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MANUAL DE PREENCHIMENTO

DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

2023
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

EXPEDIENTE
Publicação do Conselho Regional de Medicina
do Estado de São Paulo
Rua Frei Caneca, 1.282 – São Paulo – SP – CEP 01301-910
Tel. (11) 4349-9900 - www.cremesp.org.br
Presidente do Cremesp
Irene Abramovich
Coordenador da Assessoria de Comunicação
Wagmar Barbosa de Souza
Chefe da Assessoria de Comunicação
Marcos Michelini
Autor
Wagmar Barbosa de Souza
Coautores
Mirna Yae Yassuda Tamura
Guilherme Zanutto Cardillo
Cátia Martinez Minto
Bianca Simões Celegato
Apoio Técnico
Câmara Técnica de Patologia
Câmara Técnica de Medicina Legal
Edição e revisão
Júlia Remer
Diagramação e capa
Alexandre Paes Dias

CAT – Central de Atendimento Telefônico: Tel. (11) 4349-9900


Atendimento na sede:
Rua Frei Caneca, 1.282 (das 9h às 18 horas)
E-mail: asc@cremesp.org.br
ÍNDICE

CARTA DA PRESIDENTE / CARTA AOS MÉDICOS..........4/5


1. ATO MÉDICO............................................................................................6
Modelo da Declaração de Óbito (D.O.).................................6
Fluxo da D.O............................................................................................9
2. DEFINIÇÕES.......................................................................................... 12
O que é D.O. ......................................................................................... 12
Origem................................................................................................... 14
3. EM QUE SITUAÇÕES EMITIR
A DECLARAÇÃO DE ÓBITO.............................................................. 15
Emissão da Declaração de Óbito...........................................16
Responsabilidade.............................................................................17
Fluxo dos óbitos por causas natural e externa ............18
Fluxo dos óbitos sem assistência médica .......................19
4. O QUE O MÉDICO DEVE FAZER.............................................20
5. O QUE O MÉDICO NÃO DEVE FAZER................................. 27
Honorários para emissão de D.O........................................... 27
6. COMO PREENCHER OS QUESITOS
RELATIVOS À CAUSA DA MORTE................................................28
7. PREENCHIMENTO INCORRETO – O QUE EVITAR.......30
8. ÉTICA E LEGISLAÇÃO..................................................................... 32
O que diz o Código de Ética Médica .................................. 32
Código Penal – Falsidade Ideológica ................................ 33
Código Penal – Falsidade de atestado médico .......... 33
9. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................34
10. GLOSSÁRIO ........................................................................................ 35
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

CARTA DA PRESIDENTE

Irene Abramovich
Presidente do Cremesp

Como presidente do Conselho Regional de Medicina do


Estado de São Paulo (Cremesp), me sinto honrada em ter
um conselheiro desta Casa, no caso, o dr. Wagmar Barbosa
de Souza, como autor de uma obra tão importante e funda-
mental para a classe médica. O Manual de Preenchimento da
Declaração de Óbito foi feito, também, com o apoio de ou-
tros profissionais competentes, os quais também parabenizo.

O preenchimento da declaração de óbito é algo pouco dis-


cutido nas faculdades de Medicina e, por isso, não é raro vermos
médicos tendo dificuldades neste aspecto. Isto se reflete, tam-
bém, nos processos que temos no Conselho. Observamos que,
muitas vezes, a declaração de óbito é preenchida de forma in-
correta por desconhecimento do profissional, e não por má fé.

Esse manual orientará, de maneira clara e didática, a todos


os médicos sobre o correto preenchimento deste documento
tão importante, e os auxiliará no esclarecimento de dúvidas
que possam surgir. É uma publicação clara, objetiva, e tenho
certeza que nenhum médico terá dificuldade em consultá-la.
Boa leitura!

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

CARTA AOS MÉDICOS

Wagmar Barbosa de Souza


Coordenador do Departamento
de Comunicação do Cremesp

Caros colegas, os convido a conhecer o Manual de Preen-


chimento de Atestado de Óbito, uma publicação criada por
uma equipe de especialistas do Conselho Regional de Medi-
cina do Estado de São Paulo (Cremesp), em conjunto com a
Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (SES-SP), com o
intuito de ser um guia prático de consulta e orientação aos
médicos sobre como preencher corretamente a declaração de
óbito. O material também esclarece as principais dúvidas que
surgem a partir deste ato.
Preencher uma declaração de óbito é uma prática necessá-
ria a todos os médicos. Porém, muitas vezes, não é algo devida-
mente trabalhado durante a formação médica, o que faz com
que muitos médicos tenham dúvidas e dificuldades na hora
de preencher o documento. Atualmente, observamos que não
há um manual prático para consulta rápida que auxilie esses
profissionais nesta questão. Geralmente, encontramos trata-
dos extensos e que dificultam o esclarecimento de uma dúvi-
da simples.
Este manual foi feito justamente para ajudar os colegas, com
o objetivo de ser um material de apoio, principalmente para
os médicos recém-formados que, muitas vezes, consideram o
preenchimento da declaração de óbito algo complexo. Com isso,
buscamos resguardar esses profissionais das consequências le-
gais que a falha no preenchimento deste documento podem
trazer e que causam receio de realizar o seu preenchimento.
Portanto, colega, o preenchimento do atestado de óbito
será descomplicado nessa publicação, que ainda conta com
um encarte contendo as principais dicas e fluxogramas que
podem ser levados, após a leitura do manual, para uma consul-
ta rápida que poderá te ajudar a evitar equívocos no preenchi-
mento e armadilhas que podem aparecer neste ato.
Desejo a todos uma ótima leitura!
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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

1. ATO MÉDICO

A emissão da Declaração de Óbito (D.O.) é um ato


médico, segundo a legislação brasileira. Os médicos
têm responsabilidade ética e jurídica pelo preenchi-
mento adequado deste documento. Constatar o óbito
é dever do médico que atendeu a ocorrência, já a emis-
são da declaração de óbito dependerá das circunstân-
cias, as quais serão discutidas neste manual.
A Lei nº 12.842 (Lei do Ato Médico), de 10 de julho de
2013, que dispõe sobre o exercício da Medicina, prevê,
no Artigo 4º, no item XIV: “São atividades privativas do
médico: atestação do óbito, exceto em casos de mor-
te natural em localidade em que não haja médico”.
O Código de Ética Médica (Resolução CFM n.° 2.217,
de 27 de setembro de 2018, modificada pelas Resolu-
ções CFM n.° 2.222, de 23 de novembro de 2018, e n.°
2.226, de 21 de março de 2019), e a Resolução nº 1.779,
de 11 de setembro de 2005, regulamentam a responsa-
bilidade médica do fornecimento da D.O.

Modelo de Declaração de Óbito

O formulário da D.O. é padronizado e não pode ser


impresso, uma vez que é numerado pelo Ministério da
Saúde e composto por três vias por unidade, com dife-
rentes cores (branca, amarela e rosa), que não poderá
ser rasgada ou desprezada. Em caso de erro, as 3 vias
devem ser inutilizadas com riscos na transversal e as
três vias precisam ser devolvidas a Secretaria Munici-
pal de Saúde (SMS) para baixa do controle numérico.
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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

3 VIAS DA D.O.

Fonte: Ministério da Saúde

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Vale ressaltar que o controle da numeração, a


emissão e a distribuição dos formulários para as Se-
cretarias Estaduais de Saúde (SES), são de compe-
tência exclusiva do Ministério da Saúde, por meio da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) (art. 12 da
Portaria n.º 116 MS/SVS, de 11 de fevereiro de 2009).
Sendo assim, é dever das SES (nível central ou re-
gional, a depender da organização local) o repasse
dos formulários às Secretarias Municipais de Saú-
de (SMS) e aos Distritos Sanitários Especiais Indíge-
nas (Dsei) que ficarão responsáveis, assim como a
Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal
(SES-DF), pelo controle, pela distribuição às unida-
des notificadoras e pela utilização da D.O. em sua
esfera de gerenciamento do SIM (art. 13 da Portaria
n.º 116 MS/SVS, de 11 de fevereiro de 2009).
As Secretarias Municipais de Saúde disponibili-
zam os blocos para os estabelecimentos e serviços
de saúde, Instituto Médico-Legal (IML), Serviços de
Verificação de Óbito (SVO), além de médicos cadas-
trados pela Secretaria Municipal de Saúde e Cartó-
rios de Registro Civil, nos casos de localidades onde
não exista médico.
Após o preenchimento, a primeira via (branca)
retornará para a Secretaria Municipal de Saúde, que
fará o lançamento das informações no Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério
da Saúde; a segunda via (amarela) é entregue para
os familiares ou responsável pelo sepultamento
para registro no cartório, e a terceira via (rosa) fica
arquivada no prontuário do paciente na unidade de
saúde, IML ou SVO.

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Fluxo da D.O.

3 vias da D.O. O médico deve preencher as 3 vias

1ª via - branca 2ª via - amarela 3ª via - rosa

O estabelecimento O familiar ou
representante da pessoa
de saúde arquiva falecida recebe a via O estabelecimento
até o recolhimento de saúde arquiva
pela Secretaria Utiliza esta via para no prontuário do
Municipal de Saúde obtenção da Certidão de paciente
ou Secretaria de Óbito junto ao Cartório de
Estado de Saúde Registro Civil

Secretaria de Saúde Cartório de Registro Civil Estabelecimento de Saúde


Faz a digitação e arquiva Arquiva Arquiva

Médico

1ª via 2ª via 3ª via

Prontuário
Secretaria Municipal Entregue a família
de Saúde do paciente

Serviço de estatística Emite a certidão


Cartório de óbito
S.I.M

Frente à necessidade de registro no cartório civil


da localidade, recomenda-se que seja consignado
em prontuário o nome e documento de identifica-
ção do responsável pela retirada da via amarela da
declaração de óbito. A relação de quem poderá efe-
tuar essa retirada está prevista no Art. 79 da Lei de
Registros Públicos:

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Lei Federal 6015/1973 (Lei de Registros Públicos)

Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras


providências.
Art. 79. São obrigados a fazer declaração de óbitos:
1°) o chefe de família, a respeito de sua mulher,
filhos, hóspedes, agregados e fâmulos;
2º) a viúva, a respeito de seu marido, e de cada uma
das pessoas indicadas no número antecedente;
3°) o filho, a respeito do pai ou da mãe; o irmão, a
respeito dos irmãos e demais pessoas de casa, indica-
das no nº 1; o parente mais próximo maior e presente;
4º) o administrador, diretor ou gerente de qual-
quer estabelecimento público ou particular, a res-
peito dos que nele faleceram, salvo se estiver pre-
sente algum parente em grau acima indicado;
5º) na falta de pessoa competente, nos termos
dos números anteriores, a que tiver assistido aos
últimos momentos do finado, o médico, o sacerdo-
te ou vizinho que do falecimento tiver notícia;
6°) a autoridade policial, a respeito de pessoas
encontradas mortas.

Parágrafo único. A declaração poderá ser feita


por meio de preposto, autorizando-o o declarante
em escrito, de que constem os elementos necessá-
rios ao assento de óbito.
(Renumerado do art. 80, com nova redação, pela Lei
nº 6.216, de 1975).

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

A Certidão de Óbito é emitida por um Cartório


de Registro Civil das Pessoas Naturais, e nela deve
constar os dados pessoais do paciente, bem como
a hora e data do falecimento, se a morte foi natural
ou violenta e a causa conhecida. Por isso, a certidão
só pode ser obtida com a apresentação da Declara-
ção de Óbito.

Lei Federal 6015/1973 (Lei de Registros Públicos)

Art. 77. Nenhum sepultamento será feito sem


certidão do oficial de registro do lugar do faleci-
mento, extraída após a lavratura do assento de
óbito, em vista do atestado médico, se houver no
lugar, ou em caso contrário, de duas pessoas qua-
lificadas que tiverem presenciado ou verificado a
morte.
(Renumerado do art. 78, com nova redação, pela
Lei nº 6.216, de 1975).

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

2. DEFINIÇÕES

O que é D.O.
É um documento padrão de uso nacional, preen-
chido pelo médico na constatação de uma morte,
ainda que o óbito não tenha ocorrido no ambiente
hospitalar.
A versão atual da D.O. é dividida em 9 blocos,
onde constam 59 variáveis cujo o preenchimento
das informações é autoexplicativo:

Origem
O Ministério da Saúde implantou a declaração de
óbito em 1976, com modelo único, de uso em todo
o território nacional. Ela serve como documento bá-
sico do Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM), para coleta de informações epidemiológicas,
sendo, portanto, de suma importância o correto
preenchimento dos dados.

• Bloco I: Identificação

• Bloco II: Residência

• Bloco III: Ocorrência - local do óbito

• Bloco IV: Fetal ou menor que 1 ano - somente


em casos de óbito fetal ou menor que 1 ano

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

MODELO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Fonte: Coordenação-Geral de Informações e Análises Epidemiológicas.


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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

• Bloco V: Condições e causas de óbito

• Bloco VI: Médico - dados do médico emissor

• Bloco VII: Causas Externas - dados das prová-


veis circunstâncias de morte não natural

• Bloco VIII: Cartório – Dados referente ao Cartó-


rio de Registro Civil
O Atestado médico de óbito consiste no espaço
destinado à anotação das causas de morte. Está inse-
rido no Bloco V da Declaração de Óbito, sendo com-
posto por duas partes (I e II) e seguindo o modelo in-
ternacional de atestado médico de causa de morte.

Tem como finalidade:

• Carater epidemiologico com bases esta-


tísticas: Coletar dados sobre a mortalidade
para base de estatísticas vitais;

• Caráter jurídico: Para lavratura e emissão da


Certidão de Óbito pelos cartórios;

• Caráter demografico: Subsidiar os dados


demográficos.

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

3. EM QUE SITUAÇÕES EMITIR A D.O:

 Qualquer óbito, seja por causa natural, por cau-


sa acidental ou violenta.

 Óbito fetal, que esteja de acordo com pelo me-


nos um dos seguintes critérios:

• gestação com duração igual ou superior a


20 semanas;

• feto com peso corporal igual ou superior a


500 g;

• estatura igual ou superior a 25 cm.

 Para todos os nascidos vivos que venham a fa-


lecer após o nascimento, independentemente da
duração da gestação, do peso do recém-nascido e
do tempo que tenha permanecido vivo. Nesse caso:

• Emitir a DNV e a D.O. e entregar as vias


amarelas juntas, para o responsável lavrar
certidões em cartório

• não é necessário exigir a Certidão de Nas-


cimento para emitir a D.O. dos que venham
a falecer logo após o nascimento.

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

EMISSÃO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

ÓBITO POR CAUSA NATURAL ÓBITO POR CAUSA EXTERNA

É o que decorre de uma


lesão provocada por vio-
É aquela cuja causa lência (homicídio, suicídio,
O QUE É básica é uma doença ou acidente ou morte suspeita),
um estado mórbido. qualquer que seja o tempo
decorrido entre o evento e
o óbito.
D.O. deve ser emitida: D.O. deve ser emitida:
* Pelo médico que vinha
prestando assistência
ao falecido

COM * Pelo médico assisten-


ASSISTÊNCIA te e, na sua falta, pelo
MÉDICA médico substituto ou
plantonista, para óbito
ocorrido no hospital.
* Em regime ambulato-
rial, pelo médico desig-
nado pela instituição.
* Pelo Serviço de Veri-
ficação de Óbito (SVO)
— se existir no local —,
para óbitos ocorridos no
SEM domicílio
ASSISTÊNCIA
MÉDICA * Pelo médico do serviço
público ou qualquer
médico — em localida-
des sem SVO —, para
óbitos ocorridos no
domicílio.

EM LOCALIDADE *O D.O. deve ser feito por


ONDE HÁ INSTITU- perito legista, qualquer que
TO MÉDICO LEGAL seja o tempo decorrido en-
(IML) tre o evento lesivo e o óbito.
* Por qualquer médico da localidade ou
EM LOCALIDADE outro profissional pode ser investido
ONDE NÃO HÁ da função de perito legista, pela autori-
INSTITUTO dade judicial ou policial, para o forneci-
MÉDICO LEGAL mento da D.O. (perito ad-hoc) qualquer
(IML) que tenha sido o tempo decorrido
entre o evento violento e a morte.

Obs.: Óbito de paciente não identificado deve ser encaminhado à autoridade policial

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Responsabilidade
Os Serviços de Verificação de Óbito (SVO) são
instituições que determinam a realidade da morte
LOCALIDADES natural, bem como a sua causa. Realizam necropsia
anatomopatológica visando determinar ou diag-
ONDE nosticar a causa da morte e esclarecer a evolução
HÁ SVO de determinada doença ou confirmar a eficiência
de uma norma terapêutica. O SVO não tem a mes-
ma função do Instituto Médico Legal (IML).
Os óbitos de pessoas falecidas por morte natural
LOCALIDADES sem assistência médica deverão ter seus atesta-
ONDE dos fornecidos por médicos da Secretaria Munici-
NÃO HÁ SVO pal de Saúde e, na sua falta, por qualquer outro
médico da localidade.

Quando não emitir a Declaração de Óbito


A D.O. não deve ser emitida nas seguintes condições:
• Óbito fetal, se todos os quesitos a seguir estive-
rem presentes:
- se a gestação teve duração menor que 20 se-
manas, se o feto tiver peso corporal menor que
500 g e estatura menor que 25 cm.
*Havendo solicitação da família requerendo a
D.O., será facultada ao médico a emissão do docu-
mento para fins de sepultamento. Os dados dessa
D.O. devem ser registrados no SIM.
• Para peças anatômicas removidas por ato cirúr-
gico ou de membros amputados
Nesses casos o médico elaborará um relatório
em papel timbrado do Estabelecimento de Saúde
descrevendo o procedimento realizado. Este docu-
mento será levado ao Cemitério, caso o destino da
peça venha a ser o sepultamento. Estas providên-
cias estão definidas na Resolução de Diretoria Cole-
giada nº 306 da ANVISA (2004).
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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Fluxo dos óbitos por causas natural e externa

QUEM DEVE ATESTAR O ÓBITO

Óbito

Causa Natural Suspeita de Causa Externa

Preencher GEC
• Suicídio
Com assistência • Homicídio
médica bem definida • Acidente
• Morte Suspeita
• Cadáver sem identificação
• Morte de detento
• Necessidade de perícia
Sem assistência médica
ou
com assistência médica mal definida

Preencher GEC Autoridade Policial


(Guia de Encaminhamento
Causa conhecida de Cadáver)

Comunicar o óbito
sem assistência à au-
toridade policial para
elaboração de B.O. IML

Sem SVO Com SVO

Médico do paciente
ou substituto Preenchimento da D.O

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Fluxo de óbitos sem assistência médica

Óbito

• Suicídio
Em domicílio ou é • Homicídio
encaminhado ao serviço
• Acidente/Morte em via pública
de saúde já em óbito
• Morte Suspeita
• Cadáver sem identificação
Acionou médico assistente?
• Morte de detento
• Necessidade de perícia
• Morte metatraumática
SIM NÃO

Autoridade Policial
Comunicar DP
(Delegacia de Polícia)
IML
(Instituto Médico Legal)
Cidade com SVO (Serviço
de Verificação de Óbito)? Obs.: O médico não soli-
cita o IML, ele comunica
a autoridade policial de
suspeita de causa exter-
na. Quem solicita o IML
Com SVO é a autoridade policial ou
elabora o B.O. excluindo
causa externa e devolve
• Médico assistente Sem SVO ao médico
• Consultório
• Ambulatório
• Médico que constatou o óbito
• Hospital
• Médico da rede pública
• UBS/UPA
• Qualquer médico
• Pronto Socorro
• Duas testemunhas

Causa Básica do Óbito


Óbito sem assistência médica

SVO

D.O

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MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

4. O QUE O MÉDICO DEVE FAZER:

Recomendações gerais:
• A D.O. é impressa em papel carbonado em três vias.
Antes de preencher, destaque esse conjunto do bloco;
• O médico é o responsável pelas informações
preenchidas, não somente as que constam nos
campos médicos;
• Evitar emendas ou rasuras. Caso isso ocorra,
anule o conjunto e encaminhe ao setor de proces-
samento para controle. A primeira linha, que serve
de título ao documento, tem um número impresso
que identifica o conjunto, servindo como número
de controle para o sistema;
• Evitar deixar campos em branco. Use o códi-
go correspondente a “ignorado” ou um traço (—),
quando não souber a informação solicitada ou não
se aplicar ao item correspondente;
• Verificar se todos os campos estão preenchidos
e se as três vias estão devidamente preenchidas;

Identificação:

• Preencher os dados de identificação com base


em um documento da pessoa falecida;
• Em caso de o paciente não ter documento de
identificação ou não ser possível a identificação, o
Diretor Técnico deverá ser informado, devendo co-
municar a autoridade policial para que se proceda
a tentativa de identificação1;

21
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

• Em caso de aposentado, registrar o tipo de tra-


balho que o falecido desenvolveu na maior parte de
sua vida produtiva;
Condições e causas de óbito:

• Atentar-se a óbito em mulher em idade fértil.


Este dado deve ser registrado no campo designado;
• Registrar as causas de morte, obedecendo ao
que dispõem as regras internacionais; sempre iden-
tificando a “CAUSA BÁSICA DE MORTE”, na Parte I
da D.O., ou seja, a doença ou lesão que iniciou uma
sucessão de eventos e que termina com morte,
para morte natural e nos casos de acidentes ou vio-
lências, as circunstâncias dos mesmos;
• Registrar somente uma causa por linha e preen-
cher o tempo aproximado entre o início da doença e
a morte;
• Preencher para cada linha o tempo de duração de
cada causa ( em anos, meses,dias, horas);
• Não há necessidade de preencher o CID, isto
compete ao codificador formado;
• Na Parte II preencher com as causas ou con-
dições significativas que contribuíram para morte,
mas que não entram na cadeia inserida na Parte I;
• Escrever a grafia correta dos termos médicos;
LEI Nº 15.292, DE 08 DE JANEIRO DE 2014 - Define diretrizes para a Política
1

Estadual de Busca de Pessoas Desaparecidas, cria o Banco de Dados de Pessoas


Desaparecidas e dá outras providências
Artigo 7º - Todos os hospitais, clínicas e albergues, públicos ou privados, entida-
des religiosas, comunidades alternativas e demais sociedades que admitam
pessoas sob qualquer pretexto são obrigados a informar às autoridades públicas,
principalmente as policiais, sob pena de responsabilização criminal de seus diri-
gentes, o ingresso e/ou cadastro de pessoas sem a devida identificação em suas
dependências.
22
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Identificação do médico:

• Nos campos relativos à identificação do médi-


co, deverá colocar seu nome, número de registro no
CRM e assinar. A aposição do carimbo profissional
é recomendada, mas não é obrigatória se houver a
devida identificação do médico;

Encaminhamento para IML:

• Nos casos de óbito com suspeita de causa externa,


cadáver não identificado ou em decomposição e óbito
de pessoa sob custódia do Estado (detento/presidiário)
o médico deverá preencher a “GUIA DE ENCAMINHA-
MENTO DE CADAVER – GEC”, comunicando a autori-
dade policial para fins de lavrar boletim de ocorrência
e expedir guia de encaminhamento para o IML;

Encaminhamento para SVO:

• Nas localidades em que haja SVO, nos casos de


óbito em domicílio sem assistência médica ou óbito
hospitalar sem causa definida, o médico que cons-
tatou o óbito deverá preencher a “GUIA DE ENCA-
MINHAMENTO DE CADAVER – GEC”, e a autoridade
policial deverá ser comunicada de que se trata de
morte natural sem assistência médica, para fins de
registro e expedição de boletim de ocorrência para
traslado do corpo, com finalidade sanitária;
• Em caso de encaminhamento para o SVO, é
obrigatório obter o consentimento da família para
a realização do exame necroscópico. O médico que
constatou o óbito deverá preencher a “GUIA DE EN-
CAMINHAMENTO DE CADAVER – GEC”;
23
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

• No caso de recusa dos familiares em autorizar o


encaminhamento do corpo para o SVO, caso o óbi-
to seja domiciliar, deverá ser preenchida a “GUIA DE
ENCAMINHAMENTO DE CADAVER – GEC”, e a au-
toridade policial deverá ser comunicada de que se
trata de morte natural sem assistência médica, para
fins de registro e expedição de boletim de ocorrên-
cia. Posteriormente, após a expedição do boletim de
ocorrência, deverá ser emitida a declaração de óbi-
to como “morte sem assistência médica”, sendo re-
comendável que consigne na linha 51 do campo VII
que não houve consentimento familiar para o enca-
minhamento para o SVO. A mesma recomendação
se aplica em óbitos em serviço de saúde quando o
paciente chegar sem sinais de vida;
• Caso o paciente tenha recebido assistência mé-
dica, mas não haja diagnóstico para o óbito, para fins
epidemiológicos, poderá ser requisitado exame ne-
croscópico no SVO. Caso haja recusa pelos familiares
em autorizar o exame, deverá ser emitida a D.O. com
os elementos disponíveis, consignando na linha 51
a recusa. O médico, neste caso, pode, ainda, aplicar
o instrumento da Autópsia Verbal (AV) e preencher
como causa da morte “morte mal definida” anexando
o formulário da AV (Resolução SS 173, novembro/2021),
se considerar não ter informações suficientes;

Assim no encaminhamento tanto para o IML


quanto para o SVO, é obrigatório o preenchimen-
to da guia de encaminhamento de cadáveres
(formulário acessível em https://www.saude.sp.gov.
br/resources/ccd/homepage/acesso-rapido/civs/gec_-_
guia_de_encaminhamento_de_cadaver_2.pdf )

24
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

GEC – Guia de Encaminhamento de Cadáver

25
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Localidade sem SVO:

• Nas localidades em que não haja SVO, nos


casos de óbito em domicílio, o médico que cons-
tatou o óbito deverá preencher a “GUIA DE EN-
CAMINHAMENTO DE CADAVER – GEC” e a au-
toridade policial deverá ser comunicada de que
se trata de morte natural sem assistência médi-
ca, para f ins de registro e expedição de boletim
de ocorrência. Após a expedição do boletim de
ocorrência, o médico deverá preencher a D.O.
com as melhores informações que obtiver com
os familiares. Neste caso, o médico pode, ainda,
aplicar o instrumento da Autópsia Verbal (AV) e
preencher como causa da morte “morte sem as-
sistência médica” anexando o formulário da AV
(Resolução SS 173, novembro/2021), se conside-
rar não ter informações suf icientes. A mesma re-
comendação se aplica em óbitos em serviço de
saúde quando o paciente chega sem sinais de
vida;
• Nas localidades em que não haja SVO, nos
casos de óbito hospitalar sem causa def inida, o
médico que constatou o óbito deverá preencher
a D.O. com os elementos disponíveis no pron-
tuário. Neste caso, o médico pode, ainda, aplicar
o instrumento da Autópsia Verbal (AV) e preen-
cher como causa da morte “morte mal def inida”
anexando o formulário da AV (Resolução SS 173,
novembro/2021), se considerar não ter informa-
ções suf icientes;

26
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Óbito em domicílio:

• Quando o médico for chamado para constatar


o óbito em domicílio, deverá proceder ao exame do
corpo para constatar os sinais imediatos de óbito
e, caso haja elementos para emitir a declaração de
óbito por se constatar se tratar de morte natural de
paciente que vinha acompanhando ou ter elemen-
tos que permitam inferir a causa mortis natural, po-
derá emitir a declaração de óbito. Nesta situação, o
médico deverá se apresentar à Secretaria Munici-
pal de Saúda e solicitar a declaração de óbito, além
de efetuar o preenchimento no local de todos os
campos, destacar a via amarela e entregar para os
familiares. O registro do óbito deverá ser feito pelo
médico em prontuário em sua clínica ou unidade
de saúde da família que preste atendimento.

27
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

5. O QUE O MÉDICO NÃO DEVE FAZER:

• Não assinar D.O. em branco;


• Não preencher a D.O. sem, pessoalmente, cons-
tatar a morte;
• Não utilizar termos vagos para o registro das
causas de morte, evitando termos como, por
exemplo, parada cardíaca, parada cardiorrespi-
ratória ou falência de múltiplos órgãos e uso de
siglas.
• Não deve ser emitida a declaração de óbito em
casos em que o evento inicial que levou ao óbi-
to seja relacionado à causa externa ou indícios
de que seja de origem violenta, independente-
mente do seu tempo da ocorrência.

Honorários para emissão de D.O.


O médico não pode atestar D.O. para obter
vantagem e nem cobrar para emitir o documento.
O fornecimento da D.O. é gratuito.
Mas o ato médico de examinar e constatar o óbito
poderá ser cobrado, desde que se trate de paciente
particular, a quem o médico não vinha prestando assis-
tência. O diagnóstico da morte exige cuidadosa análise
das atividades vitais, pesquisa de reflexos e registro de
alguns fenômenos abióticos, como perda da consciên-
cia e da sensibilidade, abolição da motilidade e do tô-
nus muscular e pode ser remunerado, de acordo com
o Parecer nº 17/1988 do Conselho Federal de Medicina.

28
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

6. COMO PREENCHER OS QUESITOS


RELATIVOS À CAUSA DA MORTE

Exemplo no óbito por causas externas:


O médico legista, ou perito ad hoc (eventual),
deve declarar, na parte I, linha a, como causa ter-
minal, a natureza da lesão. Na parte I, linha b, como
causa básica, a circunstância do acidente ou da vio-
lência responsável pela lesão que causou a morte.

Exemplo no óbito por causa natural:

Masculino, 65 anos. Há 35 anos, sabia ser hiper-


tenso e não fez tratamento. Há dois anos, começou
a apresentar dispneia de esforço. Foi ao médico,
que diagnosticou hipertensão arterial e cardiopatia
29
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

hipertensiva, e iniciou o tratamento. Há dois meses,


teve insuficiência cardíaca congestiva e, hoje, ede-
ma agudo de pulmão, falecendo após 5 horas. Há
dois meses, foi diagnosticado câncer de próstata.

30
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

7. PREENCHIMENTO INCORRETO –
O QUE EVITAR

Diagnósticos imprecisos que não esclarecem so-


bre a causa básica da morte:
• Parada cardíaca, respiratória ou cardiorrespi-
ratória: Esses são mecanismos que levam ao óbito.
• Falência múltipla de órgãos: Não foi registrada
qual afecção desencadeou a série de eventos que
resultou na falência de órgãos e culminou na morte
do paciente.

Exemplo em morte materna:


Mulher atendida na emergência, às 22h, com
quadro de queda da pressão arterial, hemoglobina
de 7 g/l, volume globular de 28%, dor à palpação de
abdome, distensão abdominal e macicez de decú-
bito. Foi encaminhada para laparotomia, às 23h, e
recebeu duas unidades de concentrado de hemá-
cias. Na cirurgia, sofreu parada cardíaca. Durante a
laparotomia, constatou-se quadro de gravidez ec-
tópica rota.

Preenchimento incorreto das causas da morte


(na parte I):
a) Parada cardiorrespiratória;
b) Insuficiência renal aguda;
c) Choque hipovolêmico.

31
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Comentário: o médico que cuidou do caso


constatou a gravidez ectópica rota, mas não a
declarou na D.O.

Preenchimento correto:
a) Choque hipovolêmico;
b) Abdome agudo hemorrágico;
c) Gravidez ectópica rota.

Em caso de erros no preenchimento, não poderá


ser feita a correção pelo médico que emitiu a decla-
ração de óbito — será preciso inutilizar o conjunto e
emitir nova declaração.
Em hipótese alguma se deve amassar ou jogar
fora a declaração de óbito erroneamente preenchi-
da. O formulário deverá ser inutilizado e devolvido
para a Secretaria Municipal de Saúde.

32
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

8. ÉTICA E LEGISLAÇÃO

A emissão da D.O. é ato médico e o profissional


tem obrigação ética e responsabilidade legal de
constatar e atestar o óbito por meio da D.O.

CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA


(Resolução CFM no 2.217/2018)
CAPÍTULO X - Documentos Médicos
É vedado ao médico:
Art. 80. Expedir documento médico sem ter pra-
ticado ato profissional que o justifique, que seja
tendencioso ou que não corresponda à verdade.
Art. 81. Atestar como forma de obter vantagem.
Art. 83. Atestar óbito quando não o tenha verifi-
cado pessoalmente, ou quando não tenha presta-
do assistência ao paciente, salvo, no último caso,
se o fizer como plantonista, médico substituto ou
em caso de necropsia e verificação médico-legal.
Art. 84. Deixar de atestar óbito de paciente ao
qual vinha prestando assistência, exceto quando
houver indícios de morte violenta.
Art. 91. Deixar de atestar atos execu-
tados no exercício profissional, quan-
do solicitado pelo paciente ou por seu
representante legal. Veja em:
http://portal.cfm.org.br/images/PDF/cem2019.pdf

33
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Resolução CFM no 1.779/2005


Regulamenta a responsabilidade médica no for-
necimento da Declaração de Óbito. Revoga a Reso-
lução CFM n° 1601/2000.

CÓDIGO PENAL (Decreto-Lei nº 2.848/1940)


Falsidade Ideológica

Artigo 299 – Omitir, em documento público ou


particular, declaração que dele devia constar, ou
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou di-
versa da que devia ser escrita, com o fim de preju-
dicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade
sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e mul-


ta, se o documento é público, e reclusão de 1 (um) a
3 (três) anos, e multa, se o documento é particular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário pú-


blico, e comete o crime prevalecendo-se do car-
go, ou se a falsificação ou alteração é de assen-
tamento de registro civil, aumenta-se a pena de
sexta parte.
Falsidade de atestado médico
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua pro-
fissão, atestado falso:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o
fim de lucro, aplica-se também multa.

34
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

9. BIBLIOGRAFIA

O preenchimento do atestado médico pode dar margem


a dúvidas. As publicações citadas abaixo podem ser utilizadas
como ferramentas de apoio:
a) O livro O atestado de óbito – Aspectos médicos, estatísticos,
éticos e jurídicos
Ruy Laurenti e Maria Helena P. de Mello Jorge, co-
nhecido por estudantes de Medicina de várias ge-
rações como “o livro verde”, foi reeditado pelo Cre-
mesp e está disponível online e gratuitamente em:
https://www.cremesp.org.br/pdfs/atestado_de_obito.pdf

b) Declaração de Óbito:
Manual de Instruções para preenchimento
Editado pelo Ministério da Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde, Departamento de Análise
de Saúde e Vigilância de Doenças não Trans-
missíveis - 1ª edição-2022-versão eletrônica:
http://plataforma.saude.gov.br/cta-br-fic/manual-instru-
coes-preenchimento-declaracao-obito.pdf
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_
obito_manual_preenchimento.pdf

c) São Paulo – Secretaria do Estado da Saúde


de São Paulo – Coordenadoria de Controle de
Doenças – Centro de Informações em Vigilância
à Saúde – CIVS.
https://www.saude.sp.gov.br/coordenadoria-de-
controle-de-doencas/homepage/acesso-rapido/simsinasc/

Em caso de dúvida, consulte ainda o Cre-


mesp, pelo telefone (11) 4349-9900 / 4349-9962
/ 4349-9963 ou portal Cremesp, na área de Con-
tatos sobre Consultas Éticas.
http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Contatos&dep=scn

35
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

GLOSSÁRIO

Nota: Trata-se de uma relação de terminologia mé-


dica definindo causas de óbito e termos relaciona-
dos.
1. Abortamento: É a expulsão ou extração de um
produto da concepção sem sinais de vida, com me-
nos de 500 gramas e/ou estatura menor ou igual a
25 cm ou menos de 20 - 22 semanas de gestação.
2. Aborto: É o produto da concepção expulso no
abortamento.
3. Causas de morte: As causas de morte, a serem
registradas no atestado médico de óbito, são todas
as doenças, estados mórbidos ou lesões que produ-
ziram a morte, ou que contribuíram para ela, e as
circunstâncias do acidente ou da violência que pro-
duziu essas lesões.
3.1 Causa básica de morte: A causa básica de
morte é definida como:
3.1.1 a doença ou lesão que iniciou a cadeia de
acontecimentos patológicos que conduziram
diretamente à morte
3.1.2 as circunstâncias do acidente ou violência
que produziu a lesão fatal
3.2 Doença metatraumática: doença que resul-
tou de um trauma, ou da sequência de eventos
mórbidos causados pelo trauma, ou no transcur-
so do tratamento do evento traumático.

36
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

4. Instituto Médico Legal – IML: Órgão oficial que


realiza necropsias em casos de óbitos decorrentes
de causas externas, visando à elucidação das cau-
sas que provocaram o evento.
5. Morte materna: Definida como a morte de uma
mulher durante a gestação ou dentro de um perío-
do de 42 dias após o término da gestação, indepen-
dente da duração ou da localização da gravidez, de-
vida a qualquer causa relacionada com, ou agravada
pela gravidez ou por medidas em relação a ela.
5.1 Mortes Obstétricas diretas: Aquelas resultantes
de complicações Obstétricas na gravidez, parto e
puerpério, devidas a intervenções, omissões, trata-
mento incorreto ou a uma cadeia de eventos resul-
tantes de qualquer das causas acima mencionadas.
5.2 Mortes Obstétricas indiretas: Aquelas resul-
tantes de doenças existentes antes da gravidez
ou de doenças que se desenvolveram durante a
gravidez, não devidas a causas Obstétricas dire-
tas, mas que foram agravadas pelos efeitos fisio-
lógicos da gravidez.
6. Morte materna tardia: É a morte de uma mulher
por causas Obstétricas diretas ou indiretas mais de
42 dias, mas menos de um ano após o término da
gravidez.
IMPORTANTE: Todos os óbitos maternos e mater-
nos tardios devem ser registrados na D.O.
7. Morte ocorrida durante a gravidez, parto ou puer-
pério: Morte ocorrida durante a gravidez é a morte de
uma mulher durante o período gestacional ou até 42
dias após o término da gravidez, qualquer que tenha
37
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

sido a causa do óbito. Corresponde, portanto, à soma


das mortes obstétricas com as não obstétricas.
8. Morte materna declarada: A morte materna é
considerada declarada quando as informações re-
gistradas na Declaração de Óbito (D.O.) permitem
classificar o óbito como materno.
9. Morte materna não declarada: A morte ma-
terna é considerada como não declarada quando
as informações registradas na D.O. não permitem
classificar o óbito como materno. Apenas com os
dados obtidos na investigação é que se descobre
tratar-se de morte materna.
10. Morte materna presumível ou mascarada:
É considerada morte materna mascarada aquela
cuja causa básica, relacionada ao estado gravídico-
-puerperal, não consta na D.O. por falhas no preen-
chimento. Ocorre quando se declara como fato
ocasionador do óbito apenas a causa terminal das
afecções ou a lesão que 31 sobreveio por último na
sucessão de eventos que culminou com a morte.
Desta forma, se oculta a causa básica e impede-se
a identificação do óbito materno.
11. Nascimento vivo: É a expulsão ou extração
completa do corpo da Mãe, independentemente
da duração da gravidez, de um produto de concep-
ção que, depois da separação, respire ou apresente
qualquer outro sinal de vida, como batimentos do
coração, pulsações do cordão umbilical ou movi-
mentos efetivos dos músculos de contração volun-
tária, estando ou não cortado o cordão umbilical e
estando ou não desprendida a placenta. Cada pro-
duto de um nascimento que reúna essas condições
38
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

se considera como uma criança viva, portanto ne-


cessária a emissão da Declaração de Nascido Vivo.
12. Óbito: É o desaparecimento permanente de todo
sinal de vida, em um momento qualquer depois do
nascimento, sem possibilidade de ressuscitação.
12.1 Óbito fetal: É a morte de um produto da
concepção, antes da expulsão ou da extração
completa do corpo da Mãe, independente-
mente da duração da gravidez. Indica o óbito
o fato de o feto, depois da expulsão do corpo
materno, não respirar nem apresentar ne-
nhum outro sinal de vida, como batimentos
do coração, pulsações do cordão umbilical ou
movimentos efetivos dos músculos de contra-
ção voluntária.
12.2 Óbito neonatal: O período neonatal começa
no nascimento e termina após 28 dias comple-
tos depois do nascimento. As mortes neonatais
(mortes entre nascidos vivos durante os primei-
ros 28 dias completos de vida) podem ser subdi-
vididas em óbitos neonatais precoces, que ocor-
rem durante os primeiros sete dias de vida (idade
entre 0 e 6 dias), e óbitos neonatais tardios, que
ocorrem após o sétimo dia e termina com 28 dias
completos de vida (idade entre 7 a 27 dias).
12.3 Óbito pós neonatal: compreende os óbitos
ocorridos entre o 28º dia de vida até 1 ano incom-
pleto (menor de 1 ano).
13. Óbito hospitalar: É a morte que ocorre em es-
tabelecimento de saúde, após o registro do pacien-
te, independentemente do tempo de internação.
39
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

14. Óbito por causa externa: É o que decorre de


uma lesão provocada por violência (agressão, suicí-
dio, acidente ou morte suspeita), qualquer que seja
o tempo decorrido entre o evento e o óbito.
15. Óbito por causa natural: É aquele cuja causa
básica é uma doença ou um estado mórbido.
16. Óbito sem assistência médica: É o óbito que
sobrevém em paciente que não teve assistência
médica durante a doença ou evento que ocasio-
nou a morte (campo 45 da D.O.). 32 O campo 45 da
D.O. se refere à falta de assistência médica durante
a doença e não representa a causa básica de óbito,
enquanto que o código R98 (morte sem assistên-
cia médica do capítulo XVIII da CID-10) indica que o
óbito ocorreu sem a presença de um médico.
17. Serviço de Verificação de Óbito – SVO: Órgão
oficial responsável pela realização de necropsias
em pessoas que foram a óbito por causas naturais
sem assistência médica, ou com diagnóstico de
moléstia mal definida.

Atestado de óbito – Aspectos históricos

O atestado de óbito é o único atestado que tem


um formulário especial e padronizado, internacio-
nalmente.
Até o fim do séc. XIX cada país possuía um modelo
próprio de Declaração de Óbito – D. O. e a Liga das Na-
ções constituiu uma comissão para estudar o problema.
Em 1925, foi sugerido um modelo único, e em 1927,
a Inglaterra e o País de Gales o adotaram, sendo se-
guidos pelo Canadá. Os E.U.A o adotaram em 1939.
40
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Em 1948, a Conferência Internacional de Revisão


aprovou a 6a versão da Classificação Internacional
das Doenças – CID e e também adotou o modelo
de D.O. como Modelo Internacional de Atestado
de Óbito.
No Brasil, os Atestados de Óbitos eram emitidos
em via única no receituário médico. Oscar Freire,
em 1919, empenhou-se junto à Sociedade de Medi-
cina e Cirurgia, para que os atestados fossem feitos
em folhas duplas e atendessem a todas as indaga-
ções necessárias e finalidades.
Em 1950, o Brasil adotou o modelo internacional,
quanto a causa de morte, mas havia algumas di-
ferenças quanto aos demais dados. Em 1976, o Mi-
nistério da Saúde adotou uma Declaração de Óbito
padronizada, vigente até hoje.
O Código Civil Brasileiro estabelece que a per-
sonalidade civil do homem começa do nascimen-
to com vida (art. 2º) e que a existência da pessoa
natural termina com a morte (art.6º); manda, ainda,
inscrever em registro público as efemérides, como
o nascimento e morte das pessoas. ( art. 9º).
Constituem duas as finalidades da D.O.: uma le-
gal quando confirma e define a causa mortis, pos-
sibilitando o registro do óbito, liberação do corpo
para inumação e ritos fúnebres, conforme acima
esclarecido; e outra sanitária: para fins epidemioló-
gicos e estatísticos, controle de epidemias etc.
Uma vez emitida a D.O. segue o seguinte fluxo,
encaminhamento ao Cartório de Registro Civil das
Pessoas Naturais – onde está o registro da Certidão
41
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

de Nascimento e será realizado o assento do óbito


e emitida a Certidão de Óbito e a Guia de sepulta-
mento ou cremação. A 1ª é enviada pelo cartório ao
serviço de bioestatística (IBGE) e a 2ª é arquivada
no serviço que emitiu a D.O.
Com relação ao atestado de óbito, existem alguns
pontos que merecem destaque, já que constitui
obrigação do médico assistente a emissão do ates-
tado de óbito para seu paciente e na sua impossi-
bilidade pelo médico substituto, exceto nos casos
de mortes violentas ou suspeitas, que obrigatoria-
mente passarão por exame necroscópicos seguida
da emissão do atestado de óbito.
Quando o óbito ocorre na residência e não há a fi-
gura do médico assistencial, deverá ser notificada a
Delegacia de Polícia do bairro, que autorizará a remo-
ção do corpo para o Serviço de Verificação de Óbitos
– S. V. O., que emitirá o atestado de óbito após o exame
necroscópico. Em localidades onde não existem S. V.
O., o atestado será emitido pelo médico assistencial do
serviço público local, declarando “morte sem assistên-
cia médica”, portanto sem definição da causa mortis.

Definições

As definições sobre os tipos e características dos


óbitos foram adotadas pela Assembleia Mundial da
Saúde (resoluções WHA20.19 e WHA43.24) de acor-
do com o Artigo 23 da Constituição da Organização
Mundial de Saúde e constam na CID-10.
42
MANUAL DE PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO

Sobre o autor Coautores


Wagmar Barbosa de Souza Mirna Yae Yassuda Tamura
é médico patologista, nasci- Médica Oftalmologista; Con-
do em São Paulo, formado selheira do Cremesp; Peri-
pela Faculdade de Medicina ta Médica Federal; Membro
de São Paulo (FMUSP), com e Coordenadora da Câmara
residência na área de anato- Técnica de Oftalmologia do
mia patológica no Hospital Cremesp e Membro da Câma-
de Câncer de Barretos. ra técnica de Medicina Legal e
Possui experiência em pato- Perícia médica do Cremesp.
logia diagnóstica oncológica Guilherme Zanutto Cardillo
geral, incluindo análise imu-
no-histoquímica com ênfase Médico Legista; Delegado do
em gastropatologia, patolo- Cremesp em Santos; Membro
gia mamária e ginecopatolo- da Câmara Técnica de Medi-
gia, e em informática médica, cina Legal e Perícias Médicas
focada no desenvolvimento do Cremesp; Diretor Técnico
de programas para uso em de Serviço do Núcleo de Perí-
laboratório de patologia. cias Médico Legais de Santos.
Atualmente, reside em São Cátia Martinez Minto
José dos Campos, interior Diretora Técnica de Saúde do
paulista. É médico patologis- Centro de Informações Estra-
ta do Laboratório ACTA, em tégicas em Vigilância à Saú-
Taubaté, e conselheiro e coor- de/CCD, da Secretaria de Es-
denador da Assessoria de Co- tado da Saúde de São Paulo.
municação do Conselho Re-
gional de Medicina do Estado Bianca Simões Celegato
de São Paulo (Cremesp). Diretora Técnica de Saúde II
Na mesma instituição, coor- do Grupo de Vigilância Epi-
dena as Câmaras Técnicas de demiológica XXVII - São José
Patologia e de Informática dos Campos (região de saúde
de Saúde e Telemedicina. Foi - Alto Vale do Paraíba).
idealizador do 1° Fórum de
Bioética Digital do Cremesp,
realizado em 2022.

43
Câmaras Técnicas

Patologia

Wagmar Barbosa de Souza


Francisco Carlos Quevedo
Amaro Nunes Duarte Neto
Claudio Santos Meneses
Cristovam Scapulatempo Neto
Fernando Augusto Soares
Luiz Fernando Ferraz da Silva
Marcus de Medeiros Matsushita
Renato Lima de Moraes Junior

Medicina Legal

Flavia Amado Bassanezi


Mario Jorge Tsuchiya
Lyane G. de Matos Teixeira Cardoso Alves
Mirna Yae Yassuda Tamura
Silvio Sozinho Pereira
Carlos Alberto de Souza Coelho
Daniel Romero Muñoz
Daniele Muñoz Gianvecchio
Enrico Supino
Guilherme Zanutto Cardillo
Julio Cesar Fontana Rosa
Victor Alexandre Percínio Gianvecchio
Diretoria do Cremesp
Presidente:
Irene Abramovich
Vice-Presidente:
Maria Alice Saccani Scardoelli
1° secretário:
Angelo Vattimo
2ª secretária:
Maria Camila Lunardi
Tesoureiro:
Pedro Sinkevicius Neto
Corregedor:
Rodrigo Lancelote Alberto
Vice-Corregedora:
Maria Alice Saccani Scardoelli (interina)
Departamento de Comunicação:
Wagmar Barbosa de Souza
Delegacias Metropolitanas:
Flavia Amado Bassanezi
Delegacias do Interior:
Rodrigo Souto de Carvalho
Departamento de Fiscalização:
Daniel Kishi
Departamento Jurídico:
Joaquim Francisco Almeida Claro

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