Você está na página 1de 24

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

INDUSTRIAIS - ELETROTÉCNICA
AULA 6

Prof. Samuel Polato Ribas


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, abordaremos alguns pontos fundamentais para o bom


desempenho das instalações elétricas industriais.
Primeiramente, realizaremos um estudo sobre coordenação e
seletividades em instalações elétricas industriais. Apresentaremos os conceitos
de coordenação e seletividades, e os tipos de seletividades existentes.
Também veremos como realizar o ajuste de seletividades, de acordo com os
dispositivos de proteção utilizados – como, por exemplo, somente com
disjuntores, somente com fusíveis, ou com disjuntores e fusíveis.
Na sequência, o foco da aula será o desenvolvimento de projetos
elétricos. Estudaremos características relevantes para o projeto, bem como
quais aspectos deverão ser levados em consideração pelo engenheiro
responsável.
Por fim, listaremos os aspectos da Norma Regulamentadora n. 10, de 7
de dezembro de 2004 (e atualizada em 29 de abril de 2016), que são
relevantes para a execução de projetos e serviços em eletricidade.

TEMA 1 – COORDENAÇÃO E SELETIVIDADE

Coordenação e seletividade são dois conceitos de extrema importância


quando trata-se de instalações industriais. Ambos estão diretamente
relacionados aos sistemas de proteção, que é uma das partes essências para a
instalação.
O conceito de seletividade vem da característica que um sistema ou
circuito elétrico possui de permitir que o dispositivo mais próximo do curto-
circuito ou do defeito atue antes dos demais, desligando somente a parte do
circuito que foi afetada, evitando assim que o defeito se propague e afete
outros pontos da instalação. A seletividade também pode ser associada entre
dois dispositivos de proteção em sequência, indicando qual deles irá atuar
primeiro.
O conceito de coordenação está associado ao tempo de atuação de
duas ou mais proteções. No caso da ocorrência de um defeito no circuito, e
dois ou mais dispositivos atuarem, significa que não há coordenação entre os
dispositivos. Isso ocorre porque o tempo entre os dispositivos está muito
pequeno. Sendo assim, pode-se dizer que os elementos de proteção não estão
coordenados e, consequentemente, que não existe seletividade entre eles.
A partir desses conceitos, nota-se uma clara ligação entre coordenação
e seletividade, mostrando que os dois conceitos devem estar sempre
relacionados. Existem três formas para realizar o ajuste de seletividade e elas
serão analisadas a seguir.

1.1 Seletividade amperimétrica

Este tipo de seletividade se baseia no princípio de que a corrente de


curto-circuito aumenta à medida que o local da falta se aproxima da fonte que
contribui para a corrente de falta. Esse tipo de seletividade é aplicado a
instalações de baixa tensão, em que a impedância dos condutores é algo
relevante para a determinação das correntes de curto-circuito.
Esse tipo de seletividade é uma das mais simples, e está baseada
apenas no ajuste das correntes das duas proteções consecutivas, levando em
consideração os níveis das correntes de curto-circuito. A Figura 1 apresenta
um exemplo de aplicação desse tipo de seletividade.

Figura 1 – Exemplo de aplicação de seletividade amperimétrica

Fonte: Mamede Filho, 2018.

Na Figura 1, supõe-se que o defeito acontece no ponto A, cuja corrente


de curto-circuito é ICS. As correntes ajustadas em P1 e P2 serão denominadas

3
IP1 e IP2, respectivamente. A condição da seletividade amperimétrica será
satisfeita se
(
I P1  I CS  I P 2
(1)
O ajuste das correntes normalmente é feito de modo que o ajuste da
corrente IP2 seja inferior em relação à corrente de curto-circuito ICS, conforme a
equação
(
I P 2  0,8  I CS
(2)
A proteção posterior, que seria o dispositivo P1, deve ter sua corrente
ajustada para
(
I P1  I CS
(3)
Note que este tipo de seletividade é simples de ser ajustada, e pode ser
realizada utilizando disjuntores termomagnéticos com diferentes atuações dos
disparadores. Além disso, esse conceito pode ser aplicado na utilização de
fusíveis com diferentes correntes nominais, desde que com as mesmas curvas
de disparo, e que atendam as condições das equações (2) e (3).

1.2 Seletividade cronométrica

Esse tipo de seletividade está relacionado ao ajuste do tempo de disparo


dos dispositivos de proteção, de modo que o dispositivo mais próximo ao local
da falta tenha uma atuação mais rápida que os dispositivos mais afastados.
Tudo isso devido ao ajuste intencional do tempo de disparo.
Para que esse tipo de seletividade seja efetivo, a diferença de tempo
entre os dois dispositivos deve levar em consideração o tempo de abertura do
dispositivo, acrescido do tempo de incerteza de atuação. Excluindo casos
específicos, a soma desses tempos deve ficar entre 0,3 e 0,5 segundos. A
Figura 2 mostra um exemplo de seletividade cronométrica.
Na Figura 2, é fácil perceber que um defeito no ponto D resulta em uma
corrente de curto-circuito ICS, que passará por todos os dispositivos de
proteção. Percebe-se também que há uma diferença no tempo de atuação
deles para a mesma corrente ICS. O dispositivo P1 está ajustado para atuar
após 1,3 segundo com a passagem da corrente I CS. O dispositivo P2 está
ajustado para atuar 0,4 segundo mais rápido do que o dispositivo P1, o

4
dispositivo P3 atua 0,4 segundo mais rápido que o dispositivo P2, e o
dispositivo P4 atua 0,4 segundo mais rápido que o dispositivo P3. Para a
mesma corrente, a ideia é que o tempo de atuação faça com que o dispositivo
mais próximo do defeito atue primeiro.

Figura 2 – Exemplo de seletividade cronométrica

Fonte: Mamede Filho, 2018.

Os ajustes de tempo podem ser feitos diretamente a partir da análise


das curvas tempo x corrente dos disjuntores, ou pela proteção de tempo
definido. Essas duas possibilidades são mostradas na Figura 3 e na Figura 4,
respectivamente.

5
Figura 3 – Curva tempo x corrente

Fonte: Mamede Filho, 2018.

Figura 4 – Curva de tempo definido

Fonte, Mamede Filho, 2018.

Na Figura 3, a curva relaciona a corrente que passará pelo disjuntor e o


tempo que levará a atuação, ou seja, quando passar a corrente IA1, o tempo de
atuação será Ta1, e, se a corrente que passar pelo disjuntor for a I A2, o tempo
de atuação será Ta2.
Na Figura 4, que representa a curva de tempo definido, em que há um
tempo pré-definido e escolhe-se a corrente irá resultar na atuação do disjuntor.
Esse tipo de seletividade pode ser realizado com diferentes
combinações, todas muito eficientes. Pode ser feita com fusíveis em série,

6
fusível e disjuntores em série, disjuntor com ação termomagnética em série
com fusíveis, e apenas com disjuntores em série.

1.3 Seletividade lógica

Esse tipo de seletividade necessita a utilização de relés digitais


multifunção. Ela é aplicada em unidades de sobrecorrentes de fase e neutro ou
terra. Aplicada em sistemas de potência primários e secundários, é comumente
aplicada a sistemas radiais, quando estes utilizam relés de sobrecorrente
direcionais. A Figura 5 apresenta um gráfico onde se pode compreender
melhor o princípio da seletividade lógica.
Na Figura 5, são utilizados relés de sobrecorrente digitais em
barramentos de diferentes níveis, sendo que os relés se conectam entre si
pode meio de um fio piloto, que conduz o sinal de bloqueio.

Figura 5 – Exemplo de seletividade lógica

Fonte: Mamede Filho, 2018.

O funcionamento do esquema da Figura 5 baseia-se em uma suposta


falta na barra D. Nessa situação hipotética, o dispositivo P4 envia um sinal para
o dispositivo P3, que envia um sinal para o dispositivo P2, e posteriormente
para o dispositivo P1. Todos os sinais ordenam o bloqueio do dispositivo que
recebe o sinal. Então o dispositivo P4 atua sobre o dispositivo de abertura, no

7
tempo ajustado, Tp4, que compreende o tempo e atuação do dispositivo, mais
um acréscimo de 50 a 100 ms.

TEMA 2 – AJUSTE DE COORDENAÇÃO E SELETIVIDADE

Neste tema, falaremos especificamente sobre o ajuste de coordenação e


seletividade. Como foi estudado no Tema 1, há três tipos de seletividade: a
amperimétrica, a cronométrica e a lógica. A seletividade amperimétrica é a
mais simples, e a forma como realizar seu ajuste já foi abordada nas equações
(1), (2) e (3). A seletividade cronométrica permite mais combinações e,
consequentemente, necessita de um estudo mais detalhado. Sendo assim, a
partir deste ponto, iremos considerar sempre a seletividade cronométrica.

2.1 Fusível em série com fusível

Quando se opta pela utilização de fusíveis em série do mesmo tipo, a


seletividade é feita de maneira mais simples. Nessa situação, é necessário que
a corrente nominal do fusível a montante seja de 1,6 vezes a do fusível
protetor, que fica jusante, ou seja,
(
I fm  1,6  I fj
(4)
em que, Ifm é a corrente nominal do fusível a montante, e I fj é a corrente
nominal do fusível a jusante. O posicionamento desses fusíveis em um sistema
de proteção é mostrado na Figura 6.

8
Figura 6 – Fusíveis a montante e a jusante em um sistema de seletividade
cronométrica

Fonte: Mamede Filho, 2018.

Para um melhor entendimento de como funcionará a operação desse


sistema, considere a Figura 7 (a) onde são mostradas as curvas de dois
fusíveis do tipo NH, sendo um de 80 A e outro de 160 A, dispostos como no
esquema da Figura 7 (b).

Figura 7 – Curvas de fusíveis tipo NH (a), disposição dos fusíveis no sistema


de proteção (b)

Fonte: Mamede Filho, 2018.

Na Figura 7(b), é simulado um curto-circuito cuja corrente ICS é de 1500


A. Na Figura 7(a), o tempo de atuação do fusível de 80 A para este nível de
corrente é de 0,02 s, enquanto para esta mesma corrente o fusível de 160 A,
leva 0,1 s para atuar. Perceba ainda que a corrente do fusível a montante é o

9
dobro da corrente do fusível a jusante, portanto a condição da equação (4) é
satisfeita.

2.2 Fusível em série com disjuntor de ação termomagnética

Nesse tipo de proteção, deve-se levar dois fatores distintos: a faixa de


sobrecarga e a faixa de curto-circuito. A disposição do fusível e do disjuntor é
mostrada na Figura 8.

Figura 8 – Esquema de seletividade cronométrica com fusível em série com


disjuntor termomagnético

Fonte: Mamede Filho, 2018.

Em relação à faixa de sobrecarga, a seletividade é garantida quando a


curva do dispositivo magnético do disjuntor não cruzar a curva de atuação do
fusível, conforme mostrado na Figura 9.
Na Figura 9, o Taf é o tempo de atuação do fusível, e T ad é o tempo de
atuação do disjuntor. Perceba que as curvas não se cruzam, o que garante a
seletividade.
Em relação à faixa de curto-circuito, para que a seletividade esteja
garantida, é necessário que o tempo de atuação do fusível seja igual ou maior
que 50 ms em relação ao tempo de disparo do disjuntor, devido ao seu
dispositivo magnético, conforme a equação
Taf  Tad  50 ms (5)

10
Figura 9 – Curva de seletividade de fusível em série com disjuntor
termomagnético

Fonte: Mamede Filho, 2018.

2.3 Disjuntor de ação termomagnética em série com fusíveis

Este esquema de proteção é mostrado na Figura 10.

Figura 10 – Esquema de seletividade cronométrica com disjuntor


termomagnético em série com fusível

Fonte: Mamede Filho, 2018.

11
Nesse esquema de proteção, a seletividade é garantida quando a curva
de atuação do dispositivo térmico do disjuntor não corta a do fusível, como
mostrado na Figura 11.
Considerando a ocorrência de um curto-circuito no ponto indicado na
Figura 10, onde haverá o surgimento da corrente ICS, a seletividade é obtida
desde que o tempo de atuação do dispositivo eletromagnético do disjuntor seja
igual ou maior que 100 ms, em relação ao tempo de atuação do fusível,
conforme mostrado na equação (10).
Taf  Tad  100 ms (6)

Figura 10 – Curva de seletividade de disjuntor termomagnético com fusível

Fonte: Mamede Filho, 2018.

2.4 Disjuntor em série com disjuntor

Este esquema de proteção é montado conforme mostrado na Figura 11.

12
Figura 11 – Esquema de seletividade cronométrica com disjuntor em série com
disjuntor

Fonte: Mamede Filho, 2018.

Assim como no caso de disjuntor com fusível, e fusível com disjuntor, a


seletividade relacionada à sobrecarga é garantida se as curvas dos disjuntores
não se cruzarem, conforme mostrado na Figura 12.

Figura 12 – Curva de seletividade de disjuntor em série com disjuntor

Fonte: Mamede Filho, 2018.

Em relação às correntes de curto-circuito, é indispensável que sejam


atendidas duas condições, que são demonstradas na Figura 12. A primeira

13
delas é em relação ao tempo de atuação dos disjuntores, conforme mostrado
na equação
(
Tad 1  Tad 2  150 ms
(7)
onde, Tad1 é o tempo de atuação do disjuntor D1, e T ad2 é o tempo de
atuação do disjuntor D2.
A equação (7) estabelece que, para que a seletividade esteja garantida
em relação às correntes de curto-circuito, o tempo de atuação do disjuntor mais
distante do ponto onde ocorreu o curto-circuito deve ser 150 ms maior que o
tempo de atuação do disjuntor mais próximo da falta.
Também deve ser atendida a situação que relaciona as correntes dos
disjuntores, conforme a equação (8).
(
I ad 1  1,25  I ad 2
(8)
em que, Iad1 é a corrente de atuação do disjuntor D1, e I ad2 é a corrente
de atuação do disjuntor Iad2.

TEMA 3 – PROJETO ELÉTRICO INDUSTRIAL

Um projeto elétrico industrial leva em consideração fatores que vão


determinar qual a melhor forma para realização do projeto. O intuito deste tema
não é realizar o projeto de uma instalação elétrica industrial, mas sim mostrar
os principais aspectos relacionados a ela.
Obviamente, os projetos elétricos devem seguir normas específicas para
cada tipo de instalação. Sempre lembrando que não há obrigatoriedade em
seguir os itens especificados pelas normas, porém, é altamente recomendável
que elas sejam seguidas, para que possam ser evitados problemas nas
instalações. Em instalações elétricas industriais, utilizam-se basicamente
quatro normas:

1. NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão;


2. NBR 14039 – Instalações elétricas de média tensão;
3. NBR 5413 – Iluminação de interiores;
4. NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas.

14
As quatro são baseadas em normas internacionais, principalmente as da
IEC (International Eletrotechnical Comission), que é um órgão reconhecido
internacionalmente nessa área.
Sabe-se que, em uma instalação industrial, é indispensável conhecer as
cargas para que os condutores sejam dimensionados corretamente, evitando
assim eventos que possam resultar em sobrecarga dos condutores e danos à
instalação. Na maioria das indústrias, os motores elétricos são responsáveis
pelo maior consumo de energia, pelo menos no que diz respeito à parte da
indústria que concentra as linhas de produção. Os dados que devem ser
conhecidos são:

 Potência nominal;
 Tensão nominal;
 Corrente nominal;
 Frequência nominal;
 Número de polos;
 Tipos de ligações possíveis;
 Regime de funcionamento.

Como praticamente todas as instalações elétricas são compostas de


sistemas de alimentação trifásico, subentende-se que o número de fases do
motor seja igual a três. E são três os principais motivos que levam à escolha de
motores de indução trifásicos. Primeiro, devido ao tamanho físico. Um motor de
indução trifásico possui tamanho reduzido em relação a um motor monofásico
de mesma potência. Segundo, o motor de indução trifásico possui
características construtivas mais simples e maior robustez em relação a um
motor de indução monofásico. O terceiro e principal motivo é que, se a
instalação fosse monofásica, os condutores deveriam possuir uma seção muito
maior, o que dificultaria os serviços de passagem de cabos, e tornaria a
instalação mais trabalhosa e cara. Obviamente existem outras cargas em uma
indústria, e que devem ter os mesmos cuidados que se tem com os motores de
indução no momento da instalação.
Outro cuidado que deve ser levado em consideração é relacionado à
localização dos quadros de distribuição de circuitos terminais. É recomendável
que os quadros de distribuição de circuitos terminais fiquem localizados o mais
próximo possível do centro das cargas, de modo que a distribuição dos

15
circuitos seja a mais uniforme possível. Dessa forma, é possível reduzir as
quedas de tensão entre os quadros de distribuição e as cargas. Entretanto,
muitas vezes os quadros se localizam em locais inadequados, devido à
disposição das máquinas envolvidas no processo produtivo. Nessas condições,
alguns pontos podem ser levados em consideração para amenizar a situação.

 Instalar os painéis e quadros de distribuição próximos à linha geral dos


canais de alimentação como canaletas e eletrocalhas;
 Afastados dos locais de circulação de pessoas;
 Instalação em locais com boa iluminação;
 Locais de fácil acesso;
 Locais não sujeitos a substâncias que possam ocasionar danos aos
painéis e quadros;
 Instalação em locais onde a temperatura não prejudique condutores e
equipamentos.

A localização do quadro de distribuição geral, que é o quadro que irá


alimentar os quadros de distribuição de circuitos terminais, é outro fator
importante. O recomendável é que ele fique dentro de subestações, ou próximo
a elas, ou próximo às unidades de transformação.
Ainda em relação aos quadros de alimentação de circuitos terminais,
considerando que tais circuitos sejam para alimentação de motores elétricos,
haverá dentro deles dispositivos de acionamento e proteção para os motores,
podendo tais dispositivos ser eletromecânicos ou eletrônicos. Em relação aos
dispositivos eletromecânicos, os cuidados que devem ser levados em
consideração dependem do tipo de dispositivo.

a) Contatores

 Verificar se a corrente nominal é suficiente para suportar a corrente da


carga e realizar as manobras sem o risco de danificar os contatos;
 Verificar se a categoria é adequada para o tipo de carga;
 Verificar se o número de contatos auxiliares é suficiente e se há a
necessidade de blocos auxiliares.

b) Relés de sobrecarga

 Verificar se a corrente que deve ser ajustada está dentro da faixa de


ajuste do relé.

16
c) Disjuntores

 Verificar se a corrente nominal é adequada para o dispositivo que ele


protege;
 Verificar se os critérios de coordenação e seletividades estão sendo
atendidos;
 Verificar se a tensão suportada pelo disjuntor é adequada.

d) Fusíveis

 Verificar se a corrente nominal do fusível é adequada;


 Verificar se está corretamente dimensionado em função da corrente de
partida, no caso de motores elétricos.

e) Partidas eletrônicas (inversores de frequência e partidas suaves)

 Verificar se o espaçamento entre eles é adequado para evitar


sobreaquecimento por falta de circulação de ar;
 Verificar se a temperatura dentro do painel é adequada;
 Verificar se a ventilação do painel é suficiente para manter a temperatura
adequada, pois a capacidade de condução dos semicondutores diminui
com o aumento da temperatura.

Há ainda que se tomar cuidado com os dispositivos que estão no chão


de fábrica, e que enviarão sinais para os dispositivos de controle e
acionamento localizados dentro dos painéis de alimentação das cargas, como
sensores e chaves fim-de-curso. Para esses dispositivos, deve ser levado em
consideração alguns aspectos como:

f) Sensores

 Verificar se estão em local adequado;


 No caso de sensores, verificar se a distância e a sensibilidade estão
ajustadas corretamente.

g) Fins-de-curso

 Verificar se estão posicionadas de forma a não sofrerem forças


desproporcionais ao serem acionadas;
 Verificar o posicionamento.

No caso de painéis com capacitores para correção de fator de potência:

17
 Verificar se está instalada a potência reativa que foi projetada;
 Verificar a tensão dos capacitores;
 Verificar se a temperatura dentro do painel é adequada;
 No caso de bancos automáticos, verificar se a medição e o acionamento
estão ocorrendo de forma adequada.

Obviamente, deve-se ficar atento também ao dimensionamento de


condutores, verificando se os condutores instalados atendem aos requisitos de
capacidade de corrente e quedas de tensão admissíveis.
E, por fim, e o mais importante, como já foi mencionado, seguir as
normas especificadas é imprescindível para o bom andamento do projeto.

TEMA 4 – DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO ELÉTRICO INDUSTRIAL

O desenvolvimento de um projeto industrial deve passar por etapas que


vão do planejamento até a execução do projeto em si. A seguir serão listados
alguns pontos indispensáveis para que o desenvolvimento do projeto ocorra de
forma segura e consistente.

4.1 O conhecimento e experiência do profissional

Não significa que um profissional sem experiência no ramo não possa


desenvolver um projeto elétrico industrial. Porém, a experiência é algo que
auxilia muito nessa situação.
O profissional experiente deve ser capaz de prever situações que podem
prejudicar os trabalhos de execução do projeto. Dessa forma, o projetista pode
desenvolver soluções antes que os problemas ocorram.
É altamente aconselhável que o profissional sem experiência na área
seja orientado por um profissional experiente, capaz de conduzi-lo de maneira
adequada.

4.2 Conhecer o layout da indústria

O posicionamento das máquinas e equipamentos é fundamental para o


desenvolvimento do projeto. Conhecendo o layout, o projetista pode prever
onde será a melhor localização dos painéis elétricos, e quais os caminhos que
os alimentadores poderão percorrer para chegar até os painéis.

18
4.3 Divisão das cargas

Conhecendo o layout, máquinas e equipamentos, o projetista pode


prever como será feita a divisão das cargas da instalação, o que ajudará
consideravelmente no futuro dimensionamento dos condutores, dos
dispositivos de proteção e na coordenação e seletividade.

4.4 Localização da subestação

Ao conhecer a localização da subestação principal, é possível


determinar o melhor posicionamento de subestações intermediárias, a partir
das quais será feita a redistribuição dos alimentadores para as cargas da
indústria.
Aqui, mais uma vez, pode-se destacar o posicionamento dos painéis
elétricos e do layout do posicionamento de máquinas e equipamentos, pois
assim há mais informações para determinar o posicionamento das subestações
intermediárias.

4.5 Temperatura ambiente

Conhecer a temperatura ambiente onde haverá condutores e painéis


elétricos é fundamental para que o futuro dimensionamento de condutores seja
feito de maneira adequada.
A capacidade de isolamento dos condutores depende da temperatura
ambiente, pois em função dela (e da temperatura máxima atingida pelo
condutor em função da passagem de corrente) é que depende a escolha do
material isolante.
Além disso, a temperatura ambiente afetará a temperatura interna dos
painéis elétricos, influenciando assim o sistema de refrigeração dos painéis.

4.6 Presença de pessoas próximas a partes energizadas

Isso é necessário para aplicar a devida proteção para que pessoas não
capacitadas tenham acesso as partes energizadas da indústria, principalmente
as partes de média tensão. Por isso, a previsão de deslocamento das pessoas
dentro do ambiente industrial ajuda no sentido de o projetista prever barreiras
para evitar acidentes.

19
4.7 Execução do projeto

Levando em consideração esses aspectos, o projetista terá uma parcela


de informações consideráveis para o início do desenvolvimento do projeto
elétrico industrial. O fato de não levar em consideração os aspectos
supracitados, pode resultar na execução inadequada do projeto, o que poderá
se refletir no momento de sua implementação.
Ressalta-se, mais uma vez, a importância da experiência do projetista,
que deverá ser capaz de considerar todos os aspectos citados, além de outros
que possivelmente irão influenciar no desenvolvimento do projeto.
Vale lembrar que o profissional sem experiência na área de
desenvolvimento de projetos elétricos industriais deve ser acompanhado de um
ou mais profissionais capazes de orientá-lo adequadamente.

TEMA 5 – SEGURANÇA EM PROJETOS: NR 10

A Norma Regulamentadora n. 10, ou NR 10, como é mais conhecida, faz


parte do pacote de normas regulamentadoras criadas pelo então Ministério do
Trabalho, pela Portaria 3.214, de 8 de junho de 1978. A NR 10, que
regulamenta a segurança em instalações e serviço em eletricidade, recebeu
sua última atualização na Portaria 508, de 29 de abril de 2016, publicada no
Diário Oficial da União em 2 de maio de 2016.
A NR 10 pode ser vista de três pontos de vista distintos: do governo, da
segurança e da indústria.

5.1 Ponto de vista do governo

Para o governo, há duas áreas que recebem o maior benefício


proporcionado por profissionais com capacitação da NR 10: a área social e a
área econômica.
Na área social, o governo entende que, ao evitar que ocorram acidentes
de trabalho, está proporcionando melhores condições de trabalho aos
profissionais que trabalham com eletricidade, contribuindo para o bem-estar e a
saúde do trabalhador, ou seja, para condições de trabalho adequadas. Com um
trabalhador saudável, entende-se que o dever social do governo está sendo
cumprido.

20
Na área econômica, quanto menor for o número de acidentes de
trabalho, maior será a arrecadação do governo e menores são os custos com a
previdência social.

5.2 Ponto de vista da segurança

A NR 10 consegue preencher a lacuna existente entre os profissionais


que atuam com eletricidade, as normas e procedimentos adotados em serviços
envolvendo eletricidade, e a utilização de equipamentos de segurança. A
lacuna entre esses três fatores contribui significativamente para o aumento dos
acidentes de trabalho. A NR 10 torna obrigatória a utilização de equipamentos
de segurança especificados corretamente, a importância de seguir as
recomendações estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) e a capacitação de profissionais.
Aqui vale ressaltar a diferença entre profissionais habilitados e
capacitados. Os profissionais habilitados são aqueles com conhecimento
técnico suficiente para realizar serviços em eletricidade. Já os profissionais
capacitados são aqueles que receberam treinamento para realizar serviços em
eletricidade. Sendo assim, nem todo profissional habilitado pode ser
considerado capacitado para a realização de serviços em eletricidade.

5.3 Ponto de vista da indústria

A indústria ou empresa que contrata o profissional capacitado pela NR


10, teoricamente, diminui o risco de contratempos – risco esse que seria maior
com profissionais não capacitados. O principal contratempo é relacionado aos
acidentes que podem acontecer. Em tese, o profissional capacitado tem menos
chances de sofrê-los.
Quando o profissional sofre um acidente e precisa ser afastado, há
prejuízos de naturezas diferentes para a indústria, como, por exemplo, perda
de produtividade, imagem negativa, pagamento de indenizações, substituição
do funcionário, treinamentos e pagamento dos quinze primeiros dias de
afastamento.
Vale ressaltar que a capacitação na NR 10 é dividida em duas partes de
40 horas: “curso básico – segurança em instalações e serviços com
eletricidade” e “curso complementar – segurança no sistema elétrico de

21
potência e em suas proximidades”. O primeiro curso é destinado a todos os
profissionais que realizam serviços em eletricidade. O segundo é destinado a
profissionais que desenvolvem serviços no sistema elétrico de potência, o que
requer do profissional cuidados adicionais em relação aos serviços
convencionais.
A NR 10 estabelece critérios de segurança não somente relacionados à
execução de serviços em eletricidade, mas também relacionados à segurança
em projetos. Mais precisamente, o item 10.3 da NR 10 fala desses critérios, os
quais são listados a seguir (Norma, 2019).

10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas


especifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam
recursos para impedimento de reenergização, para sinalização de
advertência com indicação da condição operativa.
10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a
instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea, que
permita a aplicação de impedimento de reenergização do circuito.
10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o espaço
seguro, quanto ao dimensionamento e a localização de seus
componentes e as influências externas, quando da operação e da
realização de serviços de construção e manutenção.
10.3.3.1 Os circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como:
comunicação, sinalização, controle e tração elétrica devem ser
identificados e instalados separadamente, salvo quando o
desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento, respeitadas
as definições de projetos.
10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de
aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o
condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra das partes
condutoras não destinadas à condução da eletricidade.
10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessário, devem ser
projetados dispositivos de seccionamento que incorporem recursos
fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado.
10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de
aterramento temporário.
10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos
trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras
pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado.
10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas
Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, as
regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por
profissional legalmente habilitado.
10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo, os
seguintes itens de segurança:
a) especificação das características relativas à proteção contra
choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais;
b) indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos
elétricos: (Verde - “D”, desligado e Vermelho - “L”, ligado);
c) descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e
equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de
proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios
equipamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem ser
aplicadas fisicamente nos componentes das instalações;
d) recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de
pessoas aos componentes das instalações;
e) precauções aplicáveis em face das influências externas;

22
f) o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do
projeto, destinados à segurança das pessoas;
g) descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a
instalação elétrica.
10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instalações
proporcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição
de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia.

FINALIZANDO

Esta aula apresentou os conceitos de coordenação e seletividades,


assim como os tipos de seletividades e como garantir a coordenação levando
em consideração diferentes situações.
Na sequência, foram apresentados os principais pontos que devem ser
levados em consideração em projetos elétricos, do seu planejamento e
desenvolvimento até como a NR 10 aborda a segurança em projetos elétricos
industriais.

23
REFERÊNCIAS

MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais: de acordo com a


norma brasileira NBR 5419/2015. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.

NORMA Regulamentadora n. 10 – Segurança em instalações e serviços em


eletricidade. Disponível em:
<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR10.pdf>. Acesso em: 20
nov. 2019.

24

Você também pode gostar