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2.

CONTROLAR AS PRESSÕES DAS FORMAÇÕES


Como mencionado anteriormente, uma função básica do fluido de perfuração é controlar
as pressões de formação para garantir uma operação de perfuração segura. Normalmente,
à medida que as pressões de formação aumentam, a densidade do fluido de perfuração é
aumentada com barita para equilibrar as pressões e manter a estabilidade do poço. Isso
evita que fluidos da formação fluam para o poço e evita que fluidos de formação
pressurizados causem um blowout. A pressão exercida pela coluna de fluido de
perfuração enquanto estática (não circulante) é chamada de pressão hidrostática e é uma
função da densidade (peso da lama) e da profundidade vertical verdadeira (TVD) do poço.
Se a pressão hidrostática da coluna de fluido de perfuração for igual ou maior que a
pressão de formação, os fluidos de formação não fluirão para o poço. Manter um poço
“sob controle” é frequentemente caracterizado como um conjunto de condições sob as
quais nenhum fluido da formação fluirá para o poço. Mas também inclui condições onde
os fluidos da formação podem fluir para o poço sob condições controladas. Controle de
poço (ou controle de pressão) significa que não há fluxo incontrolável de fluidos da
formação no poço. A pressão hidrostática também controla tensões adjacentes ao poço,
além daquelas exercidas pelos fluidos de formação. Da mesma forma, a orientação do
poço em intervalos horizontais e de alto ângulo pode causar diminuição da estabilidade
do poço, que também pode ser controlada com pressão hidrostática. As pressões normais
de formação variam de um gradiente de pressão de 0,433 psi/pé (equivalente a 8,33 lb/gal
de água doce) em áreas terrestres a 0,465 psi/pé (equivalente a 8,95 lb/gal) em áreas
marinhas. Vários processos geológicos criam condições onde as pressões de formação se
afastam consideravelmente desses valores normais. A densidade do fluido de perfuração
pode variar desde a do ar (essencialmente 0 psi/pés) até mais de 20,0 lb/gal (1,04 psi/pés).
Frequentemente, formações com pressões subnormais são perfuradas com gás, espuma,
lama gaseificada ou fluidos especiais de densidade ultrabaixa (geralmente à base de óleo).
O peso da lama usado para perfurar um poço é limitado pelo peso mínimo necessário para
controlar as pressões da formação e pelo peso máximo da lama que não fraturará a
formação. Na prática, o peso da lama deve ser limitado ao mínimo necessário para o
controle e estabilidade do poço.
3. SUSPENDER E LIBERAR OS DETRITOS OU CASCALHOS
As lamas de perfuração devem suspender os detritos oriundos do processo de perfuração,
e aditivos sob uma ampla gama de condições, mas permitir que os detritos sejam
removidos pelos equipamentos de controle de sólidos. Os detritos que assentam durante
condições estáticas podem causar a prisão da coluna de perfuração ou perda de circulação.
Altas concentrações de sólidos de perfuração (detritos) são prejudiciais para quase todos
os aspectos da operação de perfuração, principalmente a eficiência de perfuração e ROP.
Eles aumentam o peso e a viscosidade da lama, o que, por sua vez, aumenta os custos de
manutenção e a necessidade de diluição. Eles também aumentam a potência necessária
para circular, o torque e o arrasto e a probabilidade de prisão da coluna de perfuração por
diferencial de pressão. As propriedades do fluido de perfuração que fazem com que os
detritos suspensos devem ser equilibradas com aquelas propriedades que auxiliam na
remoção dos mesmos por equipamentos de controle de sólidos. A suspensão dos detritos
requer propriedades tixotrópicas de alta viscosidade. Para um controle eficaz de sólidos,
os sólidos de perfuração devem ser removidos do fluido de perfuração na primeira
circulação do poço. Se os cortes forem recirculados, eles se decompõem em partículas
menores que são mais difíceis de remover.
4. SELAR FORMAÇÕES PERMEÁVEIS
Permeabilidade refere-se à capacidade dos fluidos de fluir através de formações porosas;
As formações devem ser permeáveis para a produção de hidrocarbonetos. Quando a
pressão da coluna de lama é maior que a pressão de formação, o filtrado de lama invadirá
a formação e uma camada de sólidos de lama (mud Cake/filter Cake) será depositada na
parede do poço. Os sistemas de fluido de perfuração devem ser projetados para depositar
uma mud cake fina e de baixa permeabilidade na formação para limitar a invasão do
filtrado de lama. Isto melhora a estabilidade do poço e evita uma série de problemas de
perfuração e produção. Problemas potenciais relacionados à mud cake espessa e filtração
excessiva incluem condições de poço “apertadas”, má qualidade do logging ou diagrafia,
aumento de torque e arrasto, prisão da coluna de perfuração, perda de circulação e danos
na formação. Em formações altamente permeáveis com gargantas de poros grandes, a
lama inteira pode invadir a formação, dependendo do tamanho dos sólidos de lama. Para
tais situações, materiais de perda de circulação devem ser usados para bloquear as grandes
aberturas para que os sólidos da lama possam formar uma vedação. Estes materiais
incluem carbonato de cálcio, celulose moída e uma ampla variedade de materiais de perda
de infiltração.
5. MANTER A ESTABILIDADE DO POÇO
A estabilidade do poço é um equilíbrio complexo de fatores mecânicos (pressão e tensão)
e químicos. A composição química e as propriedades da lama devem ser combinadas para
fornecer um poço estável até que o revestimento possa ser descido e cimentado.
Independentemente da composição química do fluido e de outros fatores, o peso da lama
deve estar na faixa necessária para equilibrar as forças mecânicas que atuam no poço. A
instabilidade do poço é mais frequentemente identificada por um sloughing, que causa
condições de poço apertado e desmoronamento das paredes do poço. Isto muitas vezes
torna necessário alargar de volta à profundidade original. (Tenha em mente que esses
mesmos sintomas também indicam problemas de limpeza de furos em poços de alto
ângulo e difíceis de limpar.) A estabilidade do poço é maior quando o furo mantém seu
tamanho original e formato cilíndrico. Uma vez que o buraco é erodido ou aumentado de
alguma forma, ele se torna mais fraco e mais difícil de estabilizar. O alargamento do
buraco leva a uma série de problemas, incluindo baixa velocidade anular, má limpeza do
poço, aumento da carga de sólidos, aumento dos custos de tratamento, má avaliação da
formação, custos de cimentação mais elevados e cimentação inadequada. O alargamento
dos poços em formações de areia e arenito deve-se em grande parte a ações mecânicas,
sendo a erosão mais frequentemente causada por forças hidráulicas e velocidades
excessivas nos jatos da broca (bit nozzle). O alargamento do poço em de seções de areia
pode ser reduzido significativamente seguindo um programa hidráulico mais
conservador, particularmente no que diz respeito à força de impacto e à velocidade da
lama nos jatos. Areias que são mal consolidadas e fracas requerem um leve overbalance
para limitar o alargamento do poço e uma mud cake boa de boa qualidade para limitar o
alargamento do poço. Nos xistos, se o peso da lama for suficiente para equilibrar as
tensões de formação, os poços são geralmente estáveis – no início. Com lamas à base de
água, diferenças químicas causam interações entre o fluido de perfuração e o xisto, e isso
pode levar (com o tempo) ao inchaço ou amolecimento. Isso causa outros problemas,
como sloughing e condições de poços estreitos. Vários inibidores ou aditivos químicos
podem ser adicionados para ajudar a controlar as interações lama/xisto. Sistemas com
altos níveis de cálcio, potássio ou outros inibidores químicos são melhores para perfurar
formações sensíveis à água. Sais, polímeros, materiais asfálticos, glicóis, óleos,
surfactantes e outros inibidores de xisto podem ser usados em fluidos de perfuração à
base de água para inibir o inchaço do xisto e prevenir a infiltração. Fluidos de perfuração
à base de óleo ou de base sintética são frequentemente usados para perfurar os xistos mais
sensíveis à água em áreas com condições de perfuração difíceis. Esses fluidos fornecem
melhor inibição do xisto do que fluidos de perfuração à base de água. Argilas e xistos não
hidratam ou incham na fase contínua destes fluidos, e uma inibição adicional é fornecida
pela fase de salmoura emulsificada (geralmente cloreto de cálcio) desses fluidos.
6. MINIMIZAR OS DANOS NAS FORMAÇÕES
Proteger o reservatório contra danos que possam prejudicar a produção é uma grande
preocupação. Qualquer redução na porosidade ou permeabilidade natural de uma
formação produtora é considerada um dano à formação. Isso pode acontecer como
resultado de obstrução por lama ou sólidos de perfuração ou através de interações
químicas (lama) com a formação. Freqüentemente, o dano na formação é relatado como
um valor de skin damage ou pela quantidade de queda de pressão que ocorre enquanto o
poço está produzindo. O tipo de completação vai ditar o nível de danos admissível. Por
exemplo, quando um poço é revestido, cimentado e canhoneado, a profundidade das
perfurações feitas no revestimento geralmente permite uma produção eficiente, mesmo
que existam danos próximos ao poço. Por outro lado, quando um poço horizontal é
concluído com um dos métodos de “poço aberto”, é necessário um fluido de perfuração
especialmente projetado para minimizar danos. Alguns dos mecanismos mais comuns
para danos à formação são: a) Lama ou sólidos de perfuração invadindo a matriz da
formação, obstruindo os poros. b) Inchaço das argilas de formação no reservatório,
reduzindo a permeabilidade. c) Precipitação de sólidos como resultado da
incompatibilidade do filtrado de lama e dos fluidos de formação. d) O filtrado de lama e
os fluidos de formação formam uma emulsão, restringindo a permeabilidade.
7. RESFRIAR, LUBRIFICAR E SUPORTAR A BROCA E A COLUNA DE
PERFURAÇÃO
Um atrito considerável é gerado por forças mecânicas e hidráulicas na broca e onde a
coluna de perfuração roça dentro dos revestimentos ou nas paredes do poço. A circulação
do fluido de perfuração resfria a broca e a coluna de perfuração, transferindo esse calor
para longe da fonte, distribuindo-o pelo poço. A circulação do fluido de perfuração resfria
a coluna de perfuração a temperaturas inferiores à temperatura do fundo do poço. Além
do resfriamento, o fluido de perfuração lubrifica a coluna de perfuração, reduzindo ainda
mais o atrito e o calor. Brocas, motores de lama e componentes da coluna de perfuração
falhariam mais rapidamente se não fosse pelos efeitos de resfriamento e lubrificação do
fluido de perfuração. A lubricidade de um fluido específico é medida pelo seu coeficiente
de atrito (COF), e algumas lamas fazem um trabalho melhor do que outras no
fornecimento de lubrificação. Por exemplo, lamas à base de óleo e sintética lubrificam
melhor do que a maioria das lamas à base de água, mas lubrificantes podem ser
adicionados às lamas à base de água para melhorá-las. Por outro lado, as lamas à base de
água fornecem mais lubricidade e capacidade de resfriamento do que o ar ou o gás. O
fluido de perfuração ajuda a suportar uma parte do peso da coluna de perfuração ou da
coluna de revestimento através da flutuabilidade. Se uma coluna de perfuração, liner ou
coluna de revestimento estiver suspensa no fluido de perfuração, ela será impulsionada
por uma força igual ao peso do volume de lama deslocada, reduzindo assim a carga do
gancho na torre. A flutuabilidade está diretamente relacionada ao peso da lama, portanto,
um fluido de 18 lb/gal fornecerá o dobro da flutuabilidade de um fluido de 9 lb/gal. O
peso que a torre pode suportar é limitado pela sua capacidade mecânica, uma
consideração que se torna cada vez mais importante com o aumento da profundidade à
medida que o peso da coluna de perfuração e das colunas de revestimentos torna-se
tremendo. No entanto, ao descer colunas de revestimento longas e pesadas, a
flutuabilidade pode ser usada para fornecer um benefício significativo. Usando a
flutuabilidade, é possível operar colunas de revestimento cujo peso excede a capacidade
de carga do gancho da plataforma.
8. TRANSMITIR ENERGIA HIDRÁULICA PARA AS FERRAMENTAS E PARA
A BROCA
A energia hidráulica pode ser usada para maximizar o ROP melhorando a remoção dos
detritos na broca. Ele também fornece energia para motores de lama girarem a broca e
para as ferramentas de medição durante a perfuração (MWD) e perfilagem durante a
perfuração (LWD). As perdas de pressão da coluna de perfuração são maiores em fluidos
com densidades, viscosidades e teor de sólidos mais elevados. O uso de tubos de
perfuração com diâmetro interno pequeno ou tool joints, motores de lama e ferramentas
MWD/LWD reduzem a quantidade de pressão disponível para uso na broca. Em poços
rasos, geralmente há potência hidráulica suficiente disponível para limpar a broca com
eficiência. Como as perdas de pressão na coluna de perfuração aumentam com a
profundidade do poço, será alcançada uma profundidade onde não há pressão suficiente
para uma limpeza ideal da broca. Esta profundidade pode ser ampliada controlando
cuidadosamente as propriedades da lama.
9. GARANTIR UMA AVALIAÇÃO ADEQUADA DA FORMAÇÃO
Uma avaliação precisa da formação é essencial para o sucesso da operação de perfuração,
particularmente durante a perfuração de poços exploratórios As propriedades químicas e
físicas da lama afetam a avaliação da formação. Durante a perfuração, a circulação de
lama e detritos é monitorada em busca de sinais de petróleo e gás por técnicos chamados
de Mud Loggers. Eles examinam os detritos quanto à composição mineral, paleontologia
e sinais visuais de hidrocarbonetos. Esta informação é registrada em um registro de lama
(mud log) que mostra litologia, ROP, detecção de gás e cascalhos manchados de óleo,
além de outros parâmetros geológicos e de perfuração importantes. A diagrafia de
wireline elétrico é realizado para avaliar a formação, a fim de obter informações
adicionais. Sidewall Cores (Núcleos de parede lateral) também podem ser obtidos com
ferramentas transportadas por cabo de aço. A diagrafia wireline inclui a medição das
propriedades elétricas, sônicas, nucleares e de ressonância magnética da formação para
identificar a litologia e os fluidos da formação. Registros ou diagrafias contínuas podem
ser realizadas enquanto o poço está sendo perfurado, para tal ferramentas LWD estão
disponíveis. A perfuração de uma seção cilíndrica da rocha (core) para avaliação
laboratorial também é feita em target production zones (zonas de produção alvo) para
obter a informação desejada. Zonas potencialmente produtivas são isoladas e avaliadas
realizando testes de formação (FT- Formation Testing) ou testes de haste de perfuração
(DST- Drill Stem Testing) para obter amostras de fluido, e determinar a sua pressão.
Todos esses métodos de avaliação de formação são afetados pelo fluido de perfuração.
Por exemplo, se os detritos se dispersarem na lama, não haverá nada para o registrador de
lama avaliar na superfície. Ou, se o transporte dos detritos for deficiente, será difícil para
o Mud Logger determinar a profundidade em que os detritos se originaram. Lamas a base
de óleo, lubrificantes, asfaltos e outros aditivos mascararão indicações de hidrocarbonetos
nos detritos. O excesso de filtrado de lama pode afastar óleo e gás da região próxima ao
poço, afetando adversamente os logs e as amostras FT ou DST. Lamas que contêm altas
concentrações de íons de potássio interferem no registro da radioatividade da formação
natural.
10. CONTROLAR A CORROSÃO
Os componentes da coluna de perfuração e dos revestimentos que estão em contato
contínuo com o fluido de perfuração são suscetíveis a diversas formas de corrosão. Gases
dissolvidos como oxigênio, dióxido de carbono e sulfeto de hidrogênio podem causar
sérios problemas de corrosão, tanto na superfície quanto no fundo do poço. Geralmente,
o pH baixo agrava a corrosão. Portanto, uma função importante do fluido de perfuração
é manter a corrosão em um nível aceitável. Além de fornecer proteção contra corrosão
para superfícies metálicas, o fluido de perfuração não deve danificar produtos de borracha
ou elastômero. Onde fluidos de formação e/ou outras condições de fundo de poço
exigirem, metais especiais e elastômeros devem ser usados. Os cupons de corrosão devem
ser usados durante todas as operações de perfuração para monitorar os tipos e as taxas de
corrosão. Inibidores químicos são usados quando a ameaça de corrosão é significativa.
Os inibidores químicos devem ser aplicados adequadamente. Os cupons de corrosão
devem ser avaliados para saber se o inibidor químico correto está sendo usado e se a
quantidade é suficiente. Isto manterá a taxa de corrosão em um nível aceitável.
11. FACILITAR A CIMENTAÇÃO E A COMPLETAÇÃO
O fluido de perfuração deve produzir um poço no qual o revestimento possa ser descido
e cimentado de forma eficaz e que não impeça as operações de completação. A
cimentação é fundamental para o isolamento eficaz da zona e para a completação bem
sucedida do poço. Durante as operações de revestimento do poço, a lama deve permanecer
fluida e minimizar o que é chamado de Surge pressure (surtos de pressão) para que não
ocorra perda de circulação induzida por fratura. A operação do revestimento é muito mais
fácil em um poço liso, sem detritos e desmoronamentos. A lama deve formar uma Mud
Cake fina e lisa. Para cimentar o revestimento adequadamente, a lama deve ser
completamente deslocada pelos Spacers (espaçadores). O deslocamento eficaz da lama
requer que o poço mantenha o seu diâmetro e que a lama tenha baixa viscosidade e baixa
força gel.
12. MINIMIZAR O IMPACTO NO MEIO AMBIENTE
Eventualmente, o fluido de perfuração se torna um produto residual e deve ser descartado
de acordo com as regulamentações ambientais locais. Fluidos com baixo impacto
ambiental que podem ser descartados próximos ao poço são os mais desejáveis. Na
maioria dos países, foram estabelecidas regulamentações ambientais locais para resíduos
de fluidos de perfuração. Fluidos à base de água, à base de óleo, não aquosos e de base
sintética têm diferentes considerações ambientais. Isto se deve principalmente às
condições complexas e em mudança que existem em todo o mundo - a localização e
densidade das populações humanas, a situação geográfica local (no mar ou em terra),
chuva alta ou baixa, proximidade do local de descarte de fontes de água superficiais e
subterrâneas, vida animal e vegetal local e muito mais.

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