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ESTUDO BÍBLICO

COMO FAZER POR ONDE COMEÇAR


DENIS DUARTE

ESTUDO BÍBLICO

COMO FAZER POR

ONDE COMEÇAR
Direção geral: Camila Carvalho Duarte / Denis Duarte Editorial
Capa: Diego Rodrigues
Preparação, diagramação e revisão: Thuâny Simões

ISBN: 978-65-8063-901-4

Todos os direitos reservados.

Cachoeira Paulista, SP, Brasil, 2019


Dedico este livro à minha irmã Edvânia Duarte, que me presenteou com
minha primeira Bíblia.
SUMÁRIO

Introdução 9

O que é o estudo bíblico? 11

Os quatro degraus do estudo bíblico ​15


Por onde começar a ler a Bíblia? 22

Exemplo de um estudo bíblico 28

Dicas para se fazer um bom estudo bíblico 35


Palavras finais 37
INTRODUçÃO
Todos são convidados a conhecer a Palavra de Deus. Por isso o
método apresentado neste livro é fácil e, ao mesmo tempo,
profundo, per- mitindo, assim, que diferentes pessoas consigam ler
e entender as Sagradas Escrituras, e, sobretudo, escutar a Deus e
dialogar com Ele a partir do estudo bíblico.
Não há desculpas. Pessoas com a idade avan- çada ou ainda
muito jovens. Pessoas pouco letradas ou muito instruídas. Pessoas
com pouco tempo disponível. Pessoas que nunca fizeram estudo bí-
blico ou pessoas experientes na vida religiosa. Não importa! Este
método é para todos. Por sua sim- plicidade e intensidade, torna
possível a qualquer pessoa o acesso a Deus por meio de Sua
Palavra.
Claro que para isso acontecer é necessário que se mantenha
certa disciplina. Afinal, neste livro
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é apresentado um método de estudo. E método é como a receita de
um bolo. Para que, ao final, o bolo saia como desejado, é preciso
que haja disciplina para seguir a receita.
Mas o que é preciso ter em mãos para seguir este método de
estudo bíblico? Apenas a Bíblia; o Catecismo da Igreja Católica,
pois é interessan- te que o tenha; e, se possível, um caderno para
anotações com uma caneta ou lápis. Claro que, se você tiver acesso a
uma boa literatura sobre os textos bíblicos, isso pode ajudá-lo em
algum momento, mas não é imprescindível para realizar o estudo
bíblico.
O importante é que Deus, pelas Sagradas Escrituras, fale a cada
um por meio deste estudo.

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O QUE é O ESTUDO BíBLICO?
O estudo proposto neste livro é o método usado ao longo
da história da Igreja Católica e que remonta a regras
monásticas muito antigas. Tal método foi sistematizado no
século XII através dos escritos do monge Guido, na sua Carta
de Dom Guido, cartuxo, ao Ir. Gervásio, sobre a vida
contemplativa .
O nome deste estudo é Lectio Divina, cuja tradução é
Leitura Divina . Alguns também tra- duzem como Leitura
Orante da Bíblia . A Lectio , ou o ato da leitura, é a parte que
cabe ao esforço humano. E essa leitura se torna divina por
estar diante da Palavra de Deus.
Monge Guido conta, em sua carta, que certo dia estava
trabalhando e começou a pensar na vida espiritual do homem.
De repente, ele foi inspirado com os quatro degraus
espirituais: a leitura, a
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meditação, a oração e a contemplação. Uma escada que, apesar
de pequena, conduz ao céu.
Para o monge, cada um desses quatro degraus tem o seu lugar e
seu valor no estudo bíblico. Ou seja, ao se entender a função de cada
degrau, será possível encontrar facilidade e doçura por maior que
seja o esforço dedicado ao estudo. Segundo Guido, “a leitura
procura a doçura da vida bem-a-
venturada, a meditação a encontra, a oração a pede,
a contemplação a experimenta”.
A leitura desperta o desejo desse encontro com Deus através de
Sua Palavra. É um esforço de entendimento sobre o que está escrito
nos textos. Por isso é um exercício da razão. De em- penho da
inteligência na busca da doçura da vida bem-aventurada.
A meditação mergulha mais profundamente naquilo que foi
lido, examinando cada detalhe para que se faça uma íntima reflexão.
Nesse está- gio começamos a pressentir a presença divina, e o desejo
do encontro com Deus aumenta ainda mais.
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A oração é o pedido para que esse encontro com o divino
aconteça. Por si mesmo, o homem não é capaz de atingir o
conhecimento e a expe- riência sobre Deus. Somente com o auxílio
do Espírito de Deus ele poderá ser levado ao encontro tão desejado
por sua alma.
A contemplação é o encontro. Ela propor- ciona o sabor da
experiência com Deus, que, em Sua bondade e atento às nossas
preces, não espera a oração acabar e logo vem ao encontro da alma
que o deseja ardentemente.
Recapitulando, nas palavras do próprio mon- ge Guido, “a
leitura é feita segundo um exercício mais exterior; a meditação,
segundo uma inteli- gência mais interior; a oração, segundo o
desejo; a contemplação passa acima de todo sentido. O pri- meiro
degrau é dos principiantes; o segundo, dos que progridem; o
terceiro, dos fervorosos; o quarto, dos bem-aventurados”.
Precisamos entender que, como em qualquer escada, não se
deve pular algum degrau, pois eles
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estão ligados um ao outro. Não adianta passarmos horas na leitura,
se não a levarmos ao íntimo do coração na meditação. Não adianta
enxergarmos o que deve ser feito através da meditação, se não
obtivermos, por meio da oração, a graça divina para a execução.
Monge Guido diz que “ a leitura sem meditação é árida, a
meditação sem leitura é er- rônea, a oração sem meditação é morna,
a meditação sem oração é infrutífera. A oração com fervor obtém a
contemplação, mas a aquisição da contemplação é rara ou
miraculosa sem a oração”.
Dessa forma, é possível compreendermos
as funções e as propriedades de cada degrau e ainda percebermos
como os degraus dessa escada se relacionam entre si. Para, então,
entendermos o que cada degrau produz na pessoa que faz o estudo
bíblico através deste método.

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OS QUATRO
DEGRAUS DO
ESTUDO BíBLICO
Leitura
O primeiro degrau costuma ser o mais di- fícil, pois ele exige
estudo e, principalmente, a disciplina de não ir logo para a
meditação. É in- dispensável gastarmos o tempo necessário com a
leitura, pois ela nos garante o entendimento do texto na sua origem.
Por isso é sugerido que se tenha um tempo determinado para se
fazer a Lectio Divina . Fixar um tempo determinado para o estudo
bíblico e para cada degrau ajuda na perseverança com
aprofundamento na Palavra de Deus.
A leitura diz respeito ao entendimento do texto. Dessa forma, a
primeira coisa a se fazer na
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leitura é saber se foi possível compreender todas as palavras do
texto. Caso contrário, deverá ser feito o uso de um dicionário.
Depois de entendido o texto, passa-se ao contexto.
Primeiramente, ao contexto histórico: quem escreveu este texto?
Quando foi escrito? Em que situação ele foi escrito? E várias outras
questões relacionadas à situação econômica, social, política e
cultural da época.
Segundo, contexto literário e linguístico: qual é o formato desse
texto (parábola, sermão, car- ta...)? Existe alguma expressão ou
palavra estranha à língua portuguesa? Quando se faz a leitura, o que
é possível perceber nas entrelinhas do texto? Terceiro, contexto
teológico: como esta passa- gem se liga ao livro todo? Existe
alguma expressão teológica no texto? Como Deus se apresenta neste
texto? Como as pessoas o compreendem?
Para que a leitura seja bem-feita, outra su- gestão é que não se
faça a Lectio Divina de textos aleatórios, mas que se estude,
mesmo que aos
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poucos, um livro completo. Ou seja, que se faça o estudo de um
livro bíblico do primeiro ao úl- timo capítulo.

Meditação
Depois de conhecer o texto na sua origem, é possível subir
para o segundo degrau. A meditação possibilita confrontar o texto
bíblico com a vida de quem o lê. É uma atualização do texto. O
que o texto bíblico fala para o leitor hoje?
É Deus quem fala. Através da meditação torna-se possível
fazer uma revisão da própria vida à luz da Palavra de Deus. Uma
leitura bem-feita dá a tranquilidade necessária para uma meditação
segura. Segurança de que é Deus quem fala através da meditação.
Para esse degrau vale a pena ter em mãos o Catecismo da
Igreja Católica, pois nele há a síntese de toda doutrina católica. É
importante que os temas da meditação sejam confrontados

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com a Doutrina para buscar a certeza de que se está no caminho
certo, que é o da Igreja de Cristo. Por isso, aqui vale a máxima:
Bíblia numa mão e Catecismo da Igreja Católica na outra.

Oração
Deus fala na meditação. Então, é preciso responder-Lhe através
da oração. É dessa forma que se estabelece um diálogo na Lectio
Divina . E, assim, passa-se ao próximo degrau. A meditação fornece
o conteúdo para a oração, da mesma forma que a leitura fornece o
conteúdo para a meditação. Sendo assim, se a meditação conduz a
uma oração de súplica, suplique. Se a meditação leva a uma oração
de louvor, louve. Se a meditação dirige a uma oração de silêncio,
silencie. Ou seja, o fio condutor da oração será a Palavra de Deus
na meditação.
A Lectio Divina segue a mesma dinâmica da Liturgia da Palavra, pois
na celebração litúrgica

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a leitura da Sagrada Escritura é sempre acompa- nhada da oração. E
como já dito, a oração é uma resposta a Deus, que toma a iniciativa
de falar com o homem. E essa resposta em forma de ora- ção pode
ser de muitas maneiras: súplica, louvor, silêncio, adoração, ação de
graças...
Sobre a importância da leitura e do estudo da Palavra de Deus
estarem sempre acompanhados da oração, a Igreja Católica, através
da Constituição Dogmática Dei Verbum – sobre a revelação de
Deus nas Sagradas Escrituras – orienta:
É necessário, por isso, que todos os clérigos e, sobretudo, os sacerdotes de
Cristo e outros que, como os diáconos e os catequistas, se consagram
legitimamente ao ministério da palavra, mantenham um contato íntimo com as
Escrituras, mediante a leitura assídua e o estudo apurado, a fim de que nenhum
deles se torne “pregador vão e superficial da palavra de Deus por não a ouvir de
dentro”, tendo, como têm a obrigação de comunicar aos fiéis que lhes estão
confiados as grandíssimas riquezas da palavra divina, sobretudo na sagrada
Liturgia. Do

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mesmo modo, o sagrado Concílio exorta com ardor e insistência todos os fiéis,
mormente os religiosos, a que aprendam “a sublime ciência de Jesus Cristo” (Fil
3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras, porque “a ignorância das
Escrituras é ignorância de Cristo”. Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o
texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer
pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavel-
mente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja.
Lembrem-se, porém, de que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada
de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque “a Ele
falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos”
(Dei Verbum, 25).

Contemplação
O quarto degrau é o da contemplação. Não é possível definir
muito bem este degrau, pois se trata de uma experiência mística. É
experimentar

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a Palavra de Deus diretamente no coração. É Deus que
penetra na alma de quem o deseja.
Quando se dialoga com Deus na oração, a alma é envolta
numa atmosfera de amor. Uma experiência de saborear mais
profundamente a presença divina. Uma certeza de que,
verdadei- ramente, a Palavra de Deus é lâmpada para meus
passos e luz para o meu caminho (Sl 119,105).
Através da contemplação, Deus também conduz o fiel a
ver o mundo com outros olhos, principalmente a amar o
próximo como a ti mes- mo . Por isso, no degrau da
contemplação, alguns
acrescentam a ação, como uma forma de, ao final
da Lectio Divina , transformar a experiência com a Palavra de
Deus em atos concretos na própria vida e na vida dos irmãos.
A ação possibilita formular, a partir da Lectio
Divina, um compromisso concreto, algo que com- prometa o
fiel a uma mudança de vida realizada na prática cristã do
cotidiano. E dessa forma convida a uma vivência comunitária
a partir do contato com o outro, especialmente do irmão que
sofre.
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POR ONDE
COMEçAR A LER A
BíBLIA?
É importante que se tenha um roteiro para o estudo da Bíblia. O
que aqui se apresenta é apenas uma sugestão, pois são várias as
possibilidades de roteiro. Por exemplo, algumas pessoas têm como
roteiro de estudo a liturgia diária; outros estudam a Bíblia na
sequência em que os livros se apresentam, ou seja, do Gênesis ao
Apocalipse.
Não há uma regra, mas apenas a sugestão de que se assuma um
roteiro para si, para não se per- der nessa maravilhosa viagem, como
um mapa que orienta o caminho a ser seguido. Dessa maneira, o que
é apresentado neste livro é uma dessas suges- tões. Uma
possibilidade de caminho na aventura do conhecimento das Sagradas
Escrituras.

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Novo Testamento

Evangelhos
1. Evangelho segundo São Marcos
2. Evangelho segundo São Mateus
3. Evangelho segundo São Lucas
4. Evangelho segundo São João

Atos dos

Apóstolos

Cartas de

São Paulo
1. 1a Carta aos Coríntios
2. 2a. Carta aos Coríntios
3. Carta aos Gálatas
4. Carta aos Efésios
5. Carta aos Filipenses
6. Carta aos Colossenses
7. 1a Carta aos Tessalonicenses
8. 2a Carta aos Tessalonicenses

23
9. 1a Carta a Timóteo
10. 2a Carta a Timóteo
11. Carta a Tito
12. Carta a Filêmon
13. Carta aos Hebreus
14. Carta aos Romanos

Cartas Católicas
1. Carta de São Tiago
2. 1a Carta de São Pedro
3. 2a Carta de São Pedro
4. Carta de São Judas
5. 1a Carta de São João
6. 2a Carta de São João
7. 3a Carta de São João

Apocalipse

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Antigo Testamento

Pentateuco
1. Gênesis
2. Êxodo
3. Levítico
4. Números
5. Deuteronômio

Livros Históricos
1. Josué
2. Juízes
3. Rute
4. I Samuel
5. II Samuel
6. I Reis
7. II Reis
8. I Crônicas
9. II Crônicas

25
10. Esdras
11. Neemias
12. Tobias
13. Judite
14. Ester
15. I Macabeus
16. II Macabeus

Livros Proféticos
1. Amós
2. Oséias
3. Isaías (1 a 39)
4. Miquéias
5. Naum
6. Sofonias
7. Habacuc
8. Jeremias
9. Lamentações
10. Ezequiel
11. Abdias

26
12. Isaías (40 a 55)
13. Ageu
14. Zacarias
15. Isaías (56 a 66)
16. Malaquias
17. Joel
18. Jonas
19. Baruc
20. Daniel

Poéticos e Sapienciais
1. Provérbios
2. Eclesiastes
3. Eclesiástico
4. Sabedoria
5. Cântico dos cânticos
6. Jó
7. Salmos

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EXEMPLO DE UM ESTUDO
BíBLICO
Neste capítulo será apresentado um exemplo de estudo bíblico.
Serão demonstrados, na prática, os quatro degraus dentro de um
estudo bíblico. Trata-se apenas de um exemplo. Um estudo de
apenas uma palavra de um versículo bíblico.
E essa é uma das vantagens da Lectio Divina .
Ela pode ser feita a partir de um versículo, ou de uma passagem, ou
de um capítulo inteiro... Vai depender do tempo e da disposição
daquele que realiza o estudo.

Leitura
“Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc
1,1).

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Esta leitura irá se deter apenas na palavra princípio. Este é o
versículo que abre o Evan- gelho segundo São Marcos. A primeira
palavra que aparece nesse evangelho é princípio. Essa palavra é
importante na Bíblia, pois ela também é a primeira que aparece na
Sagrada Escritura, no livro do Gênesis: “No princípio, Deus criou
os céus e a terra” (Gn 1,1).
Mas qual é a relação entre a palavra que abre o livro do
Gênesis e a que abre o Evangelho de Marcos?
Primeiramente, uma rápida reflexão sobre o Antigo Testamento.
No Gênesis Deus criou os céus, a terra, as plantas, os animais... E,
criando o homem e a mulher, dá todo esse mundo de presente para
eles, que viviam realizados e plenos, até que, pela desobediência,
afastaram-se de Deus pelo pecado original. A partir daí criou-se
uma barreira entre Deus e os homens.
Mas Deus jamais desistiu dos Seus filhos. Por isso, na história
com Seu povo, sempre tomou a
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iniciativa de reaproximação, através dos patriarcas, dos
profetas, dos juízes, dos reis... Deus sempre insistiu no
homem. Até que decidiu dar ao mundo uma nova e definitiva
chance.
O livro do Gênesis é o princípio da criação e do
relacionamento do amor de Deus com o homem e a mulher.
No Gênesis, Deus passeava pelo jardim (Gn 3,8), e por isso
Adão e Eva se encontravam sempre com Ele. Mas, a partir do
pecado original, o homem e a mulher se distancia- ram de
Deus e criou-se uma barreira nesse contato. Essa distância
acabou quando Deus decidiu passear novamente no meio dos
homens. Essa barreira caiu quando Deus resolveu dar novo
princípio à sua criação. Por isso Deus enviou seu Filho único.
Jesus é Deus que se encarna. Jesus é Deus que anda no meio
do povo novamente. Em Jesus, todos têm acesso a Deus de
novo. A barreira
que existia entre Deus e os homens foi desfeita.
Por isso o primeiro versículo do Evangelho de São Marcos
começa com a palavra princípio.
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Se, após o princípio do Gênesis, o homem se afastou de Deus, no
princípio do Evangelho de Marcos o homem tem a chance de
retomar sua comunhão com Ele.

Meditação
Deus me dá uma nova chance! Em Jesus, eu posso recomeçar.
Independentemente do que eu tenha feito no passado, eu tenho uma
nova chance, pois Jesus me dá um novo princípio. Jesus me dá a
oportunidade de recomeçar.
Se por causa de tudo o que eu vivi foi colo- cada uma barreira
entre mim e Deus, agora, essa barreira se rompe. Eu tenho acesso a
Deus nova- mente. A partir de Jesus essa barreira não existe mais,
pois Jesus está no nosso meio. Eu tenho acesso ao filho de Deus.
Não existe mais barreira. Tenho acesso a Deus através da
Eucaristia, das Sagradas Escrituras, do irmão que sofre... Como nos
ensina o Catecismo da Igreja Católica, “ Deus
31
visitou seu povo, cumpriu as promessas feitas a Abraão e à sua
descendência, fê-lo para além de toda expec- tativa: enviou seu
‘filho bem amado’” (CIC, 422).
Oração
O que conduz a oração é a meditação. Sendo assim, essa
meditação me leva a duas formas de oração: súplica e louvor.

Senhor, perdão pelos erros cometidos. Dá-me o Teu perdão,


Senhor.
Perdão pelos meus pecados do passado e por todo o peso que
carrego por conta dos meus erros. Perdão, Senhor, por muitas
vezes duvidar da Tua presença e de que és o Filho de Deus.
Perdão, Senhor, pelas vezes que duvidei que o Senhor tem o
poder de perdoar pecados, por duvidar da Tua misericórdia.
Dá-me, Senhor, Teu perdão, Tua misericórdia.

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Conceda-me um ânimo novo para que eu bus- que a
confissão.
O Senhor caminha no nosso meio. Então, per- mita-me
experimentar Tua presença na Euca- ristia, na Tua Palavra,
na mão estendida ao irmão que sofre.
Obrigado, Senhor! Obrigado porque me con- vidas a um
recomeço.
Obrigado por me dar uma nova chance. Obrigado
porque caminhas comigo.
Louvado seja pela Tua presença e pela Tua mi- sericórdia em
minha vida.
Contemplação
Como dito anteriormente, a contemplação é de difícil
explicação, pois se trata de uma expe- riência. A partir da oração,
Deus envolve o fiel de maneira única. Por isso cada um tem, na sua
relação com Deus, uma experiência única, pessoal.

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Não há um momento determinado, nem uma maneira específica
de se contemplar a Deus. Pode acontecer antes mesmo da oração. É
Deus quem invade a alma do fiel, pois sabe o que cada um precisa,
como precisa e quando precisa.
Mas, ao final da Lectio Divina, pode haver
uma direção para que se realize uma ação, ou seja, uma orientação
para algo concreto. No estudo aqui apresentado, pode-se ter como
ação o seguinte:
1- Farei um bom exame de consciência e depois irei até um
sacerdote para que ele me atenda em confissão e, assim, eu
recomece a caminhada.
2- Irei ao encontro do Cristo na Eucaristia, no estudo da
Palavra e no irmão que sofre.

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DICAS PARA SE FAZER
UM BOM ESTUDO
BíBLICO
1. Tenha disciplina. Trata-se de um estudo, então, é
preciso que haja continuidade.
2. Escolha um horário adequado para que você tenha
poucas chances de ser in- terrompido.
3. Tenha um caderno para anotações. Se possível, anote o
que vivenciou em cada degrau.
4. Delimite um tempo para seu estudo. Mantenha-se fiel a
este período.
5. Lembre-se de que o degrau da leitura é um momento
de aprendizado. Faça esforço intelectual.

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6. Tenha em mãos o Catecismo da Igreja Católica, pois
ele lhe dará a segurança na meditação.
7. No degrau da oração, não tenha medo de rezar. Na
Lectio Divina a oração flui facilmente.
8. No começo a Lectio Divina pode pa- recer difícil, mas
em pouco tempo se torna fácil.
9. Não pule degraus, pois eles estão in- terligados.
10. Este livrinho é feito neste formato para que você possa
carregá-lo junto com sua Bíblia e seu caderno.

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PALAVRAS
FINAIS
A Lectio Divina é feita por quem acredita que a Bíblia é
a Palavra de Deus, ou seja, que Deus fala através dos textos
sagrados. Por isso é chamada de Leitura Orante da Bíblia, já
que tudo é feito em clima de oração.
Para que esse clima de oração realmente acon- teça, é
importante que o início da Lectio Divina seja marcado pelo
sinal da cruz e por uma breve oração, que pode ser uma das
orações do cristão ou uma oração espontânea, ou uma oração
escrita. O degrau da leitura, ainda que seja um tra- balho mais
intelectual, não pode se afastar do ambiente da oração e deve-
se estudar o texto bí- blico contando com o auxílio do
Espírito Santo, que ilumina nosso entendimento no momento
da leitura.

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O degrau da meditação também é realizado em clima de oração,
pois é o momento de escuta. Deus fala na meditação, através do
estudo feito na leitura. Ele fala também na doutrina que nos
esclarece a leitura feita.
O terceiro degrau já é chamado de oração. É a resposta dada a
Deus. O tipo de oração a ser feito vai depender da resposta que irá
ser dada a Deus. Nesse degrau é hora de dar sequência no diálogo
com Deus, que falou diretamente na meditação.
A contemplação é a experiência com Deus, a qual foi possível
não somente pelo degrau anterior, mas por todo o clima de oração
que foi criado desde o início do estudo bíblico. Por isso essa
experiência de contemplação pode, algumas vezes, acontecer mesmo
antes de se chegar ao último degrau, pois o ambiente de oração,
criado desde o início da Lectio Divina , possibilita a experiência
com Deus a todo instante.
Bom estudo!

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