Você está na página 1de 12

Silvio Meira: “Estamos na era da pedra

lascada da IA, mas o futuro chega em


800 dias”
16 de março de 2024

Daqui a 800 dias, a inteligência artificial atingirá a complexidade da


filosofia. Não são meses nem semanas. São dias. Isso significa que
os líderes empresariais que ficarem esperando para ver se “esse
negócio de IA” vai dar certo, daqui a três anos não vão mais
conseguir entender o cenário competitivo. Vai ser tudo rápido
demais.

A profecia é de Silvio Meira, o cientista-chefe da tds.company,


professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco e um dos
fundadores do Porto Digital, o centro de excelência em inovação do
Recife. Silvio também está no conselho de empresas como o
Magazine Luiza, MRV, Tempest e CI&T.

“Entre a escrita Linear B (a forma mais antiga do grego que se


conhece) e Platão, demorou 1.200 anos,” diz Meira. “Entre a
Inteligência Artificial online e o equivalente a um Platão
contemporâneo, vai levar alguma coisa como 1.200 dias. Não é
1.200 meses, nem 1.200 semanas. É 1.200 dias.”

Já estamos por volta do dia 400, levando em conta o lançamento do


ChatGPT. Um lançamento épico, que já entrou para a História como
o sistema de informação que mais rápido atingiu 100 milhões de
usuários. “100 milhões de pessoas fazendo sabe o quê? Treinando
um sistema de informação. De graça,” diz Silvio.

Mesmo com a IA já tendo caminhado um terço da escala imaginada


por ele, Silvio mesmo diz que estamos ainda na idade da pedra
lascada da IA.
Quando o ChatGPT foi lançado, o modelo era capaz de processar 4
mil tokens. O token é uma medida que define a quantidade de
informação à qual o modelo de IA pode prestar atenção de forma a
manter uma interação coerente com as pessoas.

Mais recentemente o Google lançou o Gemini, com capacidade de


700 mil tokens. É token suficiente para processar 60% de toda a
Enciclopédia Britânica. Até 2030, Meira diz que serão bilhões de
tokens, capazes de entender todo o conteúdo em português criado
no mundo em todos os tempos. E em 2040, serão trilhões de
tokens.

Enquanto isso, as empresas ainda precisam entender o básico: a


inteligência artificial não é uma ferramenta. Ela é uma extensão da
inteligência, e isso significa que as pessoas não podem ser
substituídas. Também vai significar uma transformação dos
negócios, a ponto de criarmos o mercado de uma só pessoa. Silvio
não mede as palavras para fazer seu ponto. Nem com as
pequenas… “Se você é uma empresa pequena e não está usando a
inteligência artificial que está na nuvem que é aberta, que não vai
lhe dar trabalho de treinamento, de configuração, de segurança,
você é um idiota.”

Nem com as grandes… “Se você é uma grande empresa, um banco,


uma grande rede de varejo, grande negócio de finanças, grande
sistema universitário e você está usando um negócio de Inteligência
Artificial que está na nuvem, você é um idiota também.”

É difícil entender, mas Silvio usa até as carroças para tentar explicar
tudo nesta conversa com o Brazil Journal.

Qual tem sido a reação mais recorrente das pessoas à


inteligência artificial?

Susto combinado com histeria. De fora da área de computação, todo


mundo achando que houve um big bang. Mas para quem
acompanha de perto, esse assunto está sendo falado pelo menos
nos últimos 20 anos. O que estava faltando era talvez o que a gente
pudesse chamar de cola, do ponto de vista científico.

Como se fosse uma amarração.

Computação já estava nas empresas desde a década de 50 e do


ponto de vista da sociedade em geral ela passou 45 anos escondida.
Quando que a computação aparece para as pessoas? Em 1995. Por
quê? Porque publicou-se o código na internet. A internet não é um
ambiente de comunicação. Ela é um ambiente de conectividade, que
habilita você a publicar código na internet. Muitos algoritmos ao
mesmo tempo.

E aí o que a gente viu em 2022 foi a publicação de Inteligência


Artificial online que levou ao sistema de informação que teve mais
rápido 100 milhões de usuários em toda a história do universo. 100
milhões de pessoas fazendo sabe o quê? Treinando um sistema de
informação.

Vou dizer de novo, não é usando esse sistema. É treinando. E de


graça. E depois você mandou as pessoas pagarem para treinar um
sistema que vai ser usado depois. Nós estamos numa espécie de
idade da pedra lascada da computação inteligente.

Não parece tão primitivo assim.

Vou fazer um paralelo com a escrita. O que a gente conhece como


alfabeto, não com hieróglifos e coisas parecidas, tem 3.500 anos. E
depois evoluiu para a Linear B. Entre a linear B, em 1.500 antes de
Cristo, e Platão demorou 1.200 anos. Mas entre a Inteligência
Artificial online e o equivalente a um Platão contemporâneo, vai
levar algo como 1.200 dias. Não é 1.200 meses nem 1.200 semanas.
É 1.200 dias!

Estamos chegando num ponto onde eu posso chegar para uma


inteligência artificial e dizer, “faça uma teoria para mim, para isso,
para esse cenário aqui e faça uma teoria que serve para esse tipo de
objetivo.” E ela faz.

Entendeu? Isso é uma coisa que não se esperava que tivesse


acontecendo agora e aí sim, tem uma surpresa, até para o pessoal
da área. Que conhece esse assunto há muito tempo. Tem um ‘puta
que pariu’ aqui.

Mas temos a questão dos erros, das alucinações. Isso vai acabar
então?

Os erros não vão acabar e justamente eles vão criar um conjunto


muito grande de oportunidades para evolução. A gente nunca vai
ter um modelo capaz de entender um universo como um todo, isso
é computacionalmente impossível. Não tem essa história de vamos
fazer um troço que entende o mundo todinho e nos diz a resposta
para o sentido da vida. Mas vai fazer com que a gente continue
evoluindo em larga escala e numa velocidade que talvez a gente
nunca tenha visto.

Isso está acontecendo com o Gemini, do Google?

O ChatGPT saiu tão na frente e saiu tão do nada que ninguém


esperava que aquilo acontecesse. O que aconteceu é que a
Microsoft pulou direto na oportunidade, foi lá e botou US$ 10
bilhões em um movimento defensivo. Só para a gente lembrar, lá no
começo, a Microsoft fez a mesma coisa com o Facebook, ela olhou
assim e pensou eu nunca vou fazer isso então eu vou entrar aqui. Ela
comprou uma cláusula de bloquear investimentos de outros.
Ninguém pode comprar Facebook porque a Microsoft não deixaria,
ela tem uma opção de compra para ela mesmo. E ela fez a mesma
coisa com a OpenAI.

E aí o que aconteceu com Google, Facebook, Apple? Eles têm que


lançar alguma coisa. No caso do Google, isso é ainda mais
dramático porque muda o seu modelo de negócio. Imagina você e
eu fazendo a seguinte pergunta: Me explica a história das línguas
escritas. O Google me responde com 50.000 links. O ChatGPT me
explica a história das línguas escritas em uma resposta.

Mas em que ponto estamos na sua escala de evolução da IA?

Nós estamos alguma coisa como 400 dias depois do ponto de


partida. E ainda estamos confundindo um bocado de coisa, a
começar pelo que é inteligência humana. Até bem pouco tempo,
tínhamos duas dimensões dessa inteligência da sociedade: a
inteligência de cada um de nós e a inteligência social, que é a
inteligência dos grupos ou de rede de pessoas. E aí vem a
inteligência artificial. Ela não é uma tecnologia. Ela não é uma
plataforma. Ela é uma nova dimensão da inteligência, e eu acho que
as pessoas estão se perdendo aqui ao achar que tem uma
ferramenta em que você bota os processos como eles já existem.
Não.

A gente agora tem um outro conjunto de inteligências a nosso


dispor, se a gente assim quiser, que além de ser cada um de nós e
nós em rede, são agentes inteligentes e desincorporados.

Onde estamos é só o começo. Porque o que define a competência


desses agentes inteligentes é uma medida chamada tokens por
interação.

Qual é a quantidade máxima de informação à qual o modelo pode


prestar atenção de forma coerente, que mantém um fluxo de
informação como se duas pessoas estivessem conversando?
Estamos hoje em milhares de tokens por interação. A versão atual de
Gemini, a paga, trabalha com 700 mil tokens. Em um ano e meio
evoluímos para centenas de milhares de tokens.

Se você for ver o que Gemini é capaz, ele é capaz de fazer coisas do
outro mundo. Mas estou falando do outro mundo mesmo,
comparado com o que o ChatGPT faz. Por quê? Porque a zona de
atenção dele é muito maior. Ele processa um conjunto muito maior
de dados. A zona de contexto informacional é do tamanho de 60%
da Enciclopédia Britânica inteira. Nós estamos falando de 40 milhões
de palavras. E estamos indo para um modelo de bilhões de tokens
onde ele captura quase toda a informação relevante já produzida
pela humanidade.

Então o contexto conversacional com esses modelos, por exemplo,


ali no fim da década, olhando para 2030, essa inteligência vai estar
acessível no interface conversacional, não é no laboratório da Nasa
ou da Google ou da Microsoft.

Então você vai ter o equivalente, por exemplo, a toda a literatura em


língua portuguesa, tudo que os jornais já publicaram, tudo que já foi
feito em português no mundo inteiro vai estar disponível no
interface conversacional para você elaborar coisas com ela.

No médio prazo, nós estamos falando de 2040, vai haver modelos


que lidam com trilhões de tokens por interação. Esses modelos vão
começar a fazer completamente sozinhos os modelos de mundo.

E na medida em que o mundo for mudando ao redor deles, eles vão


estendendo não probabilisticamente, ou seja, eles não vão chutar as
respostas com uma certa probabilidade, eles vão mudar as regras,
eles próprios, para entender o que é esse novo mundo que está lá
fora.

E como as empresas estão lidando?

As empresas tendem a simplificar dramaticamente a IA e começam a


ter uns problemas não triviais. Quer ver um? O chatbot habilitado
por Inteligência Artificial da Air Canada.

Ele foi colocado online para tirar pessoas da frente de atendimento


e reduzir custos de atendimento 24 horas. O que fez o chatbot?
Pariu, do nada, uma política de reembolso para um cliente. E o
cliente exigiu o cumprimento. A causa foi parar na Justiça e a Air
Canada alegou que foi um erro de sistema. A Justiça disse que não
tem nada de erro de sistema, que a empresa botou o robô no ar e
tinha que pagar ao cliente, de acordo com a política de reembolso
que o chatbot criou. Qual é o problema?

O problema é que a empresa não entendeu o que é a IA. Se você


resolver botar na linha de frente um robô, de repente, o cliente vai
fazer perguntas que podem levar a respostas completamente
estapafúrdias, pelas quais o negócio vai ser responsabilizado.

As empresas não entenderam que você não está olhando para


algum ambiente de processamento de informação clássico, que é
determinístico como quando você bota o CRM, um sistema de
estoque ou de logística em que você escreve algumas regras para
esse comportamento digital.

O que a gente está falando aqui agora é um sistema que você não
sabe a priori o que ele vai responder. Eu mesmo tenho vários
agentes inteligentes – robozinhos que eu criei – que escrevem texto,
e um deles é especialista em Direito. Outro dia ele me surpreendeu
criando um pedaço da Constituição Brasileira. Eu tinha entregue a
ele a Constituição todinha – e mesmo assim ele inventou um trecho.

Então tem uma diferença fundamental aqui. Isso não é um sistema


de informação exato, é um sistema de informação criativo e esse
problema da criatividade é o que vai fazer a diferença.

Os líderes empresariais devem estar todos de cabelo em pé sem


saber o que fazer.

A oportunidade agora não é você dizer, ‘eu vou demitir o meu call
center e botar um agente IA.’ Muito longe disso. A oportunidade
agora é descobrir como eu posso usar pessoas e agentes
inteligentes em redes. Não substituir trabalhos repetitivos cognitivos
por IA. Isso pode aumentar a complexidade dos problemas das
empresas. A questão é expandir a inteligência. Porque se for uma
substituição simples, o próprio CEO poderá ser substituído em
algum momento.
Este é um ponto que deixa todo mundo nervoso, já que a IA
substitui um nível técnico mais elevado. Não estamos falando
do chão de fábrica como em outras revoluções tecnológicas, não
é?

O que a gente descobriu é que o funcionário de chão de fábrica é


muito difícil de ser substituído. Por exemplo, o motorista nas ruas de
Nova Déli ou na periferia do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. Essas
pessoas são extremamente difíceis de serem substituídas. Por quê?
Porque elas trabalham com o contexto mutante e muito difícil de ser
codificado. Imagina você ser um carro autônomo na Maré, no Rio de
Janeiro, ou no Complexo do Alemão… É totalmente diferente das
ruas, das cidades, do interior da Alemanha, onde tudo é previsível.
Todas as placas de trânsito têm o mesmo tamanho, e inclusive ficam
na mesma altura.

Mas em que contexto as empresas vão usar a IA?

A gente vai começar a usar a inteligência artificial para criar


mercados de uma pessoa. Eu vou conseguir capturar tanta
informação sobre a pessoa e manter essa informação coerente com
um discurso interativo, que eventualmente cada pessoa poderá ser
tratada como um mercado de propósito específico.

Não haverá mais categorias “professores universitários que têm 70


anos”. Vai ter a categoria Silvio Meira. E o tipo de atendimento que
eu vou ter é totalmente diferente do tipo de atendimento que outro
professor de computação – que também tem 70 anos e mora no
Recife no mesmo bairro que eu – vai ter.

Eu tenho uma lei para empresas e nuvens. Se você é uma micro


pequena e média empresa e você não está na nuvem você é um
idiota. Se você é uma empresa grande ou gigantesca, e você está
numa nuvem pública de alguém, você também é um idiota.

Tem uma coisa aí básica que é o seguinte: se você é uma empresa


pequena e resolve processar a sua própria informação, você é um
idiota completo, está perdendo tempo com um negócio que é
totalmente irrelevante para você.

Mas se você é um negócio que faz milhares ou milhões, dezenas de


milhares, milhões de transações por dia na nuvem, você é um idiota
porque você está jogando fora uma oportunidade de negócio, não
só de você participar da nuvem com essas empresas ou fazer serviço
para essas empresas que são menores, de pequeno porte.

Para a inteligência artificial é a mesma coisa. Se você é uma empresa


pequena e não está usando a inteligência artificial que está na
nuvem aberta, que não vai lhe dar trabalho de treinamento, de
configuração, de segurança, você é um idiota.

Se você é uma grande empresa, um banco, uma grande rede de


varejo, grande negócio de finanças, grande sistema universitário e
você está usando um negócio de Inteligência Artificial que está na
nuvem, você é um idiota também. Por quê? Porque isso tem custo
de transação. Você paga por token consumido e produzido nas
interfaces.

As empresas no Brasil estão efetivamente fazendo alguma coisa


ou só olhando por enquanto?

Tem muita gente fazendo muita coisa. Todas as empresas onde eu


estou no conselho estão trabalhando com modelos de Inteligência
Artificial, seja design de soluções, seja na entrega das soluções, seja
no desenvolvimento de soluções. Não tem ninguém parado não.
Mas o ambiente que eu estou vendo em todos os lugares, onde está
sendo feito de maneira responsável, é de aprendizado, de
experimentação e de uso com cautela, para ver como esses modelos
se comportam do ponto de vista de três coisas: de eficácia, se
resolve ou não resolve o problema sem criar um outro problema; de
eficiência, resolver muito mais rapidamente; e de economia, custo.

Mas o fato é, quem estiver parado agora esperando para ver se essa
coisa vai funcionar no futuro, achando que agora a IA não resolve
nada para sua empresa e vai dar uma olhada só daqui três anos, aí
sim, esses têm um problema porque lá na frente vão ter que dar
saltos de anos e não vão conseguir entender o cenário competitivo.

Se já é difícil entender agora..

É isso. Do jeito que está, já é complicadíssimo. Daqui para frente, vai


ficar muito mais complicado.

As empresas, de todos os portes e todos os mercados, que vão ter


mais sucesso com inteligência artificial são aquelas que vão
entender que inteligências artificiais não vieram para substituir
pessoas, mas para trabalhar junto com pessoas e grupos de pessoas
em prol de modelos de negócios de resolução de problemas.

Se eu posso fazer com que cada pessoa trabalhe por dez, eu tenho
que ir atrás de 10 vezes mais mercado – e não demitir. Se eu demitir
as pessoas do call center, tenho que contratar TI para operar a
inteligência artificial que vai conversar com os clientes.

Quem souber dar esse salto para o futuro usando Inteligência


Artificial para empoderar, para estender, para aumentar a
capacidade e o alcance das suas pessoas – mudando também
simultaneamente o nível das pessoas – vai sobreviver lá na frente. O
que nós estamos falando agora é de sobreviver.

Só para comparar, algumas empresas que digitalizaram seus


modelos de negócio nos últimos 25 anos quebraram. Por que
fizeram o quê? Pegaram o modelo de negócio analógico e botaram
só uma capa digital. Às vezes só fica mais caro de executar o modelo
de negócio. As que sobreviveram, cresceram e se tornaram gigantes
foram aquelas que transformaram o modelo de negócio.

Você pega o Magazine Luiza, onde eu estou no conselho. Lá em


2011, a empresa começou o processo de transformação digital.
Transformou funções, métodos, fundações e reescrever do zero
digitalmente. O resultado é uma companhia hoje 50 vezes maior do
que quando esse processo começou. Não é uma coisa que você
pegou e disse ‘ah, vamos informatizar a loja do Magazine Luiza.’
Não. Transformar a loja, transformar o vendedor. Transformar o
digital do magalu. Transformar lojista. E aí você faz um negócio
completamente diferente. Se o mercado entende ou não entende,
isso é outro problema, completamente diferente.

O erro que as pessoas podem incorrer com inteligência artificial é


exatamente o de pegar os seus processos de negócios pré-IA e
artificializar. Você precisa estar ciente que tem uma nova dimensão
da Inteligência e começar do zero. E é muito difícil para as empresas
pensarem.

Se já foi difícil com a digitalização..

Mas se você não pensa a partir do zero, você continua executando


no passado. Na vasta maioria das empresas contemporâneas, você
não tem garantia para o ano que vem do orçamento que você teve
no ano passado. Não pode ter, porque senão você não muda, você
não vai atrás de melhoria de processo, você não vai atrás de
mudança de nada.

Então o que está acontecendo agora é uma mudança radical no


contexto das inteligências, tem uma nova dimensão das
inteligências, quem não tentar entender isso não vai sobreviver nos
próximos 15 anos. Isso você pode escrever com todas as letras: ou
as pessoas e as empresas entendem Inteligência Artificial como uma
nova dimensão da inteligência, não como um conjunto de
ferramentas, de plataformas de tecnologias, ou elas não vão
sobreviver.

Tem um ponto de partida aqui que foi a mudança de paradigma da


tração animal para o motor a combustão. Você sabe quantas
fábricas de carroças, carruagens e ônibus puxados a cavalo
conseguiram com sucesso construir um automóvel, uma
caminhonete e um ônibus movido no motor a combustão? Zero.
Porque eles ficaram olhando para o motor e dizendo ah, mas esse
negócio é barulhento, quebra muito, precisa de posto de gasolina. E
o pessoal do motor a combustão foi lá devagarzinho, faz o motor
um pouco melhor, faz o motor um pouco menos de barulhento, faz
um motor que quebra menos, faz um motor que consome menos
combustível, começa a instalar posto de gasolina…

Essa transição levou cerca de 30 anos. Quando foi que a internet


começou? 1995. Aconteceu tanta coisa de lá para cá que a gente
pensa que foi em 1915. Mas foi em 95. No ano que vem a gente vai
comemorar 30 anos da internet comercial. Mas ela só virou banda
larga em 2005, a gente só tem smartphone desde 2007. Se a gente
olhar, só tem 15 anos de internet de verdade, os próximos 15 anos
que vão ser acelerados por Inteligência Artificial é que vão ser os
anos de impacto mesmo da internet, porque aí o jogo vai mudar
completamente.

Quem ainda sobrevivia mesmo estando escondido da internet, da


tecnologia da Informação em algum lugar, não vai sobreviver e isso
é fato. Como já disse Peter Drucker, o objetivo final da inovação é
sobreviver. Não é criar um produto, mudar processo, nada disso. É
sobreviver.

Josette Goulart Inteligência Artificial Tecnologia & Internet Quem


faz o PIB lê. Receba o Brazil Journal no seu email

Você também pode gostar