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Biossorção de Metais (parte 2)

(Jul/02)

Neste segundo artigo iremos comentar a utilização dos processos de biossorção na


industria.

Dos diversos metais que são objetos de estudo de processos de biossorção, com
enfoque no tratamento de efluentes, podemos destacar o urânio como um dos íons metálicos
mais estudados devido às suas propriedades radioativas e por ser encontrado associado em
diversos minerais, o que constitui um problema ambiental sério. Metais pesados como Cd, Hg,
Zn, Pb e Cr também têm atraído a atenção dos pesquisadores que trabalham na área de
descontaminação de efluentes devido à sua alta toxicidade para os seres vivos.
Além da descontaminação de efluentes, onde se trabalha com baixas concentrações dos íons
metálicos em solução, um novo enfoque nos processos de biossorção tem se desenvolvido tendo
em vista sua potencial aplicação como uma etapa no processo de concentração e/ou separação de
elementos alto valor econômico e ou estratégico como metais preciosos e terras-raras.

Apesar do grande número de trabalhos que têm sido desenvolvidos na área de


biossorção de metais desde as ultimas três décadas, poucas tentativas de aplicação deste
processo em escala industrial foram feitas e aqueles que arriscaram este empreendimento ainda
não conseguiram uma posição sólida de sucesso.

Algumas patentes foram obtidas para processos utilizando biomassa microbiana para
o tratamento de efluentes contaminados por íons metálicos (TSEZOS, 2001). Inicialmente estes
processos utilizavam biomassa na sua forma nativa, mas rapidamente foram desenvolvidas e
testadas formas de imobilização da biomassa, oferecendo assim a possibilidade de se utilizar
tecnologias já bem estabelecidas pela engenharia química para o desenvolvimento de reatores
que fossem mais apropriados ao processo de biossorção.

Nos Estados Unidos e Canadá apareceram as primeiras plantas-piloto e algumas


poucas unidades de escala comercial, que confirmaram a aplicabilidade da biossorção como
base para os processos de concentração/recuperação de metais, principalmente no caso do
urânio que combinado com os processos de biolixiviação apresentaram um novo esquema de
produção baseado na biotecnologia.
Estas primeiras experiências ajudaram na identificação das limitações deste processo em larga
escala. A maior dificuldade foi conseguir um fornecimento de biomassa que suprisse as
necessidades do processo. O aproveitamento de excedentes gerados pela industria de
fermentação, não se mostraram viáveis, seja pela relutância deste setor ou pela incapacidade de
assegurar um fornecimento constante de biomassa. A produção de biomassa especificamente
para fins de processo de biossorção se mostrou inviável economicamente. Problemas logísticos
com a distribuição da biomassa imobilizada, regeneração e reutilização se revelaram ainda mais
complexos.

Três tentativas de comercialização de biomassa imobilizada para tratamento de águas


residuárias e recuperação de metais de alto valor agregado não foram bem sucedidas. O processo
"AMT-Bioclaim" utilizou preparações contendo Bacillus granulados para a remoção não
seletiva de vários metais pesados (Cd, Cr, Cu, Hg, Ni, Pb, U e Zn em misturas ou sozinhos) com
uma eficiência de mais de 90% de remoção. Um segundo processo envolvendo biomassa de
algas imobilizadas em uma matriz de sílica foi desenvolvido para utilização em colunas de
biossorção, com a denominação de "AlgaSORB". Este processo foi utilizado na remoção de Ag,
Al, Au, Co, Cu, Cr, Hg, Ni, Pb, Pd, Pt, U e Zn de efluentes contaminados mantendo uma
eficiência acima de 90% após 18 meses de uso regular. O terceiro processo chamado de "BIO-
FIX" utilizou um biossorvente produzido a partir de biomassas de diferentes fontes, incluindo
cianobactérias, leveduras, algas e plantas. Esta mistura foi agregada com gomas (principalmente
xantanas) para dar consistência ao produto e imobilizada utilizando polisulfonatos. O "BIO-FIX"
possui afinidade por Zn, Al, Cd, Mn e os metais são facilmente eluídos com HCl ou HNO3, com
um tempo de vida útil de 120 reciclos (GADD e WHITE, 1993).

Atualmente as empresas "BV Sorbex" e a "US Bureau of Mines" tem investido na


comercialização de biomassa imobilizada para processos em larga escala baseados na biossorção
(TSEZOS, 2001).

Apesar de, até o momento, serem poucos os investimentos em empreendimentos em


escala comercial utilizando o processo de biossorção, os avanços científicos em escala de
laboratório dos últimos dez anos e as características singulares deste processo apontam de forma
promissora para o desenvolvimento de processos envolvendo a biossorção.
No próximo artigo, falaremos mais sobre os processos de biossorção, destacando os
rumos da biossorção no Brasil.

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