):

SO  p, i , 3 - i, i 
 Pi  a   Pi  a  
  a    2 i
i

 i P  a  P  a  
i

Substituindo os valores obtemos:


P á g i n a | 67

SO  0, 4   SO  4 
 cos  a   sin  a  
i  a    
 sin  a  cos  a  
Agora, tomando R como a unidade dual, teremos o grupo de
rotações no espaço de Galileu, SO(3):

SO  p,  , 3 - i,  
 P  a   P  a  
  a    2 i 
  P  a  P  a  

Substituindo os valores obtemos:

SO  0, 3   SO  3 
 1 a 
  a    
0 1 
Por fim, para obter o grupo de Lorentz SO(1,3), tome R = p.

SO  p,p , 3 - i,p 
 Pp  a   Pp  a  
  a    2 p
p

  p P  a  P  a  
p

Substituindo os valores obtemos:

SO 1, 3 
 cosh  a   sinh  a  
 p a   
 sinh  a  cosh  a  
P á g i n a | 68

Portanto, o grupo generalizado de Lorentz SO  p, R , 3 - i, R 


permite gerar, por meio da variação do parâmetro R, as três
principais grupo de rotações que geram as variedades de Galileu,
Lorentz e Euclides. Observe que se admitimos a existência de
dimensões negativas, podemos admitir a existência de um grupo com
parâmetro negativo. O estudo desse grupo se mostrará bastante
simples, graças ao seguinte teorema:

Teorema:
“O grupo SO(-1, n-1) é isomórfico à SO(n)”

Prova:
Tomemos o número hipercomplexo q definido por:
n 1
q   xi  it
i 1

De acordo com nosso modelo t corresponde a uma dimensão


negativa devido à presença do número imaginário, portanto o grupo
dos elementos q é composto de n-1 elementos espaciais positivos e
um temporal negativo, SO(-1,n-1). Se tomarmos a norma ao
quadrado de q obteremos:
q, q  x12  x22  x32   xn21  t 2

Que é a forma quadrática fundamental de uma hiperesfera de n


dimensões que é gerada pelo grupo das rotações em n-dimensões
SO(n). Portanto tanto SO(-1, n-1) quanto SO(n) são geradores das
rotações euclidianas, portanto os dois grupos são isomórficos.
P á g i n a | 69

6.2. Geradores Infinitesimais do Espaço-Tempo


Vamos agora calcular os geradores do espaço-tempo. Usando a
equação de Poincaré para calcular os geradores necessários:
n2  n
var j 
2
n  4  var j  6
Portanto precisamos de seis parâmetros livres para calcular os
geradores do espaço-tempo. Essa é a razão da álgebra de Lie não
abeliana do espaço-tempo, que corresponde as linhas de universo
serem descritas por 6-vetores. Quem são os nossos seis parâmetros?
São as rotações espaciais (rot) (três parâmetros) e os boosts de
Lorentz (três parâmetros). Portanto as equações com seus
parâmetros são (POINCARÉ, 1906):

 f1  x  y z  z y  f 4  R 2  x  kt y  y kt 
 
Rot  f 2  y  x z  z x Boosts  f 5  R 2  y  kt z  z kt 
 f  z  x y  y x 
 3  f 0  R  z  kt x  x kt 
2

Vamos determinar os geradores infinitesimais:


X 0  M 00 0  M 101  M 20 2  M 30 3
X 1  M 01 0  M 111  M 21 2  M 31 3
X 2  M 02 0  M 121  M 22 2  M 32 3
X 3  M 03 0  M 131  M 23 2  M 33 3
X 4  M 04 0  M 141  M 24 2  M 34 3
X 5  M 05 0  M 151  M 25 2  M 35 3
Substituindo os índices das derivadas:
P á g i n a | 70

X 0  M 00 t  M 10 x  M 20 y  M 30 z


X 1  M 01 t  M 11 x  M 21 y  M 31 z
X 2  M 02 t  M 12 x  M 22 y  M 32 z
X 3  M 03 t  M 13 x  M 23 y  M 33 z
X 4  M 04 t  M 14 x  M 24 y  M 34 z
X 5  M 05 t  M 15 x  M 25 y  M 35 z
Agora vamos calcular os valores dos coeficientes Mij:
fi  ct , x, y, z ,  ct ,  x,  y,  z 
M i1  ct , x, y, z  
  al 

  x  y z  z y    y  x z  z x 
M 01  M 02 
  kt    kt 
M 01  0 M 02  0

  z  x y  y x    x  kt y  y kt 
M 03  M 04  R 2
  kt    kt 
M 03  0 M 04  R 2 y
  y  ct z  z kt    z  kt x  x kt 
M 05  R 2 M 00  R 2
  kt    kt 
M 05  R 2 z M 00  R 2 x
  x  y z  z y    y  x z  z x 
M11  M12 
  x    x 
M11  0 M12  z
P á g i n a | 71

  z  x y  y x    x  kt y  y kt 
M13  M14  R 2
  x    x 
M13   y M14  0

  y  kt z  z kt    z  kt x  x kt 
M 15  R 2 M 10  R 2
  x    x 
M 15  0 M 10  R 2 kt
  x  y z  z y    y  x z  z x 
M 21  M 22 
  y    y 
M 21   z M 22  0

  z  x y  y x    x  kt y  y kt 
M 23  M 24  R 2
  y    y 
M 23  x M 24  R 2 kt
  y  kt z  z kt    z  kt x  x kt 
M 25  R 2 M 20  R 2
  y    y 
M 25  0 M 20  0

  x  y z  z y    y  x z  z x 
M 31  M 32 
  z    z 
M 31  y M 32   x

  z  x y  y x    x  kt y  y kt 
M 33  M 34  R 2
  z    z 
M 33  0 M 34  0
P á g i n a | 72

  y  kt z  z kt    z  kt x  x kt 
M 25  R 2 M 30  R 2
  z    z 
M 35  R 2 kt M 30  0

Substituindo os valores dos coeficientes M nas equações dos


geradores infinitesimais:
X 0  R 2 x t  R 2 kt  x  0 y  0 z X 0  R 2  x t  kt  x 
X 1  0 t  0 x  z y  y z X 1  y z  z  y
X 2  0 t  z x  0 y  x z X 2  z x  x z
X 3  0 t  y x  x y  0 z X 3  x y  y x
X 4  R 2 y t  0 x  R 2 kt y  0 z X 4  R 2  y t  kt  y 
X 5  R 2 z t  0 x  0 y  R 2 kt z X 5  R 2  z t  kt  z 

Os geradores infinitesimais do espaço-tempo são os vetores de


Killing do S-grupo de Lorentz SO  p, R , 3 - i, R  .

O conjunto composto pelos elementos X1, X2, X3 são as rotações


espaciais ao redor dos eixos x, y, e z, concomitantemente. Já o
conjunto composto pelos elementos X0, X5, X6 são os boosts de
Lorentz nas direções x, y, z, respectivamente.

6.3. Constantes da Estrutura do Espaço-Tempo


Vamos agora calcular os tensores da estrutura espaço-tempo por
meio dos seus geradores infinitesimais. Deveremos expandir 15
colchetes de Lie, porém como os geradores são funções lineares, os
cálculos são simples. Fixando o gerador X0, teremos:
P á g i n a | 73

 X 0 , X 1   C010 et  C011 ex  C012 ey  C013 ez


 X 0 , X 1   R 2  x t  kt x   y z  z y   R 2  y z  z y   x t  kt x 
 X 0 , X 1   C010  C011  C012  C013  0

 X 0 , X 2   C020 et  C021 ex  C022 ey  C023 ez


 X 0 , X 2   R 2  x t  kt x  z x  x z   R 2  z x  x z  x t  kt x 
 X 0 , X 2    R 2 kt x  x z   R 2 z x  x t 
 X 0 , X 2    R 2  z t  kt z    X 5
C020   R 2 z , C02
3
  R 2 kt , C02
1
 C022  0

 X 0 , X 3   C030 et  C031 ex  C032 ey  C033 ez


 X 0 , X 3   R 2  x t  kt x   x y  y x   R 2  x y  y x   x t  kt x 
 X 0 , X 3   R 2 kt x  x y   y x  x t 
 X 0 , X 3   R 2  kt y  y t   X 4
C030   R 2 z , C03
3
  R 2 kt , C03
1
ex  C032  0

 X 0 , X 4   C040 et  C041 ex  C042 ey  C043 ez


 X 0 , X 4   R 4  x t  kt x   y t  kt y   R 4  y t  kt y   x t  kt x 
 X 0 , X 4   R 4 x t  kt y   R 4 y t  kt x 
 X 0 , X 4   R 4  x y  y x   R 4 X 3
C040  C04
3
 0, 1
C04   R 4 y, C042  R 4 x
P á g i n a | 74

 X 0 , X 5   C050 et  C051 ex  C052 ey  C053 ez


 X 0 , X 5   R 4  x t  kt x  z t  kt z   R 4  z t  kt z  x t  kt x 
 X 0 , X 5   R 4 x t  kt z   R 4 z t  kt x 
 X 0 , X 5   R 4  x z  z x   R 4 X 2
C050  C052  0, 1
C05   R 4 z , C05
3
 R4 x

Veja que a álgebra de Lie desse espaço, corresponde a rotações


no espaço-tempo que preservam a forma quadrática. A partir de X0
já geramos X2, X3, X4 e X5. Vamos calcular, os comutadores fixando
X1, X2, ..., X4.

 X 1 , X 2   C120 et  C121 ex  C122 ey  C123 ez


 X 1 , X 2    y z  z y   z x  x z    z x  x z   y z  z y 
 X 1 , X 2   y z  z x   x z  z y 
 X 1 , X 2   y x  x y   X 3
 X 1 , X 2   C120  C123 ex  0, C121  y, C122   x

 X 1 , X 3   C130 et  C131 ex  C132 ey  C133 ez


 X 1 , X 3    y z  z y  x y  y x    x y  y x  y z  z y 
 X 1 , X 3   z y  y x   x y  y z 
 X 1 , X 3   z x  x z  X 2
C131  z , C133   x, C130  C132  0
P á g i n a | 75

 X 1 , X 4   C140 et  C141 ex  C142 ey  C143 ez


 X 1 , X 4   R 2  y z  z y  y t  kt y   R 2  y t  kt y  y z  z y 
 X 1 , X 4    R 2 z y  y t   kt y  y z 
 X 1 , X 4    R 2  z t  ct z    X 5
C141  C142  0, C040   R 2 z , C04
3
  R 2 kt

 X 1 , X 5   C150 et  C151 ex  C152 ey  C153 ez


 X 1 , X 5   R 2  y z  z y   z t  kt z   R 2  z t  kt z   y z  z y 
 X 1 , X 5   R 2 y z  z t   R 2 kt z  z x 
 X 1 , X 5   R 2  y t  kt x   X 4
C152  C153  0, C150  R 2 y, C153  R 2 kt

 X 2 , X 3   C230 et  C231 ex  C232 ey  C233 ez


 X 2 , X 3    z x  x z   x y  y x    x y  y x   z x  x z 
 X 2 , X 3   z x  x y   y x  x z 
 X 2 , X 3   z  x  y z   X 1
1
C23  z , C23
3
 y, C23
0
 C232  0

 X 2 , X 4   C240 et  C241 ex  C242 ey  C243 ez


 X 2 , X 4   R 2  z x  x z   y t  kt y   R 2  y t  kt y   z x  x z 
0
C24  C24
1
 C242  C24
3
0
P á g i n a | 76

 X 2 , X 5   C250 et  C251 ex  C252 ey  C253 ez


 X 2 , X 5   R 2  z x  x z  z t  kt z   R 2  z t  kt z  z x  x z 
 X 2 , X 5    R 2 x z  z t   R 2 kt z  z x 
 X 2 , X 5    R 2  x t  kt x    X 0
C252  C253  0, C250   R 2 x, C25
1
  R 2 kt

 X 3 , X 4   C340 et  C341 ex  C342 ey  C343 ez


 X 3 , X 4   R 2  x y  y x  y t  kt y   R 2  y t  kt y  x y  y x 
 X 3 , X 4   R 2 x y  y t   R 2kt y  y x 
 X 3 , X 4   R 2  xt  kt x   X 0
C342  C343  0, C340  R 2 x, C34
1
 R 2 kt

 X 3 , X 5   C350 et  C351 ex  C352 ey  C353 ez


 X 3 , X 5   R 2  x y  y x   z t  kt z   R 2  z t  kt z   x y  y x 
C350  C35
1
 C352  C335  0

 X 4 , X 5   C450 et  C451 ex  C452 ey  C453 ez


 X 4 , X 5   R 2  yt  kt y   z t  kt z   R 2  z t  kt z   y t  kt y 
 X 4 , X 5   R 2 y t  kt z   R 2 z t  ct y 
 X 4 , X 5   R 2  y z  z  x   R 2 X 1
C450  C452  0, 1
C45   R 2 z , C453  R 2 y
P á g i n a | 77

Portanto, no espaço-tempo Lorentziano e Euclidiano há dois tipos


de rotação (espaciais e boosts), enquanto no espaço Galileamo só
existe uma forma de rotação. Além disso, no espaço-tempo existem
três rotações que geram valores nulos.

 X3, X 4    X5, X 2   X 0  X 2 , X1   X 3
 X 3 , X 2   X1  X 0 , X 4   R4 X 3
 X 4 , X 5   R2 X1  X1, X 5    X 0 , X 3   X 4
 X1, X 3   X 2  X 2 , X 0    X 4 , X1   X 5
 X 0 , X 5   R4 X 2  X 0 , X1    X 2 , X 4    X 3 , X 5   0
Esses permutadores compõe um tensor antissimétrico com 36
componentes, sendo que apenas 12 destas componentes não são
nulas, sendo que apenas seis são independentes, que correspondem
aos seis geradores do grupo de Lorentz.

6.4. Isomorfismo com o Grupo PSL (2,C)


Existe uma transformação especial, compatível com o Princípio
da Relatividade, definida no corpo dos números complexos,
denominada de Transformação de Möbius. Obtemos essa
transformação por meio de isomorfismo de grupos de Lie. Observe
que o grupo de Poincaré é um grupo do tipo SO e, como o grupo
SL( 2R ,R) define um mapa de spinores sobre SO então o grupo de
4

Lorentz é isomórfico ao grupo de Möbius PSL( 2R ,R). Vamos


4

definir a ação do mapa sobre o espaço-tempo por meio da aplicação:


X QXQ
X†  XT  X
P á g i n a | 78

onde X é uma matriz hermitiana e Q uma matriz de determinante


unitário, definidas por:

 Rkt  z x y   
X   Q     1
 x y Rkt  z    

As condições impostas sobre X e Q fazem com que o mapa


preserve o determinante:
det X det  QXQ 
det X  det Q  det X   det Q 
det X det X
Essa transformação tem a mesma estrutura da transformação
conforme de Möbius de uma superfície de Riemann R² e o plano
hipercomplexo estendido:
w 
w     1
w 
O determinante da matriz X deve ser preservado, pois ele define
o invariante da forma quadrática fundamental do espaço-tempo:
det X   Rkt  z  Rkt  z    x  y  x  y 
det X  R 2 k 2t 2  x 2  y 2  z 2
O que prova que a aplicação é um mapa entre as transformações
de Poincaré e as transformações de Möbius. Painléve (1922) mostrou
que esse isomorfismo permite violar a lei da inércia e o princípio da
propagação retilínea da luz. Tomando estes fatos como verdades
empíricas, devemos enunciar um terceiro postulado, impondo que o
grupo de Poincaré seja isomórfico apenas a transformação
identidade de Möbius.
P á g i n a | 79

6.5. 4-Vetores na Variedade Espaço-Tempo


Como mostramos o espaço-tempo plano é definido pela sua
característica anelar R². Em particular, nossas definições se tornam
singulares se R² for um número nilpotente de segunda ordem. Para
tornarmos as nossas definições o mais geral possível e evitar as
singularidades, adotaremos a convenção onde a componente
temporal assume o papel de quarta coordenada9 e vamos definir a
métrica do espaço-tempo pela seguinte regra:

 : 3 R 3 R , ij   ji |      ,  4 j   R 2 4 j 


4 4

Portanto, se R for um número nilpotente de ordem 2, a matriz


associada a métrica se torna uma matriz 3x3 que coincide com delta
de Kroenecker e a Identidade. Agora podemos estudar a estrutura
geral para a construção de 4-vetores de grandezas físicas para
podermos estudar como se transformam algumas grandezas
mecânicas, eletromagnéticas e ópticas, em variedades do espaço-
tempo. Nossos 4-vetores são estruturas algébricas que apresentam
quatro componentes:
J i   J1 , J 2 , J 3 , J 4 

Todas as componentes devem ter a mesma dimensão. A


componente zero, também chamada de componente temporal, é
sempre um escalar e, em geral, vem associada com a velocidade da
luz no vácuo, pois o eixo x0 é o eixo espacial kt. As demais
componentes, conhecidas como espaciais, são as componentes de
um vetor no espaço. Nestas condições, podemos escrever:

9
Assumiremos o tempo como a quarta coordenada por uma finalidade puramente
didática, visto que a convenção não altera os resultados.
P á g i n a | 80


Ji  J , J 4 
Existe uma importante relação entre os vetores covariantes e
contravariantes envolvendo o tensor métrico do espaço:
J i  ij J j

Sendo a métrica orientada como (-R²,1,1,1), então as


componentes do 4-vetor covariante se relacionam com as
contravariantes por meio da lei:

J1  11 J 1 J1  J 1 J 1  J1
J 2  22 J 2 J2  J 2 J 2  J2
 ou
J 3  33 J 3 J3  J 3 J 3  J3
J 4  44 J 4 J 4  R2 J 4 J 4  R2 J 4

Por meio dos 4vetores podemos construir invariantes


relativísticos, forma quadráticas, que relacionam as componentes
vetoriais e escalares:
J i J i  J1 J 1  J 2 J 2  J 3 J 3  J 4 J 4
Substituindo os valores do 4vetor contravariante, obtemos:
J i J i  J1 J1  J 2 J 2  J 3 J 3  R 2 J 4 J 4
J 2  J12  J 22  J 32  R 2 J 42
Que pela definição de norma pode ser escrito da seguinte forma:
2
J2  J  R 2 J 42
J 2  J  J  R 2 J 42
P á g i n a | 81

O escalar J é um invariante, isto é, não depende da escolha do


referencial. Escolheremos J como sendo a medida efetuada no
referencial próprio, quando o ângulo de rotação é zero.

J i   J1 PR  0   J 4 PR  0  , J 2 , J 3 , J 4 PR  0   R 2 J1PR  0  


J io   J1o , J 2o , J 3o , J 4o  (referencial próprio do corpo)

Portanto nosso invariante pode ser expresso pelas relações:


2 2
Jo  J  R 2 J 42
2
J o  J o  R 2 J 4o 2  J  R 2 J 42

Para 4-vetores não-nilpotentes, existe sempre um referencial onde


as componentes espaciais são todas nulas. Nessas condições,
podemos escrever a relação:
2
R 2 J 4o 2  J  R 2 J 42

Uma consequência da covariância é que o módulo de um tensor


não depende da escolha dos referenciais. Assim, podemos definir a
norma de um vetor a partir da característica anelar:
2
J  R 2 J 4o 2  R 2 J 42

 R 2  J 4o 2  J 42 
2
J

J  R  J 4o 2  J 42 
1/2

Essa relação permite estabelecer um isomorfismo entre o espaço


da norma dos 4-vetores e o espaço das características anelares.
Assim, a covariância de Lorentz para os 4-vetores será:
P á g i n a | 82

COVARIANTE
J i   J1 , J 2 , J 3 , J 4 
J i   J1 PR  a   J 4 PR  a  , J 2 , J 3 , J 0 PR  a   R 2 J1PR  a  


J i    J1   J 4  , J 2 , J 3 ,   J 4  R 2  J1  
CONTRAVARIANTE
J i   J 1, J 2 , J 3 , J 4 
J i   J 1 PR  a   J 4 PR  a  , J 2 , J 3 , J 4 PR  a   R 2 J 1PR  a  


J i    J 1   J 4  , J 2 , J 3 ,   J 4  R 2  J 1  
Registre que os p-vetores covariantes são chamados de p-formas
ou p-covetores, enquanto os q-vetores contravariantes são chamados
de q-vetores.

6.6. S-Grupo de Poincaré


Antes de prosseguirmos em nosso estudo sobre Teoria da
Relatividade Especial, vamos discutir a representação dos Super (S-)
Grupos de Poincaré e Lorentz, isto é, as generalizações dos grupos
realizadas por meio das funções de Poincaré. Esse capítulo tem como
principal fonte o livro Matemática para Físicos com Aplicações
(BARCELOS NETO, 2010, p. 157-168). Também iremos abordar o
conceito de representação spinorial.
Tomemos dois sistemas inerciais de referencial no espaço-tempo
de Poincaré-Minkowski. Dado intervalo de universo ds²,
ds 2  ij dx i dx j
P á g i n a | 83

A métrica do espaço-tempo de Poincaré-Minkowski se


transforma como um tensor covariante de segunda ordem:
xi x j
nm  ij
x m x n
Diferenciando a equação em relação a coordenada xp:
 2 xi x j xi  2 x j
ij   0
x p x m x n x m x p x n
ij

O teorema de Schwarz permite permutar as derivadas, assim


podemos trocar a ordem livremente, permutando no segundo termo
a derivada em xm com xn e x’i e x’j,
 2 xi x j  2 xi x j
ij p m n  ij p m n  0
x x x x x x
 x x j
2 i
ij p m n  0
x x x
Tanto o tensor métrico quanto a matriz de transformação
(jacobiano) possuem determinante não-singular, portanto, essa
igualdade só é válida se:
 2 xi
0
x p x m
Integrando a função em relação a xp e xm:
i
xi   i  x p   R 
p

Onde as matrizes são com coeficientes constantes. Qualquer


transformação que satisfaça essa relação e forme um grupo é
chamado de Grupo de Poincaré ou Grupo Não Homogêneo de
Lorentz. Se o coeficiente i for nulo, temos o grupo homogêneo de
P á g i n a | 84

Lorentz. Substituindo essa relação na transformação do tensor


métrico:

 x p R i x
p
j 
nm  ij  m      R  
 x
p x n

p

As derivadas se transformam como o tensor de Kroenecker:

 i
nm  ij  mp   R  p  np   R  p
j

 i
nm  ij   R  m   R  n
j

Em notação absoluta, essa é equação dos automorfismos internos:

  R   R 

Tomando o determinante:

det   det   R     R  


 
det   det   R  det  det   R 

det      1
2
 R

Assim teremos duas soluções possíveis:


det   R   1

det   R
 1  
det     1

R

Expandindo a transformação da métrica:

 i
nm  ij   R  m   R  n
j

P á g i n a | 85

 0 0

nm  00   R  m   R  n      R  m   R  n   

 0 0
nm   R 2   R  m   R  n    R  m   R  n   

Para a coordenada temporal, temos a seguinte transformação:

 0 0
 
00   R 2   R  0   R  0    R  0   R  0
 

        
 R 2   R 2   R 
0
0 2 R 

0
R 
0

R       R         
2 R 0 2 2 R  R 
0 0 0



R 2    R 

0 2

0

 
 1    R    R 
 0

0  
Aqui há uma relação que nos permite definir a característica
anelar da variedade:

       
R  R 
0 0
R2 
      1
  R 0 2

  0

Se R for um número nilpotente de ordem dois, resulta que:

    

0

   0  0


Para os demais números hipercomplexos, teremos:

        R  R 

     R
R 0 2

0
1
0
2
0
P á g i n a | 86

Como o menor valor do produto das matrizes de Lorentz é zero,


podemos majorar a expressão acima e concluir que:

   R 
0 2

0  1

Portanto, a matriz temporal de Lorentz admite duas soluções:


 R  0  1
0   0
   0  1 
R
 0
 R   1
  0
Denotando por + e – os valores do determinante e por  e  os
valores da matriz temporal de Lorentz, teremos quatro conjuntos
possíveis:

P R

, PR , PR , PR 

Destes conjuntos, podemos formar quatro grupos:

ORTOCRONO PRÓPRIO PRÓPRIO


PR PR  PR  PR

ORTOCRONO GRUPO ANTICRONO


PR  PR  PR PR  PR  PR

GRUPO ORTOCRONO PRÓPRIO DE LORENTZ


SO  p, R ,3  i, R 
 R 
 3 R 2  3 R 2 |    j  ,          , det     1,  
R i R † R 0
R R
 1
    0

P á g i n a | 87

6.7. S-Transformações Ortocrônicas de Lorentz


Até o presente momento, trabalhamos apenas com as
transformações de Lorentz considerando que o movimento entre os
referenciais inerciais fossem longitudinais. Agora, devemos
generalizar essas transformações para o movimento inercial
arbitrário. Definimos o vetor posição no espaço-tempo de Galileu
pela seguinte equação paramétrica:
ro  r  vt
ro  r   vt
Vamos decompor o vetor posição em função de suas componentes
longitudinal e transversal a velocidade da partícula em dois
referenciais inerciais:
v
r r  r
v
v
r   r   r
v
como a componente longitudinal tem o mesmo sentido da
velocidade, o versor da posição longitudinal pode ser definido em
função da velocidade. Multiplicando a primeira equação por v:
v v
v r  r  v  r
v
v r  rv
Isolando a componente longitudinal do vetor de posição,
v r
r 
v
Substituindo esse valor na primeira equação,
P á g i n a | 88

r
v  r  v
 r
v v

r
v  r  v  r

v2
Isolando a componente transversal,

r  r 
v  r  v
v2
Com base nas transformações de Lorentz, descobrimos que as
componentes transversais se mantém invariantes (LOGUNOV,
2005). Isso permite que escrevamos as seguintes transformações:
r     r  vt 
r  r
 v 
t    t  R2 2 r 
 k 
Substituindo os valores da componente longitudinal e transversal:
 v  ro      v  ro   vt 
 
v  v 

r 
 v  ro  v  r   v  ro  v
v2 v2
Para obtermos as transformações operaremos a segunda equação:
  v  ro   v  v  ro  v
r    r
 v v v2
Substituindo a transformação longitudinal no termo em colchetes:
P á g i n a | 89

 v  r  v v  r 
r     vt   r  2 v
 v v v
v  r 
r    2 v  tv  r  2 v
v  r 
v v
v  r  v  r 
r   r   2 v  2 v  tv
v v
Evidenciando, obtemos a transformação geral de Lorentz da
posição e, portanto, as transformações gerais de Lorentz para
qualquer variedade espaço-temporal plana são:

r   r     1
 v  r  v  tv
v2
 R2 
t    t  2 v  r  

 k 

6.8. Matrizes Ortocrônicas do S-Grupo de Poincaré


Por meio da Teoria de Grupos estabelecemos que o grupo de
Poincaré é um grupo ortocrônico próprio do tipo

 
SO  R 2 ,3   R    |   R   , 
i

  3R  3R  


4 4 j

      ,
R † R
det   R   1,  
R 0
0 
1

que satisfaz a seguinte equação afim:


xi   i  x p   R 
i

p
P á g i n a | 90

Agora iremos estudar os subgrupos de Poincaré, as matrizes de


transformação e boost. Detalhes sobre este capítulo pode ser visto
em Barcelos Neto (2010, p. 161-168). Podemos representar a matriz
de Lorentz da seguinte forma:
 PR 0
 
R i
 
 0 R 
p

Onde L é a matriz de rotações no espaço-tempo e R são as


matrizes de rotação de SO(2).

 PR  PR 
P R   2 R 
 R P PR 

 cos   sin  
R   
 sin  cos  

Se o sistema não apresentar translações (que correspondem a


rotações no espaço hipercomplexo), a matriz PR é a matriz
identidade:
1 0
PR   
0 1
Nesse caso, o grupo de Poincaré corresponde ao grupo
estacionário de Galileo:
I 0 
 
R i
 
0 R 
p

Se o sistema não apresentar rotações, R é a matriz identidade:


1 0
R   
0 1
P á g i n a | 91

E teremos a matriz especial de boosts de Lorentz:


 PR 0
 R i
 
 0 I
p

Podemos ainda obter uma matriz mais geral de boosts, que


chamaremos de matriz de Poincaré e denotaremos pela letra   R  .
i

  00 10  02 30 
 1 
 11 12 13 
 R i
p
  02
 0 12  22 32 
 3 
 0 13 32 33 
A matriz de transformação de Poincaré deve obedecer a
transformação do grupo:

xi   i  x p   R 
i

 kt     0    00 10  02 30   kt 
      1  
 x    1    0 11 12 13   x 
 y    2    02 12  22 32   y 
     3  
 z    3   0 13 32 33   z 
Efetuando o produto e a soma das matrizes,

 kt     0  kt  00  x10  y  02  z 30 
   1 
 x    1  kt  0  x1  y  2  z 3 
1 1 1

 y    2  kt  02  x12  y  22  z 32 
   3 

 z     3  kt  0  x1  y  2  z 3 
3 3 3
P á g i n a | 92

Tomemos as transformações de coordenadas do espaço-tempo:

 R2 
r     r     1
 v  r  v  tv

kt   0    kt  v  r  
 k  v2

Vamos expandir as transformações, começando pela temporal:

R2 R2 R2
kt    0  kt   xvx   yv y   zvz
k k k
Definindo a razão v/k como fator beta, nossa equação se torna:

kt    0  kt  R 2 x x  R 2 y  y  R 2 z  z

Portanto os coeficientes da primeira linha devem ser:

 0   0 ,   R 0
0
,  R 0

 R 2  

Agora vamos abrir as equações espaciais:

r     r     1
 v  r  v  tv
v2
vv v y v vv
x     x     1 x 2 x     1 2 y     1 z 2 z  tv
v v v
k 2 v x v k 2 v y v k 2 v z v v
x     x     1 2 2
x     1 2 2
y     1 2 2
z  kt
k v k v k v k

Usando o fator beta de Lorentz, obtemos:

x   y  z 
x         kt  x     1 x     1 y     1 z
 2
 2
2
P á g i n a | 93

Portanto, as componentes espaciais são:

  x2   
x   x    x  kt  1     1 2  x     1 y 2 x y     1 z 2 x z
    
x y   y2  
y   y    y  kt     1 2 x  1     1 2  y     1 z 2 y z
    
   2 
z   z    z  kt     1 x 2 z x     1 y 2 z y  1     1 z2  z
    
Portanto as componentes da matriz são:
 0   0    
 2
 R      R   1    1
0 

0  2
  
    
R 0

R 
0
 R 2              1
R 

R 
 2
Essa matriz é consistente com a definição do grupo de Poincaré,
pois ela deve ser, como esperado, hermitiana:

 
R i†
  R    R 
j j

j i i

É fácil verificar que essa matriz é gerada pela seguinte regra:

 se i  j  0
 R2 2
 
R i
 i  j  0  
   1
 ij     1 2  se i ou j  0 
j

 
E a matriz de boosts de Poincaré será dada por:
P á g i n a | 94

  R 2  x R 2  y R 2  z 


 
 R 2  1    1  x
2
x y xz 
      1    1 2 
x
2 2 
 
 
R i
 x y  y2  y z 
 R  y    1 2 1     1    1 2 
j 2

  2  
 xz   2 
 R  z    1 2    1 y 2 z 1     1 z2 
2

    

Por fim, vamos provar que a matriz de Poincaré é ortogonal.


Como a matriz de Poincaré é um automorfismo interno da variedade:

  R i
   R n  mn
j

m ij

Multiplicando pelo conjugado da métrica:

     
R i j
ij
R nk
 mn nk
m n

     
R R jk k
mj m

Multiplicando a equação por   R   km


1

mj

 km I   R   I   R mj
jk 1

    R 
R jm 1

mj

Como a matriz é hermitiana, então podemos escrever:

    R 
R jm † 1

mj

que é a condição de ortogonalidade.


P á g i n a | 95

6.9. Representação do S-Grupo de Poincaré


O s-grupo de Poincaré apresenta uma álgebra de Lie e sua matriz
é dada por uma exponencial complexa:
i
  ij Lij
e 2

Onde  são estruturas antissimétricas que correspondem aos


ij

seis parâmetros do grupo e as matrizes Lij são os geradores do


grupo. Expandindo o exponencial em série de Taylor:
i
  1   ij Lij  O
2
Onde O corresponde aos termos de ordem maior ou igual à 2.
Como estamos buscando os geradores infinitesimais o grupo,
podemos descartar os termos O.
i
  1   ij Lij
2
As matrizes geradores desse grupo são dados por:

L   i  im g jn   jm gin 
m
ij n

Inicialmente vamos introduzir as matrizes auxiliares:

1 0  0 i   i 0 
A0   , A1   , A2   
0 1  i 0   0 i 
 0 i   0 i 0 0 
A3   , A4   , A5   
0 0   i 0   0 i 

Por estas matrizes podemos construir as matrizes de Pauling:


P á g i n a | 96

0 1  0 i 
 1   A12   ,  2   A4   ,
1 0 i 0
Usando a equação dos geradores, obtemos as matrizes que geram
o grupo generalizado de Poincaré:

 A 0  0 A2   0 A3 
L01   1 , L02   , L03   T 
 0 0  A2 0   A3 0 
 0 A4   0 A5  0 0 
L12   , L13   , L23   
  A3 0    A5 0   0 A4 

A álgebra de Lie do grupo de Poincaré é dado por:

 Lij , Lkl   i  gil L jk  g jk Lil  gik L jl  g jl Lik 

Vamos construir os vetores de boosts K e rotações S:


K i   L01 , L02 , L03  , Si   L12 , L13 , L23 

Que satisfazem as leis de comutação:

 K i , K j   i ijk S k ,
 Si , K j   i ijk K k ,
 Si , S j   i ijk S k

A primeira relação forma o grupo dos boosts, porém esse grupo


não apresenta uma álgebra de Lie, pois seus elementos não são todos
boosts. A terceira relação é o grupo de rotações que por só ter
elementos de mesma classe, admite uma álgebra de Lie.
P á g i n a | 97

6.10. Spinores e Representação Spinoral


Um spinor é o equivalente algébrico a um vetor do espaço
euclidiano em um espaço complexo. Spinores são elementos que se
transformam linearmente quando um espaço euclidiano é submetido
a uma rotação infinitesimal. Essa associação dos spinores com as
rotações fica evidente em seu próprio nome que deriva da palavra
spin.que se refere ao momento angular das partículas. Definimos o
conceito de representação spinorial as N  N  1 2 matrizes  a tais
que (BARCELOS NETO, 2010, p. 148-149):

 a , b    a b  b  a  2 ab
onde o operador  a ,  b  é o anticomutador. O gerador do grupo
M ab , satisfaz uma álgebra de Lie:
i
M ab     a , b 
4
 M ij , M kl   i  il M jk   jk M il   ik M jl   jl M ik 

Há duas importantes relações envolvendo comutadores e


anticomutadores:
 AB, C   AB, C   A, C B
 A, BC    A, B C  B  A, C
Para o S-Grupo de Poincaré definiremos os seguintes spinores a
partir das matrizes de boost e as matrizes de rotação:
1
Ji   Si  iKi  ,
2
1
J i   Si  iK i 
2
P á g i n a | 98

6.11. Linhas Coordenadas do Espaço-Tempo


Em 1868-1869, os matemáticos J. Plücker e A. Cayley
introduziram dentro das álgebras geométricas o conceito de linhas
coordenadas (WHITTAKER, 1953, p. 34).

Definição10:Sejam (x0, x1, x2, x3) e (y0, y1, y2, y3) coordenadas
tétradas de dois pontos de uma linha reta p sobre a variedade espaço-
tempo, se escrevermos a sua álgebra de Lie não-abeliana:

xm yn  xn ym  pmn

As seis componentes do tensor antissimétrico (ou 6-vetor) pmn

p01 , p02 , p03 , p23 , p31 , p12

São chamadas de de linhas coordenadas de p.

Seguindo a convenção adotada por Whittaker faremos a


coordenada temporal, de índice 4, ser indexada em 0. Pela teoria
elementar das matrizes, sabemos que essa permutação de linhas não
altera as propriedades matemáticas e físicas do sistema. Nestas
condições, nossas funções de Poincaré, assumem a seguinte forma:
x0  x0 PR  v   x1R 2 PR  v  x2  x2
x1  x1PR  v   x0 PR  v  x3  x3

Agora vamos calcular as linhas coordenadas do espaço-tempo,


assumindo que as transformações em yn tem a mesma forma que as
transformações em xm:

10
Adaptada de Whittaker (1953, p. 34).
P á g i n a | 99

p01  x0 y1  x1 y0
  x0 PR  v   x1R 2 PR  v    y1PR  v   y0 PR  v  
  x1PR  v   x0 PR  v    y0 PR  v   y1R 2 PR  v  

p01  x0 y1  x1 y0
 x0 y1  PR  v    x0 y0 PR  v  PR  v 
2

 x1 y1R 2 PR  v  PR  v   x1 y0 R 2  PR  v  


2

 x1 y0  PR  v    x1 y1R 2 PR  v  PR  v 


2

 x0 y0 PR  v  PR  v   x0 y1R 2  PR  v  


2

p01  x0 y1  x1 y0
  x0 y1  x1 y0   PR  v     x1 y0  x0 y1  R 2  PR  v  
2 2

Alterando a posição dos elementos da segunda parcela:

p01  x0 y1  x1 y0
  x0 y1  x1 y0   PR  v     x0 y1  x1 y0  R 2  PR  v  
2 2

p01  x0 y1  x1 y0


  x0 y1  x1 y0   PR  v    R 2  PR  v  
2 2

Usando a relação fundamental da trigonometria hipercomplexa:
p01  x0 y1  x1 y0  x0 y1  x1 y0  p01

Portanto, concluímos que a transformação da linha p01 é dada por:
P á g i n a | 100


p01  p01
Agora vamos calcular a transformação de p0a, onde o índice a
varia de 2 à 3.
p0 a  x0 ya  xa y0
  x0 PR  v   x1R 2 PR  v    ya    xa   y0 PR  v   y1R 2 PR  v  

p0 a  x0 ya  xa y0
 x0 ya PR  v   x1 ya R 2 PR  v   xa y0 PR  v   xa y1R 2 PR  v 
  x0 ya  xa y0  PR  v    x1 ya  xa y1  R 2 PR  v 
Que resulta nas transformações:
p0 a  p0 a PR  v   p1a R 2 PR  v 

Substituindo os valores do índice de a e levando em consideração


a antissimetria,
 PR  v   p12
p02  p02  R 2 PR  v 

 PR  v   p31
p03  p03  R 2 PR  v 

Calculemos a transformação de p23:


p23  x2 y3  x2 y3
 x2 y3  x3 y2  p23

Portanto, p23 é também um invariante:

p23  p23
Por fim, determinaremos os valores de p1a, a varia de 2 à 3:
P á g i n a | 101

p1a  x1 ya  xa y1
  x1PR  v   x0 PR  v    ya    xa   y1PR  v   y0 PR  v 

p1a  x1 ya  xa y1
 x1 ya PR  v   x0 ya PR  v   xa y1PR  v   xa y0 PR  v 
  x1 ya  xa y1  PR  v    x0 ya  xa y0  PR  v 
Que resulta nas transformações:
p1a  p1a PR  v   p0 a PR  v 

Substituindo os valores do índice de a e levando em consideração


a antissimetria,
 PR  v   p03
p31  p31  PR  v 

 PR  v   p02
p12  p12  PR  v 

Portanto as transformações das componentes do 6-vetor (ou


tensor antissimétrico) são:

p01  p01
 PR  v   p12 R 2 PR  v 
p02  p02
 PR  v   p31
p03  p03  R 2 PR  v 

p23  p23
 PR  v   p03
p31  p31  PR  v 
p12  p12 PR  v   p02
 PR  v 
Observe que as linhas coordenadas com as coordenadas
temporais dependem da assinatura e as linhas compostas apenas
pelas coordenadas especiais são as mesmas para todas as variedades.
P á g i n a | 102

III – Implicações Físicas

7. Teoria Eletromagnética
As linhas coordenadas estão relacionadas as componentes do
campo eletromagnético. Se tomarmos a assinatura da variedade
lorentziana, R² = 1, então as linhas coordenadas correspondem as
transformações do campo elétrico e do campo magnético:
p01  Ex , p02  E y , p03  Ez
p23  Bx , p31  By , p12  Bz
Portanto, as linhas coordenadas do espaço-tempo lorentziano
representam o campo eletromagnético. Isso não é surpreendente, já
que desde a construção da teoria eletromagnética de Maxwell-Hertz,
os campos elétricos e magnéticos eram associados a propriedades do
éter lumífero. A teoria da relatividade rejeita a substancialidade do
éter, e propõe uma estrutura mais sofisticada denominada por H.
Minkowski de espaço-tempo. Essa estrutura geométrica herda a
operacionalidade do éter, portanto, as vibrações mecânicas do éter se
transformam em linhas coordenadas do espaço-tempo.
Motivados por essa relação entre o campo eletromagnético e as
linhas coordenadas do espaço-tempo, nós iremos postular o seguinte
princípio:

As componentes do campo eletromagnético correspondem as


linhas coordenadas do espaço-tempo, conforme a seguinte regra:
p01  Ex , p02  E y , p03  Ez ,
p23  Bx , p31  By , p12  Bz
P á g i n a | 103

Portanto, as transformações das componentes do campo elétrico


e magnético para as variedades espaço-temporais planas serão:

Ex  Ex Bx  Bx
E y  E y PR  v   Bz R 2 PR  v  By  By PR  v   Ez PR  v 
Ez  Ez PR  v   By R 2 PR  v  Bz  Bz PR  v   E y PR  v 
A partir dessas transformações é fácil ver porque é impossível
estabelecer uma construção mecânica do eletromagnetismo. A
variedade elementar da mecânica racional é a de Galileu
(LANGEVIN, 1922), portanto ela tem como assinatura um número
dual (nilpotente). Neste caso as transformações devem ser:
Ex  Ex Bx  Bx
E y  E y P  v   Bz  P  v 
 2 
By  By P  v   Ez P  v 
Ez  Ez P  v   By  2 P  v  Bz  Bz P  v   E y P  v 
E substituindo os valores,
Ex  Ex Bx  Bx
E y  E y By  By   Ez
Ez  Ez Bz  Bz   E y

Estas devem ser as transformações do campo elétrico e do campo


magnético para que os fenômenos eletromagnéticos admitam uma
descrição mecânica. É possível mostrar que essa condição exige que
o campo elétrico seja irrotacional. Isso significa que em um espaço-
tempo galileano não é possível ocorrer o fenômeno da indução de
Faraday. Por essa razão, é necessário substituir a variedade galileana,
por uma variedade euclidiana ou lorentziana. Nas próximas seções,
mostraremos a forma generalizada das equações de Maxwell e se
P á g i n a | 104

elas nos permitem decidir por vias experimentais qual a variedade


mais adequada.
Na seção anterior, verificamos que os campos eletromagnéticos
correspondem as linhas coordenadas da variedade espaço-tempo.
Essa observação sugere que a própria teoria eletromagnética tenha
aspectos topológicos. Nessa seção, propomos uma forma topológica
para as equações de Maxwell a partir do estudo das linhas
coordenadas da variedade que definem a álgebra de Lie generalizada
da Variedade.
Para obtermos as equações do eletromagnetismo válidas em
qualquer variedade espaço-temporal, não podemos assumir que as
equações de Maxwell, modificadas por Lorentz, sejam as mesmas.
Para achar as novas equações introduziremos dois postulados:

1) As equações devem ser covariantes de Poincaré.


2) As componentes do campo elétrico e magnético devem
ser as linhas coordenadas da variedade:

 0 Ex Ey Ez 
 
 Ex 0 Bz  By 
pmn 
 Ey  Bz 0  Bx 
 
  Ez By Bx 0 

 0 Ex   E y  R 2 Bz    Ez  R 2 By  
 
  Ex 0   Bz  E y    By  E z  
 
pmn 
  y
 E  R 2 Bz    Bz  E y  0  Bx

   E  R 2 B    B  E  Bx 0 
 z y y z 
P á g i n a | 105

Nós poderíamos introduzir um terceiro postulado que afirmaria


que devemos buscar a forma que menos modifique as equações de
Maxwell. Embora adotemos essa premissa, faremos por uma questão
de simplicidade, não porque se impõe ao nosso espírito que soluções
mais sofisticadas devam ser rejeitadas. De fato, convidamos ao leitor
explorar outras possibilidades. O primeiro postulado é uma condição
natural imposta pelo natureza das variedades que estamos
analisando: espaço-temporais. O segundo postulado é observado na
variedade lorentziana e se os efeitos associados a propagação das
ondas eletromagnéticas dependem das qualidades topológicas da
variedade, podemos inferir que a teoria eletromagnética é induzida
pela assinatura da métrica do espaço-tempo. Nós procuraremos
equações modificadas de Maxwell no vácuo da forma:

E  0 B
  E  a
t
E
B  0   B  b
t
onde a e b são constantes a determinar que podem ser funções da
característica-R.
Tomemos as transformações de Poincaré e a lei de transformação
das derivadas parciais:

x    x  vt   x     x   R 2  t  
t     t  R 2 x   t     t   v x 

Primeiro vamos determinar o coeficiente a. Para isso usaremos


apenas a primeira componente da lei de Faraday e a lei de Gauss para
o campo magnético:
P á g i n a | 106

 x Bx   y By   z Bz  0

a t Bx   y Ez   z E y

Substituindo as transformações de x e de t, teremos:

   x Bx  R 2 t  Bx    y By   z Bz  0

a   t  Bx  v x Bx    y Ez   z E y

E, após distribuir:
a t Bx   y Ez   z E y

a   t  Bx  v x Bx    y Ez   z E y

Substituindo o valor da derivada espacial da componente x do


campo magnético na primeira componente da equação de Faraday,
obtemos:
a   t  Bx  vR 2 t  Bx  v y By  v z Bz    y Ez   z E y

a   t  Bx   2 R 2 t  Bx  v y By  v z Bz    y Ez   z E y

a 1  2 R 2   t  Bx  a y By  a z Bz   y Ez   z E y


a  t  Bx   y  Ez  aBy    z  E y  aBz 
2
a t  Bx   y   Ez  aBy    z   E y  aBz 

No sistema S’ as equações devem apresentar a mesma forma que


no sistema S:
P á g i n a | 107

  E   0 B
  E    a
t 
E 
  B  0    B   b
t 
Por inspeção, obtemos parte das transformações dos campos:
Bx  Bx
Ez    Ez  aBy 
E y    E y  aBz 

Para obtermos o valor da constante a, basta compararmos as


linhas coordenadas com as componentes do campo elétrico:
  Ez  aBy     Ez  R 2By 

Portanto,
a  R2
Agora vamos determinar o valor da constante b. para isso
usaremos apenas a primeira componente da lei de Ampére e a lei de
Gauss para o campo elétrico:
 x Ex   y E y   z Ez  0

b t Ex   y Bz   z By

Substituindo as transformações de x e de t, teremos:

   x  E x   R  t  E x    y E y   z E z  0
 2


b   t  Ex  v x Ex    y Bz   z By

P á g i n a | 108

 x Ex  R 2 t  Ex   y E y   z Ez

b   t  Ex  v x Ex    y Bz   z By

Substituindo o valor da derivada espacial da componente x do


campo magnético na primeira componente da equação de Faraday,
obtemos:
b   t  Ex  vR 2 t  Ex  v y E y  v z Ez    y Bz   z By

b   t  Ex   2 R 2 t  Ex  v y E y  v z Ez    y Bz   z By

b 1   2 R 2   t  Ex  b y E y  b z Ez   y Bz   z By


b  t  Ex   y  Bz  bE y    z  By  bEz 
2
b t  Ex   y   Bz  bE y    z   By  bEz 

No sistema S’ as equações devem apresentar à mesma forma que


no sistema S (covariância de Poincaré):

  E   0 a B
  E   
k t 
b E 
  B  0   B  
k t 
Por inspeção, obtemos parte das transformações dos campos:
E x  E x
 Bz    Bz  bE y 
 By    By  bEz 
P á g i n a | 109

Para obtermos o valor da constante a, basta compararmos as


linhas coordenadas com as componentes do campo elétrico:
  Bz  bE y     Bz  E y 

Portanto,
b  1
E desta forma, as equações de Maxwell no vácuo para variedades
espaço-temporais arbitrárias serão:

  E   0 B
  E    R 2
t 
E 
  B  0   B  
t 
Para a variedade galileana, R² = 0, recuperamos o resultado
anterior, que o campo elétrico é irrotacional. Para variedade
lorentziana, R² = +1, obtemos a lei de Faraday-Lenz. Por fim, para
a variedade euclidiana, R² = - 1, a lei de Faraday-anti-Lenz11

Galileana  E  0

B
Lorentziana  E  
t

B
Euclidiana  E  
t

11
Anti-Lenz porque o sentido da corrente induzida produz um campo magnético
no mesmo sentido do fluxo magnético que lhe deu origem.
P á g i n a | 110

7.1. Gauge de Poincaré


No eletromagnetismo clássico podemos associar ao campo
elétrico um escalar, denominado de potencial escalar elétrico  e ao
campo magnético, um vetor, denominado de potencial vetor
magnético A. Estes dois potenciais são usados para criar um 4-vetor
denominado de 4-potencial eletromagnético.

  
Ai   , A , Ai   , A 
No referencial S’ as componentes do 4-potencial se transformam
como:
      R 2Ax  Ay  Ay
Ax    Ax    Az  Az

No referencial próprio, não há um campo magnético, portanto a


partícula terá apenas um escalar potencial elétrico:
Aio   o , 0, 0, 0 

Portanto as equações para construção de nosso invariante são:


J 0o   o
J0  
J  A

Usando a regra dos invariantes relativísticos, obtemos:


2
R 2 o 2  R 2 2  A

Para qualquer referencial inercial é válida a relação:


P á g i n a | 111

2 2
R 2 2  A  R 2 2  A

R 2  2   2   A  A
2 2

Os potenciais elétrico e magnético são os geradores dos campos


elétrico e magnético. Para provar essas relações vamos usar as
seguintes identidades vetoriais:

 
    A  0,       0

E as equações de Maxwell na forma vetorial:

E   B
  E  R2
t
E
B  0  B  j 
t
Como o divergente do campo magnético é sempre nulo isso
implica, pelas identidades vetoriais, que o campo magnético é
gerado pelo rotacional do vetor potencial magnético:
B   A
Na ausência de um campo magnético, uma carga q está sujeita a
uma força elétrica dada por:
f e  q
E  
Se considerarmos que a partícula se desloca em uma campo
eletromagnético, devemos acrescentar ao campo elétrico um vetor V
a ser determinado:
E    V
P á g i n a | 112

Para determinarmos a forma desse vetor, vamos substituir a lei de


formação do campo elétrico na terceira de equação de Maxwell.
B
 
    V   R 2
t
Distribuindo o produto vetorial sobre os vetores e substituindo o
campo magnético:

        V   R 2

  A 
t
Pela identidade vetorial, a primeira parcela do lado esquerdo é
zero, além disso, a derivada temporal comuta com o rotacional.
Assim, podemos escrever nossa equação da seguinte forma:
 A 
 V      R2 
 t 
Portanto, o vetor V será dado por:
A
V  R2
t
E a regra de formação dos campos elétrico e magnético são:
 2 A
 E    R ,
 t
B    A

No sistema S’ esses vetores terão coordenadas definidas por:
 2 A
 E      R ,
 t 
 B    A

P á g i n a | 113

Essas são as transformações do gauge de Poincaré que é válido


para qualquer variedade espaço-temporal. Por meio dessa
transformação, podemos calcular as transformações do campo
elétrico e do campo magnético. Comecemos pelo campo elétrico,
para isso escreveremos as equações das componentes do campo
elétrico no referencial S’ e as do campo magnético no referencial S.
Ei     i  R 2 t Ai 
Bx    y Az   z Ay 
By    z Ax   x Az 
Bz    x Ay   y Ax 

Começaremos estudando a componente x do campo elétrico.


Aplicando as transformações do 4-Gradiente e do 4-Potencial,
Ex     x   BR 2 t   R 2 t Ax  R 2 x Ax 

    
Ex   2  x   BR 2 Ax  BR 2  t   BR 2 Ax  R 2 t  Ax  B   BR 2 x  Ax  B 
E     1  B R      BR  BR  A    BR
x
2
x
2 2
x
2 2
x t
2
 BR    R  1  B R  A 
2 2
t
2 2
x

Usando o fator de Poincaré e realizando as simplificações


algébricas:
2
Ex      R 2 t Ax 
2  x

Ex    x  R 2  t Ax 

Ex  Ex
Para a componente y, teremos a relação entre o sistema S’ e S:
P á g i n a | 114

E y    y   R 2 t Ay 


E y    y   R 2 Ax   R 2 t Ay  R 2 x Ay 
 R2 
E y     y   t Ay  R 2 x Ay  R 2 y Ax 
 k 

E y    y  R 2 t Ay  R 2   x Ay   y Ax  
E y       y  R 2 t Ay   R 2   x Ay   y Ax  

A primeira parcela dentro do colchetes é a componente y do


campo elétrico e a segunda parcela é a componente z do campo
magnético, ambas no referencial S.
E y    E y  R 2 Bz 

E, analogamente, para componente z, teremos:


Ez    z   R 2 t Az 


E y    z   R 2 Ax   R 2 t Az  R 2 x Az 
E y       z  R 2 t Az   R 2   y Az   x Az  

A primeira parcela dentro do colchetes é a componente z do


campo elétrico e a segunda é a componente y do campo magnético
no referencial S.
Ez    Ez  R 2 By 

Para o campo magnético, usaremos o conjunto de equações:

Ei     i  R 2 t Ai 
P á g i n a | 115

Bx   y Az  z Ay  Bx    y Az   z Ay 


By   z Ax  x Az  By    z Ax   x Az 
Bz   x Ay  y Ax  Bz    x Ay   y Ax 

Para a componente x do campo magnético, usando o potencial,


obtemos:
Bx    y Az   z Ay 

O termo em parêntesis é a componente Bx, portanto:


Bx  Bx
Para a componente y, teremos:

By   z Ax  x Az 


By     z  Ax      x Az  R 2 t Az 
By     z Ax   z   x Az  R 2 t Az 

By     z Ax   x Az      z  R 2 t Az  

A primeira parcela no colchetes é a componente y do campo


magnético e a segunda parcela é a componente z do campo elétrico:
By    By  Ez 

Por derradeiro, a componente do z se transforma pela regra:


Bz   x Ay  y Ax 
Bz     x Ay  R 2 t Ay   y  Ax    
P á g i n a | 116

By     x Ay   y Ax  R 2 t Ay   y 

By     x Ay   y Ax      y  R 2 t Ay  

A primeira parcela no colchetes é a componente z do campo


magnético e a segunda parcela é a componente y do campo elétrico
com o sinal invertido:
Bz    Bz  E y 

Portanto, deduzimos sem qualquer dificuldade e ambiguidade, as


transformações do campo elétrico e do campo magnético. Esse
método é ainda mais simples que o método empregado por Lorentz
em 1904, Poincaré em 1905-1906 e Einstein em 1905. Observe que
nossa formulação difere de outras notações, pois estamos adotando
mesmo sistema de medidas adotado por Albert Einstein, conhecido
como sistema de coordenadas hertzianos. As convenções adotadas
não alteram o significado físico das equações.

7.2. Oscilações Eletromagnéticas


Para provarmos que nossa formulação é consistente com a
métrica do espaço-tempo arbitrário, vamos calcular as equações de
propagação do campo elétrico e do campo magnético. Tomemos as
equações de Maxwell modificadas:

E  0 B
  E  R2
t
E
B  0  B 
t
Aplicando o rotacional sobre o rotacional do campo elétrico,
P á g i n a | 117

 B 

    E  R 2    
 t 
Como os operadores comutam, podemos reescrever a equação:


    E  R2  t
 B 
Substituindo o valor do rotacional do campo magnético:
  E 

    E  R2   
t  t 

2 E

    E  R2  t 2
Usando a identidade de Laplace para o duplo rotacional:
2 E

   E   E  Rt 2
2 2

Como a divergência do campo elétrico no vácuo é zero,


2 E
2 E  R2 0
t 2
Aplicando o rotacional sobre o rotacional do campo magnético,
 E 

    B      
 t 
Como os operadores comutam, podemos reescrever a equação:


  B    t
 E 
P á g i n a | 118

Substituindo o valor do rotacional do campo elétrico:


  2 E 

  B    R
t 

t 

2 B

    B  R
t 2
 2

Usando a identidade de Laplace para o duplo rotacional:


2 B
 
   B  2 B   R 2
t 2
Como a divergência do campo elétrico no vácuo é zero,
2 B
2 B  R2 0
t 2
Que coincide com as formas topológicas da luz que calculamos
anteriormente, por um processo diferente. Portanto, as modificações
que empregamos são consistentes com forma da luz. Desta forma, o
campo elétrico e magnético e as formas de propagação da radiação
no vácuo são propriedades topológicas da variedade.

7.3. Oscilações Eletromagnéticas em Variedades Galileanas e


Euclidianas
Vamos agora verificar como as equações de Maxwell se
comportam nas variedades espaço-temporais Galileana e Euclidiana.
A variedade Lorentziana corresponde a teoria eletromagnética usual
e dispensa análise. Mais uma vez, escrevamos as equações de
Maxwell no vácuo:
P á g i n a | 119

E  0 B
  E  R2
t
E
B  0  B 
t
A única equação que é afetada pela característica-R da variedade
é a lei de Faraday. Para uma variedade galileana, R² é nilpotente de
segunda ordem, portanto é zero. A equação de Faraday assume a
seguinte forma:
 E  0

Isso significa que o campo elétrico é irrotacional em todos os


pontos e por isso o campo elétrico é apenas uma função do potencial
elétrico. Essa equação também indica que não existe indução elétrica
por meio da variação de um campo magnético. Além disso, os
campos elétricos e magnéticos e a forma da luz, não seriam de ondas
esféricas, mas harmônicos esféricos que satisfariam a equação de
Laplace-Beltrami:

2 E  0
E  r ,  ,    R  r  Yl m  ,  

2 B  0
B  r ,  ,    R  r  Yl m  ,  

2   0
  r ,  ,    R  r  Yl m  ,  
P á g i n a | 120

Na variedade de Galileu também não podemos associar a


velocidade de propagação desses harmônicos esféricos com a
velocidade da luz, pois a constante k de velocidade não está presente.
Para uma variedade euclidiana, R² é a unidade negativa. A
equação de Faraday assume a seguinte forma:
B
 E 
t
Isso significa que o campo elétrico sofre uma rotação no sentido
oposto, em relação a variedade lorentziana. Essa equação também
indica que a indução por meio da variação de um campo magnético
ocorre no sentido contrário do usual. Além disso, os campos elétricos
e magnéticos e a forma da luz, não seriam de ondas esféricas, mas
harmônicos esféricos associados perturbações periódicas no tempo
que satisfazem a equação de Laplace-Beltrami temporal:

2
2  0
t 2
  r , ,  , t   R  r  Yl m  ,    Aeikt 

Na variedade de Euclides também podemos associar a velocidade


de propagação desses harmônicos esféricos com a velocidade da luz,
embora o valor de propagação da velocidade da luz possa ser
diferente de c. O caráter negativo da dimensão de tempo, inverte a
orientação da indução e do rotacional do campo elétrico. Essas
propriedades podem de alguma forma estar ligada as exóticas
propriedades dos meta-materiais. Caso essa hipótese se verifique,
poderíamos supor que o meta-material atua localmente sobre o
tempo fazendo que ele apresenta um caráter dimensional negativo e
fechado.
P á g i n a | 121

7.4. A Forma da Luz


Até o presente momento temos caracterizado as equações gerais
do espaço-tempo e quais características particulares a unidade
hipercomplexa induz a sua forma. Agora vamos determinar a
equação diferencial que rege o comportamento da luz e a sua
dependência com fator R. Como cada variedade tem uma natureza
geométrica única, a forma da luz também deverá ser induzida por R.
Como foi previsto por Maxwell e confirmado por Hertz, as luz se
comporta como uma onda eletromagnética que satisfaz a equação de
D’Alambert:
 2
 2  0
 2t
Desta forma: podemos afirmar que se  é um ente observável
associado à radiação eletromagnética, então este deve satisfazer a
seguinte relação:
  0
onde  é o operador laplaciano generalizado.
Assim, nosso objetivo será determinar um laplaciano geral para,
então, impormos que o fator R seja tal que o laplaciano generalizado
corresponda ao operador d’alambertiano.
Tomemos o vetor nabla generalizado:
    
i   , , , 
 x y z t 
Definimos o laplaciano generalizado, pela expressão:
4 4
   iij  j
i 1 j 1
P á g i n a | 122

Expandindo as duas somas,


  1111   222 2   333 3   4 44 4
  11   2 2   3 3  R 2 4 4
   1     2     3   R 2   4 
2 2 2 2

Ou de forma compacta,
2
 R 2 2 2

t
Aplicando o operador laplaciano generalizado sobre o potencial
da radiação eletromagnética, teremos:
 2
   2  R 2
t 2
Como dito anteriormente, cada unidade hipercomplexa irá
designar uma forma para radiação eletromagnética, a saber:

1) Se R² = 0 (Variedade de Galileu)
 2  0

2) Se R² = -1 (Variedade de Euclides)
 2
 2  0
t 2
3) Se R² = +1 (Variedade de Lorentz)
 2
 2  0
t 2
P á g i n a | 123

7.5. Determinação Empírica do Espaço-Tempo


A nossa abordagem, porém, tem a vantagem de permitir por meio
dos fenômenos eletromagnéticos identificar qual variedade plana se
adequa a descrição dos fenômenos físicos. Isso ocorre porque as
linhas coordenadas da variedade correspondem as componentes do
tensor eletromagnético. Portanto, os fenômenos eletromagnéticos,
em particular, os fenômenos elétricos, são propriedades intrínsecas
da variedade.
De nossa análise da teoria do eletromagnetismo, obtivemos ao
menos duas formas de identificar a variedade, a saber:

(1) A rotacionalidade do campo elétrico.

Na variedade euclidiana, o campo elétrico é irrotacional, portanto


o fenômeno de indução elétrica não pode ser observado. Por outro
lado, na variedade euclidiana, um fluxo magnético variável induz
uma corrente elétrico, mas no sentido inverso da Lei de Lenz.
Somente a variedade lorentziana prevê uma indução elétrica que
satisfaz a lei de Lenz.
Historicamente, Emil Lenz estabeleceu essa lei qualitativa em
1834 a partir observações empíricas das correntes induzidas por
fluxos magnéticos variáveis. Desta forma, mesmo antes da
formulação da Teoria da Relatividade Especial, já podíamos
determinar o tipo de variedade que melhor corresponde a uma região
infinitesimal do espaço-tempo, sem precisar recorrer ao segundo
postulado, a constância da velocidade da luz, ou ao argumento de
inteligibilidade de Minkowski. Registre que não para identificação
da variedade não é preciso estabelecer a intensidade da corrente
induzida, apenas a orientação. A lei de Lenz é suficiente.
P á g i n a | 124

(2) A Forma da luz.

Das três variedades, a única que a luz apresenta a forma de uma


onda esférica que oscila no vácuo (ou no éter), em concordância com
as experiências de Hertz, é a variedade lorentziana. Desta forma, a
experiência nos conduz, ao menos por enquanto, a rejeitar as
variedades de Galileu e Euclides. Como as experiências de Hertz
datam do século XIX, e eram aceitas, sem restrições, no começo do
século XX, se Einstein tivesse seguido essa abordagem, ele poderia
ter construído uma relatividade com embasamento mais sólido e
recorrendo a um único princípio norteador. Observe que a partir do
estudo da variedade de Lorentz, induzida pela unidade perplexa,
podemos deduzir como teoremas a invariância da velocidade da luz
e a constância da velocidade da luz. Desta forma, as experiência de
Quirino Majorana realizadas em 1919, com fontes de radiação em
alto movimento, se tornam testes experimentais que confirmam uma
das previsões da teoria e aumentam seu conteúdo empírico.

7.6. Considerações Finais


Fomos capazes de construir uma Teoria da Relatividade Especial
sem precisar postular a constância da velocidade da luz. Para
decidirmos qual é a assinatura da métrica da variedade tangente
plana a uma vizinhança infinitamente pequena do espaço-tempo é
mais inteligível apenas recorremos a dados amplamente testados e
aceitos como a lei de Lenz e a forma das ondas eletromagnéticas;
Tanto Poincaré (1902) como Einstein (1984) defendiam que o
conteúdo empírico de uma teoria era uma medida de sua excelência.
Ao rejeitarmos o postulado da constância da velocidade da luz e
desenvolvermos um programa baseado apenas nas implicações do
princípio da relatividade (isotropia) e da inércia (homogeneidade),
somos levados a três variedades planas induzidas pela unidade
P á g i n a | 125

hipercomplexa R. A determinação da variedade mais inteligível se


torna um problema empírico associado a teoria eletromagnética,
visto que as linhas coordenadas da variedade coincidem com as
componentes do tensor eletromagnético, mais precisamente, os
efeitos relacionados ao campo elétrico, como sua rotacionalidade,
pois este depende explicitamente do fator R. Nestas condições, a
constância da velocidade da luz se torna uma previsão teórica da
teoria, que foi confirmada em 1919 por Quirino Majorana
(MARTINS, 2015). Do ponto de vista epistemológico, essa nova
abordagem é útil, pois aumenta o conteúdo empírico da teoria.
Ao escolhermos um sistema de unidades em que a velocidade da
luz é a unidade todas as nossas variedades gozam do citério de
inteligibilidade exigido por Minkowski. O mais curioso que somos
capazes de preservar a variedade galileana sem que seja necessário
exigir que a velocidade da luz no vácuo tenda a infinito. Isso exige
que a escolha da variedade seja feito por critérios empíricos. Esses
critérios são exatamente os mesmos que permitem transformar o
postulado da constância da velocidade da luz, em uma consequência
da teoria. Em nossa análise sugerimos dois fatos empíricos
qualitativos: a lei de Lenz e a forma da onda luminosa.
Um outro ponto favorável a essa abordagem é que ela relaciona
as propriedades geométricas do espaço-tempo a uma unidade
hipercomplexa R. A relação entre números hipercomplexos e as
propriedades geométricas é um objeto de estudo matemático que
ainda está sendo explorado pelos pesquisadores:
Tais geometrias multidimensionais não foram completamente
investigadas e isso nos permite afirmar a seguinte consideração: o
tipo de números bidimensionais deriva das soluções de uma
equação de grau 2. Encontramos a mesma classificação em outros
campos matemáticos. Temos:
P á g i n a | 126

• Soluções imaginárias → números complexos → geometria


euclidiana → geometria diferencial de Gauss (formas diferenciais
quadráticas definidas) → equações diferenciais parciais elípticas;
• Soluções reais → números hiperbólicos → geometria de
Minkowski (espaço-tempo) → geometria diferencial nas
superfícies de Lorentz (formas diferenciais quadráticas não
definidas) → equações diferenciais parciais hiperbólicas.

Além disso, em mais de duas dimensões, sugerimos os seguintes


elos gerais:

• O tipo de soluções de uma equação algébrica de grau N →


sistemas de números hipercomplexos → grupo multiplicativo →
geometrias → geometrias diferenciais.

Dessa maneira, a geometria diferencial em um espaço N-


dimensional derivaria de uma forma diferencial de grau N, em vez
das formas diferenciais quadráticas euclidianas ou pseudo-
euclidianas. Essas propriedades peculiares podem abrir novos
caminhos para aplicações em teorias de campo. (CATONI et al,
2008, p. 24-25).
Nesse sentido, essa proposta é a primeira abordagem relativística
que associa explicitamente as propriedades físicas do espaço-tempo
aos números hipercomplexos, cuja escolha é determinada
empiricamente por meio da análise de fenômenos que são induzidos
pela unidade hipercomplexa R.
Por fim, registre que esse trabalho também abre perspectivas para
uma modelagem dos fenômenos físicos por meio dos números
hipercomplexos. Esse tratamento também estabelece uma
possibilidade da criação de projeto de Erlangen, idealizado por Félix
Klein, no século XIX.
P á g i n a | 127

8. Orientação do Tempo e a Entropia


O S-Grupo de Poincaré permite compreender a orientação do
tempo em qualquer variedade do tipo espaço-tempo plana. No
espaço-tempo de Galileu (G3+0), cuja variedade tem característica
anelar nilpotente, não podemos definir a componente zero da
transformação generalizada de Lorentz, pois para essa variedade,
verifica-se que:

0
     
 

0
 
0

      1
  0 2

 0

Portanto, não existe uma orientação do tempo no espaço-tempo


de Galileu. Essa é razão para as equações da mecânica serem
preservadas tanto no sentido futuro do tempo quanto no sentido
passado. A variedade de Galileu é simétrica no tempo.
No espaço-tempo de Euclides (E3-1), cuja variedade tem
característica anelar imaginária, se a componente zero da matriz
generalizada de Lorentz for maior que a unidade, temos um tempo
negativo, portanto um eixo fechado, orientado no sentido anti-
horário. Caso a componente zero menor que a unidade, o caráter
anticrônico faz com que o tempo esteja orientado no sentido horário.
Por derradeiro, no espaço-tempo de Lorentz (M3+1), cuja variedade
tem característica anelar perplexa, se a componente zero da matriz
generalizada de Lorentz for maior que a unidade, temos um tempo
positivo, portanto um eixo aberto, orientado no sentido crescente
(futuro). Caso a componente zero menor que a unidade, o caráter
anticrônico faz com que o tempo esteja orientado no sentido
decrescente (passado). Tanto no espaço-tempo de Euclides quanto
no de Lorentz há uma antissimetria no tempo, determinado pela
componente zero da matriz de Lorentz.
P á g i n a | 128

O formalismo adotado nesse trabalho permite explorar a relação


entre o tempo e a entropia. Se determinarmos que a variação da
entropia é uma função da componente zero da Matriz de Lorentz,
mesmo em um universo cíclico (euclidiano), a entropia continua
crescente na fase de retorno, pois a componente zero apenas
determina o sentido de rotação do tempo. Desta maneira, podemos
escrever que:

Se   R   1  dS  0
0

Se   R   1  dS  0
0

Para demonstrar essa relação, recordemos que na formulação


geral, temos a seguinte correspondência:

  
R 0
0
c k  R

Sendo a segunda lei da Termodinâmica é um invariante


relativístico (MARTINS, 2012), para tornar nossas equações
covariantes precisamos realizar uma pequena alteração na primeira
Lei da Termodinâmica.
dE  KdQ  dW
onde K é uma constante adimensional a ser determinada. Para uma
variedade do tipo espaço-tempo, a transformação da energia será
dado por:
R 0 v 
2
dE      2 d  PV
o o   dEo 
k 
0

Para deduzir a transformação relativística do trabalho


termodinâmico, temos que considerar que a velocidade de uma haste
rígida em seu referencial próprio não varia, embora seu momento G
P á g i n a | 129

sofra um aumento. O diferencial da equação do momento da barra


será dada por:
dG
dW   PdV  dr
dt
Pela convenção adotada, como há entrada de energia na barra, o
trabalho deve ser negativo para que a variação da energia seja
positiva. A força aplicada sobre a barra tende a reduzir seu volume,
portanto o volume final tende a ser menor que o inicial.
dG
dW  PdV  dr
dt
dr
dW  PdV  dG
dt
dW  PdV  dG  v
Usando a relação entalpia-momento (MARTINS, 2012),
dH
dG  v
k2
Substituindo esse resultado na relação do trabalho:
dH 2
dW  PdV  v
k2
v2
dW  PdV  2 dH
k
v2
dW  PdV  2 d  PV  E 
k
2
dW  o o0    R  2 d  PV
P dV 0 v
o o  Eo 
 
 R
0
0 k
P á g i n a | 130

Portanto a transformação do trabalho termodinâmico será:


v2
  
Po dVo
dW  R 0
d  PV
o o   dEo
 
R 0
0
0 k2

v2
dW  PdV  d  PV   E
k2
Agora podemos determinar a transformação do calor. Da primeira
lei da termodinâmica podemos escrever o diferencial do calor como:
KdQ  dE  dW
Substituindo os diferenciais de energia e trabalho, obtemos:

v2
 R 
Po dVo
d  PV
o o
0
KdQ 
 
R 0
0
0 k2

v2 R 0 v 
2
 R    d  PV 
0
2
dEo    2 o o  dEo 
k 
0 k 0

v2
   R  dEo    R 
Po dVo 0 0
KdQ  dEo
 
R 0
0
0 0 k2

 v2 
   R  dEo 1  2 
Po dVo 0
KdQ 
 
R 0
0
0
 k 

1
KdQ   Po dVo  dEo 
 
R 0
0
P á g i n a | 131

O termo em parêntesis é a o calor no referencial próprio, portanto


o calor se transforma como:
dQo
KdQ 
  R 0
0

Como a variação da entropia é um invariante relativístico, a


desigualdade de Clausius pode ser escrita da seguinte forma:
dQ
dS  
T
dQo
dSo  
  R 0
0
KTo

Aqui há uma questão conceitual importante envolvendo o fator


K, a saber: a escolha de K define se a temperatura se transforma
conforme Planck, Ott, Avramov ou conforme outras relações.
a) Se assumirmos que K é igual a unidade, a temperatura se
transforma de acordo com a análise de Planck (1907).
dQo To
K 1  dQ   T
 R 0
0
 
R 0
0

b) Se assumirmos que K é o inverso da componente zero da


matriz de Lorentz, a temperatura é um invariante relativístico, como
sugere o físico russo I. Avramov (2003).
1
K  dQ  dQo  T  To
 R 
0

0
P á g i n a | 132

c) Se assumirmos que K é o inverso ao quadrado da


componente zero da matriz de Lorentz, a se transforma de acordo
com a análise de Ott.

dQ    R  dQo T    R  To
1 0 0
K 2
 
  0 
 R 0  0 0

Observe que na formulação de Ott, o calor deve se transformar


com a mesma lei que obtivemos para a energia.
d) Para o caso mais geral, teremos que:

K  R 
0 n dQo To
 dQ  n 1
 T
0 n 1
  R 
0
R 0
0 0

Usualmente, assumimos as transformações de Ott como


verdadeiras, portanto, a desigualdade Clausius será:

dSo     R 
0 dQo
0 To

Da desigualdade de   R  , deduzimos que:


0

Se   R   1, então dSo  
0 dQo
0 To

Se   R   1, então dSo  
0 dQo
0 To

No espaço-tempo de Galileu como não podemos determinar a


componente zero da matriz de Lorentz, não existe uma justificativa
física para relacionarmos a orientação do tempo com a entropia.
P á g i n a | 133

9. O Mar de Dirac como Variedade Euclidiana

9.1. A Inércia da Energia em Variedades Euclidianas


Nas variedades lorentzianas, a energia contribui para o conteúdo
inercial de um sistema fechado, somando a sua massa total
(LANGEVIN, 1913, 1922). Nas variedades galileanas, a energia não
apresenta inércia. Podemos previamente conjecturar que na
variedade euclidiana a energia também contribua para o conteúdo
inercial de um sistema fechado, mas subtraindo sua massa total. Para
verificarmos essa hipótese, vamos operar as transformações de
Euclides que obtivemos anteriormente:
 uv
w  uv
 1 2
 c
 1
 
 v2
 1 2
 c
Nós precisamos diferenciar a composição das velocidades, mas
para tornar os cálculos mais simples, iremos usar um “truque
matemático”, que consiste em aplicar ln nos dois lados da equação:
 
 uv 
ln w  ln  
 1  uv2 
 c 
 uv 
ln w  ln  u  v   ln 1  2 
 c 
Diferenciando a composição das velocidades em relação à u:
P á g i n a | 134

d  ln w  d   uv  
  ln  u  v   ln 1  2  
du du   c 
1 dw 1 d u  v  1 d  uv 
  1  
w du  u  v  du  uv  du  c 2 
1  2 
 c 
1 dw 1 v
 
w du  u  v   uv 
c 2 1  2 
 c 
1 dw 1 v
  2
w du  u  v   c  uv 

1 dw  c  uv    u  v  v
2


w du  u  v   c 2  uv 
1 dw

 c2  v2 
w du  u  v   c 2  uv 

Evidenciando c² no numerador e no denominador, obtemos:


 v2 
c 2 1  2 
1 dw
  c 
 uv 
c 2  u  v  1  2 
w du
 c 
dw 1 w
 2
du 
 u  v  1  2 
uv
 c 
Substituindo o valor de w:
P á g i n a | 135

dw 1

u  v 
du  2
 u  v  1 
uv  uv 
1  
 c 2  c 2 
Portanto o diferencial de w será
1 du
dw 
  uv 2
2

1  2 
 c 
No instante em que P está momentaneamente se movendo com as
coordenadas K (ou seja, quando u = 0, então P está em repouso em
K e w = v), temos
1
dw  du
2
Tomemos o tempo próprio, para y e z, fixos:

d 2  dx2  c2dt 2

Evidenciando dt, obtemos:

c 2 d 2   c 2  v 2  dt 2
 v2 
d 2  1  2  dt 2
 c 
v2
d  1  dt
c2
dt
d 

dt  d
P á g i n a | 136

Dividindo dw por dt,


dw 1 du

dt  2 dt
dw 1 du

dt  2  d 
Levando em consideração que o lado esquerdo é a aceleração no
referencial em movimento e a derivada do lado direito, a aceleração
no referencial estacionário, obtemos:
a0
a
3
a0   3 a
Agora devemos estudar a transformação das forças
longitudinais12. Segundo Brown (2012):
Por simetria, uma força F exercida ao longo do eixo do movimento
entre uma partícula em repouso em k em uma partícula idêntica P
em repouso em K deve ser de magnitude igual e oposta em relação
aos dois quadros de referência. Além disso, por definição, uma força
de magnitude F aplicada a uma partícula de “massa em repouso” mo
resultará em uma aceleração a0 = F/mo em termos de coordenadas
inerciais nas quais a partícula está momentaneamente em repouso.
Como as forças longitudinais são invariantes,
F  F0
Expressando a força Fo como o produto de sua massa inercial
própria pela sua aceleração no referencial próprio:

12
Para uma derivação mais rigorosa ver: Martins (2012, p. 104-105).
P á g i n a | 137

F  m0 a0
Substituindo a aceleração no referencial próprio pela aceleração
no referencial em movimento:
F  m0 3a
Usando a definição de força como a variação da quantidade de
movimento:
d  mv 
F
dt
Podemos escrever a expressão da força da seguinte forma:
d  m0 v 
F
dt
Portanto, podemos concluir que a transformação da massa será:
m  m0
Como na variedade euclidiana à medida que a velocidade
aumenta, o fator gama diminui, então, diferente da variedade
lorentziana, a sua inércia diminui. Como explicar esse fato? Na
variedade lorentziana atribuímos uma inércia a energia
(LANGEVIN, 1913, 1922). Um aumento de velocidade do corpo,
corresponde a um aumento de sua energia cinética, e como a energia
apresenta inércia, a massa total do corpo também deve aumentar na
mesma proporção. Na variedade euclidiana a energia deve
apresentar uma inércia negativa, por isso quanto maior a energia
transferida ao corpo, menor será sua massa. Para verificarmos esse
fato, vamos calcular a relação massa-energia. Novamente iremos
tomar o logaritmo da relação e depois deriva-la em relação ao tempo:
ln  m   ln  m0  
P á g i n a | 138

ln  m   ln  m0   ln   
1  c2 
ln  m   ln  m0   ln  2 2 
2 c v 

ln  m   ln  m0   ln  c 2   ln  c 2  v 2 
1 1
2 2
Derivando a função em relação à t:
m 1 2vv

m 2  c2  v2 

m vv
 2 2
m c  v 
Evidenciando c² no denominador:
m vv

m  v2 
c 2 1  2 
 c 
m v  2 v
 2
m c
m 2 vv
m  
c2
Escrevendo a derivada da massa na notação diferencial e usando
a transformação da massa,
dm m03vv

dt c2
P á g i n a | 139

Isolando dm e considerando que o termo do numerador é o


produto da força longitudinal pela velocidade:
Fvdt
dm  
c2
Como o produto da velocidade pelo diferencial de tempo é o
diferencial de espaço na direção x,
Fdx
dm  
c2
Usando a definição de trabalho mecânico na direção longitudinal:
dW
dm  
c2
Integrando a equação do repouso à uma velocidade arbitrária v e
levando em consideração o teorema trabalho-energia:
E
m  mo  
c2
Isolando a energia, obtemos a relação massa-energia na variedade
euclidiana:
E    m  mo  c 2

E  mc2
Esse resultado confirma nossa hipótese que a inércia associada a
energia é negativa e vice-versa.
Assim como ocorre na variedade Lorentziana, existe uma energia
de repouso, porém essa energia de repouso é negativa:
E  m0 c 2
P á g i n a | 140

Como mostrou Minkowski (1909), a variedade euclidiana é


difeomórfica a variedade galileana no limite de c tendendo ao
infinito, isso significa que para uma vizinhança pequena, a variedade
euclidiana se comporta como uma variedade galileana. Vamos
verificar se a nossa equação satisfaz essa correspondência.
Explicitando o fator gama, teremos:
E  mo 1    c 2

Vamos expandir o fator gama em uma série de Taylor:


1/2
 v2  v2 
k 
1  2   1 2
  O  2nn 
2c n  2  c 
 c 
onde kn são funções constantes da velocidade.
Portanto, a variação da energia assume a seguinte forma:
 v2 
 k 
E  mo 1  1  2   O  2nn   c 2
 2c n 2  c  

 v2   k 
E  mo    O  2 nn1  
 2 n2  c 
Tomando c tendendo ao infinito, o somatório tende a zero e
recuperamos a expressão da energia cinética clássica:
mo v 2
E 
2
Após essa caracterização da energia na variedade euclidiana,
Agora vamos mostrar que essas propriedades correspondem
justamente mar de Dirac, previsto pela equação de Dirac.
P á g i n a | 141

9.2. Equação de Dirac e a Energia Negativa


Em 1928, Paul Dirac deduziu uma equação relativística para
descrever o comportamento do elétron. A solução dessa equação
incluí naturalmente a função de spin, e levou a previsão do pósitron
(antipartícula do elétron) e da energia negativa. Uma apresentação
mais detalhada está no livro do Eletrodinâmica Quântica
(BASSALO, 2006), o qual o leitor deverá consultar caso sinta que
falta algum detalhe. Para tornar o texto menos carregado,
adotaremos o sistema de unidades naturais:
c 1 1
Tomemos a equação de Dirac, em coordenadas naturais:

 pˆ  mIˆ  
i
i
0

As componente do spinor de Dirac são:


 0 
 

  1
 2 
 
 3 
A solução da equação de Schroedinger para um elétron livre é
uma onda plana, dada por:
  r   e  ir  p
Portanto, vamos procurar uma solução para equação de Dirac que
corresponda a onda plana para velocidades pequenas.
  ri   eir p u  p i 
i
i

Substituindo na equação de Dirac:


P á g i n a | 142

 i   mI  e  iri p u  0
i
i
i

i  e
i
i  iri pi

 mIe  iri p u  0
i

 iip  e i
i
 iri pi
 mIe iri p u  0
i


p ei
i
 iri pi

 mIe  iri p u  0
i

Evidenciando o exponencial:

p  mI  ue  iri p  0
i
i
i

Isso implica que as soluções que buscamos são da forma:

p i
i  mI  u  0

Expandindo a soma dentro do parêntesis:

p 
0
0  p11  p 2 2  p 3 3  mI  u  0

Substituindo as matrizes e as componentes do 4-vetor de


momento:
 1 0 0 0 0 0 0 1  0 0 0 i 
      
E  0 1 0 0
p x 0 0 1 0
p y 0 0 i 0
 0 0 1 0   0 1 0 0 0 i 0 0
      
  0 0 0 1  1 0 0 0  i 0 0 0 
0 0 1 0 1 0 0 0    u0   0 
       
0 0 0 1 0 1 0 0    u1   0 
 pz   m  
 1 0 0 0 0 0 1 0    u2   0 
       
0 1 0 0 0 0 0 1    u3   0 
P á g i n a | 143

Efetuando essa soma, obtemos a seguinte matriz:

 Em 0  pz   p x  ip y  
   u0   0 
 0 Em   p x  ip y  p z   u  0
  1    


pz p x
 ip y    E  m 0   u2   0 
    
  p x  ip y   pz 0   E  m    3   
u 0

Realizando o produto das matrizes, obtemos as quatro equações


diferencias:
 E  m  u0  0u1  p zu2   p x  ip y  u3  0
0u0   E  m  u1   p x  ip y  u2  p z u3  0
p z u0   p x  ip y  u1   E  m  u2  0u3  0

 p x  ip y  u0  p zu1  0u2   E  m  u3  0
Esse sistema de equações é homogêneo e pela regra de Crammer
ele só terá solução se o determinante da matriz dos coeficientes que
acompanham o spinor u for nula.

 Em 0  pz   p x  ip y  
 
 0 Em   p x  ip y  pz 
det  0


pz p x
 ip y    E  m 0 

  p x  ip y   pz 0   E  m  

O cálculo desse determinante é bastante trabalhoso. O método


mais simples é a aplicação da regra de Laplace, seguido da aplicação
P á g i n a | 144

da regra de Sarrus. Outra forma é o uso de um software de


matemática simbólica. Bassalo (2006, p. 123-124) apresenta o
cálculo detalhado. Seja qual for o método adoto, esse determinante
é igual à:

E  m2   2  E 2  m2  p x 2  p y 2  p z 2 
2 2

 p x4  p y 4  p z 4  2 p x2 p y2  2 p x2 p z2  2 p y2 p z2  0

Levando em consideração que o quadrado e a quarta potência da


norma do vetor momento são dadas por:
p2  p x 2  p y 2  p z 2
p4  p x 4  p y 4  p z 4  2 p x 2 p y 2  2 p x 2 p z 2  2 p y 2 p z 2

Substituindo na equação:

E  m2   2  E 2  m2  p 2  p 4  0
2 2

Essa expressão pode ser fatorada e escrita como:

 E 2  m 2   p 2   0
2

 
Realizando a análise dimensional dessa expressão, podemos
recuperar a velocidade da luz e escrever a equação na como:
E 2   m2c 4  p 2c 2   0

Isolando a energia e extraindo a raiz quadrada:

E m c
2 4
 p 2c 2 

Portanto há dois estados de energia: um positivo e um negativo.


P á g i n a | 145

E   m c
2 4
 p 2c 2  E   m c 2 4
 p 2c 2 

No referencial próprio, teremos além da relação massa-energia


convencional, uma relação massa-energia negativa:
E   mo c 2 E   mo c 2
A primeira solução corresponde a relação massa-energia de uma
variedade lorentziana, a segunda equação corresponde a relação
massa-energia em uma variedade euclidiana. Como o espaço que
corresponde as energias negativas corresponde, na antiga teoria
quântica de campos, ao mar de Dirac, então somos forçados a sugerir
a seguinte conclusão:
“O mar de Dirac é uma variedade euclidiana”
Há outro resultado igualmente interessante que podemos extrair
da análise hipercomplexa (CAPIBERIBE, 2020, CATONI et al,
2008, JANCEWICZ, 1988, ÖZDEMIR, 2018): o dual da unidade
imaginária, é a unidade perplexa. Tomemos o elemento de linha de
uma variedade espaço-temporal plana qualquer, onde R pode ser uma
unidade imaginária ou uma unidade perplexa:
dsR  dr  Rcdt
dsR2  dr  Rcdt , dr  Rcdt
dsR2  dr  Rcdt , dr  Rcdt
dsR2  dr 2  R 2c 2 dt 2
Tomemos o elemento de linha do dual de R:
ds R  dr   R  cdt
ds2R  dr   R  cdt , dr  R  cdt
P á g i n a | 146

ds2R  dr   R  cdt , dr   R  cdt


ds2R  dr 2   R  c 2 dt 2
2

Sem perda de generalidade, tomemos que R = p, i. e, a variedade


é lorentziana,
ds 2p  dr 2  p 2c 2 dt 2
ds 2p  dr 2  c 2 dt 2
Portanto *R = *p, i.e., *R = i, e o dual do elemento de linha será:
dsi2  dr 2   i  c 2 dt 2
2

dsi2  dr 2  c 2 dt 2
que corresponde a variedade euclidiana.
Assim podemos concluir que o dual da variedade lorentziana é a
variedade euclidiana e, por conseguinte, a energia negativa é o dual
da energia positiva e as antipartículas são as duais das partículas
ordinárias, o mar de Dirac é o dual do nosso espaço-tempo.

9.3. Propulsão de Alcubierre


Em 1994, o físico mexicano Miguel Alcubierre estudou sobre
quais condições físicas seriam necessárias para que observadores
pudessem dobrar o espaço-tempo ou manter uma ponte de Einstein-
Rosen estável. A conclusão de Alcubierre é que a componente
energética (T00) do tensor momento-energia deve ser negativa e
expressa pela seguinte relação (ALCUBIERRE, 1994, L77):

c 4 vs  x  y   df 
2 2 2 2

  
8 G 4  det g 2 r 2  drs 
ij s
P á g i n a | 147

Sobre esse resultado, Alucbierre faz os seguintes comentários:


O fato de essa expressão ser negativa em todos os lugares implica
que as condições de energia fracas e dominantes são violadas. De
maneira semelhante, pode-se mostrar que a forte condição de
energia também é violada. Vemos então que, assim como acontece
com os buracos de minhoca, é preciso matéria exótica para viajar
mais rápido que a velocidade da luz. No entanto, mesmo que se
acredite que a matéria exótica seja proibida classicamente, é sabido
que a teoria quântica de campos permite a existência de regiões com
densidades de energia negativas em algumas circunstâncias
especiais (como, por exemplo, no efeito Casimir [4]). Portanto, a
necessidade de matéria exótica não elimina necessariamente a
possibilidade de usar uma distorção no espaço-tempo, como a
descrita acima, para viagens interestelares hiper-rápidas. Como
comentário final, mencionarei apenas o fato de que, embora o
espaço-tempo descrito pela métrica (8) seja globalmente hiperbólico
e, portanto, não contenha curvas causais fechadas, provavelmente
não é muito difícil construir um espaço-tempo que contém essas
curvas usando uma idéia semelhante à apresentada aqui.
(ALCUBIERRE, 1994, L77).
O fato da propulsão de Alcubierre exigir energia negativa é
compatível com a variedade euclidiana. De fato, uma das
características do tempo euclidiano é que, ao contrário do tempo
lorentziano que é um eixo retilíneo ortogonal aos eixos espaciais, o
seu eixo é uma circunferência fechada ortogonal as curvas espaciais
em todos os pontos. De nossa análise anterior, concluímos que o mar
de Dirac é uma variedade euclidiana, portanto os efeitos a ele
relacionados também se relacionam com as propriedades da
variedade. Portanto, podemos concluir que as condições de viagem
do tempo e viagens hiperlumuninais discutidas por Alcubierre
exigem que o espaço-tempo se comporte naquela região como uma
variedade euclidiana.
P á g i n a | 148

REFERÊNCIAS & BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR

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