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Informações técnicas
e Curiosidades

Diretor:
Gabriel Axel

Ano:
1987

Local onde foi filmado:


Dinamarca

Curiosidade:
O filme A festa de Babette é uma adaptação do conto homônimo da
escritora dinamarquesa Karen Blixen, publicado em 1950.

Reconhecimento:
O filme está na lista das 45 obras cinematográficas indicadas pelo
Vaticano. Além disso, é o filme preferido do Papa Francisco.

Premiações:
Vencedor do Oscar de “Melhor filme estrangeiro” em 1988.
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Cena
ComentadA (começa em 50m55s)

Babette é pega de surpresa com a notícia de que re-


ceberá um prêmio de loteria em Paris, no valor de 10
mil francos.

Após quatorze anos passados na vila ao lado das


irmãs Martina e Philippa, ela reflete sobre os novos
rumos de sua vida.
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Na beira da praia, Babette contempla o mar. Nos seus
pensamentos, pode estar Paris, ou as pessoas que con-
hecia e que talvez reencontre.

As ondas trazem lembranças até há pouco adorme-


cidas. Neste momento, vemos uma gaivota fazer um
voo rasante sobre as águas.

Em seguida, Babette gira o corpo e começa a andar


na direção contrária do mar. Assim como o pássaro,
ela segue reta, inabalável.
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O mar, as lembranças, o passado, ficam aos poucos
para trás. Em compensação, cada vez mais a terra
firme envolve Babette.

É ali, ao lado daqueles que a acolheram quando mais


precisava, que ela dará seus próximos, e surpreen-
dentes, passos.

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Cine
ExercíciO
Um dos segredos da arte cinematográfica consiste
em saber mover a câmera do jeito e na hora que a
cena exige.

Entre os tipos de movimentos de câmera, um dos


mais conhecidos é o travelling, que consiste em fazer
deslizar a câmera sobre um trilho. Na cena comen-
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tada, assistimos a um movimento assim a partir do
momento em que Babette gira o corpo e caminha na
direção oposta à do mar.

A câmera segue a personagem, reproduzindo o ritmo


assertivo de sua caminhada, no momento em que ela
toma a importante decisão de permanecer na vila, não
sem antes usar o dinheiro da loteria em um espetacu-
lar jantar.

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Outra cena em que notamos a utilização do travelling
acontece em 1h12m19s. Ao entrar na sala de jantar,
os convidados se deparam com a mesa posta por Ba-
bette e seu ajudante. A câmera se movimenta, desli-
zando pelos objetos, enquanto as personagens sen-
tam-se nas cadeiras.

Quando entraram na sala, eles tinham nos rostos ex-


pressões de surpresa.

No decorrer do travelling nós entendemos que tal


sentimento é consequência da beleza que eles enxer-
gam, assim como nós.

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A
PercebeR
O travelling aos 56m37s, e como, por meio de seu uso,
o diretor Gabriel Axel enfatiza a chegada de Babette à
vila trazendo os ingredientes para o jantar.

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Comentário
sobre o Filme
A F E STA D E BA B E T T E

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Martina e Philippa são filhas de um pastor que fundou
uma organização religiosa num vilarejo remoto na Di-
namarca. Em momentos diferentes de suas vidas, re-
cebem convites para deixar o lugar: respectivamente,
para casar-se com um general e com um famoso ten-
or. Ambas, porém, decidem permanecer onde estão.

As irmãs dedicam a vida aos mais necessitados no in-


terior da comunidade: os pobres, os velhos, os doentes,
a quem oferecem comida, companhia, toda sorte de
cuidados. Numa noite, bate à porta delas uma francesa
chamada Babette Hersant. Ela foge da repressão contra
a Comuna em 1871, pede abrigo, e é acolhida.

Anos depois, Babette recebe um chamado para deix-


ar o vilarejo: a notícia de que ganhou um prêmio de
loteria em Paris. Tal como as irmãs, ela decide ficar.
Ao estabelecer um paralelo entre a trajetória delas e
a de Babette, o filme mostrará como por trás de toda
vocação pode haver o mesmo fundo devocional, de
entrega ao próximo.

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Ainda não sabemos, mas Babette é uma cozinheira
experiente, que trabalhara num famoso restaurante na
capital francesa. O fato passou despercebido na aldeia,
pois ao longo dos anos ela se dedicou a fazer a simples
sopa de pão que as irmãs serviam às pessoas. No en-
tanto, o dinheiro da loteria dá a Babette a oportunidade
de realizar um jantar inesquecível para as irmãs e out-
ros convidados, como forma de agradecimento.

A festa ocupa todo o terço final do filme de Gabriel


Axel. Acompanhamos em detalhe o preparo, a refeição,
e os efeitos que ela tem sobre os convidados. Antes
do jantar, a comunidade estava em crise: os membros
discutiam uns com os outros, trocavam o tempo in-
teiro acusações. Aos poucos, a conversa começa a ser
preenchida com lembranças, e o senso de comunidade
ressurge por meio da realização de Babette.

Dos fornos simples de uma aldeia afastada de tudo,


sai um jantar aristocrático. Estaria o segredo nos
ingredientes exóticos utilizados? Ou no talento de

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alquimista de Babette, que os transforma em obras de
arte? Talvez, mas também, e principalmente, na entre-
ga com que ela faz os pratos. Babette cozinha com o
corpo e a alma presentes.

O bem pode ser feito em qualquer lugar, sob quais-


quer circunstâncias, e feitas com boa vontade nossas
ações podem ter uma força transcendente. O jantar de
Babette faz com que as pessoas da comunidade deix-
em as intrigas de lado e voltem a se dar as mãos. Um
“religamento” que não está afastado do sentido eti-
mológico da palavra religião.

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Filmes e séries para quem se importa
com a beleza, a verdade e a bondade.

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Coordenação editorial
Matheus Bazzo

Assistente editorial
Nathalia Matychevicz

Direção de arte
Yuri Silva

Produção de conteúdo
Matheus Cartaxo, Matheus Bazzo
e Nathalia Matychevicz

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