MOSLEY, A. Objects, texts and images in the history of Science.
Studies in History and
Philosophy os Science. Swansea, v. 38, p. 289-302, 2007.
A princípio, o artigo de Adam Mosley inicia a abordagem mostrando um pouco sobre a
história da ciência e como esta sempre desempenhou um papel fundamental na formação da disciplina, evidenciando que a proeminência de suas características, como inclinação intelectualista, sua estreita filiação à filosofia e sua ênfase em metodologia e teoria, por escrito, antecedeu o século XX, e até hoje permanece central da disciplina, fornecendo também o interesse na cultura material e visual das ciências até recentemente. Porém, conforme o autor, nem sempre foi assim, vários estudiosos preocupados com práticas experimentais e habilidades artesanais, como Leo Olschki, Edgar Zilsel, não conseguiram acompanhar a tradicional história da ciência, isso devido à percepção da época de que o interesse em objetos era essencialmente características de um antiquário. O objetivo do autor é apontar o desenvolvimento das questões de representação e comunicação na história da ciência através da arte, do texto e do artefato, que são cada vez mais relevantes para os historiadores da ciência. O artigo ainda traz uma noção da comunicação e representação de que o significado dos mesmos depende da interação, intenção, convenção e uso, ou seja, o que um texto ou uma imagem nos mostra, não é determinado pelo seu criador, mas também de quem o interpreta. À medida que a história do livro tornou-se cada vez mais importante na história da ciência, houve a chance dos estudiosos perceberem os paralelos e semelhanças entre o estudo de livros científicos e o estudo de instrumentos experimentais. Conforme o autor, os praticantes da matemática passaram a usar esses artifícios para ampliar seu ensino além dos limites, e a relação entre o livro e a sala de aula passou a complicar, levantando a seguinte questão, qual seria o propósito pedagógico das lições e os livros em questão com os instrumentos na aprendizagem? Seria ela apenas uma forma de manter o interesse do aluno? Ou seria mesmo o objeto real das lições, com o objetivo de transmitir suas várias operações ao aluno? O estudioso Koen Vermeir revela que os instrumentos que Kircher descreveu e retratou em seus textos, um instrumento utilizado para produzir imagens visuais, pôde esclarecer sua metafísica leve e explicar a ascensão da alma, desta maneira, ampliou-se a compreensão dos instrumentos e da literatura-instrumento do século XVII. Segundo o artigo, o relato de Voskuhl, que trata sobre o significado cultural dos autômatos, demonstra a importância contínua da atenção para a variação contextual, mesmo quando as tecnologias e culturas de reprodução parecem ter tornado os textos cada vez mais iguais, pelo fato de que o significado atribuído aos autômatos dependia do contexto literário da representação, e não de qualquer reflexão filosófica explícita. Por fim, o autor traz a contribuição de Elizabeth Kessler, que também trata do valor cultural das representações visuais moldadas por instrumentos específicos e trabalho científico, usando de exemplo a era do telescópio espacial hubble, e como as imagens deste objeto celestial puderam desempenhar um papel fundamental na mobilização de apoio e entusiasmo para as equipes de tecnologias astronômicas. Ante o exposto, acredito que com a facilidade com que as imagens podem ser reproduzidas agora, o estudo e entendimento da ciência se tornaram mais simples e acessível a todos que desejarem adquirir esse conhecimento, porém devemos sempre nos perguntar de onde todo esse conhecimento se originou e quais as dificuldades enfrentadas por ele, algo que hoje é imprescindível para o conhecimento científico.