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EM BUSCA DA SANTIDADE

O que é a santidade? Seria privação, perfeição, uma vida de aparências? Não,


não é isso, não. Ao entender o que é santidade você sentirá segurança, alegria
de viver e poderá aproveitar integralmente a obra divina que Deus tem
preparado para você.

Há duas palavras na Bíblia para santidade. No Antigo Testamento, a palavra hebraica


é kadosh. No Novo Testamento, a palavra grega é hagios. Ambas trazem a ideia de ser
separado para algo específico.

O que a santidade é
Entendemos que santidade se refere a ser separado por Deus e para Deus. Ou seja, Deus
é quem nos separa, trazendo-nos para junto de Si por meio do Seu evangelho. Ele faz
isso para que vivamos uma vida diante dEle e para Ele.

Assim, nosso objetivo é agradar a Deus, que nos ama e em Seu amor nos chama para
perto de Si. A Bíblia deixa bem claro que todos aqueles que creem em Jesus são
chamados para serem santos. Ou seja, são chamados para viverem uma vida separada de
tudo aquilo que Deus desaprova.

O que a santidade não é


Privação

Para muitas pessoas, pensar numa vida santa traz imagens à mente de sisudez, privação,
morbidade. Entretanto, isso não condiz com a verdade. Basta olharmos para o mais santo
que já pisou nesta terra: Jesus.

Se examinarmos o testemunho dos Evangelhos acerca da vida de Jesus, veremos


expressões de alegria, paz, contentamento. Tudo isso é fruto da Sua relação íntima e
submissa ao Pai.

Atualmente, vemos que as pessoas estão ávidas por encontrarem uma plenitude de vida.
Elas buscam isso em palestras motivacionais, livros de autoajuda,
ou coaches e influencers digitais. Contudo, a vida de santidade continua sendo o único
meio pelo qual essa vida abundante pode ser encontrada.

Perfeição

É bom lembrarmos, quando falamos da nossa santidade, que não estamos nos referindo à
perfeição. Somente Deus é plenamente santo. Ou seja, Ele é separado de absolutamente
tudo o que vai contra os Seus princípios.

A nossa santidade se dá por um desejo contínuo, renovado dia após dia, de nos
mantermos perto de Deus. Naturalmente, isso não depende exclusivamente do nosso
esforço pessoal. Deus, por Sua misericórdia, nos concedeu o Seu Espírito. Por meio
dEle, podemos ser sustentados nas nossas debilidades naturais, advindas da nossa
natureza caída.

Assim, pelo Espírito Santo, somos impulsionados regularmente a buscar a Deus. Para
isso, nós nos valemos dos meios de graça: oração, leitura da Bíblia, cultos, celebração da
ceia do Senhor.

O teólogo anglicano J. I. Packer descreve essa atuação do Espírito Santo com o fim de
nos manter em santidade.

“A Escritura mostra (como eu sustento) que, desde o Pentecostes de Atos 2, isso,


essencialmente, é o que o Espírito está fazendo todo o tempo, enquanto dá poder,
capacita, purifica e dirige geração após geração de pecadores a enfrentarem a
realidade de Deus. E Ele o faz a fim de que Cristo possa ser conhecido, amado, crido,
honrado e louvado, que é o objetivo e o propósito do Espírito genericamente falando,
assim como é o objetivo e o propósito de Deus o Pai, também. Isso, em última análise, é
o novo ministério pactual do Espírito.”

Esforço para manter aparências

Em inglês, alguém julgou oportuno chamar as bem-aventuranças (beatitudes) de “be-


attitudes”, o que poderíamos traduzir como “atitudes do ser”. Isso faz sentido, pois a
nossa identidade está mais no ser do que no fazer.

A santidade que se vale apenas de um esforço para manter uma imagem pública
terminará em simples hipocrisia. Isso não trará a vida de Cristo a quem se esforçar para
desempenhar esse papel. Portanto, essa “fome e sede de justiça”, ou desejo de santidade,
só é possível para aqueles em quem Cristo habita.

Há uma obra magnífica do bispo inglês J. C. Ryle: “Santidade: Sem a qual ninguém verá
o Senhor”. Na sua introdução, Ryle dá uma definição concisa do que significa essa busca
por santidade que une os nossos esforços pessoais à graça de Deus.

“A verdadeira santidade não consiste apenas em crer e sentir, mas em realizar e


suportar, em uma demonstração prática da graça ativa e passiva. Nosso linguajar,
nosso temperamento, nossas paixões e inclinações naturais, nossa conduta como pais e
filhos, como patrões e empregados, como esposos e esposas, como governantes e
cidadãos, nossa maneira de vestir, o uso que fazemos do tempo, nossa conduta nos
negócios, nosso comportamento na saúde e na enfermidade, na riqueza e na pobreza;
tudo, tudo faz parte daquilo que os escritores impelidos pelo Espírito trataram. […]
Especificaram minuciosamente o que um homem santo deve fazer e ser no seio de sua
família, dentro de seu lar, quando ele permanece em Cristo.”

É preciso que vejamos, então, quais são os privilégios que temos ao buscarmos nos
manter numa vida de santidade.
Os privilégios de mantermos uma vida de santidade
Segurança

Em primeiro lugar, a santidade aumenta a nossa segurança. Onde está a nossa maior
insegurança? Provavelmente em sermos aceitos. Muito do que fazemos ou dizemos tem
como objetivo nos tornar aceitáveis para aqueles que nos cercam. Começamos a vida
descobrindo que se formos agradáveis aos nossos pais, receberemos deles maiores
expressões de amor. Assim, acabamos tendo como objetivo o de sermos bem vistos; não
importa se a aparência corresponde ao que somos.

A santidade nos liberta da insegurança. Somos aceitos por Deus, não pelos nossos
méritos, mas por causa de Cristo. Jesus assumiu toda a nossa culpa diante do Pai e nos
tornou completamente aceitáveis para Ele. Na santidade, não buscamos ser aceitos,
porque já somos aceitos por meio de Cristo.

A santidade fará com que nos consagremos inteiramente a Deus, falando e buscando
fazer somente o que agrada a Deus. Não fazemos isso por buscarmos aceitação, mas por
termos sido graciosamente aceitos. A santidade é o prazer de vivermos para quem jamais
nos rejeitará. É a alegria de nos dedicarmos inteiramente a quem nos ama
incondicionalmente.

Alegria

Em segundo lugar, a santidade aumenta a nossa alegria. A nossa estreita relação com
Deus nos fará aprendermos a olhar para as circunstâncias a partir de uma perspectiva
eterna.

Quando Jesus ensinou Seus discípulos a orarem, lembrou-lhes de que deveriam se dirigir
ao “Pai nosso que está nos céus”.

Lembrarmos que temos um Pai contemplando as coisas fora da nossa realidade temporal
deve ser motivo de consolo e alegria se lembrarmos que Ele está no controle de todas as
coisas. Somos lembrados disso pelo salmista.

“O SENHOR está no seu santo templo; nos céus tem o SENHOR seu trono; os seus
olhos estão atentos.” (Salmo 11.4)

O consolo e alegria se dão pelo fato de podermos reconhecer, por meio da santidade, que
Deus nos ama. Quanto mais buscamos estar no centro da Sua vontade, mais descobrimos
quanto amor está atrelado a essa vontade. Jesus expressou isso claramente.

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que
me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (João
14.21)

Quanta alegria há em quem é amado! Quanta alegria há em quem busca a santidade!


Proveito na obra divina

Em terceiro lugar, a santidade aumenta o nosso proveito na obra divina. A obra da


salvação se torna mais relevante em nossas vidas por meio da santidade. J. I. Packer diz
que santidade é sempre a resposta de gratidão a Deus pela graça recebida, por parte do
pecador salvo. Sem santidade, a obra da salvação não alcança seu fim último. Não há
proveito algum em quem se diz alcançado pela graça se dela não se vale para buscar
santidade.

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