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EM PARCERIA COM

ROXANA PEREIRA FERNANDES


DE SOUSA

FLUIDOS
DE
PERFURAÇÃO
TREINAMENTO
BETAEQ
M ÓDUL O 4
Sel eção de Fl u idos de Per fu r ação
4.1CRITÉRIOSDESELEÇÃO
Alguns problemas da perfuração estão diretamente relacionados a má seleção e
aplicação do fluido de perfuração (ANNIS e SMITH, 1974). A escolha dos fluidos de
perfuração é feita a partir de um ou mais dos seguintes critérios (ALMOCO PRODUCTION
COMPANY, 1994):

- Custo;

- Aplicação e desempenho;

- Preocupações de produção;

- Logística;

- Problemas de exploração;

- Segurança e impacto ambiental.

4. 2TIPOSEAPLICAÇÃODOSFLUIDOSDEPERFURAÇÃO

A classificação dos fluidos de perfuração é feita de acordo com o tipo de fluido


base e outros ingredientes primários (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005):

- Gasoso: ar, nitrogênio;

- Aquoso: gaseificado (espuma), argila, polímero, emulsão;

- Não aquosos: óleo ou sintético (todo óleo ou emulsão inversa).

Não só a natureza das fases dispersante e dispersa, como também as quantidades e os


tipos de componentes básicos dos fluidos de perfuração definem o tipo de fluido, suas
características e propriedades (PLÁCIDO, 2007).

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Flu idos de Per f u r ação Gasosos

Os fluidos de perfuração gasosos são usados em zonas depletadas (esgotadas) ou


áreas onde são encontradas pressões abnormais. Como vantagem deste tipo de fluido,
pode-se destacar o aumento da taxa de penetração, uma vez que os cascalhos são,
literalmente, arrancados da superfície de corte da broca, como resultado de um diferencial
de pressão considerável. No entanto, como desvantagem, estes fluidos não são aplicados
em regiões com grandes volumes de fluidos da formação, por gerar grandes perdas de
circulação ou danos à zona produtora. Além disso, estes fluidos não são recomendados
para poços abaixo de 10000 ft de profundidade porque o volume de ar necessário para
levantar os cascalhos do fundo do poço pode ser maior que os equipamentos de
superfície podem suportar (ALMOCO PRODUCTION COMPANY, 1994).

· Ar seco

São aplicados às situações com zonas de perdas de circulação severas, formações


produtoras com baixas pressões ou grande suscetibilidade a danos, na perfuração de
rochas muito duras e em regiões com escassez de água ou com espessas camadas de
gelo. No entanto, não se aplicam à formações que produzam grandes quantidades de
água e contenham hidrocarbonetos (PLÁCIDO, 2007). O principal componente é ar seco ou
nitrogênio (CAENN, DARLEY e GRAY, 2011 e PLÁCIDO, 2007).

· Névoa

São usadas em formações com quantidade de água suficiente para prejudicar a


perfuração com ar seco, mas com pouco influxo de água. A velocidade do anular é baixa.
Os principais componentes são ar, água ou lama (CAENN, DARLEY e GRAY, 2011 e
PLÁCIDO, 2007).

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· Espu m as

As espumas verdadeiras contêm, no mínimo, 70% de gás (normalmente N 2, CO2 ou


ar) (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005). São usadas para perfuração de rocha
estável, quando é necessária uma elevada eficiência de carreamento de cascalhos, tolera
um fluxo moderado de água e apresenta alta viscosidade. Os principais componentes são
ar, água e agente espumante. O gás é disperso no líquido e a fase contínua é constituída
por um filme delgado da fase líquida, estabilizado por um surfactante (CAENN, DARLEY e
GRAY, 2011 e PLÁCIDO, 2007).

· Espu m a est ável

É utilizado para todas as condições de ?pressão reduzida?, como grandes volumes de


água, velocidade anular baixa com remoção de cascalhos grandes. A espuma pode ser
formada na superfície e é preciso selecionar um polímero e um agente espumante para
aumentar a estabilidade do poço e fazer com que o fluido tolere a presença de sais
(CAENN, DARLEY e GRAY, 2011).

Flu idos de Per f u r ação Aqu osos

Fluidos de perfuração aquosos são também chamados de lamas de base água (em
inglês Water-based Muds, WBMs) (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005) e são os mais
utilizados na perfuração de poços por serem fáceis de preparar, baratos para manter,
além de poder serem formulados para vários tipos de formações (ALMOCO PRODUCTION
COMPANY, 1994).

Para definição dos fluidos à base de água, são levados em consideração a natureza
da água e os aditivos químicos empregados no seu preparo. A água pode ser doce, dura
ou salgada (PLÁCIDO, 2007).

A água tem como principal função servir de meio para dispersão dos materiais
coloidais, como argila e polímeros, que são adicionados para controle de viscosidade,
limite de escoamento, forças géis e filtrado (PLÁCIDO, 2007).

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A escolha do tipo de água é feita de acordo com a disponibilidade, custo de
transporte e de tratamento, os tipos de formações geológicas que serão perfuradas, os
produtos químicos, equipamentos e técnicas que serão utilizadas durante a perfuração
para avaliação das formações (PLÁCIDO, 2007).

Esses fluidos podem ser inibidos ou não inibidos. Os fluidos não inibidos são indicados
para perfuração de rochas superficiais compostas, normalmente, por sedimentos
inconsolidados, já os fluidos inibidos são aplicáveis à formações que reagem na presença
de água doce, tornando-se plásticas, expansíveis, dispersíveis ou, até mesmo, solúveis
(PLÁCIDO, 2007).

· Lam a in icial (spu d m u d)

As lamas iniciais são lamas de baixo custo, constituídas de água e bentonita e são
usadas nas fases inicias da perfuração (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005). Suas
propriedades são facilmente controladas e são simples de preparar, porém, sua principal
desvantagem é a dificuldade do controle da viscosidade (BAKER HUGHES INTEQ, 1995).

· Lam as de águ a salgada

São lamas constituídas de água do mar, salmoura ou água salgada saturada, argilas
de água salgada, amido e polímeros de celulose. Apresentam um custo moderado e são
aplicadas na perfuração de rochas salinas, na formulação de fluidos de workover e para
auxiliar na estabilização das paredes do poço. No entanto, não possuem propriedades de
filtração e são facilmente perdidos para os poros da formação (ASME SHALE SHAKER
COMMITTEE, 2005; CAENN, DARLEY e GRAY, 2011; e BAKER HUGHES INTEQ, 1995).

· Lam as de cal

Possuem um custo moderado e são aplicáveis à perfuração de folhelhos. Tem


manutenção simples em densidades médias, tolera sal, tem faixa de pH de 11 ? 12 e
permanece fluido com altos teores de sólidos. No entanto, podem solidificar quando em
poços de alta temperatura. São constituídas de água doce ou salobra, bentonita, cal,
lignossulfonato de cromo, lignito, cromato de sódio e surfactante (ASME SHALE SHAKER

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COMMITTEE, 2005; CAENN, DARLEY e GRAY, 2011 e BAKER HUGHES INTEQ, 1995).

· Lam as de Lign it o e Lign ossu lf on at o

São lamas de simples manutenção, custo moderado e são aplicadas à perfuração de


folhelhos simples, poços profundos ou onde ocorrem problemas com a viscosidade. Tem
a mesma tolerância para contaminantes que as lamas de gesso. São constituídas de água
doce ou salobra, bentonita, soda cáustica, lignito de cromo e surfactante lignossulfonato
de cromo (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005; CAENN, DARLEY e GRAY, 2011; BAKER
HUGHES INTEQ, 1995).

· Lam as de pot ássio

Fornecem estabilidade ao poço e uma perfuração rápida com um mínimo teor de


sólidos, no entanto, são necessários equipamentos mecânicos para remoção dos sólidos.
Possuem custo moderado e pH de 7 ? 8. São constituídas de cloreto de potássio,
polímeros acrílicos e bentonita (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005 e CAENN, DARLEY
Os fluidos de perfuração não aquosos (em inglês Non-aqueous
e GRAY, 2011).
drilling fluids, NAFs) são chamados de lamas base óleo (em inglês
Oil-based Muds, OBMs) ou lamas

· Lam a com baixo t eor de sólidos

São lamas constituídas de água doce, polímero e bentonita. Tem elevado custo e
pouca tolerância para o sal, porém fornecem estabilidade ao poço e uma perfuração
rápida. O teor de sólidos totais não deve ultrapassar a faixa de 6 a 10% e o teor de argila
não deve ser maior que 3% (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005; CAENN, DARLEY e
GRAY, 2011 e BAKER HUGHES INTEQ, 1995).

Flu idos de Per f u r ação Não-aqu osos

Os fluidos de perfuração não aquosos (em inglês Non-aqueous drilling fluids, NAFs)
são chamados de lamas base óleo (em inglês Oil-based Muds, OBMs) ou lamas de base
sintética (em inglês Synthetic-based Muds, SBMs). Os SBMs são também conhecidos como
pseudo-lamas base óleo e tem como base etileno, olefinas, ésteres e parafinas lineares e
sintéticas (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005).
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· Óleo

São lamas de custos moderados, constituídas de óleo cru envelhecido, óleo asfáltico
bruto, surfactante e água. Tem aplicação na completação de poços, em perfurações rasas
e zonas produtoras de baixa pressão. Podem ser feitos acréscimos de água para aumentar
a densidade e a capacidade de transporte de cascalhos. Estes fluidos têm como vantagens
a não hidratação de argilas, boas propriedades lubrificantes e alta taxa de perfuração,
além de aumentar a estabilidade do poço e permitir a perfuração de poços altamente
desviados, devido a uma boa lubricidade, apresentar boas propriedades em condições de
alta pressão e alta temperatura (em inglês High Pressure High Temperature, HPHT) e
serem resistentes à contaminantes. No entanto, sua viscosidade varia com a temperatura
e existem diversas restrições ambientais para este tipo de fluido. Em algumas áreas, ao
utilizar este tipo de fluido, a lama e os cascalhos gerados ao fim da perfuração devem ser
contidos e transportados para um local correto de descarte. Com isso, os custos de
armazenamento, transporte e descarte contribuem para aumentar ainda mais os custos
de se utilizar fluidos base óleo (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005; CAENN, DARLEY e
GRAY, 2011; BAKER HUGHES INTEQ, 1995; e ALMOCO PRODUCTION COMPANY, 1994).

· Lam as asf ált icas

A composição deste tipo de fluido pode ser alterada de acordo com os requisitos de
densidade, estabilização do poço e requisitos de temperatura de até 600ºF (315ºC).
Possuem custo elevado, são compostas de óleo diesel, asfalto, emulsificantes e 2 ? 10% de
água. Assim, como os fluidos base óleo, diversas restrições ambientais se aplicam a essa
classe de fluidos (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005 e CAENN, DARLEY e GRAY,
2011).

· Lam as de em u lsão in ver sa

Este tipo de lama tem custo elevado e diversas restrições ambientais, porém tem baixo
custo de manutenção. São compostas de óleo diesel, emulsificantes, argila oleofílica,
resinas modificadas, sabões e 5 ? 40% de água (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005 e
CAENN, DARLEY e GRAY, 2011). São menos estáveis que os fluidos base óleo, porém é
mais barato (BAKER HUGHES INTEQ, 1995).
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· Lam as sin t ét icas

São lamas que possuem o maior custo de todas, porém possuem custo menor para
manutenção (ASME SHALE SHAKER COMMITTEE, 2005). Neste tipo de fluido, a fase
contínua ou dispersante é um líquido sintético, composto, normalmente, por
hidrocarbonetos líquidos. A fase descontínua é formada por pequenas gotículas de água
ou de solução aquosa e alguns sólidos coloidais podem, também, compor esta fase.
Podem ser (PLÁCIDO, 2007):

- emulsão água em óleo (teor de água menor que 10%);

- emulsão inversa (teor de água de 10 a 45%).

Dentre as principais características deste sistema, pode-se destacar um alto grau de


inibição às rochas ativas, baixa taxa de corrosão, alta lubricidade, larga faixa de densidade
(de 0,89 a 2,4), baixíssima solubilidade dos sais, fácil manutenção, baixo filtrado, alta taxa
de penetração e redução do atrito no fundo do poço. Assim, são aplicáveis em poços de
alta pressão e alta temperatura (em inglês High Pressure High Temperature, HPHT),
formações argilosas, formações salinas, poços direcionais ou de grande afastamento e
formações com baixa pressão de poro ou de fratura. No entanto, são fluidos muito
poluentes (PLÁCIDO, 2007 e BAKER HUGHES INTEQ, 1995).

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REFERÊNCIAS

ALMOCO PRODUCTION COMPANY. Dr illin g Flu ids M an u al. 1994.

ANNIS, M. R. e SMITH, M. V. Dr illin g f lu ids t ech n ology. Exxon Company, EUA, 1974.

APALEKE, A. S.; AL-MAJED, A. A.; HOSSAIN, M. E. St at e of t h e ar t an d f u t u r e t r en d of


dr illin g f lu id: An exper im en t al st u dy. In: Society of Petroleum Engineers.

ASME SHALE SHAKER COMMITTEE. Dr illin g Flu ids Pr ocessin g Han dbook . GPP, 2005.

BAKER HUGHES INTEQ. Dr illin g En gin eer in g Wor k book . A dist r ibu t ed lear n in g cou r se.
EUA, 1995.

CAENN, R.; DARLEY, H. C. H.; GRAY, G. R. Flu idos de Per f u r ação e Com plet ação -
Com posição e Pr opr iedades - Série Engenharia de Petróleo. 6ª. ed. Elsevier, 2011.

PLÁCIDO, J. C. R. Flu idos de Per f u r ação. 2007.

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