Simulado 33 – 9º Ano
Lingua Portuguesa
ESCOLA: ________________________
Prof.:____________________________
Nome: ___________________________
Leia o texto abaixo e, a seguir, responda aos
itens 1, 2, 3 e 4.
Confusão com São Pedro
Fernando Sabino
Você vai neste avião, eu vou no próximo –
decidiu de súbito, no último instante, quando o
alto falante já invocava os passageiros: queiram
apresentar suas despedidas e boa viagem.
Ele deu um suspiro desalentado. Já fora um
custo convencer a mulher a viajarem de avião.
Ela dizia que tinha medo, por que não vamos de
trem? E passara a noite toda naquela conversa,
olha, meu bem, tenho um pressentimento ruim.
Quando já estavam quase embarcando,
vinha com novidade.
- Que bobagem é essa?
- Eu vou no outro –insistiu ela, aflita: -Tem
outro avião daqui a meia hora.
- Mas por que isso de repente?
Ela o olhava nos olhos como se despedisse
dele para sempre:
- Não podemos correr tanto risco juntos,
meu bem, seja razoável. Temos nossos filhos,
imagine se acontece alguma coisa.
- Não vai acontecer nada, mulher.
- Eu sei que não tem perigo, que é o
transporte mais seguro do mundo, e as
estatísticas, e essa coisa toda, você já me
explicou. Mas pense um pouco nos nossos filhos,
pelo amor de Deus! Eu indo num e você noutro,
sempre é uma chance de pelo menos um de nós
dois escapar.
- Olha aí, já estão chamando de novo.
Vamos embora, mulher.
Ela fincara pé, irredutível. Sem mais tempo
para argumentar, ele acabou cedendo:
1
- Está bem, seja como você quiser! Mas
então vai nesse, eu vou no outro. Se eu deixar
você aqui, você acaba não indo.
Despediu-se dela, aborrecido, e foi tratar da
transferência de sua passagem.
A mulher entrou no avião como num túmulo,
o coração aos pulos. A porta se fechou,
desligando-a para sempre do mundo. A seu lado,
viajava um padre, alheio a tudo, mergulhado no
breviário.
De súbito o avião, já em pleno voo,
começou a jogar. Eu não disse? Eu não disse?
Entraram numa nuvem escura e nunca mais que
saíam dela.
Em pânico, chamou o comissário: não é
nada, minha senhora, uma pequena tempestade,
estamos fazendo voo cego.
Voo cego! Sentindo-se perdida, voltou-se
para o padre:
- Estou com tanto medo, seu padre.
O padre a olhou, desconfiado:
- Reza, que é melhor.
E voltou ao seu breviário. Rezar? Não, ela
não sabia rezar.
Lembrou-se de São Pedro, que era quem
devia manobrar chuvas e tempestades – juntou
as mãos e pediu-lhe auxílio:
- São Pedro, piedade de mim. Tenho meus
filhos para criar. Fui criada sem mãe, o senhor
não imagina a falta que uma mãe faz. Todos na
minha família ficaram assim feito eu, só porque
não tiveram mãe. Que será dos meus filhos sem
mãe, São Pedro, mãe faz muito mais falta que
pai, por favor, me protege, se for preciso,
transfere essa tempestade para o avião dele, mas
me salva desta que noutra eu nunca mais hei de
me meter.
A falta de mãe não lhe abalara o prestígio
junto a São Pedro - tanto assim que em pouco o
avião deixava para trás a tempestade e saía para
um céu azul, e logo descia no aeroporto sem mais
novidades. Estava salva!
Comprou uma revista, sentou-se e pôs-se a
esperar o avião do marido. Esperou meia hora.
Como ele nunca mais chegasse, correu já aflita, a
informar-se no balcão. Soube que não havia nada
de especial: as más condições do tempo às vezes
ocasionavam atraso.
- Más condições do tempo?
Não tinha dúvida, era a tempestade que
mandara para ele. Roída de remorsos, juntou as
mãos ali mesmo, em frente ao funcionário
assombrado:
- São Pedro, essa não! Não faça isso
comigo. Era mentira, o senhor não vai me levar a
sério. O pai faz mais falta que a mãe, quem é que
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foi meter uma bobagem dessa na minha cabeça?

Ele trabalha para sustentar a família, eu não faço
nada que preste. E logo ele, tão bom que ele é, D12 –––––––––– QUESTÃO 04 ––––––––––
tão carinhoso, por favor, São Pedro, não faça isso A finalidade desse texto é
com ele, joga essa tempestade para cima de (A) relatar.
outro que não tenha filhos, para cima dele não!
(B) refletir.
Em pouco São Pedro voltava a atendê-la,
(C) instruir.
fazendo o marido desembarcar no aeroporto, são
e salvo: (D) entreter.
- Que cara é essa? Você está parecendo
um fantasma! Aconteceu alguma coisa? D –––––––––– QUESTÃO 05 ––––––––––
Ela se abraçou a ele, ansiosa: Leia o texto abaixo e, a seguir, responda:
- Você está bem? Você me perdoa?
- Eh, que novidade você vai inventar agora?
Perdoar o quê, mulher?
- Tudo por minha culpa choramingou ela. –
Mas graças a Deus você está salvo. Fiz uma
confusão enorme com São Pedro, você nem
imagina. Da próxima vez, quer saber de uma
coisa? Vou com você, morreremos juntos, nossos
filhos que se danem.
Ele a olhou, francamente apreensivo.
―Acho que essa minha mulher está ficando
maluca‖, pensou.
Disponível em: http://PT.scribd.com/doc/72410097/Confusão-com-Sao-Pedro/Acesso
em 27/11/2014

D7 –––––––– QUESTÃO 01 –––––––––––

No trecho “Mas pense um pouco nos nossos
filhos, pelo amor de Deus!”, o ponto de
exclamação tem o efeito de
(A) apelar.
(B) desafiar.
(C) indagar.
(D) intimidar.
No último quadrinho a expressão do menino
sugere que ele ficou
(A) irritado.
D18 ––––––––– QUESTÃO 02 ––––––––––
No trecho “A mulher entrou no avião como num (B) animado.
túmulo, o coração aos pulos. A porta se fechou, (C) assustado.
desligando-a para sempre do mundo.”, a (D) entusiasmado.
expressão destacada sugere que a mulher estava
(A) animada.
(B) irritada.
(C) apressada. Leia o texto abaixo e, a seguir, responda aos
(D) apavorada. itens 6, 7 e 8.
Resenha crítica
Um breve olhar sobre a obra A droga da
D10 –––––––––– QUESTÃO 03 –––––––––– obediência
Nesse texto, o que gera o conflito é
(A) a mulher temer que o avião caísse. Título: A droga da obediência
(B) a viagem de avião do marido e a esposa. Autor: Pedro Bandeira
(C) o marido insistir para que fossem juntos. Editora: Moderna
(D) o avião começar a balançar em pleno voo.
2
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Quando Bronca, estudante do Colégio Elite,
desapareceu, Magrí, Calú, Crânio e Miguel, que
formam um grupo secreto chamado Karas,
entram em ação para descobrir quem estaria por
trás daquilo. Miguel, o líder do grupo, convoca
uma reunião de emergência para planejarem
cada passo da investigação. No esconderijo, que
fica nas dependências do colégio, os quatro são
surpreendidos por Chumbinho, que os seguiu
sem ser notado.
Chumbinho queria ser integrante dos Karas,
e como ele havia descoberto o esconderijo e
sabia das ações do grupo, Magrí, Calú, Crânio e
Miguel tiveram que aceitar o moleque intrometido
como membro.
Durante a reunião, Miguel comentou que o
desaparecimento de Bronca não era um caso
isolado. Estudantes de outros colégios de São
Paulo também haviam desaparecido. Os Karas
precisavam agir com rapidez e cautela. Coube a
Chumbinho a missão de ficar ―na cola‖ de um
aluno para colher informações. Foi assim que ele
descobriu a droga da obediência, que, como o
próprio nome sugere, é usada para fazer as
pessoas obedecerem.
Os estudantes que desapareceram estavam
sob o efeito dessa droga. Eles perderam a
vontade própria e a capacidade de raciocinar,
possibilitando que os criminosos os capturassem
facilmente. Eles foram usados como cobaias de
uma perigosa experiência feita pelo Doutor Q.I.,
que planejava dominar o mundo com a droga da
obediência. Porém, os Karas estavam prontos
para impedi-lo.
O livro A droga da obediência foi publicado
pela primeira vez em 1984 pela editora Moderna,
e é o primeiro da série de personagens "Os
Karas". A história, escrita pelo autor Pedro
Bandeira, possivelmente, evocará em leitores
mais maduros a vontade que, provavelmente,
tiveram, de viver uma grande aventura quando
eram mais jovens, e, inspirados pelos heróis dos
desenhos animados, certamente, se imaginavam
salvando o planeta. É isso que move o livro A
droga da obediência: o desejo de salvar o mundo.
Desejo esse, possivelmente, despertado nos
leitores mais jovens.
O livro segue a tendência clássica da
maioria das novelas policiais: protagonistas que
tentam desvendar um caso, vilões com planos
diabólicos, e, claro, não poderiam faltar os
comparsas bobalhões, empregados para quebrar
um pouco a tensão da história e arrancar risadas
do leitor.
A história é curta, mas bem movimentada.
As ações dos personagens são dinâmicas e a
3
maior parte da história se desenrola através de
diálogos, portanto, não apresenta muitas
passagens descritivas. A inteligência dos Karas é
o que dita o ritmo do livro. O autor Pedro Bandeira
narra o que deve ser narrado e deixa o resto
correr. Simples assim.
Foi uma leitura prazerosa e rápida. A droga
da obediência faz parte de uma série destinada
ao público jovem, mas eu o recomendo às
pessoas de qualquer idade. Para os que não têm
o hábito de ler, é uma excelente opção para
adentrar no mundo literário, pois ele possui
poucas páginas e o enredo prende a atenção do
começo ao fim. Mergulhem sem medo.
Igo Maia
Texto adaptado. Disponível em: http://ymaia.blogspot.com.br/2014/04/resenha-
droga-da-obediencia.html. Acesso em: 2711/2014
D13 –––––––––– QUESTÃO 06 ––––––––––
No trecho “Coube a Chumbinho a missão de ficar
na cola de um aluno para colher informações”, a
expressão destacada é típica da linguagem
(A) formal
(B) informal.
(C) jornalística.
(D) acadêmica.
D3 –––––––––– QUESTÃO 07 ––––––––––
No trecho “A história, escrita pelo autor Pedro
Bandeira, possivelmente, evocará em leitores
mais maduros a vontade que, provavelmente,
tiveram, de viver uma grande aventura quando
eram mais jovens...” (5º parágrafo), o termo
destacado no contexto significa
(A) lembrar.
(B) instigar.
(C) desafiar.
(D) influenciar.
D14 –––––––––– QUESTÃO 08 ––––––––––
Em qual dos trechos a seguir está expresso um
fato?
(A) "O livro A droga da obediência foi publicado
pela primeira vez em 1984...”
(B) "O livro segue a tendência clássica da
maioria das novelas policiais:"
(C) "O autor Pedro Bandeira narra o que deve
ser narrado e deixa o resto correr."
(D) "...ele possui poucas páginas e o enredo
prende a atenção do começo ao fim."
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Leia o texto abaixo e, a seguir, responda aos expectativa pelo último capítulo de uma novela;
itens 9 e 10. uma comemoração na escola. Enfim, escolha um
Momento num café tema que você considerar interessante e que vá
Manuel Bandeira agradar ao leitor. Lembre-se de dar um bom título
ao seu texto. Mãos à obra e seja cronista por um
Quando o enterro passou
dia!
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Sobre a crônica
Saudavam o morto distraídos
A crônica é um gênero que ocupa o espaço
Estavam todos voltados para a vida
do entretenimento, da reflexão mais leve. Nas
Absortos na vida Confiantes na vida.
revistas, por exemplo, em geral é estampada na
última página.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e
Ao escrever, os cronistas buscam
demorado
emocionar e envolver seus leitores, convidando-
Olhando o esquife longamente
os a refletir, de modo sutil, sobre situações do
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem
cotidiano, vistas por meio de olhares irônicos,
finalidade
sérios ou poéticos, mas sempre agudos e atentos.
Que a vida é traição
Publicadas em jornais e revistas, a crônica é um
E saudava a matéria que passava
gênero que retrata os acontecimentos da vida em
Liberta para sempre da alma extinta.
Disponível em: https://autoreselivros.wordpress.com/2012/04/13/momento- tom despretensioso, ora poético, ora filosófico,
num-cafe-de-manuel-bandeira/ muitas vezes divertido. Em geral, na crônica a
narração capta um momento, um flagrante do dia
D2 –––––––––– QUESTÃO 09 –––––––––– a dia.
No trecho “ E saudava a matéria que passava...”, A ocasião faz o escritor. Olimpíadas de Língua Portuguesa-
Escrevendo o Futuro. São Paulo: Cenpec, 2010
o termo destacado se refere à palavra ________________________________________
(A) enterro. ________________________________________
(B) morto. ________________________________________
(C) esquife. ________________________________________
(D) vida. ________________________________________
________________________________________
D15 –––––––––– QUESTÃO 10 –––––––––– ________________________________________
No trecho “Um no entanto se descobriu num ________________________________________
gesto largo e demorado...” o termo destacado ________________________________________
estabelece uma relação de ________________________________________
(A) condição. ________________________________________
________________________________________
(B) explicação.
________________________________________
(C) oposição. ________________________________________
(D) conclusão. ________________________________________
________________________________________
________________________________________
PRODUÇÃO DE TEXTO ________________________________________
O autor Fernando Sabino, na crônica ________________________________________
"Confusão com São Pedro" (itens 1, 2, 3 e 4), ________________________________________
narra com tom humorístico o comportamento de ________________________________________
uma mulher em sua primeira viagem de avião. ________________________________________
Cronistas costumam captar situações comuns do ________________________________________
dia a dia e produzir, a partir delas, textos que ________________________________________
podem fazer rir, refletir ou emocionar. Assim, ________________________________________
convidamos você a ser um cronista e escrever ________________________________________
sobre alguma situação do seu cotidiano ou sobre ________________________________________
algum fato atual ou até mesmo um acontecimento ________________________________________
em sua cidade que tenha lhe chamado a atenção, ________________________________________
tal como: a visita de um parente; um almoço de ________________________________________
domingo; uma partida de futebol inesquecível; a ________________________________________
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